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Editorial: É preciso falar de depressão

Publicado em: 10/04/2017 06:58 Atualizado em:


http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2017/04/10/interna_
politica,698403/editorial-e-preciso-falar-de-depressao.shtml

Cresce de maneira assustadora o número de pessoas que vivem com


depressão no mundo. Na última década, considerando o período de 2005 a
2015, o aumento se deu na ordem de 18%. Estima-se que hoje são mais de
300 milhões de pessoas de todas as idades sofrendo com a doença e
silenciando-se até que - se não tratada - a convivência delas no meio social se
torna inviável. O quadro é tão dramático que a Organização Mundial da Saúde
divulgou novos dados para justificar porquê elegeu a depressão como
destaque do Dia Mundial da Saúde, lembrado na semana passada.

A depressão lidera o ranking das principais causas de incapacidade laboral do


planeta. No Brasil, cerca de 5,8% da população lidam com a depressão, sendo
o segundo maior índice das Américas e perdendo apenas para os Estados
Unidos. A doença não vê idade para ataques: afeta cidadãos de faixa etárias
distintas e que vivem estilos de vida diferentes. Difere-se das variações de
humor, aquelas de curta duração que dizem respeito a períodos específicos de
dificuldades. A depressão é um problema de saúde quando se apresenta em
períodos longos e se revela severa. Promove angústias e, conforme lembra a
OMS, repercute na execução de tarefas das mais simples.

É importante lembrar que, na pior das hipóteses, pode levar ao suicídio, um


tema que, de tão estigmatizado e delicado, é pouco debatido mas que faz parte
da realidade de inúmeras famílias. Para se ter uma dimensão do quanto: dados
mostram que quase 800 mil pessoas morrem de suicídio como consequência
da depressão não cuidada. Pior: o suicídio é hoje a principal causa de morte
entre jovens de 15 a 29 anos de idade.

O que mais chamou a atenção nas análises feitas por técnicos da OMS foi o
alerta de que menos da metade das pessoas afetadas recebe ajuda médica.
Tem países que a doença é tão negligenciada que apenas 10% dos casos têm
acompanhamento adequado. Muitas vezes faltam profissionais capacitados,
recursos, há falhas no diagnóstico. No entanto, o que ainda atrapalha muito é o
estigma social. Enquanto não se falar de depressão, será difícil lidar com ela e
reduzir o estrago sobre a saúde mundial

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