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A SAÚDE É SUBVERSIVA

“Somos o que comemos”, disse Hipócrates, o pai da medicina. Máxima essa


hoje em dia bastante esquecida pela classe médica em todo mundo.
Intoxicamos-nos e adoecemos em função do que pensamos, do que sentimos
e do que comemos. Não, as doenças não caem do céu como raios e não é ao
azar que atingem suas vítimas. Nós somos responsáveis pela nossa vida e
tudo que acontece com ela, inclusive pelas doenças que produzimos.

A doença deveria ser um caminho de reflexão. “O que fiz de minha vida para
chegar até aqui, como produzi essa doença? O que comi, o que senti, o que
pensei para ter como conseqüência esse estado de saúde?”

Muitas vezes nos encontramos com a expressão “doença civilizatória”. Que


os meios de descomunicação massiva querem dizer com isso? Que são
doenças que existem a partir do crescimento da civilização e de todos os
desgastes ambientais, físicos e emocionais que esse crescimento traz
consigo. Simplesmente, parece que a civilização cresceu, trouxe uma série
de doenças na bagagem e a gente tem que engolir e conviver com isso, como
conseqüência natural. Como sempre, os meios de desinformação capitalistas
não dão o verdadeiro nome às coisas, passam a informação de maneira
recortada para lograr um entendimento igualmente recortado.

NÃO precisamos engolir, tragar, essa desinformação assim de qualquer


maneira, com um copo de coca cola pra arrotar depois. Podemos sim, perder
o olhar ingênuo sobre as coisas e começar a questionar de maneira mais
 
 
detalhada todas as formas que a sociedade de consumo nos vem abduzindo
de maneira quase silenciosa. Só como exemplo: comida-doença-médico-
remédios. Muita gente entra nesse círculo vicioso sem perceber. Logo no
início dele está a comida, e é quando as pessoas se esquecem daquele velho
ditado: “o peixe morre pela boca”. O médico também “esquece” de perguntar
o que a pessoa doente anda comendo, afinal, “que tem que ver uma coisa com
a outra? Vou pedir uns exames, dar uns remédios e estarei cumprindo com
meu juramento hipocrático.” Sim, hipocrático! Do mesmo Hipócrates, pai da
medicina, que disse: “somos o que comemos”! E assim entramos e nos
deixamos levar, e rapidinho passamos de meros engolidores de todo o lixo
bebível e comestível que a mídia apresenta, a vorazes consumidores de
comprimidos, injeções, exames clínicos, consultas médicas particulares ou
ser mais um cidadão a engrossar as fileiras da saúde pública. E nos
convertemos em mais uma engrenagem dessa máquina que nos necessita para
comercializar toda a sua experiência química-científica que custou milhões
de dólares e precisa ser comercializada, afinal, para isso serve os salário
dos cientistas pagos pelas multinacionais, essas que circulam com
desenvoltura entre a produção de medicamentos, agroquímicos, e
armamentos. Por que será? Seria porque usam a mesma matéria prima?

Vamos pensar um pouco de maneira crítica sobre o diabetes. Essa doença


que nos dias de hoje está sendo vista como PANDEMIA. Segundo a
Federação Internacional de Diabetes, "O Diabetes Mellitus é uma pandemia
em crescimento. Em 1996, cerca de 30 milhões de pessoas afetadas viviam
na América do Sul, mais de um quarto dos diabéticos do mundo. Para o ano
de 2010, espera-se que chegue a 40 milhões. Deles, cerca de 20 milhões
serão da América Latina e Caribe.”

Thomas Willis, em 1679, fez uma magistral descrição do diabetes para a


época, ficando desde então reconhecida por sua sintomatologia como
entidade clínica. Foi ele quem, referindo-se ao sabor doce da urina, lhe deu
o nome de diabetes mellitus (desvio de urina com sabor de mel), apesar de
esse fato já ter sido registrado cerca de mil anos antes na Índia.
 
 
Em 1775 Dopson identificou a presença de glicose na urina, ou seja, já era
tanto o consumo de açúcar que escapava pelo ladrão. Não faltou indústria
farmacêutica para financiar pesquisas até que, na década de 20, descobriam
que o “defeito” era no pâncreas, ou seja, as pessoas que eram doentes,
tinham um órgão defeituoso que não conseguia digerir o açúcar consumido.
Por outro lado, a indústria “alimentícia” já nessa época havia aumentado em
larga escala a adição de açúcar em alimentos e criado a necessidade de
doces na vida diária. E o pobre pâncreas, essa engrenagem tão perfeita da
nossa máquina humana, criado pela natureza para digerir frutose, maltose e
outros açúcares complexos em pouca quantidade, ia cada vez mais sendo
bombardeado pelo altamente refinado açúcar branco, tão refinado e
perigoso como a cocaína, com quantidades de sacarose impossíveis de
digerir. E como se não bastasse agora ele era o “defeituoso”.

Em 1923 o Dr. Frederick Banting ganha o Prêmio Nobel por inventar uma
maneira de extrair insulina do pâncreas de animais mortos para injetar na
veia de seres humanos. Pronto! Todos podemos comer açúcar sem medo! O
Dr. Banting tentou desesperadamente avisar que insulina não cura diabetes,
que a única solução seria “parar com essa perigosa embriaguez de açúcar”,
mas não adiantou. A essa altura, diabetes e insulina já tinham se tornado um
grande negócio para a indústria alimentícia-médico-farmacêutica. E se
continuou com a mesma denominação, diabetes mellitus, ou seja, culpa do
mel.

Em comparação a uma pessoa sadia, o diabético tem 40 vezes mais chances


de gangrenas e amputações, 25 vezes mais chances de ficar cego, 17 vezes
mais problemas renais, 2 vezes mais propensão a problemas coronários. Os
efeitos menores do consumo de açúcar podem ser enxaquecas, gastrites,
pressão descontrolada, fadiga, acidez, gengiva sangrando, impotência,
infecções crônicas, glaucoma, catarata, obesidade, problemas intestinais,
disfunções hormonais, cáries, dificuldades de concentração e aprendizado,
ansiedade, depressão, neuroses e ainda outras infelicidades sem
diagnóstico.
 
 
Com o advento da pandemia do diabetes, as indústrias química, farmacêutica
e alimentícia não puderam ficar pra trás e perder essa grande oportunidade
de seguir lucrando. Oferecem ao doente diabético, e às demais pessoas
desavisadas e com a mais pura intenção de manter a saúde em ordem,
adoçantes artificiais até mais perigosos que o próprio açúcar, e proibidos
em muitos países fora de latinoamérica, como o aspartame (ver
http://www.alquimidia.org/desacato/index.php?id=1513&mod=noticia, o
artigo “Aspartame. Uma Epidemia Ignorada) sacarina, ciclamato e
acessulfamato. Eles estão presentes de maneira oculta até em produtos
“inocentes” como pastas de dente, xaropes e remédios infantis. No Uruguai,
onde a indústria açucareira é pouco desenvolvida, eles se tornam muito mais
baratos que o próprio açúcar, e se encontram no mercado uma grande
quantidade de produtos industrializados, principalmente refrigerantes, onde
são usados exclusivamente adoçantes artificiais e não contém qualquer tipo
de aviso no rótulo. Nesses casos as crianças acabam sendo os maiores
prejudicados, mas não importa, primeiro o lucro.

E assim estamos nessa roda viva. A sociedade de consumo, com sua grande
oferta de alimentos de todos os sabores, cores e tamanhos, ricos em
ingredientes sintéticos, na verdade o que oferece são não-alimentos. Esses
não alimentos proporcionam um nível de sensações-prazeres instantâneo
muito grande e pouco ou nada em nutrientes, verdadeiramente essencial à
vida. O sabor doce, seja produzido por açúcar refinado ou adoçantes
artificiais, é o grande protagonista desses falsos estímulos alimentares. O
que deveria nutrir adoece. Buscamos cuidados médicos e encontramos na
maioria das vezes tratamentos medicamentosos e desumanizados. Em
muitos casos o doutor nem sequer olha nos olhos do paciente. Receita logo o
remedinho. O remedinho nos mantém em atividade por algum tempo, para
seguir trabalhando, produzindo mais valia e, principalmente, consumindo as
mesmas porcarias de sempre. Até que surge outra doença, conseqüência dos
maus hábitos de consumo que não aprendemos a mudar e agravada pelo
tratamento medicamentoso.
 
 
Busquemos a liberdade em todos os sentidos. Mas antes de mais nada,
liberdade através da boca! Que não metam em nossa boca, em nosso corpo e
em nossa consciência aquilo que não nos faz bem, que nos adoece e debilita
para seguir lutando contra as injustiças sociais. É isso que o sistema deseja:
lutadores doentes, debilitados, viciados. Porque, como disse Sônia Hirsh, “a
saúde é subversiva, porque não dá lucro a ninguém!”

Verônica Loss

arteenvelas@adinet.com.uy

Fontes de consulta:

Wikipedia.org

Sem açúcar e com afeto – Sônia Hirsh. Ed. Corre Cotia

Sociedade Brasileira de Diabetes - www.diabetes.org.br

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