You are on page 1of 12

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

ANDRÉ LUIZ MIRANDA


JOSÉ VAUVERDE

PROVA DE POLÍTICA CONTEMPORÂNEA


Questões sobres textos pré-definidos

SÃO CARLOS
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

ANDRÉ LUIZ MIRANDA, R.A. 760694, Turma B


JOSÉ VAUVERDE, R.A. 761176, Turma A

PROVA DE POLÍTICA CONTEMPORÂNEA


Questões sobres textos pré-definidos

O presente trabalho será apresentado


como a primeira avaliação do curso de
Política Contemporânea I

Professor Dr. Renato de Moraes

SÃO CARLOS
2019
“O mundo é grande o suficiente
para satisfazer as necessidades de
todos, mas sempre vai ser muito pe-
queno para a ganância de alguns”
Mahatma Gandhi
QUESTÕES

1. Partindo dos textos “Sobre as origens e o desenvolvimento do estado moderno


no Ocidente”, de Modesto Florenzano, e “O mercado e a norma: o Estado Mo-
derno e a intervenção pública na economia”, de Bruno P. W. Reis, escreva um
trabalho discursivo e analítico – o mais completo possível – explanando sobre
os elementos definidores do Estado Moderno em Maquiavel, Hobbes, J. Bodin
e Weber.
Podemos dizer que o Estado Moderno não
nasceu de forma igualitária e homogênea em todos os locais, mas sim nasceu das
transformações internas ocorridas em cada uma das diferentes formas de asso-
ciação política, em cada um dos diferentes Estados, e, cada qual, a seu tempo.
Modesto Florentino, em seu artigo, elenca
que o Estado Moderno foi estabelecido pela tríade de pensadores: Nicolau Ma-
quiavel, Jean Bodin e Thomas Hobbes, porém pecaram por não conseguirem ca-
racterizá-lo. E, finalmente, Max Weber, que conceituou o Estado de forma mais
objetiva, cultuando valores como a unidade estatal nacional e a consciência co-
letiva, ou seja, a nação.
Nicolau Maquiavel (1469-1527), pensador
florentino, cuja teoria é marcada pela exposição, assim como da análise, dos ele-
mentos que determinam a instauração e a conservação da vida civil. Maquiavel
usa de sua experiência, além da citação de exemplos históricos, como método
de justificação teórica, na sua principal obra: O Príncipe. Contudo, o autor não
elenca, em suas obras, uma definição clara desses conceitos, mas nos mostra um
plano prático, um manual de ações para o leitor, do que o autor vivenciou e,
também, de situações concretas percebidas pelo mesmo.
Apesar disso, Maquiavel utilizou o termo lo
stato em suas obras, termo este utilizado para coisas diversas, mas também para
se referir ao Estado Moderno. Tal palavra se originou de status que significa con-
dição social, posição que o indivíduo ocupa na sociedade. E, mesmo sabendo que
não há uma definição clara para os elementos constitutivos do Estado Moderno
na obra de Maquiavel, podemos dizer que a ideia de soberania, já encontrava
guarida com o florentino, que garantiria a organização da vida em sociedade,
assim como a autonomia e a independência, não dependendo de outras instân-
cias de poder, como a Igreja – que exercia comando sobre vários governos, evi-
tando, assim, que os poderes temporais e espirituais pudessem criar problemas
com tal submissão – ou de poderes estrangeiros.
Maquiavel entendia que o ato inicial para a
formação de uma sociedade civil deveria ser pela força, porém a conservação
desta sociedade deve ser mantida por leis, que legitimarão o poder do gover-
nante sobre seus cidadãos, promovendo o bem da coletividade, não apenas seus
próprios interesses.
E, por fim, o autor demonstra que, apesar da
pessoalidade que marca o stato, fornece alguns indícios que as melhores insti-
tuições políticas são aquelas que perpassam a existência de quem as estabele-
ceu, ou seja, que as próximas gerações de soberanos deem continuidade e apri-
morem tais leis, para que haja instituições políticas fortes que não dependam a
existência de quem as criou para que sejam mantidas. Para Maquiavel, a união
dos cidadãos em defesa de cidade contra a Igreja, em detrimento do temor da
excomunhão e da perplexidade dos cristãos, demonstra o que o pensador consi-
derava o mais importante: a defesa da pátria, ou seja, do Estado.
Jean Bodin (1530-1596), jurista francês, é conside-
rado como primeiro pensador a desenvolver o conceito de soberania e poder,
entendendo a monarquia como sendo a melhor forma de governo. Autor dos
seis livros da obra intitulada República (1576), lançados na época em que a
França estava mergulhada em guerras religiosas, e foi nessa obra que aparece
formulada, pela primeira vez, uma teoria do absolutismo monárquico, funda-
mentada no conceito de soberania, onde entendia que a autoridade deve ser
absoluta.
Bodin utilizava o termo Estado para falar sobre o es-
tado antigo, e República para designar o que conhecemos hoje como Estado Mo-
derno. Bodin não estava preocupado com o que a Igreja pensava de suas teorias,
sendo considerado um anticristão. Em uma passagem de sua obra, o autor elenca
que “... só é absolutamente soberano quem não depende de ninguém”, entendia
Bodin, emendando que o mesmo recebe o poder supremo, puro, indivisível que
não pode ser fragmentado, entendendo que a não fragmentação seria necessá-
ria para a estabilidade de um governo.
O rei absorveria o papel que, antes, era exercido pelo
chefe da Igreja, in casu, o Papa, passando a ter o total controle político sobre a
sua população, um poder absoluto. O entendimento era que o soberano recebe-
ria o cetro e o poder de Deus, não podendo ser, jamais, questionado. A concen-
tração do poder deveria ser de apenas uma única pessoa: o rei e, assim, o sobe-
rano apenas presta contas a Deus, sendo seu representante naquele território.
Quanto a soberania, Bodin entende que haveria uma
classificação mais adequada ao tipo de governo: a. soberania do príncipe – temos
a instalação da monarquia (que pode ser democrática – descentralização do po-
der com grupos sociais atuando em algumas áreas; ou despótica – poder concen-
trado nas mãos do rei); b. soberania assumida pela maioria da população – temos
o estado popular; c. soberania de um grupo minoritário – forma-se o estado aris-
tocrático. Bodin formulou a chamada teoria do direito divino do rei, já que as leis
da natureza indicam que se no universo há apenas um Deus, no céu há apenas
um “sol”, então a monarquia seria a forma ideal onde um monarca seria o repre-
sentante de Deus no seu território.
Para finalizar a tríade considerada fundadora do con-
ceito de Estado Moderno, além dos já ditos Maquiavel e Bodin, surge o inglês
Thomas Hobbes (1588-1679). Teórico do absolutismo, não utilizava o termo
State, preferindo o Commom-Wealth, ou, traduzindo literalmente, comunidade.
Hobbes entendia que o Estado funciona como uma máquina, desta forma os mo-
delos poderiam ser imitados e difundidos. Hobbes, assim como Bodin, era con-
trário aos governos mistos, aqueles em que havia a divisão da soberania, que
acreditavam ser o pior dos males de um governo. Mas, diferente de Maquiavel,
Hobbes estará preocupado com a conservação do indivíduo, diferente do floren-
tino, cuja preocupação estava centrada no Estado. Os conceitos dele foram usa-
dos, posteriormente, pelos liberais, apesar de Hobbes jamais ter sido um liberal.
O pensador já diferencia Estado e sociedade e enten-
dia que a origem do Estado surge em um pacto político, o contrato social. En-
tende, ainda, que a sociedade passou por três etapas: a. o estado de natureza
(numa criação hipotética, pois não há como saber como seria o homem antes da
formação da sociedade, não havendo forma de se ter um conhecimento empírico
desse fato: Hobbes considera o homem como sendo mau; “O homem é o lobo
do homem”, é uma das máximas mais conhecidas do pensador; o desejo de pre-
servar a própria vida é a fonte da guerra do homem contra o próprio homem,
onde o outro é seu principal adversário); b. contrato social (os homens fazem um
pacto e estabelecem regras de convivência, repassando sua liberdade para um
terceiro, o Estado); c. estado civil organizado (o homem se torna civilizado e
funda a sociedade política).
Hobbes entende que o Estado seria o Leviatã, um
monstro mitológico mencionado na Bíblia, extraído do livro de Jó, cuja origem
remonta a era fenícia, que seria o monstro do caos primitivo. E, sendo tal mons-
tro um mal necessário, para se alcançar uma estabilidade social entre os homens,
os indivíduos entregariam a esse monstro, no caso o Estado, a sua liberdade, o
seu poder de livre escolha, e, em troca, o Estado garantiria a ordem, a segurança,
a continuidade da vida cidadã com mais tranquilidade e, assim, os indivíduos po-
deriam continuar vivendo sem estar em estado de alerta constante, já que o Es-
tado garantiria sua tranquilidade no dia a dia.
No estado de natureza de Hobbes, sem o poder de
um soberano para ditar as regras, e fazê-las cumprir, a disposição para a guerra
se perpétua, diferente de outros momentos em que há tempos de paz e tempos
de guerra, senão vejamos o que Hobbes diz na sua obra O Leviatã:
“Numa tal situação não há lugar para a indústria, pois seu
fruto é incerto; consequentemente não há cultivo da
terra, nem navegação, nem uso das mercadorias que po-
dem ser importadas pelo mar; não há construções con-
fortáveis, nem instrumentos para mover e remover as
coisas que precisam de grande força; não há conheci-
mento da face da Terra, nem computo do tempo, nem ar-
tes, nem letras; não há sociedade; e o que é pior do que
tudo, um constante temor e perigo de morte violenta. E a
vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e
curta”. (Wollmann, Sérgio. O conceito de liberdade no le-
viatã de Hobbes. 2ª edição. Porto Alegre: Edipucrs, 1994,
pág. 34)

Tal passagem, publicada em 1651, na obra que seria


sua maior contribuição intelectual para a humanidade, onde consolida a pers-
pectiva contratualista da sua teoria política: O Leviatã. Nesta obra Hobbes trata
da estrutura da organização da sociedade.
“A única forma de constituir um poder comum é conferir
toda força e poder a um homem ou assembleia como re-
presentante dos próprios cidadãos, reconhecendo-se
como autores dos atos que aquele que os representa pra-
ticar, submetendo-se às suas vontades e decisões. Feita
esta transferência de direitos, o Estado que se instaura é,
então, o civil, chamado de Leviatã. A pessoa a quem fo-
ram confiados os direitos se torna a soberana e todas as
demais lhe são súditos”. (Cap. 17, O Leviatã)

O absolutismo tira a liberdade política, mas garante


ao indivíduo a segurança, seja do seu emprego, seja da tranquilidade para sua
família, e essa era a lógica de Hobbes.
Ele destaca que um contrato social é necessário para
que a convivência seja estabelecida pacificamente e, para os que não seguem as
normas, os egoístas, seria necessário a figura de um soberano, no caso o Leviatã,
para que haja uma punição aos que não obedecerem ao contrato social pré-es-
tabelecido. E, para a figura de um soberano, a melhor forma seria a monarquia
absolutista, sem a presença de um parlamento que poderia dividir e atrapalhar
o poder e levar a sociedade ao caos, conforme seu entendimento. Mas, apesar
desse poder absoluto, agora pensa como Maquiavel, ao entender sobre a impor-
tância de se fazer uso de conselheiros.
O Estado passa a ser o pacto social que tira o indiví-
duo da guerra de todos contra todos. E, ao tirar a justificativa do poder real de
Deus e colocá-lo ao povo, se torna um precursor da democracia, e causa um furor
com os cristãos e com a Igreja, sendo O Leviatã acusada de ser uma obra ateísta.
Assim, o povo renuncia a tudo pelo dom da segu-
rança e o rei, ou uma assembleia, concentra o poder político e econômico, en-
quanto a Igreja mantinha o poder ideológico. O governo absoluto é estabelecido
pelo próprio povo, a autoridade alcança todo território nacional e o controle é
estabelecido.
Já Max Weber (1864-1920), jurista e econo-
mista alemão, anos mais tarde, formulou o conceito de Estado Moderno de
forma mais ampla. Weber entende que o Estado é uma relação de dominação de
homens sobre homens, amparada pelo uso legítimo da força e da coerção dentro
do território controlado. O Estado Moderno é um instrumento legítimo de domi-
nação e poder, fatores que garantem sua manutenção, onde o regime detém o
monopólio para a dominação legal e para o uso da força física. E, mas que uma
forma de dominação, ele é fruto do desenvolvimento do capitalismo ocidental,
cuja organização demanda de uma administração racionalista e burocrática. As-
sim, o Estado Moderno é resultado do desenvolvimento da sociedade capitalista
que, por sua complexidade, exige uma administração racional e burocrática.
Weber entende, ainda, que o desenvolvimento do
capitalismo racional teve origem na civilização ocidental, de forma universal seja
em seu valor, seja em seu significado, conforme Modesto Florenzano nos trouxe
em seu artigo:
“(...) entidade política, com uma ‘Constituição’ racional-
mente redigida, um Direito racionalmente ordenado, e
uma administração orientada por regras racionais, as leis,
e administrado por funcionários especializados”. (Floren-
zano, Modesto. SOBRE AS ORIGENS E O DESENVOLVI-
MENTO DO ESTADO MODERNO NO OCIDENTE. Editora:
Lua Nova, São Paulo, 71: 11-39, 2007)

No seu entendimento, Weber deixa claro que o capi-


talismo teve lugar nas sociedades primitivas, havendo indícios de havia circulação de
dinheiro em outras civilizações. E, juntamente com o dinheiro, a ideia de globalização,
tão em voga na atualidade, teria surgido na época das grandes navegações. Já o capita-
lismo racional, este sim, se desenvolveu na civilização ocidental, com o Estado se desen-
volvendo, a partir do século XVIII, como uma organização política e social, constituído
por deveres e obrigações, administrado com burocracia. Weber elaborou uma teoria do
Estado, onde entende que o Estado é uma entidade política, regido por normas, com
uma constituição redigida para sua própria organização. E, por meio dessas normas, o
mesmo possa ter uma administração orientada pela as regras, pelas leis.
Na sua obra “A Ética Protestante e o Espírito do Ca-
pitalismo” (1904), indica que o capitalismo se desenvolveu mais em sociedades protes-
tantes calvinistas, devido a organização complexa, a acumulação de riquezas e discipli-
nas. Já que a base do calvinismo é a poupança, pela teoria da predestinação, onde o ser
humano precisa acumular riquezas, através do trabalho, além da obra na Igreja, para
galgar espaço no reino de Deus, o homem precisaria produzir riquezas e acumulá-las.
No catolicismo, há um afastamento do lucro, e uma
aproximação da pobreza, assim como as religiões orientais, que se baseavam em deuses
presentes na vida das pessoas, o que não era interessante para o capitalismo. O calvi-
nismo entendia que, para se chegar a Deus, que não estava no plano dos homens, ha-
veria a necessidade de se conquistar, pelo trabalho duro e incessante, acumulação de
riquezas. E, com esse estudo, Weber concluiu que o protestantismo foi fundamental
para o desenvolvimento do capitalismo racional.
Weber vê um forte nexo causal entre o floresci-
mento da moderna empresa capitalista e o desenvolvimento de um Estado Moderno.
Para ele, para que as empresas capitalistas prosperarem de forma satisfatória, seria ne-
cessário que o Estado fosse capaz de dar guarida a essas empresas, e isso só seria pos-
sível se o ente estatal tivesse um funcionalismo especializado e um direito racional, coisa
que não ocorreu no Oriente. Assim, o desenvolvimento do capitalismo foi essencial para
que a política acompanhasse o ritmo do progresso da economia e, ato contínuo, fez com
que o Estado caminhasse para um modelo racional. Tal simetria foi citada pelo pensador
em suas obras: “a totalidade do processo é um paralelo completo ao desenvolvimento
da empresa capitalista”.
2. Escreva um trabalho discursivo e analítico, também segundo os autores men-
cionados acima, sobre qual a relação entre Mercado e Estado para a formação
do sentido de igualdade de direitos.
Somente com o desenvolvimento da sociedade capi-
talista, com a longa ascensão da burguesia em luta contra o feudalismo, que se
retornou pouco a pouco ao exercício da cidadania como parte da existência dos
homens vivendo novamente em núcleos urbanos. Desse modo, no contexto do
início do Estado Moderno, em que o espírito de igualdade e liberdade é enfati-
zado e buscado por todos, importantes filósofos, como Hobbes apresenta em
suas obras, concebendo uma democracia liberal que se baseava na razão e não
mais, unicamente, no direito divino, portanto, procurando garantir ao cidadão a
livre atuação civil, econômica e política.
A noção de cidadania começou a ser desenvolvida
pelos modernos, e somente pode ser pensada a partir da soberania estatal. Tal
relação, entre cidadania e soberania, para Jean Bodin, que se preocupava em dar
suporte ao Estado absoluto, o fundamento da cidadania poderia ser compreen-
dido apenas na sujeição pessoal do indivíduo ao seu soberano. Para ele a ideia
de cidadania, que se tornou uma corrente na modernidade, era apenas uma es-
tável submissão do indivíduo à autoridade do Estado que a atribui.
Thomas Hobbes, influenciado por Bodin, foi quem
conseguiu apresentar uma das primeiras grandes teorias sobre a formação do
Estado Moderno livre dos laços feudais. No seu entendimento, é o indivíduo que
constitui o Estado e se coloca de forma isolada frente ao soberano. O medo de
se estabelecer na sociedade uma violência perpétua, é o que induz o indivíduo a
optar por constituir o Estado e se submeter a ele, de forma irreversível. Hobbes
entende que a obediência é devida por homens reconhecidos como iguais pe-
rante a autoridade estatal, o que demonstra uma valorização da individualidade
do cidadão por meio de um mesmo tratamento legal, base necessária para se
defender sua qualidade de sujeito de direito. Hobbes diz que o Estado nacional,
e soberano, passa a representar os interesses de uma nação, não se submetendo
a nenhum limite que não seja estabelecido por ele mesmo, ou seja, o Estado,
entendendo este como o soberano, tem a liberdade total para fazer tudo que
considerar mais favorável a seus próprios interesses. O Estado não se submete a
nenhuma determinação externa que não seja de interesse do próprio soberano.
Diferente da soberania interna, da nação, onde se limita pelo respeito ao direito,
na soberania externa o Estado se torna absoluto, nega legitimidades, alimen-
tando cultura expansionistas.
Pouco mais de dois séculos mais tarde, Max Weber,
em 1904, quando da publicação da obra “Ética Protestante e o Espírito do Capi-
talismo”, o autor destacou a temeridade, por parte da burguesia, da ascensão da
classe operaria, que lutava por igualdade de direitos políticos, além de melhoria
de suas condições materiais de vida. A pequena burguesia, ameaçada pelo capi-
talismo industrial e investidores financeiros, era formada por negociantes e ar-
tesãos, a Igreja luterana, sentia-se ameaçada pela Igreja católica, e pelo catoli-
cismo organizado, além do socialismo ateísta.
Somente com o desenvolvimento da sociedade capi-
talista, com a longa ascensão da burguesia em luta contra o feudalismo, que se
retornou pouco a pouco ao exercício da cidadania, resgatando seu conceito da
Grécia antiga como parte da existência dos homens vivendo novamente em nú-
cleos urbanos.

You might also like