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Ijuí – RS
2012
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Ijuí – RS
2012
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Elaborada por
BANCA EXAMINADORA
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Prof. Dr. Paulo Carlan
Orientador
__________________________________________
Prof. Esp. Mauro Bertollo
Examinador
AGRADECIMENTOS
Richard Bach
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RESUMO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11
INTRODUÇÃO
O esporte está em foco nos dias atuais, isso acarreta uma vivência “enorme”
por meio da população, quase todo mundo pratica ou pelo menos tem vontade de
apreciar o fenômeno esportivo de diferentes formas, seja pela mídia, pelas
representações socioculturais ou praticando-o. Com isso, está clara a importância ou
pertinência do esporte ser tematizado nas aulas de Educação Física.
A escolha pelo esporte como tema desse trabalho se deu principalmente
pela sua holística inserção na sociedade. O esporte gera um “movimento” intenso
onde ele é manifestado, por isso, deve ser pensado e repensado dentro da escola,
de modo que leve o aluno a vivenciá-lo e integrá-lo no decorrer de sua vida.
A produção científica nas propostas de ensino dos esportes poderia estar
mais articulada, ou seja, o esporte ocupa praticamente 50% das aulas de Educação
Física, sempre quando se fala em Educação Física é relacionado o esporte. Com
isso, deve-se investir mais em trabalhos científicos que abordem a produção do
conhecimento, das mais variadas formas de envolvimento da população com esse
fenômeno cultural que é abrangente na sociedade contemporânea.
Na primeira parte do trabalho foi realizada uma análise dos pensamentos
renovadores da Educação Física brasileira, e são levantadas as abordagens
pedagógicas que contribuem para o desenvolvimento da disciplina dentro do âmbito
escolar. Logo, é abordada uma pequena reflexão sobre a produção do
conhecimento, que traz o positivismo como um fator importante na constituição da
pesquisa voltada para o entendimento histórico-social, esboçando assim a
contribuição da ciência do esporte no desenvolvimento do mesmo.
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De acordo com Gil (2002) por ser uma pesquisa elaborada com base em
material já publicado, se trata de uma pesquisa bibliográfica, do tipo qualitativa. Pois,
discute um tema que autores debatem e trazem questionamentos sobre o mesmo.
Trata-se também de ser uma pesquisa de natureza exploratória, pelo fato de ter
levantamento bibliográfico.
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1.6 PROCEDIMENTOS
questão, pelo fato de que o governo vem investindo nas ciências do esporte e,
consequentemente nos centros de excelência (escolinhas esportivas), com fim de
detectar novos talentos esportivos. Com isso, podemos observar que o esporte sem
dúvida é um fenômeno de forte influência para que a Educação Física permaneça na
escola como disciplina obrigatória.
Cada vez mais o esporte se torna parte de nosso mundo social. Ele se
relaciona com a vida familiar, com a educação, política, economia, artes e religião.
Com maior entendimento é possível mudá-lo de forma que mais pessoas se
beneficiem das coisas positivas que ele tem a oferecer (BARBANTI, 2003).
Kunz (2000, p. 28) reflete que “o esporte constitui-se hoje, sem dúvida
nenhuma, num dos mais importantes objetos de análise, não apenas das ciências do
esporte, mas de múltiplas abordagens literárias”. Com isso, torna-se imprescindível
questioná-lo quanto ao seu valor educativo no meio escolar.
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[...] não faz parte do mundo real das práticas esportivas de rendimento
tamanha dimensão ou obsessão pela vitória, ainda mais se tratamos do
esporte de crianças e jovens. Qualquer pai, mãe, professor, treinador,
dirigente, atleta que tenha convivência em alguma comunidade esportiva
sabe que o esporte de rendimento é uma escola de vida. Se apenas a
vitória fosse objetivo final certamente não teríamos tantas crianças e jovens
participando, pois é evidente que os vencedores constituem a minoria entre
o universo dos atletas jovens (GAYA, 2000, p. 9).
Acredito que nos profissionais da área não devemos ignorar esses fatores
ou características que o esporte de alta competição e de rendimento tem em
comum. Pelo fato de o esporte ser um fenômeno que tem várias características tanto
para sua inclusão social como para um interesse tecnológico e de rendimento, isso
voltado para a ciência que esta à sua disposição.
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Kunz (2004) diz que o professor deve usar de seu poder, que acima de tudo
é o poder do esclarecimento, de quem é adulto e sério, de quem está ali para ajudar
e ensinar e sempre sabe mais. Porém, esse poder deve ser usado para dar alegria
ao aluno, para ter prazer em aprender a realizar as atividades propostas pelo
professor, efetivando assim o trabalho, interação e linguagem na metodologia de
ensino da Educação Física.
Como podemos perceber, o autor diz ser muito importante o diálogo sobre o
conteúdo tematizado nas aulas, perguntas individuais e coletivas, com debates e
discussões sobre o que esta sendo tratado. Enfim, cabe ao professor mediar a
corrente da transformação do aluno em um sujeito que organiza suas ideias.
O autor tem vários apoios teóricos para a execução de sua obra. Destaca a
obra “Ensino & Mudanças”, que publicou em 1991, e que também foi um dos
alicerces para a execução desse trabalho. Nesse livro (Ensino & Mudanças), Kunz
(2004) defende a necessidade de introduzir uma nova metodologia de
desenvolvimento da Educação Física na escola, e em especial dos esportes. Pelo
fato de existir problemas, polêmicas, discussões e divergências que envolvem o
esporte de alta competição ou de rendimento em suas características internas.
Outro modelo de crítica é direcionado ao ensino dos esportes no processo
de aprendizagem no âmbito escolar, questiona a precocidade do ensino de
modalidades esportivas para as crianças das séries iniciais. Kunz (2004) relaciona
essa crítica com a obrigatoriedade de ter profissionais de Educação Física
qualificados na área para atuarem nas séries iniciais. Esses profissionais tinham
formação concentrada nos ensinos dos esportes de alta competição, e assim
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acabava não “ensinando” a Educação Física das diversas práticas corporais, e sim
ensinando a especificidade do fenômeno esportivo com evolução no rendimento.
Em 1991, foram aprofundadas as pesquisas voltadas ao ensino dos
esportes. Com isso, o esporte começa a passar por uma transformação didático-
pedagógico, para atender a todos os participantes de todos os diferentes níveis de
habilidades motoras. Nesse momento, Kunz (2004) realiza análise de obras
realizadas no inicio da década de 90, que colaboraram de certa forma para as
propostas metodológicas de ensino da Educação Física, e em especial dos esportes
que abrange o seu maior campo.
Não vou levantar aqui todas as obras que o autor citou em seu livro, porém
algumas carecem ser de fundamental apoio para esse trabalho. A principal trata-se
do livro Metodologia do Ensino da Educação Física, organizado por um coletivo de
autores (1992).
Entretanto, trago aqui o levantamento e análise que Kunz (2004) realiza
perante esse trabalho.
Kunz (2004) diz que para formar um aluno capaz de “criticar o esporte para
poder compreendê-lo” (p. 21) o conteúdo deve ser transmitido de forma que traga
informações a respeito do referido trabalho. Por exemplo, no atletismo encontram-se
as habilidades motoras de correr, saltar e arremessar/lançar. Em uma proposta
metodológica crítica, deve-se aprimorar o conhecimento em relação a essas
habilidades para que o aluno sinta a necessidade de estudá-las, conhecê-las e
criticá-las de acordo com sua execução prática.
Por outro lado, o autor traz questionamentos em relação aos problemas que
o esporte de alta competição, ou de rendimento apresenta em suas características,
ou seja, a comparação objetiva entre os alunos, “quem é melhor que o outro”;
seleção dos que tem mais capacidade motora, individualismo, entre outros. Fatores
esses que normatizam e padronizam cada vez mais o movimento pelo esporte, e
impede assim que um horizonte de outras possibilidades práticas de movimentos
possam ser realizadas.
Em relação à ciência para o esporte para o rendimento.
O autor diz que dessa forma acarreta uma carga de trabalho de 8h diárias,
[...] “naturalmente, também, a própria saúde física e psíquica são atingidas num
treinamento especializado precoce” (KUNZ, 2004, p. 50).
Outra crítica ao treinamento esportivo precoce é a causa do problema de
ordem psíquica. Que seria a “derrota” em uma certa modalidade esportiva praticada
pelo atleta, ou seja, tanto esforço e sacrifício para no fim dar em nada. Isso acarreta
em desamino por parte da criança/atleta, que [...] “se sente excluído do mundo
esportivo” (KUNZ, 2004, p. 51).
Conclui o autor baseando-se nos aspectos positivos e negativos que o
treinamento esportivo precoce engloba, que, [...] “os que buscam mostrar com
veemência os aspectos positivos da prática desse esporte para crianças na verdade
concentram seus esforços mais no sentido de salvar o esporte do que a criança que
o pratica” (KUNZ, 2004, p. 54).
Kunz (2004, p. 61) ainda lança a questão em relação ao talento esportivo na
escola: [...] “é pedagogicamente correto, ou melhor, qual é a responsabilidade sócio-
cultural no encaminhamento de atletas (talentos encontrados na Educação Física
Escolar) para a prática do Esporte de Rendimento?”.
A escola não pode preparar os alunos para a função de se aperfeiçoar em
uma modalidade esportiva, ou seja, isso leva o aluno a um trabalho intenso que por
sua vez obriga o aluno a renunciar sua vida social normal. “O máximo que a
Educação Física pode fazer, é tematizar criticamente os problemas inerentes ao
esporte de alto rendimento, seus princípios e sua comercialização” (KUNZ, 2004, p.
71).
Na Educação Física Escolar não é só o desenvolvimento das ações do
esporte, deve-se propiciar e compreender criticamente as diferentes formas de
envolvimento com o esporte, ou seja, seus interesses e seus problemas
sociopolíticos, isso de forma teórica. E na prática desenvolver somente aquilo que é
relevante, observando assim o sujeito, o mundo do movimento esportivo, as
diferentes modalidades esportivas e o sentido/significado dos esportes.
Voltando para a tematização do esporte nas aulas de Educação Física nas
escolas, e esse quando é ensinado como cópia irrefletida do esporte de competição
e de rendimento, Kunz (2004, p. 125) diz que [...] “só pode fomentar vivências de
sucesso para a minoria e o fracasso ou a vivência de insucesso para a maioria”, diz
também ser uma “irresponsabilidade pedagógica por parte de um profissional
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formado para ser professor”. Que pedagogia de ensino é essa que visa seguir os
princípios básicos da “sobrepujança” e das “comparações objetivas” que o esporte
de rendimento segue?
A transformação didático-pedagógica do esporte se dá inicialmente pela
identificação do significado de um determinado movimento de cada modalidade
esportiva. Se trabalharmos apenas o movimento executado, não estaríamos
trabalhando a modalidade, e sim o se-movimentar do individuo, mas mesmo assim
estaríamos envolvendo uma metodologia de ensino adequada ao desenvolvimento
do/s aluno/s.
Deve-se ensinar o esporte para o aluno de forma atrativa, ou seja, para que
o aluno inclua a sua efetivação no decorrer de sua vida. Nesse enfoque, pode-se
perceber que Kunz (2004) acredita que o principal objetivo do esporte na escola é
que todos tenham condições de vivenciarem e entrarem no mundo esportivo, de
forma integral, ou seja, praticando-o, criticando-o, recriando-o, transformando-o e
outros. Enfim, fazendo que o esporte faça parte de sua vida. Essa seria a
transformação didático-pedagógico do esporte para a sua tematização escolar [...]
em vez de copiar as possibilidades preestabelecidas do movimento nos esportes,
professores e alunos são desafiados a transformar didático-pedagogicamente o
esporte” (KUNZ, 2004, p. 129).
Como exemplo da transformação didático-pedagógica do esporte, Kunz
(2004, p. 129) diz:
O que torna o esporte tão atrativo e que deve permanecer em seu ensino é
que [...] “todos os alunos, independente de cada um, terão possibilidades de
atualizar experiências em movimentos esportivos que somente um “expert”
consegue realizar” (TREBELS, 1989, apud, KUNZ, 2004, p. 128). E isso se
consegue com os arranjos matérias, que auxiliam muito na pratica esportiva.
Kunz (2004, p, 36), diz que ao invés de tratar o esporte direcionando para o
“simples desenvolvimento de habilidades e técnicas do esporte, numa concepção
crítico-emancipatória, deverão ser incluídos conteúdos de caráter teórico prático”.
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Com certeza a teoria se relaciona com a prática de forma geral, ou seja, trabalha o
fenômeno esportivo de uma forma que permita aos alunos melhor organizarem a sua
vivência e capacidade de conhecer, estudar e entender as modalidades esportivas,
movimentos e jogos de acordo com suas possibilidades e necessidades.
Nesse mesmo enfoque, Kunz (2004) traz uma adaptação das possibilidades
metodológicas de ensino, voltadas para o trabalho produtivo de treinar habilidades e
técnicas:
Kunz (2004), diz ser muito importante observação da linguagem nas aulas
de Educação Física, tanto a linguagem do movimento (expressão corporal), quanto à
linguagem comunicativa verbal. “O uso da linguagem no processo de ensino deve
ser orientada para que o aluno aprenda a passar do nível de “fala comum”, para o
nível do discurso” (KUNZ, 2004, p. 42).
E no discurso “[...] devem ser partilhadas as chances de participação nas
ações de fala, onde todos têm as mesmas chances de expressar suas ideias, suas
intenções e seus sentimentos” (HABERMAS, apud, KUNZ, 2004, p. 42).
Quando Kunz (2004) aborda a competência comunicativa, diz que através
da linguagem o aluno vai entender, interpretar e criticar o fenômeno esportivo, que
se insere na sociedade de maneira aberta à possibilidades de inserção do individuo
no meio social.
Em uma concepção de problematização de ensino voltado para a Educação
Física escolar, Kunz (2004, p. 74) destaca quais aspectos devem ser observados:
Em seguida, Assis (2001) cita Bracht (1997b) que diz, o que leva o esporte
como conteúdo central da Educação Física escolar, ou seja, da cultura corporal
tratada na escola, é a forte ligação da educação e saúde. Porém, [...] “esse discurso,
já bastante criticado, não é prioritário no atual momento, graças principalmente, à
importância econômica do esporte de alto rendimento” (ASSIS, 2001, p. 115).
Já no conhecimento tático
[...] Deve ser desmitificada a ideia de que são as regras que definem o jogo
por si só. O significado central do jogo não é explicado pelas regras, embora
esteja contido nelas. O significado é, ao mesmo tempo, algo mais simples e
mais amplo. As regras isto sim, dirigem, regulam e modelam o andamento
do jogo. E quando se quer modificar o andamento do jogo, a sua direção,
regulação e modelagem, alteram-se as regras. Não esquecendo, porém,
que, mesmo trabalhando com regras alteradas, as regras oficiais das
modalidades também precisam ser conhecidas pelos alunos, podendo,
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Completa Assis (2001) com a análise dessas três dimensões (da técnica, da
tática e das regras), que todas devem ser interligadas, para que o aluno busque a
compreensão e entenda o que cada uma exige na prática do jogo, ou seja, “uma
técnica permite uma tática que, por sua vez, é facilitada ou dificultada por uma regra
etc.” (ASSIS, 2001, p. 127).
Assis (2001, p. 149) em sua tese levanta possíveis documentos que
abordam “um programa de trabalho com o tema gerador “ecologia (harmonia)”,
dividido em quatro unidades, cada um com um tema, um “tema integrador”,
conteúdos e atividades, conforme o esquema abaixo”:
Assis (2001) deixa claro como a competição exerce sua função na formação
social do aluno crítico.
[...] Esse documento foi concebido para funcionar como um guia de estudos
e não como um manual de instruções, portanto, não é o fim da linha, e sim o
ponto de partida de uma série de discussões sobre o que deve ser ensinado
em Educação Física na escola [...] não foi pensado como um currículo
“padrão” a ser desenvolvido em toda a rede pública estadual de ensino. [...]
o Referencial Curricular é uma referencia para auxiliar na articulação entre
os planos de estudos da disciplina e os projetos escolares específicos, por
isso, precisa estar articulado à realidade local.
Nas análises feitas das obras de Kunz (2004) e Assis (2001), esta
claramente “visível” a relação de conceito de esporte para ambos os autores. Porém,
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O que não pode ficar de “fora” é os exemplos que Kunz (2004) relaciona em
sua obra de “situações de ensino”. Onde sua forma de tematização/execução serve
de exemplo para a reflexão da área, também como incentivo para nos desfiarmos
em criar possibilidades e propostas de ensino da Educação Física.
O ensino do conteúdo esporte relacionado pelas obras de Kunz (2004),
Assis (2001) e o Referencial Curricular Lições do Rio Grande (2009), estabelecem
possibilidades de ensino que são relevantes para a Educação Física escolar. Na
concepção crítico-emancipatória, os conteúdos de esportes desenvolvem uma certa
liberdade no aluno, ou seja, ele se sente capaz de vivenciar ou executar as
habilidades motoras. E isso, tanto nos saberes corporais como nos saberes
conceituais está abordado essa abordagem com conteúdos de caráter teórico-
prático.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRACHT, V. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. 2. ed. Ijuí: Ed. UNIJUÍ,
2003.
GAYA, A. Sobre o esporte para crianças e jovens. In: Rev. Movimento, Porto
Alegre, ano 7, v. 6, n. 13, p. I-XIV, 2000. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/-
Movimento/article/download/2504/1148/view/11787/6985>.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.