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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

IFCH - INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

RAFAEL DE SOUSA DE MOURA


201710147411
THIANÁ GARCIA GURGITA
201710150911

Resenha textual do livro “Os Intelectuais e a Organização da Cultura”. A


concepção e elaboração da mesma tem como função compor parte da
avaliação. A atual resenha destina-se a disciplina de Historiografia I
ministrada pela Professora Drª. Beatriz de Moraes Vieira

Rio de Janeiro
2019
GRAMSCI, Antonio. Contribuição para uma História dos intelectuais: A formação dos
intelectuai (Cap. I); A organização da cultura: A organização da Escola e da Cultura
(cap. II). In: GRAMSCI, Antonio. Os Intelectuais e a Organização da Cultura.
Tradução de Carlos Nelson Coutinho. 4. ed. Rio de Janeiro: civilização brasileira,
1982.

Resenha
Resenhado por: NOME e NOME

A atual resenha destina-se a traçar uma análise de dois capítulos do livro “Os
Intelectuais e a Organização da Cultura”1 do autor Antonio Gramsci. Assim, atrelada
a toda a sua concepção textual e sua postura historiográfica, se faz de suma
importância compreender o contexto geral e intelectual que cerca o aludido autor.
Nesse sentido, o dialogo externo irá de certa maneira dialogar com o autor e assim,
consequentemente, influenciar sua obra e sua intelectualidade individual no contexto
geral. No vigente texto nos proporemos a analisar a sua obra, já mencionada, assim
como suas nuances textuais para desta forma maximizar nossa análise sobre o
respectivo autor a obra.
Antonio Gramsci (1891-1937) se caracterizou por ser uma das principais
referencias no que tange o pensamento de esquerda durante todo o século 20. O
mesmo se caracteriza por ser um filosofo marxista. Logo, podemos notar que a sua
concepção marxista irá estar presente em suas obras trabalhando toda a
conceituação de um projeto tanto no âmbito escolar como no âmbito político e suas
variações. Tal postura marxista de Gramsci e sua adesão a vida política e entrada ao
partido socialista Italiano o levou a enfrentar diversas batalhas, Gramsci chegou a ficar
oito anos preso devido a sua luta contra o fascismo na Itália, período em que chegou
a escrever algumas obras. Todo o período de vida de Gramsci e consequentemente
seus estudos nos serve como base para a construção de um entendimento amplo e
coeso da sociedade e seu funcionamento, e o modo como através de suas

1 Como base, a resenha terá como alicerce a analise contextual de dois capítulos, o primeiro intitulado
“Contribuições para uma história dos Intelectuais”. Neste primeiro capítulo iremos analisar o primeiro
item “A Formação dos Intelectuais”. Já no segundo capítulo denominado de “A Organização da Cultura”,
iremos compreender e discutir o seu primeiro item, identificado como “A Organização da Escola e da
Cultura”.
elaborações e diretrizes Gramsci tenta nos dizer como muda-la. Portanto todo o
contexto geral de sua vivência enquanto individuo irá marcar suas obras. Dentro deste
contexto de pensamentos e formulações de Gramsci, pode-se notar que seus
pensamentos, em um certo grau, de uma cultura dos intelectuais estão intimamente
atrelados aos processos de mudança e transformação histórica. Essa mudança
história irá estar presente em suas obras, como por exemplo no texto “Os Intelectuais
e a Organização da Cultura”, – texto selecionado para a vigente analise –. Portanto o
cerne de sua obra possui como respaldo principal toda uma construção de Gramsci
enquanto indivíduo e ator político e de modo consequente observador de uma
sociedade que necessita de mudanças profundas.
A obra “Os Intelectuais e a Organização da Cultura” se caracteriza por contar
importantes informações estruturais do pensamento gramsciano. Dentro deste
panorama se faz de suma importância diagnosticar as principais construções teóricas
que estão presentes no texto em questão para desta forma maximizar nossa analise
sobre o autor e suas devidas indagações. Assim, no capitulo I, mais precisamente no
item I denominado “A Formação dos Intelectuais” Antonio Gramsci compõe toda uma
análise da figura do intelectual sua e formação em seus diversos âmbitos sociais,
culturais e também econômica. Logo, torna-se clara a construção bem elaborada e
diversificado através de uma organização no sentido plural de representações de
situações em que o “Intelectual” se forma a partir de situações insólitas e também
entre um diálogo entre as estruturas já presentes e preexistentes na sociedade.
Assim, Gramsci compõe uma analise binaria no cerne da formação intelectual, a
primeira diz respeito a cada grupo social originário no seu terreno atrelado a uma
produção econômica e principalmente de um modo orgânico (GRAMSCI, 1982, p.3).
A sua segunda compreensão da formação intelectual enquanto grupo social dialoga
estritamente com a história a partir de suas estruturas econômicas e sociais e
principalmente através de um legado histórico do saber, segundo o autor:

Cada grupo social “essencial”, contudo, surgindo na história a partir da


estrutura econômica anterior e como expressão do desenvolvimento desta
estrutura, encontrou pelo menos na história que se desenrolou até aos
nossos dias categorias intelectuais preexistentes, as quais apareciam aliás,
como representantes de uma continuidade histórica que não fora
interrompida nem mesmo pelas mais complicas e radicais modificações das
formas sociais e políticas (GRAMSCI, 1982, p.5).

Portanto, compreendemos nestas duas composições distintas de categorias de


formações intelectuais a base para a construção de toda a dinâmica que Gramsci
pretende trabalhar em seu texto. Através destes apontamentos iniciais que servem
como instrumento introdutório de seu texto Gramsci também alerta para questão de
um critério unitário para caracterizar as atividades intelectuais. Para o autor se faz
necessário buscar o conjunto sistemático de relações das diversas atividades
intelectuais. Nesse contexto o autor utiliza uma anedota de Taylor “gorila amestrado”
para demonstrar que mesmo nos trabalhos físicos e mecânicos existe um mínimo de
qualificação e consequentemente um mínimo de intelectualidade inerente a essas
tarefas. Assim, Antonio Gramsci aponta que “Todos os homens são intelectuais,
poder-se-ia dizer então: mas nem todos os homens desempenham na sociedade a
função intelectuais (GRAMSCI, 1982, p.7). Assim, compreendemos um dos principais
alicerces que possui seu texto: todos os homens são indivíduos intelectuais, contudo
nem todos desempenham tal papel. Nesse sentido, o autor compõe através de um
esforço as balizas e diretrizes para determinar as atividades intelectuais que já
existam em cada grau de desenvolvimento na sociedade.
Dentro deste panorama de elaborações e ideação de intelectuais na sociedade
e seu papel enquanto ser, Gramsci traz à tona a partir L'Ordine Nuovo uma concepção
do modo der do novo intelectual orgânico, segundo o mesmo:

O modo de ser do novo intelectual não pode mais consistir na eloquência,


motor exterior e momentâneo dos afetos e das paixões, mas num imiscuir-se
ativamente na vida prática, como construtor, organizador, ‘persuasor
permanente’, já que não apenas orador puro – e superior, todavia, ao espirito
matemático abstrato; da técnica-trabalho, eleva-se à técnica-ciência e à
concepção humanista história, sem a qual se permanece ‘especialista’ e não
se chega a ‘dirigente’ (especialista mais politico). (GRAMSCI, 1982, p.8)

Desta forma, podemos compreender o modo de ser do antigo intelectual,


constituído na eloquência, motor exterior, etc. e as linhas para a constituição do novo
tipo de intelectual que Gramsci nos apresenta. Dentro desta visão podemos
compreender que Gramsci busca uma conexão entre a concepção do mundo no que
tange o trabalho e a ciência como um todo. Ainda neste campo de alterações no que
tange os intelectuais, Gramsci analisa que a escola se caracteriza por elaborar
diversos tipos e níveis de intelectuais (debate que o autor irá aprofundar
principalmente no item “A Organização da Escola e da Cultura).
Outro ponto que se faz de suma importância para compreender toda a
estruturação e pensamento de Gramsci fica a cargo de seu objetivo traçar uma
distinção entre os tipos e características de intelectuais em suas devidas e respectivas
áreas. Nesse sentido, Gramsci nos apresenta o intelectual do meio urbano e o
intelectual do meio rural. Nessa perspectiva, a distinção que Gramsci no apresenta se
qualifica como um instrumento que maximiza nossa analise sobre tal concepção de
intelectual ou intelectuais. Assim, o intelectual do meio urbano está estritamente ligado
com o crescimento da indústria e o do meio rural está ligado a massa camponesa de
pequenos burgueses das cidades. Dentro desta conjuntura, Gramsci compreende que
o ponto central se da na distinção entre os intelectuais de categoria orgânica e os
intelectuais de categoria tradicional. Intelectuais de cunho tradicional se consideram
uma classe distinta na sociedade vigente e consequentemente não se consideram
membros do modo de surgimento do intelectualismo de forma orgânica. Dessarte,
podemos compreender o tipo tradicional de intelectual como um filósofo, artista e
também jornalistas. Dentro deste enquadramento, Gramsci compõe uma analisa do
intelectual e suas ligações com grupos dominantes, assim analisando toda uma
dinâmica de funcionamento desta categoria
Uma das mais marcantes características de todo grupo social que se
desenvolve no sentido do domínio é sua luta pela assimilação e pela
conquista “ideológica” dos intelectuais tradicionais, assimilação e conquista
que são tão mais rápidas e eficazes quanto mais o grupo em questão elaborar
simultaneamente seus próprios intelectuais orgânicos (GRAMSCI, 1982, p.9)

Assim, vemos que os denominados “intelectuais tradicionais” então


intimamente ligados a conquista ideologia e todo seu poder de disseminação.
Antonio Gramsci também realiza um analise sobre a organização da cultura,
nesse sentido, a “A Organização da Escola e da Cultura” marca a composição de
normas para uma escola intelectual unitária, de cultura geral, humanista, formativa e
etc. Em uma síntese geral Gramsci resume as características e a função de uma
escola unitária, de acordo com o mesmo:

Um ponto importante, no estudo da organização prática da escola unitária, é


p que diz respeito à carreira escolar em seus vários níveis, de acordo com a
idade e com o desenvolvimento intelectual-moral dos alunos e com os fins
que a própria escola pretende alcançar. A escola unitária ou de formação
humanista (entendido este termo, “humanismo”, em sentido amplo e não
apenas em sentido tradicional) ou de cultura geral deveria se propor a tarefa
de inserir os jovens na atividade social, depois de te-los levado a um certo
grau de maturidade e capacidade, à criação intelectual e prática e a uma certa
autonomia na orientação e na iniciativa (GRAMSCI, 1982, p.121)

Compreendemos que a escola unitária possui em sua concepção valores


diversificados para o destino final deste jovem. Assim, podemos perceber o valor
desta escola como formadora de indivíduo e consequentemente trabalhar todo um
preparado para o mesmo. As criações de valores fundamentais do humanismo
compõem umas das principais caracterizas desta escola apontada por Gramsci.
Através de Antonio Gramsci compreendemos um importante ponto da
sociedade: o intelectualismo. Seu texto é marcado em certo grau por uma linguagem
que esbarra em formulações que requerem um maior grau de atenção, logo seu texto
não se caracteriza por conter uma linguagem mais acessível para o público geral. Um
ponto positivo do trabalho textual de Antonio Gramsci fica a cargo de sua elaboração
de diversas estruturações e composições de intelectualidades, como por exemplo a
composição de um tipo intelectual no meio urbano e rural (mencionada no decorrer do
texto) e também a intelectualidade na política, dentre outros campos. Desta maneira,
o autor nos apresenta diversos campos que são norteados por intelectuais e
intelectualidades aprofunda pertinentes questões e suas devidas discussões. Nesse
contexto, outro ponto positivo fica a cargo da sua vasta analise da intelectualidade e
seu desenvolvimento em diversos países como na Itália, França, Inglaterra e China.
Portanto nota-se a composição de um trabalho diversificado que analise cada
conjuntura e suas diversificações para desta forma maximizar sua proposta central de
discussão teórica. Por seguinte o autor traça o nascimento da nação americana
(Estados Unidos), segundo Gramsci “(...) os emigrantes anglo-saxões são também
uma elite intelectual, mas particularmente moral. (...) Eles trazem para a América;
consigo mesmos, além da energia moral e volitiva, um certo grau de civilização (...)”
(GRAMSCI, 1982, p.19). Assim, conseguimos compreender o nascimento da
intelectualidade em território norte americano, na visão de Gramsci. Contudo, o autor
peca em realizar uma exclusão de civilidade nas civilizações existente em respectivo
território. Não se pode equiparar o grau de civilidade entre tais continentes, mas deve-
se observar em seu cerne as características de convívio das civilizações e partir desta
observar seu respectivo grau de civilidade de forma mais criteriosa e trabalhada.

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