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EVANGELII GAUDIUMA alegria do Evangelho

Exortação apostólicaPapa Francisco (2014)


Ao episcopado, ao clero, às pessoas consagradas e aos fiéis leigos
Sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual

Introdução

 Com Jesus renasce a alegria


 Risco da atualidade: avassaladora oferta de consumo – tristeza individualista
 Vida fechada nos próprios interesses, sem espaço para os outros, já não entram
os pobres, já não se ouve a voz de Deus (amor), nem a vontade de fazer o bem

Misericórdia
Deus nunca se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua
misericórdia

Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa
Posso dizer que as alegrias mais belas e espontâneas, que vi ao longo da minha vida, são
as alegrias de pessoas muito pobres que têm pouco a que se agarrar

A vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros.
Consequentemente, um evangelizador não deveria ter constantemente uma cara de
funeral

Sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho,


despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais
eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual. Na realidade,
toda a ação evangelizadora autêntica é sempre nova.

Penso que não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa
sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo.
Não convém que o Papa substitua os episcopados locais no discernimento de todas as
problemáticas que sobressaem nos seus territórios. Neste sentido, sinto a necessidade de
proceder a uma salutar descentralização.

Capítulo I
A TRANSFORMAÇÃO MISSIONÁRIA DA IGREJA
Uma Igreja “em saída”
Fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos,
em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo.

A comunidade missionária...cuida do trigo e não perde a paz por causa do joio.

 É necessário tocar a carne sofredora de Cristo no povo.

Pastoral em conversão

 A paróquia não é uma estrutura caduca...


 Temos, porém, de reconhecer que o apelo à revisão e renovação das paróquias
ainda não deu suficientemente fruto, tornando-se ainda mais próximas das
pessoas, sendo âmbitos de viva comunhão e participação e orientando-se
completamente para a missão.

A Igreja necessita estar encarnada tendo um rosto local.

 O bispo deve favorecer a comunhão missionária...sua missão é promover uma


comunhão dinâmica...desejo de ouvir a todos, e não apenas alguns sempre
prontos a lisonjeá-lo.
...uma conversão do papado. Bispo de Roma... aberto a sugestões.

 Vaticano II – colegialidade...uma centralização excessiva, em vez de ajudar,


complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária.

NÃO CAMINHAR SOZINHO

A partir do coração do Evangelho

 Uma pastoral em chave missionária não está obcecada pela transmissão


desarticulada de uma imensidade de doutrinas que se tentam impor à força de
insistir.
 As obras de amor ao próximo são a manifestação mais perfeita da graça interior do
Espírito... a misericórdia é a maior de todas as virtudes...

A missão que se encarna nas limitações humanas

 A tarefa dos exegetas e teólogos ajuda a “amadurecer o juízo da Igreja”.


 ...A quantos sonham com uma doutrina monolítica defendida sem nuances por
todos, isto poderá parecer uma dispersão imperfeita; mas a realidade é que tal
variedade ajuda a manifestar e desenvolver melhor os diversos aspectos da
riqueza inesgotável do Evangelho.

...mesmo ouvindo uma linguagem totalmente ortodoxa, aquilo que os fiéis recebem, devido
à linguagem que eles mesmos utilizam e compreendem, é algo que não corresponde ao
verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo.

...há normas ou preceitos eclesiais que podem ter sido muito eficazes noutras épocas, mas
já não têm a mesma força educativa como canais da vida.
...E, citando Santo Agostinho, observava que os preceitos adicionados posteriormente pela
Igreja se devem exigir com moderação, “para não tornar pesada a vida dos fiéis” nem
transformar a nossa religião numa escravidão, quando “a misericórdia de Deus quis que
fosse livre”.

Aos sacerdotes, lembro que o confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas o
lugar da misericórdia do Senhor que nos incentiva a praticar o bem possível.

Uma mãe de coração aberto

 A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai.


 ...nem sequer as portas dos sacramentos se a deveriam fechar por uma razão
qualquer.
 A Eucaristia...não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um
alimento para os fracos.

...Muitas vezes agimos como controladores da graça e não como facilitadores.

 Há que afirmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e
os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos!

...prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma
Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças.
Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas
estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes
implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma
multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar:
“Dai-lhes vós mesmo de comer”
(Mc 6, 37).

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