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REINALDO VIANA PEREIRA

ACIDENTE DO TRABALHO DURANTE O AVISO PRÉVIO

UBC/ Mogi das cruzes


2010
REINALDO VIANA PEREIRA

ACIDENTE DO TRABALHO DURANTE O AVISO PRÉVIO

Monografia exigida pela faculdade de


Direito da Universidade Braz Cubas, como
exigência parcial para obtenção do Grau de
Bacharel em Direito sob a orientação da
Profª.

UBC/ Mogi das cruzes


2010
PEREIRA, Reinaldo Viana
Acidente do trabalho durante o aviso prévio
Reinaldo Viana Pereira. Mogi das Cruzes: UBC, 2010.
p. 00

Monografia apresentada a Universidade Braz Cubas para


a obtenção do Grau de Bacharel em Direito.

1. Acidente do trabalho durante o aviso prévio

REINALDO VIANA PEREIRA


ACIDENTE DO TRABALHO DURANTE O AVISO PRÉVIO

Orientadora
Nome:

Examinador

1- _________________________________
2- _________________________________
3- _________________________________

Mogi das Cruzes, ___/___/___.


AGRADECIMENTOS

A DEUS o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele.

É muito mais que especial minha adorável mãe, a qual com muita luta me ajudou

atravessar, todas as dificuldades nestes 5 anos.

Obrigado por existir em minha vida, obrigado pelos ensinamentos, obrigado pelo

respeito, obrigado por tudo o que representa para mim.


8

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 07
2. SEGURIDADE SOCIAL 09
2.1 Conceito 09
2.2 Saúde 11
2.3 Previdência Social 12
2 4 Assistência Social 14
3. BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS 16
3.1. Benefícios 16
3.2. Segurados 18
4. ACIDENTE DO TRABALHO 21
4.1 Notas introdutórias 21
4.2 Conceito de acidente do trabalho 22
4.3 O nexo causal 23
4.4 Responsabilidade do empregador 25
5. OS DANOS DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO 34
5.1 O dano moral 34
5.2 O dano material 35
5.3 Indenização por dano moral e dano material decorrente de acidente
de trabalho 38
5.4 Competência para julgar ação indenizatória 43
6. ACIDENTE DO TRABALHO NO TRÂMITE DO AVISO PRÉVIO 44
6.1 Aviso Prévio- Conceito e natureza jurídica 44
6.2 Aviso prévio trabalhado 47
6.3 Aviso prévio indenizado 48
6.4 Estabilidade acidentária no aviso prévio 48
CONSIDERAÇÕES FINAIS 52
BIBLIOGRAFIA 53

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7

1. INTRODUÇÃO

O aviso prévio é a comunicação verbal ou por escrito que as partes podem

fazer para rescindir o contrato de trabalho por pazo indeterminado. O contrato só

se desfaz depois de decorrido o prazo da lei, que é de trinta dias. O aviso é um

ato unilateral, potestatico , poque depende da vontade de um contratante. E o

outro não precisa aceitar para valer, basta receber comunicação.(Salem, Neto

José, 1999. p 272).

É até salutar que o legislador ao vincular a vontade de uma das partes em

rescindir o contrato a um pré-aviso criou um lacre de segurança nas relações

trabalhistas para o empregado e para o empregador, pois uma relação de

trabalho, de cunho empregatícia, segue para o empregado manifesto de

segurança em saber que poderá ter suas verbas mensais creditadas em sua

conta e se surpreendido pela rescisão será indenizado ou sua dispensa ocorrerá;

e ao empregador a confiança necessária de que o contrato não poderá ser

rescindido pelo empregado.(Martins, Netto Modestino, 1972 p 35).

Mas, caso o empregador surpreende seu empregado no rompimento do

contrato, deverá dar prazo para que este possa se acondicionar sua vida pessoal.

Se isso se rompe sem seu respaldo indenizatório, todos ficam fragilizados

pelas conseqüências gerais; mas pré-avisado, o empregado pode manter-se

durante o período de aviso.

Todos os empregados regidos pela CLT e Lei nº 5.889/73 (rurais) têm

direito ao aviso prévio, salvo nos contratos a prazo. O doméstico, também, pela

Constituição Federal de 1988.

O empregado vítima de acidente de trabalho merece proteção para que

sua saúde se restabeleça, e possa voltar ao mercado de trabalho e exercer suas

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8

funções. Portanto, se verá que o empregado que sofre acidente do trabalho

durante o aviso prévio tem direito a estabilidade pois, o objetivo da estabilidade do

empregado acidentado é preservar a continuidade da relação de emprego.

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9

2. SEGURIDADE SOCIAL

2.1 Conceito

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações

dos poderes públicos e privados, destinado a assegurar o direito à saúde, à

previdência social e à assistência social.

A Carta Política de 1988 define a Seguridade Social, em seu art.

194, como "um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e

da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência

e à assistência social”. E arremata, ainda no mesmo dispositivo legal, em seu

parágrafo único, que o Poder Público deverá organizá-la, sob o arrimo das

seguintes premissas1:

"I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações

urbanas e rurais;

b III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio;

VI - diversidade da base de financiamento;

VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante

gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos

aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. De tal sorte, para viabilizar o

supramencionado "conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos

1
Ionas Deda Gonçalves, Direito Previdenciário. Coleção Curso & Concurso, passim.

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10

e da sociedade", necessário se faz, por óbvio, angariar fundos para custeá-lo. É o

que se entende, pois, por fonte de custeio.

As fontes de custeio são "os meios econômicos e, principalmente,

financeiros obtidos e destinados à concessão e à manutenção das prestações da

Seguridade Social 2·.

Diante de tal conjuntura, resta preconizado no art. 195 da CF que a

Seguridade Social será arcada, em caráter pecuniário, por toda a sociedade, seja

direta ou indiretamente, mediante recursos provenientes dos orçamentos da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e, ainda, das seguintes

contribuições sociais3:

"I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma

da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou

creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem

vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não

incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime

geral de previdência social de que trata o artigo 201;

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

“IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele

equiparar.”

2
Martins, Pinto Sérgio, Direito da Seguridade Social, p. 87
3
Kertzman,Ivan, Curso Prático de Direito Previdenciário, p29

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11

Percebe-se, em verdade, uma flagrante observância do legislador

constituinte ao princípio da diversidade da base de financiamento (art. 194,

Parágrafo Único, VI da Carta Magna), que apresenta, como maior premissa, a

busca de variadas fontes com o intuito de reduzir, sobremaneira, os riscos

financeiros do sistema protetivo. Este é o pensamento do insigne, o qual, ainda

sobre o mesmo assunto, arremata que "quanto maior o número de fontes de

recursos, menor será o risco de a seguridade sofrer, inesperadamente, grande

perda financeira".

“É ilusão colocar a seguridade social para ser financiada por toda a

sociedade, de forma direta e indireta, no intuito de beneficiar a população, como

retorno das contribuições sociais pagas”4.

2.2 Saúde

A Constituição de 1988 tratou da saúde como espécie da seguridade

social. Dispõe o art. 196 que a saúde é direito de todos e dever do Estado. A

saúde é garantida mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução

do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às

ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação. A execução

das ações de saúde pode ser realizada diretamente pelo Estado ou através de

terceiros, pessoa física ou jurídica de direito privado, de forma complementar,

conforme preconiza o art. 199 da Constituição.

O art. 198 da Lei Maior dispõe sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), que

é um conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições

públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das

4
Bulos, Lammêgo Uadi. Constituição Federal anotada, p.1284.
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12

fundações públicas, e instituições privadas de forma complementar, com as

seguintes diretrizes5:

I-descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II-atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem

prejuízo dos serviços assistenciais;

III-participação da comunidade.

A Lei nº 8.080/90 é a principal norma que trata da saúde. O art. 2º da Lei nº

8.212/91 dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido

mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de

doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos

serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

A saúde pública é dever do Estado, logo a prestação do serviço é gratuita,

independentemente de ser o paciente contribuinte ou não da seguridade social.

O sistema de saúde será financiado pelo orçamento da seguridade social,

além de outras fontes (art. 198, § 1º da Constituição).

2.3 Previdência Social

A previdência social é um seguro coletivo, público, compulsório, destinado

a estabelecer um sistema de proteção social, mediante contribuição, que tem

por objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a

sua família, quando ocorrer certa contingência prevista em lei.

“A previdência social como a técnica de proteção social que visa propiciar

os meios indispensáveis à subsistência da pessoa humana – quando esta não

5
Francisco Carlos da Silva Araújo,. Seguridade social. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez.
2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9311>. Acesso em: 24 setembro 2010

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13

pode obtê-los ou não é socialmente desejável que os aufira pessoalmente através

do trabalho, por motivo de maternidade, nascimento, incapacidade, invalidez,

desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou morte – mediante

contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e de cada um dos

participantes “6.

A previdência social consiste, portanto, em uma forma de assegurar ao

segurado, com base no princípio da solidariedade, benefícios ou serviços quando

seja atingido por uma contingência social. O sistema previdenciário público utiliza

o modelo de repartição simples, na qual os ativos contribuem para os inativos.

Logo, existe uma solidariedade entre os participantes no custeio do sistema, cujos

valores arrecadados destinam-se aos benefícios futuros.

O art. 201 da Constituição Federal dispõe que a previdência social será

organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação

obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e

atuarial, nos termos da lei, e atenderá a:

I-cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

II-proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III-proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV-salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de

baixa renda;

V-pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou

companheiros e dependentes.

As principais regras estão disciplinadas na Lei nº 8.213/91, que trata dos

benefícios previdenciários e regulamenta o caput do art. 201 da Carta Magna, e

6
Martinez, Novaes Wladimir. A seguridade social na Constituição Federal, p.99

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14

na Lei nº 8.212/91, que dispõe sobre o custeio da seguridade social. Merece

destaque também o Decreto nº 3.048/99, que trata do Regulamento da

Previdência Social.

Cabe destacar também a previdência privada, denominada de previdência

complementar prevista no art. 202 da Carta de 1988. Caracteriza-se por ser um

sistema de seguro complementar ao regime oficial, de caráter facultativo, de

natureza contratual. A Lei Complementar nº 109/2001 dispõe sobre o regime de

previdência complementar ao benefício pago pelo INSS. Já a Lei Complementar

nº 108/2001 disciplina a previdência fechada da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de

economia mista e outras entidades públicas7.

2 4 Assistência Social

A assistência social foi inserida na Constituição de 1988 nos artigos 203 e

204. Encontra-se regulamentada pela Lei nº 8.742/93 (Lei Orgânica da

Assistência Social – LOAS). É uma política social destinada a atender as

necessidades básicas dos indivíduos, traduzidas em proteção à família, à

maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de

deficiência. As prestações de assistência social são destinadas aos indivíduos

sem condições de prover o próprio sustento de forma permanente ou provisória,

independentemente de contribuição à seguridade social8.

A assistência social é um conjunto de atividades particulares e estatais

direcionadas para o atendimento dos hipossuficientes, consistindo os bens

oferecidos em pequenos benefícios em dinheiro, assistência à saúde,


7
Martinez, Novaes Wladimir, op. cit., p.99
8
Martins, Pinto Sérgio. Direito da seguridade social, p. 43

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15

fornecimento de alimentos e outras pequenas prestações. Não só complementa

os serviços da Previdência Social, como a amplia, em razão da natureza da

clientela e das necessidades providas.

A principal característica da assistência social é ser prestada gratuitamente

aos necessitados. As ações governamentais na área da assistência social serão

realizadas com os recursos dos orçamentos dos entes federativos e mediante o

recolhimento das contribuições previstas no art. 195 da Constituição, além de

outras fontes, observando-se as seguintes diretrizes:

I-descentralização político-administrativa das ações;

II-participação da população.

3. BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

3.1. Benefícios

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16

Benefícios Previdenciários - São as necessidades básicas de

seguridade social previstas no sistema previdenciário brasileiro. As prestações

disponíveis pelo sistema previdenciário estão previstas no artigo 18 da Lei

8213/91 (Lei de Benefícios da Previdência Social). Essas prestações podem

ocorrer na modalidade de benefício (valores pagos em pecúnia) e serviços (bens

imateriais postos à disposição dos segurados).

Os benefícios são9:

Aposentadoria por invalidez – é devida ao segurado, que estando

ou não em auxílio-doença, for incapaz para o trabalho e insuscetível de

reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-

lhe paga enquanto permanecer nessa situação.

Aposentadoria por tempo de contribuição – benefício devido aos

segurados que tiverem contribuído durante 35 anos, para o homem, e 30 anos

para a mulher.

Aposentadoria por idade – benefício concedido em razão da idade

avançada do segurado. Idade mínima: 65 anos homem e 60 anos mulher.

Aposentadoria compulsória - benefício concedido em razão da

idade avançada do segurado. Idade mínima: 70 anos homem e 65 anos mulher.

Aposentadoria especial – benefício concedido ao segurado que

realize seu trabalho em condições prejudiciais à saúde ou à sua integridade física.

Idade mínima: 15, 20 ou 25 anos em atividades expostas a agentes

lesivos à saúde.

9
PROCURAR.....

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17

Aposentadoria proporcional por tempo de serviço – são

aposentadorias que seguem as regras da emenda 20/98, a ser concedida aos

segurados que atendiam determinados requisitos até 16 de dezembro de 1998.

Idade mínima: 53 anos homem e 48 anos mulher.

Pensão por morte – benefício concedido ao dependente em

decorrência do falecimento do segurado.

Salário-maternidade – é o benefício devido à segurada, durante

120 dias, com início 28 dias antes e término 91 dias depois do parto.

Salário-família – é o benefício devido ao segurado empregado e ao

trabalhador avulso de baixa renda, na proporção do respectivo número de filhos

ou equiparados, menores de 14 anos, ou inválidos, de qualquer idade.

Auxílio-reclusão – é devido ao dependente do segurado de baixa

renda recolhido à prisão.

Auxílio-doença – benefício devido ao segurado que ficar incapacitado

temporariamente para o trabalho por mais de 15 dias.

Abono-acidente – quando decorrente de acidentes de qualquer

natureza, acidentes do trabalho e equiparados, doença do trabalho e doença do

trabalho.

Abono anual – é devido ao segurado ou ao dependente que,

durante o ano, recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria, pensão

por morte ou auxílio-reclusão.

3.2. Segurados

O segurado é aquele que tem um vínculo jurídico com a Previdência

Social. Esse vínculo jurídico se resume no dever de contribuir com a Previdência

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18

Social, ou seja, pagar as contribuições impostas ou facultadas pela lei, bem como

no direito de receber a prestação quando ocorrer os casos sociais que a lei

protege.

O artigo11 da lei 8213/91 fornece a lista de segurado da previdência

social, in verbis10 :

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes


pessoas físicas: (Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993)
I - como empregado: (Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993)
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa,
em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante
remuneração, inclusive como diretor empregado;
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário,
definida em legislação específica, presta serviço para atender a
necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente
ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas;
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil
para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa
nacional no exterior;
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a
repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas
subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o
não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão
diplomática ou repartição consular;
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em
organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja
membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se
segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para
trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja
maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital
nacional;
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo
efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e
Fundações Públicas Federais. (Incluída pela Lei nº 8.647, de 1993)
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal,
desde que não vinculado a regime próprio de previdência social ;
(Incluída pela Lei nº 9.506, de 1997)
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em
funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de
previdência social; (Incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal,
desde que não vinculado a regime próprio de previdência social;
(Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004)
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de
natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em
atividades sem fins lucrativos;
V - como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876,
de 26.11.99):
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade
agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário,
10
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm. Acesso em 20 maio de 2010.
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19

em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área igual


ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com
auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas
hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.718,
de 2008)
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de
extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário,
diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de
empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não
contínua; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida
consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; (Redação dada pela
Lei nº 10.403, de 8.1.2002)
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial
internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado
e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência
social; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não
empregado e o membro de conselho de administração de sociedade
anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio
cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em
empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em
cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade,
bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de
direção condominial, desde que recebam remuneração; (Incluído pela
Lei nº 9.876, de 26.11.99)
g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter
eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; (Incluído
pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade
econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; (Incluído pela
Lei nº 9.876, de 26.11.99)
VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas,
sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos
no Regulamento;
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel
rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que,
individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros, na condição de: (Redação dada pela Lei nº
11.718, de 2008
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado,
parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que
explore atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído
pela Lei nº 11.718, de 2008)
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades
nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de
julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de
vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca
profissão habitual ou principal meio de vida; e (Incluído pela Lei nº
11.718, de 2008)
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis)
anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as
alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o
grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
§ 1o Entende-se como regime de economia familiar a atividade em
que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria
subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e
é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a
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20

utilização de empregados permanentes. (Redação dada pela Lei nº


11.718, de 2008)
§ 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma
atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é
obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas.
§ 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS
que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por
este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando
sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de
1991, para fins de custeio da Seguridade Social. (Incluído pela Lei nº
9.032, de 1995)

4. ACIDENTE DO TRABALHO

4.1 Notas introdutória

Os índices de acidentes de trabalho no Brasil ainda são bastante

preocupantes, deixando vitimas, provocando seqüelas graves aos trabalhadores,

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21

perdas materiais para as organizações, encargos sociais à Nação e sofrimento as

famílias das vitimas, Conforme dados da Organização Internacional do Trabalho

(OIT) relativos a 2005 indicam que quase 15 mil trabalhadores brasileiros morrem

anualmente por causas relacionadas a acidentes de trabalho. O índice coloca o

País como quarto no mundo e primeiro na América Latina nesse tipo de incidente.

As razões para explicar o elevado número de ocorrências dos

acidentes são as mais diversas, envolvendo falhas nos projetos dos sistemas de

trabalho, dos equipamentos, das ferramentas, deficiências nos processos de

manutenção dos diversos elementos componentes do trabalho e ocupando lugar

de destaque como causa dos acidentes de trabalho, encontra-se o fator humano,

compreendendo características psicossociais do trabalhador, atitudes negativas

para com as atividades prevencionista, entre outras11.

Um acidente nunca tem origem em apenas uma causa, mas em

diversas, as quais vão se acumulando, até que uma última precede o ato imediato

que ativa a situação do acidente. Podem-se dividir as causas dos acidentes, em

causas humanas, materiais e fortuitas. As causas humanas assentam em ações

perigosas criadas pelo homem, cuja origem pode residir em diversos fatores tais

como, incapacidade física ou mental, falta de conhecimento, experiência,

motivação, stress, não cumprimento de normas, regras e modos operatórios,

dificuldade em lidar com a figura de autoridade, vivências de sofrimento, dentre

outras12.

11
José Augusto Dela Coleta,. Acidentes de Trabalho, passim.
12
E. Scott Geller. Cultura de Segurança Total, passim.

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22

As causas materiais fundamentam-se em questões técnicas e físicas

perigosas, apresentada pelo meio ambiente quer natural, quer construído e ainda

por defeitos dos equipamentos. Causas fortuitas são as mais raras, mas que por

vezes constituem a causa única dos acidentes, nada tendo a ver com causas

humanas e técnicas.

O fator humano é condicionado pelo meio ambiente interno, influindo

e afetando o comportamento dos indivíduos considerados isoladamente e em

grupo. Diversos estudos demonstram que muitos acidentes são atribuíveis a estes

condicionamentos, separadamente, ou na maior parte das vezes, cumulados13

Os comportamentos, as atitudes e as reações dos indivíduos em

ambientes de trabalho não podem ser interpretados de maneira válida e completa

sem se considerar a situação total a que eles estão expostos. Todas as inter-

relações entre as diferentes variáveis, incluindo o meio, o grupo de trabalho e a

própria organização. O acidente de trabalho, neste sentido, pode ser visto como

expressão da qualidade da relação do individuo com o meio social que o cerca,

com os companheiros de trabalho e com a organização.

4.2 Conceito de acidente do trabalho

Acidente é por definição, o acontecimento que determina,

fortuitamente, dano que poderá ser à coisa, material, ou pessoa.

Acidente do trabalho, por definição legal, é aquele que ocorre pelo

exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal,


13
Jacques e Xavier Cuny Léplat. Introdução à psicologia do trabalho, p.121.

[Digite texto]
23

perturbação funcional ou doença que cause a morte ou a perda ou redução,

permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Integram o conceito de

acidente o fato lesivo à saúde física ou mental, o nexo causal ente este e o

trabalho e a redução da capacidade laborativa. ¹5

Há na lei referencia a três elementos que comportam o termo lesão

pessoal: a lesão corporal; a perturbação funcional e por fim a doença, dos quais

falaremos.

Lesão Corporal: É o dano anatômico, tal como exemplo uma ferida,

uma fratura, o esmagamento, a perda de um pé, etc.

Perturbação Funcional é o dano, permanente ou transitório, da

atividade fisiológica ou psíquica, tal como a dor, a perda da visão, a diminuição da

audição, convulsões, espasmos, tremores, paralisia, anquilose (perda dos

movimentos articulares), perturbação da memória, da inteligência ou da

linguagem, etc. Nesses casos, o trauma é concentrado, a eclosão é súbita, a

sintomalogia é bem manifesta e a evolução é, até certo ponto, previsível14.

A separação da lesão corporal da perturbação funcional é, em geral,

teórica; a perturbação funcional decorre, quase sempre, de uma alteração

anatômica, mesmo que não seja percebível à vista desarmada.

Doença é uma perturbação funcional de certa intensidade que evolui

e dilui o trauma por dado tempo.

4.3 O nexo causal

14
14 Oliveira, José de – Acidentes do Trabalho: Teorica, pratica, jurusprudencia – 3ª Ed. SP. 1997 p 1.

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24

O conceito de nexo causal, ou nexo etiológico ou ainda, relação de

causalidade é proveniente de leis naturais.

O conceito de nexo causal não é jurídico; decorre das leis naturais.

É o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a conduta e

o resultado.

A relação causal, portanto, estabelece o vínculo entre um

determinado comportamento e um evento, permitindo concluir, com base nas leis

naturais, se a ação ou omissão do agente foi ou não a causa do dano. Determina

se o resultado surge como conseqüência natural da voluntária conduta do agente.

Em suma, o nexo causal é um elemento referencial entre a conduta

e o resultado. É através dele que poderemos concluir quem foi o causador do

dano. Pode-se ainda afirmar que o nexo de causalidade é elemento indispensável

em qualquer espécie de responsabilidade civil.

É liame que une a conduta do agente ao dano. Constitui elemento

essencial para a responsabilidade civil. Seja qual for o sistema adotado no caso

concreto, subjetivo (da culpa) ou objetivo (do risco), salvo em circunstâncias

especialíssimas, não haverá responsabilidade sem nexo causal.

Na responsabilidade subjetiva o nexo de causalidade é formada pela

culpa genérica ou lato sensu que inclui o dolo e a culpa estrita (art.186 C.C.).

Na responsabilidade objetiva o nexo de causalidade é formado pela

conduta, cumulada com a previsão legal de responsabilização sem culpa ou pela

atividade de risco (art. 927, parágrafo único do C.C.).

É entendimento pacífico em doutrina que o Código Civil Brasileiro

adotou a teoria da causalidade adequada já conhecida do Direito Penal. Por tal

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25

teoria somente causas ou condutas relevantes para a produção do dano são

capazes de gerar o dever de indenizar.

Assim, o acidente do trabalho, por si só, é insuficiente para gerar a

obrigação indenizatória por parte do empregador, pois, somente se verificará a

obrigação de ressarcir os danos quando na investigação da causa, ficar

comprovado que este dano é conseqüência direta e imediata (nexo de

causalidade) de uma atuação dolosa ou culposa do empregador15.

4.4 Responsabilidade do empregador

A responsabilidade civil possui cláusula geral de aplicação inserida

no artigo 186, do Código Civil de 2002: “aquele que, por ação ou omissão

voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,

ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” Por sua vez, aquele que

infringir a aludida cláusula arcará com a justa indenização, fixada levando-se em

consideração a análise do caso concreto16.

O artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição Federal (CF) assegura aos

trabalhadores o direito à saúde, à higiene e à segurança, objetivando redução dos

riscos inerentes ao trabalho.

Por sua vez, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu

Capítulo V – Da Segurança e Medicina do Trabalho –, especificadamente dos

artigos 154 a 201, identificam e estabelecem direitos e obrigações inerentes aos

15
Gisele Leite, pontamentos sobre o nexo causal. Disponível em:
http://br.monografias.com/trabalhos904/apontamentos-sobre-nexo/apontamentos-sobre-nexo2.shtml.Acesso
em 20 de maio de 2010.
16
Roberto Luís Lopes Nogueira, O Acidente de Trabalho e a Responsabilidade Civil do Empregador. Disponível em:
http://www.sindiatacadistas.com.br/ informativos/informativo46/artigo1.html.Acesso em 20 de maio 2010.

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26

empregados, empregadores e ao Governo no que pertine à busca pela proteção à

vida e promoção da segurança e saúde nas relações do trabalho.

Além disso, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por disposição legal (art.

200, da CLT), edita as Normas Regulamentadoras (NR) a fim de complementar as

demais regras de proteção à saúde e segurança do trabalhador, observadas as

peculiaridades das diversas atividades e setores de trabalho.

Diante desse panorama podemos afirmar que, dependendo do tipo

de atividade desenvolvida pelo empregador, estará o mesmo obrigado a zelar

pela observância e cumprimento dessas normas de segurança e medicina do

trabalho (por exemplo: obrigatoriedade de fornecimento de equipamentos de

proteção individual ou coletivo) para prevenção dos infortúnios do trabalho

(acidentes e doenças profissionais) sob pena de arcar com sua responsabilidade

por algum dano suportado por seu empregado no decorrer da vigência do

contrato de trabalho.

O art. 19, da Lei nº 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de

Benefícios da Previdência Social, define o acidente de trabalho como sendo

aquele “que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo

exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII, do art. 11, desta lei,

provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a

perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.

Os artigos 20 e 21, da referida lei previdenciária, também

especificam as demais hipóteses que podem configurar acidente de trabalho,

[Digite texto]
27

como, por exemplo, doenças ocupacionais, doença do trabalho ou acidente

sofrido ainda que fora do local e horário de trabalho, etc17.

Daí em diante identifica-se dois tipos de responsabilidades que podem

surgir a partir da ocorrência de um acidente do trabalho.

A responsabilidade securitária, decorrente da concessão do

benefício previdenciário do seguro de acidente de trabalho, financiado pelo

empregador, mas adimplido pela Previdência Social e que independe da

comprovação de dolo ou culpa, ex vi do artigo 86, da Lei nº 8.213/91:

“Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao

segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de

qualquer natureza, resultar seqüelas que impliquem redução da capacidade para

o trabalho que habitualmente exercia.”

A responsabilidade de natureza contratual, pela incidência de dolo

ou culpa do empregador, pela não observância das obrigações contidas no artigo

157, da CLT:

“I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do

trabalho;

II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às

precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças

ocupacionais;

III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão

regional competente;

17
Roberto Luís Lopes Nogueira, O Acidente de Trabalho e a Responsabilidade Civil do Empregador.
Disponível em: http://www.sindiatacadistas.com.br/ informativos/informativo46/artigo1.html.Acesso em 20 de
maio 2010.

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28

IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.”

Frise-se que essa responsabilidade contratual do empregador pode

ensejar reparação de danos materiais e morais com base na regra prevista na

parte final do inciso XXVIII, do art. 7º, da CF de 1988 que garante:

“XXVIII. seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do

empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer

em dolo ou culpa”.

Aqui há um parêntese para distinguir, em apertada síntese, a

responsabilidade subjetiva da objetiva. Na primeira, a vítima deve provar que o

agente causador do dano agiu com dolo ou culpa; enquanto que na segunda,

basta que a vítima prove a ligação entre a causa e o efeito (o dano), sem

necessidade de provar se o agente atuou com dolo ou culpa.

A responsabilidade securitária é objetiva, uma vez que independe da

comprovação do dolo ou culpa do empregador pelo acidente. Consumado o

acidente a indenização é devida pela Previdência Social, daí porque ela é

satisfeita com recursos oriundos do seguro obrigatório, custeado pelos

empregadores, e que se destina exatamente a fazer face aos riscos normais da

atividade econômica no que respeita ao infortúnio laboral.

Com relação à responsabilidade civil do empregador, decorrente da

relação contratual, existe delimitação constitucional – ela é subjetiva – e estará

sempre subordinada à comprovação do dolo ou culpa daquele. Assim, para que o

trabalhador tenha eventual direito ao ressarcimento de prejuízos moral e material

em virtude de acidente ocorrido no local de trabalho (independentemente do

recebimento da indenização securitária), deverá provar a conduta culposa – sem

perquirição da gravidade da culpa mesmo porque está ultrapassado o

[Digite texto]
29

pressuposto “culpa grave” exigido na Súmula nº 299, do Supremo Tribunal

Federal (STF) – ou dolosa do empregador18.

Hoje, é ponto pacífico a possibilidade de cumulação entre a

responsabilidade acidentária e a responsabilidade civil, de direito comum. Mas,

para que tal ocorra, mister se faz que o evento danoso não tenha decorrido do

simples risco da atividade econômica desenvolvida pelo empregador. Impõe-se a

presença de uma conduta patronal de desrespeito evidente às regras de

segurança do trabalho, de sorte a evidenciar, senão a vontade de lesar, pelo

menos a indiferença diante do risco sério corrido pelo obreiro.

Entretanto, após o advento da Lei nº 10.406/2002, que instituiu o

Novo Código Civil (CC), passou-se a discutir a possibilidade da aplicação da

responsabilidade objetiva ao empregador, for força do potencial risco de

determinada atividade por ele explorada, bastando que seu empregado, na

eventualidade de sofrer algum dano, tenha direito ao ressarcimento sem discutir

se houve dolo ou culpa.

Tal posicionamento parte da premissa de que pela interpretação do

parágrafo único do artigo 927, do CC, o empregado conseguiria a condenação da

empresa ao pagamento de indenização sem nenhuma exigência de provar a

culpa ou o dolo do empregador. Vejamos:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a

outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,

independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a

18
Roberto Luís Lopes Nogueira, O Acidente de Trabalho e a Responsabilidade Civil do Empregador.
Disponível em: http://www.sindiatacadistas.com.br/ informativos/informativo46/artigo1.html.Acesso em 20 de
maio 2010.

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30

atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua

natureza, risco para os direitos de outrem.”

A argumentação utilizada é de que a nova redação do parágrafo

único, do art. 927, do CC, teria estabelecido a responsabilidade objetiva para o

empregador, independentemente da ressalva em contrário da norma

constitucional, na hipótese de a empresa desenvolver atividade cuja natureza por

si só ofereça ou exponha a risco seus trabalhadores. Assim, ficaria

automaticamente obrigado a indenizar sem nenhum direito de provar que não

agiu com culpa ou dolo, para a ocorrência do acidente.

A situação é, salvo melhor juízo, esdrúxula, na medida em que

criaria responsabilidades distintas para um mesmo fato – acidente de trabalho.

Explica-se: caso ocorra acidente de trabalho em empresa cuja

atividade não ofereça ou exponha algum risco ao trabalhador, a responsabilidade

seria subjetiva (Art. 7º, XXVIII CF). De outra feita, se o infortúnio ocorrer em

empresa cuja atividade ofereça ou exponha risco ao trabalhador, a

responsabilidade seria objetiva (p.u. art. 927 CC), havendo, portanto, supremacia

da norma infraconstitucional sobre a norma constitucional.

Isto porque é a norma hierarquicamente inferior (Código Civil) que

deve ser confrontada com a norma constitucional, e não o contrário – aquela deve

ser interpretada conforme a Constituição – que, no caso, possui interpretação

clara no sentido de que a responsabilidade do empregador por acidentes do

trabalho é por “culpa ou dolo”.

Antes da Emenda Constitucional (EC) nº 45, de 8 de dezembro de

2004, que ampliou a competência da Justiça do Trabalho, era a Justiça Comum

quem processava e julgava a ação de indenização decorrente de acidente de

[Digite texto]
31

trabalho, sendo que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) firmara o seguinte

entendimento:

“DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE

TRABALHO. CULPA DO EMPREGADOR.

Não é objetiva a responsabilidade civil da empregadora por acidente

de trabalho. Todavia, caracterizada sua culpa, ainda que leve, é de rigor sua

condenação. Recurso especial parcialmente conhecido, mas improvido”. (Resp nº

578071/PB, Ministro Cesar Asfor Rocha, 4º Turma, J. 23/03/2004, DJ 13.09.2004

p. 257)

Já sob a vigência da EC nº 45, que deu nova redação ao art. 114,

VI, da CF – passando a Justiça do Trabalho a ser competente também para

processar e julgar ações de indenização, por dano moral ou patrimonial,

decorrentes da relação de trabalho – o Tribunal Superior do Trabalho (TST) vem

decidindo que a responsabilidade civil do empregador nesse caso, mesmo após o

advento do CC de 2002, permanece sendo regulamentada pelo artigo 7º, XXVIII

da CF, consoante aresto a seguir:

“AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAL E MATERIAL

PROVENIENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO

TRABALHISTA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 7º, INCISO XXVIII DA

CONSTITUIÇÃO.

I - Tendo em conta a peculiaridade de a indenização por danos

material e moral, oriundos de infortúnios do trabalho, terem sido equiparadas aos

direitos trabalhistas, a teor da norma do artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição,

não se revela juridicamente consistente a tese de que a prescrição do direito de

ação devesse observar o prazo prescricional do Direito Civil.

[Digite texto]
32

II - Com efeito, se o acidente de trabalho e a moléstia profissional

são infortúnios intimamente relacionados ao contrato de trabalho, e por isso só os

empregados é que têm direito aos benefícios acidentários, impõe-se a conclusão

de a indenização prevista no artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição, se

caracterizar como direito genuinamente trabalhista, atraindo por conta disso a

prescrição trabalhista do artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição19.

III – Essa conclusão não é infirmável pela pretensa circunstância de

a indenização prevista na norma constitucional achar-se vinculada à

responsabilidade civil do empregador. Isso nem tanto pela evidência de ela

reportar-se, na realidade, ao artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição, mas

sobretudo pela constatação de a pretensão indenizatória provir não da culpa

aquiliana, mas da culpa contratual do empregador, extraída da não-observância

dos deveres contidos no artigo 157, da CLT.

V - Aqui é bom salientar o fato de havendo previsão na Constituição

da República sobre o direito à indenização por danos material e moral,

provenientes de infortúnios do trabalho, na qual se adotou a teoria da

responsabilidade subjetiva do empregador, não cabe inclusive trazer à colação a

responsabilidade objetiva de que trata o § único, do artigo 927, do Código Civil de

2002. V - Isso em razão da supremacia da norma constitucional, ainda que

oriunda do Poder Constituinte Derivado, sobre a norma infraconstitucional,

segundo se constata do artigo 59, da Constituição, pelo que não se pode cogitar

da revogação do artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição, pela norma do § único,

do artigo 927, do Código Civil de 2002, não se aplicando, no caso, a norma do §

19
Roberto Luís Lopes Nogueira, O Acidente de Trabalho e a Responsabilidade Civil do Empregador.
Disponível em: http://www.sindiatacadistas.com.br/ informativos/informativo46/artigo1.html.Acesso em 20 de
maio 2010.

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33

1º, do artigo 2º, da LICC. Recurso desprovido.” (TST-RR-727/2005-254-02-00.7,

4ª Turma, Rel. Min. Barros Levenhagem, j. 20.06.2007, pub. DJ 03/08/2007).

(grifo nosso)

A decisão do TST a nosso ver é acertada, a despeito de opiniões

contrárias, pois uma lei ordinária, como é o caso do CC, não pode ensejar

“revogação” de norma constitucional, ainda que parcial, que a evidência prescinde

de Emenda Constitucional para tanto.

Logo, se a CF distinguiu que a indenização por acidente ou doença

de trabalho se subsume à teoria subjetiva, condicionando a responsabilidade do

empregador desde que tenha agido com dolo ou culpa, não pode o CC (que

contém regras gerais de indenização para as hipóteses de risco) ampliar aquilo

que o Legislador Constituinte cuidou de limitar sob pena de ocorrer grave violação

ao princípio da hierarquia das leis.

Conclui-se, pois, que a ação de indenização promovida por

trabalhador vítima de acidente de trabalho, por norma expressa prevista na CF

(art. 7º, XXVII), condiciona a comprovação do dolo ou culpa do empregador. A

responsabilidade objetiva (sem culpa) somente incide em se tratando de

reparação acidentária devida pelo órgão previdenciário20.

A exceção fica por conta da possibilidade de o segurador não puder

honrar com o compromisso do pagamento do seguro acidentário (v.g. no caso de

liquidação), caso em que o empregador deverá fazê-lo conforme a Súmula 529,

do Supremo Tribunal Federal:

20
Roberto Luís Lopes Nogueira, O Acidente de Trabalho e a Responsabilidade Civil do Empregador.
Disponível em: http://www.sindiatacadistas.com.br/ informativos/informativo46/artigo1.html.Acesso em 20 de
maio 2010.

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34

“Subsiste a responsabilidade do empregador pela indenização

decorrente de acidente do trabalho, quando o segurador, por haver entrado em

liquidação, ou por outro motivo, não se encontrar em condições financeiras, de

efetuar, na forma da lei, o pagamento que o seguro obrigatório visava garantir.”

5. OS DANOS DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO

5.1 O dano moral

A Constituição de 1988 assegura a reparação do dano, seja de que

natureza for: art. 5º, inciso V. Nela se expressa a possibilidade de indenização por

dano material, moral ou à imagem. A partir de sua proclamação, foram

reformuladas as teses acerca do dano moral, também denominado dano

extrapatrimonial. O dano moral, em sua feição subjetiva, protege os direitos de

personalidade, como a intimidade, a vida privada, a honra, a liberdade de

pensamento, do uso do corpo, tudo o que envolve a faceta interna do indivíduo,

sua visão de si para si, tudo o que pode gerar sentimento de dor, de abalo

psíquico na pessoa, já que são direitos que envolvem o homem consigo mesmo.

Sob a ótica do Direito do Trabalho, a possibilidade de ocorrência de

danos aos direitos de personalidade é usual, dada a característica da

pessoalidade do contrato de trabalho, locus em que se encontram pessoas

distintas, com sua esfera individual – a dignidade humana – protegida.

Então a possibilidade de atritos humanos, e o advento de danos é

um dos efeitos conexos do contrato de trabalho, ou seja, efeitos que não

decorrem do objeto e conjunto de cláusulas contratuais, mas se submetem à

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35

estrutura ou dinâmica do contrato de trabalho, estão a ele agregados ou têm nele

sua origem.

A culpa é vinculada ao homem, o risco é ligado ao serviço, à

empresa, à coisa, ao aparelhamento. A culpa é pessoal, subjetiva; pressupõe o

complexo de operações do espírito humano, de ações e reações, de iniciativas e

inibições, de providências e inércias. O risco ultrapassa o círculo das

possibilidades humanas para filiar-se ao engenho, à máquina, à coisa, pelo

caráter impessoal e objetivo que o caracteriza21.

5.2 O dano material

No concernente aos danos materiais ocorridos no curso da relação

de trabalho, em campo maior que as meras indenizações por término do contrato

laboral, ou o pagamento dos salários e outras verbas devidas, regularmente

previstas na legislação social, temos, ainda, casos em que a atuação do patrão ou

do trabalhador acarreta dano em patrimônio material de um ou de outro, havendo,

assim, por parte do prejudicado, a procura da reparação correspondente.

Não rara é a situação em que o obreiro age em detrimento de bens

do patrão, por culpa ou dolo, danificando o patrimônio deste, compelindo o

empregador a aplicar pena disciplinar de advertência, suspensão ou demissão por

justa causa. Ocorre que a aplicação de tal pena apenas acarreta a diminuição do

resultado salarial pretendido pelo trabalhador, sem ressarcir o empregador do

dano sofrido. Ora, não havendo possibilidade de desconto para tanto, em dada

hipótese, há o patrão de buscar a via judicial para ter reparado o dano sofrido.

21
José Cretella Júnior.. in Comentários à Constituição Brasileira de 1988, p. 1019.
[Digite texto]
36

No entanto, o embasamento principal da demanda passa a ser de

cunho civil, que trata das reparações de dano material, enquanto o fato tem

ocorrência no curso da relação de trabalho e em decorrência do contrato havido

entre as partes, sinalizando dúvidas para a parte quanto ao foro competente para

a causa22.

Abstraída a relação de trabalho, a competência seria da Justiça

Comum para apreciar a causa, seja a nível local, seja a nível federal, conforme o

caso; contudo, a questão passa a ser conexa com a análise da própria conduta do

trabalhador, não sendo admissível que a Justiça do Trabalho possa apenas cuidar

da questão concernente à pena aplicada ao obreiro e se veja impedido de

analisar as demais conseqüências do fato, no âmbito das partes envolvidas.

Inadmissível tal divisão de competência, inclusive pela possível disparidade de

julgamentos quanto ao mesmo fato, ensejando o descrédito do Judiciário como

um todo.

Assim, a questão é colocada no sentido de qual Juízo tem a

competência integral para o fato, eis que conforme já noticiado pelo precedente

do Supremo Tribunal Federal, a Constituição Federal não restringe a competência

da Justiça do Trabalho aos casos baseados na legislação trabalhista, envolvendo

exames outros decorrentes da relação de trabalho, quando presentes na relação

processual patrão e trabalhador.

Não há dúvidas de que a competência especial da Justiça do

Trabalho tem efeito atrativo para a causa de reparação civil do dano material,

ainda que proposta isoladamente, inclusive porque a Justiça Laboral não é restrita
22
Alexandre Nery de Oliveira. Dano material, dano moral e acidente de trabalho na Justiça do
Trabalho, Teresina, ano 3, n. 28, fev. 1999. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?
id=1207>. Acesso em: 21 maio 2010.

[Digite texto]
37

a ações propostas pelos trabalhadores, admitindo, e com freqüência, ações

ajuizadas pelos patrões, sem prejuízo, ainda, doutras pessoas sujeitas à

jurisdição especializada por força de lei editada com base no artigo 114, parte

final, da Constituição Federal.

Igualmente, quando o obreiro sofre dano em bem integrado ao seu

patrimônio, qualquer que seja, por ato do empregador, no curso da relação laboral

e em decorrência desta, a ação trabalhista proposta pode, em conjunto ou

isoladamente, requerer a indenização correspondente à reparação civil pertinente,

por competente a Justiça do Trabalho para o exame dos fatos envolvendo a

relação de trabalho, quando presentes na relação processual patrão e

trabalhador.

Note-se que fatos outros alheios à relação laboral, ainda que

envolvendo, por coincidência, patrão e trabalhador, persistem no âmbito da

Justiça Comum, eis que a competência da Justiça do Trabalho não se estenderá

a tal situação pela simples constatação de que, na relação jurídica em particular,

patrão e trabalhador atuam como pessoas distintas das envolvidas na relação civil

delineada. Por exemplo, a situação em que, sem qualquer relação com o trabalho,

patrão e trabalhador, despidos de tais condições, se envolvem em acidentes de

trânsito, em locações equivocadas, em situações que não assumem as condições

próprias de capital-trabalho, persistem no âmbito da Justiça Comum, porque não

haverá fato concernente à relação de trabalho em exame.

Diversamente, contudo, quando o fato relativo ao dano material

sofrido por patrão ou trabalhador, por ação ou omissão da parte contrária ou de

preposto desta, em decorrência ou no curso da relação de trabalho, ainda que a

reparação pretendida tenha cunho civil, a competência será da Justiça do

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38

Trabalho, ante os contornos próprios da Constituição Federal, artigo 114, no

entendimento inclusive do Colendo Supremo Tribunal Federal23.

5.3 Indenização por dano moral e dano material decorrente de acidente


de trabalho

Até a entrada em vigor da Constituição da República de 1988, a

orientação jurisprudencial assentava-se na impossibilidade de ressarcimento do

dano moral.

A Carta Magna estabeleceu, entre os direitos fundamentais, a

indenização por dano moral, encerrando as discussões doutrinárias e

jurisprudenciais sobre sua existência. Nesse sentido, observe-se o disposto no

art. 5º, incisos V e X, da Constituição24:

.V . é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além

da indenização por dano material, moral ou à imagem;.

.X . são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem

das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral

decorrente de sua violação.

Com base no entendimento de que o dano moral se configura com a

23
Alexandre Nery de Oliveira. Dano material, dano moral e acidente de trabalho na Justiça do Trabalho . Jus
Navigandi, Teresina, ano 3, n. 28, fev. 1999. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?
id=1207>. Acesso em: 21 maio 2010

24
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Ação de indenização por dano moral ou patrimonial decorrente de
acidente do trabalho:questões de direito material e processual.,pp.23-25.

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39

caracterização do ato ilícito, o Código Civil de 2002 buscou atualizar a previsão

normativa sobre o assunto. Por força do art. 186, o dano, ainda que

exclusivamente moral, recebeu previsão expressa. Observe-se:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente

moral, comete ato ilícito.

Na esfera trabalhista, a reparação dos danos morais visa à proteção

da dignidade do trabalhador. Em respeito a esse princípio, o Tribunal Superior do

Trabalho, mesmo antes da vigência da Constituição da República, já tendia a

admitir a indenização por dano moral.

Atualmente, a jurisprudência e a doutrina são uníssonos em admitir

a indenização por dano moral na esfera trabalhista. Questão mais complexa, no

entanto, diz respeito à fixação do quantum indenizatório decorrente do dano

moral.

O arbitramento do dano moral, pelas próprias circunstâncias que o

definem, ocorre de maneira necessariamente subjetiva, segundo critérios de

justiça e eqüidade, ainda que, em cada situação específica, seja dada ao

magistrado a oportunidade de fixar parâmetros à apreciação do dano causado.

O dano moral tem o escopo de, por um lado, compensar a vítima

pelo dano sofrido e, por outro, punir o infrator, que não pode ofender em vão a

esfera jurídica alheia. Na fixação desse valor, levam-se em conta as condições

econômicas e sociais das partes envolvidas, bem como a gravidade da falta

cometida.

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40

É reprovável a conduta da empresa, que não providenciou as

medidas de segurança adequadas à segurança e à saúde dos trabalhadores. O

dano estético e a dor são também componentes do dano moral.

Há correntes jurisprudenciais diversas, v.g., uma que aplica, por

analogia, os artigos. 84 do Código Brasileiro de Comunicações e 52 da Lei de

Imprensa, pleiteando o limite máximo da indenização por dano moral em até 200

salários mínimos. Outra adota como parâmetro para fixar o dano moral, também

por analogia, o art. 478 da CLT, segundo o qual o quantum indenizatório equivale

a 1 (um) salário do empregado por ano de contrato de trabalho25.

O certo é que a apuração da indenização decorrente do dano moral

realiza-se via critério estimativo, segundo a prudente discricionariedade do

magistrado, apurando-se o quantum indenizatório com base nas possibilidades do

lesante e nascondições do lesado. Esse amplo espectro de liberdade, no entanto,

não isenta o magistrado da obrigação de expor o critério adotado para a

liquidação do dano, sobretudo quando se perfilha sistemática desconhecida pelas

partes26.

Nos termos do art. 950 do Código Civil, a indenização a título de

dano material decorrente de acidente de trabalho engloba:

(i) o dano emergente,

(ii)o lucro cessante e

(iii) pensão proporcional à importância do trabalho para o qual se

inabilitou ou à depreciação que sofreu.

25
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Op. cit., pp.23-25.

26
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Op. cit., pp.23-25.

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41

O dano emergente deve corresponder ao valor das despesas gastas

com o tratamento (médico, psicológico) até a recuperação.

O lucro cessante diz respeito aos valores que os trabalhadores

concretamente deixarem de auferir até o fim da convalescença.

O pensionamento, por sua vez, é devido se, após a convalescença,

restarem seqüelas que reduzam a capacidade laborativa dos trabalhadores.

Segundo supramencionado, a indenização é gênero que

compreende o dano emergente, o lucro cessante e o pensionamento. A legislação

não determina se a indenização devida a título de pensionamento deve ser fatiada

em parcelas mensais.

A jurisprudência, construída em litígios de natureza civil, vem

entendendo ser devido o pagamento mensal do quantum indenizatório.

No Direito do Trabalho, entretanto, a indenização a título de

pensionamento deve observar as especificidades que regem a relação de

emprego. Ao contrário do que ocorre no Direito Civil, aqui vige o princípio da

proteção e o princípio da alteridade, que visam a atenuar a desigualdade inerente

ao contrato de trabalho27.

O princípio da proteção informa que, na Justiça Especializada, as

regras, estrutura, institutos e princípios formam uma teia de proteção à parte

hipossuficientes na relação empregatícia. Assim, o pensionamento deve adaptar-

se à situação de desigualdade na relação de trabalho, possibilitando uma real

proteção ao trabalhador.

Segundo o princípio da alteridade, os riscos do empreendimento

correm à exclusiva responsabilidade do empregador, não se admitindo a

27
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Op. cit., pp.23-25
[Digite texto]
42

distribuição de prejuízos ou perdas aos empregados, ainda que verificados reais

prejuízos ou perdas no âmbito do empreendimento. A instabilidade econômica e

as alterações na saúde financeira das empresas devem correr à exclusividade do

empregador.

O risco, inerente ao capital, é avesso às verbas trabalhistas. Isso

porque à inconstância do capital se contrapõe a inevitabilidade das verbas

decorrentes da relação laboral, que possuem natureza alimentar. Por esse

motivo, admite-se que a indenização a título de pensionamento, na esfera

trabalhista, seja concedida de uma só vez.

O parágrafo único do art. 950 do Código Civil dispõe que o

prejudicado poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

Seguindo os princípios da proteção e da alteridade, cumpre à jurisprudência

adaptar os institutos à realidade, aproximando o Direito do Trabalho das

alterações econômico-sociais.

A natureza alimentar da obrigação trabalhista justifica condenação

da empregadora ao pagamento único para que não fiquem os ex-empregados

submetidos às leis do mercado ou dependentes da solidez econômico-financeira

do empregador.

Admitir o parcelamento da indenização pode importar em submeter o

empregado a execuções futuras e sucessivas.

5.4 Competência para julgar ação indenizatória

Compete à Justiça do Trabalho as questões não apenas

patrimoniais mas também morais decorrentes da relação de trabalho, por

inexistência de restrição neste sentido pelo artigo 114 da Constituição Federal,

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43

conforme posicionamentos do Colendo Supremo Tribunal Federal e diversos

Tribunais do Trabalho, sem haver restrição de estar a causa fundada em

legislação trabalhista ou civilista, se o direito postulado decorre de fato ocorrido no

âmbito do contrato de trabalho28.

Neste sentido, pretensão quanto a indenização por dano material,

por dano moral ou por acidente de trabalho, em determinados casos, por

invocação do artigo 114 constitucional, estarão no âmbito de processamento e

julgamento pela Justiça do Trabalho, eis que a competência desta prefere à da

Justiça Comum, tanto federal quanto local, de caráter meramente residual, à falta

de ressalvas expressas.

28
Alexandre Nery de Oliveira, Dano material, dano moral e acidente de trabalho na Justiça do Trabalho . Jus
Navigandi, Teresina, ano 3, n. 28, fev. 1999. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?
id=1207>. Acesso em: 21 maio 2010

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44

6. ACIDENTE DO TRABALHO DURANTE O AVISO PRÉVIO INDENIZATÓRIO

6.1 Aviso Prévio- Conceito e natureza jurídica

O aviso prévio é uma advertência que se faz para prevenir o outro

contraente de que o contrato vai se dissolver e de que seus efeitos irão cessar

dentro de determinado lapso de tempo.

Tem cabimento no contrato de trabalho por tempo indeterminado,

que se quer rescindir sem justa causa. Não se justifica no contrato por prazo

determinado, que já tem final certo, nem na rescisão por justa causa.

Consiste na obrigação que tem qualquer das partes no contrato de

trabalho por prazo indeterminado de notificar a outra de sua intenção de romper o

vínculo contratual, em data futura e certa (Orlando Gomes). É a denúncia do

contrato por prazo indeterminado, objetivando fixar o seu termo final (Amauri

Mascaro). É a notificação antecipada da intenção de uma das partes de rescindir

o contrato de trabalho após certo espaço de tempo. É a resilição unilateral,

própria do contrato sucessivo por prazo indeterminado.

Seu objetivo é evitar ou minorar os efeitos de uma cessação

repentina e brusca do contrato de trabalho, cujo fim não se encontrava

previamente determinado.

Ressalte-se que não cabe o aviso prévio nas hipóteses previstas no

art. 443, §1º, da CLT, quais seja, contrato com data pré-fixada, execução de

determinado serviço ou dependente de acontecimento previsto.

[Digite texto]
45

Em certas ocasiões, percebe-se a ocorrência de situações concretas

em que contratos aparentemente a termo, de serviços complexos e específicos,

não obstante terem termo determinado, o fim não é tão previsível assim. Nesses

casos, adaptando a lei às necessidades da vida real, passa-se a exigir aviso

prévio, como forma de minimizar as incertezas do trabalhador.

Tendo em vista sua finalidade, deve ser excluída a possibilidade de

seu manejo nos seguintes casos:

a) períodos de suspensão do contrato de trabalho;

b) casos de força maior que incidem sobre a empresa;

c) casos de culpa recíproca no ato rescisivo do contrato;

d) quando o empregado obtém, com o consentimento do

empregador, e sem interrupção do serviço, emprego em outro estabelecimento;

e) dissolução do contrato por mútuo consenso, salvo livre ajuste

sobre este ponto.

É de se ressaltar a natureza jurídica desse instituto: denunciar o fim

do contrato de trabalho.

Constitui-se num direito potestativo e independe da aceitação da

parte contrária. Diz-se, por isso, que é um ato receptício. É, ainda, um ato

constitutivo, cujo efeito se produz para o futuro (ex nunc) e não de forma

retroativa (ex tunc).

O aviso prévio, que é a expressão material da denúncia do fim do

contrato de trabalho, não obedece nenhuma forma especial, nem está

subordinado a nenhuma forma determinada, devendo, no entanto, ser sério e

inequívoco. Destafeita, recomenda-se a forma escrita, para que se possa precisar

o momento de sua recepção e o conhecimento da outra parte.

[Digite texto]
46

O aviso prévio é uma notificação. Por isso se constitui em uma

obrigação de fazer. Em princípio, esse aviso não provoca outra alteração no

contrato além de fixar o momento futuro de sua extinção. É por isso que aquilo

que o trabalhador recebe durante o prazo do aviso prévio é salário e não

indenização. Esta assertiva é apenas parcial, porque quando o aviso prévio não

for concedido, quem descumpre esta obrigação é compelido por lei a reparar os

prejuízos decorrentes do inadimplemento. Nesse caso, o pagamento não tem

caráter salarial, constituindo típica indenização, com a mesma natureza de todas

as indenizações que substituem a obrigação descumprida. Trata-se do aviso

prévio indenizado.

O termo aviso prévio quer dizer comunicação que a parte que quer

rescindir o contrato sem causa justa, deve fazer a outra. Significa, também, o

tempo durante o qual, após essa comunicação, o empregado continuará

trabalhando na empresa. Finalmente, tem o sentido de pagamento em dinheiro do

empregador ao empregado, mesmo que o trabalho não seja prestado, ou de

desconto salarial, quando se tratar de caso em que o empregado é quem pede a

dispensa e não tem interesse em cumprir o aviso prévio.

Desta tríplice natureza (comunicação, tempo e pagamento), deve

resultar o seu conceito: é comunicação da rescisão do contrato de trabalho pela

parte que decide extingui-lo, com a antecedência a que estiver obrigada e com

dever de manter o contrato após essa comunicação até o decurso do prazo nela

previsto, sob pena de pagamento de uma quantia substitutiva, no caso de ruptura

do contrato sem causa justa29.


29
Rita de Cássia Tenório Mendonça, Aviso Prévio. (2003) Disponível em:
http://www.vemconcursos.com/opiniao/index.phtml?page_sub=5&page_id=1368. Acesso em 20 de maio de
2010.

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47

É pressuposto ou condição para que as partes promovam

regularmente a rescisão do contrato por prazo indeterminado.

6.2 Aviso prévio trabalhado

No caso do aviso prévio trabalhado, o empregado exerce

normalmente suas funções durante o período pré-avisado, sendo importante

ressaltar que conforme a parte que solicitar a rescisão do contrato de trabalho,

algumas variações poderão ocorrer em sua fluência. Ou seja, se a rescisão for

motivada pelo empregador, o funcionário poderá optar entre ter sua jornada diária

reduzida em duas horas (antes ou após a jornada) ou faltar ao trabalho por 7 dias

corridos, sem prejuízo no salário, com o intuito maior de procurar novo emprego.

A não redução da jornada ou a sua substituição pelo pagamento das

horas correspondentes (devido a horas extraordinárias) tornará nulo o aviso

prévio. Entretanto se a rescisão partir do empregado, não haverá motivos para a

redução da jornada de trabalho, afinal presume-se que ele já tenha outro emprego

em vista.

O objetivo do aviso prévio é dar ao empregado a oportunidade de

procurar uma nova colocação diante de seu iminente desemprego e ao

empregador a substituição do empregado, contratando outro trabalhador.

A parte que decidir rescindir o contrato de trabalho, sem justa causa,

deverá fazê-lo comunicando a outra parte com antecedência mínima de 30 dias.

Caso não haja o cumprimento do aviso prévio (trabalhado) esse deverá ser

indenizado, justamente para cobrir o prejuízo das partes30.

30
Valentin Carrion, Comentários à consolidação das leis do trabalho. pp.394-396

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48

6.3 Aviso prévio indenizado

O aviso prévio indenizado é quando a parte que recebeu o aviso tem

direito a uma indenização referente a um salário do empregado e não cumpre o

período de trabalho estipulado pela lei. O Aviso Prévio, tanto o indenizado quanto

o trabalhado, é contado para todos os fins, inclusive para cálculo de mais 1/12 de

13º salário e férias. Devido a isso, deve-se ter cuidado quando da dispensa do

empregado, para que a mesma não ocorra nos 30 dias antecedentes à data-base

da categoria. Pelo fato do aviso indenizado servir de cômputo nesse cálculo, o

empregador não deve rescindir o contrato e dar um aviso indenizado no 2º mês

que antecede à data-base, sob pena de pagamento de uma indenização adicional

no valor do salário do empregado. Exemplo: um empregado é dispensado em

20/10 e terá seu aviso indenizado. A data-base de sua categoria é no mês 12.

Apesar de sua efetiva dispensa ter ocorrido no mês 10, ele terá direito a 11/12 de

13º, mais 1/12 de férias e à indenização por ter “sido dispensado” nos 30 dias que

antecedem à data-base31.

6.4 Estabilidade acidentária no aviso prévio

As estabilidades provisórias têm por objetivo garantir, por diferentes

razões, a vigência da relação contratual empregatícia por um determinado

período de tempo. Durante este prazo o empregador não poderá promover a

31
Valentin Carrion, op. cit., pp.394-396.

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49

rescisão contratual, ante a garantia que o empregado tem de permanecer no

posto de trabalho.

O aviso prévio é o instituto através do qual empregado e

empregador se utilizam para por fim à relação contratual, e que as estabilidades

provisórias tem por objetivo obstar o término do contrato existente. O objetivo da

estabilidade provisória é exatamente a manutenção da relação contratual, não se

pode admitir que neste período queiram as partes por fim ao contrato.

O artigo 6º. da Constituição Federal/1988 dispõe que a saúde é um

direito social, e no artigo 7º., XXII, estabelece como direito dos trabalhadores, a

“redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene

e segurança”. Observa-se que a saúde do trabalhador é um direito

constitucionalmente garantido, e que deve ser preservado nas relações

empregatícias.

Neste contexto, não há como negar que o empregado vítima de

acidente de trabalho merece proteção para que sua saúde se restabeleça, e

possa voltar ao mercado de trabalho e exercer suas funções. O objetivo da

estabilidade do empregado acidentado é preservar a continuidade da relação de

emprego.

Assim, o direito ao aviso prévio (que de acordo com a concepção

contemporânea é visto como proteção ao empregado) não pode impedir o

resguardo do trabalhador vítima de acidente de trabalho. Ademais, o não

reconhecimento da estabilidade e da suspensão do prazo do aviso prévio

acarretaria a frustração da finalidade deste instituto, já que o trabalhador

acidentado estaria incapacitado para a procura de novo emprego32.

32
Francieli Pissoli. O aviso prévio e as estabilidades provisórias.pp.144-146.

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50

Por outro lado, o acidente de trabalho no curso do aviso prévio é a

relação causal que sofre o empregado por conseqüência de uma atividade do

empregador, refletindo num aspecto extremamente social.

Os efeitos da dispensa só se concretizam depois de expirado o benefício

previdenciário, sendo irrelevante que tenha sido concedido no período do aviso

prévio já que ainda vigorava o contrato de trabalho.

Se na duração do prazo do aviso prévio o empregado sofrer

acidente de trabalho, e os 15 (quinze) primeiros dias não ultrapassar o aviso,

preenchendo o empregado os requisitos do enquadramento do auxílio-

acidentário, ficará garantido o emprego até 12 (doze) meses após o seu retorno.

E terminando a garantia, deverá cumprir o saldo restante do aviso

prévio. Sendo certo, que ocorrendo acidente de trabalho, e os 15 (quinze)

primeiros dias ultrapassar o prazo do aviso prévio, preenchendo o empregado os

requisitos do enquadramento do auxílio-acidentário, ficarão garantido o emprego

até 12 (doze) meses após o seu retorno. Terminando a garantia, não haverá novo

aviso, podendo, a critério do empregador, dispensar.

Pode-se imaginar que o acidente de trabalho no período de aviso é

fruto de quando esse é trabalhado, mas não se pode deixar de considerar que se

o empregado numa visita ao empregador, durante o aviso prévio indenizado,

sofrer com algum acidente em suas dependências, poderá ensejar numa situação

de acidente do trabalho e as devidas conseqüências supracitadas33.

Por derradeiro, a doutrina como na jurisprudência, ou seja, o

Tribunal Superior do Trabalho e os Tribunais Regionais já têm reconhecido a

estabilidade provisória nessas hipóteses. Mas é bom que se saiba que nem todo

33
Francieli Pissoli. O aviso prévio e as estabilidades provisórias.pp.144-146.
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51

acidente de trabalho garante ao trabalhador o direito à estabilidade provisória

prevista na Lei nº 8.213/91, que dispõe sobre os planos de benefícios da

Previdência Social. Para que o trabalhador tenha direito à estabilidade pelo

período de um ano, é necessário que tenha recebido do INSS o benefício

referente ao "auxílio-doença acidentário.

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52

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatou-se através da presente pesquisa que o aviso prévio tem o

objetivo primordial se evitar ou minorar os efeitos de uma cessação repentina e

brusca do contrato de trabalho, cujo fim não se encontrava previamente

determinado.

Por outro lado, ficou demonstrado que incapacidade de trabalho constatada

durante o aviso prévio dá direito ao empregado à estabilidade provisória de no

mínimo 12 meses depois de expirado o benefício previdenciário, mantendo-se

suspenso o vínculo enquanto perdurar o benefício previdenciário.

Ficou também claro que para o trabalhador ter direito à estabilidade

provisória, é preciso que ele tenha sido afastado do emprego por prazo superior a

quinze dias e que tenha, conseqüentemente, recebido do INSS o benefício

referente ao auxílio-doença acidentário.

Foi também visto que o acidente de trabalho no curso do aviso prévio é a

relação causal que sofre o empregado por conseqüência de uma atividade do

empregador, refletindo num aspecto extremamente social, tendi que

necessariamente os efeitos da dispensa só se concretizarem depois de expirado

o benefício previdenciário, sendo irrelevante que tenha sido concedido no período

do aviso prévio já que ainda vigorava o contrato de trabalho.

[Digite texto]
53

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