ATIVIDADE REFLEXIVA DA DISCIPLINA DE METODOLOGIA PARA O ENSINO DE
FILOSOFIA – DA ANTIGUIDADE À MODERNIDADE.
Os primeiros filósofos se definiam como amantes do conhecimento/sabedoria e
com isso queriam dar a entender que formavam uma nova classe. Contudo, desde séculos antes dos filósofos gregos, já haviam estudiosos pelo mundo. Egito, Babilônia, Pérsia, Israel, várias nações possuíam um corpo de eruditos que eram respeitados pelo grande conhecimento que acumularam, e que também amavam a sabedoria. A marca que distinguia os filósofos gregos não era o sentimento que nutriam pelo conhecimento, mas as fontes em que buscavam esse conhecimento. Os sábios antigos eram profundos conhecedores de textos sagrados e tradições. A sabedoria estava em acumular e interpretar o saber antigo, legado à comunidade por guias espirituais especialmente iluminados. Em Israel, um amante do saber era aquela que se aplicava no estudo da Torá. No Egito, o sábio era o conhecedor dos textos hieroglíficos que revelavam o caminho da imortalidade. E para os gregos anteriores à Tales (Séc VII – VI a.C), a sabedoria era prerrogativa dos rapsodos, poetas divinamente inspirados para narrar os mitos. É nesse sentido que os filósofos trazem algo novo através de seu compromisso com a razão. O conhecimento que os filósofos amam não é o repositório da tradição, mas uma busca racional na observação da phisis, para se conhecer a arché. O período Clássico da História da Filosofia, que vai de Sócrates até o incío da Idade Média (séc. VI d. C.), amplia o escopo da investigação filosófica, mas utilizada muitos conceitos desenvolvidos durante o período pré-socrático. A tese de muitos pensadores, entre eles Parmênides, de que o cosmo é regido por um princípio racional unificador continuará com uma crença básica de Sócrates, Platão, Aristóteles e seu seguidores. No período helenístico, esse princípio será conhecido como Logos, vocábulo grego que está na origem da compreensão moderna de “Razão”. Durante a Idade Média, que é tradicionalmente identificada com o período entre o século V e o XV da Era Comum, a razão se tornou a serva da fé. A filosofia Patrística e Escolástica não negaram a importância do uso da capacidade racional do homem, mas colocaram ressalvas. Os pensadores medievais listaram a razão entre as ferramentas da teologia. Para que a razão fosse útil, deveria ser usada de forma correta, isto é, para robustecer a teologia e fortalecer a religião. A partir do século XII, principalmente por conta do contato com o Oriente promovido pelas Cruzadas, o Ocidente teve um reencontro com a filosofia aristotélica, de viés mais imanentista que o platonismo subjacente ao pensamento agostiniano. Inspirados pelo aristotelismo, Tomas de Aquino, Guilherme de Ockham e Duns Scotus, para citar alguns, conferiram mais respeitabilidade para o raciocínio lógico, embora ainda balizado pela autoridade das Escrituras e da Igreja. Na última etapa da Idade Média, entre os séculos XIV e XV, houve um grande entusiasmo pela Antiguidade Clássica. A cultura de gregos e romanos foi resgatada e passou a ser referência para a arte e filosofia europeia. Esse foi o período do Renascimento. A efervescência cultural renascentista provocou grande mudanças, gerando o zeitgeist da Idade Moderna. A ênfase sobre o homem o mundo natural superaram gradativamente o teocentrismo do medievo. A filosofia moderna se caracteriza como um programa racional de estudo do cosmo. É tributário do espírito dos filósofos clássicos, mas possui um caráter mais profundo. Essa profundidade se deve principalmente à contribuição do método cartersiano. René Descartes, pai do racionalismo e marco da modernidade, confia no poder da razão como meio de descobrir a verdade. Mas é um meio falível, pois o humano é falho, logo a racionalidade, como capacidade humana, também é passível de equívocos. Assim, Descartes propõe que a razão deve ser aplicada de forma metódica para que seus resultados sejam seguros. Ao lado do racionalismo cartersiano, e muitas vezes contrário a ele, desenvolveu-se o empirismo. Bacon, Locke e Hume são lembrados por sua proposição de que todo o conteúdo da mente é oriundo de nossas percepções sensoriais. A querela entre racionalistas e empiristas agitou a filosofia moderna, com importante defensores e partidários de cada lado, até a publicação da obra do pensador prussiano Immanuel Kant. Em seu livro Crítica da Razão Pura (1781), Kant conciliou as premissas racionalistas e empiristas no que ficou conhecido como criticismo kantiano. Em Kant, a razão é a responsável por mediar as experiências sensíveis e construir as ideias. Ela é o elo entre os conhecimentos a priori e a posteriori.A partir de então, nenhuma filosofia séria conseguiu ficar indiferente à sua obra. Kant é a conclusão da Filosofia Moderna e o pórtico da Filosofia Contemporânea.