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RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIAS, ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO,


AFETIVIDADE E CONSUMO: ESTUDO REALIZADO
EM BAIRROS DO RIO DE JANEIRO

FAMILIES, PETS, AFFECTIVITY AND CONSUMPTION:


STUDY IN NEIGHBORHOODS OF RIO DE JANEIRO
Roberto Luís da Silva Carvalho1 e Lavínia Davis Rangel Pessanha2
Recebido em: 20/09/2012
Aprovado em: 12/12/2012

RESUMO ABSTRACT

Os animais de estimação, atualmente, estão assu- The pets currently are assuming a different
mindo um papel diferenciado nas relações intra- role in intra-family relationships, especially
familiares, principalmente tendo em vista o antro- with regard to anthropomorphism. Thus, the
pomorfismo. Assim, o presente estudo teve como present study aimed to analyze the spending
objetivo analisar os gastos envolvendo animais de involving pets, in private households in the
estimação nos domicílios particulares na área do area of the Grande Méier, in Rio de Janeiro,
Grande Méier, no Rio de Janeiro, no ano de 2007, in 2007, identifying the relationship with the
identificando as relações existentes com o compor- owner’s behavior. Was observed that there is
tamento do proprietário. Foi observado que existe a tendency of those owners who have great-
uma tendência daqueles proprietários que possuem er anthropomorphic bond with their animals
maior vínculo antropomórfico com seus animais spend more on their pets. Thus suggesting the
de gastarem mais com esses, sugerindo, assim, a existence of a relationship of affection for
existência de um consumo por afetividade, em que consumption, where the owners seek to give
os proprietários buscam dar o que presumem ser what they believe is presumably better for
melhor para seus animais de estimação. their pets.
Palavras-chave: Animais de estimação; Gastos Keywords: Estimate animals; Family spend-
familiares; Antropomorfismo. ing; Anthropomorphism.
1 Introdução diárias, ou visualiza seu animal como
um fator que gera segurança. Isso repre-
Atualmente, com o crescimento senta os dois lados da relação entre ho-
do setor de serviços e a ampla mercado- mem e animal: o “antropomofismo dos
rização da sociedade, tem-se, constan- animais de estimação” versus “o animal
temente, novas formas de consumo. O como recurso de utilidade prática ou
mercado envolvendo os animais de esti- econômica”.
mação segue tal movimento, e, segundo Antes de identificar o papel do
Oliveira (2006), o fator impulsionador animal no contexto familiar, deve-se
desse mercado é a relação entre homem lembrar que o processo da transição de-
e animal de estimação. mográfica do Brasil é diferente dos paí-
Nesse contexto, os animais de ses desenvolvidos, pois os padrões po-
estimação assumem um papel diferen- pulacionais brasileiros modificaram-se
ciado nas relações intrafamiliares nas mais rapidamente (BRITO, 2008). Fo-
residências, de modo que o proprietário ram observados fatores como a redução
identifica o seu animal como membro da mortalidade, a redução da fecundi-
da família, participando das atividades dade e uma maior longevidade (CHAC-

1
Mestre em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE), Brasil. Professor da Universidade Federal
do Amazonas. E-mail: roberto_carvalho@ufam.edu.br.
2
Doutora em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Brasil. Pes-
quisadora da Escola Nacional de Ciências Estatísticas. E-mail: lavinia.pessanha@ibge.gov.br.

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KIEL, 2004), bem como a construção como o consumo de produtos para ani-
de novos arranjos familiares, devido à mais de estimação pode refletir uma re-
redução do número de membros da fa- lação afetiva entre estes e seus donos.
mília, ao aumento do número de casais Assim, neste estudo foi considerada a
sem filhos e aos arranjos monoparentais relação homem e animal em dois aspec-
(ARRIAGADA, 2001). Notou-se, ain- tos: o antropomorfismo dos animais e o
da, uma tendência de verticalização das tratamento dos animais de estimação na
moradias (NUCCI, 1999). Tais aspectos perspectiva utilitária ou econômica. Es-
têm gerado uma série de influências em sas categorias são baseadas na propos-
diferentes áreas da atividade humana. ta de Konecki (2007). Para o autor, no
Essas transformações na estrutu- “antropomorfismo”, definido pela re-
ra demográfica brasileira também estão lação de indivíduos com seus animais,
relacionadas a uma mudança na relação podem ser visualizados diversos bene-
das famílias com seus animais de es- fícios para ambas as partes, bem como,
timação, já que as famílias lidam com o fato de os proprietários considerarem
seus animais de estimação como se fos- seus animais como “sujeitos” com qua-
sem “membros da família” ou “objeto lidades humanas ou como membros da
de consumo”. Em alguns casos, depen- família. Já no comportamento do pro-
dendo da relação afetiva do proprietá- prietário de situar o animal na “pers-
rio, os animais ocupam uma posição de pectiva utilitária ou econômica”, visua-
destaque no domicílio e acabam por re- lizando-o como um recurso, em que o
ceber um “direito de escolha” (HILL et convívio com o animal traz benefícios
al., 2008; KENNEDY; MCGARVEY, ao seu proprietário, não são atribuídas
2008). Nesse contexto, Oliveira (2006) quaisquer características humanas aos
sugere que as relações entre seres hu- animais.
manos e cães são reflexos da moderni- Segundo Serpell (2003, p. 1-2),
zação das cidades e da individualização, o “antropomorfismo é definido como a
cada vez mais presente na cultura da so- atitutude de atribuição de estado men-
ciedade ocidental. Segundo Kennedy e tal humano (pensamentos, sentimentos,
McGarvey (2008), é possível que, com motivações e crenças) a animais não
as novas composições familiares, os humanos”, sendo esta uma caracterís-
animais venham a assumir ainda mais tica quase universal presente entre os
posições de destaque no contexto domi- cuidadores de animais, inclusive entre
ciliar. os proprietários de animais de estima-
Assim, considera-se que a inves- ção. Dentro desta perspectiva, enqua-
tigação das particularidades que envol- dram-se aqueles proprietários que veem
vem o proprietário e seu animal de esti- seus animais de estimação como mem-
mação e das características domiciliares bros da família, que recebem alguma
relacionadas ao consumo abrangendo forma de carinho e proteção, chegan-
estes animais seja algo que irá auxiliar do, em alguns casos, a serem tratados
a compreender o comportamento desse como “filhos” (COHEN, 2002; CORN-
consumidor. Tal investigação é o objeti- WELL et al., 2008; HILL et al., 2008;
vo deste estudo. HOLBROOK, 2008; KENNEDY, MC-
GARVEY, 2008; MOSTELLER, 2008;
2 Referencial teórico SHELL, 1986). Neste caso, o papel des-
ses animais, no contexto familiar, é o de
2.1 Famílias, animais de estimação e satisfazer às necessidades humanas de
consumo companhia, amizade, amor incondicio-
nal e afeto (DOTSON; HYATT, 2008).
Nesta seção, apresenta-se um Smith (2009) denomina como Pet
referencial teórico que sugere o modo Love essa relação entre homem e animal

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de estimação marcada por um alto nível presente, mas que está tornando-se mais
de cuidado, durante um longo período de evidente devido ao grande crescimento
tempo, em que os animais de estimação do comércio que envolve produtos para
estão inclusos nas normas do “amor” animais de estimação. A relação com
familiar, bem como no ideal de amiza- animais ganha intensidade quando se
de por parte do proprietário. Eckstein torna objeto de exploração de diversas
(2000) afirma que os benefícios da rela- campanhas de marketing, inclusive no
ção com um animal de estimação surgem que se refere à medicina, através das
pelo ato deste fornecer amor, segurança clínicas veterinárias e do uso de me-
e/ou suporte emocional para os membros dicamentos para animais domésticos.
da família. Já Cohen (2002) sugere que Nogueira Jr. e Nogueira (2009) relatam
os animais de estimação estão firmemen- que o processo de antropomorfismo dos
te ligados ao círculo familiar por forne- animais leva os proprietários a trata-
cer conforto e companhia. rem-nos com bastante atenção e carinho
Mosteller (2008) apresenta três e que a compra da ração, por exemplo,
subtipos de relações, inicialmente des- termina por ser uma forma de transpa-
critos por Hirschman (1994), entre ho- recer essa afetividade, pois os donos
mens e os animais de estimação. No acabam comprando alimentos com pre-
primeiro deles, os animais são apre- sumida maior qualidade a fim de pro-
sentados com uma extensão da pessoa porcionar uma vida mais saudável e
(Self), de modo que o comportamento prolongada ao seu animal de estimação.
do animal é utilizado para representar Verifica-se, nesse caso, uma relação de
as características do comportamento consumo por afetividade, como propos-
do proprietário, como, por exemplo, to por Miller (2002).
um cão dócil e amável com crianças Quando o animal de estimação é
dá a impressão que seu dono tem essas visto como recurso utilitário ou econô-
mesmas características. No segundo, os mico, o convívio com este traz benefí-
animais são tratados como extensão da cios somente para seus proprietários, já
família, não sendo considerados como que estes consideram aqueles tão somen-
posse, mas sim como um membro fami- te como animais, sem lhes atribuir qua-
liar, participando de atividades diárias lidades humanas. Nesse tipo de relação,
da família, como: assistir televisão, ter os proprietários apresentam uma postura
acesso a todos os locais do domicílio emocionalmente distanciada, eliminan-
e, até mesmo, ser motivo de festas fa- do uma aproximação mais intensa (KO-
miliares. No terceiro, o animal é tido NECKI, 2007). No entanto, tal relação
como um amigo e desperta grande ape- não significa uma relação de maus tratos,
go emocional em seu proprietário. pois os proprietários podem tratar bem
Cavanaugh, Leonard e Scammon seus animais, sem que, necessariamente,
(2008) sugerem que as relações entre tenham uma relação afetiva.
humanos e animais de estimação termi- Nesses casos, podem ser incluí-
nam por criar novas oportunidades de dos aqueles proprietários que utilizam
mercado (como, por exemplo: rações, os animais para fins de “trabalho”, isto
presentes, brinquedos, roupas, servi- é, aqueles que têm um cão por motivo
ços, entre outros), as quais, por sua vez, de segurança ou que adquirem um gato
podem revelar aspectos importantes da para reduzir a presença de outros ani-
identidade e autoestima do proprietário, mais indesejados no domicílio, sendo
bem como esclarecer a relação entre beneficiados pela capacidade de caça do
identidade e consumo. animal. Assim, são diversas as situações
Vlahos (2008) afirma que essa em que animais são adquiridos pelo be-
relação de afetividade entre animais nefício instrumental proporcionado e
domésticos e seus donos esteve sempre não necessariamente pelo fato de o in-

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divíduo gostar efetivamente de animais. alegria, tristeza, prazer, entre outras, e


Segundo Beverland et al. (2008), acabam sendo externalizadas nas ações
além dessa visão, observa-se, em alguns de consumo, devido a uma atitude de
casos, o comportamento do proprietário atender as exigências e expectativas dos
de considerar seu animal de estimação proprietários por meio das necessidades
exclusivamente como uma posse ou dos animais de companhia.
uma coisa. Nesses casos, estabelece- Ridgway et al. (2008) sugerem
se uma relação de controle, na qual o que existe uma relação entre o consu-
animal atua como um facilitador das mo excessivo e o consumo abrangendo
formas de desejo social do proprietário, os pets. Sugerem também que há uma
pois haverá situações em que este pode- tendência de os proprietários de animais
rá externalizar suas vontades através de gastarem excessivamente nos casos em
sua relação com o animal de estimação. que estes associam seus animais como
Cabe ressaltar que, nesta perspectiva, membros da família. E, quando os ani-
os animais de estimação, como cães, mais são considerados como filhos, essa
gatos, pássaros e peixes ornamentais, relação aumenta.
diferem daqueles vistos como animais Diante da inclusão e/ou do cres-
de criação e trabalho, como, por exem- cimento desse mercado específico,
plo: bois, vacas, galinhas, porcos, entre Holbrook (2008), levanta as seguintes
outros, voltados para alimentação hu- questões: quanto as pessoas gastaram
mana e outras atividades que envolvem ou vão gastar com seus animais de esti-
o animal como instrumento de trabalho. mação; em quais as modalidades serão
feitos esses gastos; e que oportunidades
2.2 Gastos com animais de estimação de mercado surgem diante desse tipo
de consumo. Buscando responder a tais
A crescente demanda de serviços questões, o autor relata que os gastos re-
na área de saúde direcionada para huma- presentam grandes valores financeiros,
nos é, muitas vezes, transposta para os quando comparados a gastos em livros,
animais de estimação de acordo com a discos, filmes ou na educação.
vontade do dono de prolongar e melho- Segundo informações da InfoMo-
rar a vida de seus pets (CAVANAUGH ney3, os gastos com animais de estima-
et al., 2008). Nesse sentido, Nogueira Jr. ção no Brasil podem chegar a trezentos
e Nogueira (2009) afirmam que o fenô- reais mensais com os cães e cerca de
meno do antropomorfismo tem provo- cem reais com os gatos. Esses gastos
cado grande dinamismo no mercado de são distribuídos na proporção de 74%
produtos e serviços para animais de um para alimentação; 13% para demais ser-
modo geral, principalmente no que tange viços; 8% pata medicamentos, higiene e
aos cuidados veterinários e à aquisição embelezamento; e 5% para acessórios.
de alimentos de qualidade. Diante dessas
oportunidades, várias são as empresas 2.3 Hipóteses da pesquisa
que buscam atender às necessidades es-
pecíficas dos consumidores. Com base na literatura especia-
Para Hill et al. (2008), os ani- lizada pertinente ao tema, foram cons-
mais de estimação representam expe- truídas as seguintes hipóteses, que serão
riências de consumo compartilhado, testadas por modelos de regressão linear:
pois os proprietários buscam satisfazer Hipótese 1 – Os gastos com ani-
suas necessidades sociais nas relações mais de estimação aumentam de acordo
com seus animais de companhia. Essas com a renda domiciliar;
relações são enfatizadas nas questões Hipótese 2 – Os gastos com ani-
de tratamento e cuidado dos animais, mal de estimação diferem de acordo
através de sensações experimentadas de 3
Disponível em <http://economia.uol.com.br/ ultnot/infomo-
ney/2008/11/10/ult4040u15560.jhtm>. Acessado em: 08/09/2010.

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com o tipo de domicílio; materializada através de práticas e pa-


Hipótese 3 – Os gastos com os drões de consumo voltados para os mes-
animais de estimação diferem de acordo mos. Pretendeu ainda, verificar o peso e
com tipo de arranjo domiciliar; o significado do consumo pet (compra
Hipótese 4 – Os gastos com ani- e utilização de produtos e serviços para
mais de estimação diferem de acordo cães e gatos) no orçamento familiar, em
com o motivo de aquisição do animal; diferentes classes de renda, e as possí-
Hipótese 5 – Os gastos com ani- veis atitudes de “humanização” dos ani-
mais de estimação são maiores naqueles mais. Trata-se de uma pesquisa primá-
domicílios em que os animais possuem ria, piloto e experimental, uma vez que
raça ou pedigree; as pesquisas amostrais domiciliares do
Hipótese 6 – Os gastos com ani- Instituto não apresentam informações
mais de estimação diferem de acordo detalhadas sobre o tema.
com o porte do animal; A coleta de dados ocorreu no pe-
Hipótese 7 – Os gastos com ani- ríodo de 6 a 14 de outubro de 2007 e foi
mais de estimação são maiores naqueles realizada através da amostragem inver-
domicílios que há maior nível de afetivi- sa, ou seja, foram contados todos os do-
dade dos proprietários com os animais. micílios selecionados na amostra, mas
responderam ao questionário apenas
3 Método os moradores de domicílios que pos-
suíam pelo menos um cão ou gato. Os
A Escola Nacional de Ciências moradores entrevistados tinham, neces-
Estatísticas (ENCE), do Instituto Brasi- sariamente, 15 anos ou mais de idade,
leiro de Geografia e Estatística (IBGE), obedecendo aos critérios de definição
desenvolve um programa interno de prévia da amostra. A região seleciona-
treinamento em pesquisa que tem por da para a aplicação do questionário foi
finalidade atualizar e qualificar o seu o Grande Méier, que corresponde aos
corpo técnico e o de outras instituições bairros do Méier, de Todos os Santos,
de pesquisa nacionais e internacionais. do Engenho Novo e de Lins de Vascon-
Nesse programa, é realizado o Curso celos, no município do Rio de Janeiro.
de Desenvolvimento de Habilidades em O procedimento metodológico
Pesquisa (CDHP), que oferece a opor- adotado foi a amostra em dois estágios
tunidade de vivenciar todas as etapas de de conglomerados em duas etapas, tendo
uma pesquisa amostral quantitativa, des- sido sorteados, primeiramente, os setores
de planejamento, coleta e tabulação dos censitários e, em seguida, os domicílios,
dados até elaboração do relatório final. com base na malha do Censo Demográ-
Para o desenvolvimento do 20º CDHP, fico de 2000. Houve a exclusão de seto-
foi aprovado o tema “A ‘humanização’ res censitários com domicílios coletivos
de cães e gatos e o consumo pet nas fa- e aglomerados subnormais. Integraram a
mílias contemporâneas”, que recebeu a amostra apenas os setores censitários e
denominação de “CDHPet: Pesquisa do- os domicílios particulares permanentes
miciliar sobre cães e gatos: humanização sorteados (exclusão de domicílios coleti-
e padrões de consumo”. Assim, no pre- vos e domicílios improvisados).
sente estudo foram utilizados os micro- O conteúdo do questionário bus-
dados desta pesquisa realizada pelo 20º cou abarcar características gerais da
CDHP – ENCE/IBGE (2007). população humana e da população de
A pesquisa do CDHP teve o ob- cães e gatos residentes nos domicílios
jetivo de obter informações sobre a po- do Grande Méier. Em relação aos ani-
pulação de cães e gatos em domicílios mais, pretendeu-se analisar variáveis
particulares e sobre a relação dos mo- como sexo, porte, raça e pedigree, além
radores com seus animais de estimação, da forma/motivo de aquisição e de da-

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dos relativos à reprodução do animal. riáveis (ENCE/IBGE, 2007): (1) gastos


Foram exploradas atitudes com relação com animais de estimação com higie-
ao consumo pet, em varíaveis sobre tipo ne, alimentação e saúde e gasto total
de alimentação oferecida, itens e locais mensal domiciliar; (2) comportamento
de compra de produtos e contratação de do proprietário em relação ao “consu-
serviços pet, detalhando os gastos cor- mo pet” – os proprietários oferecem
respondentes, de acordo com a classe de guloseimas aos menos a um animal de
renda da família. estimação; os proprietários usam aces-
Para análise de dados e cons- sórios em pelo menos um animal de
trução dos gráficos, foram utilizados estimação no domicílio; os proprietá-
os softwares: IBM SPSS Statistics 19 rios utilizam roupas em pelo menos um
for Windows (2010) e Microsoft Office animal de estimação no domicílio –; (3)
Excel. A análise de dados seguiu o se- avaliação do vínculo com o animal de
guinte procedimento: (1) foi incluído estimação, através da liberdade de cir-
na análise o plano amostral complexo culação irrestrita dos animais no domi-
(ENCE/IBGE, 2007), ou seja, infor- cílio; (4) características domiciliares; e
mações sobre os dois estágios das uni- (5) características dos animais. Foi con-
dades da amostra (setores censitários e siderado como proxy de antropomor-
domicílios), com pesos amostrais para fismo a existência no proprietário das
os domicílios variando de 3,8 a 13,7; características referentes ao “consumo
(2) buscaram-se identificar possíveis pet” e a liberdade de acesso do animal
outliers ou erros de digitação nos dados, ao domicílio.
tendo sido desconsiderados os dados de
três domicílios (o primeiro declarou um 4 Resultados
gasto médio domiciliar com alimen-
tação para os animais de R$ 8080,00, 4.1 Caracterização da amostra
sendo considerado um possível erro de
digitação; o segundo atribuiu o valor A amostra foi constituída por 600
de R$1,00 (um real) para renda mensal domícilios, mas, com a expansão da
domiciliar, inferindo-se o não interesse amostra, chegou-se a um total de 4806
do mesmo em divulgar a renda domi- domicílios com a presença de animais
ciliar correta; e o terceiro declarou um de estimação, conseiderando-se um to-
gasto total com animais de estimação de tal de 18313 domicílios. Isso indica que
R$1,00 (um real)); (3) estatísticas des- em 26,46% dos domicílios foi encontra-
critivas foram construídas, obtendo-se do pelo menos um animal de estimação.
os estimadores da média e a variância Em relação às caracateristicas
para os gastos domiciliares envolvendo domiciliares, observou-se um tamanho
os animais de estimação; e (4) nas com- populacional médio de 3,17 pessoas por
parações, foi utilizado o procedimento domicílios, com desvio padrão de 1,31.
de análise por intervalos de confiança, Observou-se, em média, 1,82 mulheres
e, na verificação das associações e inde- e 1,36 homens por domicílio.
pendência, utilizou-se o teste qui-qua- Da mesma forma, realizou-se uma
drado para amostras complexas (PES- análise por tipo arranjo familiar daqueles
SOA; SILVA, 1999). Por fim, modelos que declaram possuir pelo menos um ani-
de regressão linear foram ajustados, mal de estimação, considerando o padrão
através do método de máxima pseu- proposto por Arriagada (2001) de seis
doverossimilhança (PESSOA; SILVA, categorias: unipessoal, nuclear do tipo
1998), visando compreender os fatores monoparental, nuclear do tipo biparental
que influenciam os gastos domiciliares com filhos, nuclear do tipo biparental sem
envolvendo os animais de estimação. filhos, estendido e composto. Na Tabela
Foram utilizadas as seguintes va- 1, serão apresentadas as frequências e

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porcentagens dos arranjos domiciliares. tal, 13,02% do tipo nuclear/biparental/


Encontrou-se a seguinte divisão sem filhos, 7,34% do ripo unipessoal e
de arranjos domiciliares na área pesqui- 3,63% do tipo composto.
sada (Tabela 1): 35,43% são do tipo nu- Quanto à renda mensal média
clear/biparental/com filhos, 24,41% do domiciliar, esta foi de R$ 3432,49, com
tipo arranjo familiar estendido, 16,17% desvio padrão de R$ 191,34.
do tipo arranjo nuclear/monoparen-
Tabela 1 – Frequência e porcentagem dos tipos de arranjos familiares que possuem pelo menos
um pet, em 2007, na região do Grande Méier
IC(P) 95%
Tipo de arranjo familiar N̂ i p̂i (em %)
Lim. Minímo Lim. Máximo
Unipessoal 354 7,34 5,41 9,88
Nuclear/Monoparental 780 16,17 13,04 19,89
Nuclear/biparental/sem filhos 628 13,02 9,72 17,22
Nuclear/biparental/com filhos 1708 35,43 30,20 41,02
Estendido 1177 24,41 20,67 28,59
Composto 175 3,63 2,06 6,31
Total 4822 100 - -
Fonte: Microdados da Pesquisa Domiciliar sobre cães e gatos: humanização e padrões de
consumo – IBGE/ENCE/CDHP (2007).

Foram contabilizados nos domi- apresentada na Tabela 2, pois acredita-se


cílios 8121 animais, dos quais 6303 são que este seja um fator diferenciador no
cães e 1818 são gatos. Destes, 22,4% que se refere ao ato do consumo.
dos cães e 5,3% dos gatos possuíam pe- Na Tabela 2, observa-se que exis-
digree. Sobre a distribuição de cães nos te diferença
2
significativa, ao nível 0,05
domicílios, verificou-se que 61,7% dos ( χ (1; 24) = 6,585, p = 0,012), na frequên-
domicílios possuíam apenas um cão e cia dos animais de raça por tipo de do-
24,4% tinham dois ou mais. Em relação micílio, sendo esta maior no domicílio
à distribuição de gatos nos domicílios, tipo apartamento. Observa-se que em
observou-se que apenas 12,7% dos do- 74,6% dos domicílios existe pelo me-
micílios possuíam um gato e 7,6% dois nos um animal de raça e dentre eles 46,3
ou mais. Por outro lado, em 67,6% dos % são do tipo apartamento e 28,3% são
domicílios os proprietários declararam do tipo casa.
possuir um cão e um gato. Identificou-se também o número
A distribuição dos domicílios com de domicílios, onde existe pelo menos
animais de raça, com ou sem pedigree, é um animal de pedigree (Tabela 3).

Tabela 2 – Frequência e porcentagem do número de domicílios que possuem pelo menos um


animal de raça, na área do Grande Méier, em 2007
Tipo de domicílio
Possui um Casa Apartamento Total
animal de
raça N̂ i p̂i (%) N̂ i p̂i (%) N̂ i p̂i (%)
Sim 1364 28,3 2235 46,3 3599 74,6
Não 609 12,6 614 12,8 1223 25,4
Total 1973 40,9 2849 59,1 4822 100
Fonte: Microdados da Pesquisa Domiciliar sobre cães e gatos: humanização e padrões de
consumo – IBGE/ENCE/CDHP (2007).

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Verifica-se na Tabela 3, que, em este índice não é válido para a existência


24,1% dos domicílios, os respondentes de pedigree. Não2 se observou diferença
declararam possuir pelo menos um ani- significativa ( χ (1; 24) = 0,283, p = 0,541)
mal de pedigree. Apesar de se verificar entre as frequências observadas quanto
um grande número de domicílios com aos números de casas e apartamentos
pelo menos um animal de raça (76,6%), com pelo menos um animal de pedigree.
Tabela 3 – Frequência e porcentagem do número de domicílios que possuem pelo menos um
animal de pedigree, na área do Grande Méier, em 2007
Tipo de domicílio
Possui um animal Casa Apartamento Total
de pedigree
N̂ i p̂i (%) N̂ i p̂i (%) N̂ i p̂i (%)
Sim 453 9,4 708 14,7 1161 24,1
Não 1520 31,5 2141 44,4 3661 75,9
Total 1973 40,9 2849 59,1 4822 100
Fonte: Microdados da Pesquisa Domiciliar sobre cães e gatos: humanização e padrões de
consumo – IBGE/ENCE/CDHP (2007).
A seguir, na Tabela 4, são apre- solidão venham a influenciar no valor
sentadas as médias dos gastos domici- gasto, pois, como sugerido por Dotson
liares abrangendo os animais de estima- e Hyatt (2008), os animais de estimação
ção segundo o tipo de arranjo familiar. acabam por satisfazer as necessidades
Observa-se que nos domicílios humanas de companhia, amizade, amor
com arranjo familiar unipessoal o gas- incondicional e afeto. Por outro lado,
to médio é de R$ 171,05 mensais com os arranjos familiares nucleares foram
animais de estimação. Esse dado suge- aqueles que gastaram menos com os
re que as variáveis afetivas inerentes à animais de estimação.
Tabela 4 – Comparação dos valores gastos em reais com animais de estimação, de acordo o
tipo de arranjo familiar, na área de Grande Méier/RJ, em 2007
IC(µ ) 95%
Tipo de arranjo familiar X̂ N̂ i
(em reais) s ( X ) Lim. Minímo Lim. Máximo
Unipessoal 171,05 33,20 105,84 236,25 354
Nuclear/Monoparental 160,14 20,80 119,28 200,99 780
Nuclear/biparental/sem filhos 125,62 11,73 102,57 148,66 628
Nuclear/biparental/com filhos 139,53 10,68 118,55 160,51 1708
Estendido 164,06 28,79 107,50 220,61 1177
Composto 144,38 31,76 81,99 206,75 175
Total - - - - 4822
Fonte: Microdados da Pesquisa Domiciliar sobre cães e gatos: humanização e padrões de
consumo – IBGE/ENCE/CDHP (2007).
4.2 Comportamento do proprietário em e/ou brinquedos, com o uso de roupas
relação ao animal de estimação e/ou adornos e com o oferecimento de
guloseimas (Figura 1).
O comportamento do proprietário Dentre os resultados apresenta-
em relação ao animal de estimação foi dos no Figura 1, analisando a categoria
medido de acordo com o grau de liber- sobre o “consumo pet”, verificou-se
2
dade de circulação do animal no domi- que, em 43,4% dos domicílios ( χ (1; 24)
cílio, com o oferecimento de acessórios = 10,48; p = 0,027), os proprietários

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 26, n. 03, set/dez 2013, p. 622 - 637
630 ROBERTO LUÍS DA SILVA CARVALHO E LAVÍNIA DAVIS RANGEL PESSANHA

oferecem guloseimas a pelo menos um 2


animal de estimação. O uso de acessó- domicílios ( χ (1; 24) = 36,18; p = 0,000).
rios foi declarado em 60,3% dos domi- Observou-se, ainda, que em 83,7 % dos
2
cílios ( χ (1; 24) = 25,22; p = 0,000) e o uso domicílios a circulação dos animais 2
de roupas foi verificado em 37,7 % dos é declarada como irrestrita ( χ (1; 24) =
271,63; p = 0,000).

Circulação irrestrita no domicílio de pelo menos um cão ou


83.7 16.3
gato (qui-quadrado = 271,63; p = 0,000)
Características da criação do pet

Existência no domicílio de pelo menos um animal de


estimação que utilizou roupas e/ou adornos (qui-quadrado = 37.7 62.3
36,18; p = 0,000)
Sim
Não
Existência no domicílio de pelo menos um animal de
estimação que utilizou acessórios e/ou brinquedos (qui- 60.3 39.7
quadrado = 25,22; p = 0,000)

Existência no domicílio de oferta habitual de guloseimas


próprias para animais a pelo menos um animal de estimação 43.4 56.6
(qui-quadrado = 10,48; p = 0,027)

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Figura 1 – Distribuição porcentual do comportamento dos proprietários em relação aos animais


de estimação nos domicílios, na área do Grande Méier, em 2007
Fonte: Microdados da Pesquisa Domiciliar sobre cães e gatos: humanização e padrões de
consumo – IBGE/ENCE/CDHP (2007).
Analisando conjuntamente as com os animais de estimação, de acordo
duas categorias, isto é, as três variáveis com o comportamento do proprietário
sobre ao consumo pet (oferecimento em relação a seus pets.
de guloseimas; uso de acessórios; e o Observa-se, na Tabela 5, que
uso de roupas) e a variável referente ao existe uma tendência de aumentar os
acesso irrestrito do animal de estima- gastos quando os proprietários apresen-
ção, verificou-se que em 1027 (22,4%) tam maior afinidade com seus pets, de-
domicílios, os moradores oferecem a monstrados nas ações de oferecer gulo-
seus animais guloseimas, acessórios, seimas e acessórios, fato ressaltado pela
brinquedos e roupas e dão liberdade de análise dos intervalos de confiança para
circulação irrestrita no domicílio. as médias obtidas.
A seguir, na Tabela 5 são apre-
sentados os valores gastos em média

Tabela 5 – Comparação dos valores gastos em reais com animais de estimação, de acordo com
o comportamento do proprietário, na área de Grande Méier, em 2007

Comportamento do pro- X̂ IC(µ ) 95%


prietário
Status
(em
s( X )
Limite Limite N̂ i
reais) inferior superior
O pet tem permissão de Não 130,113 14,663 101,314 158,912 775
circular livremente no
domicílio Sim 153,191 10,492 132,583 173,798 4030
Existência no domicílio Não 126,423 8,459 109,808 143,038 3004
de pelo menos um pet que
usou roupas pelo menos Sim 187,891 19,391 149,805 225,978 1802
uma vez
(continua)

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 26, n. 03, set/dez 2013, p. 622 - 637
RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIAS, ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO, AFETIVIDADE E CONSUMO:
ESTUDO REALIZADO EM BAIRROS DO RIO DE JANEIRO 631

(continuação)

Comportamento do pro- X̂ IC(µ ) 95%


prietário
Status
(em
s( X )
Limite Limite N̂ i
reais) inferior superior
Existência no domicílio Não 116,384 10,283 96,186 136,582 1915
de pelo menos um pet que
usou acessórios Sim 171,394 13,367 145,138 197,649 2890
Existência no domicílio
de pelo menos um pet que Não 125,517 10,740 104,422 146,612 2092
ganhou guloseimas pelo
menos uma vez Sim 167,924 13,820 140,779 195,069 2714
Fonte: Microdados da Pesquisa Domiciliar sobre cães e gatos: humanização e padrões de
consumo – IBGE/ENCE/CDHP (2007).
Para identificar a relação entre tropomorfismo, a realização dos quatro
antropomorfismo e gasto total com os itens simultaneamente pelo proprietário.
animais de estimação, a seguir, na Tabe- Um fator influenciador no com-
la 6, são comparados os valores gastos portamento do consumidor, segun-
daqueles proprietários que afirmaram do Cavanaugh, Leonard e Scammon
oferecer guloseimas, roupas e acessórios (2008), é o motivo de aquisição do pet.
e dar livre acesso no domicílio aos ani- A seguir, são apresentados os principais
mais versus aqueles que não fazem isso. motivos de aquisição dos cães nos do-
Considerou-se como medida de antropo- micílios (Figura 2).
morfismo, ou seja, um proxy para o an-

Tabela 6 – Comparação dos valores gastos em reais com animais de estimação, de acordo com
o nível de antropomorfismo, na área de Grande Méier, em 2007

IC(µ ) 95%
Ação do proprietário Status X̂ s( X ) N̂ i
(em reais) Limite Limite
inferior superior

Não 90,14 13,51 63,60 116,69 361


O pet recebe guloseimas,
acessórios e roupas e tem
livre acesso no domicílio Sim 199,05 30,88 138,40 259,69 1027
Fonte: Microdados da Pesquisa Domiciliar sobre cães e gatos: humanização e padrões de
consumo – IBGE/ENCE/CDHP (2007).

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 26, n. 03, set/dez 2013, p. 622 - 637
632 ROBERTO LUÍS DA SILVA CARVALHO E LAVÍNIA DAVIS RANGEL PESSANHA

Verifica-se no Figura 2 que exis- les que adquiriram um cão, o principal


te diferença significativa, ao nível 0,01, motivo citado foi diversão (44,82%),
entre os motivos de aquisição dos cães ( seguido pelo motivo de companhia
! 2 = 473,912; p = 0,000). Dentre aque- (38,39%) e pelo de segurança (11,40%).

50
44.82
45

40 38.39

35
Porcentagem

30

25

20

15 11.40
10

5 1.67 2.60
1.13
0
Segurança Companhia Diversão Terapia Reprodução Outros
Motivo de aquisição dos cães

Figura 2 – Distribuição percentual dos motivos de aquisição dos cães, na área do Grande Méier, em 2007.
Fonte: Microdados da Pesquisa Domiciliar sobre cães e gatos: humanização e padrões de consumo – IBGE/
ENCE/CDHP (2007).
Na tabela 7, são apresentados os cílios tipo casa, apesar de o valor médio
dados referentes aos gastos dos proprie- (R$ 207,13) dos gastos realizados pelos
tários que residem no domicílio tipo proprietários que adquiriam os cães por
casa, de acordo com o motivo de aqui- motivo de companhia ser maior do que
sição dos cães. os demais, não se observou diferença
Ressalta-se, conforme a Tabela 7, entre as médias pela análise dos inter-
que, no caso de cães criados em domi- valos de confiança.
Tabela 7 – Comparação dos valores gastos pelos proprietários de animais de estimação, conforme os
principais motivos de aquisição dos cães, na área do Grande Méier, em 2007

IC(µ ) 95%
Motivo de aquisição X̂ s( X ) N̂ i
(em reais) Limite Limite
inferior superior
Segurança 184,06 65,20 55,50 312,62 494
Companhia 207,13 49,87 108,80 305,46 692

Diversão 144,65 13,85 117,35 171,95 947


Fonte: Microdados da Pesquisa Domiciliar sobre cães e gatos: humanização e padrões de consumo –
IBGE/ENCE/CDHP (2007).
4.3 Modelos de regressão ajustados construir um modelo para cada tipo de gas-
to domiciliar com o animal de estimação,
De acordo com as análises anterior- ou seja, gastos com higiene, alimentação e
mente feitas, foi verificada a necessidade saúde e gasto total domiciliar com animais
de se construir um modelo de regressão de estimação. A seguir, na Tabela 8, são
linear para melhor compreensão dos fe- apresentados os coeficientes dos modelos
nômenos abordados. Assim, optou-se por construídos para os gastos domiciliares.

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 26, n. 03, set/dez 2013, p. 622 - 637
RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIAS, ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO, AFETIVIDADE E CONSUMO:
ESTUDO REALIZADO EM BAIRROS DO RIO DE JANEIRO 633

Observou-se nos modelos que os giene dos animais de estimação recebe


gastos com animais de estimação, de maior influência das variáveis referentes
maneira geral, sofrem influência positiva ao consumo pet, como a utilização de
da renda média mensal domiciliar, sendo acessórios e o fato de o animal já ter re-
esta uma relação definida também por cebido pelo menos uma vez guloseimas.
Slater (2002) devido ao aumento do po- Assim, a Hipótese 7 – os gastos com ani-
der econômico e, consequentemente, ao mais de estimação são maiores naqueles
aumento do acesso a produtos e serviços. domicílios em que os proprietários pos-
Assim, a Hipótese 1– os gastos com ani- suem maior nível de afetividade com os
mais de estimação aumentam de acordo animais – foi aceita parcialmente. Isso se
com a renda domiciliar – foi aceita. dá uma vez que, no caso do gasto mensal
O gasto médio mensal com hi- domiciliar com alimentação dos animais,

Tabela 8 – Parâmetros estimados para os modelos referentes aos Ln´s dos gastos médios
mensais domiciliares com higiene, alimentação, saúde e gasto total com animais de estimação
Ln do gasto Ln do
Ln do gasto Ln do gasto
Parâmetros com alimen- gasto com
com higiene total
tação saúde
Intercepto N.S. 1,614 N.S. 1,149
Total de cães no domicílio 0,131 0,314 0,141 0,257
Total de gatos no domicílio N.S. 0,251 N.S. 0,167
O animal utilizou acessórios
0,449 N.S. N.S. 0,358
pelo menos uma vez
O animal ganhou guloseimas
0,258 0,219 N.S. 0,233
pelo menos uma vez
Há pelo menos um animal de
0,413 0,279 0,363 0,233
pedigree no domicílio
Tipo de arranjo familiar: uni-
0,349 0,236 N.S. 0,321
pessoal
Arranjo familiar: monoparental N.S. 0,245 N.S. 0,238
Ln da renda mensal domiciliar 0,302 0,236 0,363 0,328
Há pelo menos um animal de
-0,183 N.S. N.S. N.S.
médio porte no domicílio
Há pelo menos um animal de
N.S. N.S. 0,355 N.S.
grande porte no domicílio
Motivo de aquisição: reprodu-
N.S. -0,982 N.S. -0,616
ção
Total de homens no domicílio N.S. N.S. -0,149 N.S.
Motivo de aquisição: diversão N.S. N.S. -0,274 N.S.
O animal tem permissão de
N.S. -0,313 N.S. N.S.
circular no domicílio
O animal utilizou roupas pelo
N.S. -0,160 N.S. N.S.
menos uma vez
Forma de aquisição: comprou
N.S. 0,266 N.S. N.S.
em um pet shop
Há pelo menos um animal de
N.S. -0,184 N.S. N.S.
raça no domicílio
Sexo do chefe do domicílio N.S. -0,153 N.S. N.S.
N.S. – Não significativo ao nível 0,05.

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634 ROBERTO LUÍS DA SILVA CARVALHO E LAVÍNIA DAVIS RANGEL PESSANHA

verificaram-se relações negativas entre a e McGarvey (2008). Assim, a Hipótese


permissão de circulação irrestrita no do- 3 – os gastos com os animais de esti-
micílio e a utilização de roupas pelo me- mação diferem de acordo com tipo de
nos uma vez pelo animal. arranjo familiar – foi aceita.
Observou-se, em todos os mode- A Hipótese 2 – os gastos com ani-
los sugeridos para os gastos, a relação mal de estimação diferem de acordo com
positiva com o fato de o animal possuir o tipo de domicilio – foi refutada, pois o
pedigree. Acredita-se, então, que, nes- modelo não apresentou evidências esta-
tes domicílios, os proprietários enqua- tísticas que confirmassem tal fato.
dram-se entre aqueles que têm maior
identificação com a raça pura do ani- 5 Discussão dos resultados
mal, o qual é valorizado como elemento
de distinção social, uma vez que, em de- Na maioria dos domicílios, os
terminados contextos sociais, sua posse animais podem circular pela residência,
funciona como um indicador de status o que leva a supor que existe um grande
perante os demais proprietários (SLA- laço afetivo. Na avaliação do vínculo
TER, 2002). Assim, a Hipótese 6 – os com o animal de estimação, a maioria
gastos com animais de estimação são dos respondentes (83,7 % dos domicí-
maiores naqueles domicílios em que os lios) declarou que a circulação dos ani-
animais possuem pedigree – foi aceita. mais é irrestrita. Neste caso, observa-se
No entanto, não se observou rela- uma mudança de comportamento em
ção significativa positiva com o fato de relação aos animais, que cada vez mais
existir pelo menos um animal no domi- estão presentes no convívio familiar.
cílio com raça sem pedigree, chegando Exemplificando tal contexto, Kennedy
a uma relação negativa no modelo pro- e McGarvey (2008) realizaram um es-
posto para o gasto mensal domiciliar tudo tomando como base os dados de
com a alimentação dos animais de esti- três revistas dos Estados Unidos –Good
mação. Assim, a Hipótese 5 – os gastos House keeping, Ladies’ Home Journal
com animais de estimação são maiores e McCall’s –, nos anos de 1920 a 1980,
naqueles domicílios em que os animais totalizando 1398 exemplares, com o
possuem raça – foi rejeitada. objetivo específico de verificar uma ten-
Outra relação observada foi dência de mudança de comportamento
aquela encontrada nos modelos referen- dos consumidores, através do perfil e da
tes ao gasto com alimentação e ao gasto participação dos animais de estimação
total, pois verificou-se uma relação ne- nos anúncios. Os autores observaram
gativa com o motivo de aquisição por o aumento de anúncios com pessoas
reprodução. Desse modo, evidencia-se tocando os animais, de anúncios com
a diferenciação do perfil dos proprietá- animais dentro de casa e de anúncios de
rios, já que esta relação vai ao encontro produtos pets, bem como a redução de
da perspectiva de ter um animal como anúncios com animais presos em colei-
recurso econômico ou utilitário. Assim, ras. Este estudo indica uma mudança de
a Hipótese 4 – os gastos com animais de comportamento evidenciada pelos ra-
estimação diferem de acordo com o mo- mos da publicidade e do marketing.
tivo de aquisição do animal foi aceita. Segundo os dados da Tabela 3,
Verificou-se que os arranjos do- observa-se que os proprietários que
miciliares menores gastam mais com possuem um comportamento dito antro-
animais de estimação nas categorias pomórfico gastam mais do que aqueles
gasto total, gasto com alimentação (ar- que não oferecem guloseimas, acessó-
ranjos unipessoal e nuclear/monoparan- rios, roupas ou deixam seus animais
tal) e gasto com higiene (arranjo uni- terem livre acesso ao domicílio, sendo
pessoal), como proposto por Kennedy da ordem de R$ 199,05 e R$ 90,14,

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 26, n. 03, set/dez 2013, p. 622 - 637
RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIAS, ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO, AFETIVIDADE E CONSUMO:
ESTUDO REALIZADO EM BAIRROS DO RIO DE JANEIRO 635

respectivamente. Assim, configura-se como identificado por Konecki (2007).


a importância do antropomorfismo. O porte do animal foi considera-
Segundo Lue, Pantenburg e Crawford do um fator influenciador no gasto com
(2008), quando um proprietário apre- alimentação, sendo observado, confor-
senta forte vínculo emocional com seu me a classe de tamanho dos animais,
pet, ele desenvolve maior cuidado com que proprietários de animais de grande
o mesmo, independentemente de sua porte gastam mais com alimentação do
renda. Desse modo, os proprietários que que proprietários de animais de peque-
se enquadram nesse perfil levam seus no porte. O gasto com higiene também
animais mais vezes ao veterinário e são foi influenciado pelo porte do animal.
mais propensos a seguir as orientações Entretanto, a diferença foi observada
e recomendações, sem levar em conta o em relação aos proprietários de animais
custo para executar isso. de médio porte, que indicaram um gas-
Nas análises dos modelos de re- to inferior aos proprietários de animais
gressão, verificou-se o consumo por afeti- de grande e de pequeno porte. Estes re-
vidade, como sugerido por Miller (2002), sultados corroboram a relação sugerida
através das relações identificadas nos entre porte do animal e gastos no cuida-
gastos domiciliares com animais de esti- do dos mesmos, identificada por Cava-
mação, gastos que são mais elevados para naugh, Leonard e Scammon (2008).
aqueles proprietários que oferecem gulo- Os valores gastos com os animais
seimas ou compram acessórios para seus de estimação são maiores nos arranjos
animais, sugerindo, assim, uma preocupa- domiciliares do tipo unipessoal e nu-
ção em dar o que é presumidamente me- clear/monoparental, representando, as-
lhor para seu animal de estimação. sim, uma ordem inversa com o tamanho
A existência de raça sem pedi- do domicílio, isto é, um domicílio com
gree é um fator não preponderante para número menor de indivíduos gasta mais
ampliar o gasto com o animal de estima- com os animais estimação.
ção, mas, nos casos em que os proprie-
tários registraram o pedigree, o valor 6 Considerações finais
do gasto é maior, tanto no gasto geral
como nos gastos com saúde, higiene e Diante dos resultados do presen-
alimentação. Esse resultado vai ao en- te estudo, discutidos detalhadamente
contro do estudo realizado por Clark e na seção anterior, conclui-se que pro-
Page (2009). Além disso, demonstra-se prietários que possuem maior vínculo
que estes proprietários estão inclusos antropomórfico com seus animais ten-
em um grupo diferenciado dos demais dem a gastar mais com estes. Essa re-
proprietários, por possuírem um animal lação vai ao encontro do consumo por
com pedigree reconhecido e gastaram afetividade definido por Miller (2002),
mais com este, configurando-se, assim, pois o comportamento dos proprietários
um indicador do status social, como su- de animais de estimação demonstra ser,
gerido por Slater (2002). como indica a pesquisa, similar ao con-
Da mesma maneira, verificou-se que o sumo por afetividade na relação huma-
motivo de aquisição dos animais é um na, em que os indivíduos diante de um
fator preditor dos gastos com animais ato de consumir não estão preocupados
de estimação, como descrito por Ca- somente com a relação custo/benefício,
vanaugh, Leonard e Scammon (2008), mas também com os meios de propor
sugerindo a diferenciação dos proprie- ao seu cotidiano relações de amor e
tários, no que se refere ao cuidado, ou carinho. Assim, são levados a comprar
seja, ao fato de considerar o animal pela obrigação diária e pela responsa-
como membro da família ou situá-lo bilidade consigo e/ou com os demais
como recurso econômico ou utilitário, membros da família. Diversos exem-

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 26, n. 03, set/dez 2013, p. 622 - 637
636 ROBERTO LUÍS DA SILVA CARVALHO E LAVÍNIA DAVIS RANGEL PESSANHA

plos enquadram-se nessa motivação: as 2. BEVERLAND, M. B.; FARRELLY,


mães de família buscam comprar o que F.; LIM, E. A. C. Exploring the dark
há de melhor para seus filhos em termos side of pet ownership: Status- and con-
de dar qualidade ou satisfazer o desejo trol-based pet consumption. Journal
dos mesmos, avós buscam satisfazer os of Business Research, v. 61, n. 5, p.
desejos dos netos, entre outros. 490–496, 2008.
Outro aspecto identificado é a 3. BRITO, F. Transição demográfica e
mudança de comportamento dos pro- desigualdades sociais no Brasil. Revis-
prietários em relação aos animais, pois ta Brasileira de Estudos Populacio-
cada vez mais estes estão presentes nas nais, v. 25, n. 1, p. 5-26, 2008.
rotinas domiciliares, tendo em vista a
livre circulação declarada por parte dos 4. CAVANAUGH, L. A.; LEONARD,
participantes da pesquisa. H. A.; SCAMMON, D. L.. A tail of two
Verificou-se uma relação positiva personalities: How canine companions
entre a renda domiciliar e os gastos com shape relationships and well-being.
animais de estimação, evidenciando a Journal of Business Research, v. 61,
relação do poder econômico domiciliar n.5, p. 469–479, 2008.
com a ampliação do acesso a bens e ser- 5. CHACKIEL, J. La dinámica demo-
viços, como definido por Slater (2002). gráfica en América Latina. Naciones
Uma limitação do presente estudo unidas / División de Población / CE-
foi a aferição de variáveis afetivas. Sen- PAL - SERIE población y desarrollo,
do assim, sugere-se aos próximos estu- n. 52, p. 1-78, 2004.
dos a inclusão de medidas de atitude em
relação aos animais e nível de relaciona- 6. CLARK, P. W.; PAGE, J. B. Exa-
mento, entre outras variáveis. Da mesma mining Role Model and Information
forma, por utilizar um procedimento de Source Influence on Breed Loyalty:
análise de dados amostrais complexos, Implications in Four Important Product
não foram feitos testes de comparação Categories. Journal of Management
de diferença entre médias, restringido a and Marketing Research, v. 2, n. 1, p.
análise por intervalos de confiança. 1-14, 2009.
Uma vez que os resultados ob- 7. COHEN, S. P. Can Pets Function as
tidos demonstraram a viabilidade da Family Members? Western Journal of
pesquisa amostral domiciliar como ins- Nursing Research, v. 24, n. 6, p. 621-
trumento de conhecimento, sugere-se 638, 2002.
o uso da metodologia aqui apresentada
como ponto de partida para pesquisas 8. CORNWELL, T. B.; WAMWARA
futuras sobre o tema, de modo que am- -MBUGUA, L. W.; NICOVICH, S. G.
ple o conhecimento acerca da relação Dependence patterns in consumer beha-
entre famílias e animais de estimação vior: Exploration and refinement of a
concept. Journal of Consumer Beha-
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viour, v. 7, n. 1, p. 51–71, 2008.
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SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 26, n. 03, set/dez 2013, p. 622 - 637
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