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B o l e t i m t é c n i c o d a P r o d u ç ã o d e Pe t r ó l e o, R i o d e Ja n e i r o - v o l u m e 2 , n º 2 , p.

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 Umberto Sansoni Junior  Paulo Dore Fernandes  Fábio de Assis Ressel Pereira  Marcus Vinicius Filgueiras Reis

Estudo do acoplamento poço-reservatório: uso de


ferramentas de CFD para análise do escoamento
no entorno do poço /Study of oil well-reservoir coupling:
the use of CFD tools for analysis of near well flow

resumo
PALAVRAS-CHAVE: Neste trabalho são apresentados estudos de casos de poços horizontais
usando a técnica da fluidodinâmica computacional, visando a predição da
 acoplamento poço-reservatório vazão de produção e a distribuição de fluxo ao longo de poços horizontais.
 fluidodinâmica computacional O modelo tridimensional foi montado envolvendo a geometria do poço e
o seu raio de influência sobre o reservatório. O modelo proposto resolve
a equação de Darcy para o meio poroso juntamente com as equações de
Navier-Stokes para a região do poço. Esta metodologia permitiu aos en-
genheiros de poços estimarem, em cenários específicos, a configuração
otimizada para um poço horizontal. Os campos de escoamento estimados

abstract
KEYWORDS: The aim of this work is to present case studies involving horizontal well
simulations using computational fluid dynamics technique. The objective of
 oil well-reservoir coupling this analysis was to predict the total flow rate and flow distribution along
 computational fluid dynamics horizontal wells. The three-dimensional CFD (computational fluid dynamics)
model was built to reflect the well geometry and its influence radius over
the reservoir. The proposed model solves the Darcy equation for the porous
medium coupled to the Navier-Stokes equation for the well region. This
methodology makes it possible for well engineers to determine, for a spe-
cific scenario, the optimum configuration for a horizontal well design. The
predicted flow fields obtained from the CFD simulations were in agreement
not only with results found in the literature, that were applied to validate
the model, but also with production data from some Petrobras oilfields.
Using this CFD tool it was possible to identify situations where the infinite
conductivity approach is valid, such as Jubarte oilfield, and the cases where
this assumption implies large deviations, such as Marlim oilfield.

(Expanded abstract available at the end of the paper).

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 Estudo do acoplamento poço-reservatório: uso de ferramentas de CFD para análise ... – Sansoni Junior et al .

pelas simulações de CFD (computational fluid dyna- guns destes são poços horizontais. Isto se deve a recen-
mics) concordam não só com dados da literatura, que tes avanços e inovações nas técnicas de perfuração, que
serviram de validação do modelo, mas também com in- permitiram que o uso de poços horizontais encontrasse
formações de produção de alguns campos petrolíferos uma nova e ampla faixa de campos para a explotação
da Petrobras. Com o uso desta ferramenta foi possível de petróleo. Aplicações estas que se mostraram econo-
identificar situações nas quais a hipótese da conduti- micamente vantajosas, não somente pelo incremento
vidade infinita é válida, como no campo de Jubarte, e nas taxas de produção, mas também pela possibilidade
os casos onde esta consideração implica em grandes de se explorar reservatórios delgados, fraturas naturais,
desvios, como no campo de Marlim. formações com baixas permeabilidades, alta anisotro-
pia e, em alguns casos, poços com produção de areia
(Vicente, 2000).
introdução A discretização do domínio no universo dos simula-
dores comerciais de reservatórios comumente emprega
a fluidodinâmica computacional elementos cujas dimensões podem atingir centenas de
metros. Este tipo de abordagem envolve todo o reser-
Os aspectos físicos de qualquer escoamento de vatório e a otimização do posicionamento de diversos
fluido com troca de calor são governados por leis de poços buscando maximizar o volume a ser produzido.
conservação, como a lei da conservação da massa, da Devido a este tipo de abordagem, é usual a desconsi-
quantidade de movimento e da energia. Estas leis po- deração de efeitos geométricos de cada poço na dre-
dem ser expressas em termos de equações matemáticas nagem da formação, muitas das vezes empregando
que, em sua maioria, são equações diferenciais parciais. hipóteses simplificadoras para estimar os efeitos flui-
A fluidodinâmica computacional (CFD – computational dodinâmicos dos poços sobre o reservatório. A figura
fluid dynamics) é a técnica que busca por meio da si- 1 apresenta um exemplo de formação petrolífera hipo-
mulação numérica resolver estas equações. Com os tética, destacando o detalhe da distribuição de pressão
resultados é possível predizer, por exemplo, o compor- ao longo de sua extensão, com a presença de poços
tamento físico de um escoamento de fluido com troca produtores e poços injetores.
térmica no tempo e no espaço. Freqüentemente, encontra-se tanto em Zerzar et
Com o atual avanço dos recursos computacionais, al. (2004), Jelmert (1991), quanto em simuladores de
em termos da velocidade de processamento e de me- reservatórios, a clássica consideração de condutivida-
mória disponível, tem-se observado um crescente uso de infinita. Quando aplicada aos casos de poços ho-
da fluidodinâmica computacional como ferramenta de rizontais, esta hipótese assume que a perda de carga
engenharia. Este braço da fluidodinâmica clássica vem no poço pode ser desprezada quando comparada ao
complementando trabalhos experimentais e teóricos, diferencial de pressão no reservatório (Kuchuk et al.
fornecendo alternativas economicamente interessantes 1991). Esta hipótese embora traga economia em ter-
e oferecendo informações úteis em condições onde a mos computacionais, pois evita a discretização deta-
realização de testes experimentais é complexa. Da mes- lhada do poço, incorrerá em desvios na estimativa dos
ma forma, o CFD tem sido bastante usado para avaliar valores de produção e, principalmente, na distribuição
novos projetos, antes mesmo que avaliações ou monta- de fluxo.
gens sejam realizadas. Outra situação usualmente encontrada é a conside-
ração do índice de produtividade (razão entre valores
acoplamento em poços horizontais de pressão e vazão) como sendo uniforme ao longo do
poço. No entanto, em diversos cenários, observa-se a li-
A simulação numérica de reservatórios de petróleo mitação desta hipótese, principalmente nos casos onde
busca a otimização de produção pelo posicionamento há necessidade de se considerar a distribuição de fluxo
de diversos poços produtores e injetores, sendo que al- próximo às extremidades do poço.

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Figura 1 – Distribuição de pressão em uma formação petrolífera.

Figure 1 – Pressure distribution in oil formation.

Autores como Ozkan et al. (1999) reportam que ração da condutividade infinita ou do uso do conceito
a idealização da condutividade infinita pode ser apli- do índice de produtividade constante. Este fenômeno,
cada restritamente a sistemas de baixa produção. Em em médio prazo, pode trazer aspectos adversos à
tais sistemas, o gradiente da pressão de escoamento exploração de petróleo em poços horizontais, princi-
pelo poço é desprezível em relação à perda de carga no palmente quando há formação de cone d’água. Efeito
reservatório (drawdown). Descrevem ainda casos onde este que culmina na sobrecarga das etapas de sepa-
os reservatórios tiveram seus valores de produção e de ração em superfície, podendo chegar ao ponto crítico
distribuição de fluxo fortemente influenciados pela pre- de inviabilizar o poço sem atingir a meta projetada de
sença de poços horizontais com queda de pressão na recuperação.
mesma magnitude do drawdown. Neste trabalho, o foco não é o estudo da formação
Na mesma linha de pesquisa, Dickstein et al. (1997) como um todo. A proposta se baseia na investigação
apresentam resultados como a ausência de simetria na de um modelo que simule o acoplamento entre um
distribuição de fluxo ao longo de poços horizontais, si- poço horizontal e a região de seu raio de influência
tuações que uma quantidade significativa de fluido es- sobre o reservatório (raio de drenagem), com o obje-
coava preferencialmente próximo ao downstream. Este tivo de apresentar e discutir resultados influenciados
efeito causaria um breakthrough de água ou gás mais pelas hipóteses de condutividade mencionadas ante-
precoce do que as previsões feitas usando a conside- riormente.

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 Estudo do acoplamento poço-reservatório: uso de ferramentas de CFD para análise ... – Sansoni Junior et al .

metodologia
Para realizar o presente estudo, foi utilizado o
software ANSYS CFX, que emprega a técnica de vo-
lumes finitos baseado em elementos. Ele possui um
solver acoplado para a solução iterativa de sistemas
de equações, empregando, desta forma, a fluidodinâ-
mica computacional para a predição do escoamento
na região próxima ao poço, acoplado ao escoamento
em seu interior. A praticidade de se usar códigos co-
merciais de CFD trouxe a vantagem da implementa-
ção imediata, eliminando o tempo de programação Figura 2 – Detalhes da geometria do sistema.
e de preparação do modelo, empregando o tempo
do usuário efetivamente na análise do fenômeno em Figure 2 – System geometry details.
estudo.
Uma contribuição deste estudo é a simulação em Neste trabalho, malhas estruturadas hexaédricas fo-
três dimensões tanto do interior do poço quanto da ram utilizadas em função da facilidade de se realizar
sua área de influência no reservatório. O modelo foi refinamentos em regiões próximas ao poço. O tama-
criado de forma a prever o escoamento na interface nho da malha pôde variar sobre uma ampla faixa de
entre os dois domínios (poço e reservatório). Desta- nós ou elementos, dependendo das dimensões carac-
ca-se, também, a estratégia empregada para a simu- terísticas do poço e da formação, sendo influenciado
lação de dois domínios com características bastante principalmente pelo comprimento do poço e pelo raio
distintas. de drenagem. A amplitude pôde variar na faixa de um
a oito milhões de nós para representar todo o domínio.
geometria, malha e condições de A figura 3 ilustra, em vista interna, a estrutura de malha
contorno do poço junto aos planos de simetria.

A geometria do sistema é representada por um


paralelogramo que pode se associar às dimensões da
formação, como a espessura, o raio de drenagem e o
comprimento do poço.
Na busca pela otimização das condições para a si-
mulação do acoplamento poço-reservatório na maioria
das simulações, dois planos de simetria foram consi-
derados. Esta ação permitiu que o domínio simulado
consistisse na quarta parte da geometria total. A figura
2 ilustra a geometria considerada, juntamente com os
planos de simetria horizontal e vertical (destacados em
verde), além de uma linha de referência indicando 1/4
da região do poço. Observa-se também as regiões des-
tacadas em azul, que delimitam a região para prescrição Figura 3 – Detalhes da malha próximo ao poço.
de pressão estática do reservatório. Na parte superior
da geometria foi aplicada uma condição de contorno Figure 3 – Details of the near well mesh.
de parede impermeável.

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Destaca-se a discretização refinada aplicada ao sis- coamento laminar com baixas velocidades, o que lhe
tema, representando detalhadamente o acoplamento confere, em função de suas dimensões, um alto tem-
entre os domínios, apesar da diferença de dimensões. po de residência (ordem de meses). O poço, por sua
Usualmente, o diâmetro do poço encontra-se na ordem vez, é representado por um domínio fluido modelado
de centímetros, enquanto que sua extensão atinge cen- com base no equacionamento de Navier-Stokes, apre-
tenas de metros. sentando um regime de escoamento turbulento (neste
caso foi usado o modelo de turbulência SST – shear
característica do modelo e a stress transport) e com baixo tempo de residência (da
estratégia de simulação ordem de segundos).
Em função destas características, a simulação simul-
Devido ao caráter inicial e exploratório do uso desta tânea apresenta dificuldades quanto à convergência.
metodologia para a simulação deste tipo de problema, Como estratégia alternativa empregou-se uma metodo-
cabe ressaltar que neste trabalho foram adotadas al- logia na qual cada domínio era simulado individualmente
gumas hipóteses simplificadoras como, por exemplo, o de forma seqüencial, onde condições de contorno na
escoamento monofásico incompressível, o isotérmico e interface eram intercambiadas de acordo com o fluxo-
em regime estacionário. Estas simplificações tiveram o grama apresentado na figura 4. Esse processo era feito
objetivo de reduzir o esforço computacional e de facili- de forma iterativa até que se obtivesse uma solução
tar inicialmente o entendimento do processo de acopla- onde os fluxos no reservatório e no poço não apresen-
mento poço-reservatório. tassem variação significativa.
Outro aspecto relevante diz respeito aos dois do- Destaca-se que a rotina é composta por duas par-
mínios a serem estudados, já que estes apresentam tes: a primeira de inicialização e a segunda que con-
características bastante distintas. A porção do reser- siste em processo iterativo envolvendo simulações no
vatório é representada por um meio poroso, modela- poço e reservatório, onde o critério adotado para a
da pela lei de Darcy, utilizando propriedades médias interrupção do processo foi de 2% de desvio sobre
como a porosidade e as permeabilidades (horizontal o fluxo mássico no interior do poço. Isto é, quando
e vertical). Esse reservatório apresenta regime de es- a produção calculada para o poço apresentasse uma

Figura 4 – Fluxograma da
metodologia de acoplamento
poço-reservatório.

Figure 4 – Flow chart of the


oil well-reservoir coupling
methodology.

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diferença inferior a 2% sobre o valor determinado no pressão do escoamento no poço e de drawdown no


passo anterior. Com essa metodologia foi possível re- reservatório com a mesma ordem de grandeza. Desta
presentar diversos cenários. forma espera-se ressaltar a influência desta metodolo-
gia de acoplamento do poço ao escoamento de petró-
leo através do reservatório.
resultados das Os principais pontos para a validação da técnica,
considerando os efeitos do poço (condutividade finita)
simulações sobre o reservatório, foram as curvas de produção e de
distribuição de fluxo. As figuras 5 e 6 apresentam os
Os casos simulados neste estudo buscaram não só resultados obtidos, comparando com aqueles extraídos
validar o procedimento adotado para comparação com de Ozkan et al. (1999).
resultados obtidos da literatura (Ozkan et al. 1999), mas Observa-se a concordância entre os resultados
também prover uma avaliação do modelo frente às con- obtidos, confirmando assim a metodologia adotada
dições de produção média de alguns dos ativos da Petro- nas simulações para a solução acoplada entre poço
bras, como os casos dos campos de Jubarte e Marlim. e reservatório. Para destacar o efeito da fluidodinâ-
mica do poço sobre o escoamento na formação, foi
poço de Troll Field realizada uma outra simulação. Desta vez com ca-
ráter qualitativo, empregando agora a estratégia de
Como forma de validação da estratégia abordada nes- condutividade infinita. O objetivo é a comparação
te trabalho, uma revisão bibliográfica foi realizada com o entre as duas abordagens de condutividade: finita e
intuito de obter da literatura algumas informações repor- infinita. Para isso, adotou-se a mesma produção de
tadas por outros pesquisadores sobre a fluidodinâmica 30.000 bpd encontrada nos resultados de condutivi-
na região próxima ao poço. Pode-se destacar a proposta dade finita. Na figura 7 estão os resultados obtidos
de Ozkan et al. (1999) calcados nos dados do campo de com a produção. Na figura 8, os obtidos com a dis-
Troll Field/Norsk Hydro (Brekke e Lien, 1994). Os autores tribuição de fluxo.
reportam um modelo semi-analítico para a predição de Com produção idêntica para as duas abordagens,
perda de carga em poços horizontais. Numa segunda fica evidenciado o efeito da diferença destas hipóteses.
etapa, estendem o escopo do estudo para a otimização Uma distribuição de fluxo fortemente não uniforme
da extensão de poços horizontais. contribui para a melhor compreensão do efeito de apa-
A escolha deste trabalho baseia-se justamente na recimento do cone de água/gás nas regiões próximas
perspectiva de se afastar da clássica hipótese de con- ao downstream, mesmo considerando que, nas condi-
dutividade infinita. A combinação das propriedades do ções testadas, o fluxo próximo ao heel chega a ser 2,8
sistema (tabela 1), aponta para valores da queda de vezes maior do que o fluxo próximo ao toe.

Tabela 1 – Propriedades do campo de Troll.

Table 1 – Proprieties of Troll oilfield.

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Figura 5 – Curva de produção acumulada ao longo do Figura 7 – Curva de produção acumulada


poço (800 m e 6”). para as condutividades finita e infinita.

Figure 5 – Accumulated production curve through the oil Figure 7 – Accumulated production curve
well (800 m e 6”). for finite and infinite conductivities.

Figura 6 – Curva de distribuição de fluxo ao Figura 8 – Distribuição de fluxo para as


longo do poço (800 m e 6”). condutividades finita e infinita.

Figure 6 – Flow distribution curve through the Figure 8 – Flow distribution curve for
oil well (800 m e 6”). finite and infinite conductivities.

Mesmo na hipótese de condutividade infinita, com reportado por Saleh et al. (1996), Norris e Piper (1990)
uma distribuição de fluxo simétrica ao longo do poço, como sendo o fluxo resultante da presença do raio de
observa-se um ligeiro aumento no fluxo próximo as ex- drenagem. A figura 9 apresenta a confluência das li-
tremidades (heel e toe). Este efeito é justificado pela nhas de corrente nas extremidades do poço, ilustrando
presença do “fluxo esférico”, padrão de escoamento o fluxo esférico.

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Figura 9 – Linhas de corrente do


escoamento através do reservatório. Figura 10 – Curva de produção acumulada em
função do comprimento do poço.
Figure 9 – Reservoir streamlines.
Figura 10 – Accumulated production curve through
the oil well length.

Aproveitando o bom desempenho da técnica nu-


mérica, estendeu-se o estudo com o intuito de res-
saltar os efeitos da dimensão do poço na fluidodi-
nâmica do sistema. Novas simulações foram realiza-
das, mantendo-se, assim, as mesmas condições do
campo de Troll e testando três novos comprimentos:
200, 400 e 600 m. A figura 10 resume as curvas
de produção em função do comprimento do trecho
horizontal, comparando ao resultado do campo de
Troll (800 m).
Constata-se que o aumento da extensão do poço
contribui com a elevação da produção de forma não
linear. A partir de um dado comprimento de poço não
se observou variação significativa no ganho de produ-
ção, como o caso dos poços de 600 e 800 m, que têm a Figura 11 – Distribuição de fluxo em
mesma produção, mas com diferentes distribuições de função do comprimento do poço.
fluxo. A figura 11 apresenta, comparativamente, a dis-
tribuição de fluxo ao longo da extensão do poço para Figura 11 – Flow distribution curve
through the oil well length.
as quatro situações simuladas.
Observa-se que, em comprimentos reduzidos, há rela-
tivamente menor volume de produção e o fluxo encontra- perda no padrão de simetria de fluxo, principalmente com
se mais uniformemente distribuído, podendo ser compa- aumento do fluxo na região próxima ao heel.
rado ao padrão encontrado na hipótese de condutividade Este tipo de análise aponta uma característica re-
infinita. Na medida em que se aumenta a extensão do levante no dimensionamento de poços horizontais: o
poço, com a elevação do volume de produção, há uma conceito de que poços extensos produzem mais pode

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ser limitado para formações de alta permeabilidade e campo de Jubarte. A tabela 2 apresenta, resumidamen-
baixos drawdowns. Na mesma linha de raciocínio, po- te, as informações sobre a geometria do sistema e suas
ços extensos podem drenar a formação de maneira não principais propriedades físicas.
uniforme, criando condições favoráveis para o apare- Buscou-se trabalhar com dados de campos produto-
cimento prematuro do cone de água ou gás. Nestes res com o objetivo de comparar os resultados preditos
casos, recomenda-se uma análise mais aprofundada, pelas simulações com dados médios de produção do ati-
na qual os efeitos do escoamento no interior do poço vo, novamente buscando a validação do procedimento
sejam computados na análise do reservatório. numérico e das considerações envolvidas. Encontrou-
se, então, uma concordância satisfatória para os dados
estudo de caso do poço de Jubarte de produção, nos quais os valores médios de campo
apontam para 16.981 bpd, enquanto que a simulação
O objetivo agora foi implementar o modelo para numérica estimou em 15.068 bpd.
predizer o efeito do acoplamento poço-reservatório Em primeira análise, observa-se por meio da figura
aplicado a situações que possam representar as con- 12 o comportamento da pressão ao longo da extensão
dições de ativos da Petrobras. Dentre elas destaca-se o do poço. Destaca-se que o valor da perda de carga nes-

Tabela 2 – Propriedades do
campo de Jubarte.

Table 2 – Proprieties of Jubarte


oilfield.

Figura 12 – Perfil de pressão ao longo do poço de Jubarte.

Figure 12 – Jubarte oil well pressure drop profile.

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te poço encontra-se consideravelmente baixo quando Uma análise mais abrangente dos resultados pode
comparado ao drawdown. Observa-se, também, que destacar que apesar de uma considerável permeabilida-
neste caso há uma aproximação da hipótese de con- de, combinada a uma forte anisotropia e a parâmetros
dutividade infinita. Isto é, o diferencial de pressão entre como a viscosidade do óleo e o alto gradiente de pres-
o poço e o reservatório é quase o mesmo em qualquer são no reservatório, atinge-se uma produção diária de
ponto ao longo do comprimento do poço. 15.068 bpd. Contudo, este alto fluxo pelo poço não
Outro dado que colabora com baixa influência reflete numa alta perda de carga quando comparada
do poço sobre o reservatório é a distribuição do ao drawdown. Neste caso, a consideração de condu-
fluxo. A figura 13 apresenta o perfil de fluxo ao tividade infinita é satisfatória. Os resultados prelimina-
longo do poço, no qual se observa uma distribuição res permitem considerar, por hipótese (desconsideran-
simétrica. As extremidades contribuem com um do custos de perfuração), que os poços poderiam ter
maior aumento no fluxo em função da presença do maiores extensões (>1.000 m), incrementando a recu-
raio de drenagem. peração de óleo.

estudo de caso do poço


de Marlim
Seguindo a mesma linha de investigação empregou-
se a metodologia proposta para predizer o escoamento
para um caso do ativo de Marlim (altíssima permeabili-
dade). A tabela 3 apresenta, resumidamente, as infor-
mações sobre a geometria do sistema e suas principais
propriedades físicas.
A queda de pressão no interior do poço ao longo
de sua extensão (fig. 14) possui, em termos compara-
tivos, valor próximo ao observado para o campo de Ju-
barte. Diferentemente de Jubarte, o valor da queda de
pressão agora possui a mesma ordem de grandeza do
Figura 13 – Distribuição de fluxo ao longo poço de Jubarte. drawdown do reservatório. Este efeito de acoplamen-
to do escoamento no poço sugere que a drenagem da
Figure 13 – Jubarte oil well flow distribution. formação ocorre de forma desigual.

Tabela 3 – Propriedades do
poço de Marlim.

Table 3 – Proprieties of
Marlim oilfield.

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Figura 14 – Perfil de pressão ao longo do poço de Marlim.

Figure 14 – Marlim oil well pressure drop profile.

Outro dado que colabora com a alta influência do


poço sobre o reservatório é a distribuição do fluxo. A
figura 15 apresenta o perfil de fluxo ao longo do poço.
Observa-se que a extremidade próxima ao heel contri-
bui com maior fluxo para o poço em relação ao toe.
É interessante destacar o efeito da queda de pres-
são no interior do poço sobre a drenagem do reser-
vatório. No caso do campo de Marlim, observou-se
um fluxo maior próximo ao drownstream, fato este
associado às condições que favorecem o aparecimen-
to do efeito de cones de água/gás.
Este tipo de resultado aponta para a necessida-
de de se ampliar os estudos de acoplamento entre
poço e reservatório, na expectativa de que campos de
petróleo possam ser otimizados não só em termos de
produção, mas também em uniformidade na recupe-
ração do óleo.

conclusões
Os resultados obtidos com o uso desta metodolo-
gia, mesmo que utilizando um modelo inicial e simplifi-
cado, apresentam boa concordância não só em Ozkan
et al. (1999), mas também com condições de campo.
Nesse sentido, a partir das simulações realizadas, pode-
se atestar a metodologia proposta e o uso da fluidodi-
nâmica computacional como uma ferramenta para a
análise do escoamento próximo ao entorno de poços
horizontais. A questão da validade ou não da hipótese
de condutividade infinita em poços horizontais, em ce-

Figura 15 – Distribuição de fluxo ao longo poço de Marlim.

Figure 15 – Marlim oil well flow distribution.

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nários específicos, se mostra relevante para a predição • a simulação de depletação de campos de gás (es-
do comportamento de distribuição de fluxo ao longo coamento compressível), como os casos para o
de sua extensão, atuando como elemento para a esti- campo de Tambaú;
mativa do aparecimento prematuro do cone de água/ • análise do uso de técnicas de uniformização de
gás em regiões próximas ao heel. fluxo (furação diversiva) em poços com distribui-
Neste sentido, a partir de dados médios de poços ção de fluxo irregular (fig. 16).
exploratórios, aliados com o uso desta ferramenta, há
estimativas sobre as curvas de produção, perfis de pres-
são e a distribuição de fluxo ao longo do poço. Sendo
assim, são fornecidos subsídios aos engenheiros de pe-
tróleo tanto para a otimização de geometria de poços
horizontais quanto para a avaliação da necessidade de
uso de sistemas de uniformização de fluxo (Fernandes
et al. 2006).

etapas futuras
Os autores têm como metas para a continuidade
dos estudos não somente a contínua avaliação de ou-
tros ativos da Petrobras, mas também incrementar o
modelo de forma a possuir menos hipóteses simplifica-
doras adotadas neste trabalho, como por exemplo:

• o escoamento multifásico água-gás-óleo, com


casos de injeção de água. Ou ainda considerando
Figura 16 – Representação da malha para o caso de furação diversiva.
os efeitos térmicos oriundos da injeção de vapor.
Por exemplo: campo de Fazenda Alegre; Figure 16 – Mesh representation for diversion perforation.

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59 
 Estudo do acoplamento poço-reservatório: uso de ferramentas de CFD para análise ... – Sansoni Junior et al .

autores
Umberto Sansoni Júnior Fábio de Assis Ressel Pereira

 Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes)  Engineering Simulation and Scientific


 Gerência deTecnologia de Engenharia de Poço Software (ESSS)

usj@petrobras.com.br ressel@esss.com.br

Umberto Sansoni Júnior é Engenheiro Mecânico formado pela Pon- Fábio de Assis Ressel Pereira é Engenheiro Químico formado pela
tifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1984) e Mestre em Enge- Universidade Federal de Uberlândia. Possui Mestrado e Doutorado pela
nharia Mecânica pela COPPE/UFRJ (2004). Ingressou na Petrobras, em mesma instituição e é especialista em desenvolvimento de processos.
1985, por meio do Curso de Engenharia de Terminais e Dutos. Desde Atualmente compõe o quadro de engenheiros da ESSS, atuando em apli-
1992 trabalha no Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras cações de fluidodinâmica computacional para indústria do petróleo.
em atividades de modelagem e simulação computacional de escoamen-
tos. Atualmente está na tecnologia de engenharia de poços utilizando a
fluidodinâmica computacional em escoamentos multifásicos e no estudo
do acoplamento poço-reservatório.
Marcus Vinicius Filgueiras dos Reis

 Engineering Simulation and Scientific


Paulo Dore Fernandes Software (ESSS)

 Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes) marcus@esss.com.br


 Gerência deTecnologia de Engenharia de Poço

pdore@petrobras.com.br Marcus Vinicius Filgueiras dos Reis é Engenheiro Mecânico formado,


em 1997, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre
em Ciências Térmicas (2001) pela mesma instituição. Ingressou na ESSS
Paulo Dore Fernandes é Engenheiro Eletricista, formado pela Uni- em 1995, tendo trabalhado em diversas atividades envolvendo serviços
versidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em 1980. É Mestre em Enge- de desenvolvimento de software e análise de escoamento envolvendo
nharia de Petróleo pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), troca de calor e massa. Desde 1997 coordena a equipe de Dinâmica
em 1991, e Doutor em Engenharia de Petróleo pela Unicamp, em 1998. dos Fluidos Computacional da ESSS e está envolvido com projetos de
Ingressou na Petrobras em 1981, tendo trabalhado por oito anos na pesquisa e desenvolvimento com ênfase no setor de Óleo e Gás.
Bacia do Recôncavo como fiscal de operações de completação de po-
ços. Desde 1992 trabalha no Centro de Pesquisas e Desenvolvimento
da Petrobras na atividade de engenharia de poço, coordenando projetos
de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de completação e esti-
mulação de poços.

 60
B o l e t i m t é c n i c o d a P r o d u ç ã o d e Pe t r ó l e o, R i o d e Ja n e i r o - v o l u m e 2 , n º 2 , p. 2 5 5 - 2 7 2 

expanded abstract
Computational Fluid Dynamics (CFD) is the technique production conditions of Petrobras oil fields Jubarte
that seeks to determine the numeric solution of the and Marlim.
equations that treat the fluid flow. With the continuous The Troll Field well compares closely to the
advance in computer processing speeds and memory finite conductivity hypothesis, with similar values of
storage, numeric simulations of fluid flow have become pressure loss and drawdown. This agreement has been
an economical trend to progress experiments in observed among the obtained results confirming the
unfeasible conditions. methodology adopted in the simulations, where the
It can be found in the literature and in many pe- flow distribution has been confirmed as very deformed
troleum industry applications an important consi- at the heel and reaching 2.8 times larger than the
deration of infinite conductivity applied to horizontal flow at the toe. A group of new simulations has
wells. Usually, it is assumed that the pressure loss in been implemented to evaluate the effect of the well
a horizontal well is negligible when compared to the extension, when three new lengths were tested: 200,
drawdown in the reservoir. This hypothesis can result 400 and 600 m. It has been confirmed that the well
in deviations in the production values because in some extension increase contributes to production growth,
situations horizontal wells and reservoirs present the albeit in a non-linear manner. Significant variation
same magnitude of pressure loss. In this case the sym- in the production growth has not been observed, in
metry absence in the distribution of radial flow along the case of 600 and 800 m wells which maintained
the well implies that a significant amount of fluid the same production levels, but with different flow
drains preferentially to the downstream, causing a distributions. Comparing the flow distribution along
breakthrough of water or gas. the well for the four simulated situations, it can be
In this study, a commercial CFD code has been observed that in shorter lengths (200 m) there is
used with reservoir properties (permeability and po- a lower production volume and relatively higher
rosity) and geometric parameters (drainage radius, distributed flow, similar to the pattern found in the
formation thickness and physical oil properties) from infinite conductivity hypothesis. As the well extension
a drawdown estimate to predict the production of the increases the production growth there is an increase
well. Important results such as flow distribution along in the non-uniformity of the flow.
the well, pressure loss profile and pressure outlines in In the Jubarte field, the objective was to compare
the reservoir have also been generated from the per- the predicted results of the simulations with Petrobras
formed simulations. data, validating the numeric procedure and the
To optimize and allow the simulation of the well- involved considerations. It has been observed that this
reservoir coupling, the classic consideration of symmetry result compares closely with the infinite conductivity
plans has been used. The simulated domain consists of hypothesis, because it has been confirmed that the
one fourth of the total geometry as a function of the pressure inside the well is lower than the drawdown
horizontal and vertical symmetry plans. The mesh size of the reservoir. Another fact that shows low influence
varied by a wide range of elements according to the of the well on the reservoir is the uniform flow
drainage radius and the well length. distribution profile along the well. It has been observed
All simulated cases in this study have been per- that the flow increases at the extremities of the well,
formed to not only validate the procedure adopted characterized by a spherical flow. The results allow the
to compare with obtained results from the literature consideration that increasing the well length (>1,000
(Troll Field), but also to provide a benchmark with the m) must increase the oil recovery.

61 
 Estudo do acoplamento poço-reservatório: uso de ferramentas de CFD para análise ... – Sansoni Junior et al .

expanded abstract

Following the same investigation line, the numeric


strategy has been applied to predict the effect of well-
reservoir coupling in the Marlim field. In this case two
simulation groups have been considered: The first
representing the field data with a well of 250 m and
the second with the same conditions, but considering
a length of 800 m. The objective was to identify the
effect of the well length with high permeability. Unlike
Jubarte, the pressure inside the well and the drawdown
presented the same magnitude. Another factor of high
well influence in the reservoir is the flow distribution,
which presented a non-uniform profile along the well
resulting in the heel contributing to a larger flow in the
well than the toe.
It is noted that the simulation results obtained agree
with the literature and with the field information.
Therefore, the use of the CFD can validate the infinite
conductivity hypothesis and foresee the breakthrough
of water or gas.

 62

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