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Universidade Estácio de Sá

Princípios Fundamentais do Direito Penal


Princípios constitucionais e infraconstitucionais

Professor: Jorge Viana Dória

1. Princípio da dignidade da pessoa humana

Dentre os princípios penais, esse é o mais importante e constitui um dos


fundamentos da República Federativa do Brasil (CRFB, art. 1º, III), ele se reflete em
todos os ramos do direito, mas pode-se dizer que de um modo especial está
atrelado ao direito penal. Caso a Constituição não tivesse posto como cláusulas
pétreas os direitos fundamentais do ser humano, quando ocorresse um evento que
proporcionasse grande comoção social, o risco de produzirem leis que fossem
contra a dignidade da pessoa humana como uma forma de conseguir vingança e,
não justiça seria muito grande. E, é devido a isso que o princípio da dignidade
pessoa humana está atrelado de forma mais profunda no direito penal.

Logo, esse princípio proíbe a incriminação de comportamentos que não provoquem


dano efetivo ou lesem a sociedade (ex.: incriminar o ato se manifestar
publicamente). Ou seja, ele impede que a aplicação das normas penais ocorra de
maneira equivocada.

2. Princípio da legalidade

O princípio da legalidade é uma das bases do ordenamento jurídico brasileiro, e


todas as normas devem respeitar esta noção da nulidade de punição no caso de
inexistência de regra prévia.

Exemplo: Não estava previsto em lei que fazer grafite no muro de particulares é
crime, e nem possui punição para tal. Um indivíduo pratica tal ato em um dia. No
outro, uma lei é instaurada estabelecendo pena de até 05 anos para quem vandalize
o muro alheio. O indivíduo não pode ser condenado pelo que fez no dia anterior,
apenas pelo que possa vir a fazer depois de publicada a lei.

3. Princípio da anterioridade da lei penal

1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Esse princípio impede a condenação por analogia ou considerações de


conveniência social. Sendo assim, é necessária elaboração de uma lei formal para a
tipificação das condutas consideradas crime e combinação de sanções penais
respectivas. Cabe observar que a lei somente poderá ser usada para qualificação
dos crimes sobre os atos praticados depois de sua publicação, o que se da também
com a cominação das penas.

4. Princípio do ne bis in idem

O princípio do Ne Bis in Idem encontra-se diretamente ligado à limitação do poder


punitivo do Estado, fazendo com que ninguém possa ser condenado pelo mesmo
crime mais de uma vez.

- Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime;
- Material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo
fato;
- Execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações
relacionadas ao mesmo fato.

5. Princípio da insignificância ou da bagatela

Foi desenvolvido por Claus Roxin. Para o autor, a finalidade do Direito Penal
consiste na proteção subsidiária de bens jurídicos. Logo, comportamentos que
produzam lesões insignificantes aos objetos jurídicos tutelados pela norma penal
devem ser considerados penalmente irrelevantes (minimis non curat praetor - o
pretor não cuida de coisas pequenas). A aplicação do princípio produz fatos
penalmente atípicos, ou seja, fatos não tem previsão legal no Código, não há
descrição. Não podendo ser considerado crime e, portanto, não é punível.

Na atualidade, a aceitação deste princípio é praticamente unânime. A divergência


consiste na hora de aplicar ao caso concreto, interpretar se a lesão ao bem jurídico
foi relevante (e, portanto, penalmente aceitável) ou insignificante (logo, atípica).
Devido a isso Supremo Tribunal Federal (STF) vem adotando critérios ajustados
para a verificação, em cada caso, sobre a possibilidade de aplicar o princípio. São
eles:

(I) A mínima ofensividade da conduta do agente;


(II) A nenhuma periculosidade social da ação;
(III) O reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
(IV) A inexpressividade da lesão jurídica provocada (HC 84.412/SP).

O STF, ainda, tem travado interessante discussão sobre a aplicação do princípio ao


crime de porte de droga para consumo pessoal.

6. Princípio da alteridade ou da transcendentalidade

Também desenvolvido por Claus Roxin esse princípio proíbe a incriminação de


comportamentos subjetivos, internos. Pois, tais comportamentos não ferem os bens
jurídicos alheios, somente os próprios. Ações consideradas pecaminosas ou imorais
não apresentam a necessária lesividade que defende a intervenção do direito penal.

Por conta desse princípio, não se pune a autolesão, salvo quando se projeta a
prejudicar terceiros, como no art. 171, § 2º, V, do CP (autolesão para fraudar
seguro); a tentativa de suicídio (nosso CP somente pune a participação no suicídio
alheio — art. 122); o uso pretérito de droga (o porte é punido porque, enquanto o
agente detém a droga, coloca em risco a incolumidade pública).
7. Princípio da ofensividade

Ele pode ser definido como uma "exigência" para que apenas fatos ofensivos (que
venham a causar injuria, lesão, ou seja, de maneira concreta considerado perigoso)
a bens jurídicos relevantes ele poderá vir a ser considerado crime ou sofrer uma
futura sanção.

Porém apesar de ele possuir uma notável importância o Princípio da Ofensividade,


ainda não se encontra com uma previsão expressa no ordenamento jurídico
brasileiro apesar de se acreditar que sua doutrina já se encontra explicita na
Constituição Federal. Tendo em vista que o Princípio da Ofensividade juntamente
com outros princípios tem o intuito de impor um limite ao direito de punir concedido
pelos cidadãos ao Estado, para que desta forma impeça que este mesmo venha a
exercer de maneira arbitrária e contrária ao interesse público.

8. Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos (ou


princípio do fato)

Esse princípio existe para que o direito penal não possa tutelar valores meramente
morais, religiosos, ideológicos ou éticos, mas somente atos atentatórios a bens
jurídicos fundamentais e reconhecidos na Constituição Federal, ou seja, apenas os
bens jurídicos realmente vitais para a vida em sociedade, elencados na Constituição,
podem ser resguardados pela intervenção penal.

Para Teles (2004 p. 46) “são bens jurídicos a vida, a liberdade a propriedade, o
casamento, a família, a honra, a saúde, enfim, todos os valores importantes para a
sociedade” e ainda “bens jurídicos são valores éticos sociais que o Direito seleciona,
com o objetivo de assegurar a paz social, e coloca sob a sua proteção para que não
sejam expostos a perigo de ataque ou a lesões efetivas.”(TOLEDO, 1994, p. 16).

9. Princípio da intervenção mínima

O Direito Penal só deve preocupar-se com a proteção dos bens mais importantes e
necessários à vida em sociedade. Em suma, diz que o Direito penal deve intervir na
esfera de direitos da pessoa somente quando for estritamente necessário. Logo, A
intervenção penal é legítima apenas quando a criminalização de uma conduta
constitui meio indispensável para proteção de determinado bem ou interesse.

10. Princípio da fragmentariedade

O caráter fragmentário do Direito Penal significa, em síntese, que, uma vez


escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada a lesividade e a inadequação
das condutas que os ofendem, esses bens passarão a fazer parte de uma pequena
parcela que é protegida pelo Direito Penal, originando-se, assim, a sua natureza
fragmentária.
O ordenamento jurídico se preocupa com um a infinidade de bens e interesses
particulares e coletivos. Como ramos desse ordenamento jurídico temos o
Direito Penal, o Direito Civil, o Direito Administrativo, o Direito Tributário etc.
Contudo, nesse ordenamento jurídico, ao Direito Penal cabe a menor parcela no que
diz respeito à proteção desses bens. Ressalte-se, portanto, sua natureza
fragmentária, isto é, nem tudo lhe interessa, mas tão somente uma pequena
parte, uma limitada parcela de bens que estão sob a sua proteção, mas que, sem
dúvida, pelo menos em tese, são os mais importantes e necessários ao convívio
em sociedade.

11. Princípio da adequação social

O Principio da adequação social prescreve que não é possível considerar criminosa


uma conduta que se encontra tolerada pela sociedade, ainda que esta se encontre
pressupostamente em um tipo penal, deste de que está vontade não venha a ferir a
Constituição Federal.

Exemplo: Apesar de se encontrar em âmbito penal a venda informal de produtos não


licenciados tais quais DVDs e CDs falsificados e apesar de serem reprimidas pela
legislação por uma adequação da sociedade e permissão para tal atividade não há
um real combate contra tais atos de venda.

Conduto em situações tais qual a pena de morte onde uma grande parte da
população permitiria e se adequaria a tal medida ela ainda se encontra proibida e
não é permitida com e continua punível já que tal pena se encontra proibida pela
Constituição Federal, salvo em casos de uma guerra externa.

12. Princípio da humanidade

O Principio da Humanidade é o principio que se adequa no conjunto denominado


"Limitações Constitucionais ao Poder de Punir". Estas são preposições que se
referem ao que se deveria ocorrer em um Estado Democrático de Direito porem que
nem sempre ocorrem.

A dignidade da pessoa humana é algo fundamental da nação definido desta forma


pelo art. 1º da Constituição Federal e por meio disso proíbe o poder punitivo
estatal de vir a aplicar sanções que a atinjam ou lesionem a constituição física ou
psíquica de detentos. Desta forma o art. 5º da Constituição Federal prevê as
seguintes garantias: a proibição da pratica de tortura, a pena de morte, asseguração
aos detentos o respeito a sua integridade física e moral, entre outras.

13. Princípio da proporcionalidade

A proporcionalidade é uma máxima, um parâmetro valorativo que permite


aferir a idoneidade de uma dada medida legislativa, administrativa ou judicial. Pelos
critérios da proporcionalidade pode-se avaliar a adequação e a necessidade de certa
medida, bem como, se outras menos gravosas aos interesses sociais não poderiam
ser praticadas em substituição àquela empreendida pelo Poder Público.
Denota-se que o princípio da proporcionalidade (Direito Alemão), também
chamado de razoabilidade (Direito Estadunidense), serve de verdadeiro escudo para
evitar que as prioridades eleitas pela Constituição Federal sejam feridas ou até
mesmo esvaziadas, por ato legislativo, administrativo e/ou judicial que exceda os
limites e avance, sem permissão na seara dos direitos fundamentais.

14. Princípio da autorresponsabilidade ou das ações a


próprio risco

É o principio ao qual a pessoa é responsável pelos seus próprios atos para que
desta forma não exceda seus próprios limites, tendo isso em vista, isenta outros
membros de um grupo no qual determinado individuo que inflige a ação em si, pois
ele era o responsável pelos atos que ele veio a cometer.

15. Princípio da confiança

Baseia-se na expectativa de que outrem venha agir de modo já esperado, ou seja,


que uma pessoa aja de boa maneira e tenha boa conduta; boa fé.

Exemplo: O motorista que, conduzindo seu veículo pela preferencial, passa por um
cruzamento, confia que o outro automóvel, que se encontra na via secundária,
aguardará sua passagem.

16. Princípio do estado de inocência ou presunção de não


culpabilidade
É um principio jurídico que estabelece o estado de inocência como regra em
relação ao acusado da pratica de infração penal, ou seja, a pessoa so poderá ser
dita como culpa depois de uma sentença transitado em jugado, antes disso
presume-se a inocência da pessoa.

Exemplo: Uma pessoa que fora acusada de latrocínio só poderá ser dita culpada
depois de transito em julgado.

17. Princípio da culpabilidade

É um principio que afirma que ninguém pode ser punido se não tiver agido com dolo
ou culpa. A culpabilidade é diferente de crime culposo, esse princípio é um
pressuposto para a imposição da pena.

Alguns elementos positivos do conceito de culpabilidade: capacidade de


culpabilidade, consciência da ilicitude e exigibilidade da conduta. A ausência de
qualquer desses elementos é suficiente para impedir a aplicação de uma sanção
penal.

Características da culpabilidade

Imputabilidade: a capacidade de o agente ser penalmente responsabilizado.


Exigibilidade de conduta diversa: se era possível exigir nas circunstancias,
conduta diferente a que esse agente teve.
Potencial consciência da ilicitude: se estava em condições de compreender o
caráter ilícito de sua conduta.

Não haverá culpa:


Imputabilidade: incapacidade absoluta
Potencial consciência da ilicitude: se ao agente falta discernimento ético para
entender o caráter ilícito do fato.
Exigibilidade de conduta diversa: “devem ser situações em que não se possa
juridicamente exigir do autor a realização de uma conduta menos lesiva”.

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