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1ª Edição 2017
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ISBN: 9788561424602
CDU 929:91
Os Organizadores
Diretoria da ANPEGE 2016 2017
Marcelo Lopes de Souza
deu o primeiro grande golpe (no nosso país, isso ocorreu na década
de 1970); o golpe de misericórdia veio não muito tempo depois (já a
partir da década seguinte), quando o interesse pela Filosofia e pelas
ciências da sociedade (em especial pela Economia Política de
figurino marxista) fizeram com que “aprender Geografia” se tornasse
algo pura ou basicamente livresco e de gabinete. Em especial no
caso da ascensão da Geografia dita crítica, não precisava, de jeito
nenhum, ter sido assim; ao menos, o desapreço pelo contato com a
realidade viva (como se esta não passasse de uma espécie de ilusão
ou diversionismo, um repositório de aparências, sendo a essência
alcançável de outra forma) nada tinha de logicamente necessário:
provamno as obras e as vidas dos geógrafos anarquistas Élisée
Reclus e Piotr Kropotkin, dos quais a Geografia crítica dos anos 1970
e 1980 (quase sem exceções uma Geografia marxista) pouco tratou,
a não ser, aqui e ali, para renderlhes uma homenagem superficial.
Não é o caso de exumar e pretender reviver os
procedimentos metodológicos da Geografia da segunda metade do
século XIX ou da primeira metade do século XX. Há ali, no entanto,
uma percepção da importância do trabalho de campo que não
deveria perecer, sob pena de se atrofiar um aspecto básico da
formação do geógrafo. Para geógrafos de formação clássica, como
Orlando, o trabalho de campo era uma espécie de “experiência
totalizante”: uma incomparável e insubstituível imersão na realidade,
botando o pé na estrada e descobrindo o mundo por meio de
conversas, observações da paisagem, visitas a arquivos; tiravamse
fotos (e alguns faziam croquis), registravamse detalhes em
cadernetas (as famosas cadernetas de campo!), realizavamse
entrevistas, coletavamse amostras. O trabalho de gabinete,
elaborando um mapa (ou supervisionando a sua elaboração), em
uma biblioteca ou redigindo algum texto era uma parte fundamental
do trabalho do geógrafo, mas este só se sentia verdadeiramente
19
Disse eu, ao final da “Breve nota pessoal” com que abri este
texto, que há uma mensagem central na obra e na prática
profissional de Orlando Valverde, a qual continua atual: a
possibilidade e a importância de uma Geografia que supere o fosso
entre as ciências da natureza e as da sociedade. De fato, talvez essa
seja a mensagem principal, olhando de um ângulo científico e
epistemológico. Há, porém, uma outra, a qual, de um ponto de vista
ético e a ética não deveria ser jamais estranha à atividade do
pesquisador, por um minuto que seja , eu vejo como dividindo a
posição de mensagem central com aquela primeira: o cientista
(geógrafo ou qualquer outro) precisa assumir responsabilidade pelas
suas ações (e, eventualmente, omissões), e deve denunciar
publicamente aquilo que, nefasto do ponto de vista social ou
moralmente duvidoso ou inaceitável, precisa ser denunciado. O
cientista não deve trair a sua consciência (presumindose que ele
tem uma), e necessita, além do mais, saber comunicarse
diretamente e com clareza com os não especialistas e valorizar essa
comunicação. Em resumo: o pesquisador não deve isolarse em uma
torre de marfim. Cada homem ou mulher que se dedica à pesquisa
científica tem o dever de tornar o seu saber útil e acessível. No caso
de Orlando Valverde, essa exigência assumiu duas formas: a
primeira, talvez a de maior destaque, foi o seu empenho,
praticamente durante toda a sua vida profissional e mais nitidamente
a partir dos anos 1960, em lutar publicamente por causas que
considerava justas; a segunda, concretizada de maneira menos
frequente e menos sistemática, deixou, ainda assim, alguns
testemunhos notáveis, e diz respeito à compreensão de que o
pesquisador precisa saber cativar o grande público (quem sabe
ajudando a despertar novas vocações) mediante textos agradáveis
de se ler e belamente ilustrados.
28
Ou ainda:
17 VALVERDE, O, p: 37.
18 VALVERDE, O, p: 37.
.
76
38 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato20042006/2006/Lei/L11284.htm
94
39 http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/01/11/ult23u914.jhtm
97
40 http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/01/11/ult23u928.jhtm
98
40 http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/01/11/ult23u928.jhtm
41 OLIVEIRA, A.U. “Integrar para não entregar – Políticas Públicas e
Amazônia”, Papirus, Campinas, 1988.
99
44.http://www.confea.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2814&
pai=4&sid=204&sub=197&tpl=printerview
45 VALVERDE, O. “O problema florestal da Amazônia brasileira”, Vozes,
Petrópolis, 1980.
104
52.http://www.confea.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2814&
pai=4&sid=204&sub=197&tpl=printerview
113
53 http://www.amazonia.org.br/english/noticias/print.cfm?id=8881
54 VALVERDE, O., obra citada.
114
59 http://www.anovademocracia.com.br/03/18.htm
60.http://www.confea.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2814&
pai=4&sid=204&sub=197&tpl=printerview
122
.
Gerd Kohlhepp
1 Reinhard Maack emigrou em 1923 para o Brasil, concluindo mais tarde seus
estudos universitários em geologia e geografia em Berlim (Cf. Kohlhepp, 2013,
p.36).
2 Bernardes (1982).
3 A expulsão deuse por causa das novas leis do regime nazista com a
discriminação racial dos judeus. Como a sua esposa era judia e por ele não ter
aceitado a opção de um divórcio, foi expulso sem possibilidades de recurso.
159
13 Cf. Kohlhepp, 2013, p. 33, nota de rodapé 12 ,13. Vide também: Trewartha
(1979).
14 Waibel em carta a Philippson em 17.09.1946 (Vide nota de rodapé 12).
15 Kohlhepp (2013); Bell (2016). Devido ao baixo número de estudantes, a
função de Waibel no quadro foi reduzida à metade com salário igualmente
reduzido.
16 Buss et al. (1991/92), entrevista com Orlando Valverde; e informações
pessoais de Orlando ao autor.
164
GEOSUL De geografia?
VALVERDE 1947.
GEOSUL .Quando?
VALVERDE Não.