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RESUMO: TELEVISÃO E FORMAÇÃO

Atualmente vem crescendo o espaço da televisão nas discussões relacionadas à


formação de adultos. Durante anos se considerou que a televisão prejudicou as Escolas
Superiores de Educação Popular, pois os alunos se afastavam cada vem mais da escola e
se aproximavam deste novo meio de comunicação de massas.

No decorrer dos últimos dois anos tentou-se sair dessa situação conflitiva, procurando-
se tematizar a televisão, sobretudo em sua relação com a formação de adultos.
Naturalmente a isto envolve todo um conjunto de questões e inter-relações pedagógicas,
metodológicas e até mesmo epistemológicas.

Assim, foi debatido a fundo a questão da televisão e da formação. Tal ordem de


problemas não pode ser abordada e explicada exclusivamente pela perspectiva prática.
Por isto teve a colaboração do professor Theodor Adorno, filósofo e sociólogo de
Frankfurt, para participar nesta discussão com o professor Becker.

Os conhecimentos do professor Adorno em relação à televisão provêm de um estudo


analítico meticuloso deste veículo nos Estados Unidos, onde procurou investigar os
programas de televisão e seu público. Os dois enfoques, o ponto de vista prático e o
prisma do observador analítico, permitiram proporcionar a este debate boas perspectivas
de discussão e de orientação.

Após o debate Adorno conclui que:

“O veículo técnico da televisão é novo. Mas os atuais


conteúdos, procedimentos e tudo o que se relaciona aos mesmos ainda
são mais ou menos tradicionais. Pelo prisma do veículo de
comunicação de massa a tarefa que se coloca seria encontrar
conteúdos e produzir programas apropriados em seu conteúdo para
este veículo, e não impostos ao mesmo a partir de seu exterior. Esta
talvez seja a grande contribuição de nosso debate: tudo o que
elaboramos positivamente — o significado do elemento informativo e
documentário, a importância da montagem e do distanciamento frente
ao realismo, a importância de uma interação entre pesquisa e
produção, o rompimento de toda a esfera íntima da escola e por fim a
interação entre programas especiais e programação geral —, que são
inovações que parecem estar em conformidade com a configuração
social e tecnológica específica deste veículo de comunicação de
massa, e que todos parecem se opor a tentativas de copiar ou divulgar
em sua forma ou em seu conteúdo quaisquer bens culturais
tradicionais por meio da televisão. Nestes termos apresentaria uma
espécie de cânone ou linha de orientação para o que deveria ser o
rumo da televisão, para que ela represente um avanço e não um
retrocesso do conceito de formação cultural.”
RESUMO: EDUCAÇÃO PRA QUÊ?

O problema levantando nesse diálogo é: "Formação — para que?" ou "Educação —


para que?", a intenção de Adorno foi discutir para onde a educação deve conduzir,
tomando a questão do objetivo educacional em um sentido muito fundamental, ou seja,
que uma tal discussão geral acerca do objetivo da educação tivesse preponderância
frente a discussão dos diversos campos e veículos da educação.

Becker aponta que ao que tudo indica, estamos vivendo num tempo onde o “para que”
já não é mais evidente.
(...) ”Eu diria que atualmente a educação tem muito mais a
declarar acerca do comportamento no mundo do que intermediar para
nos alguns modelos ideais preestabelecidos. Pois se não fosse por
outro motivo, a simples e acelerada mudança da situação social
bastaria para exigir dos indivíduos qualidades que podem ser
designadas como capacitação a flexibilidade, ao comportamento
emancipado e critico.”

Adoro reintera o comentário de Becker, defendendo que:

“E bastante conhecida a minha concordância com a critica ao


conceito de modelo ideal (Leiibila). Esta expressão se encaixa com
bastante precisão na esfera do jargão da autenticidade (Jargon der
Eigentlichkeit) que procurei atacar em seus fundamentos. Em relação
a esta questão, gostaria apenas de atentar a um momento especifico no
conceito de modelo ideal, o da heteronomia, o momento autoritário, o
que e imposto a partir do exterior. Nele existe algo de usurpatório. E
de se perguntar de onde alguém se considera no direito de decidir a
respeito da orientação da educação dos outros. As condições —
provenientes do mesmo plano de linguagem e de pensamento ou de
não -pensamento — em geral também correspondem a este modo de
pensar. Encontram-se em contradição com a ideia de um homem
autônomo, emancipado, conforme a formulação definitiva de Kant na
exigência de que os homens tenham que se libertar de sua
autoinculpavel menoridade.
A seguir, e assumindo o risco, gostaria de apresentar a minha
concepção inicial de educação. Evidentemente não a assim chamada
modelagem de pessoas, porque não temos o direito de modelar
pessoas a partir do seu exterior; mas também não a mera transmissão
de conhecimentos, cuja característica de coisa morta já foi mais do
que destacada, mas a produção de uma consciência verdadeira. Isto
seria inclusive da maior importância política; sua ideia, se e permitido
dizer assim, e uma exigência política. Isto e: uma democracia com o
dever de não apenas funcionar, mas operar conforme seu
conceito,demanda pessoas emancipadas. Uma democracia efetiva só
pode ser imaginada enquanto uma sociedade de quem é emancipado.
Numa democracia, quem defende ideais contrários a
emancipação, e, portanto, contrários abscisão consciente independente
de cada pessoa em particular, é um antidemocrata, ate mesmo se as
ideias que correspondem a seus desígnios são difundidas no plano
formal da democracia. As tendências de apresentação de ideais
exteriores que não se originam a partir da própria consciência
emancipada, ou melhor, que se legitimam frente a essa consciência,
permanece sendo coletivistas reacionárias.Elas apontam para uma
esfera a que deveríamos nos opor não só exteriormente pela política,
mas também em outros planos muito mais profundos.”
Diante desse trecho do diálogo podemos perceber que o autor preocupou-se com esta
discussão traçando reflexões acerca das possibilidades e entraves dos processos
formativos na sociedade capitalista, enunciando a semiformação e a racionalidade e
alertando a necessidade de uma educação que possibilite uma racionalidade
emancipatoria, traçando uma discussão política sobre os rumos da educação.

RESUMO: A EDUCAÇÃO CONTRA A BARBÁRIE

Adorno aponta a barbárie relacionando-a com o contexto histórico vivido pela


Alemanha no século XX, que é para ele a mais horrível explosão de barbárie de todos os
Tempos. No entanto, ele afirma que este fato está presente em todo o mundo. Para ele, o
desafio da educação é a desbarbarização, e é com a educação que se pode transformar
algo de decisivo em relação à barbárie.

“A tese que gostaria de discutir e a de que desbarbarizar


tornou-se a questão mais urgente da educação hoje em dia. O
problema que se impõe nesta medida e saber se por meio da educação
pode-se transformar algo de decisivo em relação a barbárie. Entendo
por barbárie algo muito simples, ou seja, que, estando na civilização
do mais alto desenvolvimento tecnológico, as pessoas se encontrem
atrasadas de um modo peculiarmente disforme em relação a sua
própria civilização — e não apenas por não terem em sua arrasadora
maioria experimentado a formação nos termos correspondentes ao
conceito de civilização, mas também por se encontrarem tomadas por
uma agressividade primitiva, um ódio primitivo ou, na terminologia
culta, um impulso de
destruição, que contribui para aumentar ainda mais o perigo de que
toda esta civilização venha a explodir, alias uma tendência imanente
que a caracteriza. Considero tão urgente impedir isto que eu
reordenaria todos os outros objetivos educacionais por esta
prioridade.”( ADORNO)

Adorno defende que a barbárie não é uma concepção que se mostra às pessoas pela sua
clareza, mas algo realizado em um conjunto de imposições, compromissos e valores
dogmaticamente impostos. Quando as pessoas se dão conta do conceito de barbárie, elas
tendem a se julgar fora dela. E quando queremos verificar se a educação pode interferir
neste fenômeno, faz-se necessário caracterizar com mais precisão este conceito e de
onde ele surge, levando em consideração o indivíduo. Por isso, para combatê-la por
meio da educação, deve-se pensar em seus fatores psicológicos. Adorno considera que
não é somente através dos jogos psicológicos que se combate a barbárie, mas também
através dos objetos que se encontram nos próprios sistemas sociais.

Para o autor é necessário o rompimento com a tradição filosófica que considera o


conhecimento como apreensão do objeto por parte do sujeito... Implica em romper com
a visão tecnicista e positivista que estabelece hierarquias no conhecimento e privilegia a
Competição e o mérito. Pois só assim impossibilita que a barbárie de repita. É preciso
uma mudança de paradigma filosófico, político e econômico.

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