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→ Civis: São os direitos individuais. Compreendem a garantia a vida, liberdade, direito de ir e vir,
liberdade de pensamento, direito a propriedade privada e igualdade perante a lei
A Cidadania, no entanto, não se resume exclusivamente aos Direitos. Para que o sujeito seja
considerado cidadão, ele também deve cumprir com os seus deveres fundamentais:
→ Proteger a natureza.
Existem casos em que um direito do cidadão de determinada nação (local), pode coincidir
com um Direito Humano (universal), no entanto, de acordo com as resoluções do direito
internacional, um direito local, nunca pode ser invocado para ferir um Direito Humano. Essa
relação entre os direitos local e internacional, gera uma série de dúvidas, principalmente, porque
existe uma tendência, inclusive muito característica no Brasil, de conotação negativa dos Direitos
Humanos, geralmente associado a defesa de criminosos. Esse tipo de associação, comporta duas
críticas principais:
→ Incompatibilidades culturais, já que uma série de “direitos” previstos na Declaração dos Direitos
Humanos são completamente distanciados da nossa realidade, fazendo assim com que caiam na
descrença, além do que, muitas vezes não desejamos que os direitos sejam aplicados da forma como
são “impostos” pela declaração. Esse tipo de pensamento é característico nosso, já que, não somos
convidados ao debate a respeito das leis do país e nem estimulados a refletir a respeito delas nas
instituições educacionais. Essas atitudes são características de países que não prezam pela
cidadania, ou seja, pela participação dos indivíduos na sociedade.
OBS: Devemos observar que, uma vez esclarecidos a respeito dessas contradições da política, não
podemos mais simplesmente aceitar esse posicionamento de alienação, podendo agora discutir e
pensar a respeito de nossa realidade, muito mais do que isso, podemos agir.
Estudar a cidadania no Brasil, é entender por que a nossa realidade parece tão distanciada do
que se pretende na nossa constituição, no nosso código de leis. Acredito que todos nós, já nos
perguntamos como é possível que tantas atividades ilegais que nos cercam, sejam consideradas
dessa forma, visto que acontecem de forma tão natural, também já devemos ter nos questionado que
as decisões que são tomadas na Câmara e no Senado, apesar de realizada por sujeitos eleitos pela
população em geral, parecem acontecer de forma tão distanciada da sociedade, enfim, não
entendemos os limites que dividem o legal e o real, o que é sintoma característico da falta de
cidadania. Fica a questão no ar: Em algum momento de nossa História foi possível a cidadania
plena? Seria ela compatível com a democracia ou qualquer outra forma de governo que já tenha
passado em nosso país? Ou no mundo?
→ O primeiro produto extraído, foi o pau-brasil. Além do grande desmatamento gerado, a mão-de-
obra usada foi indígena, primeiramente paga com produtos de pouco valor para os europeus, como
machadinhos e espelhos (até então desconhecidos pelos índios), demonstrando o baixo valor
atribuído ao trabalho alheio pelos europeus. Logo em seguida, se inicia a escravidão indígena
→ É no período colonial que se consolida a base das divisões de poder na sociedade brasileira. Os
cargos políticos eram ocupados pela elite (principalmente a elite rural). Essa mesma elite que
circulava nos postos do Judiciário, Legislativo e Executivo, assegurava suas vantagens pessoais
através do poder público
Independência e Império
→ A formação do Estado (país) brasileiro, não parte, portanto da iniciativa da população civil, nem
se dá através da união da nação, mas sim da negociação entre a elite portuguesa, com a Inglaterra e
a elite brasileira
→ Quanto ao voto, apesar da grande parcela a qual foi possibilitado o voto – no Brasil, em 1881
cerca de 50% da população masculina votava, enquanto que em 1770, em Portugal, apenas 9%, na
Itália 2% e na Inglaterra 7% - essa parcela não possuía condições de votar de forma consciente, nas
palavras de José Murilo de Carvalho, um dos principais expoentes do estudo da cidadania no Brasil,
o perfil dos votantes:
Os brasileiros tornados cidadãos pela constituição eram as mesmas pessoas que tinham vivido os três
séculos de colonização nas condições que já foram descritas. Mais de 85% eram analfabetos, incapazes de
ler um jornal, um decreto do governo, um alvará da justiça, uma postura municipal. Entre os analfabetos
incluíam-se muitos dos grandes proprietários rurais, mais de 90% da população viva em áreas rurais, sob o
controle ou a influência dos grandes proprietários. Nas cidades, muitos votantes eram funcionários públicos
controlados pelo governo(…) A maior parte dos cidadãos do novo país não tinha tido prática do exercício
do voto durante a colônia. Certamente, não tinha tido noção do que fosse um governo representativo, do que
significava o ato de escolher alguém como seu representante político.
→ A escravidão que só foi abolida em 1888, também não partiu de iniciativa popular, demonstrando
a falta de amadurecimento de consciência, mas das elites, pressionadas pelos interesses econômicos
internacionais. Acontece que a escravidão foi mantida enquanto prestou aos interesses do
desenvolvimento dos Estados Nacionais europeus e na consolidação da revolução industrial, através
da importação de negros africanos que eram mestre em técnicas de trabalho como ferreiros,
carpinteiros, marceneiros. Consolidada essa etapa do capitalismo, o interesse em uma população
livre, que consumisse e que custasse menos devido ao baixo salário, foi fator predominante na
abolição. O Brasil foi o último país de tradição ocidental a abolir a escravidão.