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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

GUILHERME MATEUS BOURSCHEID

UM PROJETO PARA A ESCOLA DO CAMPO DIRCEU MOREIRA


ALICERÇADO EM UM NOVO PARADIGMA PARA O
ECODESENVOLVIMENTO LOCAL

Jaguarão
2015
GUILHERME MATEUS BOURSCHEID

UM PROJETO PARA A ESCOLA DO CAMPO DIRCEU MOREIRA


ALICERÇADO EM UM NOVO PARADIGMA PARA O
ECODESENVOLVIMENTO LOCAL

Projeto de Intervenção
apresentado ao Programa de Pós-
Graduação em Educação da
Universidade Federal do Pampa,
como requisito parcial e obrigatório
para obtenção do Título de Mestre
em Educação

Orientador: Jefferson Marçal


da Rocha

Linha de Pesquisa: Política e


Gestão da Educação

Jaguarão
2015
GUILHERME MATEUS BOURSCHEID

UM PROJETO PARA A ESCOLA DO CAMPO DIRCEU MOREIRA


ALICERÇADO EM UM NOVO PARADIGMA PARA O
ECODESENVOLVIMENTO LOCAL

Projeto de Intervenção
apresentado ao Programa de Pós-
Graduação em Educação da
Universidade Federal do Pampa,
como requisito parcial e obrigatório
para obtenção do Título de Mestre
em Educação

Projeto de Intervenção apresentadoem: xxx de agosto de 2015.

Banca examinadora:

______________________________________________________
Prof. Drª Jefferson Marçal da Rocha
Orientador
UNIPAMPA

______________________________________________________
Prof. (titulação). (Nome do membro da banca)
(sigla da instituição)

______________________________________________________
Prof. (titulação). (Nome do membro da banca)
(sigla da instituição)
Dedico este trabalho á todas
educadoras e todos educadores que
percebem na educação a
possibilidade de mudar o seu
contexto.
AGRADECIMENTO
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 7

2. OBJETIVOS ..................................................................................... 11

3. JUSTIFICATIVA: .............................................................................. 11

4. PROBLEMA ..................................................................................... 12

5. REFERENCIAL TEÓRICO CONCEITUAL ..................................... 17

5.1 GESTÃO DEMOCRÁTICA .............................................................17

5.2 PROJETO POLÍTICO E PEDAGÓGICO........................................ 18

5.3 EDUCAÇÃO DO E NO CAMPO .....................................................20

5.4 SUSTENTABILIDADE..................................................................... 22

6. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO .............................. 25

6.1 A ESCOLA E A SUSTENTABILIDADE .......................................... 25

6.4 METODOLOGIA DA PESQUISA.................................................... 28

6.5 COLETA DE DADOS ...................................................................... 29

6.6 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................. 31

6.7 QUANTO À PROPOSTA DE INTERVENÇÃO/AÇÃO ................... 33

7. DIAGNÓSTICO ................................................................................ 34

8. PROJETO DE INTERVENÇÃO ...................................................... 39

9. CRONOGRAMA INICIAL – 2014 - 2015......................................... 41

10. REFERÊNCIAS ............................................................................... 42


1. INTRODUÇÃO

TEM QUE COMEÇA MAIS DIRETO...O QUE PRETENDE FAZER?


PORQUE FAZER?

ESTE TEXTO ABAIXO É UMA DISCUSSÃO MAIS TEÓRICA


VÁLIDA MAS NÃO AQUI.... Commented [J1]: ESCREVI ISTO APÓS LER TODA A
INTRODUÇÃO...

Podemos dizer que atravessamos mais uma crise do sistema


capitalista. E porque mais uma? Porque assim Marx e Engels (1978) já
proferiram no Manifesto Comunista em 1848 quando perceberam que o
sistema de tempos em tempos se esgotava e era necessário destruir o que se
havia criado1. Assim, a burguesia promovia uma quebradeira a fim de que o
sistema voltasse alguns passos para trás para produzir novamente.

O gênio do sistema capitalista se caracteriza por sua enorme


capacidade de encontrar soluções para suas crise, geralmente
promovendo a destruição criativa. Ganha destruindo um sistema e
depois ao reconstruí-lo (BOFF, 2013, 19).

Esta saturação do mercado acontece não por fatos anormais, mas


sim pela superabundância (HUBERMAN, 2012). O interessante é observar que
em meio a todo este desenvolvimento, toda esta tecnologia, toda esta
superprodução de bens e alimentos há uma enorme e gradativa situação de
miséria/pobreza humana (BOFF, 2013), destruição ambiental (LEFF, 2013),
baixo acúmulo de capital social e perda de empoderamento (BAQUERO

1
Nessas crises destrói-se uma grande parte dos produtos existentes e das forças
produtivas desenvolvidas [...] Repentinamente, a sociedade vê-se de volta a um estado
momentâneo de barbarismo; é como se a fome ou uma guerra universal de devastação
houvesse suprimido todos os meios de subsistência. O comércio e a indústria parecem
aniquilados. E por quê? Porque há demasiada civilização. Demasiados meios de subsistência,
demasiada indústria, demasiado comércio. As forças produtivas disponíveis já não mais
favorecem as condições da propriedade burguesa ao contrário, tornaram-se poderosas demais
para essas condições que as entravam; e, quando superam esses entraves, desorganizam
toda a sociedade, ameaçando a existência da propriedade burguesa [...] E como a burguesia
vence essas crises? De um lado, pela destruição violenta de grande quantidade das forças
produtivas; do outro, pela conquista de novos mercados e pela intensa exploração dos antigos
(MARX E ENGELS, 1978).
&CREMONESE, 2006), de concentração de território nas mãos de cada vez
menos pessoas ou grupos (FERNANDES, 2004), do distanciamento da
sustentabilidade (ROCHA, 2011), enfim, vivemos a contradição de produzir
muito mas para cada vez menos terem acesso a estes bens.

Ao mesmo tempo em que vemos os países produzindo riquezas e


muita tecnologia, onde o desenvolvimento atinge patamares extraordinários,
vemos também a dilaceração do ser humano com perdas social,econômica e
de diversidade cultural (FOLADORI, 2001). A concentração de riquezas nas
mãos de poucos e a fome e a miséria na maioria da população. Desta forma,
vamos encontrar em Boff (2013) dados que nos preocupam como a
concentração da riqueza produzida no mundo está nas mãos de poucos,
assim, os três mais ricos concentram o equivalente aos 48 países mais pobres
com montante populacional de 600 milhões de pessoas, 257 pessoas mais
ricas tem o equivalente a outros 2,8 bilhões de seres humanos ou 45% da
população da terra, mais acentuado ainda é o dado estado-unidense onde 1%
mais rico ganha o equivalente os outros 99%. Esta contradição do capital é
assustadora e nos remete a pensar em alternativas para este sistema.

Pensar em sustentabilidade nesta conjuntura fica deliberadamente


um pouco complicado. Diante das dimensões proferidas por Sachs (2000,
2008) podemos partir do pressuposto de que atingir um mundo sustentável no
sistema capitalista é como tentar tirar leite de pedra. Na última frase do seu
livro ‘Limites do desenvolvimento sustentável’Folladori (2001), falando do
sistema capitalista, diz que “Em seu conjunto, trata-se da demonstração mais
nítida e contundente de que as relações capitalistas não condizem com um
desenvolvimento sustentável”. Assim, não podemos também nos atirar
precipício abaixo e achar que tudo está determinado e que não tem mais jeito.
Mesmo neste sistema precisamos encontrar alternativas a fim de minimizar os
impactos da destruição.

A construção de um

[...] crescimento sem limites que levou à insustentabilidade; ao


desequilíbrio ecológico, à escassez de recursos, à pobreza extrema,
ao risco ecológico e à vulnerabilidade da sociedade (LEFF, 2013,
404).
Nesse sentido, é preciso repensar a sociedade com bases numa
‘reflexão filosófica, à produção teórica e ao julgamento crítico sobre os
fundamentos da modernidade’ (LEFF, 2013, 404) que permita uma elaboração
de estratégias para a reconstrução social. Uma destas idéias é apresentada
por Rocha (2011) quando lança idéia do ‘desenvolvimento compatível’ que
pretende um respeito à regionalização da cultura e da economia e suas
diversidades.

[...] o desenvolvimento compatível, diz respeito ao modo [...] de


diversificação, ou seja, a uma forma baseada na maximização da
diversidade e compatibilidade intra e interculturas. [...] é, pois, um
modelo relativista de regionalização. [...] não possui caráter universal
heterônomo, antes, pelo contrário, pressupõe uma autonomia
regional e cultural (ROCHA, 2011, 143). Commented [J2]: ATÉ AQUI BOM TEXTO MAS NÃO
INTRODUZ NADA AINDA....
É neste contexto que procuro discutir este trabalho e me inserir Commented [J3]: SIM NO CONTEXTO
CAPITALISTA...MAS QUAL A NOVIDADE???????
como pesquisador e ator da ação de mudança da realidade. Minha formação
política corresponde a luta por uma sociedade mais justa e uma opção pela
consciência crítica me faz compreender meu papel na sociedade. Papel este
que depende de minha liberdade de escolhas. Segundo Plekanov (1971) a
“liberdade é a necessidade tornada consciência”.

Quando a consciência da falta de liberdade da minha vontade se me


apresenta ùnicamente sob a forma de uma impossibilidade total,
subjectiva e objectiva, de proceder de modo diferente como o faço e
quando as minhas acções são para mim ao mesmo tempo as mais
desejáveis entre todas as possíveis, nesse caso a necessidade
identifica-se na minha consciência com a liberdade e a liberdade com
a necessidade e, então, nou sou já livre ùnicamente no sentido de
não poder romper esta identidade entre a liberdade e a necessidade;
não posso opor uma à outra; não posso sentir-me dominado pela
necessidade. Mas esta falta de liberdade é ao mesmo tempo a sua
manifestação mais completa (PLEKANOV, 1971, 20).

Assim, percebo a necessidade em minha formação de buscar


respostas frente a questão da sustentabilidade e do desenvolvimento local
pensando de que maneira a instituição escola, e nesse caso a escola do
campo, pode contribuir nesse processo e qual a função social desta na
comunidade, que no contexto deste trabalho refere-se a Santa Silvana. É nesta Commented [J4]: TEM QUE MELHORAR ESTE
TEMA...SÓ ISTO NÃO DÁ!!!!
comunidade que desenvolvo meu trabalho e busco na minha ação contribuir na
formação crítica dos personagens desta história. Há oito anos na direção penso
que devo articular com a comunidade para construirmos algo que permaneça
definitivamente na Escola e que venha contribuir na melhoria do espaço
pedagógico e na busca do desenvolvimento local com maior sustentabilidade. Commented [J5]: MAS NÃO INTRODUZ O TEMA?????
2. OBJETIVOS

O objetivo a que este trabalho se propõe pode ser explicitado do


seguinte modo: Construir com a comunidade escolar, através de uma
pesquisa-ação, uma intervenção social que ajude esta a identificar práticas de
sustentabilidade no seu meio e a partir deste novo conhecimento poder
elaborar os rumos de um projeto para a Escola Dirceu Moreira alicerçado num
novo paradigma para o ecodesenvolvimento local. Commented [J6]: COMO SE DARÁ ESTA
CONSTRUÇÃO???

Assim sendo, os objetivos específicos podem ser caracterizados do


seguinte modo:

Promover rodas de diálogos sobre os conceitos de sustentabilidade


aplicados a realidade da comunidade de Santa Silvana entre professores e
professoras e alunos e alunas do oitavo e nono anos.

Disseminar conceitos acerca de sustentabilidade e suas dimensões


no ambiente da escola do campo através da produção de material escrito e
jornal falado.

Identificar prática de sustentabilidade existentes na escola do campo


Dirceu Moreira.

Identificar e promover ações e praticas pedagógicas que valorizem o


homem e a mulher do campo e a sua relação com a terra em busca da
sustentabilidade.

Elaborar uma carta da escola Dirceu Moreira sustentável esboçando


os rumos para pensar um novo paradigma par ao ecodesenvolvimento local a
partir do contexto da educação do campo.

Divulgar os conhecimentos construídos com a intervenção realizada


na escola do campo Dirceu Moreira, através dos meios de comunicação local.

3. JUSTIFICATIVA:
Ter uma política-pedagógica voltada para a educação do campo é,
sem dúvida, fortalecer o processo de gestão democrática. Este Projeto de
Intervenção, busca garantir uma ação participativa da comunidade escolar. O
estudo será dirigido pela metodologia da Pesquisa-ação.

É com este intuito que o projeto de intervenção na Escola Dirceu


Moreira, se justifica pela sua contribuição na mudança de postura na questão
da participação, na valorização da Gestão Democrática e principalmente na
mudança de comportamento e de conhecimento frente a questão da
sustentabilidade e do desenvolvimento local sustentável. É neste sentido, que
busca fortalecer uma consciência crítica a respeito da produção e uso da terra,
criando condições para que a comunidade possa refletir e tomar posição frente
suas ações e a relação e os impactos desta com a natureza e a busca da
estabilidade econômica.

4. PROBLEMA

Partindo do pressuposto de que este programa deva ser baseado


nas dimensões da sustentabilidade (Sachs, 2000; 2008)2 e para que
realizemos uma ação voltada para compreensão do tema como um todo e não
apenas como sinônimo de preservação ambiental, a pergunta que este estudo
se propõe seria: como construir os rumos de uma escola sustentável,
englobando suas diversas dimensões tendo como referência a participação da
comunidade?

BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESCOLA

A Escola Dirceu Moreira está situada no meio rural, portanto é


considerada uma escola do campo, precisamente localizada no Distrito de

2
Conforme será melhor desenvolvido adiante Sachs (2000; 2008) menciona as
seguintes dimensões: social, cultural, ambiental, territorial, econômica e política.
Santa Silvana distante 50 km da sede do município de Pelotas. Culturalmente a
comunidade é formada por descendentes de alemães em sua maioria
provenientes da região da Pomerânia3. Na maioria das vezes, os professores
utilizam três transportes coletivos para chegar até a Escola sendo que os
últimos vinte quilômetros por meio de estrada de chão. Essas se encontram
esburacadas e em dias de chuva apresentam atoleiros deixando muitas vezes
os professores sem condições de chegar ao educandário. Isto tudo, torna esta
uma escola de difícil acesso.

A Escola Dirceu Moreira pertence à esfera administrativa do Estado


do Rio Grande do Sul, assim figura entre as escolas públicas estaduais
vinculadas a Secretaria Estadual da Educação do Rio Grande do Sul e a 5ª
Coordenadoria Regional da Educação. É coordenada por um Diretor, por uma
Vice-diretora, sendo este o limite administrativo, visto que, a Escola
proporciona apenas dois turnos de funcionamento, manhã e tarde, sendo
oferecido na escola o nível Básico, etapa do Ensino Fundamental de nove anos
e a modalidade complementar da Educação do Campo. O quadro é composto
ainda por catorze trabalhadoras e trabalhadores em educação, oito professores
em regência de classe, sendo que destas, uma professora tem funções de
Vice-direção e dois professores ocupam funções de Coordenação do Programa
Mais Educação e Orientação Pedagógica. O quadro de funcionárias possui
uma merendeira, uma auxiliar de manutenção e uma secretária de escola. A
comunidade de Santa Silvana comporta essa Escola Estadual e outras três
Municipais,sendo que comparecem a Escola atualmente 72 educandas e
educandos4.

Desde a sua criação, como Grupo Escolar Dirceu Moreira em 1942,


a escola funcionou apenas com o Ensino Fundamental incompleto vindo a se
estabelecer como Escola Estadual de Ensino Fundamental apenas em 2002.
No ano de 2012, foi solicitada a inclusão da modalidade de Educação de
Jovens e Adultos, sendo essa demanda ainda não atendida. Para manter a
3
Segundo Salamoni; Acevedo; Estrela (1995) a colonização pomerana iniciou em 1858
na Serra do Tapes, hoje municípios de São Lourenço do Sul e Pelotas, pelas mãos do
empresário Jacob Rheingantz. A região da Pomerânia não existe mais, pois foi anexada à
Polônia em 1945 e a população banida desta terra. Assim, este povo espalhou-se pelo mundo
sendo o Brasil hoje um dos lugares de maior concentração de pomeranos do mundo e onde
ainda se guardam costumes, crenças, língua nativa e culinária.
4
Dados de 2015 referente as matrículas da Escola.
Escola em condições de bom uso e manutenção a Escola recebe um repasse
mensal via Autonomia Financeira do Governo do Estado do Rio Grande do Sul,
um repasse anual do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação/Programa Dinheiro Direto na Escola (FNDE/PDDE) e Programa
Dinheiro Direto na Escola Campo (PDDE Campo) e recursos do
FNDE/PDDE/Programa Nacional de Alimentação Escolar (FNDE/PDDE/PNAE).
Recentemente a Escola passou a contar com outros aportes federais através
do Programa Mais Educação que prevê recursos financeiros para a promoção
da educação em tempo integral.

A escola conta também com um Conselho Escolar formado por


mães e pais da comunidade. Essa participação é estimulada, mas já houve
uma participação maior do que neste momento. No entanto, o Conselho
Escolar é atuante e colaborador,e reúne-se sistematicamente, assim como, o
Círculo de Pais e Mestres. Ambas as entidades organizam em conjunto com a
equipe diretiva o calendário escolar e as festividades da Escola. O ambiente
escolar carece de um clube de mães necessáriopara envolver mais estas
mulheres do campo.

O Conselho de Classe, formado atualmente por Direção,


Coordenação Pedagógica e professores, em 2015, passará envolver pais,
mães, alunos e alunas tornando-se mais participativo. O Grêmio Estudantil está
sendo articulado dentro do programa de sustentabilidade da escola. Os alunos
e alunas do nono ano se articulam para a formatura e esta é a única instância
organizada dos e pelos alunos.

A Assessoria Pedagógica foi conquistada em 2012 promovendo


algumas mudanças no desenvolvimento da prática educativa dos educadores.
Porém, em junho de 2014 foi retirada a coordenação sob a alegação de que a
Escola tinha menos de cem alunos e já possuía uma Orientação Educacional
na Escola. A atividade da Orientação Educacional teve início no final de
setembro de 2012, passando a contribuir com a organização das tarefas
pedagógicas. Em outubro foi incluído um responsável pelo Programa Mais
Educação, que passou a coordenar as atividades do Programa com o Currículo
da Escola.
A Escola está organizada em regime de matrícula seriado, sendo o
ano letivo dividido em três trimestres. As séries contêm as disciplinas básicas
do Ensino Fundamental. Matemática e Língua Portuguesa contemplam a maior
carga horária (cinco horas semanais cada uma). Além destas duas disciplinas
há ainda Educação Física, Artes, Religião, Ciências, Geografia, História e
Língua Estrangeira. O dia letivo é dividido em cinco períodos de cinquenta
minutos cada, perfazendo uma carga horária de quatro horas e vinte e cinco
minutos diários, vinte e duas horas e trinta minutos semanais, totalizando 920
horas letivas.

A Escola possui Projeto Político-Pedagógico (PPP), o Regimento


Escolar (RE) e os Planos de Estudos (PE), mas devido a demanda do dia-a-dia
escolar entre outros fatos ainda não conseguimos colocar em prática o todo
como gostaríamos. Nossa intenção é poder discutir um ponto que pode ser
incluído no Projeto Político-Pedagógico da Escola com a temática da
sustentabilidade. Assim, toda a articulação em busca da construção da Horta
Escolar e da problematização através dos Temas Geradores de Conhecimento
tem a proposta de desencadear uma dinâmica de discussão desta temática
dentro do espaço pedagógico da Escola transpondo os obstáculos da sala de
aula e compondo os corredores e instâncias de toda a estrutura física e política
do complexo educativo Dirceu Moreira. Construção de algo que não dependa
da individualidade dos sujeitos mas que faça parte como um organismo vivo
deste Projeto Político-Pedagógico da Escola.

O Programa Mais Educação5 foi conquistado em meados de 2012. A


contratação direta de monitores para o desenvolvimento do programa
possibilitou a aproximação de pessoas comprometidas com a educação do
campo e também injetou um ânimo novo para toda a comunidade escolar.
Também, desenvolve-se na Escola uma parceria com a Embrapa Clima
Temperado – Estação Cascata, com a introdução do projeto Quintal Orgânico6,

5
O Programa Mais Educação, criado pelo Governo Federal no ano 2010, tem como
objetivo “induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular na perspectiva da
Educação Integral” MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA [s.d.]. Disponível
em:<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16690&Itemid=11
13>. Acesso em 18 jan. 2015.
6
O projeto Quintal Orgânico, criado em 2003 pelo Governo Federal, para ser implantado em
Escolas e comunidades visando “dar segurança alimentar à famílias que não têm muito acesso
às frutas e incluir estes alimentos na nutrição das famílias e merenda escolar das
modelo prático de cultivo orgânico e agricultura ecológica. Este programa tem
sido desenvolvido em conjunto com o Mais Educação, sendo que a partir de
2015 também servirá como sala ambiente de estudo de Permacultura7 com a
introdução da horta orgânica nos espaços abertos entre as linhas das árvores
frutíferas do Quintal Orgânico.

crianças”. Disponível em
<http://diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=22741&secao=Pacotes%20Tec
nol%F3gicos&c2=Frutas>. Acesso em: 18 jan. 2015.
7
Permacultura é um “sistema integrado de espécies animais ou vegetais perenes ou que se
perpetuam naturalmente e que são úteis aos seres humanos”. Disponível em
<http://www.fca.unesp.br/Home/Extensao/GrupoTimbo/permaculturaFundamentos.pdf>.
Acesso em: 16 jan. 2015.
5. REFERENCIAL TEÓRICO CONCEITUAL

Para a construção do Projeto de Intervenção,a pesquisa ora em


desenvolvimento, identifica alguns conceitos que precisam estar assimilados
conforme a proposta de trabalho.Quatro temas serão aqui desenvolvidos como
Gestão Democrática, Projeto Político-Pedagógico, Educação do Campo e
Sustentabilidade.

5.1 GESTÃO DEMOCRÁTICA

Para melhor entendimento deste conceito é preciso compreender


anteriormente o conceito de democracia.Para Fontes (2012) democracia deve:

[...] assegurar a igualdade de todos os seres sociais, garantir a


liberdade de todos e de cada um, proceder de maneira que a direção
do destino coletivo emane de todos, e que os benefícios e prejuízos
das decisões, com seus erros e acertos, revertam a todos. (FONTES,
2012: 191).

Medeiros &Luce(2010) apontam ainda para a democracia

[...] como forma de aperfeiçoamento da convivência humana,


construída histórica e culturalmente, que deve reconhecer e lidar com
as diferenças, ser inclusiva das minorias e das múltiplas identidades,
implicar nas rupturas com as tradições e buscar a instituições de
novas determinações. (MEDEIROS & LUCE, 2010, p. 2).

Tanto para Fontes (2012), quanto para Medeiros &Luce (2010),


democracia leva ao reconhecimento da coletividade, da inclusão, da
participação de todos e todas na construção de políticas voltadas para o
desenvolvimento humano. Assim, na educação é preciso o envolvimento da
comunidade escolar a fim de orientar o caminho a ser desenvolvido pela
escola. As assembléias dos segmentos são os órgãos máximos decisórios das
políticas e das ações da escola e estas também elegem seus representantes
para juntos aos eleitos da Direção gerenciar o educandário dentro dos
princípios da Gestão Democrática. Para Medeiros &Luce, 2010

[...] a gestão democrática da educação está associada ao


estabelecimento de mecanismos institucionais e a organização de
ações que desencadeiem processos de participação social: na
formulação de políticas educacionais; na determinação de objetivos e
fins da educação; no planejamento; nas tomadas de decisões; na
definição de alocações de recursos e necessidades de investimento;
na execução das deliberações; nos momentos de avaliação. Esses
processos devem garantir e mobilizar a presença dos diferentes
atores envolvidos nesse campo, no que se refere aos sistemas, de
um modo geral, e nas unidades de ensino – as escolas e
universidades. (MEDEIROS & LUCE, 2010, p. 5)

A Escola como entidade jurídica que é, tem seus diversos


segmentos e suas instâncias colegiadas. A estrutura organizativa da educação
pública e o repasse de recursos oriundos dos governos exigem que haja uma
participação mínima colegiada na escola para que possa gerenciar estes
recursos. Assim, instâncias como os Conselhos Escolares são de fundamental
importância para atuarem em conjunto com as direções das escolas na gestão
da instituição. A escola conta com a participação da comunidade representada
em seus segmentos na instância do Conselho Escolar para deliberar, apreciar,
fiscalizar e gerenciar as atividades econômicas, pedagógicas e políticas da
escola.

5.2 PROJETO POLÍTICO E PEDAGÓGICO

Para a professora Carmem Moreira de Castro Neves (1995)o Projeto


Político-Pedagógico,

[...] é um instrumento de trabalho que mostra o que vai ser feito,


quando, de que maneira, por quem para chegar a que resultados... É
a valorização da identidade da escola e um chamamento à
responsabilidade dos agentes com as racionalidades interna e
externa. (MOREIRA, 1995, p. 110).

Para que o PPP seja de fato um instrumento que sirva de


orientaçãopara a prática escolar e não sirva somente como tarefa burocrática é
preciso que a comunidade escolar participe da sua discussão e formulação,
aprecie e assuma de fato a filosofia impregnada no documento. A participação
da comunidade no processo de construção dos documentos orientadores da
prática pedagógica escolar, entre eles o Projeto Político-Pedagógico possibilita
a conduçãoda escola dentro de uma Gestão Democrática do ensino público.
Chamar a comunidade escolar para debater e pensar a idéia de uma escola
voltada para a construção de um educando e uma educanda conscientes da
sua participação na sociedade é de extrema necessidade para a concretização
desta tarefa. (BUSSMANN, 1995). Segundo o mesmo autor:“ao ser discutido,
elaborado e assumido coletivamente, oferece garantia visível e sempre
aperfeiçoável da qualidade esperada no processo educativo” (BUSSMANN,
1995, p. 38)

O fato de ter neste processo a participação dos atores envolvidos na


cena pedagógica da escola permite a possibilidade da transformação do fazer
pedagógico. Incluir a comunidade escolar no processo de construção e
participação na gestão da escola é um primeiro passo para a realização de
uma escola transformadora. Transformadora no sentido de querer a autonomia
dos sujeitos, de um educando e uma educanda conscientes do seu contexto
social e sua participação no mundo, transformadora da realidade, cumprindo,
assim, sua função social de educadora para mudança da sociedade e do
desenvolvimento local sustentável.

A construção do projeto político-pedagógico é

[...] um movimento de luta em prol da democratização da escola que


não esconde as dificuldades e os pessimismos da realidade
educacional, mas não se deixa levar por esta, procurando enfrentar o
futuro com esperança em busca de novas possibilidades e novos
compromissos. É um movimento constante para orientar a reflexão e
ação da escola. (VEIGA, 2003: 276).

Esse movimento que a Escola faz em favor da construção do PPP é


importante para que seja feita uma escola articulada com o desenvolvimento
local. Essa construção conta necessariamente com a participação da
comunidade, pois são estes atores sociais que darão o apoio, a informação, a
caracterização necessária para diagnosticar o contexto e, a partir deste,
elaborar propostas de ações visando a construção da escola democrática. A
participação da comunidade garante a democratização dos espaços
pedagógicos da escola e além de serem atores desta construção, para Teresa
Sarmento e Joaquim Marques, eles

[...] também devem ser autores dos processos educativos formais,


promovendo o desenvolvimento individual e colectivo, contribuindo
para a transformação da escola em tempo e espaço de permanente
construção e reconstrução da comunidade. (SARMENTO &
MARQUES, 2006. p. 75).

Portanto, a construção deste documento orientador do fazer


pedagógico da escola tem de ser discutido exaustivamente pelas instâncias
colegiadas da instituição, debatidas e formuladas nos segmentos da
comunidade escolar, sistematizadas e levadas para apreciação em
assembléias gerais da comunidade escolar onde todos e todas decidirão os
rumos da escola.

5.3 EDUCAÇÃO DO E NO CAMPO

A discussão sobre o tema da educação do e no campo é recente e


somente em 2002 é que se firma como expressão assim conhecida de hoje.
Devida esta recente discussão conceitual e terminológica é que se observa ser
um conceito em construção (CALDART, 2012). A expressão ‘no’ representa o
sentido de lugar de inserção, refere-se que a escola está situada no campo e a
educação se faz no campo. Por outro lado, a expressão ‘do’ refere-se uma
questão de pertencimento dos sujeitos deste lugar (CALDART, 2012). Mas,
para que haja direcionamento nessa compreensão é usual chamar apenas de
Educação do Campo.

Segundo Caldart (2012: 262), educação do Campo é “uma prática


social que não se compreende em si mesma e nem apenas a partir das
questões da educação, expondo e confrontando as contradições sociais que a
produzem”.

A Educação do Campo tem se firmado cada vez mais diante da


necessidade de se pensar uma educação direcionada para as necessidades do
homem camponês e da mulher camponesa ou mesmo da agricultura familiar8.

8
Delimitar o conceito de campesinato e agricultor familiar é uma questão ideológica. O
agricultor familiar ganha espaço e notoriedade dentro do paradigma do capitalismo enquanto
que o camponês desaparece neste processo. Por outro lado, a partir do paradigma da questão
agrária a diferença entre campesino e agricultor familiar não existe pois se trata de um mesmo
conceito onde a mão-de-obra é familiar ou assalariada dentro do limite máximo do número de
membros da família e trabalham dentro de sua unidade de produção. Ver mais em
FERNANDES, B. Agricultura camponesa e/ou agricultura familiar. Disponível em:
<http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Valeria/flg0563/2s2012/FERN
O Ministério da Educação tem hoje, uma secretaria exclusiva para desenvolver
políticas públicas educacionais direcionadas para o campo. Historicamente
percebemos poucos avanços nas políticas públicas para a educação do
campo, porém, existe uma diferença muito grande do que vinha sendo feito e o
que se faz hoje mesmo sabendo que o programa tem que avançar para
promover igualdades de formação.

Hoje a coordenação da educação do campo no governo federal está


vinculada a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão – SECADI. Isso por si só não garante políticas públicas prioritárias
para a área, mas, garante uma proposta inovadora para as questões da
educação voltada para o homem e a mulher do campo. É isto que a luta por
uma educação do campo quer, uma política educacional voltada para os
interesses do homem e da mulher camponeses, que seja articuladora dos
saberes empíricos com os saberes científicos e que acima de tudo seja
discutida e feita pelos próprios agricultores e agricultoras.

A Educação do Campo por sua origem dos movimentos sociais vem


lutando não somente por acesso a uma educação do homem camponês e da
mulher camponesa, mas também, pela “Reforma Agrária, pelo direito ao
trabalho, à cultura, à soberania alimentar, ao território” (CALDART, 2012, 261)
lutas que envolvem uma compreensão crítica do contexto que estamos
inseridos sem se distanciar da sua cultura e da preservação dos seus valores
humanos e sociais (COSTA, 2012). Desta forma, conceituar Educação do
Campo sem compreender que ela está associada historicamente a luta
camponesa é negar historicamente as necessidades e as conquistas desta
classe trabalhadora.

A Educação do Campo busca superar essa lógica educativa que, ao


longo dos tempos, vem induzindo as massas da classe dos
trabalhadores a uma formação escolar alienante, por reproduzir a
lógica do sistema capitalista que desconhece a dimensão da
alteridade, da realidade dos sujeitos do campo na lógica dos
trabalhadores. (VILHENA JUNIOR & MOURÃO, 2012: 193).

ANDES.pdf>. Ou ainda em FELÍCIO, M. J. Os camponeses, os agricultores familiares:


paradigmas em questão. Disponível
em:<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/article/view/6661/6012>.
Neste sentido, a Educação do Campo tem a responsabilidade de
incluir os sujeitos da comunidade na elaboração dos documentos orientadores
das práticas políticas e pedagógicas da escola, das propostas metodológicas e
na construção dos currículos que devem ser voltados para a realidade e as
necessidades locais (SANTOS & ALMEIDA, 2012). Também, precisa ter
domínio sobre os princípios da Educação do Campo (BORGES, 2012) para
que os envolvidos nesta luta possam compreender o sentido e a função social
da escola.

5.4 SUSTENTABILIDADE

O modelo neoliberal acelerou o processo de destruição ambiental


levando nosso planeta a uma situação de insustentabilidade (LEFF, 2013).
Para revertermos este processo é necessário planejar para além da
racionalidade econômica. Torna-se indispensável compreender a finitude dos
recursos naturais, dos riscos da extração sem limite e dos excessivos
poluentes e agrotóxicos que são despejados na natureza todos os dias.

Segundo Sachs (2000, 2008) a sustentabilidade apresenta diversas


dimensões que o autor coloca em termos de ordem, mas ressalta a importância
de todas elas.

Sustentabilidade social vem em primeiro por ser necessária uma


atuação em primeira linha das condições desumanas em que algumas
comunidades se encontram. É possível que “um colapso social ocorra antes da
catástrofe ambiental” (Sachs, 2000: 71).

Sustentabilidade cultural é um corolário da sustentabilidade social. A


emergência de ações de valorização da arte e da expressão cultural
identificada com o local e a formação comunitária com seus gostos,
religiosidades, culinária, musicalidade, lazer e relação com o contexto precisam
ser valorizadas.
Sustentabilidade ambiental: desta provém os recursos necessários
para as diversas atividades e também nela depositados todo materialproduzido
e ora desnecessários.

Sustentabilidade territorial depende de melhor distribuição dos


recursos, da produção e do assentamento populacional.

Sustentabilidade econômica é a dimensão necessária para que cada


sujeito enfrente e sobreviva no sistema. É condição necessária para que tudo
aconteça.

Sustentabilidade política coloca o rumo para onde, quando e como


serão aplicados os recursos e desenvolvidas as ações e aí se faz importante a
gestão democrática do sistema incluindo a participação de todas e todos nos
processos decisórios de implementação de ações e recursos.

Para Sachs (2000, 2008) é urgente e necessário desenvolver a


sociedade sob os princípios da sustentabilidade e assim garantir o equilíbrio e
a conservação da biodiversidade, a produção de biomassa e o
ecodesenvolvimento local. Mas, para isto é preciso trabalhar em três sentidos:

[...] - identificando, criando e desenvolvendo alternativas sustentáveis


de recursos de biomassa e renda;

- envolvendo as pessoas que vivem ao redor de áreas protegidas,


nos planos de conservação e de gestão da área;

- cultivando a conscientização da comunidade local quanto ao valor e


a necessidade de proteção da área, assim como aos padrões de
sustentabilidade de um crescimento local apropriado.

O ecodesenvolvimento requer, desta maneira, o planejamento local e


participativo, no nível micro, das autoridades locais, comunidades e
associações de cidadãos envolvidos na proteção da área(Sachs,
2000: 72).

Superar este modelo predatório não parece ser muito fácil em um


sistema baseado na exploração incansável dos recursos e do trabalhador, na
concentração de renda, e no desenvolvimento excludente. Neste sentido,
teóricos buscam uma saída através do desenvolvimento compatível onde,
segundo Rocha (2011),

A compatibilidade deve ser definida em função do seu EMSOB


(Espaço Material-Simbólico-Organizativo-Biotécnico) de suas práticas
e entornos, grupos e organizações sociais, interpretações,
legitimações e cosmovições que formam cada cultura em seu sentido
mais amplo. É desse entrelaçamento de saberes e fazeres que se
deve formar um ‘(des)envolvimento’ ou seja um ‘envolvimento’ amplo
de pessoas para e pelo aumento da melhoria da qualidade de vida
para todos. (ROCHA, 2011: 143).

Compatível ou não, a questão do desenvolvimento tem de ser


revista para que as gerações, presente e futuras, possam desfrutar de um
ambiente despoluído, desintoxicado eincludente, e onde homens e mulheres,
adultos, crianças e idosos, possam viver livremente.
6. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

6.1 A ESCOLA E A SUSTENTABILIDADE

Para compreender-se melhor o universo em que a escola está


imbuída partimos de uma análise da observação dos fatos e acontecimentos na
região no seu dia-a-dia. Também, analisamos o os registros das atas e fotos
para identificar ações voltadas para a sustentabilidade em suas diversas
dimensões compreendidas por Sachs (2000; 2008). Outra fonte de informação
foi a aplicação de um questionário entre os pais, no ato da rematrícula 2013,
onde pais e mães responderam, entre outras questões, algumas relativas a
compreensão destes sobre conceitos de sustentabilidade e ecologia, assim
como, sobre a estrutura sócio-econômica, a diversificação da propriedade, os
cuidados com a saúde e a participação social na comunidade.

Para entendermos o uso e a qualidade da água nos pautamos nos


relatórios do VIGI-ÁGUA, departamento da Secretaria Municipal da Saúde de
Pelotas que monitora a qualidade das águas de Pelotas em consumo para
seres humanos.

O termo sustentabilidade9 definido por Boff (2013) que tem um


caráter mais holístico e integrador:

Sustentabilidade é toda a ação destinada a manter as condições


energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os
seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida, a
sociedade e a vida humana, visando a sua continuidade e ainda
atender as necessidades da geração presente e das futuras, de tal
forma que os bens e serviços naturais sejam mantidos e enriquecidos
em sua capacidade de regeneração, reprodução e coevolução.
(BOFF, 2013: 107).

Desenvolver a sustentabilidade significa pensar e agir preservando a


natureza buscando estabelecer um compromisso com as futuras gerações. No
entanto, na comunidade da Escola Dirceu Moreira ainda não tem nem clareza

9
Boff (2013), assim como outros autores, se inspiram nos escritos de Sachs (2000, 2008) que
por sua vez deu continuidade as discussões iniciadas desde a década de 80 sobre o futuro do
planeta.
do que este termo possa dizer e muitos ainda nunca ouviram falar. Assim, o
trabalho para desenvolver este tema dentro da Escola é uma terra descansada
propícia a gerar bons frutos.

A colonização pomerana iniciada em 1858 pelo comerciante Jacob


Rheingantz firma as bases sólidas na Serra dos Tapes as margens do rio
Camaquã. Esta iniciativa, na região que hoje conhecemos por São Lourenço do
Sul, trouxe uma atividade econômica diferenciada para a região assim como
manifestações culturais, cultos e religiosidades (KOLLING, 2000). Por outro
lado, a colonização para os lados de Pelotas e Canguçu se dá num segundo
momento já com os colonos nascidos aqui no Brasil filhos dos imigrantes
pomeranos vindos em 1958. Dessa forma, trazem consigo as disputas entre
famílias e as reivindicações do levante pomerano de 1967 (KOLLING, 2000).

Podemos perceber ainda que a característica da agricultura familiar


e o desenvolvimento da economia da região têm influência na forma da
colonização e nas características dos imigrantes. Os agricultores trazidos da
região da pomerânia eram na sua essência trabalhadores agrícolas de outros
que detinham a propriedade da terra. Vindos para o Brasil eles não tinham
práticas de administrar a propriedade, dificuldades nas tomadas de decisões
além de uma escolaridade muito baixa. Isto tudo, vem decretar o modelo de
desenvolvimento econômico da região baseado na agricultura de subsistência
(SALAMONI, 2000).

Mesmo sendo um termo desconhecido, a partir do ano de 2007, a


Direção da Escola passou a desenvolver algumas ações que tiveram
correspondência com o tema10. Podem-se mencionar entre as atividades
realizadas ações no campo cultural, ambiental, social, econômico e político.
Podemos citar como exemplo o resgate das manifestações culturais como a
Achmuta11 e o Stiepen12, os jogos de Schafkopf13 e identificação das vestes
antigas e características das famílias alemãs14.

10
Em 2007 teve início a minha gestão como Diretor da Escola, cargo para o qual fui
reeleito em 2010 e 2013.
11
Achamuta segundo a cultura popular local é uma Velha da Cinza que ao entardecer
do sábado de aleluia visita as casas das crianças que não se comportaram e joga um punhado
cinza na porta de casa.
12
Stiepen, segundo Costa (2008) nas comunidades pomeranas de São Lourenço do Sul
e Pelotas “[...] ainda é praticado o Stiepen, quando homens pintam o rosto de preto, usam
Ainda envolvendo as questões ambientais, políticas e econômicas
buscou-se valorização do homem do campo e o fortalecimento da identidade e
de pertencimento do homem e da mulher do campo como agentes produtores.
Desse modo, agricultura familiar tem sido um enfoque importante nos
conteúdos da escola para a compreensão dos sujeitos no seu espaço no seu
território. No mesmo caminho a aquisição da merenda escolar através do
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) modalidade Compra Direta veio
beneficiar a agricultura familiar e contribuir com a segurança alimentar.
Estimulando a preocupação com o meio ambiente implantou-se um Projeto de
separação do lixo, contatou-se com a Embrapa visando o plantio do Quintal
Orgânico, assegurou-se a obtenção de recursos para a reativação da
cacimba15 e estimulou-se o uso racional da água, a preservação das árvores
nativas, a reativação da cisterna16 e a preservação das nascentes. Por outro
lado, a participação democrática foi incentivada com o fortalecimento do
Conselho Escolar e do Círculo de Pais e Mestres, importantes instâncias nas
tomadas de decisões da equipe diretiva.

Estas ações citadas acima acabaram não tendo o efeito desejado


devido a dificuldade de compreensão do que seja sustentabilidade. Assim,
pensamos um grande programa para tornar a escola uma Escola Sustentável e
pensar a disseminação do conceito e da prática da sustentabilidade por toda a
comunidade Escolar.

No entanto ao contrário do que a literatura registra (SACHS, 2000;


2008, VEIGA, 1995), as atividades foram empreendidas a partir de um grupo
pequeno de participantes. Desse modo, foram tomadas iniciativas isoladas,
identificadas com premissas da sustentabilidade, resultando em ações que

roupas de mulheres, vão de uma casa a outra pulando cercas e costumam cutucar vizinhos e
amigos com galhos de árvores durante a noite de Páscoa”. Disponível em:
<http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2095&se
cao=271>.
13
Schafkopf, jogo de origem alemã datada do final do século 17 tem tradução de
‘cabeça de carneiro’. Ver mais em <http://de.wikipedia.org/wiki/Schafkopf>. Acesso em: 4 fev.
2015.
14
Baseado em depoimentos e fotos percebe-se que os vestidos de festas eram pretos.
Isto, segundo contam os descendentes, acontecia pelo fato de haver poucas vestes e com
preços muito caros, então, o mesmo vestido preto usado em funerais era também usado em
dias de festa.
15
Poço artesanal construído para guardar água de fontes subterrâneas.
16
Reservatório construído para armazenamento da água das chuvas.
acabaram não tendo o efeito desejado devido ao pouco envolvimento do grupo
que compõe o universo escolar e a dificuldade de compreensão do que seja
sustentabilidade. Assim, a lacuna do conhecimento identificada na prática
pedagógica da escola Dirceu Moreira consiste na ausência de um programa
para tornar a escola uma Escola Sustentável, a partir da inserção da
comunidade no processo, pensando, construindo e disseminando esse
conceito da sustentabilidade por toda a comunidade Escolar.

6.4 METODOLOGIA DA PESQUISA

Todo o conhecimento está a serviço da classe social que atua sobre


esta produção podendo inclusive “acrescentar e subtrair dados e objetos,
enfatizar determinados aspectos e negligenciar outros [...] construir e destruir
paradigma verificáveis de conhecimento” (BORBA, 1999, 46) pode agir
conforme interesses de classe. Assim, de acordo com Borba (1999)

O conceito de verdade deixa de ser uma qualidade fixa, sendo


condicionado por uma função de poder que formaliza e justifica o que
é aceitável. E essa aceitação é condicionada a visões concretas da
sociedade política e seu desenvolvimento (BORBA, 1999, 47).

É por este entendimento que justifico minha opção pela construção


social do conhecimento com segura intenção de produzir conhecimento para a
classe trabalhadora camponesa como instrumento de luta para a sua
consciência crítica e sua libertação. Diante disso, alerto que esta pesquisa tem
caráter qualitativo, porém se utiliza também de levantamento quantitativo para
reconhecer alguns dados que não seriam tão facilmente perceptíveis pela
pesquisa qualitativa, embora não haja complexidade nestes dados nem na sua Commented [J7]: Qual abordagem qualitativativa e quais
dados quantitativos
forma de captura.

A construção deste trabalho estará baseada na metodologia da


pesquisa-ação, pois, através desta se compreenderá o movimento em torno da
comunidade.Focar na prática e a partir dela teorizar e poder novamente
melhorar a prática. Para Tripp (2005)

“A pesquisa-ação deveria ser capaz de fazer a ligação tanto da teoria


para a transição da prática quanto da prática para a transformação da
teoria, embora haja poucos sinais de que o faça, talvez por orientar-
se em grande medida para a melhora da prática. (TRIPP, 2005, p.
455)

Esta é a grande contribuição da pequisa-ação desenvolver na


prática e discutir na teoria proporcionando aprendizagem teórica e, se possível,
produção de novo conhecimento e mudança da realidade (DIONNE, 2007).
Para este autor “pesquisa-ação é uma técnica de intervenção coletiva e,
portanto, uma técnica de mudança social”(DIONNE, 2007: 75). Também,
Thiollent (1947) assegura que:

[...] pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica


que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação
ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os
pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do
problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
(THIOLLENT, 1947: 14)

A metodologia da pesquisa-ação procura desenvolver uma ação


prática pode ser voltada para a resolução de um problema, de intervenção na
realidade, desenvolvida na coletividade com um grupo de atores sociais, que
terão influência direta na pesquisa, e que através da experiência desenvolvida
busca respostas teóricas para os resultados da ação. Conhecer uma situação
com o duplo objetivo de mudar a realidade e produzir conhecimento (DIONNE,
2007). Para Bogdan & Biklen (1991) ao modificar as práticas existentes,
também,

Permite que as pessoas se conheçam melhor, aumentem a


consciência que têm dos problemas, bem como o empenho na sua
resolução. Ter conhecimento direto dos factos significa aumentar a
consciência e dedicação relativamente a questões particulares.
(BOGDAN & BIKLEN, 1991: 297).

Para o diagnóstico da realidade desenvolvemos duas etapas que


são significativas e dividi-las aqui ficará compreendido de forma mais Didática.
Assim, num primeiro momento vamos falar da coleta de dados e
posteriormente na análise destes dados.

6.5 COLETA DE DADOS


Para esta etapa utilizamos alguns instrumentos de pesquisa e
análise que pudessem nos dar uma clareza maior do nosso objeto de estudo.
Assim, utilizamos a análise documental de atas, fotos e relatórios dos arquivos
passados, reuniões da comunidade escolar, observações do espaço escolar e
comunitário, entrevista fechada, e visita a comunidade.

Ao nos determos na análise dos documentos antigos como registro


de livros de atas, fotos do arquivo da escola e meu arquivo pessoal, registros
de relatórios de atividades escolares das mais diversas como festas, passeios
e viagens pedagógicas percebemos que estes instrumentos nos davam a dica
de que o tema que estávamos nos propondo a debater não aparecia nestes
instrumentos, porém precisávamos reconhecer ainda mais o ambiente.

O ponto de partida de uma pesquisa não é a análise de um


documento, mas a formulação de um questionamento. A
problematização das fontes é fundamental porque elas não falam por
si são testemunhas, vestígios que respondem a perguntas que lhes
são apresentadas (ABREU, 2015).

Nas reuniões com a comunidade a ideia era estimular a comunidade


falar sobre o tema, mas por compreendermos que este estava distante do
domínio do público e ser demasiado grande demais este grupo não teve muito
significado para nossa análise. Por outro lado, as observações
assistemáticas17do espaço escolar e da comunidade em visitas feitas durante o
trabalho foram de grande qualidade informativa e recolhimento de imagens
importantes para nossa análise.

Tanto quanto na entrevista, a observação ocupa lugar privilegiado


nas novas abordagens de pesquisa educacional. Usada como o
principal método de investigação ou associadas a outras técnicas de
coleta a observação possibilita um contato pessoal e estreito do
pesquisador com o fenômeno pesquisado (LUDKE, 1986, 26).

Por fim, a entrevista fechada, com perguntas dicotômicas onde o


entrevistado responde sim ou não e de múltipla escolha, foi utilizada por que
necessitávamos levantar dados sociais, econômicos, culturais, de participação
e de saúde da nossa comunidade escolar a fim de traçar um perfil do nosso
público alvo. “Este tipo de pergunta, embora restrinja a liberdade das
17
[...] consiste em recolher e registrar os fatos da realidade sem que o pesquisador utilize
meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas. É mais empregada em estudos
exploratórios e não tem planejamento e controle previamente elaborados (LAKATOS &
MARCONI, 2003, 192).
respostas, facilita o trabalho do pesquisador e também a tabulação: as
respostas são mais objetivas” (LAKATOS & MARCONI, 2003, 193). Assim,
entrevistamos todas as famílias da comunidade escolar mas utilizamos
somente os dados respondidos pelos pais e mães dos alunos e alunas da
Escola descartando assim, os respondidos pelo segmentos trabalhadores e
trabalhadoras em educação porque não representavam a realidade da
comunidade de Santa Silvana.Neste questionário buscamos reconhecer os
moradores da casa, a posse ou a propriedade da terra, o tamanho da área
produtiva, renda, variedades cultivadas ou tipos de animais criados, cuidados
ambientais com a terra, destino do lixo, uso de cacimbas, uso de sanitários,
cuidados com saúde e alimentação, participação em associações, cooperativas
e sindicatos e por fim conhecimento sobre a questão do uso de venenos, da
agricultura ecológica e da sustentabilidade.

6.6 ANÁLISE DOS DADOS

Para fazer uma análise dos dados temos que ter presente que a
construção do conhecimento e a compreensão da realidade fazem parte de
todo um processo histórico, onde a sua construção é parte de múltiplas
determinações onde regem forças contraditórias internas deste mesmo
processo (GHEDIN & FRANCO, 2011). Entender o contexto através do caráter
sócio-histórico e dialético da realidade sócia entendendo “o ser humano como
transformador e criador de seus contextos” (GHEDIN & FRANCO, 2011).

[...] sujeito e objeto estão em contínua e dialética formação, evoluem


por contradição interna, não de modo determinista, mas como
resultado da intervenção humana mediante a prática (GHEDIM &
FRANCO, 2011, 118).

Portanto, para desenvolver este processo vamos utilizar o que


Gomes (1994), ao citar Minayo,diz que a autora chamou de método
Hermenêutico-dialético.

Nesse método a fala dos atores sociais é situada em seu contexto


para melhor ser compreendida. Essa compreensão tem, como ponto
de partida, o interior da fala. E, como ponto de chegada, o campo da
especificidade histórica e totalizante que produz a fala (grifos do
autor) (GOMES, 1994, 77)

Para este método estabelecemos a negação do consenso e de


ponto de chegada nesta construção, no mesmo sentido, entendemos que na
ciência a “relação dinâmica entre a razão daqueles que a praticam e a
experiência que surge na realidade” (GOMES, 1994, 77) é parte desta
construção. Assim, vamos realizar uma análise da conjuntura social, político e
econômico da comunidade escolar posicionando o grupo dentro de um
contexto sócio-histórico. Indo adiante, realizamos o encontro dos fatos que
resultaram da investigação.

Esse nível é, ao mesmo tempo, ponto de partida e ponto de chegada


da análise. As comunicações individuais, as observações de
condutas e costumes, a análise das instituições e a observação de
cerimônias e rituais são aspectos a serem considerados nesse nível
de interpretação (GOMES, 1994, 78).

E a dinâmica resultante para esta análise foi organizar toda esta


proposta em três passos para melhor operacionalizar a construção da análise.
Assim, num primeiro momento a ordenação dos dados se mostrou muito
importante para que déssemos a partida de forma organizada. Na sequência
classificamos os dados a fim de que possamos encontrar conhecimentos afins
semelhante ao processo de categorização. E por último, e não menos
importante, a análise final que se articulou entre dados e os referenciais
teóricos da pesquisa, neste momento procuramos responder àquelas questões
problemas da pesquisa e construir o objetivo proposto. Para Gomes (1994)
esta última etapa é onde “promovemos relações entre o concreto e o abstrato,
o geral e o particular, a teoria e a prática” (GOMES, 1994, 79).

Desta última etapa ficou claro para o grupo e seu último encontro, no
dia 25 de março de 2015, que a opção pela intervenção-ação da horta escolar
seria uma construção possível e um caminho viável para a construção de
Temas Geradores de conhecimento para trabalhar as questões da
sustentabilidade dentro da sala de aula e em atividades extraclasse. Esses
temas possibilitam que possamos trabalhar a totalidade da questão da
sustentabilidade articulada a peculiaridade da educação do campo a partir das
particularidades que vão se apresentando a cada discussão, a cada proposta
nova que vai surgindo do trabalho coletivo dos alunos e alunas da escola em
conjunto com professores, professoras e funcionárias da escola. O retorno
dado pela comunidade em diálogos propostos ao final das atividades ou
informais durante o trabalho é que vão construindo esta teia de relações de
conhecimento e desvelando e socializando o saber construído na prática da
ação.

6.7 QUANTO À PROPOSTA DE INTERVENÇÃO/AÇÃO

Para esta etapa vamos dialogando com o grupo a fim de coletar


informações que estão acontecendo no processo. Dúvidas, sugestões e novas
propostas vão surgindo entre a dinâmica do aprender/ensinar por trás da
construção da prática de forma coletiva. Então, as rodas de conversa, ou
diálogos coletivos que vamos travar no domínio da construção da horta escolar
vão construindo as redes de saberes que queremos perceber. Para
Warschauer (1993) as rodas têm a possibilidade de

[...] reunir indivíduos com histórias de vida diferentes e maneiras


próprias de pensar e sentir, de modo que os diálogos, nascidos desse
encontro, não obedecem a uma mesma lógica. São às vezes,
atravessados pelos diferentes significados que um tema desperta em
cada participante(WARSCHAUER, 1993, p. 46).

A importância deste processo está na construção coletiva destes


momentos de troca entre si. Este caminho metodológico tem a ver com a
compreensão de que a construção do conhecimento se dá nas relações sociais
que estabelecemos e no desafio de, na prática, torná-las verdade. Isto tudo,
leva a construção de um cidadão comprometido com a transformação social,
participativo e que compreende seu papel social (RESENDE, 1995). O mesmo
autor propõe que esta socialização tem relação direta com a vivência da
cotidianidade e salienta que a

[...] relação do homem com a cotidianidade é direta, propiciando um


processo de amadurecimento ao indivíduo, que se reproduz
diretamente com o indivíduo e indiretamente como membro de um
complexo social. (RESENDE, 1995, p. 56).
7. DIAGNÓSTICO

Na primeira reunião com a comunidade escolar18, no dia 19 de


dezembro de 2014,foidiscutida a intenção de desenvolver umprograma de
sustentabilidade escolar. Nesta reunião os participantes decidiram pelo
desenvolvimento da ação que ajudasse a compreender o conceito de
sustentabilidade por entenderem que, depois da sistematização das entrevistas
durante a rematrícula, era um assunto que merecia mais atenção para o
trabalho de pesquisa e intervenção. Desse encontro foi constituído um grupo
composto por 10 pessoas, representante de todos os segmentos da escola
responsáveis pela coordenação dos trabalhos a partir de 2015.

Este grupo ficou responsável pela busca nos registros da instituição


que pusessem trazer informações acerca do tema sustentabilidade. Sobre o
que a Escola já havia desenvolvido sobre a temática, ações que pudessem ter
oportunizado aprendizado e ou atitude sustentável. Nosregistros de atas e
relatórios nada foi encontrado que pudesse nos dizer que a escola já tivesse
desenvolvido um trabalho, ou um debate ou até mesmo em sala de aula
discutido sobre a questão da sustentabilidade. Nos registros de atas apena o
burocrático foi assinalado, poucas atas trouxeram alguma exemplificação ou
alguma análise, fala ou comentário, os escritos se resumem em informar e ou
deliberar sobre assuntos e necessidades da escola. Isto não quer dizer que
não houve nenhuma manifestação, vamos perceber mais adiante, apenas
deixa claro que não há uma prática efetiva de registro das atividades que
acontecem na Escola.

No meio de tantas possibilidades destacamos o registro escrito, que


por suas características, se tornou um dos mais importantes
instrumentos de aprimoramento do(a) professor(a).Sabemos que
escrever é difícil, embora possa trazer satisfação (.

Um importante achado neste trabalho foi identificar que 86% dos


moradores dependem de água de cacimba e 14% utilizam água oriunda de

18
Estiveram presentes representantes dos segmentos professores, funcionárias,
alunos e gestores.
poço artesiano perfurado na comunidade19. Pelas análises da água da
comunidade, realizada pela Prefeitura Municipal/Secretaria de Saúde através
do departamento Vigiágua20, as águas subterrâneas estão contaminadas com
coliformes fecais em níveis que necessitam tratamento destas. Só que ninguém
realiza uma boa filtração e nem tem orientações para que procedam desta
maneira. Acrescenta-se ainda o fato de estas cacimbas estarem muitas vezes
desprotegidas, a mercê de infectação de doenças bacterianas, fungicas e
virais, com fácil acesso dos animais domésticos e ratos comprometendo assim
ainda mais a qualidade desta água.

Por outro lado, na Escola buscamos recurso financeiro para


recuperar nossa água de cacimba. Hoje estamos com um poço que não tem
secado nem mesmo no forte da última seca21o nível da água se manteve bem
acima dos outros reservatórios da região. A água passa por purificação e
tratamento de cloro oferecendo uma água potável para a comunidade escolar.

Estas ações no campo da ação ambiental diagnosticam uma das


dimensões da sustentabilidade que ficam evidenciadas a falta de uma política
voltada para a sustentabilidade visto que a área ambiental é sempre a primeira
a ser lembrada quando falamos em sustentabilidade. Mesmo ações
individualizadas que possa agir neste sentido não são mobilizadoras e não
procuram educar nesta perspectiva de proteção do nosso mundo. Essas
assoes mobilizadoras deveriam ser pensadas no processo de desenvolvimento
da comunidade. Assim, a Escola tem o dever de contribuir neste processo e
estimular a participação dos moradores da comunidade dentro das instancias
colegiadas da própria instituição como das associações, agremiações e

19
Esta comunidade que usa água de poço artesiano está distante da escola há 14 Km e
abastece localmente alguns moradores próximos. É o único poço artesiano na região.
20
O VIGIÁGUA é Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à
Qualidade da Água para Consumo Humano tem o objetivo de desenvolver um conjunto de
ações de monitoramento e vigilância com a finalidade de garantir à população o acesso à água
em quantidade suficiente e qualidade compatível com o padrão de potabilidade estabelecido na
legislação vigente, para promoção da saúde. Disponível em:
http://www.pelotas.rs.gov.br/vigiagua/. Acesso em: 12 ago. 2015.
21
A estiagem castiga municípios da Metade Sul do Rio Grande do Sul há mais de dois meses. As
maiores perdas são nas lavouras de soja, milho e na produção de leite. Segundo a Emater-RS, os
prejuízos já chegam a cerca de R$ 350 milhões. Disponível em: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-
sul/campo-e-lavoura/noticia/2015/04/seca-ja-fez-14-municipios-decretarem-situacao-de-emergencia-
no-rs.html. Acesso em: 12 ago. 2015.
instituições presentes na comunidade santasilvanense e pertencentes do
município de Pelotas.

Desta forma, a escola tem vivenciado um declínio na participação da


comunidade escolar nas instâncias colegiadas como Círculo de Pais e Mestres
eConselho Escolar, assim como nas atividades pedagógicas, reuniões,
assembléias e até mesmo em festividades. Diante disso, a idéia de, através de
um trabalho baseado na sustentabilidade, buscar resgatar este envolvimento
com as pessoas e elevar o capital social da comunidade tem o intuito de
através da Escola estimular as pessoas a discutir e melhorar o local onde
vivem. É neste sentido, também, que ao identificar a inexistência de um Grêmio
Estudantil a equipe se interessou em estimular os alunos e alunas na
construção desta agremiação de caráter político própria dos e das jovens.
Estas entidades colegiadas devem ser fortalecidas a fim de buscar a
consolidação da Gestão Democrática.

Na entrevista desenvolvida percebemos que a totalidade dos pais


participam de alguma associação seja ela da Igreja Católica ou Luterana, da
Associação do Agricultores de Santa Silvana, do Grêmio Esportivo Santa
Silvana, do Sindicato Rural ou de cooperativas de créditos. Porém, não há, ao
menos neste trabalho, como medir esta participação dos pais, frequência, nível
de participação, apenas fica caracterizado o registro se eles estão sócios de
alguma entidade. Estar sócio não garante participação efetiva. É necessário
que as pessoas realmente se envolvam, criam relações entre os partícipes,
promovam uma estado de confiança entre os envolvidos para que, de alguma
forma, estimule o acúmulo de capital social que analisado por Putnam (2005) é
significativo para o desenvolvimento local.

Do grupo entrevistado identificamos que 86% estão sócios em


alguma cooperativa de crédito. Sabemos que estas cooperativas de crédito não
têm um trabalho com o associado para que ele se identifique com a
organização, nem mesmo estimula este a discutir os rumos da entidade. Muitas
vezes o associado nem se vê como cooperado e sim correntista da empresa.
Da mesma forma, a associação no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que
corresponde a um público nada menos do que 92%, não tem um caráter de
organização dos trabalhadores rurais para defesa dos seus direitos. Muitas
vezes esta associação tem apenas a função de utilização dos serviços e
prestação de saúde e jurídicos subsidiados pelo sindicato. Ambas as
entidades, não estimulam a participação como forma de unificação dos
interesses dos seus associados, apenas se configuram como empresas de
prestação de serviços em suave benefício dos seus sócios.

Por outro lado, percebemos nas observações que a comunidade se


envolve com grande interesse na organização das festas escolares. Pais,
mães, alunos e alunas estão sempre dispostos a contribuir para que a festa se
desenvolva da melhor maneira possível. Então, nos perguntamos como pode
que em festas a solidariedade se manifesta e em causas de trabalho ou
econômica, ou até mesmo na luta por melhores condições da escola e ou da
comunidade esta unidade não se concretiza. Pensamos que este trabalho da
construção coletiva da horta escolar pode contribuir neste cenário também.

Percebemos algumas manifestações culturais que segundo Sachs


(2000, 2008) fazem parte das dimensões da sustentabilidade, porém elas
acontecem de forma desorganizada do contexto da comunidade e tem em
algumas pessoas este espírito de, a todo custo, não deixar se apagar. Assim é
o Stiepen. Esta belíssima manifestação da cultura pomerana que acontece na
entrada do entardecer todos os sábados de aleluia e termina no alvorecer do
domingo de Páscoa. O grupo de homens travestidos de mulheres,
acompanhados de uma banda musical, percorrem de casa em casa pela
comunidade anunciando a chegada da Páscoa. A cada casa uma parada, duas
ou três marchinhas alemãs e em troca recebem comidas e bebidas.

Outra peça folclórica é a Achamuta, a Velha da Cinza. Esta senhora


aparece no entardecer do sábado de aleluia e joga cinzas na porta das casas
onde moram crianças que não se comportaram bem durante o ano.
Percebemos que esta senhora folclórica, por vezes chamada de bruxa, cumpre
uma função educativa na comunidade. Um educar pelo medo. Os pais e mães
usam-na como recurso educativo quando as crianças não querem obedecer e
então logo vem a ameaça de chamar a Achamuta. Esta compreensão só nos
foi clara e percebemos o impacto que ela ainda causa nas crianças no dia em
que trouxemos esta peça folclórica durante uma atividade na Escola. Foi um
grande susto na criançada e inclusive nos pré-adolescentes. Um certo clima de
insegurança acabou se abatendo nos meninos e meninas da Escola. Portanto,
percebemos que este é ainda um recurso educativo muito utilizado pelos pais,
mães, avôs, avós, tios e tias na certeza de estarem educando da melhor
maneira que eles puderam aprender com os mais antigos.

As festas com mocotó são acompanhadas com o jogo de cartas de


Schaffeskopf com tradução para o português de cabeça de carneiro. Apesar de
o mocotó ser um prato com origem nas charqueadas de Pelotas22 ele está
totalmente incorporado a culinária pomerana e com ingredientes adaptados ao
estilo germânico. Algo mais incrementado. Assim, as festas de comunidade
acontecem com oferta da culinária com mocotó na entrada seguido de
churrasco e na sequência da tarde um torneio de schafeskopf23 para garantir a
presença dos participantes na festa que se estende até o anoitecer. O
schafeskopf é um jogo de cartas onde é jogado em duplas e ganha a dupla que
tiver as cartas mais altas.

Tudo isto leva a crer numa lacuna de conhecimento em que na


comunidade de Santa Silvana encontramos muito poucos indicadores de
sustentabilidade. E eis que se faz necessário a proposta de ação em que
trabalharemos a construção da Horta Escolar como processo que se propõe a
identificar Temas Geradores de conhecimento na perspectiva da
sustentabilidade. É necessário garantir que estas ações, que já acontecem,
sejam reconhecidas como sustentáveis para que o vá se formando uma rede
de conhecimentos e atividades que mantenham a comunidade organizada e
em busca do seu desenvolvimento local.

22
O mocotó surgiu nas charqueadas, nas estâncias e estalagens. Os escravos, nas
senzalas, ficavam sempre com as sobras do gado, do porco e das aves. E vem daí a
tradição de se comer miúdos e partes menos nobres como pescoço, rabo, gorduras,
orelhas, etc. Disponível em: http://gourmetbrasilia.blogspot.com.br/2010/11/mocoto-foi-
inventado-no-sul.html. Acessado em 10 ago. 2015.
23
Todos estão loucos para começar logo o passatempo preferido: o famoso “Schafkopf” (um
jogo de baralho). Jogo esse que deixa qualquer leigo de cabelo em pé. Suas regras não são nada
simples, e seus jogadores já têm uma certa idade. O jogo revela uma tradição do povo alemão, que traz
consigo essa herança cultural do encontro, para a diversão. É isso que vão fazer ali: divertir-se (CLAAS,
2015). Disponível em: http://www.grupogaz.com.br/gazetadosul/noticia/449147-
o_schafkopf/edicao:2015-01-19.html. Acesso em: 10 ago. 2015.
8. PROJETO DE INTERVENÇÃO

Depois das análises e observações ficou certo entre a equipe


responsável e para a comunidade escolar que a ação de trabalho que o projeto
levará a diante é o da construção de uma horta escolar. Pensando a
sustentabilidade a partir desta ação como promotora de Temas Geradores de
conhecimentos para dentro e fora da sala de aula. Assim, podemos discutir e
idealizar ações e conhecimentos relacionados nas diversas dimensões da
sustentabilidade. Conhecimentos surgidos na dimensão ecológica com
discussões na questão do uso de venenos e adubos químicos no preparo dos
canteiros e cultivo das verduras e legumes, na perspectiva ecológica, no
composto orgânico e anterior separação do lixo entre outros; na dimensão
política conforme a participação da comunidade neste processo e as várias
formas de participação na escola e em outras instâncias, como a comunidade
participa das entidades colegiadas da Escola e como isto interfere na Gestão
Democrática da Escola e a importância de ações que fortaleçam as relações de
forma a acumular melhor capital social; na dimensão econômica podemos
discutir as relações de trabalho na agricultura, propriedade da terra, preço,
lucro formas associativas de produtores para compra e venda de insumos e
produtos; na dimensão geográfica a distribuição da terra no Brasil,
concentração de terra, latifúndio; na dimensão cultural a horta como processo
de contação de história durante o trabalho, as músicas cantadas e como tudo
isto interfere no processo de resgate e preservação da identidade cultural da
comunidade e das suas manifestações culturais; e na dimensão social como
melhoramos a qualidade das nossas vidas, melhoria do acesso e permanência
na escola, garantia dos direitos civis, qualidade de vida e igualdade no acesso
aos recursos e serviços sociais.

Estes temas poderão gerar conhecimentos e outras ações dentro do


espaço pedagógico da escola. Na sala de aula, nos corredores, nas atitudes de
recreio, na extensão da escola (casa) enfim, conhecimentos que são Temas
Geradores no processo pedagógico da Escola e na construção de uma Escola
que seja mais sustentável e que contribua no processo de desenvolvimento
local.

Portanto, a cada quinze dias a comissão deverá se reunir com a


comunidade, em círculos dialógicos onde todos e todas podem ouvir e serem
ouvidos, a fim de traçar metas para as próximas semanas,deliberando sobre
que plantas se pode cultivar na época específica, de que maneira proceder o
cultivo de forma ecológica ou tradicional, discutir e elaborar conceitos e
conhecimentos acerca da sustentabilidade. Estas falas vão sendo anotadas a
fim de não se perder informações.
9. CRONOGRAMA INICIAL – 2014 - 2015

ANO 14 2015

MESES d j f m a m j j a s o

Revisão bibliográfica
x x x x x x x x x x x

Promover atividade de estudos sobre


os conceitos de sustentabilidade
aplicados a realidade da comunidade x x x
de Santa Silvana entre professores e
funcionário e alunos do oitavo e nono
anos.
Disseminar conceitos acerca de
sustentabilidade e suas dimensões no x x x x x
ambiente escolar.
Identificar prática de sustentabilidade
existentes na Escola Dirceu Moreira. x

Identificar e promover ações e praticas


pedagógicas que valorizem o homem e
a mulher do campo e a sua relação x x x
com a terra em busca da
sustentabilidade.
Elaborar uma carta da escola Dirceu
Moreira sustentável esboçando os x
rumos para pensar um novo paradigma
par ao ecodesenvolvimento local.
Divulgar os conhecimentos construídos
com a intervenção na comunidade de x x x x x
Santa Silvana, através dos meios de
comunicação local.
Redação e formatação do documento
final x x x
10. REFERÊNCIAS

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