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Direito Empresarial

Lição 02

Do Direito Comercial ao Direito


Empresarial

Índice
1. Introdução
1.1.Primeira Fase: Fase Corporativa
1.2.Segunda Fase: Atos de Comércio
1.3.Terceira Fase: Direito das Empresas
2. Código Comercial x Novo Código Civil
3. Empresa o que é? Como o Direito Influencia na Empresa?
3.1. Empresário
3.2. Comerciante
4. Conclusão
5.Referências

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1. Introdução
Com a ruptura do modelo feudal e a chegada da Era Moderna, do capitalismo, da
burguesia e dos Estados centralizados, a Europa Continental se depara com uma nova
classe social conhecida como burguesia. Durante a Idade Média, as famílias de
vassalos agricultores saíram dos feudos e, na tentativa de prosperarem, aglomeraram-
se e fundaram os vilarejos chamados de burgos que viviam do escambo. Mais tarde, os
burgos se transformaram-se em cidades e o comércio passou a ser a atividade
econômica mais importante, deixando a agricultura e o modelo feudal em decadência.

Como já compreendemos, em função dos


estudos pretéritos, onde há sociedade deve
haver direito, ou regras de conduta social.
Dessa maneira, fica fácil entender que, a
partir de quando o comércio voltou a
imperar com os burgueses, as regras de
conduta da sociedade comercial também
voltaram à tona. O reinício do comércio
contribuiu com a construção de um ramo do direito peculiar à atividade econômica
comercial: o Direito Comercial. Desde o fim do feudalismo até os tempos atuais, o
Direito Comercial sofreu transformações influenciadas pela evolução das atividades
econômicas.

Essas transformações podem ser analisadas e compreendidas a partir do estudo de


suas fases a seguir:

1.1.Primeira Fase: Fase Corporativa


Essa fase foi marcada pelo monopólio
das atividades comerciais pelos
burgueses. Para isso eles criaram as
corporações de ofício, órgão fiscalizador do
comércio. Só poderia praticar atividades
comerciais nessa época quem fosse
matriculado nas corporações. Para isso,
eram cobradas altas taxas que eram
destinadas aos próprios burgueses
associados. Os conflitos comerciais eram
dirimidos por um cônsule eleito entre os
próprios burgueses das corporações.

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Essa fase é denominada corporativista em função
do comércio ser dominado pelos membros das
corporações e deles emanar o conjunto de
normas que regravam o comércio.

Características:

Corporações de ofício;
Direito subjetivo Classista;
O Direito ampara os comerciantes e artesãos das corporações com
regras criadas por eles próprios.

1.2.Segunda Fase: Atos de Comércio


Com o passar do tempo, a burguesia passou a ser a classe detentora da riqueza, fruto
do trabalho no comércio. Porém, os reis absolutistas, em nome da nobreza, praticavam
o confisco contra os burgueses, arrancando-lhes o lucro proveniente do comércio.
Durante anos foi assim e diversas foram as revoluções burguesas contra o
absolutismo monárquico. A mais importante das revoluções burguesas contra a
nobreza foi a Revolução Francesa de 1789, trazendo à tona a liberdade Política,
Social, Econômica e Jurídica.

Com o passar do tempo, a burguesia passou a ser a classe detentora da riqueza, fruto
do trabalho no comércio.

A democratização deu fim às corporações de ofício e à fase corporativista do Direito


Comercial. Agora, todas as pessoas que quisessem praticar atos comerciais, (a
interposição na troca de mercadorias objetivando o lucro), seriam consideradas
comerciantes, sem matricula em instituição alguma.
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Um pouco mais tarde, Napoleão apresentou ao mundo a ideia da codificação do direito
ao criar o primeiro código comercial mundial, (Código Comercial Francês de 1808). O
Brasil, seguindo o exemplo Francês juntamente com outros países, adotou a “Teoria dos
atos de Comércio”, elaborando o Código Comercial Nacional de 1850. (Lei nº 556 de
25/06/1850) vigente, em parte, até hoje.

Liberalismo econômico com a Revolução Francesa de 1789;


Liberdade Política, social e jurídica;
Code de Commerce (Napoleão) 1808;
Abandono do subjetivismo e adoção do Direito Objetivo Codificado;
O Brasil adotou a “Teoria dos atos de Comércio” elaborando o
Código Comercial de 1850. (Lei nº 556 de 25/06/1850).

1.3.Terceira Fase: Direito das Empresas


A Teoria dos Atos de Comércio não acompanhou a evolução da economia
mundial, que passou a adotar outras atividades econômicas diversas do comércio.

A evolução da economia mundial

Abaixo, encontram-se algumas modificações ocorridas durante os anos as quais


tornaram a Fase dos Atos de comércio obsoleta no Brasil e no mundo:

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Complexa economia capitalista e a produção em massa.
Os atos de Comércio não tutelavam a prestação de serviços em
massa e as atividades agrícolas que eram rígidas pela legislação
comum.
Não contemplava as S.As “(Lei das Sociedades Anônimas
nº 6404/76)” ;
Lei dos Títulos de Crédito “nº 5474/68” e “ 7357/85”;
Franquia e arrendamento mercantil;
Código de defesa do consumidor 8078/1990.
Na antiga lei de Falência, artigo 1º, só poderia falir quem fosse
comerciante e pedir concordata também.

Como vimos, a economia mundial mudou e o homem já não vivia apenas do


comércio, mas sim, de diversos fatores de produção não tutelados pelo Direito
Comercial até então. Havia uma necessidade urgente de atualização da legislação
comercial no sentido de englobar as novas modalidades da economia.

Os italianos, através de Cezare Vivante, saíram na frente lançando o Código Civil


Italiano de 1942. Este código trazia, além da matéria civilista, uma nova roupagem
para o antigo direito comercial, denominado agora de “Direito Empresarial”.

Essa nova fase, do Direito Empresarial, é regida pela “Teoria das Empresas”, e no
Brasil só surgiu após a criação do código civil de 2002 que uniu, num único diploma
legal, o Direito Civil e o Direito das Empresas, revogando o antigo Código Civil de
1916 e revogando, em parte, o Código Comercial de 1850.

Características:

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Modernização da legislação internacional voltada para
as Empresas;

Antes dos italianos criarem a teoria das empresas, a


legislação internacional pertinente era toda voltada ao
comércio, que é a interposição na troca de mercadorias,
objetivando o lucro. Após a adoção da Teoria das Empresas,
o direito, em todo o mundo, voltou-se para uma nova
concepção.

A norma jurídica não regrava mais apenas os atos de


comércio, mas agora passara a regrar algo muito mais
amplo, mais organizado, mais profissional. Algo denominado
legalmente de empresa.

Códice Civile Italiano 1942;


“Teoria das Empresas”;
Brasil = lei n º 10406/2002, (Novo Código Civil).

O foco do Direito comercial, hoje, é a empresa.

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2. Código Comercial x Novo
Código Civil

Código Comercial Novo Código Civil

Com o advento do novo Código Civil Brasileiro de 2002, o Código Comercial de


1850 foi revogado no que tange ao regramento do comércio terrestre, pois o
direito marítimo continua nesse código até hoje. Podemos dizer então, que o
Código Comercial Brasileiro de 1850 foi revogado parcialmente.
O Direito Empresarial encontra-se hoje, no novo Código Civil, do artigo 966 a
1195. Trata da parte geral do direito das empresas tendo em vista que outras leis
esparsas também versam sobre esse ramo do direito. Nesses termos, segue o
esquema abaixo:

Esquema

Código Comercial (1850);


O comércio terrestre foi revogado, hoje ainda. Existe este código em
função do Direito Marítimo (457 a 796);
Código Civil (2002) – “ Direito da Empresa”. Do artigo 966 a 1195.

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3. Empresa o que é? Como o Direito
Influencia na Empresa?
Empresa é pessoa jurídica de direito, por isso se sujeita a direitos e deveres. A
empresa possui responsabilidades perante o consumidor dos seus produtos ou
serviços, sobre seus colaboradores, sobre o meio ambiente, e poderá responder como
pessoa jurídica por desrespeito a qualquer uma dessas responsabilidades.

A empresa possui como principal objetivo o lucro, mas para isso, também se faz
necessária a sua responsabilidade social. Nesse diapasão, as empresas devem
gerar empregos, pagar tributos, contribuir com o progresso das cidades, zelar pelo
meio ambiente, financiar ONGs, etc.

Podemos dizer que a empresa, como ficção criada pelo próprio direito estatal,
deve se submeter as normas jurídicas estatais como demonstrado através do
gráfico abaixo:

Normas jurídicas estatais

O artigo 966 do Código Civil de 2002 trouxe o conceito de empresário no Brasil,


substituindo o antigo conceito de comerciante expresso no artigo 1º do antigo Código
Comercial de 1850.

Hoje, ser empresário é ser comerciante, ou prestador de serviços, ou industrial,


ou terceirizador de serviço, desde que se trabalhe de maneira profissional e
organizada. Ou seja, com registro empresarial e de maneira habitual, unindo
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tecnologia, capital e trabalho.

Todo o exposto acima está expresso no artigo citado abaixo:

Artigo 966 do Código Civil 2002

Livro II, do Direito da Empresa


Título I, do Empresário

Considera-se empresário quem exerce profissionalmente


atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens e serviços.

O código civil define quem é empresário, porém não traz uma definição jurídica de
empresa.

O que é empresa? O código não define.


Quem é empresário? O código define no artigo 966.

O esquema abaixo explica melhor o que o artigo 966 citado acima quer dizer quanto ao
conceito de empresário.

3.1. Empresário
Exerce atividade econômica de maneira profissional e organizada para:

Produção de bens = Indústria


Circulação de bens = Comércio
Produção de serviços = Prestação de serviços
Circulação de serviços = Terceirização de serviços

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3.2. Comerciante
O conceito de comerciante estava previsto no antigo código comercial na parte
revogada. Este conceito foi substituído pelo conceito de empresário previsto no referido
artigo 966.

Artigo 1º do Código Comercial de 1850:

é comerciante aquele que pratica a Interposição na troca


objetivando o lucro.

As mudanças citadas acima ocorrem com o propósito de substituição do comerciante


pelo termo empresário. O conceito de empresário é bem mais abrangente que o
conceito de comerciante, pois abarca, não só a atividade de compra e venda de
produtos, como também atividade de serviços e indústria, como por exemplo: empresas
de telefonia, energia, empresas de ensino, atividade bancária entre outras.

Além disso, exige-se hoje, para ser empresário, o registro público das empresas
mercantis que deve ser feito na junta comercial de cada estado da federação, além da
Receita Federal, estadual, município e bombeiros.

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4. Conclusão
Neste capítulo, observamos que o Direito Comercial passou por 3 fases distintas em
função da evolução da atividade comercial no mundo:
a fase corporativista;
fase dos atos de comércio;
fase do direito empresarial.

Além disso, estudamos que a empresa é uma ficção criada pelo direito e que ela
possui diversas obrigações relacionadas a cada ramo do direito.

Após a substituição do comerciante pelo termo empresário, conclui-se que o


conceito de empresário é bem mais abrangente que o conceito de comerciante.
Além disso, exige-se hoje, para ser empresário, o registro público das empresas
mercantis que deve ser feito na junta comercial de cada estado da federação, além da
Receita Federal, estadual, município e bombeiros.

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5. Referências
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, v. 1 e 2,
2008.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008.

MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, v. 1, 2008.

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