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DIÁRIO DE ANNE FRANK

Como os fatos seriam caso fossem narrados por outro morador do Anexo Secreto?

Nas aulas de Língua Portuguesa, vocês estão lendo e discutindo a obra ​O ​Diário de Anne Frank​,
que traz registros diários feitos por uma garota judia durante a Segunda Guerra Mundial. Anne
escreve as entradas de seu diário como se fossem cartas para uma amiga querida, cujo nome
criado por ela é Kitty, e, em suas confidências, conta a rotina do esconderijo no qual sua família foi
forçada a se esconder e também as angústias provocadas pelo confinamento e pelo
relacionamento que mantém com os pais e demais moradores do Anexo Secreto.

Sua tarefa será reescrever um dos registros feitos por Anne em seu diário, porém imaginando que
o conflito narrado por ela está sendo contado pela perspectiva de outro personagem, ou seja,
você irá ​reescrever o fato como se ele estivesse sendo escrito no diário de outro morador
do Anexo que participou do momento descrito.

Sábado, 7 de novembro de 1942


Querida Kitty

Mamãe anda tremendamente irritada, e isso, em geral, significa maus momentos para
mim. Será por puro acaso que papai e mamãe jamais censuram Margot e caem em cima de
mim por tudo e por nada? Veja o que aconteceu ontem à noite, por exemplo: Margot estava
lendo um livro com figuras lindas. A certa altura, levantou-se e subiu. Como eu não estava
fazendo nada, peguei o livro e comecei a ver as figuras. Ao voltar, Margot viu em minhas mãos
o seu livro. Franziu a testa, aborrecida, e quis o livro de volta. Só porque eu quis ficar vendo
mais um pouquinho, Margot foi ficando cada vez mais zangada. Foi aí que mamãe entrou na
história.
— Devolva o livro. Margot é que estava lendo. Papai chegou e, sem saber de que se
tratava, só de ver aquele ar infeliz na cara de Margot, desabou sobre mim:
— Queria saber como você reagiria se Margot fosse mexer em um de seus livros!
Larguei o livro imediatamente e saí da sala — ofendida, pensavam eles. Só que eu não
estava ofendida nem zangada, apenas infeliz. Fora injusto da parte de papai tomar partido sem
conhecimento de causa. Eu mesma teria devolvido o livro a Margot mais cedo se mamãe e
papai não tivessem interferido, mas foram logo tomando as dores de Margot como se ela
estivesse sendo vítima de uma grande injustiça.
É claro que mamãe ficaria do lado de Margot. Elas são inseparáveis. Já me acostumei
tanto com isso que nem ligo mais aos ralhos de mamãe ou aos maus humores de Margot.
Gosto das duas, mas só porque são mamãe e Margot. Com papai é diferente. Se ele
aponta Margot como exemplo, se aprova o que ela faz, se a elogia e lhe agrada, fico me roendo
por dentro, porque adoro papai. Considero-o o homem ideal. Não amo ninguém no mundo, só a
ele. Ele nem repara que trata Margot de modo diferente. Ora, eu sei que Margot é a menina
mais linda, mais meiga e mais encantadora do mundo, mas nem por isso deixo de sentir que eu
também tenho o direito de ser levada a sério. Sempre fui a boba, a desprezada da família.
Sempre tive que pagar em dobro pelas coisas que faço, primeiro com as broncas que levo e,
depois, por causa de meus sentimentos, que ficam tão magoados. Pois bem, não estou nada
satisfeita com esse favoritismo. Quero de papai algo que ele não me pode dar.
Não tenho ciúmes de Margot. Nunca tive. Não invejo seus bons modos, sua beleza. É
que eu preciso, e muito, do amor verdadeiro de papai. Não só por ser filha dele, mas por mim
mesma, por mim, Anne.
(...)
Às vezes, penso que Deus está me pondo à prova; preciso tornar-me boa através de
meus próprios esforços, sem exemplos nem bons conselhos. Assim, no futuro, serei mais forte.
Quem, além de mim mesma, lerá estas cartas? Quem me confortará senão eu mesma?
Preciso muito de conforto, frequentemente sinto-me fraca e descontente comigo. Minhas
deficiências são grandes demais. Eu sei disso e a cada dia que passa procuro melhorar.
A maneira como me tratam é variadíssima. Um dia Anne é tão sensata que permitem
que saiba de tudo; no dia seguinte, ouço dizer que Anne não passa de uma cabritinha
estouvada que não sabe nada e pensa que aprendeu maravilhas nos livros. Não sou mais
nenhum bebê ou criancinha mimada, para que riam do que eu digo ou penso. Tenho meus
próprios pontos de vista, planos, e ideias, embora ainda não consiga expressá-los em palavras.
Oh, quanta coisa ferve dentro de mim, enquanto fico deitada na cama, tendo de aturar gente
que não suporto e que sempre interpreta mal minhas intenções. Eis por que, no final, acabo
sempre voltando para este meu diário. Aqui começo e aqui termino, porque Kitty está sempre
disposta a ouvir-me. Vou prometer-lhe que hei de perseverar, apesar de tudo, hei de encontrar
meu próprio caminho e engolir minhas lágrimas. Só desejaria poder ver os resultados e também
que, de vez em quando, uma pessoa que gostasse de mim me animasse e encorajasse.
Não me condene; em vez disso, lembre-se de que eu também, muitas vezes, fico a
ponto de explodir.

Sua Anne.

Importante: seu texto não será longo como o de Anne, escreva o registro no diário
utilizando entre 15 e 30 linhas.

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