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Engenharia Química/Civil

Laboratório de Física I
Introdução ao Laboratório

Introdução ao Laboratório de Física

Esta é uma aula introdutória. Nela, discutiremos como será o trabalho durante o curso, como
serão os relatórios, critérios de avaliação etc. Além disso, faremos uma breve revisão sobre
notação científica, operações com potências de 10, ordem de grandeza e algarismos
significativos.

1 Introdução
O curso de Laboratório de Física foi estruturado de modo a acompanhar, aproximadamente, o
conteúdo do curso teórico correspondente. No entanto, em alguns momentos, os experimentos
serão feitos depois ou antes da aula teórica, mas sem prejuízo para o aprendizado. Quando
realizada antes, a prática atua como importante base sobre o assunto que ainda será visto, depois,
como complemento da teoria.

2 O relatório
Os resultados dos experimentos e a sua discussão serão apresentados em relatórios, entregues
uma semana após a realização da atividade prática. Ele deverá ser claro e objetivo, sendo
assim, seja organizado e preciso na coleta de dados durante o experimento, pois ela influenciará
na qualidade do seu relatório.
Apresentaremos a seguir um modelo de relatório; esse formato não é único, mas irá auxiliá-
lo em seus primeiros trabalhos.

1. Capa: deverá conter a identificação da instituição, da disciplina, o nome e número da


prática, nomes dos integrantes do grupo, turma e curso.

2. Introdução: deve dar uma percepção global ao leitor do trabalho realizado.

3. Objetivos: o que se pretende obter com o experimento.

4. Material utilizado: materiais e equipamentos utilizados, inclusive o detalhamento de seu


funcionamento quando for importante para o melhor entendimento do experimento. Você
poderá utilizar também esquemas, desenhos ou fotos dos equipamentos/materiais, com
legendas que devem ser auto explicativas.

5. Fundamentos teóricos: é a base teórica que você utilizou para a realização do experi-
mento. Aqui você apresentará os conceitos físicos envolvidos na prática, trata-se de uma

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pesquisa em livros, artigos e também na internet. Sempre faça referência ao material uti-
lizado e cuidado com cópias diretas de sites (muitas vezes você acaba colocando teoria
que não é necessária, além de incompleta e com muitos erros conceituais.) Sempre
leia o que você escreve!

6. Procedimento experimental: descreve o que você fez. O tempo verbal refere-se às


coisas que foram feitas e não àquelas que serão feitas.

7. Resultados e discussão: parte mais importante de um relatório. Nesse momento, você


apresentará os resultados da atividade prática usando tabelas e gráficos enumerados,
com lengendas e títulos e, particularmente nos gráficos, não se deve esquecer de identi-
ficar as grandezas associadas aos seus eixos com suas respectivas unidades. A seguir,
apresentaremos dois exemplos, uma tabela e um gráfico, típicos de um relatório:

Tabela 1: Posição em função do tempo medidos no trilho de ar.

Posição (m) Tempo (s)


!"##$% 10 10
* * 20 20
%* *+,, 30 30
-- %+,.
/% /+--
/, 0+-
1% 1+/
34$567)67)879:8#;$7)5;:<7=8#
&74:>?7)#8)<5;>?7)67)$#8@7
11
1*
01
0*
/1
@74:>?7)A8B

/*
-1
-*
%1
%*
1
*
* *+1 % %+1 - -+1 / /+1 0 0+1 1 1+1 2
$#8@7)A4B

Figura 1: Modelo de gráfico de um relatório típico.

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Discuta bem os seus resultados. O trabalho experimental é riquíssimo nesse aspecto;


compare valores medidos com a previsão teórica, discuta possíveis fontes de erro expe-
rimental, converse com os outros grupos. Esse intercâmbio é fundamental para o seu
desenvolvimento científico.

8. Conclusões: para escrever suas conclusões sobre o experimento, você deve recorrer aos
seus objetivos iniciais: eles foram atingidos? Quais os problemas encontrados?

9. Bibliografia: lista de obras, artigos e sites pesquisados. Use, preferencialmente, as nor-


mas da ABNT.

Finalmente, é importante destacar também a estética do seu relatório. Um bom trabalho


também vem acompanhado de uma boa formatação e apresentação. Procure manter coerência
entre fontes utilizadas, cores adotas, formatos de gráficos e tabelas. Tenha um padrão e pro-
cure melhorá-lo a cada sugestão do professor. Aprenda a usar um bom editor de equações
(os editores de texto convencionais já possuem os seus.) O MSWord possui o Equation e no
OpenOffice temos o Math. Procure o professor da disciplina ou o técnico de laboratório, eles
poderão orientá-lo melhor.
As práticas serão postadas no site http://sites.google.com/site/fisicaboer/, no
link Laboratório de Física I. Estude a prática em sua casa antes de realizá-la, isso irá tornar o
processo de execução no laboratório mais produtivo.

3 Potência de 10 e algarismos significativos

3.1 Potência de 10
O diâmetro do Sol é aproximadamente 1.392.000.000 m; conforme o modelo de Rutherford, o
raio do próton é aproximadamente 0,000000000000001 m. Números assim não são corriqueiros
em nosso dia a dia e, por isso, é muito comum escrevê-los em potências de 10. Um número
grande em potência de 10 tem a forma:

X · 10n (1)

onde 1 ≤ X < 10 e n é o número de casas decimais depois da vírgula em X. Já um número


pequeno fica:
X · 10−n (2)

note que o expoente da potência de 10 é negativo. Portanto, os diâmetros do Sol e de um próton,


reescritos em potências de 10, serão, respectivamente, 1, 392 · 109 m e 1 · 10−15 m.

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Finalmente, e importante destacar tambem a estetica do seu relatorio. Um bom trabalho
tambem vem acompanhado de uma boa formatacao e apresentacao. Procure manter coerencia entre
fontes utilizadas, cores adotas, formatos de graficos e tabelas. Tenha um padrao e procure melhora-
lo a cada sugestao do professor. Aprenda a usar um bom editor de equacoes. Engenharia Química/Civil
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As praticas serao postadas no site http://sites.google.com/site/fisicaboer/, no link
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Laboratorio de Fisica I. Estude a pratica em sua casa antes de realiza-la, isso ira tornar o processo
de execucao no laboratorio mais produtivo.
3.2 Algarismos significativos
3. Algarismos
A precisão de umasignificativos
medida depende do instrumento de medida utilizado. Imagine medir o
comprimento de uma de
A precisao uma usando
barra medida depende do instrumento
duas réguas de medida
diferentes: umautilizado.
graduada Imagine medir o
em milímetros ea
comprimento de uma barra usando duas reguas diferentes: uma graduada em milimetros e outra so
outra em centímetros. A precisão da primeira régua é maior do que a da segunda, veja na figura
com as marcacoes em centimetros. A precisao da regua milimetrada e maior do que a da
2:
centrimetrada, .

10 20

mm

10 20

cm
Na regua milimetrada, a barra esta entre o oitavo e o nono milimetro; por estimativa, podemos dizer
Figura
que sua medida e 8,42: Cada
mm. Noteinstrumento de 4medida
que o algarismo possui
e duvidoso, poisuma precisão.nao possui a
o instrumento
precisao necessaria para determina-lo (ja que a regua nao possui divisoes menores que 1 mm). O

Na régua milimetrada, a barra está entre o oitavo e o nono milímetro; por estimativa,
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pode-
mos dizer que sua medida é 8,4 mm. Note que o algarismo 4 é duvidoso pois o instrumento
não possui a precisão necessária para determiná-lo (a régua não tem divisões menores do que
1 mm). O algarismo 8 é chamado de correto e o instrumento permite sua medida. A mesma
medida na régua com divisões em centímetros, pede uma estimativa já no primeiro algarismo.
Nela, sabemos apenas que a barra é maior do que 5,0 mm e isso nos permite estimar algo em
torno de 8,0 mm ou 9,0 mm; quando o primeiro algarismo já é duvidoso, a medida não possuirá
algarismos corretos.
Os algarismos corretos e o primeiro duvidoso de uma medida serão chamados de algaris-
mos significativos. Assim, a primeira medida possui dois algarismos significativos enquanto a
segunda apenas um. Ao efetuar algum cálculo com vários números e cada um deles possuir uma
precisão diferente, adote sempre o menor número de algarismos significativos para a resposta
final e, para arredondar o resultado, use a seguinte regra: se o primeiro número desprezado
depois do último algarismo significativo é maior ou igual a 5, acrescentaremos uma unidade no
último algarismo significativo, ou seja, os números 4,345 e 5,623, com duas casas decimais,
ficariam 4,35 e 5,62. A seguir, algumas observações importantes:

1. As constantes que aparecem nas expressões devem ser consideradas com infinitos alga-
rismos significativos. Ao se operar com elas, basta aplicar as regras considerando esse
fato;

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2. Em multiplicações envolvendo constantes irracionais, como o π, utilize 2 algarismos a


mais do que o fator com o maior número algarismos significativos;

3. Em operações sucessivas, o arredondamento deve ocorrer somente na resposta final.

4 Incerteza de uma medida


A incerteza absoluta ou desvio avaliado de uma medida é o intervalo de incertezas fixado pelo
operador com o sinal mais ou menos (±). Não existe uma regra para se determinar a incerteza
de uma única medida pois ela dependerá de fatores ligados às condições da leitura, isto é,
do instrumento utilizado, da perícia do experimentador, de sua segurança, das condições nas
quais a medida é realizada, da facilidade na leitura da escala, da própria avaliação do algarismo
duvidoso etc. É importante considerar que a avaliação da incerteza de uma medida depende,
fundamentalmente, do bom senso do experimentador.
Uma maneira de apresentar a incerteza de uma única medida é utilizar a metade da menor
divisão da escala; assim, a menor divisão de uma régua com divisões em milímetros é 1 mm
e a incerteza de uma medida feita com ela, segundo esse critério, será 0,5 mm. Utilizando essa
régua para medir o comprimento de uma caneta esferográfica comum, encontraremos aproxi-
madamente 147 mm; levando-se em conta a incerteza da medida, esse valor deve ser expresso
na forma (147, 0 ± 0, 5) mm.
Existem autores que adotam como incerteza 10% da menor divisão da escala. Nesse caso, a
medida anterior seria (147, 0 ± 0, 1) mm. Alguns instrumentos de medida já possuem gravados
no seu corpo a precisão que devemos considerar.
Mais adiante, veremos como operar alguns instrumentos de medida muito comuns nos la-
boratórios de Física.

5 Prefixos e unidades

Tabela 2: Unidades de comprimento

1 nanômetro 1 nm 10−9 m
1 micrômetro 1µm 10−6 m
1 milímetro 1mm 10−3 m
1 centímetro 1cm 10−2 m
1 quilômetro 1 km 103 m

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Tabela 3: Unidades de massa

1 micrograma 1µg 10−6 g 10−9 kg


1 miligrama 1mg 10−3 g 10−6 kg
1 grama 1 g 10−3 kg −

Tabela 4: Unidades de tempo

1 nanosegundo 1 ns 10−9 s
1 microssegundo 1µs 10−6 s
1 milissegundo 1 ms 10−3 s

6 Exercícios
1. Usando a definição 1 milha = 1,61 km, calcule o número de quilômetros em 5 milhas.

2. De acordo com o rótulo de um frasco de molho para salada, o volume do conteúdo é de


0,473 litros (`). Usando a conversão 1` = 1000cm3 , expresse esse volume em milímetros
cúbicos.

3. Calcule o tempo em nanosegundos que a luz leva para percorrer uma distância de 1 km
no vácuo.

4. A densidade do chumbo é 11,3 g/cm3 . Qual é esse valor em quilogramas por metro
cúbico?

5. Qual será a sua idade daqui a 1 bilhão de segundos?

6. Ao dirigir em um país exótico você vê um aviso de limite máximo de velocidade de 100


mi/h na auto-estrada. Expresse esse limite em km/h e m/s.

7. A milha é uma unidade de comprimento muito usada nos Estados Unidos e na Europa.
Sabendo que 1 mi é aproximadamente igual a 1,61 km, calcule o número de metros qua-
drados existentes em uma milha quadrada.

8. Em janeiro de 2006, astrônomos relataram a descoberta de um planeta comparável em


tamanho à Terra, na órbita de outra estrela e com massa aproximadamente 5,5 vezes a
massa da Terra. Acredita-se que consista de um misto de rocha e gelo, semelhante a
Netuno. Se esse planeta possui a mesma densidade de Netuno (1,76 g/cm3 ), qual é o
seu raio expresso a) em quilômetros e b) como múltiplo do raio da Terra? (Consulte o
professor sobre os dados de astronomia necessários.)

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9. A energia de repouso E de um corpo em repouso de massa m é dada pela equação de


Einstein:
E = mc2

onde c é a velocidade da luz no vácuo. Determine E para um corpo que possui massa
m = 9, 11 × 10−31 kg (a massa do elétron com três algarismos significativos). A unidade
no sistema internacional para energia é Joule (J). Dado: c = 2, 99792458 × 108 m/s.

10. Você pode estimar o total de dentes na boca de todos (alunos, funcionários e acadêmicos)
no seu campus? (Sugestão: quantos dentes há em sua boca? Conte-os!)

Referências
[1] Ramalho Junior, R.; Ferraro, N. G.; Soares, P. A. T. Os fundamentos da Física - 1, Editora
Moderna, 2003.

[2] Young, H. D.; Freedman, R. A.; Ford, A. Lewos. Sears & Zemansky - Física I, Editora
Pearson, 2009.

[3] Apostila de laboratório de Física 1, Universidade Federal de Goiás.

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