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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

AUTORES

WALDECI GOUVEIA RODRIGUES, CAP BM.


WILLIAM FÉLIX DE PAULA, 2º SGT BM.
JOSÉ MARCELO LIMA DE OLIVEIRA, 2º SGT BM.
DENIS OLIVEIRA DE MELO, 2º SGT BM.

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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CONSULTORIA E REVISÃO TÉCNICA

DENISE MARQUES DE ASSIS

• Médica formada em 1988 na Faculdade de Medicina da UFMG.


• Especialização em Neurocirurgia na Faculdade de Medicina da USP de
Ribeirão Preto – SP.
• Médica da PMMG desde 12/03/1993 - Neurocirurgiã do Hospital da Polícia
Militar.
• Médica da Emergência do Hospital de Pronto Socorro do João XXIII.
• Preceptora do estágio de Neurotraumatologia Pediátrica do HPS João XXIII,
da Residência de Neurocirurgia da FHEMIG - Fundação Hospitalar do Estado
de MG.
• Monitora do PHTLS.
• Coordenadora de Pronto Socorrismo do Treinamento Policial Básico.
• Presidente da Liga Mineira do Trauma - 2007/09.
• Representante do Projeto Pense Bem (prevenção ao neurotrauma) da
Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.

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COLABORADORES

Elcione Menezes Alves, 2º Ten BM


Elizabeth Regina Moreira Da Ros, 2º Sgt BM
Alberto Maria Alves de Brito, 2º Sgt BM
Makson Alexandre Nogueira Alves Ribeiro Novaes, 2º Sgt BM
Roger Wladimir Ferreira, Cb BM
Gleisson de Freitas Minelli, Cb BM
Lynésio Guimarães Machado Filho, Cb BM
Leonardo Alexandre da Silva Caetano, Sd BM
Alberto Rocha Falcão Neto, Sd BM
Cláudio Augusto dos Santos, Sd BM
Filipe Bageto Moreira, Sd BM
Diego Anderson Rocha de Carvalho, Sd 2ª Cl

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PREFÁCIO

No mundo de hoje, a globalização é a grande responsável pela difusão de


assuntos, que antes eram do domínio de poucos. A Internet diminuiu as fronteiras,
as imagens digitais transmitem com uma fidelidade muito grande o que antes
tínhamos que utilizar a nossa imaginação para completar.

Mas, depois de tudo isto, ainda há lugar para um manual para instrução de
Primeiros Socorros? A resposta é simples: SIM!

O que faz a grande diferença é quem está por trás deste livro, qual o seu
olhar e a sua experiência sobre o assunto tratado, o que é que você pode passar
para o papel o que não se encontra em livros, mas a experiência lhe ensinou.

Parabéns ao Corpo de Bombeiros de Minas Gerais por ter em seu quadro


pessoas tão brilhantes e que não medem esforços para salvar vidas. Sinto-me muito
mais feliz por saber que vocês estão nas ruas a zelar por nós.

Belo Horizonte, 14 de março de 2008.

DENISE MARQUES DE ASSIS

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I
ANATOMIA, FISIOLOGIA E USO DE EPI.
Conceito de anatomia e divisão do corpo ----------------------------------------Pág. 9
Sistema esquelético ------------------------------------------------------------------- Pág. 9
Sistema circulatório ------------------------------------------------------------------ Pág. 11
Sistema nervoso ---------------------------------------------------------------------- Pág. 13
Sistema respiratório ----------------------------------------------------------------- Pág. 13
Sistema digestório ------------------------------------------------------------------- Pág. 15
Sistema urinário ---------------------------------------------------------------------- Pág. 16
Sistema tegumentar ---------------------------------------------------------------- Pág. 16
Sinais vitais ---------------------------------------------------------------------------- Pág. 18
Utilização de EPI --------------------------------------------------------------------- Pág. 21
CAPÍTULO II
AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO.
Formas de consentimento --------------------------------------------------------- Pág. 23
Definição de trauma e emergências clínicas ---------------------------------- Pág. 23
Algoritmo de atendimento ---------------------------------------------------------- Pág. 25
Vítimas inconscientes --------------------------------------------------------------- Pág. 26
Vítimas conscientes ----------------------------------------------------------------- Pág. 31
CAPÍTULO III
SUPORTE BÁSICO DE VIDA.
Parada cárdio-respiratória --------------------------------------------------------- Pág. 33
Obstrução das vias aéreas -------------------------------------------------------- Pág. 35
Desfibrilador externo automático ------------------------------------------------- Pág. 38

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CAPÍTULO IV
HEMORRAGIAS, FERIMENTOS E ESTADO DE CHOQUE.
Estado de choque e classificação ------------------------------------------------ Pág. 40
Reconhecimento ---------------------------------------------------------------------- Pág. 41
Tratamento ----------------------------------------------------------------------------- Pág. 42
Hemorragias e Ferimentos --------------------------------------------------------- Pág. 42
Tratamento para hemorragias externas e internas -------------------------- Pág. 43
Ferimentos no crânio ---------------------------------------------------------------- Pág. 44
Ferimentos na face ------------------------------------------------------------------ Pág. 45
Ferimentos na orelha ---------------------------------------------------------------- Pág. 46
Ferimentos no nariz ------------------------------------------------------------------ Pág. 46
Ferimentos no pescoço ------------------------------------------------------------- Pág. 46
Ferimentos no tórax ----------------------------------------------------------------- Pág. 47
Ferimentos no abdômen ------------------------------------------------------------ Pág. 48
CAPÍTULO V
TRAUMAS MÚSCULO-ESQUELÉTICOS.
Fraturas --------------------------------------------------------------------------------- Pág. 50
Luxação --------------------------------------------------------------------------------- Pág. 51
Entorse ---------------------------------------------------------------------------------- Pág. 51
Trauma de crânio --------------------------------------------------------------------- Pág. 52
Trauma de tórax ---------------------------------------------------------------------- Pág. 54
Trauma de bacia ---------------------------------------------------------------------- Pág. 55
Trauma de coluna -------------------------------------------------------------------- Pág. 56
Fraturas na cintura escapular ----------------------------------------------------- Pág. 58
Fraturas em membros superiores e inferiores -------------------------------- Pág. 58
Fraturas expostas -------------------------------------------------------------------- Pág. 59
CAPÍTULO VI
QUEIMADURAS E CHOQUE ELÉTRICO.
Queimaduras e classificação ------------------------------------------------------ Pág. 62
Queimaduras graves----------------------------------------------------------------- Pág. 64
Procedimentos ------------------------------------------------------------------------ Pág. 64
Choque elétrico ----------------------------------------------------------------------- Pág. 65
Quadro clínico e tratamento ------------------------------------------------------- Pág. 66

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CAPÍTULO VII
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Angina e infarto agudo do miocárdio -------------------------------------------- Pág. 68
Acidente vascular cerebral --------------------------------------------------------- Pág. 69
Desmaio -------------------------------------------------------------------------------- Pág. 70
Convulsão ------------------------------------------------------------------------------ Pág. 70
Asma ou bronquite ------------------------------------------------------------------- Pág. 71
Diabetes -------------------------------------------------------------------------------- Pág. 72
CAPÍTULO VIII
ANIMAIS PEÇONHENTOS
Definição -------------------------------------------------------------------------------- Pág. 75
Ação do veneno ---------------------------------------------------------------------- Pág. 75
Condutas ------------------------------------------------------------------------------- Pág. 76
Raiva ------------------------------------------------------------------------------------ Pág. 77
Conduta --------------------------------------------------------------------------------- Pág. 78
CAPÍTULO IX
AFOGAMENTO
Classificação do afogamento ------------------------------------------------------ Pág. 80
Tratamento ----------------------------------------------------------------------------- Pág. 82
Prevenção ------------------------------------------------------------------------------ Pág. 83
CAPÍTULO X
PARTO
Sinais de parto ------------------------------------------------------------------------ Pág. 85
Conduta --------------------------------------------------------------------------------- Pág. 86
Complicações de parto ------------------------------------------------------------- Pág. 87
Conduta --------------------------------------------------------------------------------- Pág. 87

BIBLIOGRAFIA -------------------------------------------------------- Pág. 88

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CAPITULO I

ANATOMIA, FISIOLOGIA E USO DE EPI

OBJETIVOS DO CAPÍTULO

• Descrever a posição anatômica;


• Descrever a divisão do corpo;
• Conhecer os principais sistemas do
corpo humano e suas funções;
• Conhecer os sinais vitais e os
valores normais para o ser humano;
• Definir a diferença entre lactentes,
crianças e adultos;
• Conscientizar o aluno sobre a
utilização de equipamentos de
proteção individual.

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CAPÍTULO I

CONCEITO DE ANATOMIA

No seu conceito mais amplo, a Anatomia é a ciência que estuda macro e


microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres humanos.

POSIÇÃO ANATÔMICA

Para evitar o uso de termos diferentes


nas descrições anatômicas, uma vez que a
posição pode ser variável, optou-se por uma
posição padrão. Nessa posição o indivíduo
deve estar em posição ereta, posição
ortostática, com a face voltada para frente, o
olhar dirigido para o horizonte, os membros
superiores estendidos ao tronco e com as
palmas voltadas para frente e os membros
inferiores unidos, com as pontas dos pés Figura 1
dirigidas para frente (figura 1).

DIVISÃO DO CORPO HUMANO

O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça


corresponde à extremidade superior do corpo, estando unida ao tronco por uma
porção estreitada, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdômen, com as
respectivas cavidades torácica e abdominal. A cavidade abdominal prolonga-se
inferiormente na cavidade pélvica. Os membros superiores e inferiores são os
apêndices do tronco.

SISTEMA ESQUELÉTICO

O Sistema esquelético (ou esqueleto) humano consiste em um conjunto de


ossos, cartilagens e ligamentos, que se interligam para formar o arcabouço do corpo
e desempenhar várias funções, tais como: proteção, sustentação e conformação do
corpo, local de armazenamento de cálcio e fósforo, sistema de alavancas que,

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movimentadas pelos músculos, permitem os deslocamentos do corpo, no todo ou


em parte e, finalmente, local de produção de várias células do sangue.

No adulto existem 206


ossos, este número varia
de acordo com a idade,
fatores individuais e
critérios de contagem.

Figura 2

CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS

Há várias maneiras de classificar os ossos, entretanto a classificação mais


difundida é aquela que leva em consideração a forma dos ossos, levando em
consideração a relação entre suas dimensões lineares. Os ossos podem ser
classificados em: longos, curtos, laminares e irregulares.

• Osso longo: seu comprimento é consideravelmente maior que a largura e a


espessura. Exemplos: fêmur, úmero, rádio, ulna, tíbia e fíbula.
• Osso laminar: seu comprimento e sua largura são equivalentes,
predominando sobre a espessura. Ossos do crânio, como o parietal, frontal e
occiptal.
• Osso curto: apresenta equivalência das três dimensões. Os ossos do carpo
e do tarso são exemplos.
• Osso irregular: apresenta uma morfologia complexa não encontrando
correspondência em formas geométricas conhecidas. As vértebras e o osso
temporal são exemplos marcantes.

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MÚSCULOS

MÚSCULO ESQUELÉTICO

A célula muscular está, normalmente, sob o controle do sistema nervoso.


Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual se divide em muitos ramos a fim de
controlar todas as células do músculo. Se o impulso para a contração resulta de um
ato de vontade diz-se que o músculo é voluntário. Por outro lado se o impulso parte
de uma porção do sistema nervoso sobre o qual o indivíduo não tem controle
consciente, diz-se que o músculo é involuntário.

A contração do ventre muscular vai produzir um trabalho mecânico, em geral,


representado pelo deslocamento de um segmento do corpo. Isto se deve ao fato de
que o músculo se fixa nas extremidades de diferentes ossos, encobrindo uma
articulação.

SISTEMA CIRCULATÓRIO

O sistema circulatório sangüíneo é formado por um circuito fechado de tubos


como artérias, arteríolas, capilares, veias e vênulas, dentro dos quais circula o
sangue, e por um órgão central, o coração, que atua como bomba contrátil de fluxo
unidirecional.

As principais funções do sistema circulatório são:

• Fornecer oxigênio, substâncias nutritivas


e hormônios aos tecidos;
• Transportar produtos finais do
metabolismo até os órgãos responsáveis
por sua eliminação;
• Termo-regulação do organismo.

Figura 3

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O SANGUE

É um líquido vermelho e viscoso composto pelo plasma e pela parte sólida. O


plasma, parte líquida do sangue, é responsável pelo transporte das partes sólidas,
nutrientes e produtos da combustão celular até os órgãos excretores. A parte sólida
é composta pelas hemácias, que fornecem cor ao sangue e transportam gases, e
pelos leucócitos, que atuam como defesa no organismo e pelas plaquetas que são
responsáveis pela coagulação sanguínea.

CORAÇÃO

O coração, localizado no mediastino torácico, é um órgão muscular oco que


funciona como uma bomba contrátil-propulsora. O tecido muscular do coração é um
tipo especial denominado tecido muscular estriado cardíaco. A cavidade do coração
é subdividida em quatro câmaras: duas à direita, o átrio e o ventrículo direitos, e
duas à esquerda, o átrio e o ventrículo esquerdos. O átrio direito se comunica com o
ventrículo direito, no qual existe um dispositivo direcionador do fluxo, a valva
tricúspide. O mesmo ocorre à esquerda, cujo dispositivo direcionador de fluxo é a
valva mitral. As cavidades direitas são separadas das esquerdas.

No átrio direito, através das veias cavas inferior e superior, chega o sangue
venoso do corpo. O sangue passa pelo ventrículo direito e, deste, vai ao tronco
pulmonar e, em seguida através das artérias pulmonares direita e esquerda dirige-
se aos pulmões, onde ocorrerá a troca gasosa. Neste processo o CO2 é liberado
dos capilares pulmonares para o meio ambiente e o O2 é absorvido do meio
ambiente para os capilares pulmonares. Estes capilares confluem para formar as
veias pulmonares, que levam sangue rico em O2 para o átrio esquerdo. Deste, o
sangue passa para ventrículo esquerdo e, em seguida vai para a artéria aorta, que
inicia sua distribuição pelo corpo.

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SISTEMA NERVOSO

As funções orgânicas, bem como a integração


ao meio ambiente, estão na dependência de um
sistema especial, denominado sistema nervoso. Isto
significa que este sistema não só controla e coordena
as funções de todos os sistemas do organismo, como
também, ao receber os devidos estímulos, é capaz de
interpretá-los e desencadear respostas adequadas a
eles. Dessa forma, muitas funções do sistema nervoso
dependem da vontade (caminhar, por exemplo, é um
ato voluntário) e muitas outras ocorrem sem que se
tenha consciência delas (a secreção de saliva, por
Figura 4
exemplo, ocorre independentemente da vontade).

O sistema nervoso é dividido em duas partes fundamentais que são o


sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico. O sistema nervoso
central é a porção responsável pela recepção de estímulos, de comandos e por
desencadear respostas, sendo formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. O
sistema nervoso periférico é constituído pelas vias que conduzem os estímulos ao
sistema nervoso central e pelas vias que levam os estímulos até os órgãos
efetuadores, ou seja, as ordens emanadas da porção central, sendo formada pelos
nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.

SISTEMA RESPIRATÓRIO

O sistema respiratório contém os tubos que transportam o ar do meio externo


aos pulmões e vice-versa. A respiração é o processo pelo qual os gases são
trocados entre o meio ambiente e as células do corpo. Essas trocas ocorrem nos
alvéolos.

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ÓRGÃOS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

O nariz, formado por ossos e cartilagens, apresenta


duas aberturas, as narinas, que permitem a entrada e
a saída do ar.

A cavidade nasal é o espaço situado posteriormente


ao nariz e é dividida, medianamente, pelo septo
nasal. As paredes laterais da cavidade nasal
apresentam saliências, as conchas nasais, que
Figura 5
aumentam a superfície de contato entre o ar e a
mucosa da cavidade nasal. Esta mucosa filtra,
aquece e umidifica o ar inspirado.

A faringe apresenta três partes: (1) a nasofaringe é, exclusivamente, via


aérea, (2) a laringo-faringe é somente via digestiva e (3) a orofaringe é um caminho
comum ao ar e aos alimentos.

A laringe atua como passagem de ar e ajuda a evitar, através do reflexo da


tosse, que corpos estranhos penetrem na traquéia.

Epiglote é uma pequena cartilagem, situada acima da laringe, que durante o


ato motor da deglutição auxilia na proteção das vias aéreas impedindo que o
alimento penetre na laringe e, posteriormente, através da glote, na traquéia.

Glote é a abertura triangular na parte mais estreita da laringe, circunscrita


pelas pregas vocais.

A traquéia além de servir de passagem de ar, também ajuda a aquecê-lo e a


umidificá-lo. Esta divide-se em brônquios principais direito e esquerdo.

Os brônquios se ramificam progressivamente, formando a árvore bronquial, que


leva o ar da traquéia aos alvéolos pulmonares. Os pulmões são formados pelo conjunto
dos alvéolos, pela maior parte da árvore bronquial e pelos tecidos de sustentação.

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SISTEMA DIGESTÓRIO

Digestão é o processo, que transforma os alimentos em formas possíveis de


serem absorvidas pelo organismo. O sistema digestivo, que realiza esta tarefa, é
composto pelo canal alimentar ou tubo digestivo e por várias glândulas anexas.

CANAL ALIMENTAR

A boca está adaptada a receber os alimentos e iniciar o


processo de digestão.

A língua é, basicamente, uma estrutura muscular revestida


por mucosa, que auxilia a mistura do alimento com a saliva
durante a mastigação e é responsável por projetar o bolo
alimentar para a faringe. O palato forma o teto da cavidade
bucal e apresenta duas partes, o palato duro, ou seja,
Figura 6
ósseo e o palato mole, muscular.

O palato mole se move e ajuda a ocluir a comunicação da cavidade oral


com a cavidade nasal durante a passagem dos alimentos em direção à faringe.

A faringe e esôfago atuam, somente, como tubos condutores, levando o


alimento da boca até ao estômago. A deglutição dos alimentos se inicia quando eles
são misturados com a saliva na boca e empurrados para a orofaringe. A seguir,
reflexos involuntários encaminham o alimento até ao esôfago, e a partir deste é
encaminhado ao estômago.

O estômago recebe o bolo alimentar, mistura-os com o suco gástrico, e os


encaminha ao intestino delgado.

O intestino delgado recebe o bolo alimentar do estômago, mistura-o com


secreções provenientes do pâncreas, da vesícula biliar e com as próprias secreções
completando o processo de digestão, absorvendo seus produtos e encaminhando
seus resíduos ao intestino grosso.

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O intestino grosso recebe os resíduos da digestão vindos do intestino


delgado, reabsorve a água e os eletrólitos neles contidos e forma e estoca as fezes.
Estas são formadas por material não digerido, água, eletrólitos, secreções mucosas
e bactérias.

SISTEMA URINÁRIO

O sistema urinário é constituído pelos (1) rins que removem substâncias do


sangue, formam a urina e auxiliam a regulação de diversos processos corporais, (2)
ureteres, estruturas tubulares que transportam a urina dos rins até a bexiga, (3)
bexiga que atua como reservatório de urina e (4) uretra que é responsável pela
eliminação da urina para o meio externo.

Os rins são órgãos pares,


situados um de cada lado da coluna
vertebral, na parte superior da parede
posterior do abdome. Eles atuam
removendo resíduos metabólicos do
sangue, bem como regulando o
volume e a composição dos líquidos
corporais.
Figura 7

SISTEMA TEGUMENTAR

O tegumento, mais conhecido como pele, constitui o manto contínuo que


envolve todo o organismo, protegendo-o e adaptando-o ao meio ambiente. Esse
invólucro somente é interrompido ao nível dos orifícios naturais (narinas, boca, olhos,
orelha, ânus, vagina e pênis) onde se prolonga pela respectiva mucosa. A pele é
dividida em três camadas respectivamente: epiderme, derme e tecidos subcutâneos.

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Funções da pele (resumo):


• Regulação da temperatura corporal, pelo fluxo sanguíneo e pelo suor.
• Proteção, barreira física, contra: infecções, desidratação e radiação UV.
• Sensibilidade, através de terminações nervosas receptoras de tato,
pressão, calor e dor.
• Excreção de água e sais minerais, componentes da transpiração.
• Imunidade: células epidérmicas são importantes para a imunidade.
• Síntese de vitamina D, quando exposta aos raios UV.
• Absorção de substâncias, principalmente gordurosas, como hormônios,
vitaminas e medicamentos.

Figura 8

DIVISÃO DOS SERES HUMANOS POR FAIXAS ETÁRIAS

De acordo com a American Heart Association, os seres humanos são


divididos em 3 (três) faixas etárias, conforme descrito abaixo:

• Lactentes – 0 (zero) a 1 (um) ano;


• Crianças – a partir de 1 (um) ano até a puberdade;
• Adultos – a partir da puberdade.
Nas operações de resgate, a forma de agir e as manobras podem variar de
acordo com essas faixas etárias.

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SINAIS VITAIS

Sinais vitais são aqueles que evidenciam o funcionamento e as alterações da


função corporal. Dentre os inúmeros sinais que são utilizados na prática diária,
destacam-se pela sua importância e por nós serão abordados: a pressão arterial, o
pulso, a temperatura e a respiração.

PRESSÃO ARTERIAL

A pressão arterial é um parâmetro de suma importância na investigação


diagnóstica, pois relaciona-se com o coração. Essa pressão é a força que o sangue
exerce na parede das artérias e dois valores são registrados: (1) a pressão sistólica,
pressão máxima, ocorre quando o coração contrai e expulsa o sangue para a árvore
arterial e (2) a pressão diastólica, pressão mínima, ocorre quando o coração relaxa.

Os valores considerados normais para a pressão arterial são:

Pressão sistólica – de 110 a 140 mmhg

Pressão diastólica – de 60 a 90 mmhg

PULSO

Com a contração do ventrículo esquerdo há uma ejeção de um volume de


sangue na aorta seguindo para a árvore arterial, sendo que uma onda de pressão
desloca-se rapidamente pelo sistema arterial, onde pode ser percebida. A percepção
do pulso arterial se deve à contração e expansão alternada de uma artéria, ou seja,
é a sensação periférica do batimento cardíaco.

Os valores considerados normais para a freqüência cardíaca são:

• Adulto de 60 a 100 batimentos por minuto;


• Criança de 100 a 120 batimentos por minuto;
• Lactente de 120 a 140 batimentos por minuto.

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TEMPERATURA

Sabemos que a temperatura no interior do corpo é quase sempre constante,


com uma mínima variação ao redor de 0,6 graus centígrados, mesmo quando
expostos as grandes diferenças de temperatura externa. Isso ocorre devido a um
complexo sistema chamado de termorregulador. A temperatura corporal é medida
através do termômetro clínico.

O calor produzido no interior do organismo chega à superfície corporal


através dos vasos sangüíneos. O calor corporal é transferido do sangue para o meio
externo, através de: irradiação, condução e evaporação.

Para que ocorra a irradiação, basta que a temperatura do corpo esteja


superior a do meio ambiente. A condução ocorre quando há contato do corpo com
outra superfície, sendo que existe troca de calor até que as temperaturas se
igualem. Já o mecanismo pelo qual o corpo troca temperatura com o ar circulante
chama-se convecção.

VALORES NORMAIS DA TEMPERATURA

Os locais habituais da medida da temperatura corpórea são: a axila, a boca e


o ânus, sendo que existem diferenças fisiológicas entre os locais:

Axilar - 35,5 a 37,0 0C

Bucal - 36,0 a 37,4 0C

Retal - 36,0 a 37,5 0C

A elevação da temperatura acima dos níveis normais recebe o nome de


hipertermia e abaixo de hipotermia.

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RESPIRAÇÃO

A respiração é a troca de gases entre os pulmões e o meio exterior, e tem


como objetivo a absorção do oxigênio e eliminação do gás carbônico.

FREQÜÊNCIA

Adultos – 10 a 20 movimentos por minuto

Criança – 20 a 30 movimentos por minuto

Lactentes – 30 a 40 movimentos por minuto

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NOÇÕES BÁSICAS SOBRE USO DE EPI

Sabemos que em um primeiro momento é impossível para o socorrista saber


se o paciente é portador ou não de doenças contagiosas. Portanto o uso de
equipamentos de proteção individual é imprescindível.
O risco de contaminação durante a prestação dos primeiros socorros está
relacionado com contato com sangue, secreções, pele e até mesmo o ar.
O socorrista deverá adotar vários métodos para sua proteção pessoal como:
(1) uso correto de EPI, (2) profilaxia com vacina contra hepatite B e anti-tetânica, (3)
precauções durante o atendimento e (4) no manuseio de equipamentos e materiais
de descarte.
Durante o atendimento, o socorrista deverá utilizar os seguintes EPI,
conforme foto 1:
• Óculos de proteção;
• Máscara facial;
• Luvas de procedimento;
• Avental ou roupas para proteção da pele e sapatos fechados;

Foto 1

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CAPITULO II

AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO
• .
OBJETIVOS DO CAPÍTULO

• Definir consentimento implícito e


explícito;
• Identificar um trauma e uma
emergência clínica;
• Descrever os passos fundamentais
para a realização de análise em
pacientes responsivos e não
responsivos;
• Realizar um exame encéfalo-caudal;
• A importância de um atendimento
rápido e eficiente.

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CAPÍTULO II
AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO

A avaliação é o pilar fundamental para o melhor tratamento ao doente


politraumatizado ou de emergências clínicas, sendo a base para todas as decisões
de atendimento e de transporte. A primeira meta na avaliação é determinar a
condição atual do doente. Para a realização desta avaliação, o socorrista deverá ter
o consentimento explícito e implícito.

CONSENTIMENTO EXPLÍCITO – ou formal é aquele consentimento em que


o socorrista, após se identificar para uma vítima adulta com clareza de raciocínio e
consciente, recebe autorização para a prestação de socorro.

CONSENTIMENTO IMPLÍCITO – nas situações de emergências em que as


vítimas se apresentam inconscientes, confusas ou gravemente feridas, quando será
impossível obter o consentimento formal, o socorrista deverá iniciar imediatamente a
assistência. A legislação infere que o paciente daria o consentimento caso tivesse
condições de fazê-lo. Quando as vítimas forem menores de idade, o consentimento
implícito pode ser adotado, presumindo que se os pais estivessem presentes dariam
o consentimento para a prestação do socorro.

TRAUMA – O Trauma é definido como um conjunto de perturbações


causadas subitamente por um agente físico, de etiologia, de natureza e de extensão
muito variadas. Assim, este deve ser encarado como uma doença, uma vez que é
proveniente da ação de agentes externos, previamente identificados, sobre um
hospedeiro (homem). O trauma deve ser evitado e, uma vez diagnosticado exige
atitudes e procedimentos terapêuticos específicos.

EMERGÊNCIAS CLÍNICAS - Estado crítico provocado por uma ampla


variedade de doenças e condições clínicas, que podem ser produzidas por
micróbios, pela falência dos órgãos ou sistemas ou por agentes externos cujas
causas não incluem violência sobre as vítimas.

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O atendimento às diversas vítimas de traumas ou emergências clínicas


deverá seguir os procedimentos:
• Verificar a segurança do local, a situação e o número de vítimas. Se o local
não for seguro, o socorrista deverá adotar as medidas necessárias para
tornar este local seguro para a vítima, para o próprio socorrista e às pessoas
envolvidas;
• Após a verificação o socorrista deverá acionar o serviço especializado,
ligando para o telefone 193 do Corpo de Bombeiros.
• Enquanto aguarda a chegada do Corpo de Bombeiros, o socorrista deve
prestar os primeiros atendimentos à vítima.

A avaliação e o atendimento aos diversos tipos de emergências são


processos dinâmicos e, desta forma, podem ser executadas simultaneamente,
dependendo do número de socorristas no local. Após a verificação da segurança e
acionamento do serviço especializado do Corpo de Bombeiros, o socorrista deverá
seguir o algoritmo descrito abaixo para uma melhor avaliação e tratamento das
vítimas que estiverem sob seus cuidados.
Lembre-se, ao encontrar uma vítima caída ao solo, verifique o nível de
consciência, se a vítima estiver inconsciente, acione o serviço de urgência e
providencie um Desfibrilador Externo Automático (DEA) imediatamente (foto 2.1 e
2.2).

Foto 2.1 Foto 2.2

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 24


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

AVALIAÇÃO INICIAL

HISTORICO E EXAME FÍSICO


INICIAL

INCONSCIENTE CONSCIENTE

EXAME FISICO EXAME BASEADO NA


A, B, C DA VIDA QUEIXA DO PACIENTE

MONITORE SINAIS VITAIS MONITORE SINAIS VITAIS

ENTREVISTA COM ENTREVISTA


CONHECIDOS

TRANSPORTE
TRANSPORTE

EXAME DETALHADO
EXAME DETALHADO

AVALIAÇÃO CONSTANTE

COLETA DE DADOS

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 25


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Inicialmente o socorrista deverá avaliar a situação e, através do histórico e


exame físico inicial, identificar se o paciente é uma vítima de trauma ou emergência
clínica. Para avaliar se a vítima está responsiva ou não deve-se colocar as mãos na
testa e no tórax (foto 2.3) e tentar conversar com a mesma, fazendo perguntas a fim
de obter alguma resposta.

Foto 2.3

Vítimas inconscientes (não responsivas)

Exame físico com utilização da técnica do A, B, C da vida.

A – abrir vias aéreas


As vias aéreas devem ser rapidamente verificadas para assegurar que estão
abertas e limpas e para que não exista perigo de obstrução, utilizando-se a técnica
de inclinação da cabeça e elevação do queixo em todas as vítimas (foto 2.5).

Foto 2.5
Foto 2.4

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 26


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

B – respiração
Utilizando a técnica do ver, ouvir e
sentir, o socorrista deverá observar a boa
respiração do paciente colocando seu ouvido
próximo à boca e o nariz com o rosto voltado
para o tórax a fim de sentir os movimentos de
expansão e contração e ouvir os ruídos
respiratórios (foto 2.6).
Foto 2.6

C – circulação
Na avaliação do comprometimento ou
falência do sistema circulatório, o socorrista
deverá verificar o pulso carotídeo em
crianças e adultos e pulso braquial em
lactentes. Durante a verificação da
circulação deve-se observar a presença de
hemorragias que comprometem a
funcionalidade do sistema circulatório (foto
2.7).
Foto 2.7

E – expor o corpo da vítima


Nesta etapa o socorrista deverá afrouxar as roupas da vítima e iniciar um
exame da cabeça aos pés à procura de ferimentos, deformações, fraturas ou outras
lesões que poderão colocar a vida do paciente em risco. Este exame deve seguir os
seguintes passos:

• Abra os olhos e verifique a resposta


pupilar. Observe se as pupilas estão
dilatadas, contraídas, desiguais ou
normais (foto 2.8);

Foto 2.8

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 27


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

• Verificar a saída de sangue ou líquido claro (líquor) pelo nariz e ouvidos


(fotos 2.9, 2.10, 2.11);

Foto 2.9 Foto 2.10 Foto 2.11

• Fazer um exame palpável no couro cabeludo à procura de fraturas e


ferimentos, sem movimentar a cabeça (foto 2.12);

Foto 2.12

• Realizar um exame visível e palpável na face;


• Apalpar a parte posterior do pescoço à procura de ferimentos e fraturas na
coluna cervical e, em seguida verificar o alinhamento da laringe e da traquéia
(fotos 2.13 e 2.14);

Foto 2.13 Foto 2.14

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 28


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

• Expor o tórax do paciente e verificar a presença de deformação e/ou


ferimento visível ou palpável (fotos 2.15 e 2.16);

Foto 2.15 Foto 2.16

• Fazer a análise visual e palpável do abdômen (foto 2.17);

Foto 2.17

• Verificar a presença de ferimentos ou fraturas na bacia (fotos 2.18 e 2.19);

Foto 2.18 Foto 2.19

• Fazer um exame visível na região genital, se encontrar presença de sangue


investigue;

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 29


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

• Efetuar análise dos membros inferiores e verificar pulso pedioso e perfusão


capilar (fotos 2.20 a 2.23);

Foto 2.20 Foto 2.21 Foto 2.22 Foto 2.23

• Analisar a clavícula e os membros superiores e verifique pulso radial e


perfusão capilar (fotos 2.24 a 2.27);

Foto 2.24 Foto 2.25 Foto 2.26 Foto 2.27

• Para analisar a parte posterior do corpo, o socorrista deverá utilizar a técnica


de rolamento, ou levantamento. Após analisar a parte posterior a vítima
deverá ser colocada em prancha longa se houver.

• Monitorar os sinais vitais e iniciar o transporte do paciente para um hospital;

• Durante o transporte, realizar um exame detalhado da cabeça aos pés a


procura de alguma lesão que não foi detectada no primeiro exame;

• Avaliar o paciente constantemente, verificando os sinais vitais ou outras


alterações que poderão surgir durante o deslocamento;

• Coletar os dados necessários para facilitar a confecção da ficha no hospital e


da ocorrência se for o caso;

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 30


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Vítimas conscientes (responsivas)

• Realizar um exame baseado na queixa do paciente;


• Monitorar sinais vitais;
• Fazer uma entrevista com o paciente, perguntado se possui algum
problema de saúde, se alimentou nas ultimas horas, uso de
medicamentos, alergias dentre outras;
• Preparar a vítima para o transporte;
• Realizar um exame físico mais detalhado;
• Avaliar constantemente a vítima;
• Coletar os dados para facilitar a confecção da ficha e da ocorrência se
for o caso;

Durante a avaliação do paciente deve-se procurar tratar todas as lesões


encontradas sem perder tempo. O tempo ideal na cena para início do
transporte do paciente para um centro hospitalar não deve ser superior a 10
minutos, a não ser que algo atrapalhe ou impeça este transporte, como por
exemplo, vítimas presas em ferragens nos acidentes com veículos
automotores.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 31


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CAPÍTILO III

SUPORTE BÁSICO DE VIDA

OBJETIVOS DO CAPÍTULO

• Identificar uma Parada cárdio-


respiratória;
• Tratar uma PCR;
• Descrever as diferenças dos
procedimentos em adultos,
crianças e lactentes;
• Utilizar o respirador artificial e a
máscara de bolso;
• A importância das compressões
torácicas rápidas e freqüentes;
• Utilizar o Desfibrilador Externo
Automático (DEA);
• Tratar as vítimas de obstrução
respiratória.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 32


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CAPÍTILO III
SUPORTE BÁSICO DE VIDA

Quando um socorrista encontra uma vítima adulta inconsciente deverá acionar


o serviço de resgate do Corpo de Bombeiros e solicitar que um desfibrilador esterno
automático (DEA) seja providenciado imediatamente (fotos 3.1 e 3.2).

Foto 3.1 Foto 3.2

O socorrista deverá liberar as vias aéreas,


utilizando a manobra de inclinação da cabeça e
elevação do queixo para todas as vítimas, sem
responsividade, inclusive vítimas de trauma (foto
3.3);

Foto 3.3
Utilizando a técnica do ver, ouvir e sentir para verificar a respiração durante um
intervalo de no mínimo 05 (cinco) segundos e de no máximo 10 (dez) segundos. Se
a vítima não respira, deverão ser efetuadas duas insuflações de resgate e observar
se há elevação torácica. Se o tórax não se elevar, o socorrista deverá reposicionar a
cabeça e liberar novamente as vias aéreas e realizar duas respirações de resgate
(fotos 3.4, 3.5 e 3.6).

Foto 3.4 Foto 3.5 Foto 3.6

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 33


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Imediatamente após a elevação


do tórax, o socorrista deverá colocar a
parte hipotenar (calcanhar) de uma
das mãos, sobre o osso esterno, em
cima da linha intermamilar, em
seguida colocar a outra mão sobre a Foto 3.7 Foto 3.8
primeira e entrelaçar os dedos.
Colocar os ombros em linha reta com
as mãos e iniciar as compressões
torácicas, comprimindo o esterno de 4
a 5 centímetros, em um ritmo de 100
Foto 3.9 Foto 3.10
compressões por minuto (fotos 3.7 a
3.10).
A relação compressão e respiração de resgate deverá ser de 30 para 2 durante
5 ciclos ou até que a vítima esboce alguma reação. Este ritmo de 5 ciclos serve
apenas para a troca de socorristas e utilização do DEA.

Vítimas crianças: a relação compressão e respiração de resgate deverá ser de


30 compressões torácicas para duas respirações de resgate durante 5 ciclos, porém
o tórax da criança deverá ser deprimido de 1/3 a1/2 de sua altura, com a utilização
das mãos sobrepostas ou apenas uma das mãos sobre a linha intermamilar.

Vítimas lactentes: a relação compressão e respiração de resgate deverá ser


de 30 compressões torácicas para duas respirações de resgate durante 5 ciclos,
porém o tórax do lactente deverá ser deprimido de 1/3 a1/2 de sua altura, utilizando
apenas o dedo médio e indicador abaixo da linha intermamilar, mantendo a outra
mão sobre a testa do lactente (foto 3.11).

Foto 3.11

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 34


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Quando o socorrista presenciar o colapso súbito de uma vítima, este deverá


providenciar o acionamento do serviço de atendimento especializado do Corpo de
Bombeiros, através do telefone 193, e localizar um DEA se for possível, depois
retornar ao local e prestar o socorro à vítima.

Nas paradas não testemunhadas pelo socorrista, este deverá iniciar um ciclo de
RCP (reanimação cárdio-pulmonar) para depois providenciar o acionamento do
Corpo de Bombeiros e o DEA.

OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

A obstrução das vias aéreas ocorre geralmente quando um corpo estranho


atinge as vias aéreas causando os seguintes sinais e sintomas:

• Troca gasosa insuficiente ou ausente;


• Tosse fraca ou ausente;
• Ruído agudo e alto durante a inalação ou ausência deles;
• Aumento da dificuldade de respiração;
• Cianose dos lábios e extremidades;
• Incapacidade de falar;
• A vítima agarra o pescoço com ambas as mãos, conhecido como sinal
mundial de asfixia.

TRATAMENTO

O socorrista deverá perguntar para a vítima se


ela consegue falar e se está engasgada; se a vítima
responder afirmativamente com o balanço da cabeça,
indica que há uma obstrução das vias aéreas (foto
3.12).

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 35


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Foto 3.12

Em pessoas acima de um ano, o socorrista deverá se posicionar atrás da


vítima, colocando uma das pernas entre as pernas da vítima para apoiar seu corpo
junto ao dela. Colocar uma das mãos com punho fechado e o polegar voltado para o
abdômen da vitima e, em seguida, colocar a outra mão sobreposta à primeira e
iniciar compressões abdominais fortes e freqüentes para dentro e para cima até que
haja desobstrução das vias aéreas ou ate que a vítima perca a consciência (fotos
3.13 a 3.16).

Foto 3.13 Foto 3.14 Foto 3.15 Foto 3.16

Em vítimas obesas ou gestantes, as mãos do socorrista deverão ser


colocadas sobre o osso esterno e não no abdômen. As compressões serão apenas
para dentro (fotos 3.17 a 3.20).

Foto 3.17 Foto 3.18 Foto 3.19

Foto 3.20

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 36


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Em lactentes responsivos, o socorrista deverá se posicionar sentado e colocar


uma das mãos nas costas e a outra apoiando a face. Em seguida, deve-se virar o
bebê e efetuar cinco pancadinhas entre as escápulas, depois efetuar 05
compressões com dois dedos abaixo da linha intermamilar (fotos 3.21 a 3.24). Este
procedimento deverá ser realizado até a desobstrução ou até que a vítima se torne
não responsiva. Se a vítima ficar inconsciente inicie a RCP.

Foto 3.21 Foto 3.22

Foto 3.23 Foto 3.24

Observação: em caso de vítimas inconscientes com obstrução das vias


aéreas, antes de iniciar a respiração de resgate, o socorrista deverá fazer uma
visualização dentro da cavidade oral, para verificar a presença do corpo
estranho.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 37


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO

Os desfibriladores são aparelhos projetados para proporcionar um choque


elétrico que interrompe a atividade elétrica anormal (“anarquia”) de um coração
doente. Este choque despolariza temporariamente um coração que pulsa de modo
irregular, permitindo que uma atividade de contração mais adequada se inicie.

Foto 3.25 Foto 3.26

Quando o DEA estiver disponível, coloque-o Ligue o Desfibrilador.


ao lado do paciente.

Foto 3.27 Foto 3.28

Coloque as pás no tórax desnudo da vítima e conecte os eletrodos ao DEA.

Foto 3.29

Afaste-se do paciente, enquanto o desfibrilador analisa o rítmo cardíaco;


Siga as instruções do aparelho, se for recomendado o choque, assegure-se que ninguém
esteja encostado na vítima e aperte botão de choque.

Foto 3.30

Inicie a RCP imediatamente pelas compressões.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 38


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CAPÍTULO IV

HEMORRAGIAS, FERIMENTOS E ESTADO DE


CHOQUE

OS OBJETIVOS DO CAPÍTULO

• Definir o conceito de hemorragias e


ferimentos;
• Descrever os principais sinais e
sintomas que identificam as hemorragias
internas e externas;
• Saber como tratar cada situação
escolhendo o melhor método.
• Definir o conceito de estado de
choque;
• Descrever as diversas causas do
estado de choque;
• Saber como tratar e prevenir o estado
de choque.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 39


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CAPÍTULO IV
ESTADO DE CHOQUE

Reação do organismo a um colapso do sistema circulatório, impedindo que o


sangue circule em todos os órgãos do corpo.

Sensibilidade dos órgãos à isquemia:


• 4 a 6 minutos - coração, cérebro e pulmão;
• 45 a 90 minutos - fígado, rins, baço, trato gastrointestinal;
• 4 a 6 horas - pele, músculos, ossos.

Classificação:

• Hipovolêmico
Tipo mais comum que o socorrista vai encontrar. Sua característica básica é a
diminuição acentuada de sangue e pode ser causado pelos seguintes fatores:
- Perda direta de sangue (hemorragia externa e interna);
- Perda de plasma como em casos de queimaduras, contusões e lesões
traumáticas;
- Perda de líquido pelo trato gastrointestinal provocando desidratação (vômito
e diarréia)

• Cardiogênico
Decorre da incapacidade do coração bombear sangue de forma efetiva. Pode
ser causado pelos seguintes fatores:
- Infarto agudo do miocárdio;
- Arritmia cardíaca;
- insuficiência cardíaca congestiva.

• Neurogênico
Causado por falha do sistema nervoso em controlar os vasos sanguíneos
causada por lesões na medula espinhal.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 40


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

• Anafilático
O choque anafilático é uma reação alérgica aguda que ocorre quando um
indivíduo entra em contato uma segunda vez com algum agente. Os pacientes
extremamente alérgicos são mais susceptíveis a esse tipo de estado de choque que
pode ser causado pelos seguintes fatores:
- Picada de insetos;
- Alimentos;
- medicamentos;
- inalantes ambientais etc.

• Séptico
Condição anormal e grave causada por uma infecção generalizada. Nessa
infecção é liberada toxinas na circulação provocando dilatação dos vasos
sanguíneos.

Reconhecimento
• Pele pálida, fria e úmida;
• Pulso fraco e rápido (maior que 100 bpm);
• Respiração curta e rápida;
• Pressão sistólica menor que 90 mmhg;
• Perfusão capilar periférica lenta ou nula;
• Tontura e desmaio;
• Sede, tremor e agitação;
• Náuseas e vômitos;
• Rosto e peito vermelho, coçando, queimando, dificuldade respiratória,
edemas de face, lábios e língua (anafilático).

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 41


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Condutas
• Tratar a causa (ex. estancar uma hemorragia, quando possível);
• Monitorar sinais vitais;
• Ministrar O2 se possível;
• Posicionar o paciente deitado, com as pernas elevadas desde que não
apresente TCE ou problemas cardíacos;
• Afrouxar suas roupas;
• Manter a vítima aquecida;
• Choque anafilático: transportar o paciente imediatamente para o hospital a fim
de obter cuidados médicos imediatos. Deve-se levar amostras do alimento,
rótulos da medicação, etc., desde que não haja perda de tempo.

HEMORRAGIAS
Hemorragia ou sangramento é a perda repentina de sangue do sistema
circulatório.
A resposta inicial do sistema circulatório à perda aguda de sangue é um
mecanismo compensatório, ou seja, ocorre vasoconstrição cutânea, muscular e
visceral para tentar manter o fluxo sanguíneo para os órgãos mais importantes para
a manutenção da vida. Ocorre, também, um aumento da freqüência cardíaca para
tentar manter o débito cardíaco. Assim, a taquicardia é muitas vezes o primeiro sinal
de choque hipovolêmico.

FERIMENTOS
São definidos como resultados de agressões sofridas por partes moles do
corpo oque provoca lesão tecidual. Sempre associado a um ferimento existe uma
hemorragia.
TRATAMENTO PARA HEMORRAGIAS EXTERNAS

Foto 4.1 Foto 4.2 Foto 4.3 Foto 4.4

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 42


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

• Nunca tocar na ferida;


• Não aplicar medicamento ou qualquer produto no ferimento;
• Não retirar objetos empalados, fixados ou transfixados no corpo da vítima.
• Utilizar compressas, gases ou pano limpo, desde que não tenha característica
de absorção, para conter a hemorragia provocando a hemostasia (foto 4.2);
• Caso o pano encharque de sangue, colocar outro por sobre o primeiro;
• Se a hemorragia persistir, elevar o membro ferido a um nível acima do coração
(foto 4.3);
• Persistindo, pressionar pontos arteriais ou utilize um garrote (foto 4.4);
• O torniquete deverá ser utilizado em último caso, somente se os passos
anteriores não atingirem resultados satisfatórios. O torniquete,
preferencialmente, deverá ser feito com uso do esfigmomanômetro.

TRATAMENTO PARA HEMORRAGIAS INTERNAS

• O controle pré-hospitalar de hemorragias internas é impossível. O


tratamento é cirúrgico e, por isso, as vítimas devem ser transportadas
imediatamente para um hospital;
• Nestes casos, deve-se prevenir o estado de choque;
• Manter a vítima aquecida;
• Manter as vias aéreas permeáveis;
• Afrouxar as vestes;
• Elevar os membros inferiores, desde que a vítima não apresente TCE
ou problemas no coração;
• Ministrar oxigênio e procurar recurso hospitalar.
• Conforme foto 4.6.

Foto 4.5 Foto 4.6

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 43


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

FERIMENTOS NO CRÂNIO

Os ferimentos no crânio geralmente estão associados a lesões no encéfalo e


sempre deveremos considerar a possibilidade de TCE. Nestes casos, serão objeto
de análise em ambiente hospitalar para a confirmação ou não de trauma de crânio-
encefálico.

Foto 4.7

TRATAMENTO

• Será semelhante aos ferimentos em partes


moles do corpo;
• Fazer curativo compressivo utilizando
bandagens, gases ou panos limpos, para
estancar a hemorragia (foto 4.8);
• Imobilizar a coluna cervical manualmente e
Foto 4.8
colocar o colar cervical (foto 4.9);
• Observar os sinais específicos de TCE:
• Cefaléia ou dor no local da lesão;
• Náuseas e vômitos;
• Alteração dos sinais vitais;
• Pupilas desiguais (anisocoria);

Foto 4.9

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 44


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

• Ferimento extenso ou profundo na região do crânio;


• Hematoma subgaleal;
• Deformação do crânio (depressão ou abaulamento);
• Alteração no nível de consciência;
• Sangramento no nariz ou canal auditivo;
• Saída de líquido claro (líquor) pelo nariz e ouvidos;
• Presença de hematoma nas pálpebras (sinal de guaxinim);
• Equimose na região retroauricular, ou seja, atrás da orelha (sinal de battle);
• Postura de decorticação ou descerebração.
• Transportar a vítima para o hospital com a cabeça mais elevada que o resto
do corpo;
• Ministrar oxigênio e não estancar a saída de sangue pelo nariz e ouvidos.

FERIMENTO NA FACE

Em caso de ferimentos na face devemos:

• Corrigir problemas respiratórios;


• Retirar corpos estranhos do ferimento na
boca, mantendo as vias aéreas
permeáveis (foto 4.11);
• Retirar objetos empalados na bochecha
ou na cavidade oral se estiverem
Foto 4.10
obstruindo a respiração (foto 4.11);
• Manter a imobilização da coluna;
• Monitorar sinais vitais;
• Fazer curativo compressivo utilizando
gases, bandagens ou panos limpos para
contenção da hemorragia;
Foto 4.11

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 45


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

FERIMENTO NA ORELHA
• Verificar se o sangramento provém do canal auditivo. Se não for
estanque a hemorragia;
• Se o ferimento for na orelha, fazer curativos compressivos;
• Em caso de avulsão, colocar o retalho no local e estabilizar com
curativo compressivo;
• Existe a possibilidade de TCE ou lesão na coluna;

FERIMENTO NO NARIZ
• Garanta a liberação das vias aéreas;
• Em caso de avulsão colocar o retalho no local;
• Em caso de epistaxe, colocar o paciente sentado com a cabeça
ligeiramente inclinada para frente e procurar recurso hospitalar;

FERIMENTO NO PESCOÇO

Este tipo de acidente é muito comum em épocas de férias escolares. Nesta


época, há utilização de cerol, uma mistura de cola com pó de vidro, que é bastante
utilizada pelas pessoas que brincam com pipas.
É um tipo de acidente grave que pode levar a pessoa à morte em questão de
minutos. Em caso de ferimentos no pescoço, devemos:

Foto 4.12 Foto 4.13 Foto 4.14

• Manter o paciente calmo e observar o ferimento (foto 4.12);


• Em caso de sangramento com presença de bolhas existe a
possibilidade de embolia;

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 46


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

• Utilizando gases, bandagens ou panos limpos, fazer uma leve


compressão no local e ocluir com plástico estéril ou papel alumínio
para evitar a embolia (fotos 4.13 e 4.14);
• Nunca utilizar pressão sobre os dois lados do pescoço;
• Ministrar oxigênio a fim de prevenir o choque;
• Transportar a vítima para o hospital.

FERIMENTO NO TÓRAX
Ferimentos penetrantes no tórax podem produzir lesões abertas da parede
torácica. Estas lesões são mais freqüentes e resultam de agressões por armas de
fogo, armas brancas e objetos empalados.
A gravidade da lesão é proporcional ao tamanho da parede torácica atingida.
A perfuração do tórax ou lesões pulmonares podem levar o paciente ao
pneumotórax, ou seja, o ar passa para a cavidade torácica e se acumula entre o
pulmão e a pleura, causando compressão e impedindo que o pulmão se expanda, o
que compromete a respiração do paciente.
O ar que se acumula, entre a pleura e o pulmão, não tem acesso aos alvéolos
pulmonares, portanto não se difunde para a corrente sanguínea.

Foto 4.15 Foto 4.16

TRATAMENTO
• Manter as vias aéreas liberadas;
• Ministrar oxigênio;
• Fazer curativo oclusivo, prendendo três pontos com papel alumínio ou
plástico estéril a fim de criar um efeito de válvula permitindo a saída do
ar que está no espaço pleural e obstruindo a entrada de ar para este
espaço (foto 4.16);
• Transportar a vítima para o hospital deitada sobre o lado da lesão.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 47


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

FERIMENTO ABDOMINAL
Lesões abdominais podem ser provocadas por objetos penetrantes ou
traumas fechados. Os ferimentos penetrantes, como por exemplo, os causados por
armas brancas ou de fogo são mais evidentes que os decorrentes de traumas
fechados. A evisceração ocorre quando um segmento do intestino ou outro órgão
abdominal passa através de uma ferida para fora da cavidade abdominal ficando
exposto (foto 4.17).

Foto 4.17 Foto 4.18 Foto 4.19 Foto 4.20

TRATAMENTO

• Em caso de trauma fechado, previr o estado de choque e transportar a


vítima imediatamente para o hospital;
• Em caso de evisceração não recolocar as vísceras no lugar;
• Utilizar gases, bandagens ou panos limpos embebidos em solução
fisiológica para cobrir as vísceras mantendo a umidade (fotos 4.18 e
4.19);
• Fazer um curativo oclusivo preso em quatro lados para prevenir a
infecção e manter a umidade (foto 4.20);
• Ministrar oxigênio e transportar a vítima para o hospital.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 48


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CAPÍTULO V

TRAUMAS MUSCÚLO-ESQUELÉTICOS

OS OBJETIVOS DO CAPÍTULO

• Definir o conceito de fratura, entorse e


luxação;
• Descrever os principais sinais e sintomas
que identificam tais lesões;
• Descrever os passos para avaliação dos
sinais e sintomas que identificam o
trauma de crânio-encefálico;
• Descrever os passos para avaliação dos
sinais e sintomas que identificam o
trauma na coluna vertebral;
• Descrever os passos para avaliação dos
sinais e sintomas que identificam o
trauma na bacia e tórax instável;
• Descrever os passos para avaliação dos
sinais e sintomas que identificam o
trauma em membros superiores e
inferiores;
• Saber como tratar cada situação
escolhendo o melhor método para
imobilização.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 49


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CAPÍTULO V
TRAUMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO

FRATURAS

É uma ruptura total ou parcial da estrutura óssea, ou seja, o osso perde a sua
solução de continuidade e, em termos populares significa osso quebrado. Existem
quatro tipos de fraturas, conforme abaixo descritas:

Fratura completa: quando ocorre a quebra do osso.


Fratura incompleta: quando ocorre a fissura (trinca) do osso.
Fratura fechada: quando não há perfuração da pele.

Fratura aberta ou exposta: quando há perfuração da pele.

Sinais e sintomas gerais de fraturas:

• Deformidade – a fratura produz uma posição anormal ou angulação em


local que não possui articulação. Ocorre, também, o encurtamento do
membro devido às contrações musculares, fazendo com que o osso
fraturado penetre os tecidos moles o que reduz o tamanho do membro
afetado;

• Sensibilidade – o local da fratura está muito sensível à dor;

• Crepitação – em um movimento da vítima, podemos ouvir um som


áspero ou sentir um rangido provocado pelo atrito das extremidades
ósseas fraturadas;

• Edema e alteração na coloração – quase sempre a fratura é


acompanhada de um inchaço que ocorre devido ao acúmulo de líquido
entre os tecidos. A alteração na coloração da pele ocorre devido a
hemorragia.

• Incapacidade funcional – perda total ou parcial dos movimentos das


extremidades. A vítima geralmente protege a área afetada, ou não
consegue se mover ou faz com dificuldade e dor intensa;

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 50


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

• Fragmentos ósseos – em uma fratura aberta, os fragmentos ósseos


podem se projetar através da pele ou serem vistos no fundo do
ferimento.
• Diferença de temperatura no membro afetado – devido à fratura muitas
vezes os vasos sanguíneos são rompidos ou comprimidos pelo osso
causando edema, o que compromete a irrigação distal. Sem irrigação
há diferença na temperatura, palidez e/ou cianose nas extremidades;

LUXAÇÃO

É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação, fazendo


com que as superfícies articulares percam o contato entre si.

SINAIS E SINTOMAS

• Deformidade – mais acentuada na articulação luxada;


• Edema;
• Dor – aumenta se a vítima tentar movimentar a articulação;
• Incapacidade funcional total ou parcial.

ENTORSE

É uma lesão provocada por um movimento brusco e violento que leva a


torção ou distensão de uma articulação além de seu grau normal de amplitude.

SINAIS E SINTOMAS

São similares aos das fraturas e luxações mas, geralmente, os ligamentos


sofrem rupturas ou estiramento devido a um movimento brusco.

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TRAUMA CRÂNIO-ENCEFÁLICO

Fraturas de crânio são comuns em vítimas que sofrem acidentes e recebem


impacto na cabeça. A gravidade da lesão depende do dano provocado no cérebro.
As fraturas de crânio podem resultar tanto de trauma fechado como de
trauma penetrante. Fraturas lineares representam cerca de 80% das fraturas de
crânio, entretanto um forte impacto poderá produzir uma fratura com afundamento
de crânio. As fraturas lineares geralmente são diagnosticadas por radiografias
enquanto as fraturas com afundamento podem ser verificadas através de um exame
palpável e cuidadoso, nunca sendo realizado com as pontas dos dedos e sim com
as palmas das mãos.

Concussão Cerebral – pode ser considerada uma “sacudida” no cérebro. O


diagnóstico de concussão é feito quando a vítima sofreu um trauma apresenta
alterações nas funções neurológicas, mais comumente a perda da consciência.
Nestes casos não há identificação de lesão craniana. Os principais sintomas são
fortes dores na cabeça, náuseas, tonturas, vômitos e amnésia. Por causa da
amnésia a vítima poderá fazer perguntas repetitivas.

Foto 5.1

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SINAIS E SINTOMAS

• Cefaléia ou dor no local da lesão;


• Náuseas e vômitos;
• Alteração dos sinais vitais;
• Pupilas desiguais (anisocoria);
• Ferimento extenso ou profundo na região do crânio (foto 5.1);
• Hematoma subgaleal;
• Deformação do crânio (depressão ou abaulamento);
• Alteração no nível de consciência;
• Sangramento no nariz ou canal auditivo (foto 5.1);
• Saída de líquido claro (líquor) pelo nariz e ouvidos;
• Presença de hematoma nas pálpebras (foto 5.1);
• Equimose na região retroauricular, atrás da orelha (sinal de battle);
• Postura de decorticação ou descerebração.

TRATAMENTO

• Corrigir problemas que ameaçam a vida do paciente e manter a


permeabilidade das vias áreas, a respiração e o pulso;
• Sempre suspeitar de lesão na coluna cervical e adotar os
procedimentos para o controle e estabilização da coluna;
• Controlar as hemorragias com curativo limpo e pouca pressão, pois há
risco de agravamento na lesão, principalmente se a pressão for
realizada com as pontas dos dedos;
• Não deter a saída de sangue ou líquor pelos ouvidos e nariz;
• Manter a vítima em repouso;
• Cuidado com a possibilidade de vômitos e esteja preparado;
• Proteger a vítima para a possibilidade de convulsão;
• Monitorar os sinais vitais;
• Ministrar oxigênio para manter a saturação acima de 95%.

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TRAUMA DE TÓRAX

As lesões de tórax podem ser penetrantes ou fechadas. As lesões


penetrantes são causadas por forças distribuídas por uma área pequena que
penetram dentro da cavidade torácica, como lesões provocadas por projétil de
armas de fogo. Neste trauma qualquer estrutura ou órgão da cavidade torácica pode
ser lesado. No trauma fechado, as forças são distribuídas sobre uma área maior e
as lesões ocorrem devido à compressão. O socorrista deve suspeitar de condições
como pneumotórax (tórax instável).

SINAIS E SINTOMAS

• Aumento da sensibilidade ou dor no local da fratura devido aos


movimentos de expansão e contração do tórax durante a respiração;

• Respiração superficial;

• Eliminação de sangue através da tosse;

• Cianose nos lábios e pontas dos dedos;

• Sinais de choque, com pressão baixa e pulso fraco;

• Postura característica, o paciente fica deitado sobre o lado da lesão


com a mão sobre a área afetada.

FRATURAS DE COSTELAS

Fraturas simples de costelas raramente representam risco de morte.


Geralmente o paciente aponta o local exato da fratura, onde o socorrista deverá
realizar uma análise minuciosa do local e das áreas adjacentes, uma vez que
fraturas em arcos costais poderão atingir alguns orgãos, como por exemplos fígado,
rins e baço.

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TRATAMENTO
Nas fraturas de uma ou duas costelas, desde que não haja instabilidade
torácica, coloque o braço da vítima sobre a área afetada sem comprimir e estabilize
com ataduras ou bandagens.

TÓRAX INSTÁVEL
O tórax instável geralmente é causado por um impacto no esterno ou na
parede lateral do tórax. Ex: Na colisão frontal de um veículo, o condutor, devido a
desaceleração abrupta, choca violentamente o esterno contra a coluna de direção
devido à continuação do movimento. A parede posterior do tórax continua em
movimento causando uma dobra dos arcos costais e estes fraturam. O tórax instável
ocorre quando duas ou mais costelas adjacentes são fraturadas em pelo menos dois
lugares. O segmento perde o suporte ósseo e a fixação na caixa torácica.

TRATAMENTO

• Estabilizar o segmento solto que se move paradoxalmente durante as


respirações;
• Usar almofadas pequenas, compressas dobradas ou cobertores para
estabilizar o tórax, prendendo estes com ataduras ou fitas;
• Transportar o paciente deitado sobre a lesão ou na melhor posição
encontrada;
• Ministrar oxigênio suplementar.

TRAUMA DE BACIA

Uma das principais complicações em fraturas pélvicas é a hemorragia, devido


à quantidade de espaço dentro da cavidade pélvica. Um sangramento significativo
pode acontecer com poucos sinais externos. O desencadeamento de um estado de
choque sem uma fonte óbvia pode ser explicado por esta condição.

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TRATAMENTO

• Para a imobilização de fraturas pélvicas, o socorrista deverá utilizar um


cobertor ou compressas enroladas na forma cônica entre os membros
inferiores, fixando com duas ataduras de crepom abaixo e duas acima
dos joelhos, imobilizando na posição anatômica (fotos 5.2, 5.3 e 5.4).

Foto 5.2 Foto 5.3 Foto 5.4

TRAUMA DE COLUNA

Abaixo estão descritos vários tipos de lesões na coluna:

• Fraturas por compressão de uma vértebra, podendo produzir


achatamento total ou compressão em cunha;
• Fraturas que produzem pequenos fragmentos podem alojar na medula
espinhal;
• Estiramento ou laceração dos ligamentos e músculos produzindo uma
relação instável entre a s vértebras;
• Subluxação, deslocamento parcial de uma vértebra;

Quaisquer destas lesões podem resultar imediatamente em secção


irreversível da medula, portanto a coluna deve ser imobilizada inteiramente em todos
os pacientes que apresentam suspeita de lesão na coluna.

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SINAIS E SINTOMAS

• Dor no pescoço ou nas costas;


• Dor ao mexer o pescoço ou as costas;
• Priaprismo (sexo masculino);
• Sinais e sintomas de choque neurogênico;
• Presença de deformação visível ou palpável nas costas;
• Defesa ou contratura da musculatura;
• Perda do controle fisiológico;
• Paralisia ou dormência das extremidades superiores ou inferiores.

TRATAMENTO

• Mover o paciente o mínimo possível;


• Mover a cabeça para uma posição neutra e manter o apoio manual e
alinhamento o tempo todo;
• Fazer análise da vítima;
• Estabilizar o pescoço com colar cervical;
• Colocar a vítima em uma tala de imobilização de corpo inteiro (prancha
longa), efetuando as amarrações e estabilização lateral da cabeça;
• Transportar para o hospital;
• Monitorar os sinais vitais;
• Prevenir o estado de choque;
• Oxigenioterapia.

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FRATURAS NA CINTURA ESCAPULAR

Fraturas ou luxações, compreendendo a clavícula, a escápula e o úmero em


seu terço proximal, podem passar facilmente despercebidas. O exame cuidadoso do
paciente auxilia na identificação de tais lesões.

TRATAMENTO

• Utilizando bandagem triangular, ataduras, panos ou fitas deve-se


estabilizar o membro afetado na posição mais confortável para o
paciente, evitando a movimentação da cintura escapular.

FRATURAS EM MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES

TRATAMENTO
• Nas fraturas fechadas, a tentativa de reduzir a fratura deverá ser feita
uma única vez. Se encontrar resistência ou a vítima reclamar de muita
dor, imobilize na posição encontrada;
• Nas fraturas em articulações, entorses e luxações imobilizar na posição
encontrada;
• Checar pulso e perfusão capilar antes e depois da imobilização;
• A imobilização deverá atingir uma articulação acima e outra abaixo da
fratura;
• Em fraturas de úmero, além da utilização de talas, o socorrista deverá
estabilizar o movimento da cintura escapular;
• Nas fraturas de fêmur poderá ser utilizado uma tala de tração, desde
que a fratura não seja localizada na cabeça do fêmur ou ser exposta;
• O enfaixamento deverá ser executado sempre da extremidade para a
raiz do membro e nunca ao contrário;

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As fotos abaixo demonstram a imobilização de algumas fraturas em membros.

Foto 5.5 Foto 5.6 Foto 5.7

Foto 5.8 Foto 5.9 Foto 5.10

Foto 5.11

Lembre-se, após a imobilização verifique a perfusão capilar

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FRATURAS EXPOSTAS

Fraturas expostas são aquelas em que a integridade da pele foi


comprometida. Geralmente são causadas por extremidades ósseas que perfuram a
pele de dentro para fora, ou pelo esmagamento ou laceração da pele por um objeto
no momento da lesão.

TRATAMENTO
• Fazer um curativo no local para impedir o sangramento e reduzir o
risco de infecções (foto 5.13);
• Não tentar recolocar o osso exposto na posição anatômica;
• Imobilizar na posição encontrada;
• Estabilizar a ponta do osso (foto 5.13);
• Movimentar a fratura o mínimo possível;
• Não limpar ou passar qualquer produto na ponta do osso;
• Monitorar os sinais vitais e prevenir o choque.

Foto 5.12 Foto 5.13

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CAPÍTULO VI

QUEIMADURAS E CHOQUE ELÉTRICO

OS OBJETIVOS DO CAPÍTULO
• Definir o conceito de queimaduras;
• Definir as queimaduras quanto à
profundidade;
• Definir as queimaduras quanto à
extensão;
• Saber como tratar as diversas
queimaduras;
• Descrever o choque elétrico;
• Formas de tratamento.

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CAPÍTULO VI
QUEIMADURAS

São lesões no tecido de revestimento do corpo causadas por agentes


térmicos, químicos, radioativos, elétricos e biológicos. Pode haver destruição total ou
parcial da pele e de seus anexos e podendo atingir camadas mais profundas
(músculos, tendões, ossos, etc.).
Pele
• É o maior órgão do corpo humano;
• Tem uma superfície entre 1,5 a 2,0 m²;
• Apresenta três camadas;
- Epiderme
- Derme
- (Hipoderme) Tecidos Subcutâneos.
Função da pele
• Proteção;
• Regulação da temperatura;
• Armazenamento de energia;
• Sensibilidade;
• Absorção.

Classificação das queimaduras


• Agente causador;
• Profundidade ou grau;
• Extensão;
• Localização.

Agente causador
• Físico - Chamas, vapor, objetos aquecidos, água quente, etc.;
• Eletricidade – corrente elétrica e descargas atmosféricas;
• Radiação – sol, aparelhos de raios-X, raio ultravioleta;
• Químicos – ácidos, álcalis (bases), álcool, gasolina etc.
• Biológico – Lagarta de fogo, águas vivas, medusas, urtiga.

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Profundidade

1º Grau - Superficial (figura 9)


• Somente a epiderme;
• Dor vermelhidão (eritema) e algumas vezes
edema.
2º Grau – Moderada (figura 9)
Figura 9
• Destruição total da epiderme e lesão da derme;
• Formação de bolhas (desprendimento da epiderme e plasma);
• Dor e vermelhidão mais intensa
3º Grau – Profunda (figura 9)
• Todas as camadas da pele são atingidas e pode haver acometimento de
outros tecidos como gorduras, músculos, tendões, ossos;
• Pouca ou ausência de dor (terminações nervosas);
• Área escurecida e esbranquiçada.

Gravidade quanto à extensão


O importante na queimadura não é o seu tipo, nem o seu grau, mas sim a
extensão da pele queimada (área atingida).
• PEQUENAS QUEIMADURAS – Menos de 10% da área corporal
• GRANDES QUEIMADURAS – Mais de 10% da área corporal

Figura 10

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 63


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São consideradas graves as seguintes queimaduras


• Elétricas;
• Em períneo;
• 2º e 3º Graus com mais de 10% da área corporal queimada;
• Com lesão de vias aéreas

As manifestações mais importantes nas queimaduras são:


• Ausência de suor (não elimina as toxinas);
• Dor intensa que pode levar ao choque;
• Perda de líquidos corporais;
• Destruição dos tecidos;
• Infecção.

Procedimentos
• Tornar o local seguro;
• Começar a Avaliação Inicial;
• Banhar o local com água fria;
• Utilizar compressa úmida somente quando a pele estiver íntegra e a
queimadura não atingir mais de 9% da área corporal;
• Utilizar curativo seco e estéril;
• Não passar nada no local e não furar as bolhas a fim de evitar infecções;
• Retirar partes das roupas não queimadas, e as queimadas aderidas no local,
recortar em volta;
• Cobrir as regiões queimadas com plástico estéril ou papel alumínio;
• Retirar os adornos;
• Estabelecer a extensão e profundidade das queimaduras;
• Ministrar O2 se possível;
• Prevenir o choque.

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Procedimentos em queimaduras químicas


• Remover as roupas e calçados e use água para diluir o produto (lavar por 15
min);
• Se for pó, remover o produto com um pano limpo;
• Se os dedos das mãos ou dos pés estiverem queimados, separe-os com
curativos estéreis e eleve as extremidades;
• Queimadura nos olhos, não abrir as pálpebras, umedeça os olhos com
curativo estéril (térmica);
• Lavar abundantemente com água corrente partindo do nariz (química);

CHOQUE ELÉTRICO
Acidente causado pelo contato com a corrente de alta e baixa tensão elétrica.
A energia elétrica é convertida em calor quando entra em contato com a pele,
causando uma lesão térmica.
A lesão é auto limitada, ou seja, uma vez interrompida a corrente não causa
mais danos.

Vias de corrente
Podemos ter várias vias de corrente, sendo as mais comuns:
• mão – mão
• mão – pé
• pé – pé

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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Quadro clínico
A lesão cutânea é mínima quando comparada às
lesões profundas. Temos um ponto de entrada
QUEIMADURAS
(contato) e um ponto de saída (terra).
A corrente elétrica provoca alterações na
ALTERAÇÕES
despolarização cardíaca, podendo levar a arritmias,
CARDÍACAS
fibrilação e parada cardíaca.

ALTERAÇÕES Ocorrem lesões pulmonares térmicas, com


PULMONARES insuficiência respiratória grave.

COMPLICAÇÕES Agitação, perda de consciência, amnésia, cefaléia,


NEUROLÓGICAS déficits motores, sensoriais e convulsões.
LESÕES Queimaduras e catarata tardia.
MUSCULARES

ALTERAÇÕES Hemorragias, Tromboses e Vasculites, que podem


VASCULARES comprometer o segmento distal.
Insuficiência Renal Aguda.
INFECÇÕES

Condutas
• Local seguro;
• Começar a avaliação inicial;
• Ministrar O2 se possível;
• Iniciar RCP se necessário;
• Tratar as queimaduras no ponto de entrada e saída da corrente elétrica.
• Queimaduras por choque elétrico, lembre-se, as lesões internas são mais
graves que as externas;
• Transportar para o Hospital.

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CAPÍTULO VII

EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

OS OBJETIVOS DO CAPÍTULO
• Definir o conceito de emergências
clínicas;
• Identificar angina, infarto, desmaio,
acidente vascular cerebral, desmaio,
convulsão dentre outras;
• Formas de tratamento;

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CAPITULO VII
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

Estado crítico provocado por uma ampla variedade de doenças e condições,


que podem ser produzidas por micróbios, falência dos órgãos ou sistemas ou
agentes externos cujas causas não incluem violência sobre as vítimas, ou seja, não
existe trauma.

ANGINA

Doença cardíaca, na qual o suprimento de sangue para o coração se torna


inadequado devido ao estreitamento das artérias coronárias do músculo cardíaco.

Sinais e sintomas
• Dor localizada (Esforço ou Emoção);
• Comumente dura de 2 a 15 min;
• Mal-estar intenso.
Figura 10

Condutas
• Confortar e acalmar o paciente;
• Manter a vítima em repouso e em posição confortável;
• Informar-se sobre o uso de vasodilatadores;
• Monitorar sinais vitais;
• Transportar para o hospital.

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

Lesão que pode levar a necrose (morte) de parte do músculo cardíaco devido
à falta de nutrientes e oxigênio por um período prolongado. Isso acontece devido ao
estreitamento ou obstrução da artéria coronária doente.

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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Sinais e sintomas
• Dor com forte intensidade e
prolongada (mais de 20 a 30 min.);
• Dor pode irradiar para áreas
adjacentes ao coração;
• Mal-estar (náuseas, vômitos,
sudorese e palidez);
Figura 11
• Perda da consciência, evolução do
estado de choque cardiogênico.

Condutas
• Mantê-la confortável, em repouso absoluto;
• Monitorar sinais vitais;
• Afrouxar as vestes apertadas;
• Iniciar RCP se necessário;
• Ministrar O2 se possível;
• Transportar para o hospital.

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Dano do tecido cerebral causado por uma obstrução ou ruptura de um dos


vasos que suprem com sangue o cérebro, ocasionando a perda da funcionalidade
dos neurônios e, consequentemente, parte do cérebro fica danificado ou morre.

Sinais e sintomas
• Cefaléia, tontura, confusão mental;
• Alteração do nível de consciência;
• Hemiplegia (paralisia unilateral do
corpo);
• Desmaio, alteração visual, convulsão;

Figura 12 • Vertigem, náuseas ou vômitos.

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Condutas
• Assegurar abertura de vias aéreas;
• Monitorar sinais vitais;
• Manter o paciente em posição de recuperação;
• Ministrar O2, se possível;
• Proteger a vítima em caso de convulsão;
• Transportar para o hospital.

SÍNCOPE OU DESMAIO

Perda curta de consciência em que não necessita de manobras específicas


de recuperação. A causa fundamental é a diminuição do fluxo sanguíneo na
atividade cerebral.

Sinais e sintomas
Perda curta da consciência.

Condutas
• Afastar o paciente do local agressor;
• Monitorar sinais vitais;
• Manter o paciente deitado com os membros inferiores elevados;
• Afrouxar as vestes;
• Transportar para o hospital.

CONVULSÃO

Contrações musculares desordenadas, involuntárias e violentas de parte ou


de todo o corpo, devido o funcionamento anormal do cérebro durante um breve
período de tempo.

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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Sinais e sintomas
• Perda da consciência;
• Abalos musculares;

Condutas
• Proteger a vítima e afastar objetos que possa machucá-la;
• Afrouxar as roupas apertadas;
• Não introduzir nada pela boca;
• Colocar o paciente deitado em decúbito lateral;
• Se em 5 minutos não passar, conduzir para o hospital.

ASMA OU BRONQUITE

Crises provocadas por bronco-constrição (fechamento das vias aéreas por


inflamação, infecção da musculatura ou inalação de produtos tóxicos), dificultando a
passagem de ar.

Sinais e sintomas
• Dificuldade respiratória;
• Ruídos respiratórios audíveis;
• Uso de toda musculatura do tórax;
Figura 13
• Ansiedade e agitação;
• Cianose dos lábios;
• Tosse, catarro.

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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Condutas
• Afastar a vítima do local agressor;
• Repouso na posição sentado;
• Ministrar O2 se possível;
• Monitorar sinais vitais;
• Transportar para o hospital.

DIABETES
Doença de caráter hereditário ou adquirido caracterizada pela deficiência de
insulina, hormônio produzido pelo pâncreas. O paciente apresenta manifestações de
fome e sede exagerada, diurese freqüente e abundante, perda de peso e fraqueza.

Efeitos da deficiência (hiperglicemia) – Quando a produção de insulina é


insuficiente, acumula-se no sangue um excesso de glicose que pode gradualmente
ocasionar o coma diabético.
Sinais e sintomas
• Taquipnéia;
• Pele quente e seca (desidratada);
• Hipotensão e taquicardia;
• Hálito cetônico;
• Alteração do nível de consciência até o coma.

Condutas
• Manter o paciente em repouso;
• Oferecer açúcar (através de sucos ou refrigerantes);
• Prevenir o estado de choque;
• Ministrar O2, se possível;
• Transportar para o hospital.

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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Excesso de insulina (hipoglicemia) – Quando a quantidade de insulina no


sangue é excessiva, rapidamente esgota-se a glicose, causando um
comprometimento das células do SNC, podendo conduzir ao choque insulínico.

Sinais e sintomas
• Respiração normal ou superficial;
• Pele pálida, fria e úmida;
• Taquicardia e hipertensão;
• Hálito sem odor característico;
• Cefaléia e náuseas;
• Sensação de fome exagerada;
• Desmaio, convulsões ou coma.

Condutas
• Manter o paciente em repouso;
• Oferecer açúcar (através de sucos ou refrigerantes);
• Prevenir o choque e ministrar O2 se possível;
• Prevenir-se para o vômito;
• Transportar para o hospital.

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CAPÍTULO VIII

ANIMAIS PEÇONHENTOS

OS OBJETIVOS DO CAPÍTULO
• Identificar as emergências com
animais peçonhentos;
• Ação do veneno de alguns animais;
• Formas de tratamentos para os
diversos tipos de ataque;
• Definir raiva e tratamento.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 74


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CAPÍTULO VIII

ANIMAIS PEÇONHENTOS

Animais peçonhentos são aqueles que produzem substância tóxica e


apresentam um aparelho especializado para inoculação desta substância, que é o
veneno. Estes possuem glândulas que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões,
por onde o veneno passa.

Os animais peçonhentos de maior importância em saúde pública são:


• Serpentes do grupo da jararaca, cascavel, surucucu e coral verdadeira;
• Aranhas como a marrom, armadeira e a viúva negra;
• Escorpiões preto e o amarelo.

Ação do veneno
De modo geral, o veneno atua em todos os órgãos do corpo, mas sua ação é
mais freqüente e ocasiona maiores complicações nas áreas: (1) neurológica
(depressão), (2) hematológica (hemorragias), (3) nefrológica (insuficiência renal) e
(4) cardiovasculares (hipotensão e choque).

Sinais e sintomas (jararaca e surucucu)


• Dor e inchaço;
• Manchas arroxeadas;
• Sangramento pelos orifícios da picada;
• Sangramentos em gengivas, pele e urina;
• Vômitos, diarréia, queda da pressão arterial;
• Infecção e necrose na região da picada e insuficiência renal.

Sinais e sintomas (cascavel e coral)


• Sensação de formigamento;
• Dificuldade de manter os olhos abertos;
• Aspecto sonolento, visão turva ou dupla; Foto 6.1

• Dores musculares generalizadas e urina escura.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 75


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Sinais e sintomas (escorpião)


• Náuseas e vômitos;
• Alteração da pressão sangüínea;
• Agitação e falta de ar;
• Dor no local da picada de imediato;

Foto 6.2

Sinais e sintomas (aranhas)


• Agitação, náuseas, vômitos;
• Diminuição da pressão sanguínea;
• Dor na região da picada, sudorese;
• Contrações nos músculos;
• Alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.

Foto 6.3
Foto 6.4

Foto 6.5 Foto 6.6

Conduta
• Iniciar a avaliação;
• Monitorar sinais vitais;
• Ministrar O2 se possível;
• Lavar o local da picada;

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 76


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

• Manter a vítima deitada,


• Se possível, identificar o animal agressor;
• Se a picada for em membros, mantê-los elevados;
• Não fazer torniquete, pois você pode causar necrose;
• Tratar o estado de choque, caso necessário;
• Transportar para o hospital;
• Se possível, levar o animal agressor.

RAIVA

A raiva é uma doença causada por um vírus que ataca o sistema nervoso
central. O agente causador da raiva pode infectar qualquer animal de sangue
quente, porém só irá desencadear a doença em mamíferos como, cachorro, gato,
morcego e primatas.

Seu período de incubação é de 40 a 50 dias, às vezes pode aparecer mais


precocemente (a partir do 10º dia). Poucas vezes aparece depois de 3 meses.

Sinais e sintomas
• Pruridos no local da mordida;
• Cefaléia e irritabilidade;
• Náuseas, vômitos e mal estar moderado;
Na fase de excitação surge:
• Espasmos musculares intensos na faringe e laringe;
• Dores fortes quando deglute água (hidrofobia);
• Alucinações, insônia, agressividade em uma minoria de casos:
• Paralisia muscular, asfixia e morte arrastada.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS 77


MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Condutas

• Lavar o ferimento com água e sabão;

• Estancar hemorragia, se necessário;

• Se possível, capturar o animal, deixando-o em observação pelo período de 10


dias;

• Procurar o órgão de saúde da cidade e comunicar a ocorrência;

• Caso de morte do animal, enviar a carcaça para o serviço de saúde;

• O tratamento anti-rábico (soro) será sempre necessário, atendendo os


protocolos de saúde pública.

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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CAPITULO IX

AFOGAMENTO

OS OBJETIVOS DO CAPÍTULO
• Definir o conceito de afogamento;
• Descrever a classificação do
afogamento quanto ao tipo de água,
causa e gravidade;
• Identificar as vítimas de afogamento
conforme a gravidade;
• Saber tratar cada caso.

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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CAPÍTULO IX

AFOGAMENTO

É a aspiração de líquido causado por submersão ou imersão. O termo


submersão refere-se à entrada de líquido nas vias aéreas.
No afogamento, a função respiratória fica prejudicada pela entrada de líquido
nas vias aéreas, interferindo na hematose, ou seja, troca gasosa do oxigênio e gás
carbônico ao nível de alvéolos pulmonares. Os efeitos que o afogamento provocam
no organismo serão maiores ou menores de acordo com a quantidade de líquido
aspirado.
O afogamento em água salgada provoca a hemoconcentração, ou seja, o
plasma sanguíneo passa para dentro dos pulmões provocando o encharcamento
pulmonar.
Quando o afogamento ocorre em água doce, ocorre a hemodiluição, ou seja,
o líquido passa do pulmão para os vasos sanguíneos, causando a hipervolemia.
Alguns anos atrás acreditava-se que as alterações hídricas e eletrolíticas
eram primariamente importantes. Atualmente sabemos que o tratamento para
afogados em águas doces ou salgadas não se diferem.

CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO

Quanto ao tipo de água:


• Água doce;
• Água salgada;

Quanto à causa do afogamento:


• Afogamento primário – quando não existem indícios da causa do afogamento;
• Afogamento secundário – quando existe alguma causa que impeça a vítima
de se manter na superfície da água e conseqüentemente resulta em
afogamento. Ex: uso de drogas e álcool, convulsão e doenças cardíacas.

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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Quanto à gravidade do afogamento:


• Resgate – vítima resgatada da água que não apresente tosse ou espuma na
boca e/ou nariz;
• Afogamento grau 1 – vítimas que aspiram quantidades mínimas de água
suficientes para produzir tosse, porém, não apresentam espuma na boca e/ou
nariz, com freqüência cardíaca e respiratória um pouco aumentada pelo
esforço de estresse;
• Afogamento grau 2 – aspiram quantidades mínimas de água suficientes para
alterar a hematose, pequena quantidade de espuma no nariz e/ou boca,
aumento da freqüência cardíaca e respiratória que não se normalizam;
• Afogamento grau 3 e 4 – aspiram quantidades importantes de água, grande
dificuldade respiratória; secreção pulmonar abundante, com apresentação
considerável de secreção nasal e/ou oral na forma de espuma. A diferença do
grau 3 para o 4, é que no grau 3 a pressão arterial está aumentada ou
normal e no grau 4 está baixa;
• Afogamento grau 5 – grande quantidade de secreção; ausência de respiração
com presença de pulso;
• Afogamento grau 6 – a vítima apresenta parada cárdio-respiratória;

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Para o tratamento de vítimas de afogamento siga a tabela abaixo:

GRAU TRATAMENTO

RESGATE Avalie e libere no próprio local do atendimento.

Repouso, aquecimento e medidas que visem o


1
conforto do paciente.
Aquecimento corporal, repouso, oxigenação e
2
encaminhamento ao hospital.
Oxigenioterapia, encaminhamento a recurso
3 hospitalar e transporte lateral à direita, prevenção do
estado de choque.
Oxigenioterapia, posição lateral direita para
4 transporte rápido a recurso hospitalar, prevenção do
estado de choque.

5 RCP – 30 compressões e 02 respirações de resgate.

6 RCP – 30 compressões e 02 respirações de resgate.

Seqüência dos eventos no afogamento


MINUTOS SEQUÊNCIA
0 Imersão total
1 Pânico iminente
2 Luta contra a asfixia
3 Espasmo da glote
4 Deglutição de líquido
5 Vômitos
6 Perda de consciência
7 Aspiração líquida
8 Distúrbios hidrosalinos
9 Parada cardio-respiratória
++ Morte cerebral

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Vale frisar que o líquido que costuma ser expelido, após a retirada da vítima
da água, provém do estômago e não dos pulmões, por isso, sua saída deve ser
natural. Não se deve provocar vômito pois pode gerar novas complicações.

Lembramos que os procedimentos adotados anteriormente, referem-se ao


atendimento de vítimas de afogamento que estejam fora da água. Não foi abordado
neste capítulo as técnicas de salvamento aquático. Mesmo que você saiba nadar
não tente prestar o socorro a uma vítima que estiver afogando, pois fatalmente você
poderá se tornar outra vítima, por isso, pesquise no local, galhos, cordas, bóias ou
outros objetos que permitam a retirada da vítima da água.
Vale ressaltar que o afogamento é um trauma que abala de forma
imensurável a vida de uma família pois, muitas vezes, esta tragédia acontece em
ambientes de festa, onde a família se reúne para um passeio ou comemoração. Não
raras, várias pessoas da mesma família morrem na tentativa de salvamento de uma
pessoa que está se afogando.
Baseado nas informações acima, a melhor conduta é a prevenção. Evite: (1)
nadar em locais desconhecidos, (2) o uso de bebidas alcoólicas pois encoraja o
banhista a arriscar alguns metros a mais do que estava acostumado, podendo
resultar em uma tragédia, (3) deixar as crianças sozinhas em clubes – alguns pais
acreditam que a responsabilidade na piscina é totalmente do salva-vidas e
esquecem de observar os filhos nadando, onde muitas vezes por despreparo do
profissional.
Por isso a prevenção ainda é a melhor solução.

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CAPÍTULO X

PARTO

OS OBJETIVOS DO CAPÍTULO
• Identificar os sinais de parto
iminente;
• Condutas no auxílio ao parto;
• Sinais de complicação de parto e
condutas específicas;

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CAPÍTULO X
PARTO

Este capítulo recebeu o nome de parto e não de parto de emergência, uma


vez que a maioria dos bebês no mundo nascem longe de um ambiente hospitalar. A
anatomia da mulher, as mudanças ocorridas durante a gravidez e o próprio lactente
permitem que o parto aconteça naturalmente. A presença de um médico reduz a
chances de problemas.
O socorrista não deve ficar empolgado e retardar o deslocamento para um
hospital na expectativa de auxiliar a mãe durante o trabalho de parto. Em um
hospital a estrutura e os procedimentos utilizados permitem um maior conforto para
a mãe e para o bebê. O socorrista só deve agir e permanecer no local se o parto for
iminente.
O socorrista deve sempre se apresentar e ganhar a confiança da parturiente,
dando apoio emocional ao longo de todo o processo. Após a apresentação, começar
a análise da parturiente perguntando:
• O nome, idade e se a data do parto é a esperada;
• Se é a primeira gestação;
• Durante a gravidez houve algum problema de saúde importante;
• Se realizou o pré-natal;
• Se houve rompimento da bolsa;
• Há quanto tempo iniciaram as contrações.

Sinais de parto iminente


• Saída de líquido claro pela vagina;
• Discreto sangramento vaginal;
• Contrações fortes e freqüentes, geralmente com intervalos inferiores a
dois minutos;
• Apresentação cefálica, conhecida com coroamento;
• A gestante queixa vontade de evacuar.

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Conduta
• Colocar a paciente deitada em decúbito dorsal;
• Utilizar cobertores, lençóis ou toalhas dobradas embaixo das
nádegas mantendo o quadril elevado aproximadamente 5 cm
do local em que estiver deitada;
• Retirar as roupas que possam dificultar o nascimento do
Foto 7.1 lactente;
• Lembrar que a mãe deve estar em um local discreto e
confortável durante o processo;
• Lavar as mãos com água e sabão e utilizar luvas
esterilizadas do kit obstétrico;
• Posicionar alguém próximo a cabeça da mãe para encorajá-
Foto 7.2
la e confortá-la;
• Durante a passagem do bebê, na fase inicial do coroamento,
o socorrista poderá utilizar os dedos, médio e indicador de
ambas as mãos efetuando uma leve compressão no períneo,
Foto 7.3 para evitar a laceração desta região;
• Colocar uma das mãos abaixo da cabeça do lactente, a
outra por cima e faça um pequeno deslocamento para cima e
para baixo, a fim de liberar a passagem dos ombros;

Foto 7.4 • Após a saída o bebê deverá ser envolvido em um cobertor


para manutenção da temperatura;
• Com utilização de panos ou dispositivo de aspiração “pêra
obstétrica”, o socorrista deverá limpar as vias aéreas do
bebê;
Foto 7.5
• Anotar o horário do nascimento;
• Utilizar clamps para contenção da circulação no cordão umbilical, devendo ser
colocado da seguinte forma: partindo do bebê em direção a mãe, colocar o
primeiro clamp cerca de 20 cm, após este, cerca de 10 cm colocar o segundo
clamp. Se o socorrista tiver no seu kit obstétrico um bisturi poderá efetuar o
corte do cordão umbilical, na metade entre o primeiro e segundo clamps.
• Monitorar os sinais vitais do bebê;

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• Fazer análise da mãe e monitore os sinais vitais;


• Conter a hemorragia vaginal utilizando um absorvente do seu kit obstétrico;
• Não se preocupe com a saída da placenta, ela poderá sair em poucos minutos.
Assim que a placenta sair, o socorrista deverá colocar todo seu conteúdo
dentro de um saco plástico e encaminhar junto com a paciente para a
maternidade.

Sinais de complicação de parto


• Apresentação de outra parte do corpo que não seja a cabeça;
• Saída do cordão umbilical;
• Saída de líquido esverdeado (mecônio);

Conduta
• Fazer análise da gestante;
• Monitorar os sinais vitais;
• Não tentar forçar a saída nem recolocar as partes do corpo no interior
da gestante;
• Procurar acalmar a parturiente;
• Colocar a paciente deitada em decúbito lateral esquerdo, ou na posição
mais confortável;
• Transportar para o hospital (maternidade)

OBSERVAÇÃO: As fotos 7.1 a 7.5 são apenas ilustrativas.

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BIBLIOGRAFIA
1. AMERICAN HEART ASSOCIATION, SBV PARA PROFISSIONAIS DE SAUDE.
Prous Science, São Paulo, Brasil Fev 2006.

2. AMERICAN HEART ASSOCIATION, CURRENTS in Emergency Cardiovascular


Care, Volume 16 nº 4 Dez 05, Prous Science, São Paulo, Brasil .

3. AMERICAN HEART ASSOCIATION, SBV PARA PROVEDORES DE SAUDE.


Prous Science, São Paulo, Brasil Agosto 2004.

4. PREHOSPITAL TRAUMA LIFE SUPPORT, Atendimento Pré-Hospitalar ao


Traumatizado, tradução da 5ª Edição, Elsevier Copyright 2003.

5. MARKOVCHICK, VINCENT J., PONS, PETER T., WOLFE, RICHARD E.,


SEGREDOS EM MEDICINA DE URGÊNCIA, Artes Medicas Porto Alegre Brasil
1995.

6. TEMPLE, JEAN SMITH, JOJNSON, JOYCE YOUNG, GUIA PARA


PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM, Artes Médicas, Porto Alegre Brasil 2000.

7. SANTOS R.R, CANETTI M.D., RIBEIRO JÚNIOR C. ALVAREZ F.S. Manual de


Socorro de Emergência, Editora ATHENEU – 2000.

8. BERGERON, J. DAVID, BIZJAK, GLÓRIA, Primeiros Socorros, Editora


ATHENEU – 1999.

9. RAYMOND H. ALEXANDER, HERBERT J. PROCTOR, Suporte Avançado de


Vida no Trauma, 5ªedição, Ministério da Saúde - 1996.

10. THYGERSON, ALTON, Primeiros Socorros, Editora Randal Fonseca LTDA – 2002.

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MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

11. MARTINS, FELIPE JOSÉ AIDAR. A primeira Resposta: Manual de Socorro Básico
de Emergência. 7ª Ed. Belo Horizonte: Cruz Vermelha Brasileira, 2001.

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