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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CIDADE UNIVERSITÁRIA PROF. JOSÉ ALOÍSIO DE CAMPOS


SOCIOLOGIA I

DISCENTE: PROFº JOSÉ RODORVAL RAMALHO


DOCENTE: LUDYMILA DA SILVA TAVARES

LEVANTAMENTO DE DADOS DE TRÊS GERAÇÕES

SÃO CRISTÓVÃO
2019
 Participantes da entrevista:

Catarina Mesquita Nilza Correa Ludymila Tavares


80 anos 44 anos 22 anos
Dona de casa Autônoma Estudante
Avó Mãe Filha
Geração 1 Geração 2 Geração 3

 Moradia
Geração 1: nasci em uma cidade muito pequena no interior e em uma família cheia de
regras e costumes. Então morei com meus pais até os 16 anos, quando me casei e fui
morar na casa dos meus sogros até conseguirmos terminar nossa casa e a casa tinha que
ser grande, tinha um fogão a lenha bem grande também pra dá pra fazer comida pra
todo mundo e não tinha energia elétrica ainda, só muito tempo depois é que teve.
Geração 2: nasci na mesma cidade que minha mãe, mas já com condições diferentes.
Não tínhamos uma casa tão grande, pois era só pra nossa família (pai, mãe e filhos) e
até quando saí de casa porque me casei, minha casa era pequena só com meu marido e
filhos, já tínhamos mais móveis que quando eu morava com minha mãe. Tínhamos
nossa própria TV, fogão, geladeira e eletrodomésticos que só pude ter depois que casei
mesmo, antes era tudo mais difícil e mais caro.
Geração 3: atualmente divido apartamento com mais 3 meninas que como eu estão
longe da família e vieram estudar em um lugar com maiores oportunidades. As
condições em que vivo se distanciam bastante das quais minha avó passou, tanto em
estrutura física quanto em estrutura social.

 Alimentação
Geração 1: desde que nasci comíamos o que plantávamos na roça dos meus pais,
tínhamos horta e meu pai era pescador, então sempre tínhamos peixe fresco pra comer e
quando queríamos carne trocávamos com algo que tinha na roça. A alimentação sempre
foi rica em frutas e legumes.
Geração 2: quando era criança meu pai tinha roça, pescava e caçava, mas também tinha
um comércio, foi quando eu e meus irmãos começamos a consumir outros produtos
além daqueles que nós mesmos produzíamos.
Geração 3: tento ao máximo utilizar produtos naturais, mas na minha geração é cada
vez mais escasso e caro alimentos orgânicos, o que propicia para que eu consuma mais
produtos industrializados e cheios de conservantes e hormônios.

 Meios de Comunicação

Geração 1: na minha época tudo era pelo rádio: ouvir o jornal, as novelas, todo tipo de notícia,
música e os jogos de futebol. Eu gostava muito de ouvir música no rádio, até hoje tenho um e
ligo ele todo dia.

Geração 2: na minha geração ainda era muito forte o uso de rádio, principalmente por eu
morar em uma cidade pequena no interior em que as coisas demoravam mais pra chegar, mas
logo depois apareceu a tv. Assistir a novela era muito mais interessante do que ouvir. Não
tinha TV em casa quando era criança, então a gente ia pra casa de um vizinho assistir, só tive
TV depois que tive minha casa.

Geração 3: Minha geração é extremamente marcada pelo uso da internet , então a uso pra
quase tudo, seja pra fazer minhas pesquisas acadêmicas, usar as redes sociais ou me
comunicar com minha família. A facilidade e a variedade de ferramentas que a internet
oferece é muito grande e busco sempre me utilizar o melhor possível dela.

 Religião

Geração 1: desde que me entendo por gente ia todo domingo pra missa com minha mãe, meu
pai e meus irmãos, a gente tinha que fazer catequese e tinha até uma roupa diferente pra ir
pra missa. A gente ia bem cedo. Sempre fui pra igreja católica, nunca nem visitei outra igreja.
Foi o que minha mãe me ensinou e é a religião que eu acredito.

Geração 2: cresci em um lar muito católico, meus pais sempre tiveram o costume de ir á missa
e na festividades da paróquia. Sou católica, mas sempre dei a liberdade aos meus filhos pra
escolher a crença deles, acho muito importante não impor uma religião pra eles. Meus filhos
são evangélicos e nós respeitamos muito a religião de cada um, porque eu sempre ensinei
sobre Deus na minha casa e não sobre religiosidade.

Geração 3: Minha criação quanto à religião não teve nenhum tipo de pressão pra ser adepta
de uma denominação ou outra. Meu pai é espírita e minha mãe é católica e sempre me
deixaram livre pra escolher de acordo com que eu acreditava ser melhor pra mim.
 Casamento:

Geração 1: desde de muito nova fui criada pra ser uma boa dona de casa, saber cuidar do meu
marido e dos meus filhos. Minha mãe sempre me ensinou que moça tinha que casar cedo,
senão não ia arranjar um bom marido, então eu casei logo (16 anos). Casamento pra mim é
algo sagrado, tá escrito na bíblia que você tem que ter uma pessoa ao seu lado e tem que ter
uma família.

Geração 2: minha mãe me preparou pra ser uma boa dona de casa e boa esposa, sempre me
falava sobre o casamento e o quanto isso era importante. Mas fui crescendo e via as
oportunidades profissionais que a vida me oferecia e tentei busca-las. Mesmo tendo casado
nova também, não deixei que o casamento fosse o centro da minha vida, busquei me
profissionalizar pra não depender só do meu marido. Ainda vejo o casamento como algo muito
importante, mas entendo que a mulher não deve colocar isso como o centro da sua vida e se
precipitar.

Geração 3: Tenho uma visão diferente dos meus pais e avós sobre o casamento. Acredito ser
um sacramento muito importante e que deva acontecer quando a pessoa se sentir realmente
preparada para enfrentar a vida em casal e não porque uma determinada situação ou pressão
familiar impõe. Estou noiva e eu e me namorado acreditamos muito nisso.

 Hierarquia Doméstica

Geração 1: Na casa dos meus pais quem mandava era o mais velho da família tinha que
ser o mais ouvido e o mais respeitado de todos e sempre era um homem, quando me
casei era meu marido, mas como fiquei viúva muito cedo tive que assumir o comando
da família porque meus filhos eram muito pequenos e ainda não podiam me ajudar, eu
tinha minha roça, fazia farinha pra vender e fazia de tudo pra não deixar faltar o
alimento na minha casa.
Geração 2: minha mãe ficou viúva muito cedo e por conta disso teve que assumir a chefia da
casa, porque nós éramos todos muito pequenos. Cresci tendo dentro de casa minha mãe como
meu exemplo de força , coragem e poder. Isso me fez criar uma visão diferente sobre a
liderança em um lar. Sempre trabalhei e isso me fez ter uma independência e junto a isso
maior autonomia dentro do meu lar. Meu marido se impunha, mas eu também tinha minha
voz. Depois que nos separamos, durante muitos anos criei e sustentei sozinha meus filhos.

Geração 3: Cresci em um lar chefiado por mulheres (na área comportamental e financeira) e
entendo que isso foi muito importante para minha criação. Acreditar que uma mulher pode
buscar sozinha por melhorias de vida e independência foi fundamental para que hoje eu
entenda a importância de manter uma família em que eu possa ter as mesmas oportunidades
que meu marido, por exemplo. Na hierarquia da minha família ainda estou no patamar mais
baixo por ser apenas filha, mas futuramente sei que vou poder compartilhar as decisões e
rumos da minha família com meu marido ao invés de apenas um de nós.
 Sexualidade

Geração 1: eu nunca tive a liberdade de nada que os jovens tem hoje. Não podia nem andar de
mãos dadas quando tava flertando alguém, imagina falar alguma coisa sobre beijo, por
exemplo. Minha mãe nunca conversou comigo nem sobre o que era menstruação. Eu achava
que dá um beijo podia engravidar. Minha mãe nunca conversou nada comigo sobre isso, nada
mesmo. Assim que casei engravidei e só depois fui entender muita coisa.

Geração 2: nunca tive nenhum tipo de liberdade pra conversar sobre sexualidade com minha
mãe ou qualquer pessoa mais velho. Era algo proibido, devido a criação que eles receberam.
As informações que eu tinha era por amigos com mais experiências que eu e só.

Geração 3: minha geração vive um momento de muita liberdade, principalmente na


sexualidade. Tanto na liberdade do corpo quanto na orientação sexual. Por vivermos nesse
mundo mais “fácil” nesse âmbito, minha mãe sempre conversou comigo sobre tudo, sexo,
métodos contraceptivos, drogas e outras coisas. Ela tinha muito medo de que eu fizesse algo
errado por falta de orientação e sou muito grata a ele por essa atitude, mesmo ela tendo uma
criação totalmente diferente da minha nesse quesito. Hoje temos também vários meios de
acesso à informação o que torna mais fácil ter conhecimento sobre sexualidade

 Escolha da Profissão

Geração 1: meus pais, principalmente meu pai, nunca deixou que eu estudasse, dizia que isso
não era coisa de mulher. Então nunca dei muita importância pra isso. Fui criada pra fazer as
coisas de casa e ser esposa. Antes de casar eu trabalhava na roça com minha mãe, ajudava ela
em tudo e esse foi minha profissão até eu me casar e ser dona de casa.

Geração 2: minha mãe teve uma criação muito dura, muito difícil e nunca incentivou a gente a
estudar pra ter uma boa profissão. Pra ela mulher tinha que ser dona de casa e homem tinha
que trabalhar muito cedo pra garantir o sustento da casa, então não tive um direcionamento
na escolha da profissão, fiz de acordo com que a vida ia me oferendo. Ainda assim procurei
melhores condições e fui estudar. Hoje não estou trabalhando na área que fiz cursos, trabalho
com vendas, mas estou gostando do que faço e isso é importante pra mim.

Geração 3: Desde de criança fui incentivada aos estudos e a buscar independência financeira.
Comecei a trabalhar como babá aos 12 anos para pagar as mensalidades da minha escola e
isso foi um incentivo muito grande em busca da sonhada independência. Atualmente estou
cursando odontologia, esperando minhas aulas do curso de medicina começarem, que é a
profissão que escolhi pra minha vida.

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