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Aula 11

Peças Práticas p/ Delegado Polícia Civil-PE (com videoaulas)

Professor: Vinicius Silva


Peça Prática para Delegado de Polícia de
Pernambuco
Prof. Vinícius Silva – Aula 11
AULA 11: Técnicas especiais de investigação –
TEI em Organizações Criminosas - OC.

SUMÁRIO PÁGINA
1. Apresentação
2. Aspectos teóricos – TEI em O.C.
3. TEI
4. Modelos de TEI
5. Questão de prova
6. Questões propostas
7. Respostas das questões propostas na aula 10

1. Apresentação

Olá futuro Delta,

A aula de hoje é muito importante, pois vamos estudar os principais


aspectos teóricos que envolvem as técnicas especiais de investigação
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em organizações criminosas.

A Lei n° 12.850/13 carrega em seu bojo algumas técnicas especiais de


investigação quando a Polícia Judiciária está investigando uma
Organização Criminosa – O.C. A nossa aula vai passear pelos aspectos
teóricos sobre essas medidas e também vamos aprender alguns modelos
de como representar ou comunicar ao juiz acerca dessas medidas.

Vamos ter que aprender o que é uma organização criminosa e quando ela
está configurada, pois essas medidas, em que pese estarem presentes em
outras legislações criminais especiais, possuem regramento próprio da Lei
n° 12.850/13, que é o objeto da nossa aula.

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A prova de vocês pode cobrar uma dessas medidas e vamos resolver uma
questão de prova que envolve tais medidas que já caiu na PCAP.

O crescimento do crime organizado em nosso país está requerendo cada


vez mais dos delegados de polícia e demais autoridades o domínio dessas
técnicas especiais, em alguns casos apenas se valendo de uma delas você
conseguirá desbaratar uma organização criminosa.

Lembre-se de que uma organização criminosa é bem diferente de uma


associação criminosa, esta prevista no Código Penal – CP, no art. 288.

Vamos ao próximo tópico, em que conceituaremos a O.C. e verificaremos


as TEIs com a profundidade adequada.

2. Aspectos teóricos acerca das TEIs em O.C.

Vamos aprender primeiramente o que seria um O.C. e depois vamos


verificar os principais aspectos teóricos sobre as TEIs.

2.1 Conceito de Organização Criminosa.

Primeiramente vamos verificar qual o conceito de organização criminosa.


Esse conceito você encontra logo no início da Lei n° 12.850/13, e deve
ser bem aprendido por vocês, uma vez que identificar que se trata de
uma O.C. é o primeiro passo a ser seguido nesse tipo de peça.

O conceito de O.C. consta no §1°, do art. 1°m da Lei:

§ 1o Considera-se organização criminosa a


associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada
pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem de
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qualquer natureza, mediante a prática de


infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que
sejam de caráter transnacional.

Do conceito acima podemos verificar a presença de 4 elementos


formadores de uma O.C., que devem estar presentes
cumulativamente, ou seja, a ausência de um deles pode descaracterizar
a ocorrência de formação de O.C. vamos a eles.

a) elemento pessoal

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A organização criminosa deve ser composta por, no mínimo, 4 (quatro)
pessoas. Ou seja, a primeira diferença em relação à associação
criminosa, do CP, lá o crime de associação criminosa estará configurado
desde que 3 (três) ou mais pessoas estiverem associadas.

Sobre esse elemento pessoal, cumpre ressaltar que a presença de


eventual menor serve para configurar a presença do elemento pessoal, ou
seja, se houver 3 maiores e 1 menor na organização, ela estará
configurada sem o menor problema. Isso é muito comum e já foi até
cobrado na prova da PCSP.

Então fique ligado nesse elemento pessoal, pois se houver menor na O.C.
ela além de estar configurada, vai gerar uma causa de aumento de pena,
prevista no art. 2°, §4°, da Lei.

b) elemento estrutural

Aqui mais uma diferença entre a organização criminosa e a associação


criminosa, pois a organização necessita que haja uma divisão de tarefas,
de modo que cada elemento seja responsável por uma atribuição
definida, que possa gerar especialidade dentro da organização. Na
associação criminosa não existe esse requisito.

A diferença aqui é importante, pois a organização criminosa é mais difícil


de desbaratar justamente por isso. A O.C. por conta da especialização
facilmente consegue substituir peças (elementos pessoais), pois o
substituto facilmente aprende a atribuição da peça morta.

Isso gera uma dificuldade para a investigação, que merece TEIs, no


sentido de desbaratar a O.C. Um elemento a menos não significa que a
organização está mais fraca e pode não ser suficiente. Por isso que a
prisão de um elemento por vezes não ajuda muito na investigação,
devendo a autoridade valer-se de técnicas mais invasivas na estrutura da
organização. 53632000581

c) elemento finalístico (teleológico)

Mais uma grande diferença entre a associação criminosa e a organização


criminosa, pois a associação tem por finalidade o cometimento de crimes
em sentido amplo. No caso da O.C. é diferente, pois a finalidade dela é
cometer crimes cujas penas máximas sejam superiores a 4
(quatro) anos ou que tenham caráter transnacional.

Veja que aqui a coisa ficou mais “barra pesada”, pois não é qualquer
crime que a O.C. visa cometer, ele deve ter uma pena máxima superior a
quatro anos, o que denota a gravidade para a sociedade a presença de
uma O.C. dentro dela.

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Veja que o requisito é alternativo, ou seja, o elemento finalístico estará


presente ainda que a pena máxima seja inferior a quatro anos, caso os
crimes tenham caráter transnacional.

Professor, não pode haver


O.C. especializada em
cometer furtos?

Sim, desde que seja um furto


qualificado, ou então que ele
seja praticado com caráter
transnacional.

Bom, entendido o conceito de organização criminosa na Lei n° 12.850/13,


vamos verificar os principais aspectos teóricos que permeiam as TEIs.

2.2 Técnicas Especiais de Investigação - TEIs

As TEIs são consideradas meios de obtenção de prova, pois é através


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delas, que são instrumentos extraprocessuais, ou seja, são


realizados fora do processo, que se identificam fontes de prova.

As TEIs são consideradas meios extraordinários de investigação, pois são


idealizadas para crimes específicos, não podendo ser utilizadas em crimes
simples, como crimes comuns contra o patrimônio, crimes contra a honra,
etc.

Elas são ainda consideradas constitucionais, pois é necessária a


conjugação de três requisitos para que sejam adotadas, ou seja, precisam
de previsão legal (Lei n° 12.850/13), reserva de jurisdição e
proporcionalidade na utilização da medida. Os três requisitos são
preenchidos quando estamos diante de uma TEI em meio à lei de O.C.

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2.2.1. Colaboração Premiada

A colaboração premiada é a primeira TEI que vamos estudar. Muita coisa


se fala acerca dela e principalmente nos dias de hoje em que os crimes de
corrupção estão na moda. É muito comum em investigações da PF sobre
corrupção em estatais verificarmos a presença da colaboração premiada
como técnica especial de investigação.

O conceito de Colaboração Premiada, em poucas palavras seria um meio


de obtenção de prova extraordinário, através do qual o coautor ou
partícipe confessa a prática delituosa e presta informações objetivamente
eficazes para a consecução de um dos objetivos previstos em lei, com a
sua posterior premiação legal em contrapartida.

Observe que para que seja considerada uma colaboração premiada, o


colaborador deve inicialmente confessar a prática delituosa, de nada
adianta ele colaborar e não confessar que cometera o crime.

Além disso, é preciso que as informações prestadas por ele sejam


objetivamente eficazes, ou seja, devem levar a um dos resultados
previstos em lei.

Ao final, será concedido um prêmio ao colaborador, previsto em lei, como


contrapartida de sua colaboração para a investigação.

Os objetivos previstos em lei a que devem levar a colaboração são:

I - a identificação dos demais coautores e


partícipes da organização criminosa e das
infrações penais por eles praticadas;

II - a revelação da estrutura hierárquica e


da divisão de tarefas da organização
criminosa;
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III - a prevenção de infrações penais


decorrentes das atividades da organização
criminosa;

IV - a recuperação total ou parcial do


produto ou do proveito das infrações
penais praticadas pela organização
criminosa;

V - a localização de eventual vítima com a


sua integridade física preservada.

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Os resultados acima não precisam ser cumulativos, bastando que a
colaboração leve a um deles. É claro que o prêmio a ser recebido pelo
colaborador não será o mesmo para aquele que leva a todos os resultados
e para aquele que leva a um apenas.

Ou seja, a faculdade do juiz, que está adstrita à concessão do prêmio,


pode ser exercida para utilizar os resultados obtidos com a colaboração
para a concessão dos prêmios legais.

Professor, eu já ouvi
falar muito nisso, é
a famosa delação
premiada né?

Cuidado para não


confundir Aderbal!

A colaboração premiada é um gênero do qual é espécie a delação


premiada, ou seja, as duas não se confundem.

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Colaboração Delação
premiada premiada

Ou seja, a delação é um subconjunto da colaboração premiada. Isso pode


ser facilmente identificado a partir do conceito que foi fornecido. Veja que
um dos efeitos da colaboração pode ser a identificação dos demais
autores, mas nem sempre isso ocorre, pode ser que a colaboração leve ao
resgate de uma vítima incólume de sequestro.

Assim, veja que são conceitos distintos. Não confunda.

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Outro aspecto importante acerca da colaboração é saber se ela é
compatível com o princípio conhecido como nemo tenetur se detegere,
que nada mais é o direito ao silêncio, o direito de não produzir prova em
contra si mesmo.

Bom, é de se entender que não há violação ao referido princípio, vamos


expor alguns motivos pelos quais esse raciocínio deve ser levado a efeito:

1. O ato de colaboração é voluntário;

2. O ato deve ser assistido por advogado habilitado;

Ou seja, não há violação ao referido princípio, mas uma perfeita


compatibilidade.

Em relação aos prêmios previstos em lei para o colaborador, vamos


verificar o caput do art. 4° do referido dispositivo:

Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das


partes, conceder o perdão judicial, reduzir
em até 2/3 (dois terços) a pena privativa
de liberdade ou substituí-la por restritiva
de direitos daquele que tenha colaborado
efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal,
desde que dessa colaboração advenha um
ou mais dos seguintes resultados:

Veja que os possíveis prêmios são:

a) perdão judicial

Esse é o maior de todos os prêmios, o juiz deve levar em consideração


muitos aspectos para concedê-lo. 53632000581

b) reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade

Aqui o juiz apenas irá reduzir o prazo da prisão. Veja que o dispositivo
apresenta um limitador, ou seja, o máximo será uma redução em até 2/3.

c) substituí-la por restritiva de direitos

Nesse prêmio o colaborador vai ter a sua pena privativa de liberdade


convertida em restritiva de direitos, o que, de certa forma, é muito bom
para ele, que não vai ter a sua liberdade de locomoção cerceada.

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Devemos ficar ligados, pois a concessão de um dos prêmios acima deverá
levar em conta a eficácia objetiva da colaboração, ou seja, o juiz deverá
verificar no caso concreto no que a colaboração ajudou a levar a um dos
resultados.

Pois se a colaboração nada ajudou, tendo o resultado previsto em lei sido


atingido por meio de outra investigação ou outro meio de obtenção de
prova, a colaboração restará ineficaz, o que leva à não concessão do
prêmio.

Outro aspecto importante são as circunstâncias subjetivas do colaborador.


O juiz não vai conceder o perdão judicial ao cabeça da organização, pois
se assim o fosse, ele nunca seria responsabilizado pelas condutas
praticadas em posição de chefia. Para corroborar o raciocínio, veja o que
dispõe o §1°, do art. 4°:

§ 1o Em qualquer caso, a concessão do


benefício levará em conta a personalidade
do colaborador, a natureza, as
circunstâncias, a gravidade e a repercussão
social do fato criminoso e a eficácia da
colaboração.

Veja que em qualquer caso a concessão deve levar em conta os aspectos


subjetivos e também a eficácia objetiva da colaboração.

Acordo de Colaboração Premiada

O instrumento acima se presta a tornar mais segura a colaboração. Ele


tem a finalidade de resguardar aquilo que ficou acordado verbalmente
entre a autoridade e o colaborador.

De nada adiantaria o colaborador ajudar na investigação, se não tivesse


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em mãos um instrumento que garantisse ao menos a análise pelo


magistrado dos termos em que ficou acordada a colaboração.

Assim, trata-se de um instrumento de segurança jurídica em favor do


colaborador.

O acordo nada mais é do que um “contrato” em que estarão dispostas as


principais informações da TEI. Esse “contrato” será celebrado entre você,
futuro delta, e o colaborador e será submetido à homologação pelo juiz
competente.

O acordo deverá conter, necessariamente, os seguintes requisitos


objetivos, nos termos do art. 6°, da Lei n° 12.850/13:

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1. Relato da colaboração e seus possíveis resultados.

Nesse ponto o delegado irá expor ao juiz que conhece os resultados que
podem ser levados a efeito com a medida investigativa.

2. Condições da proposta.

Aqui o delegado irá expor as condições da proposta.

3. Declaração de aceitação do colaborador e de seu advogado.

Como é necessária a assistência de advogado para que seja homologada,


bem como deve ser uma colaboração voluntária, não se admitindo que o
colaborador seja coagido para tanto, deverá constar a declaração de
aceitação dele e de seu advogado.

4. Assinaturas do delegado, colaborador e do advogado.

Requisito tranquilo, se há declarações do delegado, do colaborador e do


seu advogado, nada mais natural do que haver as respectivas
assinaturas.

5. Especificação das medidas protetivas.

O colaborador ficará exposto, pois vai atuar como um traíra, em relação à


O.C., portanto, ele poderá gozar de algumas medidas protetivas previstas
na própria lei, com a finalidade de resguardá-lo, assim como a sua
família.

Esses são os termos do acordo de colaboração, eles devem constar


necessariamente na sua eventual peça de requerimento de homologação
de acordo de colaboração premiada.53632000581

O papel do juiz será apenas homologar, ele não intervém no curso das
negociações entre o delegado de polícia e o colaborador, isso macularia a
sua imparcialidade.

O momento mais adequado para a homologação do acordo é a


investigação policial, não obstante possa haver esse acordo quando da
ação penal e até mesmo após esta, quando o réu já estiver cumprindo
pena.

Acredito que uma peça dessa natureza pode até vir na sua prova de
segunda fase, mas não seria uma peça difícil e ela também não viria
cumulada com outra medida, portanto, ela seria considerada fácil.

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O requerimento de homologação deve ser dirigido ao juiz e nele devem
constar todos esses termos que foram mencionados anteriormente.

Outro detalhe é que ele deve ser submetido à distribuição e tramitação


sigilosa, pois envolve um risco potencial ao colaborador, devendo o
Estado tomar todas as precauções para que ele esteja com sua
integridade física e de sua família resguardada.

2.2.2 Ação Controlada

A segunda técnica que vamos estudar é a ação controlada, que nada mais
é do que outra TEI, que visa um retardo na intervenção estatal.

Vejamos um conceito completo do que seria ação controlada: é a TEI


através da qual a intervenção estatal é retardada pelos órgãos de
persecução penal, para que ocorra no momento mais oportuno, sob o
prisma da investigação policial, visando um resultado maior e mais
contundente para o desbaratamento da O.C.

A primeira coisa que deve ser colocada é que a ação controlada é um


gênero, do qual o flagrante retardado é uma espécie. É claro que a
maioria das ações controladas acabam sendo realizadas na forma de
flagrante retardado, mas isso não é uma regra, pode haver uma ação
controlada com uma medida distinta do flagrante retardado.

Aqui devemos ressaltar uma diferença muito grande entre a ação


controlada na lei de drogas (Lei n° 11.343/06) e na lei de O.C., pois o
instituto segue regramentos distintos, de acordo com as respectivas leis.

Na lei de drogas, para que haja uma ação controlada, por exemplo, a
entrega vigiada de drogas, ou seja, a ação policial será retardada, para
que uma entrega de drogas seja utilizada para obter mais informações e
até a prisão em flagrante de um grupo maior de criminosos, deve haver
uma autorização judicial, por meio da qual o juiz autoriza a ação
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controlada.

Art. 53. Em qualquer fase da persecução


criminal relativa aos crimes previstos nesta
Lei, são permitidos, além dos previstos em
lei, mediante autorização judicial e ouvido
o Ministério Público, os seguintes
procedimentos investigatórios:

II - a não-atuação policial sobre os


portadores de drogas, seus precursores
químicos ou outros produtos utilizados em
sua produção, que se encontrem no

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território brasileiro, com a finalidade de
identificar e responsabilizar maior número
de integrantes de operações de tráfico e
distribuição, sem prejuízo da ação penal
cabível.

Lado outro, na Lei de O.C. não é necessária a autorização judicial, a


legislação evoluiu e previu apenas uma comunicação da ação
controlada.

§ 1o O retardamento da intervenção policial


ou administrativa será previamente
comunicado ao juiz competente que, se for
o caso, estabelecerá os seus limites e
comunicará ao Ministério Público.

Veja a diferença crucial entre as medidas, que parecem ser as mesmas,


mas que possuem regramentos distintos.

Professor, se não precisa de autorização,


porque comunicar previamente ao juiz?

Aderbal, o juiz poderá estabelecer limites


à não intervenção, baseado nos fatos
narrados na peça de comunicação poderá
visualizar uma possibilidade de
estabelecer um limite.
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Esses limites podem ser limites temporais ou ainda funcionais.

Uma excelente questão de prova, que pode suscitar dúvidas entre os


alunos é o fato de possivelmente uma investigação de uma organização
criminosa especializada em tráfico de drogas.

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Nesse caso, você deverá comunicar ou solicitar autorização para a ação


controlada?

Já é pacífico o fato de que se o tráfico for executado em meio a uma O.C.,


então a ação controlada será apenas comunicada ao juiz competente, não
havendo a necessidade de autorização judicial.

Vamos agora verificar algumas espécies de ações controladas que podem


ser realizadas pelas autoridades policiais.

a) Flagrante retardado.

Já dissemos aqui que essa é uma espécie de ação controlada. Aqui a


polícia não efetuará a prisão em flagrante de alguém que esteja nessa
situação, visando um proveito maior da investigação, pois haverá um
melhor resultado se o flagrante for retardado, postergado ou mitigado.

O flagrante que sofrerá esse retardo é o flagrante obrigatório, aquele que


a autoridade policial e seus agentes executam como dever de ofício.

b) Entrega vigiada

Esse tipo de ação controlada pode ser conceituada como a permissão de


que remessas ilícitas possam ser enviadas e recebidas com o
conhecimento da autoridade policial, com o fim de identificar infrações e
pessoas envolvidas na O.C., visando responsabilizar um número maior de
agentes delituosos.

A sua previsão vem do Direito Internacional, mais precisamente da


convenção de Palermo, através da qual o Brasil, como signatário,
compromete-se a coibir o tráfico internacional de entorpecentes,
adotando medidas investigativas previstas na própria convenção.
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A entrega vigiada pode ser classificada como entrega suja ou entrega


limpa.

O primeiro tipo ocorre quando o conteúdo ilícito não é retirado, ou seja,


imagine uma caixa contendo 10 mil comprimidos psicotrópicos e que a
polícia sabe da sua existência, bem como do seu destino. Se a polícia não
retira o conteúdo ilícito da caixa, visando prender também o recebedor da
droga, estaria configurada a entrega vigiada suja. É obvio que essa
entrega requer uma atenção redobrada da autoridade e de seus agentes,
visando uma proteção maior do conteúdo ilícito, para que ele não se
perca no meio do caminho.

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A segunda espécie é a entrega limpa, situação em que a autoridade
policial entende ser prudente a troca do material ilícito por um análogo,
para garantir que a droga ou material ilícito não se perca durante a
diligência retardada.

Outro exemplo de entrega vigiada é a sua possibilidade em tráfico de


armas. Já está pacificada a possibilidade de sua utilização para o tráfico
de armas.

Lembro-me do filme “O Senhor das Armas”. Um bom exemplo poderia ser


dado utilizando-se o filme como mote. Suponhamos que haja uma
provável entrega de armas em um avião clandestino em um aeroporto
também ilegal situado no interior da região amazônica.

A Polícia Federal já se colocou no local da provável entrega e lá constam 3


ou 4 criminosos que, portando armas e drogas para uma eventual troca,
já estão em situação flagrancial.

No entanto, sabendo da entrega do carregamento de armas, é mais


interessante para a Polícia Federal prender mais criminosos como, por
exemplo, o traficante de armas e parte de sua organização criminosa,
apreender as armas que seriam negociadas, as drogas, entre outras
vantagens que a ação retardada do flagrante pode gerar para o futuro da
investigação.

Ademais, acerca da ação controlada, ela deverá ser distribuída de forma


sigilosa, para garantir o sucesso da medida investigativa, devendo o
acesso aos autos até a sua efetivação ficar restrito ao Delegado de Polícia,
ao membro do Ministério Público e ao Juiz.

§ 2o A comunicação será sigilosamente


distribuída de forma a não conter
informações que possam indicar a
operação a ser efetuada.
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§ 3o Até o encerramento da diligência, o


acesso aos autos será restrito ao juiz, ao
Ministério Público e ao delegado de polícia,
como forma de garantir o êxito das
investigações.

Acima você vê a previsão legal das medidas a serem tomadas.

2.2.3 Infiltração de Agentes

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Chegamos à terceira TEI. Nesse caso vamos tomar todas as precauções,
pois essa medida pode sim ser cobrada em uma prova de segunda fase,
sem o menor problema.

Hoje em dia é muito comum no meio policial a utilização de agentes


infiltrados nas O.C. para que sejam capturados através dele fontes de
prova, que possam ser utilizados no desbaratamento da O.C., bem assim
na comprovação da materialidade do delito e comprovação de autoria ou
participação.

Conceitualmente, podemos afirmar que uma infiltração de agentes é uma


TEI, através da qual um agente policial é introduzido dentro de uma O.C.,
dissimuladamente, passando a agir como se um deles fosse, ocultando
sua verdadeira identidade, com a finalidade de obter fontes de prova e
elementos de informação capazes de permitir o desbaratamento da O.C.

Veja que algumas características podem ser retiradas desse conceito, que
são:

1. O agente infiltrado deve ser um agente de polícia, federal ou civil.


A atividade a ser desempenhada nesse momento é uma atividade de
polícia judiciária, portanto, não cabe aqui um policial militar infiltrado, a
não ser que se tenha uma situação de crime militar em que o policial
militar está desempenhando atividade típica de polícia judiciária.

2. A atuação desse agente deve ser uma atuação dissimulada, ele não
pode se identificar, tampouco fazer com que possam identificar a sua
verdadeira identidade. O agente infiltrado passará a atuar como se
um dos componentes da organização o fosse.

3. Inserção de forma estável. O agente deve ser inserido de forma estável


na organização, duradoura, para colher elementos de informação, fontes
de prova.
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Diante dessas principais características da infiltração, vamos verificar a


previsão normativa dessa TEI na Lei n° 12.850/13.

Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em


tarefas de investigação, representada pelo
delegado de polícia ou requerida pelo
Ministério Público, após manifestação técnica
do delegado de polícia quando solicitada no
curso de inquérito policial, será precedida de
circunstanciada, motivada e sigilosa
autorização judicial, que estabelecerá seus
limites.

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Essa é a medida de infiltração na lei de O.C. Veja que se trata de uma
medida que pode ser representada pelo delegado de polícia, ou então pelo
MP, no entanto, quando o MP a solicitar ao Juiz, deverá ser precedida de
análise técnica do Delegado de Polícia, enquanto especialista em
investigação policial. Ou seja, ele vai manifestar-se dizendo se é salutar
ou não adotar aquela medida, quando não for ele o subscritor da peça.

Esse dispositivo nos dará a legitimidade para representar pela infiltração


de agentes. Veja ainda que no mesmo artigo consta que a decisão judicial
deverá ser circunstanciada, motivada e sigilosa, ou seja, por se tratar de
uma medida muito perigosa para o agente policial, devemos tomar o
devido cuidado para resguardar sua identidade e demais sinais
identificadores e uma das formas de fazer isso é tornando a medida
sigilosa.

O Juiz ao autorizar uma medida dessa natureza em sua decisão deverá


impor os limites que devem ser respeitados durante a execução dela.
Outro ponto importante é que a decisão judicial servirá como excludente
de ilicitude para o agente infiltrado.

Quando inserido na O.C., o agente irá, invariavelmente, cometer crimes


que a O.C. está acostumada a cometer todos os dias, no entanto, ele
deve estar acobertado por alguma excludente e essa é o estrito
cumprimento do dever legal.

No entanto, deve haver na autorização a menção a essa possibilidade, ou


seja, a autorização serve como um documento de resguarda para o
agente policial. Sem a autorização judicial, caso venha a cometer crimes,
o agente policial poderá responder por ele.

A decisão irá autorizar o agente a cometer o delito de integrar O.C., bem


como para que ele cometa crimes que atentem contra bem supra
individuais, ou seja, tráfico de drogas (contra a saúde pública), trafico
de armas, mas não poderá o agente estar autorizado a cometer
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homicídios, lesões corporais

Professor, e se o agente
infiltrado tiver de matar
alguém ou lesionar
fisicamente? Ele responde
por esse crime?

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Cuidado com esse caso
Aderbal, estaremos diante
de uma situação em que
devemos verificar a
proporcionalidade da ação.

Se o agente comete um delito acobertado pela autorização judicial, ou


seja, previsto pelo juiz e isentado de ilegalidade por ele, estaremos diante
de uma causa excludente de ilicitude, em virtude do estrito cumprimento
do dever legal.

Por outro lado, mas com o mesmo fim, caso o agente cometa um crime
não autorizado judicialmente, estaremos diante de uma causa excludente
de culpabilidade, pois aqui impera a inexigibilidade de conduta diversa,
uma vez que se o agente se negar a praticar o crime, estará colocando
em risco a sua identidade verdadeira.

Outro ponto importante dessa autorização judicial é que ela deve prever
também a realização de outras técnicas de investigação. Ou seja, um
agente infiltrado pode, além de infiltrar-se na O.C., aproveitar dessa
situação para fazer uma busca domiciliar, instalar equipamentos de
monitoração eletrônica, etc. Não convém aqui tolher as medidas
investigativas que podem ser levadas a efeito quando o agente estiver
infiltrado.

Bom, esses são os principais aspectos da decisão que autoriza a


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infiltração policial.

É claro que como qualquer outra medida cautelar, ela prevê a presença
do fumus comissi delicti, bem como do periculum in mora, pois aqui
temos que demonstrar para o juiz que há fortes indícios da infração de
formação de organização criminosa e também a subsidiariedade da
medida, ou seja, a investigação não pode ser realizada de outra forma.

§ 2o Será admitida a infiltração se houver


indícios de infração penal de que trata o
art. 1o e se a prova não puder ser
produzida por outros meios disponíveis.

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Esses requisitos deverão constar de sua peça. Além do que deverá estar
presente ainda a anuência do agente policial. Nenhum agente policial
pode ser obrigado a ser infiltrado em O.C., ele só irá infiltrar-se se for de
sua plena vontade.

Assim, esses requisitos devem constar na sua peça. Vamos organizar isso
melhor no próximo tópico da aula, onde vamos esquematizar os modelos.

A infiltração de agentes policiais possui prazo determinado em lei, na


verdade é um prazo máximo, ou seja, no máximo o agente infiltrado pode
passar 6 (seis) meses nessa situação, no entanto, esse prazo é renovável
por igual período e as renovações podem ser sucessivas, sem problemas.

Esse prazo você vai ter de ressaltar no seu pedido, mas não coloque a
renovação, apenas peça pelo prazo que achar conveniente, no máximo
por seis meses, pode até ser menos, quem vai decidir é o próprio
delegado. Mas sempre em prova peça pelo prazo máximo.

As renovações devem ocorrer antes do término do prazo, para que o


agente não fique desacobertado por algum tempo, o que poderia levar até
a sua incriminação.

O agente infiltrado goza ainda de algumas medidas protetivas, que você


vai precisar mencionar no seu pedido, de modo a garantir que ele vai ter
a sua integridade e de sua família preservadas durante e após a ação
investigativa.

Art. 14. São direitos do agente:

I - recusar ou fazer cessar a atuação


infiltrada;

II - ter sua identidade alterada, aplicando-


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se, no que couber, o disposto no art. 9o da


Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999, bem
como usufruir das medidas de proteção a
testemunhas;

III - ter seu nome, sua qualificação, sua


imagem, sua voz e demais informações
pessoais preservadas durante a
investigação e o processo criminal, salvo se
houver decisão judicial em contrário;

IV - não ter sua identidade revelada, nem


ser fotografado ou filmado pelos meios de

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comunicação, sem sua prévia autorização
por escrito.

Veja que a primeira garantia dele é muito importante, pois se o agente


visualizar alguma situação que o coloque em risco, ele deve fazer cessar a
infiltração de imediato, pois pode estar colocando sua vida em risco.
Assim, para que ele seja infiltrado ele deve aguardar uma autorização
judicial, no entanto, para que seja desinfiltrado não há essa exigência. É
claro que o agente deverá de imediato informar à autoridade policial que
relatará ao juiz o ocorrido.

As medidas protetivas às testemunhas também se aplicam, ou seja, ele


terá todas as medidas deferidas em seu favor, visando mais uma vez a
sua integridade.

Enfim, o agente infiltrado goza dessas garantias para que ele não se sinta
desmotivado a executar a prática, surgindo naturalmente voluntários para
a sua realização.

2.2.4 Acesso a dados cadastrais dos investigados

Por derradeiro, vamos verificar como se dá o acesso do delegado aos


dados cadastrais de investigados em O.C. Ressalto que aqui não visualizo
nenhuma peça que possa ser cobrada em prova.

O delegado de polícia em sua atividade diária expede muitos ofícios, por


meio dos quais ele acaba solicitando aos órgãos competentes o acesso a
informações cadastrais dos investigados. Assim, acho difícil cair um ofício
para que você seja testado nessa capacidade apenas de redigir um
documento oficial.

Ou seja, os conhecimentos jurídicos acerca da peça são muito pobres,


temos apenas um dispositivo legal para ser estudado.
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Art. 15. O delegado de polícia e o


Ministério Público terão acesso,
independentemente de autorização
judicial, apenas aos dados cadastrais do
investigado que informem exclusivamente
a qualificação pessoal, a filiação e o
endereço mantidos pela Justiça Eleitoral,
empresas telefônicas, instituições
financeiras, provedores de internet e
administradoras de cartão de crédito.

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Veja que o acesso se dá apenas aos dados cadastrais, ou seja, não
poderá o delegado ter acesso ao sigilo de dados telefônicos, ao
sigilo de dados financeiros, etc.

As informações acima são informações públicas, do conhecimento do


público em geral, não pode haver restrição a essas informações.

O delegado não precisa requisitar essas informações por meio do juiz,


essa previsão vem ainda a corroborar com o desafogamento do poder
judiciário em meio a tantos processos desnecessários, por vezes.

3. Modelos de Acordo de Colaboração Premiada, Ação Controlada e


Infiltração de Agentes

Os modelos aqui mostrados serão colocados de modo a mostrar para os


alunos como proceder diante de uma O.C.

Ressalto que a peça mais provável aqui nesse momento é a infiltração de


agentes, as demais, entendo serem um pouco menos prováveis.

3.1 Acordo de Colaboração Premiada

O acordo acima é efetuado entre o delegado de polícia e o colaborador, e


deve ser submetido à homologação judicial. Então você deve atuar de
acordo com a lei, levando o acordo ao juiz.

3.1.1 Endereçamento

O endereçamento é fundamental na sua peça, e no caso de homologação


de acordo de colaboração premiada, geralmente ela é endereçada ao juízo
de direito da comarca onde ocorreu o delito. Lembrando que você só vai
fazer isso se tiver a convicção de que sabe qual é o local do crime. Caso
contrário, recomendo que você faça um endereçamento genérico como o
apresentado abaixo. 53632000581

Aqui a ideia é seguir as regras de competência do CPP.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA _____° VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________.

Após o endereçamento, a título de elemento de referência, vale a pena


mencionar que a medida é sigilosa e merece ser distribuída dessa
forma, em atendimento ao dispositivo legal da Lei n° 12.850/13 (art. 7°,
caput).

Art. 7o O pedido de homologação do acordo


será sigilosamente distribuído, contendo

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apenas informações que não possam
identificar o colaborador e o seu objeto.

Outro fator importante de ser mencionado nos elementos de referência é


o fato de estarmos diante de uma medida urgente, pois a própria lei
menciona que o juiz decidirá acerca da homologação, no prazo de 48
horas.

§ 1o As informações pormenorizadas da
colaboração serão dirigidas diretamente ao
juiz a que recair a distribuição, que
decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas.

Esse detalhe você pode voltar a mencionar no seu pedido, ou seja,


requerer que o juiz decida urgentemente, no prazo de 48 horas.

3.1.2 Preâmbulo

O preâmbulo é a parte inicial da peça, no caso da homologação de acordo


de delação premiada, você deve se legitimar para a propor a
homologação do acordo com fulcro no dispositivo legal da lei n°
12.850/13.

O art. 4°, §2° dá a legitimidade para o delegado representar:

§ 2o Considerando a relevância da
colaboração prestada, o Ministério Público,
a qualquer tempo, e o delegado de polícia,
nos autos do inquérito policial, com a
manifestação do Ministério Público,
poderão requerer ou representar ao juiz
pela concessão de perdão judicial ao
colaborador, ainda que esse benefício não
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tenha sido previsto na proposta inicial,


aplicando-se, no que couber, o art. 28 do
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
1941 (Código de Processo Penal).

Assim, um preâmbulo seria:

“A Polícia Civil do estado do ______, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelos arts. 4°, §2 e §7° da,
Lei n° 12.850/13, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da
polícia civil do estado para o qual está prestando concurso), vem,

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mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar
pela homologação do acordo de colaboração premiada abaixo
exposto, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir
passa a expor”.

3.1.3 Fatos

Nos fatos, você vai narrar os principais aspectos fáticos, bem como os
termos do acordo, e os possíveis resultados da colaboração.

Vale ressaltar também que vão anexos os termos de aceitação do


colaborador, e de seu defensor, devidamente assinados.

Importante também a especificação das medidas protetivas a serem


deferidas para o colaborador.

Segue o modelo:

Fatos

 Relato da colaboração e seus possíveis resultados


 Condições da proposta
 Declaração de aceitação do colaborador e de seu
defensor (podem seguir anexas).
 Especificação das medidas protetivas.

Você pode ainda relatar os termos do acordo com o anexo a sua peça, ou
seja, não vale a pena você relatar todos os termos do acordo na narrativa
fática, vale a pena você mencionar o acordo como anexo à sua peça. Mas
isso você só vai fazer se a questão lhe der indícios para que isso seja
feito. Se a questão quiser que você coloque todos os termos do acordo na
peça, o que acho difícil, você deve mencionar os termos de acordo no
53632000581

bojo da sua peça.

3.1.4 Fundamentos

O requisito de cabimento deve ser a caracterização da organização


criminosa, ou seja, você vai provar que existe uma O.C., de acordo com o
conceito da própria lei.

Além de mostrar que é uma O.C., você vai ter de mostrar que é
necessária a homologação do acordo para cumprimento do §7°, da Lei n°
12.850/13.

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Ou seja, é uma parte da peça bem tranquila, bem direta. Segue o modelo
de fundamentação coringa, que pode ser utilizado em qualquer questão
dessa natureza.

“Quanto ao cabimento da medida especial de investigação, temos


demonstrada a ocorrência de uma Organização Criminosa, nos
termos do art. 1°, §1°, da Lei 12.850/13, pois que cumpridos os
requisitos pessoal, estrutural e finalístico”.

“Quanto ao periculum in mora a medida é necessária, para que o


desbaratamento da O.C. seja concretizado, pois os resultados da
colaboração são claros e prováveis, reclamando de vossa
excelência a homologação do referido acordo, acima mostrado na
narrativa de fatos”.

3.1.5 Pedido

No pedido da homologação, você vai pedir para que o juiz homologue o


acordo de colaboração premiada, após a oitiva do membro do MP e, caso
entenda necessário a oitiva sigilosa do colaborador.

Lembre-se de que a ideia é pedir a homologação e não representar pelo


perdão judicial, ou qualquer outro benefício, isso vai ser feito por ocasião
da sentença. A decisão que você pleiteia aqui nesse momento é apenas a
homologação do acordo de colaboração premiada.

Um modelo de pedido seria:

Ante o exposto, solicito Vossa Excelência que homologue o termo


de acordo de colaboração premiada em todos os seus termos,
após a manifestação do membro do Ministério Público e a sigilosa
oitiva, se for o caso, do colaborador.

Solicita ainda que seja o pleito apreciado no prazo de 48(quarenta


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e oito) horas, nos termos do art. 7°, §1°, da Lei n° 12.850/13.

Nestes termos. Pede deferimento.

Local e data

Delegado de Polícia
Matrícula

Vamos colocar tudo agora num modelo único:

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA _____° VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE __________.

Sigiloso (art. 7°, caput)


Urgente (art. 7°, §1°)

“A Polícia Civil do estado do ______, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelos arts. 4°, §2 e §7° da,
Lei n° 12.850/13, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da
polícia civil do estado para o qual está prestando concurso), vem,
mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar
pela homologação do acordo de colaboração premiada abaixo
exposto, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir
passa a expor”.

1. Fatos

 Relato da colaboração e seus possíveis resultados


 Condições da proposta
 Declaração de aceitação do colaborador e de seu
defensor (podem seguir anexas).
 Especificação das medidas protetivas.

2. Fundamentos

Quanto ao cabimento da medida especial de investigação, temos


demonstrada a ocorrência de uma Organização Criminosa, nos
termos do art. 1°, §1°, da Lei 12.850/13, pois que cumpridos os
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requisitos pessoal, estrutural e finalístico.

Quanto ao periculum in mora a medida é necessária, para que o


desbaratamento da O.C. seja concretizado, pois os resultados da
colaboração são claros e prováveis, reclamando de vossa
excelência a homologação do referido acordo, acima mostrado na
narrativa de fatos.

3. Pedido

Ante o exposto, solicito Vossa Excelência que homologue o termo


de acordo de colaboração premiada em todos os seus termos,

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após a manifestação do membro do Ministério Público e a sigilosa
oitiva, se for o caso, do colaborador.

Solicita ainda que seja o pleito apreciado no prazo de 48(quarenta


e oito) horas, nos termos do art. 7°, §1°, da Lei n° 12.850/13.

Nestes termos. Pede deferimento.

Local e data

Delegado de Polícia
Matrícula

Vamos agora passar ao modelo da segunda medida, que é a ação


controlada.

3.2 Ação Controlada

A ação controlada na O.C. tem um regramento especial, ou seja, aqui


você não vai pedir nada ao juiz, vai apenas comunicar, para que o juiz
estabeleça limites, se entender prudente. Vamos aos principais aspectos.

A peça pode não seguir o modelo de petição, uma vez que não se vai
requerer, ou seja, pode ser feita por meio de ofício, uma vez que se trata
apenas de uma informação oficial, uma comunicação.

Como vamos enviar um ofício, não há necessidade de endereçamento,


você vai apenas colocar elementos de referência e introduzir o tema. Com
o vocativo.

3.2.1 Introdução

É bom colocar o nome ofício e um n°, após alguns elementos de


referência, nos quais devem constar o número do inquérito, ou do outro
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procedimento investigatório, além do nome sigiloso, que deverá constar


nos elementos de referência em cumprimento ao art. 8°, § 2°, da Lei n°
12.850/13.

§ 2o A comunicação será sigilosamente


distribuída de forma a não conter
informações que possam indicar a
operação a ser efetuada.

3.2.2 Corpo

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No corpo da sua peça de informação você vai relatar como será efetuada
a ação controlada com todos os seus detalhes e mencionar as vantagens
que advirão do retardamento da intervenção policial.

O objetivo dessa parte da peça é mostrar ao juiz que você entende ser
cabível a ação controlada para obter maior vantagem em relação ao que
se pretende, ou seja, desbaratar a O.C, além de punir uma maior
quantidade de envolvidos no crime.

Se for uma entrega vigiada, além dos requisitos acima, você vai ter de
mostrar que conhece o itinerário da entrega, para que possa ficar sob a
sua vigilância o produto do crime.

3.2.3 Conclusão

A conclusão de seu ofício deve mostrar que baseado no que foi mostrado
no corpo do ofício, informa ao juiz acerca da ação controlada que será
realizada em meio a uma O.C, com a finalidade de obter melhores
resultados com a ação policial.

Vale a pena mencionar o estabelecimento de limites e a comunicação ao


MP, nos termos do art. 8°, §1°.

§ 1o O retardamento da intervenção policial


ou administrativa será previamente
comunicado ao juiz competente que, se for
o caso, estabelecerá os seus limites e
comunicará ao Ministério Público.

Um modelo de conclusão seria:

Ante o exposto, comunica a vossa excelência a ação controlada


para que sejam estabelecidos limites, nos termos do art. 8°, §1°,
da Lei n° 12.850/13, comunicando após ao órgão do Ministério
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Público.

Atenciosamente,

Delegado de Polícia
Matrícula

Veja que a peça acima é bem simples e em alguns pontos será cobrado
de você alguns conhecimentos jurídicos simples, o principal é lembrar que
é uma medida que o juiz apenas comunica ao juiz, quando ocorrida em
meio a uma organização criminosa.

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3.3 Infiltração de Agentes Policiais

Na infiltração de agentes policiais temos que fazer uma representação ao


juiz, nela vamos solicitar a autorização para o deferimento da autorização
para que o agente policial possa ser infiltrado na O.C.

Como estamos diante de mais uma TEI que deve ser representada ao
juiz, vamos utilizar o modelo de petição, que deve ser distribuída ao juiz
competente.

3.3.1 Endereçamento

O endereçamento é fundamental na sua peça, e no caso de representação


por autorização para infiltração de agentes, geralmente ela é endereçada
ao juízo de direito da comarca onde ocorreu o delito. Lembrando que você
só vai fazer isso se tiver a convicção de que sabe qual é o local do crime.
Caso contrário, recomendo que você faça um endereçamento genérico
como o apresentado abaixo.

Aqui a ideia é seguir as regras de competência do CPP.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA _____° VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________.

Após o endereçamento, a título de elemento de referência, vale a pena


mencionar que a medida é sigilosa e merece ser distribuída dessa forma,
em atendimento ao dispositivo legal da Lei n° 12.850/13 (art. 12, caput).

Art. 12. O pedido de infiltração será


sigilosamente distribuído, de forma a não
conter informações que possam indicar a
operação a ser efetivada ou identificar o
agente que será infiltrado.
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Outro fator importante de ser mencionado nos elementos de referência é


o fato de estarmos diante de uma medida urgente, pois a própria lei
menciona que o juiz decidirá acerca da autorização, no prazo de 24 horas
após a manifestação obrigatória do MP.

§ 1o As informações quanto à necessidade


da operação de infiltração serão dirigidas
diretamente ao juiz competente, que
decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, após manifestação do Ministério
Público na hipótese de representação do
delegado de polícia, devendo-se adotar as
medidas necessárias para o êxito das

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investigações e a segurança do agente
infiltrado.

Esse detalhe você pode voltar a mencionar no seu pedido, ou seja,


requerer que o juiz decida urgentemente, no prazo de 24 horas, após a
manifestação do MP.

3.3.2 Preâmbulo

O preâmbulo é a parte inicial da peça, no caso da representação por


autorização para infiltração de agentes, você deve legitimar-se para
propor a medida com base no dispositivo legal da lei n° 12.850/13.

O art. 10, caput dá a legitimidade para o delegado representar:

Art. 10. A infiltração de agentes de polícia


em tarefas de investigação, representada
pelo delegado de polícia ou requerida pelo
Ministério Público, após manifestação
técnica do delegado de polícia quando
solicitada no curso de inquérito policial,
será precedida de circunstanciada,
motivada e sigilosa autorização judicial,
que estabelecerá seus limites.

Assim, um modelo de preâmbulo seria:

“A Polícia Civil do estado do ______, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelos art. 10, caput, da Lei
n° 12.850/13, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem
assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia
civil do estado para o qual está prestando concurso), vem, mui
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar
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pela autorização para infiltração de agente policial, pelos


fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”.

Veja que a representação é pela autorização. A infiltração será realizada


pela própria autoridade policial ou seu agente, o que geralmente ocorre.

3.3.3 Fatos

Nos fatos, você vai narrar os principais aspectos fáticos, envolvendo a


O.C., bem como citar os principais elementos fáticos do enunciado que
nos permitem observar ser a infiltração a ultima ratio.

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A técnica de narrativa é a mesma de sempre, ou seja, narrar
objetivamente, de forma a parafrasear o texto do enunciado.

Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre
destacando aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação
jurídica.

Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser
repetitivo em relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena
utilizar a regrinha da resposta às perguntas abaixo:

O que?

Quem?

Quando? ACONTECEU

Onde?

Por que?

Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem


objetivo, sua narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a
pontuação dessa parte estará garantida.

Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até


quando estiver contando uma história a algum colega.

3.3.4 Fundamentos

a) Cabimento

O requisito de cabimento deve ser a caracterização da organização


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criminosa, ou seja, você vai provar que existe uma O.C., de acordo com o
conceito da própria lei.

Ou seja, é uma parte da peça bem tranquila, bem direta. Segue o modelo
de fundamentação coringa, que pode ser utilizado em qualquer questão
dessa natureza.

“Quanto ao cabimento da medida especial de investigação, temos


demonstrada a ocorrência de uma Organização Criminosa, nos
termos do art. 1°, §1°, da Lei 12.850/13, pois que cumpridos os
requisitos pessoal, estrutural e finalístico, o que demonstra ser
cabível a medida pleiteada”.

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b) requisitos cautelares

O fumus comissi delicti aqui se conjuga nos indícios de que existe a O.C,
no entanto você já vai ter feito isso no início, quando falou sobre o
cabimento da medida.

Ou seja, praticamente cumprido esse requisito no parágrafo que você terá


redigido imediatamente acima.

Na mesma toada, vale a pena demonstrar o periculum in mora, que


nada mais é do que a indispensabilidade da medida cumulada com a
necessidade de se infiltrar um agente policial no anseio de obter fontes de
prova.

Um modelo de fundamentação nesse ponto seria:

Conforme demonstrado acima, há a configuração de uma O.C., nos


termos da conceituação legal, ou seja, está cumprido o requisito
do fumus comissi delicti, pois presente a materialidade delitiva em
relação ao crime de formação de O.C.

Por outro lado, a infiltração mostra-se como medida altamente


necessária, pois para a investigação caminhar rumo ao seu
objetivo final, é necessária a obtenção de mais elementos de
informação e fontes de prova, que possam reforçar os elementos
até então trazidos.

Ademais, a medida é a ultima ratio no que diz respeito à


investigação, ou seja, não há como prosseguir na busca e colheita
de fontes de prova e elementos de informação se não for deferida
a medida em apreço, tamanha é a estrutura da O.C.

Além disso, é importante mencionar o alcance das tarefas dos agentes, ou


seja, você vai provar em sua peça até que ponto os agentes infiltrados
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atuarão de forma dissimulada e sigilosa.

Ainda é bom ressaltar, que, nos termos da Lei, você deverá mencionar
sempre que possível, as informações relativas ao nome ou alcunha das
pessoas investigadas, bem como o local e que se dará a infiltração.

Art. 11. O requerimento do Ministério


Público ou a representação do delegado de
polícia para a infiltração de agentes
conterão a demonstração da necessidade
da medida, o alcance das tarefas dos
agentes e, quando possível, os nomes ou

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apelidos das pessoas investigadas e o local
da infiltração.

3.3.5 Pedido

No pedido da sua representação, você vai representar pela autorização


para infiltração policial, após a oitiva do membro do MP.

Aqui temos que ressaltar que a medida comporta prazo legal e você vai
sempre pedir pelo prazo máximo estabelecido em lei, que é de 6 (seis)
meses, nos termos do art. 10, §3°, da Lei n° 12.850/13.

§ 3o A infiltração será autorizada pelo


prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo
de eventuais renovações, desde que
comprovada sua necessidade.

Não mencione no seu pedido qualquer prorrogação, pois isso será feito
em momento posterior, quando você necessitar de uma prorrogação da
medida.

Um modelo de pedido seria:

Ante o exposto, representa essa autoridade policial a Vossa


Excelência para que autorize a infiltração do agente policial
____________________, na organização criminosa
supramencionada, autorizando além de sua infiltração pelo prazo
de 6(seis) meses, que condutas eventualmente delituosas
praticadas por eles sejam acobertadas pelo mando do estrito
cumprimento do dever legal e da inexigibilidade de conduta
diversa, não configurando, portanto, crime, por ser a medida de
direito adequada ao prosseguimento das investigações policiais.

Requer a oitiva do Ministério Público, nos termos do art. 10, §1°,


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da Lei n° 12.850/13.

Requer ainda que sejam concedidos ao agente infiltrado todas as


medidas protetivas previstas no art. 14 da mencionada Lei,
visando a sua proteção e integridade.

Nestes termos. Pede deferimento.

Local e data

Delegado de Polícia
Matrícula

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Veja que se trata de um pedido longo e com muitos detalhes, não se
esqueça de nenhum deles, a maioria está com previsão normativa na
própria lei de O.C., que você deve estar com ela na ponta da língua.

Vamos agora condensar todas essas informações em um modelo único de


representação:

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA _____° VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________.

Sigiloso (art. 12, caput)

Urgente (art. 12, § 1°)

A Polícia Civil do estado do ______, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelos art. 10, caput, da Lei
n° 12.850/13, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem
assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia
civil do estado para o qual está prestando concurso), vem, mui
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar
pela autorização para infiltração de agente policial, pelos
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Fatos

Narrar os fatos de forma objetiva e sucinta, mostrando fatos que


levam a caracterização da O.C., bem como o fato de que a medida
é necessária, citando fatos que corroborem essa tese.

2. Fundamentos Jurídicos
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2.1 Cabimento

Inicialmente podemos afirmar que estamos diante de uma


Organização Criminosa, nos termos da Lei de regência
(12.850/13), o que faz ser admissível a técnica de investigação
que ora se pleiteia a autorização.

2.2 Requisitos Cautelares

Conforme demonstrado acima, há a configuração de uma O.C., nos


termos da conceituação legal, ou seja, está cumprido o requisito
do fumus comissi delicti, pois presente a materialidade delitiva em
relação ao crime de formação de O.C.

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Por outro lado, a infiltração mostra-se como medida altamente


necessária, pois para a investigação caminhar rumo ao seu
objetivo final, é necessária a obtenção de mais elementos de
informação e fontes de prova, que possam reforçar os elementos
até então trazidos.

Ademais, a medida é a ultima ratio no que diz respeito à


investigação, ou seja, não há como prosseguir na busca e colheita
de fontes de prova e elementos de informação se não for deferida
a medida em apreço, tamanha é a estrutura da O.C.

3. Pedido

Ante o exposto, representa essa autoridade policial a Vossa


Excelência para que autorize a infiltração do agente policial
____________________, na organização criminosa
supramencionada, autorizando além de sua infiltração pelo prazo
de 6(seis) meses, que condutas eventualmente delituosas
praticadas por eles sejam acobertadas pelo mando do estrito
cumprimento do dever legal e da inexigibilidade de conduta
diversa, não configurando, portanto, crime, por ser a medida de
direito adequada ao prosseguimento das investigações policiais.

Requer a oitiva do Ministério Público, nos termos do art. 10, §1°,


da Lei n° 12.850/13.

Requer ainda que sejam concedidos ao agente infiltrado todas as


medidas protetivas previstas no art. 14 da mencionada Lei,
visando a sua proteção e integridade.

Nestes termos. Pede deferimento.

Local e data
53632000581

Delegado de Polícia
Matrícula

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5. Questões comentadas

A questão abaixo foi retirada de uma prova de delegado de polícia da


PCAP, realizada pela banca FGV, até agora foi a única questão de
concursos de delegado de polícia em que precisamos representar pelas
medidas investigativas da Lei n° 12.850/13.

Questão 01 (Modificada pelo professor Vinícius Silva)

(PCAP - 2010 – FGV) A polícia está investigando uma organização


criminosa integrada por policiais militares, bombeiros militares e
policiais civis cujos integrantes são suspeitos da prática de
homicídios, extorsão, concussão, corrupção ativa e passiva,
dentre outros crimes. De acordo com o que foi apurado até o
momento, esses agentes públicos exigem que os comerciantes e
moradores de uma determinada localidade paguem prestações
semanais em dinheiro. Os criminosos chegaram mesmo a assumir
a associação de moradores da comunidade, numa eleição marcada
pela intimidação dos eleitores. Inicialmente o pagamento era feito
para que os agentes públicos policiassem a área e não deixassem
que comerciantes e moradores fossem furtados, roubados ou
sofressem outros crimes. Porém, com o tempo, esse grupo de
agentes públicos passou a exigir também que os comerciantes e
moradores somente comprassem gás em botijão com
determinados revendedores, os quais eram, por sua vez,
obrigados a conceder parte dos ganhos a essa organização
criminosa. Aqueles que se recusaram a pagar foram espancados,
mortos ou expulsos da localidade em que a organização criminosa
atua. Ocorre que a investigação chegou a um ponto em que as
provas necessárias para identificar toda a cadeia de comando da
organização criminosa só podem ser obtidas com a colaboração de
alguém que participe da organização, já que nenhuma das vítimas
concorda em depor. Para dificultar ainda mais a investigação, os
criminosos não guardam qualquer espécie de registro de suas
53632000581

atividades e nenhum deles utiliza aparelhos telefônicos, com


receio de serem interceptados, só discutindo seus planos
criminosos na sede da associação. Na sede da delegacia
encontram-se dois agentes de polícia que se predispuseram
voluntariamente a ajudar na investigação, podendo inclusive
infiltrar-se nela com o objetivo de obter elementos de informação.
Na condição de delegado titular responsável pela investigação,
você chegou à conclusão de que é preciso lançar mão de medidas
investigatórias mais intensas. Diante desse quadro, redija a peça
prática própria para por em prática a medida de investigação
adequada para obter as informações que a polícia necessita,
apontando os dispositivos legais pertinentes e fundamentando a
necessidade da medida requerida. Fundamente as suas respostas

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demonstrando conhecimento acerca dos institutos jurídicos
aplicáveis ao caso e indicando os dispositivos legais pertinentes.

Comentário e modelo de peça

Podemos afirmar que se trata de uma típica situação em que temos


configurada uma organização criminosa do tipo milícia armada, que atua
em regiões de favelas e periferia exercendo o chamado estado paralelo,
por meio do qual um verdadeiro aparato administrativo atua com
violência para garantir que a população gaste seu dinheiro em
determinados pontos comerciais que são obrigados a pagar taxas ilegais
aos agentes delituosos com a finalidade de garantir a sua suposta paz.

Não há dúvidas de que e trata de uma verdadeira organização criminosa,


inclusive por conta da própria questão que já deixou claro que estamos
diante do referido instituto disciplinado pela Lei n° 12.850/13.

A medida a ser tomada é a infiltração dos dois agentes policiais que,


voluntariamente, se predispuseram a ajudar, inclusive com a infiltração,
se for o caso.

Assim, vamos ter de representar ao juiz pela autorização para a


infiltração dos agentes policiais. O que devemos ter em mente é que os
agentes de polícia deverão infiltrar-se na O.C., com a finalidade de
prosseguir na investigação. A medida é necessária para que não pereça a
própria investigação e o cabimento está satisfeito, pois temos um crime
de O.C. configurado, bem como agentes de polícia voluntários à
infiltração.

A peça, portanto, está definida e devemos mostrar agora como proceder


no caso concreto.

Não nos esqueçamos do prazo de 6 (seis) meses e da oitiva do MP acerca


do pedido de autorização. 53632000581

A distribuição deve ser sigilosa e urgente, haja vista o prazo exíguo que o
magistrado possui para analisar o pedido e o possível deferimento ser
dado.

Vamos à peça.

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA _____° VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________.

Inquérito Policial de n° ______.

Infiltração de Agente Policial em Organização Criminosa (art. 10


da Lei n° 12.850/13)

Sigiloso (art. 12, caput)

Urgente (art. 12, § 1°)

A Polícia Civil do Estado do ______, por meio do seu Delegado de Polícia,


ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas,
dentre outros dispositivos, pelos art. 10, caput, da Lei n° 12.850/13, bem
como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que
regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está
prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, representar pela autorização para infiltração de agentes
policiais, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a
expor.

1. Fatos

De acordo com os autos, até então ficou apurado que se trata de uma
organização criminosa que está atuando na forma de milícia armada,
praticando crimes de homicídios, extorsão, concussão, corrupção ativa e
passiva, dentre outros.

O grupo formado por policiais civis e militares e bombeiros atua obrigando


a população a comprar em determinados estabelecimentos comerciais que
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pagam taxas abusivas aos milicianos sob o pretexto de garantir a


segurança deles.

A investigação conseguiu apurar ainda que o os integrantes são


funcionários públicos, nos termos do Código Penal – CP, e aproveitam da
sua situação de agentes públicos para coagirem as testemunhas a não
prestar depoimento em sede policial, sob pena de serem mortas.

A investigação policial chegou num ponto em que não se pode mais


prosseguir na busca de informações, pois a Organização Criminosa não
faz contatos via telefone, o que inviabiliza a interceptação, tampouco há
outras medidas investigativas para serem colocadas em prática com o fito
de levar a investigação ao seu fim.

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Em anexo segue ainda o termo de anuência dos agentes policiais lotados
nessa delegacia que concordam com a execução da técnica e
voluntariam-se para atuarem como agentes infiltrados.

2. Fundamentos Jurídicos

2.1 Cabimento

Inicialmente podemos afirmar que estamos diante de uma Organização


Criminosa – O.C., nos termos da Lei de regência (12.850/13), o que faz
ser admissível a técnica de investigação que ora se pleiteia a autorização.

2.2 Requisitos Cautelares

Conforme demonstrado acima, há a configuração de uma O.C., nos


termos da conceituação legal, ou seja, está cumprido o requisito do fumus
comissi delicti, pois presente a materialidade delitiva em relação ao crime
de formação de O.C.

Por outro lado, a infiltração mostra-se como medida altamente


necessária, pois para a investigação caminhar rumo ao seu objetivo final,
é necessária a obtenção de mais elementos de informação e fontes de
prova, que possam reforçar os elementos até então trazidos.

Ademais, a medida é a ultima ratio no que diz respeito à investigação, ou


seja, não há como prosseguir na busca e colheita de fontes de prova e
elementos de informação se não for deferida a medida em apreço,
tamanha é a estrutura da O.C.

Portanto, nos termos da Lei n° 12.850/13, restam cumpridos os requisitos


cautelares para o deferimento da medida em apreço.

3. Pedido
53632000581

Ante o exposto, representa essa autoridade policial a Vossa Excelência


para que autorize a infiltração dos agentes policiais
____________________, na organização criminosa supramencionada,
autorizando além de sua infiltração pelo prazo de 6 (seis) meses, que
condutas eventualmente delituosas praticadas por eles sejam acobertadas
pelo mando do estrito cumprimento do dever legal e da inexigibilidade de
conduta diversa, não configurando, portanto, crime, por ser a medida de
direito adequada ao prosseguimento das investigações policiais.

Requer a oitiva do Ministério Público, nos termos do art. 10, §1°, da Lei
n° 12.850/13.

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Requer ainda que sejam concedidas aos agentes infiltrados todas as
medidas protetivas previstas no art. 14 da mencionada Lei, visando a sua
proteção e integridade.

Nestes termos. Pede deferimento.

Local e data

Delegado de Polícia
Matrícula

Veja que se seguiu o modelo na maior parte da peça. Tente


memorizar até os fundamentos que foram expostos, pois eles
podem ser utilizados como coringa.

6. Questões propostas

Questão 1 (Vinícius Silva):

Na 13ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal tramita o inquérito policial


de n° 145/2015, por meio do qual a Polícia Judiciária apura a suposta
prática de crimes de contrabando de armas, trazidas da Amazônia,
supostamente oriundas da região da Colômbia.

Até então se pode comprovar que a participação de André Tavares, que


seria o responsável pela compra das armas com o fornecedor da região
amazônica; Rui Andrade, que seria o responsável pela distribuição e
contato com clientes que integram pequenas “bocas de fumo”,
assaltantes e outras pessoas integrantes de gangues; O chefe da parte
logística seria Bruno Pereira, que organiza as entregas e os locais onde
elas devem ser efetuadas; Arnaldo Torres, que seria o piloto de fuga,
especialista em pilotagem de veículos e de aeronaves de pequeno porte,
pois trabalhou muito tempo em uma empresa de taxi aéreo.
53632000581

A polícia possui informações mediante a interceptação de comunicações


telefônicas, que um grande carregamento de armas será entregue e uma
pista de pouso particular que fica em uma grande propriedade particular
localizada em na cidade satélite de Planaltina.

As informações dão conta de que no dia, uma série de componentes da


organização estarão presentes, pois após a entrega haverá uma
repartição dos lucros entre os componentes.

Assim, verificando a possibilidade de obter um êxito maior na operação


policial, na qualidade de delegado de polícia, produza a peça cabível a
investigação policial nesse momento visando a colheita de resultados
mais amplos, no que diz respeito aos envolvidos nas práticas delituosas.

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Questão 2: (Vinícius Silva)

A Polícia Civil do Ceará está investigando um grupo que atua no tráfico de


seres humanos para a região sudeste do país, com a finalidade de
promover a prostituição de mulheres em estados como São Paulo e Rio de
Janeiro.

Até então foi apurado por meio do inquérito policial de n° 123/215, que
se trata de um grande grupo, de mais de 10 pessoas, que atuam de
forma organizada e que a chefia deles é exercida por uma mulher da alta
sociedade cearense, que atua cooptando jovens da periferia cearense
para o esquema de tráfico humano, sob o pretexto de encontrarem
emprego fácil e boas remunerações.

A investigação chegou num momento em que não consegue mais obter


informações acerca dos locais em que as garotas ficam escondidas, pois
tampouco consegue prosperar nas demais informações acerca do modus
operandi da suposta quadrilha.

Assim, diante dessas informações, Caio Prado, agente de polícia civil


lotado na Delegacia especializada em tráfico de seres humanos e crimes
sexuais do Estado do Ceará, voluntaria-se a ajudar de forma dissimulada,
infiltrando-se entre os criminosos, com o objetivo de obter mais
informações sobre as condutas perpetradas pelos agentes criminosos.

Diante da situação acima, represente ao juiz pela medida adequada para


o prosseguimento das investigações, visando à infiltração do agente de
polícia voluntário.

Bom esses são os problemas propostos de medidas investigativas


da Lei n° 12.850/13. Vamos agora verificar os modelos de
gabaritos para as questões propostas na aula anterior.

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7. Respostas dos exercícios da aula 10

Questão 1 (Vinícius Silva):

No dia 23 de abril de 2015, por volta de 19:00, uma equipe de policiais


militares do batalhão de policiamento comunitário foi acionada para uma
ocorrência na Av. Monte Sinai, aproximadamente na altura do número
500.

Ao chegar no local, a equipe se deparou com um veículo de cor preta,


sedã, de placas HHH-0000, onde encontrava-se o corpo de uma vítima,
de aproximadamente 35 anos de idade. No local encontrava-se o
motorista do carro, que narrou resumidamente aos policiais militares que
uma motocicleta de placas HXY-0123 abordou o carro naquela localização
e a pessoa que era levada na garupa da moto realizou 8 disparos de arma
de fogo que atingiram fatalmente a vítima. Após os disparos fatais ambos
saíram em alta velocidade.

No local foram constatadas a presença de cápsulas de munição


deflagradas e uma carteira que teria caído do bolso de um dos supostos
homicidas, contendo documentos de identificação de Bruno Tavares.

O motorista do veículo era Raimundo Alves e foi conduzido ao distrito


policial.

Diante do relato fático acima, na qualidade de delegado de polícia


responsável, elabore a peça cabível para iniciar o inquérito policial no
caso concreto abaixo narrado.

Comentário e modelo de peça.

Não temos muito o que comentar, uma vez que houve um crime de
morte, um homicídio e que ele deve ser investigado por meio de inquérito
policial. Não temos o nome de nenhum suspeito, a não ser o da carteira
53632000581

que foi deixada no local do crime. No entanto, a carteira pode ser fruto de
roubo ou furto, portanto, não podemos indiciar Bruno Alves com base
apenas nesse indício.

Portanto, para dar início ao inquérito policial é preciso que uma portaria
seja lavrada, com a finalidade de instaurar o procedimento em sede
policial.

Algumas diligências serão importantes, como o isolamento do local do


crime até a chegada dos peritos.

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A perícia criminalística no local de crime, assim como a apreensão dos
documentos que foram deixados e a pesquisa em ambas as placas de
veículo, da moto e do carro que foi alvejado juntamente com a vítima.

No mais, apenas determinar as medidas de praxe.

Vamos à peça.

PORTARIA DE INSTAURAÇÃO SEM INDICIAMENTO

Crime: Homicídio qualificado (art. 121, §2°, IV, do Código Penal)

O delegado de polícia ao final assinado, no uso de suas atribuições


que lhe são conferidas pelo ordenamento jurídico em vigor,
notadamente pelo art. 5°, I, do CPP, e pelo art. 2, §1°, da Lei n°
12.830/13, considerando o os fatos que foram trazidos a essa
autoridade policial por meio da polícia militar,

RESOLVE

instaurar inquérito policial para apurar a prática de crime de


homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima,
tipificado nos termos do art. 121, §2°, IV, do Código Penal, fato
ocorrido supostamente no dia 23 de abril de 2015, às 19:00, na
avenida Monte Sinai, próximo ao n° 500, nessa cidade, ocasião em
que uma pessoa foi alvejada por oito disparos de arma de fogo
que lhe ceifaram a vida, para tanto, determino as seguintes
diligências que devem ser cumpridas com a urgência que o caso
requer:

1. autuação desta e das demais peças que a


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compõe, para fins de instauração do inquérito


policial;

2. oitiva do Sr. Raimundo Alves, para que preste


os devidos esclarecimentos perante esta
autoridade policial;

3. isolamento do local do crime, caso já não tenha


sido realizado pela polícia militar, até a chegada
dos peritos;

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4. perícia técnica a ser realizada pelo instituto de
criminalística no local de morte violenta, a fim de
comprovar a dinâmica dos fatos, bem como
recolher demais elementos de informação
referentes à prática delituosa;

5. envio do cadáver, mediante ofício, para o


Instituto Médico Legal – a fim para realização de
exame cadavérico;

6. o recolhimento e apreensão dos cartuchos que


foram encontrados no local do crime, para
posterior exame de balística, visando verificar
quais as características da arma de fogo utilizada
no crime.

7. Oficiar ao Detran do local, visando ao


prontuário completo das placas HHH-0000 e HXY-
0123, devendo o órgão informar todas os
detalhes que envolvem os veículos acima;

8. Proceda-se à verificação dos antecedentes


criminais relativos à pessoa constante nos
documentos deixados no local do crime pelos
agentes delituosos.
53632000581

Cumpra-se.

Cumpridas as determinações acima, voltem-me os autos conclusos


para apreciação.
Local, data.

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Questão 2: (Vinícius Silva)

Na noite do dia 18 de junho de 2015, por volta de 21:30, dois homens


abordaram o vigilante profissional Francisco Vilas Boas, o qual estava de
serviço no prédio da Secretaria de Estado da Fazenda no plantão noturno.

Durante a abordagem, os dois homens renderam o vigilante com o uso de


arma de fogo do tipo pistola e exigiram a entrega da arma de fogo que
ele portava, um revólver calibre 38, da marca Taurus, pertencente à
empresa de segurança da qual é funcionário.

Ambos estavam em um carro de cor preta, de placas HYY-2222, que ficou


com motor ligado, aguardando a ação delituosa para que fosse
empreendida fuga. A equipe de policiais militares chegou ao local e
Francisco Vilas Boas disse que conhece um dos criminosos, pois é
conhecido pelos vigilantes como componente de uma quadrilha que atua
sempre do mesmo modo com a finalidade de roubar as armas de fogo dos
vigilantes. Ele declinou a alcunha do suspeito, que seria Poucas Trancas,
conhecido também pela polícia local.

Todos foram conduzidos à delegacia e na presença do delegado foram


realizados os procedimentos de praxe.

Na qualidade de delegado de polícia que preside a investigação, produza a


peça necessária à instauração do procedimento cabível, com as devidas
diligências cabíveis ao início da investigação.

Comentário e modelo de peça:

Trata-se mais uma vez de uma portaria de instauração de inquérito


policial, para apurar a prática de crime de roubo circunstanciado pelo uso
da arma de fogo.

O crime é comum no dia a dia das grandes metrópoles e geralmente é


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realizado por quadrilhas especializadas no roubo de armas de fogo


pertencentes a vigilantes privados que trabalham em empresas privadas e
órgãos públicos.

As diligências principais a serem adotadas inicialmente são a coleta do


depoimento da vítima e a verificação da placa do veículo utilizado na
fuga.

Cabe ainda ressaltar que um dos criminosos é conhecido pela polícia e foi
reconhecido pelo vigilante, ou seja, temos indícios de autoria suficientes e
materialidade comprovada para proceder ao indiciamento de um dos
agentes delituosos. Portanto, vamos elaborar uma portaria de instauração
com indiciamento de plano.

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Vamos à peça:

PORTARIA DE INSTAURAÇÃO COM INDICIAMENTO

Crime: roubo circunstanciado pelo uso de arma de fogo (art.157,


§2°, do Código Penal).

O delegado de polícia ao final assinado, no uso de suas atribuições


que lhe são conferidas pelo ordenamento jurídico em vigor,
notadamente pelo art. 5°, I, do CPP, e pelo art. 2, §1°, da Lei n°
12.830/13, considerando o os fatos que foram trazidos a essa
autoridade policial por meio da polícia militar,

RESOLVE

instaurar inquérito policial COM INDICIAMENTO AB INITIO para


apurar a prática de crime de roubo circunstanciado pelo uso de
arma de fogo, tipificado nos termos do art. 157, §2°, do Código
Penal, fato ocorrido no dia 18 de junho de 2015, às 21:15, na sede
da Secretaria de Estado da Fazenda, ocasião em que foi roubado
do vigilante do local, Francisco Vilas Boas, um revólver calibre 38,
marca Taurus, de propriedade da empresa de vigilância da qual
Francisco é funcionário. Foi informado pela vítima que um dos
criminosos é o indivíduo de alcunha Poucas Trancas, que já é
investigado pela prática de outros crimes de mesma natureza,
motivo pelo qual indicio Poucas Trancas como incurso no artigo
supramencionado, para tanto, determino as seguintes diligências
que devem ser cumpridas com a urgência que o caso requer.

53632000581

1. autuação desta e das demais peças que a


compõe, para fins de instauração do inquérito
policial, notadamente o depoimento da vítima,
que fundamenta o indiciamento de plano
realizado no bojo desta;

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3. isolamento do local do crime, caso já não tenha
sido realizado pela polícia militar, até a chegada
dos peritos e demais agentes de polícia judiciária;

4. a qualificação do indiciado com a posterior


aposição de seu nome na capa do inquérito e
inserção no sistema informatizado de
acompanhamento de procedimentos desta
delegacia e da secretaria de segurança pública;

5. Oficiar ao DETRAN do local, visando ao


prontuário completo do veículo de placas HYY-
2222, devendo o órgão informar todas os
detalhes que envolvem o veículo acima;

Cumpra-se.

Cumpridas as determinações acima, voltem-me os autos conclusos


para apreciação.
Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

Bom pessoal essa aula foi mais longa que as demais, mas justamente
pelo fato de envolver muitos detalhes teóricos. Espero que tudo tenha
sido devidamente entendido por todos e espero vocês no nosso último
encontro que será sobre a representação por exame de identificação
53632000581

criminal.

Abraços.

Bons Estudos.

Prof. Vinícius Silva.

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