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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0000177-53.2016.8.05.0271

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : MUNDIAL EDITORA E DISTRIBUIDORA DE LIVROS
LTDA

Recorrido(s) : BEATRIZ NEVES DOS SANTOS

Origem : VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - VALENÇA


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA.


ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA. AUSÊNCIA
DE CONTRATAÇÃO. RÉU QUE NÃO JUNTA AOS AUTOS
INSTRUMENTO CONTRATUAL, NEM ELEMENTOS INDICATIVOS DA
REGULAR AVENÇA. (ART.373, INCISO I DO NCPC). COBRANÇA
INDEVIDA. INSCRIÇÃO DO NOME DA PARTE AUTORA NOS
CADASTROS DE PROTEÇÃO DE CRÉDITO. DANO MORAL IN RE
IPSA. QUANTUM ARBITRADO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA
MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou


procedente em parte a ação, nestes termos: “Ante ao exposto, julgo PROCEDENTES
os pedidos formulados na exordial para condenar a acionada a: I- pagar a parte autora
importância de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de indenização por danos morais, valor este
que deverá ser acrescido de juros legais de 1% ao mês e correção monetária a contar da data do
seu arbitramento; II- a proceder ao cancelamento do nome da parte autora do rol de restrição ao
crédito, no prazo de 05 dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 100,00 (cem reais)..”.

2. Alega a parte autora que tivera o seu nome negativado nos órgãos de
proteção ao crédito em virtude de dívida que desconhece, haja vista não ter
celebrado qualquer contrato com a empresa demandada, e nem mesmo solicitado
produtos, que teriam sido remetidos à sua residência sem o seu prévio
consentimento. Requer a procedência dos pedidos e indenização por danos
morais.

3. A recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em síntese, que o


contrato fora validamente celebrado entre as partes, através de contato telefônico,
sendo a dívida legitimamente constituída, lastreada no contrato firmado entre as
partes. Que a negativação decorreu do inadimplemento do mencionado contrato, o
que constitui direito da parte credora, inexistindo portanto cobrança idnevida ou
falha na prestação dos serviços, requerendo por fim a improcedência dos pedidos.
4. A despeito das alegações da acionada sobre a legalidade da anotação
realizada, não apresenta documentação que corrobore suas alegações. Com
efeito, tendo a parte autora alegado que não firmara o contrato em tela, incumbia à
parte ré não somente a prova acera da existência da relação jurídica, através da
juntada do instrumento contratual com a assinatura da parte autora, como também
de que a inclusão do seu nome ocorrera em virtude de dívida regularmente
constituída, o que todavia não fora feito na hipótese. A alegação da ré de que
firmada contrato verbal com a parte acionante não restara comprovada nos autos,
não tendo sido juntada a suposta gravação, ônus da prova que incumbia á parte ré.
5. A parte autora, por sua vez, colaciona aos autos consulta do órgão de
proteção ao crédito no evento 01, em que consta o apontamento indevido, por
solicitação da demandada, desincumbindo-se assim do ônus de provar o fato
constitutivo de seu direito , nos termos do art.373, inciso I do NCPC. É
cediço na jurisprudência pátria que a negativação do nome do consumidor
nos cadastros de proteção ao crédito por cobrança indevida gera dano moral
in re ipsa, que prescinde de comprovação.
6. . O valor da reparação do dano moral deve ser fixado de acordo com os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, os quais, em síntese apertada
querem significar, aquilo que é justo e na medida certa.

7. Da mesma forma, a fixação do montante indenizatório deve guardar uma


equivalência entre as situações que tragam semelhante colorido fático. As
variações nos valores das indenizações existem conforme as circunstâncias fáticas
que envolvam o evento.
8. O valor da indenização fixado pelo juiz sentenciante, a título de danos morais,
guarda compatibilidade com o comportamento do recorrente e com a repercussão
do fato na esfera pessoal da vítima e, ainda, está em harmonia com os princípios
da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser mantido.
9. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER e NEGAR PROVIMENTO AO
RECURSO INTERPOSTO, para manter a sentença objurgada pelos próprios
fundamentos. Custas processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que
arbitro em 20% sobre o valor da condenação.

10. Salvador, Sala das Sessões, 13 de Abril de 2017.


11. BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
12.Juíza Relatora
13.BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
14.Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0000177-53.2016.8.05.0271

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : MUNDIAL EDITORA E DISTRIBUIDORA DE LIVROS
LTDA

Recorrido(s) : BEATRIZ NEVES DOS SANTOS

Origem : VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - VALENÇA


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata
do julgamento. Custas processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que
arbitro em 20% sobre o valor da condenação.

Salvador, Sala das Sessões, 13 de Abril de 2017.


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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