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Como campo de estudos e área de formação, a Administração Pública surgiu objetivando a preparação
de servidores públicos para a gestão pública moderna, existindo há mais de cem anos nos Estados
Unidos. Algumas obras, como a histórica “The Study of Administration” de Woodrow Wilson,
incumbiram-se de diferenciar a Administração Pública da Política, cuja qual caracterizava-se pelas
práticas de apadrinhamento e patrimonialismo até então predominantes neste campo naquele país.
A disciplina Administração Pública constituiu-se a partir da tradição científica então consolidada nos
EUA, o que indica que a Adm. Pública nada mais era que um espaço onde o Executivo aplicava as
políticas definidas na esfera política, e voltava-se à formação da burocracia governamental, que deveria
atuar apoliticamente e imparcialmente, baseada em uma sólida formação profissional. Desta forma, a
Administração Publica era vista como uma ciência livre de valores, visando apenas a contribuição para
atingir uma maior eficiência econômica e prática da administração governamental.
Apesar da crise de identidade da disciplina devido aos dois caminhos que desenvolveu, conforme
comentado anteriormente, verificou-se nos anos 50 o princípio de conteúdos que englobavam o tema
políticas públicas e processo decisório, voltados num primeiro momento mais à ciência política.
McCamy destacou, em 1960, que a incorporação das políticas públicas à administração pública deriva
do fato de que os administradores públicos não apenas executam, mas também formulam as políticas
públicas.
Devido ao objetivo inicial da disciplina de administração pública que era, basicamente, a formação de
servidores para o Estado, pesquisar nesta área significava tratar temas referentes ao lócus
governamental. Entretanto, nas últimas décadas, o “público” da administração pública ampliou suas
fronteiras para além do Estado, incluindo organizações não governamentais, entidades do setor privado
e da comunidade e instituição voltadas à inclusão dos cidadãos no processo de reformulação,
implementação e controle de políticas públicas. De acordo com Rabell (2000), a disciplina não poderia
mais restringir-se à burocracia governamental, uma vez que as políticas públicas dependem de uma rede
de atores sociais, da coordenação de diversas jurisdições (níveis de governo) e da articulação de atores
governamentais e não governamentais, entre outros. Desta forma, a disciplina precisou reposicionar-se
para dar conta da nova complexidade, o que exigiu também uma revisão da abordagem analítica das
políticas públicas.
Friederickson, nos anos 1970, considerava que a disciplina tinha a capacidade de tratar as novas
configurações do Estado e sua relação com a sociedade, e destaca como teorias desenvolvidas para fazer
frente aos novos desafios as teorias de cooperação, de rede e de governança, assim como o
institucionalismo.