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Ficha técnica:

Título: Repressão Sexual: essa nossa (des)conhecida


Coleção: Leituras afins
Autor: arilena Chauí
!"nero: Filosofia # Sexualidade
$ditora: %rasiliense
&i'italiação: arcilene Chaes e *ítor Chaes
Reisão: arcilene Chaes
+u,eração de p-'inas: Ca.eçalho
+/,ero total de p-'inas: 012
arilena Chauí

Repressão Sexual
essa nossa (des)conhecida
3 45 edição 4678
65 edição
Cop9ri'ht  arilena de Soua Chaui
Capa: $ttore %ottini
Reisão: ;osé !3 Arruda Filho e +o.u<a Rachi
$ditora %rasiliense S3A3
R3 !eneral ;ardi,= 4>? ?4001 # São @aulo # S@ Fone (?44) 014#4800
Coleção Leituras Afins
Cani.alis,o A,oroso  Affonso Ro,ano de SantAnna
Colcha de Retalhos  $studos so.re a Fa,ília no %rasil  &iersos
Autores
A Contestação Bo,ossexual  !u9 Bocuen'hen
Cri,e e Cotidiano  A Cri,inalidade e, São @aulo (477?#4608)  %oris
Fausto
$, %usca de D, Bo,e, Sensíel  Anais +in
A Funçãodedo%anheiro
!rafitos Er'as,oA ilhel, Reich
Literatura @roi.ida  !ustao %ar.osa
+os Su.,undos da Anti'Gidade  Catherine Salles
Es @apéis Sexuais  ;ohn one9 e @atrícia Tuc<er
@ornéia  Aline Rousselle
Sexo e ;uentude: D, @ro'ra,a $ducacional  Fund3 Carlos Cha'as
Sexo e @oder  &iersos Autores
As Hlti,as @alaras do Bere'e @ier @aolo @asolini
D, $nsaio So.re a Reolução Sexual  &aniel !uérin
*i"ncia  BistIria= Sexualidade e J,a'ens Fe,ininas  Fund3 Carlos
Cha'as
Coleção @ri,eiros @assos
E ue é A,or  %ett9 ilan
E ue é Fa,ília  &anda @rado
E ue é Fe,inis,o  %ranca oreira Ales e ;acueline @itan'u9
3 E ue é Bo,ossexualidade  @eter Fr9 e $dKard acRae
E ue é Jdeolo'ia  arilena Chauí
E ue é @sican-lise  Ru.e, einert
Coleção Tudo é BistIria
A Chanchada no Cine,a %rasileiro  AfrMnio 3 Catani e ;osé Jn-cio de 3
Soua
Es Cri,es da @aixão  aria Corr"a
A Fa,ília %rasileira  $ni de esuita Sa,ara
Coleção $ncanto Radical
$,,a !old,an  A *ida co,o Reolução  $lisa.eth S3 Lo.o
Benr9 iller  +enhu,a Eusadia é Fatal  arcos oreira
ae est  +unca u,a Santa  -rio endes
@ier @aolo @asolini  Erfeu na Sociedade Jndustrial  Lui +a-rio
Si',und Freud  A Conuista do @roi.ido  Renato ean
Coleção Cantadas Liter-rias
BistIria de @iera  &acia araini e @iera &e'li $sposti
@orcos co, Asas  &i-rio Sexo#@olítico de &ois Adolescentes  arco L3
Radice e Lídia Raera
Tanto Fa  Reinaldo oraes
Circo de Letras
Cartas na Rua  Charles %u<oKs<i
ulheres  Charles %u<oKs<i
@ara Jsa.ela=
A'radeço depri,eira
N Ci= a,or epraer recé,#nascida
leitora= tão exi'ente ue sa.e ue OLiros são
papéis pintados co, tinta3 $studar é u,a coisa e, ue est- indistint a3 A
distinção entre nada e coisa nenhu,a O= co,o P- disse Fernando @essoa3
A'radeço ao i<e= cuPa sensi.ilidade e lucide= conertidas e, fino hu,or=
arrancara, este liro da i,possi.ilidade onde ,er'ulhara3

Índice
E.seraçQes preli,inares 6
Contos de fadas 1?
dipo#Rei 
RepressQes nossas conhecidas 22
Sexo e pecado 71
Sexo e i,oralidade 441
Sexo e ci"ncia 4>2
+ão existe pecado ao sul do $uador 477
%i.lio'rafia 011

@or faor= leia este par-'rafo


$ste liro foi escrito para a Coleção @ri,eiros @assos= ,as a autora= ,uito
prolixa= ultrapassou as ,edidas escreendo ,ais p-'inas do ue
co,porta auela Coleção (proael,ente= ao findar a leitura= o leitor
sorrir-= co,preendendo o sentido do excesso er.al)3 E caso é ue o
estilo adotado
aus"ncia é o de
de notas de rodapé=
@ri,eiros @assosdeUpar-'rafos
escolha curtos= pouca
palaras acessíeis citação=
ao leitor ,ais
Poe,)3 A autora pede desculpas pela extensão do texto3 Ser- .e,#inda
a dier'"ncia de idéias e opiniQes= ainda ue pertur.e o ineit-el
narcisis,o do ato de escreer3
arilena Chauí
6
Observações preliminares
So. certos aspectos= podería,os dier ue u, liro so.re a repressão
sexual seria al'o co,o u,a o.ra ue tiesse por título: &eus e sua poca3
$ co,o &eus é eterno= P- i,a'inara, a extensão de Osua épocaO
@or ue essa analo'ia @orue desde ue o ,undo é ,undo= seres
hu,anos e ani,ais são dotados de corpos sexuados e as pr-ticas sexuais
o.edece, a re'ras= exi'"ncias naturais e ceri,Vnias hu,anas3
Wuando= portanto= teria co,eçado al'o cha,ado repressão do sexo $=
acaso= teria ter,inado= a ponto de ue so.re ela fosse possíel escreer
liros
Fala,os e, re'ras e ceri,Vnias3
A repressão sexual pode ser considerada co,o u, conPunto de
interdiçQes= per,issQes= nor,as= alores= re'ras esta.elecidos histIrica e
cultural,ente para controlar o exercício da sexualidade= pois= co,o
in/,eras expressQes su'ere,= o sexo é encarado por diferentes
sociedades (e particular,ente pela nossa) co,o u,a torrente i,petuosa
e cheia de peri'os
Oful,inado  estar
pela paixãoO= Operdido
.e.er dede
o Ofiltro a,orO= Ocair
a,orO= de a,oresO=
rece.er ser do
as Oflechas
a,orO= O,orrer de a,orO3
As proi.içQes e per,issQes são interioriadas pela consci"ncia indiidual=
'raças a in/,eros procedi,entos sociais (co,o a educação= por exe,plo)
e ta,.é, expulsas para lon'e da consci"ncia= uando trans'redidas
porue= neste

4?
caso= trae, senti,entos de dor= sofri,ento e culpa ue desePa,os
esuecer ou ocultar3
Te,os= assi,= u, fenV,eno curioso= ual sePa= o de ue al'o suposto ser
,era,ente .iolI'ico e ,era,ente natural (sexo) sofre ,odificaçQes
uanto ao seu sentido= N sua função e N sua re'ulação ao ser deslocado do
plano da +aturea para o da Sociedade= da Cultura e da BistIria3
&esloca,ento ue aparece co, ,aior nitide uando nos le,.ra,os ue
repri,ir= nu,a das acepçQes oferecidas pelos dicion-rios= si'nifica ocultar=
dissi,ular= disfarçar3 Co, efeito= a repressão sexual ser- tanto ,ais efica
uanto ,ais conse'uir ocultar= dissi,ular e disfarçar o car-ter sexual
dauilo ue est- sendo repri,ido= u, dos ,elhores exe,plos disso
estando nos sonhos nos uais o.Petos= pessoas e situaçQes ue parece,
nada ter de sexual estão sendo ,o.iliados para ,ascarar conte/dos e
desePos alta,ente sexualiados3
*ia de re'ra= antropIlo'os e psicanalistas considera, ue o ,o,ento da
passa'e, do sexo OnaturalO ao sexo OculturalO= isto é= si,.oliado e
suPeito a cIdi'os=
i,portante ocorrea proi.ição
dos interditos: co, a deter,inação
do incesto3 do pri,eiro e ,ais
So.re isto coné, faer,os duas o.seraçQes3 $, pri,eiro lu'ar= co,o
,ostra, os estudos antropolI'icos e histIricos= o incesto não recai so.re
as ,es,as relaçQes e, todas as sociedades3 Se= e, nossa sociedade= ele
se refere N cha,ada fa,ília restrita (cVnPu'es= filhos= ir,ãos)= proi.indo
relaçQes sexuais entre pais e filhos= ir,ãos= aIs e netos (e apenas
elada,ente as relaçQes entre pri,os de pri,eiro 'rau e entre tios e
so.rinhos de pri,eiro 'rau)= e, outras sociedades= alé, da proi.ição
referente N fa,ília restrita= ,uitas outras se acrescenta,= atin'indo o ue
se deno,ina de fa,ília a,pliada= e, certos casos= u, 'rupo social
inteiro3 B- re'ras controlando a exo'a,ia (alianças externas) e a
endo'a,ia (alianças internas) e o cha,ado siste,a de parentesco=
extre,a,ente co,plexo e, ,uitas sociedades3
$, se'undo lu'ar= a efic-cia da proi.ição do incesto depender- não
apenas da força das nor,as e dos casti'os= ,as de sua interioriação
plena= inconsciente3 @or esse ,otio= os estudiosos fala, no ta.u do
incesto= isto é= na transfor,ação do incesto e, falta cuPa 'raidade não
pode ser reparada de ,odo al'u,= senão pela ,orte do infrator= porue
44
seu ato pQe e, risco a ida de u, 'rupo inteiro= de u,a sociedade
inteira3 A peculiaridade do paor 'erado pelo ta.u est- e, ue a ,orte do
infrator= na ,aioria dos casos= não precisa seuer da interenção física ou
direta do 'rupo= pois o trans'ressor ,orre de culpa= ,edo= isola,ento=
loucura3 E ta.u é interdição sa'rada e diiniada= tanto ,ais respeitada
uantoos,ais
fore, distante
poderes ue no te,po estier sua ori'e, e uanto ,ais inisíel
o decretara,3
+esta perspectia= pode,os dier ue o fenV,eno ou o fato da repressão
sexual é tão anti'o uanto a ida hu,ana e, sociedade= ,as ue o
conceito de repressão sexual é .astante recente= isto é= ue a reflexão
so.re as ori'ens= as for,as e os sentidos desse fato= seu estudo explícito=
data, do século XJX3 $, outras palaras= as pr-ticas sociais de controle=
proi.ição e per,issão do sexo são antiGíssi,as= poré, o estudo de seu
sentido= de suas causas= de suas ariaçQes no te,po e no espaço é u,
estudo recente= não sendo casual ue os dicion-rios re'istre, co,o
tardio o sur'i,ento da palara sexualidade= ,o,ento e, ue o ter,o
sexo passa a ter u, sentido ,uito alar'ado= especial,ente uando os
estudiosos passara, a distin'uir e diferenciar entre necessidade (física=
.iolI'ica)= praer (físico= psíuico) e desePo (i,a'inação= si,.oliação)3
$sse alar'a,ento fe co, ue o sexo deixasse de ser Oencarado apenas
co,o função natural de reprodução da espécie= co,o fonte de praer ou
despraer (co,o realiação ou pecado)= para ser encarado co,o u,
fenV,eno ,ais 'lo.al ue enole nossa exist"ncia co,o u, todo= dando
sentidos inesperados e i'norados a 'estos= palaras= afetos= sonhos=
hu,or= erros= esueci,entos= tristeas= atiidades sociais (co,o o
tra.alho= a reli'ião= a arte= a política) ue= N pri,eira ista= nada t", de
sexual3
Wue, consultar u, dicion-rio= notar- ue o su.stantio repressão é
referido ao er.o repri,ir e ue este possui seis sentidos principais: 4)
suster ou conter u, ,oi,ento ou u,a ação= reter= coi.ir= refrear=
,oderarY 0) não
opri,ir= exar= ,anifestar=
tiraniarY dissi,ular=
8) i,pedir ocultar= edisfarçarY
pela a,eaça 1) iolentar=
pelo casti'o= proi.irY )
casti'ar= punirY >) conter#se= do,inar#se= ,oderar#se= refrear#se3
40
@or seu turno= repressão é definida co,o ato de repri,ir (naueles seis
sentidos) ou co,o efeito desse ato3 @oré,= aos sentidos do er.o e,
acrescentar#se ,ais u, para o su.stantio3 Re'istra o dicion-rio: e,
psicolo'ia: ,ecanis,o de defesa ,ediante o ual os senti,entos= as
le,.ranças dolorosas ou os i,pulsos desacordes co, o ,eio social são
,antidos fora do ca,po da consci"ncia3 $ste /lti,o sentido ta,.é,
aparece nos dicion-rios de psican-lise= onde se l" ue repressão é a
operação psíuica tendente a faer desaparecer da consci"ncia u,
conte/do desa'rad-el ou inoportuno= conte/do ue pode ser u,a idéia
ou u, afeto3
E si,ples exa,e dos dicion-rios su'ere al'o curioso so.re a repressão e o
repri,ir3 +ota#se= e, pri,eiro lu'ar= ue repri,ir N se'urar ou
interro,per u, ,oi,ento ou u,a ação e ue isto é feito sePa pela
punição e pelo casti'o= sePa pela proi.ição e pela a,eaça= sePa pelo
senti,ento do desa'rado ue lea a dar su,iço e, al'u,a idéia= afeto ou
ação= ocultando#os3 B-= portanto= procedi,entos isíeis e inisíeis de
repressão3 +ota#se= e, se'undo lu'ar= u,a oscilação entre atitudes
psíuicas de ,oderação e autocontrole e atitudes de dissi,ulação e
disfarce ue pode, ser olunt-rios ou conscientes (co,o atesta o uso do
prono,e reflexio OseO para o er.o) tanto uanto inolunt-rias ou
inconscientes (e,.ora a psican-lise= co,o ere,os depois= prefira usar o
ter,oterceiro
e, recaluelu'ar=
ou recalca,ento
a refer"nciapara
a aprocedi,entos
repressão inconsciente)3 +ota#se=
sociais (Purídicos=
políticos)= u,a e ue se fala e, proi.ição= casti'o= punição= iol"ncia=
opressão= tirania= a,eaça3 Co,preende#se= então= porue repressão é
definida tanto co,o o ato de repri,ir (u, a'ir repressio) uanto o efeito
desse ato (al'o ou al'ué, repri,ido)3 $nfi,= nota#se ue su.Pa aos dois
ter,os a idéia de frear al'o ou al'ué, ue iria= por si ,es,o= nu,a
direção não aceita ou não desePada3
B- u,a duplicidade nesses ter,os: indica, u, procedi,ento psíuico ou
interior a u, suPeito indiidual e u, conPunto de procedi,entos sociais=
institucionais= exteriores ao indiíduo3 $ssa duplicidade reaparece uando
se define a repressão co,o operação psíuica ue desloca para fora do
ca,po da consci"ncia não sI o ue é desa'rad-el ou doloroso para u,
indiíduo deter,inado= ,as ta,.é, o ue é sentido co,o desa'rad-el
ou doloroso porue est- e, desacordo
41
co, o ,eio social3 Jsto indica ue h- operaçQes psíuicas encarre'adas de
interioriar a repressão enuanto fenV,eno social3
*ale a pena o.serar= desde P-= ue punir= casti'ar= proi.ir e a,eaçar
pressupQe, a exist"ncia de re'ras ou nor,as ue= se não fore,
o.edecidas e se fore, trans'redidas= lea, ao ato de repressão3 +o
entanto= o sentido de repri,ir ,uda .astante uando passa a si'nificar
opressão= iol"ncia e tirania3 +este caso= o.sera#se ue repri,ir é
exercer ação pela força= su.,etendo o repri,ido3 Epri,ir é es,a'arY
iolentar é contrariar a naturea de al'u,a coisa ou de al'ué,Y tiraniar é
,anter al'ué,
de outre, pela so.
forçao e
poder de u,a ontade
do,inando#o3 alheiaaparece=
A repressão N sua apoderando#se
assi,= co,o
ato de do,ínio e de do,inação e o repri,ido co,o su.,issão N ontade
e N força alheia  co,o ue u,a alienação3
Es dicion-rios ta,.é, per,ite, supor a exist"ncia de u,a cu,plicidade
olunt-ria ou inolunt-ria= consciente ou inconsciente= entre nosso
psiuis,o indiidual e procedi,entos repressios institucionais ue
condue, N auto#repressão3 $, outras palaras= a repressão não é
apenas u,a i,posição exterior ue despenca so.re nIs= ,as ta,.é, u,
fenV,eno sutil de interioriação das proi.içQes e interdiçQes externas (e=
conseGente,ente= ta,.é, das per,issQes) ue se conerte, e,
proi.içQes e interdiçQes (e per,issQes) internas= iidas por nIs so. a
for,a do desa'rado= da inconeni"ncia= da er'onha (pois repri,ir= co,o
i,os= ta,.é, si'nifica: exar= ener'onhar)= do sofri,ento e da dor (e
dos senti,entos contr-rios a estes= no caso da o.edi"ncia ao per,itido)3
+ossos senti,entos poderão ser disfarçados= ocultados ou dissi,ulados
desde ue perce.idos ou sentidos co,o inco,patíeis co, as nor,as= os
alores e as re'ras de nossa sociedade3 Costu,a#se dier ue a repressão
perfeita é auela ue P- não é sentida co,o tal= isto é= auela ue se
realia co,o auto#repressão 'raças N interioriação dos cIdi'os de
per,issão= proi.ição e punição de nossa sociedade3
Se retornar,os aos dicion-rios= .uscando a'ora o adPetio sexual=
notare,os coisas interessantes3 E &icion-rio Aurélio re'istra: 4)
pertencente ou relatio ao sexoY 0) referente N cIpula= ato sexualY 1) ue
possui sexoY 8) ue caracteria sexo= partes sexuais3 E dicion-rio franc"s
@etit Ro.ert re'istra:
48
4) %iolo'ia: relatio a sexo= Ns confor,açQes e funçQes de reprodução
particulares ao ,acho e N f",ea= ao ho,e, e N ,ulherY 0) ue concerne
ao acasala,ento= os co,porta,entos ue deter,ina e ue dele deria,Y
instinto sexualY atos= pr-ticas sexuais3 RelaçQes sexuais= praer sexual3
São seus sinVni,os: coito= 'enital= fel-cio= carnal= erItico= físico= enéreo=
or'as,o3 1) @sican-lise: ue concerne Ns pulsQes sexuais (sexualidade)=
Ns re'iQes do corpo cuPa esti,ulação prooca praer erItico=
co,preendendo#se aí praeres anteiores N pu.erdade (est-'ios oral= anal=
'enital)3 Assi,= o ter,o sexual aparece no dicion-rio li'ado Ns pr-ticas
sexuais cha,adas 'enitais (os Ir'ãos fe,ininos e ,asculinos da
reprodução)= enuanto na psican-lise o sentido se alar'a= referindo#se a
ualuer re'ião do corpo susceptíel de praer sexual (onas erI'enas) e
aos praeres sexuais infantis (co,er= excretar= fantasiar co, partes do
corpo ou co, o.Petos ariados u,a relação 'enital i,a'in-ria)3
@ara o su.stantio sexualidade= o &icion-rio Aurélio re'istra: 4) ualidade
do sexualY 0) conPunto dos fenV,enos da ida sexualY 1) sexo3 @or sua e=
o @etit Ro.ert re'istra: car-ter do ue é sexuadoY conPunto dos caracteres
prIprios a cada sexo3 +a .iolo'ia= o ter,o sI aparece e, 4717 e= na
psican-lise= o dicion-rio oferece a data de 4608= o ue é u, euíoco se
nos le,.rar,os de ue Freud escree e, 46? as Tr"s Confer"ncias
so.re a Teoria da Sexualidade3 &e ualuer ,odo= o ter,o não existe
antes do século XJX3 @ara a psican-lise= o @etit Ro.ert re'istra o se'uinte
sentido: conPunto de co,porta,entos relatios ao instinto sexual e N sua
satisfação= uer
est- e, falar estePa,
nu, ou não
Oinstinto li'ados
sexualO= N 'enitalidade3
pois E euíoco=
u,a das desco.ertas a'ora=
principais
de Freud foi a separação entre sexualidade e instinto3
Assi,= o &icion-rio de @sican-lise= de Laplanche e @ontalis= considera ue
a sexualidade não se confunde co, u, instinto sexual porue u, instinto
é u, co,porta,ento fixo e pré#for,ado= característico de u,a espécie=
enuanto a sexualidadde se caracteria por 'rande plasticidade= inenção
e relação co, a histIria pessoal de cada u, de nIs3 +esse dicion-rio=
sexualidade não desi'na apenas as atiidades e o praer ue depende,
do funciona,ento do aparelho 'enital= ,as toda u,a série de excitaçQes
e atiidades= presentes desde
4
a infMncia= ue proporciona, praer irredutíel a al'u,a necessidade
fisiolI'ica funda,ental (respiração= fo,e= excreção) e ue se encontra,
presentes co,o co,ponentes da cha,ada for,a nor,al do a,or sexual3
A sexualidade não se confunde co, u, instinto= ne, co, u, o.Peto
(parceiro)= ne, co, u, o.Petio (união dos Ir'ãos 'enitais no coito)3 $la
é poli,orfa= polialente= ultrapassa a necessidade fisiolI'ica e te, a er
co, a si,.oliação do desePo3 +ão se redu aos Ir'ãos 'enitais (ainda
ue estes possa, ser priile'iados na sexualidade adulta) porue
ualuer re'ião do corpo é susceptíel de praer sexual= desde ue tenha
sido inestida de erotis,o na ida de al'ué,= e porue a satisfação
sexual pode ser alcançada se, a união 'enital3
Se deixar,os de lado= por u, ,o,ento= os er.etes definidos do ponto
de ista da psican-lise para ficar,os apenas co, seus re'istros nos
dicion-rios
e ern-culos=
sexualidade notare,os
não apresenta, ue= nosentido=
ualuer uso corrente= os di,ensão
ualuer ter,os sexual
do
sexo ue não sePa de cunho pura,ente .iolI'ico= fisiolI'ico= anatV,ico3
@ertence ao ca,po da +aturea e torna#se difícil co,preender co,o pode
aparecer a expressão: repressão sexual3 +outras palaras= os dois
er.etes indica, características e pr-ticas naturais de ,achos e f",eas=
enuanto os er.etes repri,ir e repressão indica, atitudes= pr-ticas=
operaçQes psíuicas= sociais= culturais3
Repri,ir= co,o i,os= si'nifica exar= ener'onhar3 Era= Chico %uarue e
ilton +asci,ento não fala, Odo ue não te, er'onha ne, nunca ter-O
as= não é curioso ue OissoO de ue fala, e ue canta,= nunca é
no,eado +ão te, no,e= não te, er'onha= Oo ue ser- ue ser-O3 
essa aus"ncia ,es,a de no,e ue pode nos oferecer u,a pista para nos
aproxi,ar,os do fenV,eno da repressão sexual3
*inda do dicion-rio e su'erida pela canção= a expressão repressão sexual
nos coloca diante de u, fenV,eno peculiar= ual sePa= o da exist"ncia de
proi.içQes= puniçQes= per,issQes e reco,pensas concernentes a al'o ue
seria pura,ente natural3 @ara ue os poetas pudesse, cantar: Oe ,es,o
o @adre $terno= ue nunca foi l-= olhando auele infernoO é preciso
ad,itir,os ue a repressão sexual nos coloca diante da ue.ra da
si,ples naturalidade .iolI'ico#ani,al do sexo e de sua passa'e, N
exist"ncia co,o fenV,eno cultural ou histIrico3
4>
Torna#se auilo de ue se dee ter er'onha3 Auele OinfernoO ue é
preciso coi.ir= refrear= ,oderar= dissi,ular= ocultar e disfarçar3 Co,o
escreeu
i,possíelo se,
escritor %ataille= o esexo=
as interdiçQes nos hu,anos= é erotis,o e este é
as trans'ressQes3
$ntre al'uns cuidados teIricos preli,inares ao tratar do te,a da
repressão sexual est- o de le,.rar e, ue contexto sua discussão
co,eçou= no século passado= e, al'uns países europeus3
E sexo= ue até então era da responsa.ilidade de teIlo'os= confessores=
,oralistas= Puristas e artistas= foi deixando de pertencer exclusia,ente
ao ca,po reli'ioso= ,oral= Purídico e artístico e de concernir apenas Ns
exi'"ncias da ida a,orosa (conPu'al e extra#conPu'al) para co,eçar a
ser tratado co,o pro.le,a clínico e de sa/de3 Eu sePa= passou a ser
estudado e inesti'ado nu, contexto ,édico#científico preocupado e,
classificar todos os casos de patolo'ia física e psíuica= e, estudar as
doenças enéreas= os desios e as ano,alias= tanto co, finalidade
hi'i"nica ou profil-tica uanto co, a finalidade de nor,aliação de
condutas tidas co,o desiantes ou anor,ais3 E interesse ,aior olta#se
para o estudo das Oa.erraçQes sexuaisO= de u, lado= e para o incentio
peda'I'ico e terap"utico das for,as Onor,aisO= de outro lado3
ichel Foucault o.sera ue e, uase todas as culturas existe u,a arte
erItica (ars erItica)= isto é= for,as de iniciação ao praer e N satisfação
sexual (co,o= por exe,plo= o ha,a Sutra ou a arte a,orosa Paponesa)3
$, contrapartida= nossa cultura  cristã= européia= ocidental  deu
ori'e, a al'o insIlito: u,a ci"ncia sexual (scientia sexualis)= curiosidade
e ontade de tudo sa.er so.re o sexo para ,elhor control-#lo3 Foucault
considera ue a passa'e, do contexto reli'ioso para o científico não
alterou profunda,ente a atitude ocidental face ao sexo= pois tanto nu,
caso detalhes=
co, co,o no outro= o sexo é
co, ,in/cia= auilo de ue se dee
classificatoria,ente3 Se= falar e falar ,uito=
no contexto ,oral=
fala#se para ue sePa esta.elecida a fronteira entre o lícito e o ilícito= e no
contexto reli'ioso para a de,arcação dos li,ites entre o peca,inoso e o
não peca,inoso= no contexto científico= onde parece, desaparecer os
Puíos de alor e as condenaçQes= fala#se para ue o sexo possa ser
ad,inistrado3
42
Foto da Capa de u, liro:
Oswaldo Brandão da Silva
Jniciação Sexual $ducacional (Leitura reserada)
Co, pref-cio do @rof3 &r3 Ba,ilton +o'ueira
$&JTERA A%C
Fi, da descrição da foto3
+ota ue encontra#se a.aixo da foto:
Antes ,es,o ue se leia este liro= sua capa é u,a expressão fascinante
da repressão sexual: o sexo é apresentado nu,a perspectia peda'I'ica
(educacional) e a leitura do liro é OreseradaO (secreta e so,ente para
al'uns  no caso= so,ente os rapaes sérios e respons-eis ue
pretende, constituir u,a fa,ília nu,erosa e saud-el)3
Fi, da nota3
47
@ertence ao ca,po da sa/de p/.lica3 +essa perspectia= tere,os de
ad,itir ue a ,udança não si'nificou u, aanço da li.eração sexual ou
u,a di,inuição da repressão= ,as a passa'e, a outras for,as
repressias
D, exe,ploue sere,
dessa ao propIsito
atitude da Onor,aliaçãoO3
aparece nu, liro de 4617= editado no Rio de
;aneiro= escrito por EsKaldo %randão da Sila3 ;- na capa do liro o.sera#
se al'o interessante3 L"#se: Jniciação Sexual  $ducacional (Leitura
Reserada)3 E autor procura= lo'o de início= esclarecer ue não se trata de
u, liro porno'r-fico ou o.sceno (de sacana'e,= diría,os hoPe)= ,as
o.ra educatia3 @ressupQe (e explicitar- tal idéia no correr de todo o liro)
a distinção entre u, sexo Orui,O e u, sexo O.o,O= o ue= e, si ,es,o=
P- é u, exe,plo de repressão interioriada3 ais interessante= poré,= é o
par"ntese: Leitura Reserada3  ue o liro se destina exclusia,ente a
,eninos= aos OPoens ue possua, ontade o .astante para uerere,
aprend"#lo= pois se trata aui de u, ,étodo autoeducacional ('rifos são
,eus3 C)3
A resera do ,étodo é dupla: por u, lado= di o autor ue as ,eninas não
dee, l"#lo porue dee, ser ,antidas na inoc"ncia para ue sePa,
iniciadas ao sexo apenas por seus ,aridos ue= antes do casa,ento=
dee, ser castos e respeitar a ir'indade da futura esposa3 As ,eninas
estão excluídas porue não necessita, das infor,açQes= isto ue não
terão ida sexual antes do casa,ento3 Es ,eninos precisa, desta
iniciação porue= alé, de encarre'ados da iniciação das esposas= corre,
o risco ininterrupto das atraçQes do sexo co, a,i'os e prostitutas
(perce.e#se= portanto= ue ao excluir as ,eninas= o autor pensa apenas
nas ,eninas de O.oa fa,íliaO)3 @or outro lado= o liro é reserado a u,
tipo especial de ,enino: OA instrução sexual= ,es,o inicial,ente= exi'e
,uito alor do Poe,: inteli'"ncia franueada N raão= ontade inflexíel
nos princípios ao
indispens-el= adotados=
car-ter oausteridade ao corpo para ae ,ortificação
senso da responsa.ilidade ainda o da
discrição= pois u, Poe,= lo'o ue co,preender a seriedade do assunto=
não dee deixar de lançar so.re seus l-.ios a i,posição de calar as
uestQes
46
sexuais co, os co,panheiros= 'eral,ente leianosO3 E liro se dedica= e,
sua ,aior parte= a ,ostrar os peri'os físicos e psíuicos de u, sexo
OdescontroladoO e a incentiar a castidade porue a sa/de do pai é
indispens-el para a da prole3 +essa ,edida= o autor co,.ina preceitos
,orais e reli'iosos co, os conheci,entos científicos= Oa ci"ncia ,édica
,oderna= ue estudou ,inuciosa,ente a função sexual= a hi'iene e a
profilaxia co, suas estatísticas ri'orosas .aseadas na o.seração ,édico
hospitalar= ue se i,pQe, co,o preceitos i,prescindíeis= e a psicolo'ia
racionalO3 Sexo respons-el= li,po= estatistica,ente controlado e racional3
So. -rios aspectos= a a,.i'Gidade dos estudos da sexualidade decorre
do fato de= e, lu'ar de desendar e tentar di,inuir o peso da repressão
i,posta no correr dos séculos (no ocidente cristão)= aca.a por reforç-#la
(co,o é o caso do liro citado= ue fa ta,anhas exi'"ncias ao ,enino
ue este proael,ente ter- dificuldades sexuais) ou desloc-#la (por
exe,plo= ao deixar ao ,édico o ue antes ca.ia ao teIlo'o)3 B- u,a
espécie de círculo icioso: u,a sociedade repressora e u,a ,oral
conseradora acarreta, se'redo e clandestinidade de in/,eras pr-ticas
sexuais ue= por seu turno= prooca, tanto dist/r.ios físicos (a sífilis= por
exe,plo) uanto psíuicos (a culpa= por exe,plo) ue a perspectia
,édico#profil-tica pretende
poré, se, uestionar eitar cIdi'os
os prIprios introduindo conheci,entos
repressios e nor,as=
e= co, isto= criando
noas dificuldades3
E risco do reforço N repressão sexual ou do conseradoris,o aparece até
,es,o nu, estudioso e terapeuta co,o Freud= ue reolucionou tudo
uanto se sa.ia e se diia so.re a sexualidade3 +ão so,ente desco.riu e
de,onstrou= para escMndalo 'eral= a exist"ncia da sexualidade infantil=
,as ainda inerteu a principal concepção existente so.re o sexo ao
afir,ar ue a li.ido (ener'ia ou pulsão sexual presente e, todas as
épocas de nossa ida= desde a infMncia= e e, nossos senti,entos ,ais
profundos= deter,inando ,es,o a linha de nosso destino pessoal) não é a
causa de doenças e dist/r.ios físicos e psíuicos= ,as= pelo contr-rio= a
causa deles se encontra na repressão da li.ido3 $, suas pri,eiras o.ras=
pretendia ue a psican-lise auxiliasse a desco.rir as for,as dessa
repressão= seus efeitos e os ,eios de eli,inar tanto as pri,eiras uanto
os se'undos3 +o entanto= e, suas /lti,as
0?
o.ras= Freud concluía ,elancolica,ente ue a ciiliação depende da
repressão sexual (dado o car-ter a'ressio e destrutio das pulsQes
sexuais conflitantes) e ue e,.ora fosse necess-rio di,inuir a i'norMncia
e os preconceitos sexuais= não seria possíel= para o .e, da hu,anidade
e para a orde, social= eli,inar toda a repressão3
Al'uns críticos da psican-lise considera, ue tal conclusão proé, dos
prIprios princípios psicanalíticos ue conertera, a psican-lise nu,
psicanalis,o= isto é= nu,a terapia secreta= confinada= prote'ida= ue
deixa
de inteira,ente
sexo= co,o se de lado os ficar
pudesse pro.le,as
i,unedoN faer sexo para
realidade socialapenas falar
e política
repressia3 E ,ero falar de sexo= se'undo tais críticos= deixaria intacta a
pro.le,-tica do faer sexo= procuraria adaptar as pessoas Ns i,posiçQes
da sociedade uanto N ida sexual ao lhes dar a ilusão de estare,
resolendo suas dificuldades porue conersa, co, u, terapeuta do
ual a psican-lise exi'e= para ue sePa u, .o, terapeuta= ue sePa
inteira,ente assexuado= depIsito das fantasias sexuais dos pacientes3 A
psican-lise teria se tornado ,ais u,a fonte de repressão sexual por dois
,otios principais: por u, lado= porue a.andonou os afetos e
senti,entos sexuais para ficar apenas co, suas representaçQes (isto é=
passou do ue senti,os e fae,os para o ue pensa,os so.re o ue
senti,os e fae,os= caindo no intelectualis,o) e= por outro lado= porue
i,a'inou#se capa de li.erar as pessoas porue lhes per,ite expri,ir o
Osexo e, fantasiaO (não haendo li,ites ne, interdiçQes para o
fantasiar)= a fi, de ue não se expri,a Oe, realidadeO (conserando
ta.us e interdiçQes existentes)3
@ara os críticos= tudo uanto haia de su.ersio na psican-lise foi
a.sorido e consu,ido pelas ideolo'ias sexuais existentes e= e,
particular= o psicanalis,o teria reforçado u,a das instituiçQes ,ais
pro.le,-ticas para a sexualidade: a fa,ília3
+o entanto= o si,ples passar do Ofalar de sexoO para o Ofaer sexoO não
si'nifica necessaria,ente di,inuição ou co,preensão crítica da repressão
sexual3 Ainda ,ais prIxi,a da ,edicaliação do sexo estaria a ,oderna
sexolo'ia  ta,.é, conhecida co,o terapia do or'as,o e clínica do
or'as,o3
04
@ara a sexolo'ia= a sexualidade se redu ao ato do or'as,o3 $ste é
considerado do ponto de ista da Ode,ocracia sexualO e= portanto= co,o
direito de todos3 @oré,= co,o ser feli e sexual,ente realiado é
conse'uir ,uitos e .ons or'as,os= o or'as,o passa= de u, direito= a u,
deer= o deer de or'as,o3  deer de todos= isto tratar#se de
Ode,ocracia sexualO3
E sexo é encarado pelo pris,a da psicolo'ia co,porta,ental
(.ehaioris,o) ue tra.alha co, a idéia de ue so,os u, conPunto de
co,porta,entos aduiridos por condiciona,ento externo e interno= as
dificuldades sexuais (isto é= não conse'uir or'as,o) sendo decorrentes de
condiciona,entos defeituosos ou inadeuados ue produe, OdisfunçQes
sexuaisO)3 E sexIlo'o seria= então= o especialista encarre'ado de
descondicionar e recondicionar as pessoas para 'arantir#lhes or'as,os
.ons e contínuos3
As disfunçQes serão tratadas por psicIlo'os= ,édicos= 'inecolo'istasY as
doenças enéreas deixa, de ser u, esti',a e o.Peto de condenação=
ficando a car'o de u, .o, der,atolo'ista e urolo'istaY para as
Oa.erraçQesO= .astaria u, .o, psicocirur'ião assessorado por u, .o,
endocrinolo'ista e= a se'uir= por u, .o, psicocondicionador3 A
,astur.ação é peda'o'ica,ente reco,endada= pois a sexolo'ia
considera ue sI é possíel a,ar outra pessoa uando se a,a a si ,es,o
(noa ersão do Se'undo anda,ento e ue os críticos Pul'a, prIpria da
ciiliação do selfserice)3 E trata,ento or'as,olI'ico procura ensinar
truues ede
cha,a, ,ala.aris,os= esti,ulando
Oonas estraté'icasO (ue asu.stituíra,
desco.erta as
do Oonas
ue os erI'enasO
sexIlo'os
da si,.oliação sexual= i,a'inada pelos psicanalistas)3
D, sexIlo'o fa,oso escreeu ue a finalidade da sexolo'ia é lirar os
seres hu,anos da Opeste e,ocionalO= 'raças a ,eios técnico#científicos
de ad,inistração de u,a sexualidade sadia e feli3 D, outro propVs a
for,ação de pools de ,ulheres e de ho,ens especialiados e, Oseriços
sexuaisO para o atendi,ento de pessoas co, dificuldades (u,a espécie
de flatserice para o sexo e de holdin' sexual)3 Es críticos considera, o
sexIlo'o u,a ,escla de peda'o'o e de pro'ra,ador de co,putador=
,édico e hi'ienista e u,a noa fi'ura da repressão sexual3
00
$ssas o.seraçQes preli,inares fora, feitas apenas co, dois o.Petios3
$, pri,eiro lu'ar= ,arcar a época e, ue se co,eça a ela.orar o
conceito de repressão sexual e o contexto da criação de u, sa.er so.re a
sexualidade ue procurou desaloPar conheci,entos e pr-ticas anteriores3
$, se'undo lu'ar= su'erir ue o noo sa.er so.re o sexo= sa.er científico
e o.Petio= não é necess-ria e auto,atica,ente portador do fi, da
repressão sexual= podendo ser apenas u,a noa ariante dela3
D, outro cuidado teIrico preli,inar= ue seria .o, ter,os ao tratar deste
assunto= é le,.rar ue a repressão sexual se diferencia .astante no
te,po e no espaço= estando articulada Ns for,as co,plexas de
si,.oliação ue diferentes culturas ela.ora, nas suas relaçQes co, a
+aturea= o espaço= o te,po= as diferenças sexuais= nas relaçQes
interpessoais= co, a ida e a ,orte= o sa'rado e o profano= o isíel e o
inisíel3 +enhu,a
,as P- o ie cultura lida
e co,preende co, o sexo co,o
si,.olica,ente= u, fato
dando#lhe natural alores=
sentidos= .ruto=
criando nor,as= interditos e per,issQes3
D, exe,plo3 $, decorr"ncia da forte repressão ue nossa sociedade
exerce so.re o ho,ossexualis,o= ,uitos tende, a considerar ue o fato
de o ho,ossexualis,o ser ad,itido na !récia e e, Ro,a proaria=
nessas sociedades= a aus"ncia de repressão neste aspecto particular3 +ão
é exata,ente o caso3
+a !récia e e, Ro,a= a ho,ofilia (o ter,o ho,ossexualis,o é recente)
,asculina era tolerada e= e, certos casos= esti,ulada= haendo ,uitos
ue Pul'aa, o a,or erdadeiro ser possíel apenas entre pessoas do
,es,o sexo= o casa,ento i,plicando outros senti,entos (respeito=
a,iade= deer= responsa.ilidade social) ue não o a,or3 uitos autores
escreera, louores ao fato de sI apreciare, outros ho,ensY ,uitos= ao
fato de apreciare, ho,ens e ,ulheresY ,uitos= ao de apreciare, apenas
,ulheres3 +o entanto= não se ad,itia ualuer for,a de relação de
ho,ofilia (ho,o Z o ,es,oY filia a,iade)3
01
E alor funda,ental= nessas sociedades= era atri.uído N fi'ura do ho,e,
lire= identificada co, a fi'ura ,asculina atia (política e social,ente)3
$sse alor= sexual,ente interpretado= leaa ao priilé'io da fi'ura
,asculina sexual,ente OatiaO3 A ,ulher= considerada natural,ente
OpassiaO= o Poe, lire= do sexo ,asculino= considerado OpassioO pela
pouca idade= e o escrao= considerado OpassioO por sua condição de
do,inado e por o.ri'ação= faia, co, ue as relaçQes ho,ofílicas sI
fosse, ad,itidas
escrao= Poe, ou entre
adulto3u,E ho,e, lire idade=
Poe,= pela adultopodia
e u, ser
Poe,
lirelire ou u,
e OpassioO
se, desonraY o escrao= por sua condição desonrosa= sI podia ser
OpassioO= ,as u, ho,e, lire adulto ue se prestasse a u,a relação
ho,ofílica no papel OpassioO era considerado i,oral e indi'no3 Assi,= era
repudiada a ho,ofilia entre os ho,ens adultos lires= relação considerada
i,oral= ile'íti,a e infa,e= desi'nada co,o Ocontra a natureaO3 +ão
porue houesse i,possi.ilidade .iolI'ica= anatV,ica= ani,al para essa
relação e si, porue contrariaa a naturea do ho,e, lire adulto= isto é=
do cidadão3
E pederasta e o ho,ofílico não era, ,onstros= ne, doentes ne,
cri,inosos (co,o iria, a ser tratados depois)= ,as ne, por isso
deixaa, de existir cIdi'os= nor,as= re'ras e alores re'ulando a
ho,ofilia e= portanto= for,as de repressão (para não ,encionar,os ainda
a situação fe,inina e a dos escraos)3
Ta,.é, é possíel o.serar ue o ho,ossexualis,o= ue iria a ser
inteira,ente condenado co,o OcontranatureaO na sociedade européia
cristã= rece.eu representaçQes ,uito diferentes no correr do te,po3
&urante -rios séculos= foi representado na pintura e na escultura atraés
da i,a'e, do ueru.i,= anPo#criança#Puenil= se,i#assexuado= se,i#
afe,inadoY ,ais tarde= passou#se para a i,a'e, co, traços e contornos
fe,ininos= for,as suaes= arredondadas= u, delicado ca,afeu co,
sorriso trocista dançando nos l-.ios3 BoPe= sua i,a'e, é iril: o
halterofilista ,usculoso= o esportista Poe, e .roneado= ou o ,otoueiro
de roupas de couro ne'ro= .rinco nu,a orelha= l-.ios carnudos= ca.elos
sedosos3 +estaserindo
fino do corpo= /lti,a i,a'e, (a ,ais
de ,odelo recente)=para
funda,ental a "nfase recai
ho,ens no talhe
e ,ulheres=
a partir do ,o,ento e, ue a ,oda unissex priile'ia
08
o tipo ho,ossexual ,asculino co,o i,a'e, sexual ideal para todos3 $,
cada época= portanto= alores= sí,.olos= fantasias= relaçQes co, outras
di,ensQes da ida social deter,ina, a i,a'e, e o sentido de u,a fi'ura
ue apenas pela desi'nação  ho,ossexual  poderia ser considerada a
,es,a3 &iferentes serão as for,as da repressão e diferentes as respostas
a ela3
@ara essas uestQes= são de 'rande alia os tra.alhos dos antropIlo'os
ue nos aPuda, a des,anchar as ilusQes de ue as for,as e sentidos da
sexualidade e da repressão sexual seria, uniersais= id"nticas para todas
as sociedades3
Assi,= por exe,plo= estudos feitos pela antropIlo'a ar'areth ead a
respeito de tr"s sociedades diferentes ,ostra, ue= nu,a delas= ho,ens
e ,ulheres são educados para sere, carinhosos= pacíficos=
co,preensios= ,uito er.aliadores= possuindo sexo e te,pera,ento do
tipo ue nossa sociedade Pul'a OprIprios do sexo fe,ininoOY na outra=
ho,ens e ,ulheres são educados para sere, a'ressios= .elicosos=
iolentos= pouco falantes= possuindo sexo e te,pera,ento do tipo ue
nossa sociedade Pul'a OprIprio do sexo ,asculinoOY na terceira= as
,ulheres são educadas para o poder e o co,ando= enuanto os ho,ens
são educados para a do,esticidade= a laoura= o artesanato e o cuidado
das crianças= realiando padrQes exata,ente opostos aos ue nossa
sociedadea i,a'ina
auxilia, sere,osOnaturaisO
co,preender e uniersais3
alores= ,itos $studosde
e preconceitos co,o estes
nossa nos
prIpria
sociedade e o ,odo co,o atua, na repressão da sexualidade ao
esta.elecere, características ue seria, Onatural,enteO fe,ininas e
,asculinas= esti,ulando#as e repri,indo as contr-rias3
Es antropIlo'os ta,.é, nos aPuda, a eitar o risco de i,a'inar,os ue
as for,as da sexualidade e de sua repressão e, nossa sociedade
poderia, ser uniersaliadas= isto é= i,a'inadas co,o presentes e,
todas as outras3
Tendo a psican-lise nascido nos fins do século XJX= na $uropa= seus
estudos focaliara, as uestQes sexuais pelo pris,a da instituição
fa,iliar e das relaçQes fa,iliares tais co,o existia, nauele ,o,ento3
uitos psicanalistas= esuecendo essa deter,inação histIrica= passara, a
uniersaliar aspectos particulares da sexualidade européia recente3
$studando= por exe,plo=as cha,adas OperersQes sexuaisO=
0
al'uns analistas considera, ue entre os -rios fatores respons-eis por
elas est- o co,porta,ento dos pais e particular,ente o da ,ãe3 Se os
pais= e especial,ente a ,ãe= recusa, ad,itir ue seus filhos são seres
sexuados e co, desePos sexuais= a ,aioria dos uais direta,ente
oltados para os 'enitores= tal atitude poder- co,pro,eter
definitia,ente o desenoli,ento sexual dos ,ais Poens3 Se a ,ãe
anda nua diante dos filhos= se est- se,pre por perto para "#los despidos=
se não lhes per,ite o uso solit-rio do uarto ou do .anheiro= prepara os
desastres sexuais de sua prole3 Era= al'ué, poderia i,a'inar u, ,enino
ou u,a
estes ,enina Enha,.iuara
,otios ou .ororIpoderia
historiador ta,.é, tendo OperersQes
ar'u,entar sexuaisO por
diendo ue
,es,o na sociedade européia= antes ue fosse inentada a casa repartida
e, cV,odos= tal co,o a conhece,os= a idéia da priacidade (do uarto=
do .anheiro) inexistindo= as OperersQes sexuaisO não poderia, encontrar
aí suas causas3
Ali-s= no caso dos índios= a isão européia aca.ou conduindo a duas
concepçQes i,a'in-rias: a dos ,ission-rios= ue interpretaa, a nude
co,o proa de ani,alidade (o ue Pustificaa= para ,uitos= a
escraiação) e a dos filIsofos do século X*JJJ= ue i,a'inara, a
inoc"ncia do O.o, sela'e,O3
A partir da psican-lise so.retudo (,as não so,ente a partir dela)=
considera#se a sociedade ocidental= de ori'e, Pudaico#cristã= co,o u,a
sociedade falocrata phalo Z p"nisY <rathIs Z poder) e patriarcal (so. o
poder do @ai)3 E falo (isto é= o p"nis co,o o.Peto si,.Ilico)= representado
consciente e inconsciente,ente co,o ori'e, de todas as coisas (poder
criador)= co,o autoridade (a Lei co,o lei do @ai) e sa.edoria= é auilo ue
a ,ulher não possui e desePa3 arcada por u,a falta ou car"ncia
ori'in-ria= por u,a lacuna= a ,ulher seria u, ser ue sexual,ente se
caracteriaria pela inePa do p"nis= enuanto o ho,e,= rial do @ai= seria
sexual,ente ,arcado pelo ,edo da perda do p"nis= isto é= pelo ,edo da
castração3 $, nossa sociedade= portanto= a repressão sexual operaria a
partir dauela inePa e dauele ,edo3 @ouco a pouco= os estudiosos
aca.ara, 'eneraliando essa idéia para todas as sociedades patriarcais3
Era= estudos antropolI'icos reelara, sociedades nas uais= se OinePaO
houer= é dos ho,ens e, relação Ns ,ulheres:
0>
ineParia, o /tero= a capacidade 'eradora das ,ulheres3 Tanto assi, ue
os %aru9a= da +oa !uiné= considera, ue as ,ulheres criara, a flauta 
para a co,unicação co, os espíritos  e o arco  para a ali,entação e a
'uerra3 Jsto é= criara, os o.Petos si,.Ilicos funda,entais de sua
sociedade3 @oré,= as ,ulheres não teria, sa.ido usar adeuada,ente
esses o.Petos e por isso estão proi.idas de e,pre'-#los= so,ente os
ho,ens podendo us-#los para .e, orientar a caça= a 'uerra e a reli'ião3
Ad,ite#se= portanto= a criação ori'in-ria co,o fe,inina e so,ente a
se'uir se acrescenta a iol"ncia si,.Ilica contra elas= ,antendo#as na
posição su.ordinada3  possíel= die, os antropIlo'os= ue o pano de
fundo dessa ,itolo'ia sePa a or'aniação ,atriarcal ue essa sociedade
teria tido inicial,ente (as ,ulheres se, car"ncia= se, lacuna e se,
inePa)= antes de se tornar patriarcal3
@erce.e#se= pois= ue tanto a OinePa do p"nisO= nas ,ulheres= uanto a
OinePa do /teroO= nos ho,ens= não depende, direta,ente da anato,ia=
,as do processo de si,.oliação da diferença sexual no interior de u,a
cultura deter,inada3  nesse processo ue ,elhor se oculta e ,elhor se
reela a repressão sexual3 Alé, disso= é nessa si,.oliação ue ,elhor
transparece a sexualidade co,o desePo= car"ncia= plenitude e criação3
*ida e ,orte3
Co,o ere,os adiante= as consideraçQes so.re as diferenças te,porais e
espaciais= histIricas e 'eo'r-ficas= não se refere, apenas Ns existentes
entre nossa sociedade e outras= ,as ta,.é, Ns existentes e, nossa
prIpria sociedade=
fantasias= pr-ticas= na ual se
alores transfor,a, sí,.olos=
e preconceitos referentes representaçQes=
ao corpo= ao
casa,ento= a fa,ília= N casa= N infMncia= N adolesc"ncia= N elhice= ao
a,or= ao praer= N culpa= N codificação dos interditos e das per,issQes3
Assi,= por exe,plo= é ,uito tardio o sur'i,ento do ue hoPe entende,os
por casa,ento e por fa,ília3 +ão ue e, outras sociedades e no passado
da nossa não haPa casa,ento ou fa,ília= ,as si, ue a for,a= o
conte/do= o sentido= a função ue hoPe lhes da,os= e, nossa sociedade=
não são perenes3 E ,es,o pode ser dito so.re o corpo= a infMncia= a
elhice= o fe,inino= o ,asculino3 A título de exe,plo= le,.re,os apenas
ue durante u, lon'o período (no passado
02
de nossa sociedade) o ter,o sexo referia#se exclusia,ente Ns ,ulheres
 estas não tinha, u, sexo= era, o sexo (e= por isso ,es,o= fi'uras por
excel"ncia do al e da .usca desenfreada do praer= a,olecendo corpo e
espírito dos ho,ens 'uerreiros) precisando ser controladas= punidas=
i'iadas de todas as ,aneiras possíeis3 +ão é surpreendente= então=
uando olta,os os olhos para o século XJX= desco.rir,os u,a
representação da fe,inilidade na ual as ,ulheres são assexuadas=
frí'idas= feitas para a ,aternidade e não para o sexo= a tal ponto ue
houe necessidade de ,édicos e sexIlo'os para lhes ensinar sexo Co,o
se a repressão da sexualidade fe,inina tiesse sido tão .e, sucedida
ue= no ponto final= encontr-sse,os a ne'ação do ponto inicial3
D, outro cuidado ue podería,os ter ao estudar a repressão sexual seria
o de não i,a'inar,os u,a oposição entre o Opassado repressioO e o
Opresente
pelas li.eradorO3
ci"ncias sexuais3;- fie,os refer"ncia aos pro.le,as noos traidos
Alé, disso= para esta.elecer,os tal oposição tería,os de supor a
exist"ncia de deno,inadores co,uns entre passado e presente=
per,itindo a co,paração e, ter,os de O,aisO e O,enosO repressio3
Tratando#se de repressão e li.eração sexuais= nossa tend"ncia poderia ser
a de considerar,os o sexo co,o o deno,inador co,u,3 @oré,= se a
si,.oliação é essencial na constituição da sexualidade= se as
si,.oliaçQes são constituídas e constituintes das diferenças culturais= o
/nico Peito de considerar o sexo co,o deno,inador co,u, ao passado e
ao presente= seria to,-#lo apenas nos seus aspectos .iolI'icos3 Jsto= no
entanto= tornaria in/til a co,paração= P- ue tería,os deixado de lado
Pusta,ente o ue fa do passado= passado= e do presente= presente3 $,
contrapartida= tale sePa ,ais rico e interessante inda'ar,os u,a outra
coisa e, e de per'untar,os ual é ,ais repressio e ual ,ais
li.erado3 @odería,os inda'ar: so.re uais aspectos da sexualidade recai a
repressão @or u" $, ue a escolha das proi.içQes e per,issQes torna
u,a sociedade ,enos ou ,ais repressia As interdiçQes explícitas nos
discursos (reli'ioso= ,oral= Purídico= liter-rio= científico) corresponde,
efetia,ente
07
Ns pr-ticas sociais= ou estas se realia, de ,odo contr-rio e trans'ressor
@or u" E ue u,a sociedade di e o ue silencia so.re a sexualidade
Wual a ualidade dessa fala e desse sil"ncio
Al'uns historiadores= co,o ;ean#Louis Flandrin= estudara, o oca.ul-rio
sexual usado Até
expressias3 e, outras épocas
o século XJX= epor
na nossa e erificara,
exe,plo= usaa,#se,odificaçQes
palaras tais
co,o: coito= a,or carnal= lu.ricidade= lux/ria= li.ertina'e,= li'ação
a,orosa= conotando o sexo co,o peca,inoso= pererso= indecente3 as
ta,.é, deseP-el= u, a.is,o (.o, e ,au)3 $, contrapartida= a partir
dos ,eados do século XJX= os oc-.ulos pertence, ao ca,po da .iolo'ia
e da ,edicina: ninfo,ania= eroto,ania= ho,ossexualis,o= ,asouis,o=
sadis,o= sado,asouis,o3 +as o.ras liter-rias= falaa#se direta e
franca,ente coito= cIpula3 BoPe= fala#se e, a.raço= .eiPo= carícia= a,or=
praer3 Boue= assi,= u, duplo desloca,ento  da a.erração
peca,inosa= passou#se para a doença e sua etiolo'iaY do ato sexual pleno
passou#se a fra',entos dele3
So. certos aspectos= die, os historiadores= a passa'e, para o ca,po da
o.Petiidade científica parece ter faorecido u,a franuea ,aior e u,a
espécie de desnuda,ento da sexualidade3 @oré,= so. outros aspectos= a
conenção científica aca.a operando co,o u, ,anto protetor para
enco.rir realidades proi.idas  co,o se o discurso científico funcionasse=
por exe,plo= co,o o da anti'a ,itolo'ia 'reco#ro,ana3
+o caso dos textos liter-rios= os historiadores o.serara, al'o curioso=
alé, dauela fra',entação a ue nos referi,os: o n/,ero de oc-.ulos
para se referir N sexualidade di,inuiu sensiel,ente= co,o se houesse
u,a retração da lin'ua'e, na inenção sexual e a,orosa3
D, outro fenV,eno interessante ue nos pQe de so.reaiso uanto N
suposição de u, passado repressio e u, presente li.erado é o do
ho,ossexualis,o3 +ão nos referi,os a casos recentes= co,o por exe,plo
o do afasta,ento
Er'aniação de u,
do Tratado 'eneral ale,ão
do AtlMntico do co,ando
+orte (ETA+) de tropas nae=
por ser ho,ossexual
por isso= suPeito a chanta'ens ue poderia, prePudicar a arte da 'uerra3
+e, nos referi,os ao pMnico sexista e, torno da
06
AJ&S co,o Odoença ho,ossexualO3 Referi,o#nos ao estatuto da
ho,ossexualidade e, nossa sociedade3
*i,os ue e, sociedades co,o a 're'a e a ro,ana= a pr-tica
ho,ossexual est- su.,etida a interditos e per,issQes (não sendo
Oli.eradaO)3 @oré,= nessas sociedades= co,o e, ,uitas outras= o
ho,ossexualis,o é u,a pr-tica e u, ato sexuais entre outros=
coniendo co, outros nu, ,es,o ser hu,ano= é u,a escolha
(ocasional ou definitia) de parceiros sexuais3  u,a atiidade3 $, nossa
sociedade= o ho,ossexualis,o não é encarado dessa ,aneira3 Atraés da
,edicaliação classificatIria= tornou#se u,a espécie sexual (co,o h-
espécies e, .otMnica e e, oolo'ia) e u, tipo social3 &e atiidade=
transfor,ou#se nu, ,odo de ser ue deter,ina todas as outras
atiidades e o destino pessoal de al'ué,3 +ão é apenas OdoençaO=
OdisfunçãoO ou OperersãoO: é uase u,a coisa3
Seria i,possíel= pelas consideraçQes ue fie,os até aui= pretender,os
escreer u, liro so.re a repressão sexual3 Tentare,os apenas focaliar
al'uns aspectos desse fenV,eno cultural e, nossa sociedade=
considerando#a pelo pris,a da ori'e, Pudaico#cristã (ue retra.alhou a
sexualidade pa'ã européia) e das relaçQes sociais esta.elecidas so. a
for,a da diisão e da luta de classes= nu,a econo,ia de tipo capitalista3
Antes de .ree
faça,os entrar,os
isita pelas
a u,are'iQes
re'ião ,ais so,.rias
lu,inosa onde da
ela repressão
ta,.é, ésexual=
exercida=
,as de ,odo sedutor e= por ue não dier= fecundo: os contos de fadas3
Se nos per'untare,: por ue não As ,il e u,a noites Respondere,os:
porue ,ereceria, ,uitos liros3 $ pertence, a u, outro ,undo3
@or ue não os poe,as de Santa Terea d[\ila Eu SadeEu333
Co, si,plicidade= responde,os: porue esta,os supondo al'o ue todos
os leitores conhece, e conhece, ,uito .e,= pois conhece, co, a,or3
1?
Contos de fadas
+essa r-pida isita aos contos de fadas= considerare,os a sexualidade
pelo pris,a a,pliado a ue nos referi,os no capítulo anterior e= portanto=
co,o at,osfera difusa e profunda ue enole toda nossa ida (nossas
relaçQes co, os outros= co, nosso corpo e o alheio= co, o.Petos e
situaçQes ue nos a'rada, ou desa'rada,= nossas esperanças= nossos
,edos= sonhos= reais e i,a'in-rios= conscientes e inconscientes)3 Co,o
di,ensão si,.Ilica (indiidual e cultural) ue articula nosso corpo e nossa
psiu"= suas ,-scaras= disfarces= ast/cias e an'/stias3
Se, d/ida= seria a.surdo tentar reduir os contos de fadas N sexualidade
e N repressão sexual= pois se o fiésse,os perdería,os a riuea e
,ultiplicidade de sentidos ue possue,= tanto do ponto de ista liter-rio=
filosIfico= histIrico e sociolI'ico uanto do ponto de ista ideolI'ico= das
relaçQes de poder= etc3 Wualuer redução= por ser ilusIria e
e,po.recedora=porue
co,preende, dese,.oca e, Oesue,as
tudo explica,3 explicatiosO
@retende,os apenasue nada
focaliar
al'uns aspectos da sexualidade co,o u,a entre outras di,ensQes do
conto de fadas cuPo interesse ,aior reside Pusta,ente no fato de ue seus
autores (anVni,os ou conhecidos) não tinha, a intenção explícita de falar
de sexo3
+u,a perspectia diersa da ue adotare,os aui= %runo %ettelhei,
estudou -rios contos de fadas (nu, liro intitulado
14
@sican-lise dos Contos de Fadas) e de seu estudo cre,os aler a pena
conserar al'u,as idéias3 $, pri,eiro lu'ar= o conto de fadas é essencial
na for,ação da criança porue a aPuda= dando asas N sua i,a'inação= a
distin'uir o real e o irreal se,= contudo= reduir este /lti,o ao falso: o
irreal é erdadeiro= e,.ora de ,aneira diferente do real3 $, se'undo
lu'ar= aPuda a criança a esta.iliar afetos conflitantes= confi'urando
clara,ente o Pusto e o inPusto= o .o, e o ,au= o erdadeiro e o falso nas
relaçQes co, as pessoas= especial,ente as ,ais prIxi,as= ,ostrando#lhe
ue todos nIs te,os fantasias= ,es,o as de destruição= se, deixar,os
de ser a,ados por isso3 $, terceiro lu'ar= 'arante N criança ue é a,ada=
e ue esse a,or não desaparecer- uando= ao crescer= ela se desli'ar de
seus prIxi,os para ier sua prIpria ida noutro lu'ar e co, outras
pessoas3 @ara %ettelhei,= o conto de fadas aPuda a criança na aceitação
de u, desePo ue possui e ue a ate,oria: o de separar#se para lear
sua prIpria ida= pois tal desePo lhe aparece co,o rePeição do a,or ue os
fa,iliares lhe dera,= produindo culpa3 E conto aPuda a criança a lidar
co, esse desePo
&iscorda,os dasean-lises
a ela.orar= no i,a'in-rio=
de %ettelhei, so.-rias soluçQes $,
tr"s aspectos3 parapri,eiro
ele3
lu'ar porue a idéia deixada pelo liro dissole o aspecto repressio=
ta,.é, presente nos contos3 $, se'undo lu'ar= porue enfatia o
aspecto peda'I'ico dos contos= aspecto ue se, d/ida possue,
(so.retudo e, certas ela.oraçQes ro,Mnticas)= ,as ue restrin'e seu
aspecto l/dico pri,ordial3 $, terceiro lu'ar= porue (co,o aconteceu co,
a ,aioria dos psicanalistas) não pQe e, d/ida a ,oral sexual .ur'uesa
eiculada pelos contos= e, al'u,as de suas ersQes ou e, al'uns
re,anePa,entos3
Assi,= por exe,plo= o autor não lea e, consideração o ,oralis,o de Es
Tr"s @oruinhos= o elo'io ascético do tra.alho contra os praeres3
Ta,.é, não analisa o fato de ue nos contos= a sexualidade fe,inina
se,pre é apresentada co,o dolorosa= ,as co,pensada pela
,aternidade= o caso típico sendo o da ,ãe de %ranca de +ee ue= ao
ferir o dedo no .ordado= san'rar e ,anchar a alura da nee= i,a'ina a
felicidade de ter u,a filha .ranca e rosada= lo'o depois nascendo a
criança3 Eu co,o peri'osa para os ,eninos= o caso
10
típico sendo o de ;oão e o @ede FeiPão ue dee cortar a -rore para ue
por ela não desça o 'i'ante assassino3
@odería,os considerar ue nu,a sociedade co,o a nossa= ue
dessacraliou a realidade e eli,inou uase todos os ritos= os contos
funciona, co,o espécie de Orito de passa'e,O antecipado3 Jsto é= não sI
auxilia, a criança a lidar co, o presente= ,as ainda a prepara, para o
ue est- dos
unierso por adultos3
ir= a futura separação de seu ,undo fa,iliar e a entrada no
&o ponto de ista da repressão sexual= os contos são interessantes porue
são a,.í'uos3 @or u, lado= possue, u, aspecto l/dico e li.erador ao
deixare, ir N tona desePos= fantasias= ,anifestaçQes da sexualidade
infantil= oferecendo N criança recursos para lidar co, eles no i,a'in-rioY
por outro lado= possue, u, aspecto peda'I'ico ue reforça os padrQes
da repressão sexual i'ente= u,a e ue orienta, a criança para desePos
apresentados co,o per,itidos ou lícitos= narra, as puniçQes a ue estão
suPeitos os trans'ressores e prescree, o ,o,ento e, ue a sexualidade
'enital dee ser aceita= ual sua for,a correta ou nor,al3 Reforça,=
dessa ,aneira= in/,eros estereItipos da fe,inilidade e da ,asculinidade=
ainda ue= se to,ar,os os contos e, conPunto= os e,.aralhe, .astante3
Se a psican-lise estier certa ao diferenciar fases da sexualidade infantil=
pode,os o.serar ue a repressão atua nos contos se'uindo essas fases:
as crianças são punidas se ,uito 'ulosas (fase oral)= se perdul-rias ou
aarentas (fase anal)= se ,uito curiosas (fase f-lica ou 'enital)3 $, certo
sentido= os contos opera, co, a diisão= esta.elecida por Freud= entre o
princípio do praer (excesso de 'ula= de aarea ou desperdício= de
curiosidade) e o princípio de realidade (aprender a protelar o praer= a
discri,inar os afetos e condutas= a ,oderar os i,pulsos)3
@ara facilitar a exposição= a,os diidir os contos e, dois 'randes
OtiposO: aueles ue asse'ura, N criança o retorno N casa e ao a,or dos
fa,iliares= depois de aenturas e, ue se perdeu tanto por deso.edi"ncia
uanto por necessidade= e aueles ue lhe asse'ura, ser che'ada a hora
da
11 partida= ue isso é .o,= deseP-el e definitio3
+ota ue encontra#se a.aixo da foto:
+ossa sociedade conse'uiu transfor,ar as diferenças anatV,icas entre
ho,ens e ,ulheres e, papéis e e, tipos sociais e sexuais= criando u,a
erdadeira oolo'iasociolo'ia sexual3 Repri,e= assi,= a a,.i'Gidade
constitutia do desePo e da sexualidade faendo da diferença e
,ultiplicidade sexuais u, tor,ento= u, cri,e= u,a doença e u, casti'o3
Fi, da nota3
18
+os contos ue desi'na,os aui co,o contos de retorno= a sexualidade
aparece nas for,as indiretas ou disfarçadas da 'enitalidade= ue são
apresentadas co,o a,eaçadoras= precisando ser eitadas porue a
criança ainda não est- preparada para elas3 Jsto não si'nifica ue a
criança sePa assexuada= pelo contr-rio= ,as ue a sexualidade per,itida
ainda é oral ou anal3 $, contrapartida= nos contos ue aui desi'na,os
co,o contos de partida= a sexualidade 'enital ter- prioridade so.re as
outras= co, as uais e, ,isturada= e pode ser aceita depois ue as
persona'ens passare, por -rias proas ue ateste, sua ,aturidade3
+o Chapeuinho *er,elho (ue= na canção infantil= é dito OChapeuinho
cor de fo'oO= o fo'o sendo u, dos sí,.olos e u,a das ,et-foras ,ais
usados e, nossa cultura para referir#se ao sexo)= o lo.o é ,au= prepara#
se para co,er a ,enina in'"nua ue= ,uito noinha= o confunde co, a
oI= precisando ser sala pelo caçador ue= co, u, fuil (na canção:
Oco, tiro certoO)= ,ata o ani,al a'ressor e a recondu N casa da ,a,ãe3
B- duas
ue usa fi'uras
a .oca,asculinas anta'Vnicas:
(tanto para o sedutor
seduir co,o para ani,alesco
co,er) e oe pererso=
salador
hu,ano e .o,= ue usa o fuil (tanto para caçar uanto para salar)3 B-
tr"s fi'uras fe,ininas: a ,ãe (ausente) ue preine a filha dos peri'os da
florestaY a oI (elha e doente) ue nada pode faer= e a ,enina
(incauta) ue se surpreende co, o ta,anho dos Ir'ãos do lo.o e=
fascinada= cai e, sua 'oela3 A sexualidade do lo.o aparece não sI co,o
ani,alesca e destrutia= ,as ta,.é, OinfantiliadaO ou oral= isto ue
pretende di'erir a ,enina (o ue poderia su'erir= de nossa parte= u,a
peuena reflexão so.re a 'íria sexual .rasileira no uso do er.o co,er)3
E co,er ta,.é, aparece nu, outro conto de retorno= ;oão e aria3 A
curiosidade de ;oão= depois acrescida pela 'ula diante da casa de
confeitos= arrasta os ir,ãoinhos para a ar,adilha da .ruxa (ue é= na
si,.olo'ia e ,itolo'ia da $uropa ,edieal u,a das fi'uras ,ais
sexualiadas= possuída pelo de,Vnio (o sexo)= ou tendo feito u, pacto
co, ele)3 A ast/cia sala as crianças uando ;oão exi.e o ra.inho ,ole e
fino de u, ca,undon'o no lu'ar do dedo 'rosso e duro (o
1
p"nis adulto)= eitando a ueda do ,enino no caldeirão ferente (outro
sí,.olo europeu para o sexo fe,inino= tanto a a'ina uanto o /tero)3 B-
te,po para ue o pai surPa e os recondua N casa= depois de ,atar a
.ruxa3 (A i,a'e, do caldeirão ferente ta,.é, aparece e, E
Casa,ento de &ona %aratinha= o noio nele caindo= íti,a da 'ula= não
podendo consu,ar o casa,ento3)
+os contos de partida= a adolesc"ncia é atraessada su.,etida a
proaçQes e proas
+esses contos= até ser ultrapassada
a adolesc"ncia ru,o
é u, período deao a,or encanta,ento=
feitiço= e N ida noa3
sortilé'io ue tanto pode, ser casti'os ,erecidos uanto i,erecidos=
,as ue sere, de ref/'io ou de proteção para a passa'e, da infMncia N
idade adulta3  u, período de espera: !ata %orralheira na coinha= %ranca
de +ee se,i,orta no caixão de idro= %ela Ador,ecida e, sono
profundo= @ele#de#%urro so. o disfarce repelente3 BerIis e heroínas se
esconde,= se disfarça,= adoece,= ador,ece,= são ,eta,orfoseados
(co,o os príncipes nos Tr"s Cisnes= a princesa e, A oura Torta= o
príncipe e, A %ela e a Fera= etc)3 $, 'eral= as ,eninas ador,ece, ou
ira, ani,aiinhos fr-'eis (po,.a= corça) e os ,eninos adoece,= ira,
ani,ais repu'nantes (freGente,ente= sapos= o sapo sendo u, dos
co,panheiros si,.Ilicos principais das .ruxas) ou ira, p-ssaros (o
p-ssaro sendo considerado u, sí,.olo para o Ir'ão sexual ,asculino)3 A
expressão= ,uito usada anti'a,ente= Oesperar pelo príncipe encantadoO
ou Opela princesa encantadaO não ueria dier apenas a espera por
al'ué, ,uito .o, e .elo= ,as ta,.é, a necessidade de a'uardar os ue
estão enfeitiçados porue ainda não che'ou a hora do desencanta,ento3
!ata %orralheira ai ao .aile (pri,eiros Po'os a,orosos= co,o a dança dos
insetos)= ,as não pode ficar até o fi, (a relação sexual) so. pena de
perder os encanta,entos antes da hora3 &ee retornar N casa= deixando o
príncipe doente (de desePo)= e co, o par de sapatinhos
,o,entanea,ente desfeito= ficando co, u, deles= ue consera
escondido so. as roupas3 %orralheira e o príncipe dee, a'uardar ue os
e,iss-rios do rei#pai a encontre,= calce os sapatos= co,pletando o par3
Sapatos ueapenas
pertence, são presente de de
N heroína= u,a ,ulher
nada .oa e poderosa
adiantando (fada)
os truues das efilhas
ue da
,adrasta (cortar artelhos= calcanhar)
1>
para deles se apossare,3 As filhas da ,adrasta uere, san'rar antes da
hora e so.retudo uere, san'rar co, o ue não lhes pertence= de direito
(relação sexual ilícita= repressia,ente punida pelo conto)3
%ranca de +ee= cuPo corpo não foi iolentado pelo fiel seridor (não lhe
arrancou o coração= a ir'indade= su.stituindo#o pelo de u,a corça) ser-
íti,a da 'ula e da sedução da ,adrasta#.ruxa= per,anecendo i,Iel
nu, caixão de cristal (seus Ir'ãos sexuais) co, a ,açã atraessada na
'ar'anta= se, poder en'oli#la3 Alé, da si,.olo'ia reli'iosa e, torno da
tentação pelo fruto proi.ido (o sexo)= o er,elho traido pela .ruxa li'a#se
ta,.é, N si,.olo'ia ,edieal onde as .ruxas fa.rica, filtros de a,or
usando esper,a e san'ue ,enstrual= .ruxaria ue indica não sI a
pu.erdade de %ranca= ,as ta,.é, a necessidade de expeli#la para poder
reier3 &espertar- por u, descuido dos anQes i'ilantes  a casinha na
floresta= os peuenos seres tra.alhadores ue penetra, e, t/neis
escuros no fundo da terra (ue na si,.olo'ia sexual é i,a'e, da ,ãe
fértil)= u, OestreO= u, a ter sono per,anente= outro a espirrar= outro não
podendo falar= não fora, proteção suficiente= a ,orte aparente tendo sido
necess-ria para reter %ranca3 (Seria interessante o.serar a necrofilia do
.elo príncipe= pois pretende lear a ,orta e, sua co,panhia3)
%ela Ador,ecida ser- íti,a da curiosidade ue a fa tocar nu, o.Peto
proi.ido  o fuso= onde se fere (fluxo ,enstrual)= ,as se, ter culpa= isto
ue fora ,antida
San'rando antes dana i'norMncia
hora= ador,ece= dadeendo
,aldição ue so.re
a'uardar ela príncipe
ue u, pesaa3
alente= enfrentando e encendo proas= 'raças N espada ,-'ica
(ta,.é, sí,.olo do Ir'ão iril)= enha sal-#la co, u, .eiPo3 $, sua
for,a 'enital= o sexo aui aparece de duas ,aneiras: pre,aturo e ferida
,ortal= no fusoY oportuno e iificante= na espada3
&e ,odo 'eral= herIis e heroínas são Irfãos de pai (os herIis) ou de ,ãe
(as heroínas)= íti,as do ci/,e de ,adrastas= padrastos ou ir,ãos e
ir,ãs ,ais elhos3 $ssa ar,ação te, u,a finalidade3 !raças a ela=
presera,#se as i,a'ens de pais= ,ães e ir,ãos .ons (pai ,orto na
'uerra= ,ãe ,orta no parto= ir,ãos ,enores desa,parados)= enuanto a
criança pode lidar lire,ente co, as i,a'ens ,-s3
12
B- u, desdo.ra,ento de cada ,e,.ro da fa,ília e, duas persona'ens=
o ue per,ite N criança realiar na fantasia a ela.oração de u,a
experi"ncia cotidiana e real= isto é= a da diisão de u,a ,es,a pessoa
e, O.oaO e O,-O= e dos senti,entos de a,or e Idio ue ta,.é,
experi,enta3 Lutar contra padrastos= ,adrastas e seus filhos é ,ais f-cil
do ue lutar co, pai= ,ãe e ir,ãos3
FreGente,ente= os contos se estrutura, de ,odo ,ais co,plexo3 $, A
%ela Ador,ecida= por exe,plo= h- -rias fi'uras fe,ininas superpostas: a
,ãe ausenteY a fada ,- ue ,aldi a criançaY a fada .oa ue su.stitui a
,orte pelo sono e pro,ete u, saladorY a elha fiandeira= deso.ediente=
ue conserou o fuso proi.idoY a ,enina curiosa e despreenida ue=
andando por lu'ares desconhecidos e su.indo por u,a escada (sí,.olo
da relação
fada sexual)
,- pune o reise fere
ue e ador,ece=
a excluiu N espera
de u,a da espada
festa dedicada e do .eiPo3(o
N fertilidade A
nasci,ento da princesa)= a punição consistindo e, decretar a ,orte da
,enina uando esta apresentar os sinais da fertilidade (,aldição ue
si,.olia o ,edo das ,eninas diante da ,enstruação e da alteração de
seus corpos)3 A ,orte da ,enina decorre da curiosidade ue a fa
antecipar co, u, o.Peto errado (,astur.ação) a sexualidade3 A fada .oa
est- encarre'ada de contra.alançar o euíoco (e o descuido ,asculino=
ue não supri,iu todos os fusos) colocando a ,enina na tranGilidade
sonolenta da espera e entre'ando a espada ao príncipe (ue= portanto=
rece.e o o.Peto ,-'ico de u,a ,ulher= pois todos nasce, de ,ulheres)3
E .eiPo final contra.alança o ,edo ue a espada poderia proocar= pois é
instru,ento de 'uerra e ,orte (o .eiPo si,.olia= e, ,uitas culturas= não
sI a,or e a,iade= ,as ta,.é, u, pacto ou u,a aliança)3
+a ,aioria dos contos= o pai é indireta,ente respons-el pela ,aldição
ou pelas desenturas da filha3 as e, A %ela e a Fera o pai é direta,ente
respons-el ao arrancar de u, Pardi, ue não lhe pertence= u,a rosa
.ranca= despertando a Fera3 B- no rou.o da flor a si,.oliação do desePo
e do ,edo inconsciente das ,eninas de sere, raptadas ou iolentadas3 A
fi'ura ,asculina se diide: h- o pai#.o, e o ho,e,#fera= diisão ue
o.ri'a %ela a ier co, o se'undo para salar o pri,eiro3 Contudo=
desePando reer o pai doente= %ela deixa ue Fera= a.andonada= ta,.é,
adoeça (de desePo)3 A i,aturidade
17
de %ela= seu ,edo da Fera= seu desePo de per,anecer Punto ao pai sI são
superados uando=
Fera= dedica#se pela
a ela piedade
e= ao e pela
fa"#lo= sedução=
ue.ra retorna
o encanto= ao castelo
sur'indo o .eloda
príncipe co, ue, ier-3 E conto se desenole co,o processo de
a,adureci,ento da heroína e de constituição da i,a'e, ,asculina
atraés de seus desePos3 &o pai N fera= da fera ao príncipe3
$, @ele#de#%urro= o desePo incestuoso do pai é a ,ola do conto3 A
pri,eira tentatia da filha para eitar o incesto fracassa: pede estidos
feitos de +aturea (sol= ,ar e lua)= ,as a +aturea não é contr-ria ao
incesto= o rei podendo perfeita,ente conse'uir os estidos3 A princesa
dee= então= fu'ir3 as seu disfarce indica os efeitos do desePo incestuoso
do rei: co.re#se nu,a pele de .urro= ani,aliando#se3 +u, outro reino
(ue não o da +aturea)= a princesa ir- aos .ailes da corte= ,as= co,o a
!ata %orralheira= não pode ficar até o fi, para não correr o risco de ser
desco.erta3 @oré,= o príncipe apaixonado ficar- doente e o re,édio ir-
no .olo feito pela princesa3 %olo ue possui o ,es,o sentido e o ,es,o
efeito ue a espada= ,-'ica= poré, co, a ,arca do fe,inino: é no
interior do .olo ue se encontra o re,édio salador= o anel3
$,.ora os contos reforce, estereItipos de fe,inilidade e ,asculinidade
e preconceitos so.re ho,e, e ,ulher= são a,.í'uos e ricos e por isso
não são sexistas: a salação pode ser traida tanto pelo herIi uanto pela
heroína3 As fadas= ali-s= possue, u, o.Peto ,-'ico supre,o= talis,ã dos
talis,ãs: a ara de condão= sendo seres excepcionais porue re/ne,
atri.utos fe,ininos e ,asculinos= sonho e fantasia de todas as crianças (e
não sI delas= eidente,ente)3 $, Es Tr"s Cisnes= é a ,enina ue,
ue.ra o encanta,ento dos ir,ãos= tudo dependendo de sua força de
ontade de
princípio (ficar e, ea.soluto
praer= sil"ncio edurante
de sua cora'e, destreasete
paraanos)ou ,oderar
acertar as o
setas= no
,o,ento exato= nos coraçQes dos tr"s cisnes= ,atando#os para ue ia,
os ir,ãos3 $la é portadora de u, o.Peto iril  o arco e flecha = sa.endo
us-#lo3 Sua destrea é í,par: dee usar= e usa= o arco tendo os olhos
endados (no capítulo ORepressQes nossas conhecidasO= uando falar,os
da fi'ura do A,or de olhos endados= a i,a'e, dessa ir,ã ficar- ainda
,ais interessante= pois a enda nos olhos é sí,.olo ,edieal para a
16
,orte3 $ste conto= portanto= realia u,a erdadeira crítica da relação
sexo#,orte= pois ,orte dos cisnes é nasci,ento de sua irilidade= por o.ra
de u,a ,ulher3 $ o incesto= aui= é I.io)3 Alé, de não sere, sexistas e
de contornare, o incesto= os contos não condena, o sexo co, ani,ais: é
o a,or e o afeto pelos ani,ais ue per,itir- desencant-#los3
Al'uns psicanalistas considera, ue as pri,eiras ,anifestaçQes da
sexualidade estão li'adas ao ue deno,ina, escolha de o.Peto e o.Peto
parcial3 A ,ãe (ou ue, fa o papel de ,ãe para a criança) seria o
pri,eiro o.Peto escolhido e seus seios seria, o pri,eiro o.Peto parcial3 @or
outro lado= co,o a ,ãe não est- per,anente,ente presente=
acarinhando e ali,entando a criança= esta desenole fantasias so.re o
o.Peto parcial: ausente ou faltando= torna#se u, ,au o.PetoY presente e
satisfatIrio= torna#se u, .o, o.Peto3 A criança desenole ta,.é,
fantasias de a'ressão e de ternura co, relação a esses o.Petos= so.retudo
a da perse'uição= no caso do ,au o.Peto3 Assi,= nos contos= frutas=
plantas= flores e ali,entos enenosos ou ardilosos seria, o.Petos parciais
,aus ou persecutIrios=
PIias ue trae, sa/de ,as contra.alançados
e ue.ra, por .olos=
feitiços= sendo filtros=
o.Petos poçQes=
parciais .ons=
co, os uais a criança e os contos realia, a reparação do o.Peto
escolhido= a,ado e odiado3
E o.Peto parcial persecutIrio ,ais perfeito= poré,= é auele ue não é
deorado pela criança= ,as ue a,eaça deor-#la3 +os contos: os
dra'Qes= os lo.os= os o'ros= as te,pestades= as florestas so,.rias= os
castelos cheios de ar,adilhas3 $ para contra.alançar ta,anha
perse'uição e reparar o o.Peto a,ado= nos contos de retorno= adultos
sala, as crianças da perse'uição e= nos contos de partida= a sexualidade
a,adurecida e encedora das fantasias persecutIrias ,ais anti'as
aparece no prIprio herIi ou na heroína cuPos o.Petos ,-'icos (oferecidos
por u, .o, adulto) lhes per,ite,= soinhos= encer a perse'uição3 +esse
,es,o contexto= co,preende#se ue a fada tenha a ara e a princesa dos
Tr"s Cisnes= o arco3  colocado e, ,ãos fe,ininas al'o ue poderia ser
fonte de te,or para as ,eninas3
São raros os casos= nos contos de retorno= e, ue a criança conse'ue
oltar N casa soinha= se, auxílio de al'u, adulto= ,es,o porue a
finalidade do conto é ,ostrar o
8?
despreparo da criança para sair pelo ,undo3 A 'rande exceção é E
@eueno @ole'ar= criança e, tudo excepcional3
Co,o seu no,e indica= @eueno @ole'ar é u,a ano,alia (e tale por isso
o entusias,o das crianças por ele)= o ta,anho co,pensado pela
inteli'"ncia fora do co,u,3 As .otas de sete lé'uas= ue co, ast/cia
conse'ue=
te,po alé, idade)=
(a pouca de sere,
sãocapacidade
ta,.é, ,eio ,-'ica para encer
de asse'urar o espaço
N criança ue e o
seus
Ir'ãos sexuais peuenos não exi'e, ren/ncia dos desePos= ,as
i,a'inação para satisfa"#los3  interessante o.serar ue= se nos Tr"s
Cisnes a ,enina e,punha o arco= aui o ,enino entra nu, enor,e e
protetor OrecipienteO: as .otas3 $ se sai ,uito .e,3
E @eueno @ole'ar é u, dos contos onde ,elhor aparece, tanto o ,edo
ue a criança te, da rePeição (ser ,orta pelos pais) uanto a necessidade
de reparação= isto é= de reco,por a .ondade dos pais depois da fantasia
de sua i,ensa ,aldade3 @or isso ,es,o as proeas ,aiores são feitas3
@ole'ar su.stitui para si prIprio e para os ir,ãoinhos o pai e a ,ãe por
pais ideais: as .otas acolhedoras e saladoras do ,enino ue não
a.andona os ir,ãos= os prote'e contra os peri'os da floresta e contra o
'i'ante= os tra de olta N casa co, fortuna= 'arantindo a so.rei"ncia
da fa,ília3 +ão h- príncipes ne, princesas= tudo depende da inteli'"ncia
e i,a'inação da criança po.re e ,in/scula3
B- nos contos contínua interenção de .ons adultos= ,as ue não
interé, de ,odo casual ou ar.itr-rio e si, de acordo co, -rias re'ras=
entre as uais se destaca a escolha dos ,ais fracos (o caçula= o Irfão= a
íti,a) e dos ue t", senso de Pustiça= alé, da cora'e,3 E uso dos
talis,ãs ta,.é, est- su.,etido a re'ras= os trans'ressores sendo
punidos (perda da pot"ncia do o.Peto ,-'ico= retorno do o.Peto contra o
usu-rio) ou protelada a che'ada N ,eta (a seG"ncia de proas
reco,eçando ou tornando#se ,ais -rdua)3 BerIis e heroínas precisa,
de,onstrar ue são di'nos do talis,ã (sePa por suas ualidades anteriores
N
Nsrecepção
re'ras dedoseu
o.Peto= sePa pelo
e,pre'o)3 $,uso ue dele
resu,o: fae,= sePa
as condutas pelare'uladas
estão o.edi"ncia
por
nor,as e alores= a finalidade do conto sendo persuadir a criança de ue
tais nor,as são .oas e erdadeiras e ue o sofri,ento
84
decorre apenas de sua deso.edi"ncia3  o co,pro,isso do conto= situado
entre o l/dico e a repressão3
+a ,aioria dos contos= o talis,ã é do, de u, adulto para u,a criança
,es,o ue esta não o sai.a3 B-= poré,= u,a for,id-el exceção: ;oão e
o @é de FeiPão3
E.tido nu,a sa.ida transação (ue os adultos não entende, e casti'a,)
o 'rãoinho de feiPão= .o, s",en= plantado e, .oa terra= cresce durante
u,a /nica noite3 !i'antesco caule= so.e= so.e= elea#se até Ns nuens=
riPo e duro= o ,enino podendo nele trepar3 Co,o era ineit-el= ;oão
penetra no castelo do 'i'ante ,alado (fi'ura ,asculina a,eaçadora)
ue possui u, se'redo precioso= u,a 'alinha ue .ota oos de ouro
(i,a'e, fe,inina da fertilidade= 'uardada e, se'redo= fonte de riuea:
os ue nasce,)3 &ela se apodera ;oão= fu'indo pelo caule= perse'uido pelo
'i'ante e= para salar#se= o ,enino corta o .elo pé de feiPão3
E conto procura lidar co, u, ele,ento repressio co,plicado3 E.tida a
'alinha chocadeira de riueas por u, furto (Pusto= pois o 'i'ante é ,au e
a fa,ília= po.re)= esse ato te, clara si'nificação incestuosa e pode ser u,
risco para a ida da fa,ília e do ,enino= pois o 'i'ante se pQe a descer
pela -rore= a ,es,a por onde o ,enino trepara3  preciso cortar o pé de
feiPão depois ue o essencial foi conse'uido= isto é= a fertilidade3 E sexo
cresce
,as lire,ente
essa li.erdadedee
é co,o u, ele,ento
encontrar da naturea=
u, li,ite u, e'etal
e ser freada= cortada3=
E
,enino ue su.iu é o 'i'ante ,au ue desce3 $ e, co, f/ria assassina3
Es contos de fadas= tais co,o os conhece,os= são resultado de ,uitas
reela.oraçQes na sociedade européia= fixados nos séculos X*JJJ e XJX=
carre'ando as concepçQes desses séculos so.re a sexualidade (e so.re
outras coisas ta,.é,)3 Era= é interessante o.serar ue= no século XJX=
ao lado desses contos= sur'e= na Jn'laterra= u, outro tipo de estIria= e,
certos aspectos se,elhante ao ,arailhoso dos contos= ,as co, u,a
diferença funda,ental: o ,undo adulto não é apresentado co, diisQes e
a,.i'Gidades= .o, e ,au= difícil e deseP-el= ,as co,o ,au e
indeseP-el3 $sta,os pensando e, @eter @an e e, Alice  o ,enino ue
recusou crescer= ficando na Terra do +unca= e a ,enina cuPo autor não
desePou ue ela crescesse= faendo#a conhecer a luta ,ortal e a.surda
co, a Rainha do %aralho nu, ta.uleiro de xadre3
80
uitos co,entadores= de for,ação psicanalítica= afir,a, ue o ,edo de
@eter @an o fa preferir a i,aturidade sexual= o ho,ossexualis,o e a
,astur.ação (o pI de pirli,pi,pi, e o Vo)= e ue as OperersQesO de
LeKis Carrol (o autor de Alice) o faia sentir atração sexual pelas ,eninas=
não desePando ue ficasse, adultas3
+ão pretende,os refutar ne, concordar co, esses co,entadores3
!ostaría,os apenas de le,.rar ue essas estIrias fora, i,a'inadas nu,
período conhecido co,o o da O,oral itorianaO= uando a Jn'laterra=
passando pela se'unda reolução industrial= ,antinha o controle
capitalista
por in/,erosso.re o ,undo3
autores co,oA sociedade
u,a das desse período,ais
sociedades é narrada e descrita
repressias da
sexualidade3 Assi, sendo= podía,os considerar a recusa do ,undo adulto
por @eter @an e por Alice= e, e de Oanor,alO= tale ,uito saud-el e
l/cida3 A Terra do +unca= apesar do Capitão !ancho= é perfeita= ,as o @aís
das arailhas é feito de a,eaças e de frustraçQes3
+u, ro,ance da escritora in'lesa *ir'ín ia oolf= Erlando (estIria de u,
ho,e,#,ulher ue ie e, dois períodos diferentes da histIria da
Jn'laterra)= a ro,ancista descree o ,o,ento e, ue= ador,ecendo
co,o rapa no século X*JJ= a persona'e, desperta co,o ,ulher= e,
pleno século XJX: " por toda parte casais co, traPes cina e ne'ro= o céu
é tene.roso e opressio e a ,oça despertada sente u,a dor inexplic-el
no dedo anular esuerdo (isto é= onde se coloca a aliança de casa,ento)3
uitos adultos fica, chocados co, a iol"ncia dos contos de fadas e se
surpreende, co, o fato de ue não a perce.ia, uando era, crianças=
co,praendo#se nela3  ue a ,aioria das crianças= alé, de aceitar
natural,ente o ,arailhoso= espera co, ina.al-el certea auilo ue o
conto pro,ete e se,pre cu,pre: Oe fora, felies para se,preO3 A 'ente
se en'ana= portanto= uando tenta OaçucararO os contos ou o,itir as
passa'ens OiolentasO3
uitos se surpreende, co, o fato de as crianças não sI desePare, ouir
in/,eras ees os ,es,os contos (nu,a repetição ue deixa os adultos
extenuados)= ,as ta,.é, não
81
ad,itire, ualuer ,udan ça no enredo= por ,enor ue sePa (co.ra, do
adulto ue
al'u,a OencurtaO
ação)3 a estIria=
$ssa relação uaseo,ite ou esuece
,aníaca al'u,dadetalhe=
e o.sessia criançaaltera
co, a
narratia é essencial3
A ,onta'e, do enredo= a confi'uração das persona'ens= os detalhes
constitue, u, ,undo cuPa esta.ilidade repousa no fato de poder ser
repetido se, alteração= contraria,ente ao cotidiano da criança ue= por
,ais rotineiro= é feito de ,udanças3 Alé, disso= os contos= operando co,
,eta,orfoses= desapareci,entos e reapareci,entos= ,orte inco,pleta
dos .ons e ,orte definitia dos ,aus= funciona, e, consonMncia co, as
fantasias da criança= particular,ente o ,odo co,o estrutura o
desapareci,ento e o reapareci,ento das pessoas ,ais prIxi,as= ue
a,a e de ue, depende in/,eras crianças inenta, Po'os de esconder e
achar o.Petos= pois sa.e, onde estão3 A anta'e, do conto so.re a
realidade= neste aspecto= consiste no fato de ue enuanto= nesta /lti,a=
a criança Pa,ais ter- certea do retorno dos desaparecidos ou do su,iço
definitio daueles ue te,e ou odeia= no conto tudo isto lhe é
asse'urado= a presença e a aus"ncia ficando apenas na depend"ncia dela
prIpria e= para tanto= exi'e a narração e a repetição3
Wual de nIs não experi,entou as e,oçQes de .rincar de OpiueO ou
Ope'adorO $ncontrar é encer u,a proa diante do desapareci,ento3
as= aspecto releante= o ,edo de ser encontrado ta,.é, é i,portante
porue nos torna isíeis no ue deseParía,os ocultar3 $= por isso3 não ser
encontrado ta,.é, define o encedor3 +ão é su'estio ue as crianças
,enores adore, esse Po'o= sI ue= esconder#se= para elas= é fechar os
olhos Acredita, ue o ue não estão endo as esconde3 arailhosa
fantasia3
i,a'inandoarailhosa onipot"ncia
ue &eus não o " porue(co,o Adão=
não é isto por entre
ele)3 as -rores=
FreGente,ente os adultos te,e, o praer ,anifestado pela criança
diante da Oiol"nciaO das narratias3 $, 'eral= o adulto te,e=
inconsciente,ente= ser identificado co, os O,ausO= se, perce.er ue
essa identificação é se,pre contra.alançada pela identificação co, os
O.onsO e= so.retudo= ue ela é saud-el para ele e para a criança ue
pode= pela fantasia= faer discri,inaçQes ue lhe seria, difíceis ou uase
i,possíeis se, o ,aterial i,a'in-rio3
88
+ão é raro er,os crianças ue se sentindo ou se i,a'inando pouco
a,adas e te,erosas do Idio ue experi,enta, por al'uns adultos
tendere, a duas atitudes ,uito co,preensíeis3 Al'u,as Otorce,O pelas
.ruxas= pelos o'ros e dra'Qes= identificando#se co, eles e dando aão N
a'ressiidade ue= doutro ,odo= poderia ser punida se ,anifestada3
Eutras= se enche, de paor= pois os O.onsO lhes parece, ,uito
lon'ínuos e inalcanç-eis= enuanto os O,ausO lhes parece, ,uito
prIxi,os e poderosos3 $, certo sentido= pode#se dier ue não o praer e
si, o paor sentido por al'u,as crianças é ue poderia ser considerado
co,o u,a espécie de aiso ou de alerta de u,a sexualidade co,
sofri,entos e dificuldades3
E praer pelos contos não ai se, discri,inação3 A criança discri,ina os
alores ali lançados e os or'ania para si prIpria3 $, contrapartida= co,o
o.serou %ettelhei,= a ,aioria das crianças não aprecia f-.ulas3 Wual a
criança ue não sente ofendido o seu senso de Pustiça na f-.ula de A
Ci'arra eporue
criança a For,i'a Feitas
esta não por adultosA para
é ,oralista3 éticaadultos=
infantil a f-.ula
não desa'rada
passa pelos a
cIdi'os estreitos dos apIlo'os ne, pelo cultio da frustração= prIprio das
f-.ulas  a raposa se, as uas= o coro se, o ueiPo= o cão se, a carne3
Se a criança tolera a exi'"ncia de ,oderação dos i,pulsos= não tolera "#
los per,anente,ente frustrados3 ] patolo'ia repressia da f-.ula= ela
opQe u,a outra econo,ia do praer3 Co,o $,ília= se,pre se,#ceri,Vnia=
ue f-.ula a f-.ula= conta outro conto e ,uda a ,oral da estIria= para
escMndalo de &ona %enta3

Visitando ele!de!"urro

Ao dar N lu u,a ,enina= a rainha ,orre deixando i/o e triste o rei ue=
desde então= apenas cuida da princesa3 Che'ando esta aos uine anos=
sua se,elhança co, a ,ãe é tão 'rande ue o pai por ela se apaixona=
desePando casar#se co, ela3 Aterroriada= a ,enina procura ref/'io Punto
N aia ue a criara3 &ando tratos N .ola= final,ente a aia Pul'a ter
8
encontrado u, estrata'e,a para i,pedir o casa,ento3 Jnstrui a ,enina
para ue faça ao pai u, pedido i,possíel de ser satisfeito= ,as condição
para aceit-#lo co,o ,arido3 &ee pedir#lhe u, estido feito de sol3 Euido
o pedido= o rei conoca todos os tecelQes e tecelãs do reino e ordena ue
o estido sePa feito3 $, tr"s dias= est- pronto3 A aia repete o conselho=
,as a'ora o estido dee ser de lua3 Feito3 +oo pedido= ,as de u,
estido de ,ar3 Ta,.é, feito3 Furioso co, a recusa= o rei declara ue se
casar- co,a aaia
Apiedada= princesa= de toda
o.té, u,a pele,aneira=
de .urro=caso
nelacontr-rio
enole a,andar-
,enina ,at-#la3
e a lea
para fora do reino= deixando#a entre'ue N prIpria sorte3
Assi, disfarçada= @ele#de#%urro che'a ao reino iinho onde conse'ue
tra.alho co,o coinheira do pal-cio e= por causa de seu aspecto= dão#lhe
co,o ,orada o chiueiro3 Todas as noites= antes de dor,ir= @ele#de#%urro
usa seus estidos e chora seu triste destino3
E filho do rei che'a N idade do casa,ento3 E pai conida todas as da,as
solteiras do reino e dos reinos iinhos para tr"s .ailes= uando o príncipe
deer- escolher a esposa3 Dsando seus estidos de sol= lua e ,ar= @ele#de#
%urro co,parece aos .ailes e= desde a pri,eira noite= é a preferida do
príncipe ue so,ente co, ela dança3 $la não reela o no,e= onde ie=
ue, é3 Ao fi, do terceiro .aile= retorna ao chiueiro e N coinha3 E
príncipe adoece e ,édicos indos de toda parte não conse'ue, cur-#lo
porue desconhece, seu ,al3 @ele#de#%urro fa u, .olo colocando seu
anel de princesa na ,assa3 Lea ao príncipe ue= na pri,eira dentada=
,orde o anel= retira#o da .oca e o reconhece3 Jnda'a ue, o colocou ali3
@ele#de#%urro é traida e diante de todos retira a pele= aparecendo no
estido de sol3 Curado i,ediata,ente= o príncipe se leanta= pede#a e,
casa,ento= é aceito e lo'o se inicia, os festePos3 $ os dois fora, felies
para se,pre3
+este conto= a ,ãe ,orta não é su.stituída pela ,adrasta perersa= ,as
pela .oa aia ue criou= aconselhou e prote'eu a ,enina contra o desePo
incestuoso do pai3 $ste= diferente,ente de outros contos= não é u, po.re
elho infeli= ,as u, fo'oso senhor3 A não ser por essas diferenças= no
restante o conto parece se'uir o padrão dos de,ais: os uine
8>
anos da princesa e os riscos daí adindos= a fu'a= o esconderiPo na pele de
.urro= na coinha e no chiueiro= os .ailes e o casa,ento co, o príncipe=
depois de sal-#lo3 +o entanto= a tra,a é .e, co,plicada3
A .ondade da aia é a,.í'ua e suspeita3 Jnicial,ente procura esconder a
,enina= conserando#a no uarto= lon'e= portanto= do desePo paterno3
&epois= su'ere os estidos ue= alé, de sere, feitos co, ele,entos
naturais (a +aturea não proí.e o incesto) e não podere, prote'er a
,enina= ainda a transfor,a, e, sedutora= exacer.ando o desePo
paterno= cul,inando na a,eaça de ,orte (a,eaça ue al'uns estudiosos
cha,a, de OPul'a,ento do Rei LearO= para le,.rar o rei da tra'édia de
Sha<espeare ue repudia a filha Cordélia porue não Pul'a suficiente seu
a,or filial)3 Final,ente= é a aia ue, coloca a ,enina no interior da pele
de .urro repelente e a condu para lon'e da casa (nu,a expulsão
.eni'na= ,as expulsão de todo ,odo)3
Aparente,ente= as persona'ens se distri.ue, duas a duas: rei#princesa=
princesa#aia3 +a realidade= a relação é tern-ria= pois entre o pai e a filha
se coloca a aia#,ãe3 orta no parto= reaparece co,o a,a#de#criação3
A fi'ura da aia co,anda toda a pri,eira parte do conto= nu,a atitude
in'adora contra o rei e a filha3 +essa pri,eira parte= a ,enina est- so. a
a,eaça de dois a,ores: o do pai e o da aia= ,as se a a,eaça do pri,eiro
é perce.ida por ela= a da se'unda fica i,perceptíel so. o disfarce da
proteção3 A persona'e, co,plexa= portanto= é a da aia e não a do rei3
$ste= tudo ,ostraY auela= tudo oculta3 Rele'ada Ns partes seris do
castelo= neleporé,=
A situação= reina3 é ,ais co,plexa3 A aia#,ãe= falsa protetora= ta,.é,
est- a seriço de u,a outra fantasia3 Aparente,ente= o desePo incestuoso
parte do pai3 +a erdade= parte da filha= a aia estando a seriço do
oculta,ento desse desePo= colocada= co,o nas peças teatrais= na
ualidade de co,parsa e c/,plice3 E a,or da ,enina pelo pai não pode
aparecer porue sua aparição exi'iria o Idio pela ,ãe3 Era= isto ue o
ue a fa a,ada pelo pai é sua total se,elhança co, a ,ãe= ela não sI P-
conse'uiu ocupar o lu'ar ,aterno= ,as ainda colocar a ,ãe no lu'ar
su.alterno de u,a seriçal3 Lu'ar= ue a se'uir= ela prIpria ocupar-= ao
tornar#se coinheira= desaloPando a ,ãe de todos os lu'ares3 B- u,a
82
luta surda e inteira,ente dissi,ulada na relação princesaaia3
E disfarce da pele de .urro é si'nificatio3 +ão si'nifica apenas a
ani,aliação da ,enina por o.ra do pai e da ,ãe3 Si'nifica ,ais al'u,a
coisa3 $, -rias reli'iQes existe, rituais propiciatIrios dedicados N
purificação e N fertilidade3 +a !récia= por exe,plo= existe o rito dionisíaco
de ,orte do .ode para expiação das culpas= renasci,ento e fertiliação
da terra3 +esse ritual= os participantes se co.re, co, peles de .ode=
dança,= t", relaçQes sexuais e .e.e, inho= encenando a histIria do
deus &ioniso= ,orto por a,or de sua ,ãe e ressuscitado pelo sacrifício
por ela feito3 Co.erta na pele de .urro= a ,enina realia u, rito
se,elhante= ao ual se acrescenta a ,orada no chiueiro3
&iferente,ente de %ranca de +ee e de %ela Ador,ecida= sua espera ou
passa'e, não se realia pelo sono= ,as N se,elhança de %orralheira= ie
na suPeira
$ssa e na i,purea
i,purea e= N sentidos3
te, -rios se,elhança= de
por%ela=
u, ie
lado=co,
a ani,ais3
,enstruação=
encarada na ,aioria das culturas co,o i,purea ue isola as ,ulheres=
faendo#as intoc-eis3 São os desePos proi.idos= a ,astur.ação (estir os
estidos antes de dor,ir)= a fase anal= por outro lado3 as não sI isso3
Analisando o si'nificado das cinas e do .orralho= na %orralheira= %runo
%ettelhei, le,.ra ue na anti'a Ro,a as *estais (,eninas da ,ais alta
estirpe ro,ana ue deeria, per,anecer ir'ens até os trinta anos)=
estaa, encarre'adas de u,a das ,ais altas= no.res e i,portantes
funçQes: a conseração do fo'o sa'rado= protetor de Ro,a3 Era= @ele#de#
%urro ie no chiueiro= ,as é coinheira no pal-cio= iendo ao pé do
fo'ão3 $sse lu'ar não sI a transfor,a de rece.edora de ali,ento (criança)
e, doadora dele (,ãe)= ,as ta,.é, lhe d- u,a noa fi'ura: tra.alha
co, o tri'o (o .olo) e este é sí,.olo de ir'indade (a *ir'e,= do ^odíaco=
carre'a u, ra,o de tri'o) e de fertilidade3 Articula,#se= assi,= ida=
,orte= pele de ani,al para purificação= ir'indade e fertilidade3
Wuanto aos .ailes= P- i,os seu sentido principal nos contos3 *estida de
naturea= a princesa dança e sedu3
Wuanto ao .olo= ta,.é, P- ,enciona,os seu sentido3
87
Resta o anel3 Alé, de sí,.olo eidente da aliança ,atri,onial= o anel
assu,e sentido para a sexualidade da persona'e, ,asculina3 Antes de
enfi-#lo no dedo= o príncipe o coloca na .oca3 Sua doença é a infantilidade3
Sua cura= transferir o anel da .oca para o dedo= e reconhec"#lo co,o u,
o.Peto doado por @ele#de#%urro= não podendo deor-#lo3
Es estidos
ele,entos da ta,.é,
naturea3 são si'nificatios=
$, in/,eras alé, esses
,itolo'ias= do sentido 'eral
ele,entos sãode
deuses e costu,a, for,ar u,a trilo'ia ou trindade indissol/el: sol#dia#
lu#fo'o#sexoY lua#noite#trea#,istério#sexoY ,ar#-'ua#a.is,o#sexo3 Força
ital força ,-'ica e força conce.edora3
E n/,ero tr"s= cuPo si'nificado preciso desconhece,os neste conto= é
considerado e, ,uitas culturas o n/,ero perfeito ou n/,ero da
har,onia e da síntese dos contr-rios3 @ossui poderes ,-'icos (repetir tr"s
ees u,a expressão ou u, 'esto)3 +a filosofia pita'Irica= for,a a fi'ura
perfeita e sa'rada do triMn'ulo constituído pelos de pri,eiros n/,eros3
+a Ca.ala= tr"s são as lues ,ais altas do infinito= for,ando o Oteto dos
tetosO e tr"s são as letras do no,e de &eus uando este passa de OnadaO
a O$uO3 Tr"s são as @essoas da Santíssi,a Trindade3 Tr"s ees @edro
ne'ou Cristo3 Tr"s são as ess"ncias ou hieraruias celestes (na pri,eira:
tronos= serafins e ueru.insY na se'unda: poderes= senhorias e pot"nciasY
na terceira: anPos= arcanPos e potestades)3 Tr"s são as partes da al,a3 Tr"s
as irtudes cardeais (fé= esperança e caridade)3
Tr"s estidos= tr"s .ailes3 $, %ranca de +ee= tr"s ees a ,adrasta ai N
casa dos anQes (na pri,eira= co, o cinto de fitas= na se'unda= co, o
pente= na terceira= co, a ,açã)3 Tr"s são as filhas e, A %ela e a Fera e na
!ata %orralheira= co,o tr"s são as ir,ãs nos Tr"s Cisnes e nas Tr"s
@lu,as3
Tr"s ees= na canção= OTereinha foi ao chãoO e Oacudira, tr"s
caalheiros_ Todos tr"s chapéu na ,ão_ o pri,eiro foi seu pai_ o se'undo=
seu ir,ão_ o terceiro foi auele a ue, ela deu a ,ãoO3
A refer"ncia
de ue fie,os
lado aspectos aos contos
i,portantes de fadas foi ,uito su,-ria= deixando
co,o= por
86
exe,plo= outros si'nificados das prIprias fadas e de,ais fi'uras
,arailhosas= ou outros sentidos da relação entre a .ondade e a ,aldade=
para a criança= e a diisão dos .ons e ,aus nos contos3 Ta,.é, não
analisa,os os -rios si'nificados dos ani,ais e das plantas (oriundos de
,itolo'ias e si,.olo'ias de -rias épocas)= dos ele,entos naturais co,o
-'ua= fo'o= ar e terra (so.re os uais o filIsofo !aston %achelard
escreeu= considerando#os aruétipos do inconsciente uniersal)= das
poçQes e filtros preparados por fadas e .ruxas (so.re os uais os
historiadores ,uito t", pesuisado)= das palaras ,-'icas (ue
aparece, e, outros contextos= co,o no fil,e de Fellini= Eito e eio=
onde= ao pronunciar as palaras OAsa +isa asaO= o ,enino tra e expulsa
fantas,as e realia desePos)3 +ão analisa,os os o.Petos ,-'icos= e,.ora
tenha,os feito .ree refer"ncia Ns espadas= aos .olos= Ns .otas= aos
sapatinhos (,as nada disse,os so.re o espelho= e, %ranca de +ee e A
%ela e a Fera= o espelho aparecendo no pensa,ento ocidental e, idéias
co,o Oos olhos são espelho da al,aO= ou co,o feitiço peri'oso= N ,aneira
de +arciso ue se apaixonou por sua prIpria i,a'e,= propiciando o
sur'i,ento do conceito de narcisis,o ou de fase do espelho= na
psican-lise)3
Apesar dessas lacunas= 'ostaría,os de su'erir aui ue os contos
tra.alha, e, dois níeis: u, i,a'in-rio (a estIria propria,ente dita) e
u, si,.Ilico (a construção i,plícita do enredo= o lu'ar e a hora de cada
peripécia=
ta,.é, deosle,.rar
o.Petos=ue
as cores= os n/,eros=
os sí,.olos as palaras)3
não estão !ostaría,os
no lu'ar de outra coisa=
não são su.stitutos= ,as são a prIpria coisa presentificada por ,eio de
outras3 E sí,.olo realia ou tra a coisa por inter,édio de outra3
Ta,.é, não nos detie,os nas posiçQes sociais e políticas das
persona'ens  reis= rainhas= príncipes= princesas= seros= ca,poneses3
+e, no fato de al'uns sere, estran'eiros ou defor,ados (não é curioso=
por exe,plo= ue haPa u,a oura ue é torta)3 +e, nos de,ora,os na
estrutura da fa,ília encontrada nos contos3 +u,a palara= as di,ensQes
histIricas= ideolI'icas e políticas fora, silenciadas3
So.retudo não fie,os ualuer ,enção N al,a dos contos= isto é= ue
são o.ras liter-rias3 +ada disse,os de sua construção artística= de suas
ori'ens= transfor,açQes e reela.oraçQes
?
no decorrer do te,po (situaçQes ,edieais tratadas co, recursos do
ro,antis,o= por exe,plo)= do ,odo co,o participa, de -rias fontes
diferentes de pensa,ento (co,o a Ca.ala= presente na escolha dos
n/,eros= priile'iando o 0= o 1= o 2 e o 4?Y na escolha das horas=
particular,ente a ,eia#noiteY na escolha de e'etais= cores= ,et-foras)=
do si'nificado da orde, de aparição e desaparição de persona'ens ou da
seG"ncia dos eentos (u,a an-lise de tipo estrutural poderia ,ostrar=
por exe,plo= porue a seG"ncia é se,pre a ,es,a)3 $ssa aus"ncia da
consideração artística é 'rae so.retudo uando considera,os dois fatos
culturais: a pasteuriação dos contos de fadas por &isne9 e o sur'i,ento
de u,a literatura infantil OrealistaO3
+a disne9lMndia
Fantasia e %ranca(exceção
de +eefeita
e ospara
Sete duas o.ras#pri,as
AnQes)= de curiosa
opera#se u,a &isne9:
inersão3 $, lu'ar de encontrar,os= co,o nos contos narrados= a criança
lidando consi'o ,es,a ao lidar co, a diisão dos .ons e dos ,aus=
encontra,os adultos fa.ricando a O.oa criançaO co, ue, possa,
conier se, ,edo3 E desenho sI é l/dico se for O.ondosoO (a
contraproa sendo o horror de u, fil,e co,o @inIuio)3
@ara ,elhor aaliar,os essa perda= pode,os rele,.rar A %ela e a Fera=
no fil,e de ;ean Cocteau3 Alé, da a,.i'Gidade na relação entre pai e
filha e na rialidade das ir,ãs pelo a,or paterno= Cocteau d- especial
atenção N fi'ura de Fera: na cena do desencanta,ento desco.ri,os ue
u, ,es,o ator fa dois papéisY nu, deles= é u, adolescente ena,orado
de %ela ue= oltada para o pai= seuer o perce.eY noutro= é a Fera3 E
desencanta,ento é a reunificação das fi'uras ue se,pre fora, u,a sI=
estando duplicadas apenas por causa do ,edo de %ela3 edo
,a'istral,ente tratado na cena do espelho= onde se reea, as i,a'ens
de %ela= do pai= da Fera e do apaixonado3 +a relação sexual= co, ue
ter,ina o fil,e= %ela e o @ríncipe= enlaçados= as roupas a'itadas pelo
ento= suae,ente elea,#se nos ares= su,indo por entre as nuens3
@or sua e= a cha,ada literatura infantil realista= alé, de priar a criança
do acesso ao i,a'in-rio ,arailhoso= funda,ental para sua constituição=
procura criar a Ocriança /tilO ue co,preende o ,undo Otal co,o éO (co,
o detalhe de ue é Otal co,o éO para o adulto ue escreeu a estIria)=
aceita a diisão social dos papéis co,o diisão sexual correta= fa do
tra.alho e do sucesso alores centrais3
4
+ota a.aixo da foto:
Ser- Freud o pri,eiro a captar ue $ros e @siu" não são dois entes
separados perpetua,ente .uscando u, ao outro= ,as ue são u, sI e
,es,o ser: $ros (o desePo) ha.ita @siue (a al,a)3 Co,o no poe,a de
Fernando @essoa= e, ue o príncipe deste,ido .usca a princesa
encantada para desco.rir ue ele era ela3 &esePo de indiisão e de fusão
perpétua (i,possíel)= o laço ue enlaça e, terno e fundo a.raço= é a
sexualidade hu,ana= perpetua,ente repri,ida3
Fi, da nota3
0
A fantasia é considerada peri'osa ou in/til3
$ssa literatura= pretensa,ente realista= su.stitui a criança sa.ida=
inentia= crédula e astuta= a,edrontada e alente= pela criança tonta e
O.e,#intencionadaO3 Tale fosse .o, rele,.rar,os a o.ra de onteiro
Lo.ato ue não repri,iu OperersQesO (+ariinho e o @ríncipe $sca,ado=
$,ília e Ra.icI)= escreendo na certea de ue a criança é inteli'ente=
sa.ida e crítica3 Afinal= não realiou a ,ais extraordin-ria proea uando=
traendo ao Sítio do @ica#@au A,arelo as persona'ens dos contos de
fadas= deu#lhes a oportunidade de conocar os autores dos contos e Pul'-#
los= $,ília propondo recontar doutro Peito as estIrias @ena ue a
teleisão ta,.é, tenha pasteuriado Lo.ato3
$nfi,= não ,enciona,os o ,arailhoso ela.orado no folclore .rasileiro3
@or ue ser- ue o canto da Diara sedu e ,ata os ho,ens E Saci#@erer"
é preto= perneta= usa .arrete er,elho e pita u, pito de .arro E Curupira
te, os pés irados
a.andonados para tr-s
ira, estrelas= +o conto
.rilhando do +o
no céu Sete $strelo
conto os filhos
A Fi'ueira= a
,adrasta enterra as enteadas= cuPos ca.elos se transfor,a, e, -rore e
cuPo canto triste per,ite a u, ho,e, desco.ri#las e sal-#las as não
custar- ao Poe, leitor partir e, .usca desse i,a'in-rio= se uiser3
+Is lhe reco,enda,os ia,ente ue= se o fier= aceite a co,panhia do
acunaí,a de -rio de Andrade3
Wuando inicia,os este tIpico= disse,os ue não concord-a,os
inteira,ente co, as interpretaçQes de %runo %ettelhei, e de,os al'uns
,otios de nossa discordMncia3 $, particular= diía,os= a excessia
centraliação das an-lises e, torno das relaçQes fa,iliares3
@ara ue nossa afir,ação não pareça desca.ida= so.retudo apIs a
peuena isita ue fie,os N @ele de %urro= 'ostaría,os de transcreer
aui u, outro conto de fada ue se olta= de ,aneira extraordinaria,ente
.ela= para o fundo ,ais fundo= l- onde ,er'ulha a .usca do ,arailhoso3
1
Conta a lenda ue dor,ia D,a @rincesa encantada A ue, sI despertaria
D, Jnfante= ue iria &e alé, do ,uro da estrada3
$le tinha ue= tentado= *encer o ,al e o .e,=
Antes ue= P- li.ertado= &eixasse o ca,inho errado @or o ue N @rincesa
e,3
A princesa Ador,ecida= Se espera= dor,indo espera3 Sonha e, ,orte a
sua ida= $ orna#lhe a fronte esuecida= *erde= u,a 'rinalda de hera3
Lon'e o Jnfante= esforçado= Se, sa.er ue intuito te,= Ro,pe o ca,inho
fadado3 $le dela i'norado3 $la para ele é nin'ué,3
as
se, cada u, processo
tino @elo cu,pre odiino
&estino$la dor,indo
Wue fa existir a encantada
estrada3 $le .uscando#a
$= se .e, ue sePa o.scuro Tudo pela estrada fora= $ falso= ele e,
se'uro= $= encendo estrada e ,uro= Che'a onde e, sono ela ,ora3
$= inda tonto do ue houera= N ca.eça= e, ,aresia= $r'ue a ,ão= e
encontra hera= $ " ue ele ,es,o era A @rincesa ue dor,ia3
$ste poe,a encontra#se no Cancioneiro do poeta Fernando @essoa e se
cha,a $ros e @siu"3
8
+ota a.aixo da foto:
+u, liro dedicado ao estudo da o.ra de Fernando @essoa= intitulado:
Fernando @essoa  Aué, do $u= Alé, do Eutro= a escritora Le9la
@errone oisés interpreta a fi'ura desse poeta cuPa o.ra se desdo.ra e,
uatro= cada ual co, u, no,e de poeta diferente= cada ual por ele
atri.uída a u,apessoa diferente3 +a .usca#recusa da identidade (aué,
do eu= alé, do outro)= a escritora nos le,.ra ue= e, lati, persona é a
,-scara usada pelos atores no teatro= e ue= e, franc"s= personne uer
dier: nin'ué,3
$is aí a ersão repressia de $ros e @siu": dois seres= enclausurados nu,
cu.ículo e e, suas estes= se, corpo e se, rosto= enlaçados pelas
conençQes3 $ncontro se, contato (as .ocas não se .eiPa,= .eiPa,
trapos) e se, inti,idade= pois= no cu.ículo fechado e so. os panos ue
co.re, seus corpos e rostos= se desco.re a presença da sociedade inteira=
i'iando e controlando o po.re par3


#dipo!Rei
A tra'édia de dipo= rei de Te.as= ue ,atou seu pai= casou#se co, sua
,ãe= trouxe por seus atos infa,es a peste e a desolação ao seu poo=
cul,inando no suicídio da ,ãe#esposa= na ce'ueira olunt-ria do herIi
(ue fura os olhos)= no seu .ani,ento e na execração de seus filhos=
tornou#se u, te,a central na discussão da sexualidade e de sua
repressão= desde o ,o,ento e, ue Freud ela.orou= a partir da tra'édia
de SIfocles= u, conceito por ele desi'nado: co,plexo de dipo3
$,.ora haPa na literatura dos pri,eiros @adres da J'rePa al'u,as
refer"ncias a essa tra'édia (no contexto da discussão ,ais 'eral so.re o
escMndalo do sexo)= propo,os aui exa,in-#la .ree,ente so. uatro
Mn'ulos: o dos helenistas= ue a interpreta, e, seu contexto histIricoY o
de Freud= ue a interpreta co,o n/cleo uniersal da sexualidadeY o do
psicanalista Bélio @elle'rino= para ue, a tra'édia enole o período oral
ou pré#'enital da sexualidade= Ns oltas co, situaçQes persecutIriasY o do
antropIlo'o Léi#Strauss= para ue, o ,ito e a tra'édia de dipo
expri,e, a tentatia de responder a u,a uestão uniersal (isto é=
presente e, todas as culturas) concernente N ori'e, dos seres hu,anos3
$idente,ente= no espaço deste liro não podere,os aprofundar a
discussão= ,as si,ples,ente apresent-#la ao leitor para ue dela se
infor,e3
>
&iante do pal-cio de dipo= rei de Te.as= o poo= e, procissão= carre'a
ra,os
@ranto=para
'ritosdeposit-#los nos 'açQes
e preces= inda altares se,
dos deuses
respostaprotetores
nos fae,dasa.er
Cidade3
ue a
peste assola Te.as= ,atando crianças= adultos= ani,ais e plantas3 +asce,
seres ,onstruosos e= pouco a pouco= reina a esterilidade3 +o alto do
pal-cio= aparece o rei= desolado= ,as a,eaçador= pro,etendo desco.rir a
causa do infort/nio e ue= se causado por al'u, hu,ano= o far- confessar
o cri,e= ,andando ,at-#lo a se'uir3
&i ao poo ue a'uarde co, ele o retorno de seu cunhado= Creonte=
eniado a &elfos para consultar o or-culo= a fi, de ue este ofereça sinais
para a desco.erta do culpado3 &e re'resso= Creonte declara ue o or-culo
afir,ara estar o cri,inoso iendo e, Te.as e ser o ,es,o ue ,atara o
predecessor de dipo= o rei Laio= haendo relação entre esse cri,e e a
des'raça da Cidade3 dipo considera i,possíel o ue escuta= pois todas
as tentatias para encontrar o assassino haia, sido infrutíferas= ,as tão
seeras ue ele não teria co,o ier e, Te.as se, ser desco.erto3 E rei
desconfia de u,a tra,a de Creonte para rou.ar#lhe o poder3 &esconfiança
ue au,enta uando Creonte tra o adiinho Tirésias (u, ce'o= porue na
si,.olo'ia 're'a os ue são dotados do do, da id"ncia so.re o passado
e o futuro= precisa, não contar co, os olhos do corpo= se,pre suPeitos a
en'anos) ue a,eaça dipo co, des'raças ainda ,aiores= se este
prosse'uir a .usca  Tirésias conhece o culpado= ,as se recusa a
no,e-lo apesar das ordens do rei3 ;ocasta= a rainha= ta,.é, aconselha
dipo a a.andonar a .usca= ale'ando ue ,uito te,po se passara e não
haeria por ue reoler o passado= ,elhor sendo realiar rituais
propiciatIrios para ue os deuses afastasse, as des'raças3 as dipo
persiste3
+o correr dos di-lo'os fica,os sa.endo ue dipo se tornara rei de Te.as
porue lirara a cidade da perse'uição da $sfin'e (,onstro co, ca.eça e
seios de ,ulher= corpo de cachorro= ra.o de dra'ão= asas de p-ssaro e
unhas de leão) deoradora das ir'ens de Te.as e ue i,punha co,o
condição para findar a ,atança ue u, ho,e, decifrasse o
2
eni',a ue propunha3 dipo o decifrou e salou a cidade= tornando#se rei
porue Laio fora ,orto nu,a estrada por salteadores3 Fica,os sa.endo
ta,.é, ue dipo iera para Te.as fu'indo de sua cidade= Corinto=
porue sou.era não ser filho le'íti,o de @oli.o e érope= apenas seus
pais adotios= partindo e, .usca dos pais erdadeiros= enfrentando
,alfeitores no ca,inho e ,atando o ,ais elho deles co, u, .astão3
Sa.e,os ta,.é, ue pesaa so.re a casa de Laio e ;ocasta u,a
,aldição: ue seu filho o ,ataria e se casaria co, a ,ãe3 $ ue para
eitar esse horror= ;ocasta entre'ara o filho recé,#nascido a u, seridor
para ue o ,atasse3 dipo di ue ,aldição se,elhante pesara so.re ele
e ue pretendia deixar Corinto= antes ,es,o de sa.er#se adotio= porue
te,ia ,atar @oli.o e desposar érope= pensando até ,es,o e, l- ficar
se pudesse certificar#se de ue tal risco não existiria= caso @oli.o e érope
fosse, seus pais adotios3 @or esse ,otio fora consultar o or-culo de
&elfos ue confir,ara a ,aldição se, lhe dier se os reis de Corinto era,
ou não seus erdadeiros pais3 A d/ida afastou#o de Corinto= leando#o
ru,o a Te.as3
As suspeitas cresce, e, ;ocasta ue procura de,oer dipo da .usca=
se,
Laio= sucesso3
,andando;ocasta sa.epara
,at-#lo ue i'ual
eitar,aldição pesara
ue fosse so.re seue=filho
consu,ada co,
e,.ora
estePa certa da ,orte da criança= a ,aldição de dipo a pertur.a3 dipo
sente#se tranGilo porue a descrição ue os te.anos lhe fiera, da ,orte
de Laio não coincide co, a le,.rança ue possui do encontro co, os
salteadores= na encruilhada ue o leou a Te.as3 Te,endo ue dipo se
deixe a.ater pela le,.rança da ,aldição e procurando apai'uar#se a si
,es,a= ;ocasta procura conenc"#lo de ue todos os ho,ens sonha, e,
dor,ir co, a ,ãe= o incesto sendo u, desePo co,u,3
E desenlace ocorre uando u, pastor= certo de ue trar- .oas notícias ao
rei= e, a Te.as e conta a dipo ue= de fato= ele não é filho de @oli.o e
érope= podendo re'res sar a Corinto se, ,edo= pois para l- fora leado
pelo pastor ue o encontrara no fundo de u, despenhadeiro= co, u,a
pedra a,arrada aos pés= a.andonado e N ,orte3 ostra ao rei as ,arcas
ue este possui nos tornoelos e os pés ue ficara, defor,ados co, o
peso da pedra ue os ataa3 Tudo se encaixa3 Co, horror= dipo e ;ocasta
reconstroe, a estIria3
7
;ocasta se suicida= dipo fura os prIprios olhos e sai de Te.as= .anido3
D,a das artes ,aiores de SIfocles (e ue é prIpria das tra'édias)=
consiste e, oferecer Ns persona'ens todos os ele,entos e indícios para o
conheci,ento da realidade= todos os sinais possíeis para decifrar os
eni',as= ,as ao ,es,o te,po (e nisto est- a tra'édia) enfatiar a
i,possi.ilidade das persona'ens para co,preendere, ou perce.ere, o
ue lhes é oferecido3 Ce'o= Tirésias tudo "3 *idente= dipo nada " e
so,ente
deixe ao conhecer
esuecer a erdade furar- os olhos para ue ce'ueira não lhe
o ue iu3
Se'undo os helenistas= a tra'édia não é apenas u, '"nero liter-rio=
nascido e desenolido e, Atenas entre o fin do século *J A3C e o início do
século J* A3C3= ,as é so.retudo= no dier de ;ean#@ierre *ernant= u,a
instituição social e u,a experi"ncia política3 Alé, de ser custeada pela
Cidade#$stado (a polis)= de ser u, concurso p/.lico de ue participa, os
cidadãos= de ser representada por atores profissionais e por u, colé'io
cíico de cidadãos (ue fae, o coro)= ela é u,a interro'ação ue a
Cidade efetua= u,a reflexão da Cidade so.re os conflitos entre a noa
orde, de,ocr-tica (orde, hu,ana e Purídica) e a orde, anti'a=
aristocr-tica (orde, reli'iosa e fundada no san'ue)3
+ascida no ,o,ento e, ue ta,.é, nasce, a orde, de,ocr-tica e os
tri.unais= as asse,.léias e u,a noa le'islação= a tra'édia confronta e
uestiona o passado e o presente= o ,undo hu,ano e a orde, diina= as
idéias de destino e responsa.ilidade= força e Pustiça= e as tensQes entre as
-rias for,as da autoridade (reli'iosa= política= fa,iliar)3 +ão é casual ue
a tra'édia de `dipo sePa escrita por SIfocles a partir de u, anti'o ,ito
te.ano= anterior N orde, de,ocr-tica= uando existia a realea e a orde,
hu,ana era inteira,ente re'ida pela orde, diina= desconhecida e
i,penetr-el3 As tra'édias são se,pre trilo'ias (tr"s estIrias) e se
desenole, a partir de u, ,es,o n/cleo  o cri,e san'rento no
interior da fa,ília e ue pede in'ança co, outro cri,e san'rento ue
pedir- noa in'ança e se, possi.ilidade de findar o ciclo das ,ortes3
@ara esse n/cleo= as tra'édias se,pre oferece, a ,es,a conclusão  a
necessidade
ue pune os de passar colocando
culpados= N orde, hu,ana
u, fi, do &ireito e intrafa,iliar=
N in'ança da Pustiça p/.lica
prIpria
da
6
realea e da aristocracia3 $, outras palaras= a redefinição do lu'ar do
poder co,o p/.lico (e não ,ais priatio de u, 'rupo li'ado por laços de
san'ue) e da instMncia da lei co,o cíica3
A tra'édia lida co, as contradiçQes entre passado (aristocr-tico= ,ítico e
herIico) e o presente (cíico e de,ocr-tico)Y no interior do indiíduo
(destino_fa,ília= responsa.ilidade_ cidadania)Y no interior do direito (orde,
diina i,posta aos ho,ens_orde, hu,ana da lei)Y no interior da
lin'ua'e, (as persona'ens usa, as ,es,as palaras para dier coisas
opostas= ou usa, palaras opostas para dier as ,es,as coisas)=
predo,inando u, oca.ul-rio Purídico ue indica estar a Cidade
ela.orando sua prIpria realidade= u,a erdadeira pesuisa coletia so.re
o poder3
A tensão entre passado e presente aparece na prIpria for,a teatral  os
atores= no palco= são representantes do te,po passado (reis= rainhas=
herIis ,íticos) enuanto= no coro= estão os cidadãos= representantes do
presenteY e liter-ria  os atores= e,.ora represente, o passado= fala,
nu, '"nero do presente= a prosa= enuanto o coro= e,.ora fi'ure o
presente= usa o '"nero lírico= prIprio do passado3
@ara haer tra'édia é preciso ue o ,undo diino e a orde, hu,ana
sePa, perce.idos co,o diferentes= anta'Vnicos e insepar-eis3 Ta,.é, é
preciso ue tenha sur'ido a fi'ura do ser hu,ano co,o suPeito= isto é=
co,o ue=
sai.a a'ente
e,dotado
/lti,ade ontadeoe ue
instMncia= respons-el por suas
fa é resultado deaçQes= ainda ue
u,a decisão
diina desconhecida3 Jsto é= se, a contradição entre a ontade lire e
respons-el e o senti,ento de cu,prir u, destino ineit-el= não pode
haer tra'édia3
$ssa contradição aparece so.retudo no senti,ento tr-'ico da culpa= pois
é tratada si,ultanea,ente co,o u,a falta reli'iosa e co,o u, delito ou
infração da lei hu,ana= defendo ser Pul'ada por dois tri.unais (u, diino#
reli'ioso e u, hu,ano#político)= a tarefa do autor tr-'ico sendo
Pusta,ente a de faer co, ue os dois tri.unais enha, a coincidir3 +o
caso de dipo#Rei essa dupla di,ensão do Pul'a,ento aparece atraés de
dois procedi,entos: u, reli'ioso (a purificação da cidade e da casa ré'ia)
e u, político (o ostracis,o ou .ani,ento do rei cri,inoso)3
>?
@ara os helenistas= não h- Oco,plexo de dipoO na tra'édia de SIfocles=
ne, a apresentação de u,a naturea hu,ana perene= uniersal3 $ssa
tra'édia é considerada exe,plar porue nela as contradiçQes entre
passado e presente= fa,ília e Cidade= culpa e casti'o= responsa.ilidade e
pena= destino e li.erdade= direito e força= Pustiça e iol"ncia não se
distri.ue,= co,o nas outras tra'édias= entre as -rias persona'ens= ,as
se concentra, todas e, dipo ue di se,pre o contr-rio do ue pensa
estar diendo e fa o contr-rio do ue i,a'ina estar faendo= supondo ue
controla as re'ras do Po'o do poder uando= na erdade= é u, Po'uete
delas3
Antes de ,ais nada= coné, le,.rar ue a tra'édia de SIfocles não se
intitula dipoRei
T9rannIs)3 Tanto a(Eidipous %asileus)=uanto
palara Eidipous ,as a`dipo#Tirano (Eidipous
palara T9rannIs são
essenciais para co,preender,os ual é a tra'édia de dipo3
dipo  Eidipous uer dier: @é Jnchado3 Co,o seu no,e o di= dipo
carre'a u,a defor,ação física e= portanto= s"u corpo não est- confor,e N
+aturea3 Atraés da ação= dipo transferir- a defor,ação ta,.é, para
sua psiu" e se tornar- u, ser contr-rio N naturea hu,ana3 $ssa dupla
defor,idade o coloca aué, ou a.aixo dos de,ais seres hu,anos= fa
dele u, ,onstro no sentido e, ue os 're'os usa, a palara phar,a<Is
(icioso= i,puro= enenoso)3 Sua ação enenena Te.as= tornando#a i,pura
(a peste)3
Co,o na ,aioria das reli'iQes= a reli'ião 're'a possuía rituais de
purificação3 D, desses rituais encontra#se na ori'e, da tra'édia= ue
antes de tornar#se u,a representação teatral era u, rito coletio (o ritual
dionisíaco) de purificação= ,orte e fertilidade3 $ra o rito do .ode expiatIrio
(.ode= e, 're'o= tra'os)= co, apedrePa,ento e expulsão dos i,puros e
cri,inosos para li,par a Cidade das culpas= 'arantir fertilidade e proteção
diina3 $sse rito anti'o est- indicado na a.ertura da tra'édia de dipo
pela procissão dos suplicantes ue deposita, nos altares os ra,os para o
ritual da purificação= da expulsão do phar,a<Is3 Assi,= desde o início= o
autor aisa o p/.lico ue haer- .ode expiatIrio e purificação3
Ali-s= o filIsofo AristIteles escreeu ue a tra'édia possuía u,a função
cat-rtica ou pur'adora (cat-rsis pur'a purificação): o p/.lico= atraés da
representação= podia experi,entar
>4
senti,entos
dessa profundos
,aneira= proocados
dar aão a e,oçQespelas açQes terríeis
pertur.adoras= representadas
purificando#se e=
delas
(al'uns helenistas considera, ue esse aspecto cat-rtico apareceu ,ais
no final= uando não ,ais haia necessidade da reflexão política
Pustificadora da noa orde, esta.elecida= P- asse'urada= restando o papel
reli'ioso e psicolI'ico da representação tr-'ica)3
T9rannIs= para os 're'os= não si'nifica= co,o para nIs= o ditador iolento
ue do,ina pela força3 T9rannIs se opQe a .asileus isto é= ao rei por
hereditariedade ou linha'e,3 E tirano é auele ue conuista o poder= e,
e de herd-#lo= e ue o conuista 'raças Ns suas altas e extre,as
irtudes co,o 'uerreiro= protetor e s-.io3  auele ue possui ualidades
aci,a ou superiores Ns dos outros ho,ens= estando= por isso= aci,a das
leis da Cidade= suPeito apenas N sua prIpria ontade e N ontade dos
deuses3 @orue decifrou o eni',a da $sfin'e= salando a Cidade e
realiando o ue nin'ué, realiara= dipo torna#se tirano de Te.as3 Co,o
tal= encontra#se aci,a e alé, dos de,ais3
Se le,.rar,os ue a tra'édia pretende le'iti,ar a noa orde,
de,ocr-tica= ta,.é, precisare,os le,.rar ue na de,ocracia 're'a
dois princípios são essenciais: o da isono,ia (iso Z i'ualY no,os Z lei) ue
'arante a i'ualdade de todos os cidadãos perante Ns leis= e o da ise'oria
(iso  i'ualY a'ora Z asse,.léia= praça p/.lica) ue 'arante a todos os
cidadãos o direito N palara nas decisQes políticas3 Era= o tirano= estando
aci,a dos de,ais= ue.ra a isono,ia e a ise'oria= é u, desi'ual ue fere
os princípios de,ocr-ticos3 @ara os tiranos= a de,ocracia possuía u,a
pena: o ostracis,o3 Assi,= o título da tra'édia P- indica u,a fi'ura ue a
orde, de,ocr-tica
Se unir,os Eidipouscoloca no ostracis,o3
e T9rannIs= perce.ere,os ue dipo Tirano é u,a
contradição ia: o ho,e, ue por sua defor,ação (física e ,oral) est-
a.aixo dos de,ais= u, phar,a<Is= e o ho,e, ue por suas ualidades
,ilitares e políticas est- aci,a dos de,ais3 Seu no,e prepara o
.ani,ento= sePa co,ophar,a<Is= sePa co,o t9rannIs3 Concentrando e,
sua pessoa os dois pIlos extre,os de possi.ilidade para u, hu,ano 
de'radação ,-xi,a e eleação ,-xi,a  dipo é u, ser interna,ente
contraditIrio ou diidido3 Contr-rio N
>0
+aturea  parricida e incestuoso  e contr-rio N Cidade  tirano3  u,
,onstro3
 neste contexto ue se esclarece o desePo edipiano da erdade a
ualuer preço3 @or u, lado= a .usca decorre do fato de ue dipo Pul'a
Creonte culpado e= se puder pro-#lo= eli,inar- o rial político3 @or outro
lado= no entanto= ele é ,oido por u,a uestão ori'in-ria (tanto no
sentido de ser a uestão ue d- ori'e, N sua tra'édia= uanto no sentido
de ser a uestão da .usca de sua prIpria ori'e,): ue, sou eu ue,
são ,eus pais
$ssa uestão= die, os helenistas= não é existencial ou psicolI'ica= ,as
política3 +u,a sociedade aristocr-tica= para ser rei ou tirano= para che'ar
ao poder= u, ho,e, depende da ori'e, de seu san'ue= de sua fa,ília3
Se os pais de dipo fore, de .aixa extração= estran'eiros ou escraos=
não poder- ser ne, rei ne, tirano3 Assi,= o ,edo da perda do poder lea
dipo N .usca da ori'e, e ao encontro de u,a resposta ue o destruir-3
Sua falta de
tentara, ,edidada
i,pedi#lo (prIpria
.usca=do t9rannIs)
,as se'uro est- e, ue Tirésias
de encontrar e ;ocasta
u,a resposta ue
o salaria= ele não oue nin'ué,= senão sua prIpria ontade3
$nfi,= tra'édia supre,a= dipo escutara a erdade uando fora a &elfos
ouir o or-culo e uando decifrou o eni',a proposto pela $sfin'e= poré,
não foi capa de co,preender o sentido do ue ouira ne, do ue
decifrara3
Wual o eni',a proposto pela $sfin'e OWue, é= ao ,es,o te,po= uatro
pés (tetrapous)= tr"s pés (tripous) e dois pés (dipous)O Eidipous i,a'ina
t"#lo decifrado ao responder: O o ho,e,3 A criança ue en'atinha= o
adulto ereto e o elho apoiado no .ordãoO3
Era= o ,ito conta ue dipo não falou= ,as= silenciosa,ente= oltou o
dedo indicador para si ,es,o3 Tanto ele uanto os de,ais supusera,
ue o 'esto si'nificasse Oo ho,e,O= tanto ue a $sfin'e aceitou a
resposta3 +o entanto= o ue ela per'untara @er'untara: Oue, é= ao
,es,o te,po333O $, sua resposta= correta e ilusIria= dipo se esuece
do Oao ,es,o te,poO e coloca o si,ultMneo co,o sucessio  criança=
adulto= elho3 +a erdade= poré,= o ue ele desco.rira= se, o sa.er= era
ele prIprio e não todos os seres hu,anos3 @ois= ue, é ao ,es,o te,po
criança (filho)=
>1
adulto (,arido= pai) e elho (aV)= senão dipo= pai e aV de seus filhos=
filho e ,arido de sua ,ãe
@artindo do ,ito e da tra'édia de dipo#Rei= Freud ela.orou u, conceito:
co,plexo de dipo= ta,.é, cha,ado por ele de co,plexo nuclear3 Trata#
se de u, siste,a
e fantasias ou de u,a
ue a criança redeentre
possui= intrincada
os tr"s(donde= co,plexo)
e uatro anos= ao de afetos
perce.er
ue fa parte de u,a tríada ou relação trian'ular constituída por ela= pela
,ãe e pelo pai3 $sse co,plexo seria nuclear não sI por ser uniersal=
presente e, todas as culturas= ,as por ser o ponto central de cuPa
resolução ou irresolução depende nossa ida pessoal= psíuica= afetia=
sexual3 +ossa sa/de e nossa doença3
Antes de exa,inar,os o ,odo co,o Freud ela.orou esse conceito= é
coneniente considerar,os= de ,odo .ree (e= infeli,ente= ,uito
esue,-tico e si,plificado)= al'uns aspectos da teoria freudiana da
sexualidade (se, considerar,os aui as diferentes transfor,açQes ue
sofreu na o.ra de Freud ne, nas o.ras dos psicanalistas posteriores a
ele)3
A li.ido existe e, nIs desde o nasci,ento (e= se'undo al'uns= antes do
nasci,ento)3 A partir dela or'ania,#se as relaçQes entre dois princípios:
o princípio do praer (uerer i,ediata,ente al'o satisfatIrio e uer"#lo
cada e ,ais) e o princípio da realidade (co,preender e aceitar ue ne,
tudo o ue se desePa é possíel= ue se for possíel= ne, se,pre é
i,ediato= ue ne, se,pre pode ser conserado e ,uitas ees não pode
ser au,entado)3 E princípio de realidade é o ue nos ensina a tolerar as
frustraçQes3 Ta,.é, da li.ido= nasce, dois princípios anta'Vnicos ue
luta, e, nosso inconsciente: $ros (do 're'o= a,or) e ThMnatos (do 're'o=
,orte)= u, @rincípio de ida ou ital e u, princípio de ,orte ou ,ortal3
$sses dois princípios torna, o princípio do praer extre,a,ente a,.í'uo=
pois o praer não estar- necessaria,ente inculado a $ros= ,as= de ,odo
profundo= a
euilí.rio= ThMnatos3a Se
o repouso= oo
pa= desePo supre,o
i,ut-el= dos ThMnatos
so,ente seres hu,anos for o
ou a ,orte
poder- satisfaer tal desePo e produir erdadeiro praer= enuanto $ros
colocando#nos no interior de afetos conflitantes= pode
>8
não ser a realiação do princípio do praer3 E ponto essencial é ue o
princípio de ,orte não é apenas o desePo de destruição dos outros ue
seria, o.st-culos ao repouso= ,as de autodestruição3
Wual a ,aior dor ue sente u, ser hu,ano Wual o trau,atis,o
ori'in-rio +ascer3 Sair do aconche'o e do repouso uterino= separar#se do
corpo ,aterno3 ThMnatos é o princípio profundo do desePo de não
separação= de retorno N situação uterina ou fetal= de re'resso N pa e ao
nada pri,ordiais3 @or isso é tão potente= ,ais poderoso do ue $ros= ue
nos força a ier3
A li.ido se ,anifesta de for,as ,/ltiplas e, nossa ida e Freud= e,.ora
considerando ue na ida adulta todas essas for,as pode, estar
si,ultanea,ente presentes= classificou as fases da li.ido= se'undo a
ori'e, do praer= as re'iQes praerosas do corpo (onas erI'enas) e os
o.Petos (escolha de o.Peto) ue são sentidos co,o os ,ais praerosos3
A pri,eira fase é oral: o praer e, do ato de co,er ou su'ar= da
in'estão de ali,entosY as onas erI'enas principais são os l-.ios e a
.ocaY os o.Petos escolhidos são os seios e seus su.stitutos (dedo= chupeta=
o.Petos ue se possa su'ar= ali,entos)3 A proa de ue a fase oral não
desaparece para ,uitos de nIs= ,as realia u,a fixação= est- na
exist"ncia dos fu,antes= dos ue 'osta, de .e.er= decla,ar= faer
discursos e no cha,ado
praer é expelir sexo
ou reter as oral3o AIr'ão
feesY se'unda fase é anal:
priile'iado a fonte
do praer ou do
ona
erI'ena é o MnusY são su.stitutos praerosos das fees= o .arro= a ,assa
de ,odelar= a ,assa de pão ou .olo= etc3 A fixação dessa fase na ida
adulta aparece nos pintores= escultores= nas pessoas perdul-rias ou
'enerosas= nas pessoas aarentas= e no cha,ado sexo anal3 A terceira e
/lti,a fase é f-lica ou 'enital: a ori'e, e o lu'ar do praer onas
erI'enas) são os Ir'ãos 'enitais= h- 'osto pela ,astur.ação e é o
,o,ento do exi.icionis,o e da curiosidade infantis3  nessa fase= entre
os tr"s e uatro anos= ue Freud localia o sur'i,ento do co,plexo de
dipo ue per,anecer- latente até o fi, da pu.erdade uando deer-
resoler#se (ou não)3
+as fases oral e anal a criança ,anté, relaçQes duais= sePa porue se
relaciona co, a ,ãe ou co, parte dela ou co, su.stitutos dela (os
o.Petos parciais)= sePa porue se relaciona
>
co, seu prIprio corpo= tanto co, partes dele (co,o se fosse, pedaços
separados ou autVno,os= o.Petos) co,o co, seu corpo inteiro= ,as co,o
se fosse o de outré,= co,o se estiesse diante de u, espelho e
considerasse a i,a'e, refletida co,o de outra pessoa ue ela desePa ou
ad,ira (co,o no ,ito de +arciso= ena,orado de sua prIpria i,a'e,
refletida no espelho das -'uas)3 +a fase f-lica= a criança passa a u,a
relação tern-ria (ela= o pai e a ,ãe ou ue, faça o papel deles) ue P-
enole os corpos inteiros dos participantes da tríada= ainda ue certas
partes sePa, priile'iadas3 $ssa relação tern-ria= feita de a,or= ,edo=
Idio= inePa=
*-rios fantasias a'ressias
psicanalistas= co,o Ser'ee a,orosas=
Leclaire= for,a o n/cleo
o.sera, do as
ue dipo3
onas
erI'enas não se li,ita, aos Ir'ãos preferenciais de cada fase= nosso
corpo tendo in/,eras outras3 A constituição de u,a parte do corpo e,
ona erI'ena estaria li'ada aos inesti,entos afetios ue nela deposita
a criança= nos pri,eiros anos de ida= ao rece.er= nessa parte= carícias da
,ãe (ou de ue, faça o seu papel)3 A carícia erotia para se,pre todo o
nosso corpo3
D,a das ,aiores desco.ertas de Freud= alé, do sentido da sexualidade
a,pliada e não confundida co, u, instinto= da sexualidade infantil e da
idéia de ue é a repressão da li.ido e não a prIpria li.ido a causa dos
dist/r.ios físicos e psíuicos= é a desco.erta de u, fundo inisíel=
aparente,ente surdo e ,udo= desi'nado por ele co, o no,e de
inconsciente3 A psican-lise foi criada para alcançar= co,preender= decifrar
e interpretar o inconsciente= para fa"#lo falar e para sa.er escut-#lo3
E inconsciente não é u,a coisa ne, u, lu'ar= ,as u,a ener'ia e u,a
lI'ica e, tudo oposta N lI'ica da consci"ncia3 Freud diia ue o
inconsciente desconhece o te,po= a ne'ação e a contradição3 $ssa lI'ica
peculiar do inconsciente fa co, ue suas apariçQes não sePa, istas ne,
co,preendidas i,ediata,ente pela consci"ncia= ue opera noutro
re'istro3 @or isso reuer decifra,ento e interpretação3 Eferece#se de
,odo fra',entado= disfarçado e eni',-tico= N ,aneira de u,a charada
ou de u, Po'o de adiinha3 +ão é casual= portanto= ue Freud tiesse tido
tanto interesse pela tra'édia de SIfocles= onde a erdade= posta diante
dos olhos da consci"ncia=
>>
se oferece por eni',as= fra',entos= indícios e disfarces ue a torna,
inisíel e inco,preensíel3
Freud ela.orou -rias teorias so.re a estrutura de nossa psiu" e a ,ais
conhecida é auela ue diide nosso psiuis,o e, tr"s instMncias
articuladas entre si= a for,a= o conte/do e o sentido dessa articulação
dependendo tanto de fatores indiiduais (nossa histIria pessoal)=
'enéticos (a histIria da espécie hu,ana)= culturais ou coletios (a ida
social)3 $ssas instMncias sãoY o id (do lati,: isso= neutro= se, ualificação
de '"nero e n/,ero)= ou sePa= a li.ido plena= se, freios e se, li,ite= pura
ener'ia e, .usca de satisfaçãoY o e'o (do lati,: eu= o suPeito= a pri,eira
pessoa)= isto é= nossa parte consciente= olunt-ria e racionalY o super#e'o=
isto é= a instMncia repressora do id e do e'o= tão inconsciente uanto o id=
proeniente tanto das proi.içQes culturais interioriadas uanto das
proi.içQes ue cada u, de nIs ela.ora inconsciente,ente so.re os
afetos3
E id não conhece li,ites e o super#e'o sI conhece li,ites (o id= na canção
de Chico %uarue e ilton +asci,ento é o se, no,e= se, er'onha= se,
restriçQes= enuanto o super e'o é a censura forçando o id= o.ri'ando#o a
satisfaer#se nos escuros= nos cantos= nos esconderiPos)3 E e'o é nossa
,aneira consciente de lidar co, o ue desconhece,os= e,.ora
i,a'íne,os ue esta,os a lidar co, afetos= i,pulsos= desePos cuPas
causas= sentido= finalidade podería,os conhecer e controlar se, ,aiores
pro.le,as3  nossa ,aneira de ela.orar a sexualidade so. as exi'"ncias
irrefre-eis do id e so. as exi'"ncias repressoras do super#e'o3 A sa/de=
Pul'a Freud=
conflito depende ede
inconsciente nossa capacidade
a doença consciente para
e, de sucu,.ir,os lidarexcessos
sePa aos co, esse
do id= sePa aos excessos do super#e'o3 Tudo depende de conse'uir,os
OcolarO essa OrachaduraO ori'in-ria= essa diisão3 Freud preferia usar o
ter,o repressão para os processos conscientes e pré#conscientes= usando
o conceito de recalue ou recalca,ento para os processos inconscientes3
E recalue se realiaria uando a satisfação de u,a pulsão sexual (ue
poderia proporcionar praer) aparece co,o capa de suscitar despraer e
so.retudo co,o a,eaçadora para o suPeito3 Tal pode ser u,a censura
(repressão) co,o u,a defesa (u, ato de desinestir nu,a pulsão=
inestindo e, outras não a,eaçadoras)3 $xiste, recalues ori'in-rios (os
ue ão constituir os
>2
pri,eiros conte/dos e as pri,eiras for,açQes inconscientes) e
se'undados (os ue se realia, P- so. os efeitos ou ,otiaçQes dos
pri,eiros= sendo ariantes deles)3 A repressão (recalue) difere da
supressão porue nesta real,ente fae,os desaparecer definitia,ente
al'u,a coisa3
A peculiaridade do recalue (repressão sexual profunda ou inconsciente)
est- no fato de ue nosso inconsciente= astuciosa,ente= encontra ,eios
para faer o recalcado reaparecer se, danos ou se, a,eaças=
reapareci,ento ue não depende ne, de nossa ontade ne, de nossa
raão= faendo parte do cotidiano nor,al de nossa ida (sendo ,es,o
necess-rio= co,o descar'a de ener'ia): sonhos= atos falhos
(esueci,entos= en'anos de lin'ua'e,= 'estos inolunt-rios)= hu,or=
ape'o ou desa'rado
ue sai.a,os a causapor
do certos
a,or ouo.Petos= certasdasituaçQes
da repulsa= si,patia ou
ou pessoas se,
da antipatia=
da satisfação ou do ,edo3
Ta,.é, h- retorno do repri,ido ou recalcado atraés de u,
procedi,ento ,uito fecundo ou criador: a su.li,ação= isto é= o desio das
pulsQes proi.idas para u, alo não sexual e social,ente aloriado3 @ara
Freud= a atiidade artística e a atiidade intelectual são as for,as ,ais
altas da su.li,ação3
$ntretanto= o retorno do repri,ido ou do recalcado pode ocorrer de for,a
iolenta= doentia= patolI'ica co, ,uitos danos uando o prIprio recalue
foi iolento= doentio= trau,-tico3 E recalcado ou repri,ido olta= então=
so. a for,a de sinto,as= de neuroses= psicoses e perersQes3 E ponto de
partida de Freud= ali-s= foi o estudo desse tipo de retorno nu,a for,a
particular= conhecida co,o histeria= e ue ele inculou ao trau,atis,o na
repressão ou recalue do co,plexo de dipo= N i,possi.ilidade da
supressão desse co,plexo3
@ara Freud= tanto a sa/de uanto a patolo'ia se define,
preferencial,ente no ,o,ento do dipo= tanto assi, ue a fixação nas
fases oral ou anal são consideradas por ele co,o re'ressQes= isto é=
resultado da irresolução do co,plexo edipiano3 (Epinião ue não ser-
unMni,e entre os psicanalistas= so.retudo aueles ue dão 'rande
i,portMncia N fase oral= considerada ,atri das for,as da sexualidade3)
 a solução satisfatIria ou sua i,possi.ilidade durante o co,plexo de
dipo co,o co,plexo afetio#sexual central ue= se'undo Freud= decide o
destino de nossa ida consciente e inconsciente3 +o ,o,ento do dipo= a
criança conhecer- pela
>7
pri,eira e= se'undo o psicanalista Lacan= ue o desePo est- su.,etido a
u,a lei  a lei do Falo= a lei do @ai= a Lei das leis3 &esco.rir-= atraés do
interdito do incesto= atraés do ,edo da castração (,eninos) e da falta ou
da lacuna (,eninas)= a repressão sexual= a articulação entre desePo e
exist"ncia hu,ana3 Se puder aceitar a Lei= so.reier- co, sa/deY se não
puder aceit-#la= sucu,.ir- N doença3
Wue di Freud so.re dipo
+u, de seus liros  A Jnterpretação dos Sonhos  Freud escree: OSe o
dipoRei é capa de co,oer o leitor ou o espectador ,oderno não ,enos
do ue co,oia os 're'os do te,po de SIfocles= a /nica explicação
possíel desse fato sin'ular é a de ue o i,pacto tr-'ico da o.ra 're'a
não decorre da oposição entre o destino e a ontade hu,ana= poré, do
car-ter peculiar da f-.ula e, ue tal oposição é o.Petiada3 Se, d/ida=
h- u,a o interior ue nos i,pulsiona a reconhecer o poder co,pulsio
do destino e, dipo= enuanto outras tra'édias= construídas so.re as
,es,as .ases= nos parece, inaceitael,ente ar.itr-rias3  ue a lenda
do rei te.ano aprofunda al'o ue fere e, todo ser hu,ano u,a ínti,a
ess"ncia natural3 Se o destino de dipo nos co,oe é porue poderia ser
o nosso e porue o or-culo lançou so.re nossas ca.eças ,aldição i'ual=
antes ue nasc"sse,os3 Tale estiesse reserado a nIs todos diri'ir,os
N nossa ,ãe nosso pri,eiro i,pulso sexual e ao nosso pai nosso pri,eiro
senti,ento de Idio e o pri,eiro desePo de destruição3 +ossos sonhos disso
dão teste,unho3 E rei dipo= ue ,atou o pai e casou#se co, a ,ãe= não
é senão
ue a realiação
ele= nos de nossos
foi possíel= desePos
e, épocas infantis3N@oré,=
posteriores infMncia,ais feliesnão
e uando do
contraí,os u,a psicose= desiar nossos desePos sexuais de nossa ,ãe e
esuecer o ci/,e ue nosso pai nos inspirou3 &iante dauelas pessoas
ue che'ara, N realiação daueles desePos infantis recua,os co,
horror= co, toda a ener'ia do eleado ,ontante da repressão ue so.re
eles se acu,ulou e, nIs= desde a infMncia3 $nuanto o poeta tra N lu o
processo de inesti'ação ue constitui o desenoli,ento da o.ra= isto é=
a culpa de dipo= ta,.é, nos o.ri'a a u,a introspecção e, ue
desco.ri,os ue aueles i,pulsos infantis ainda existe, e, nIs= e,.ora
repri,idos (333)3 Co,o dipo= ie,os na i'norMncia daueles desePos
i,orais ue a +aturea nos i,pQe e=
>6
ao desco.ri#los= uere,os= co,o ele= afastar dos olhos as cenas de nossa
infMnciaO3
E co,plexo de dipo não é apenas o a,or da criança pela ,ãe (,enino)
e o ci/,e e a inePa do pai= ou o a,or pelo pai (,enina) e o ci/,e e a
inePa da ,ãe3 @ara ser a,ado pelo pai= o ,enino tenta ser co,o a ,ãe=
adotando atitudes ue seria, fe,ininas= enuanto a ,enina= para ser
a,ada pela ,ãe= adota atitudes ue seria, ,asculinas3 B- u, co,plexo
intrincado de senti,entos= co,porta,entos= atitudes a,.ialentes= a
criança procurando for,as de se adaptar ao triMn'ulo onde a escolha de
o.Peto (a ,ãe) das pri,eiras fases co,.ina#se co, as escolhas da fase
f-lica3 $ssa a,.ial"ncia explica= por exe,plo= a presença= natural= de
tend"ncias ho,ossexuais no ,enino e na ,enina3 @ara esta= a situação é
,ais co,plicada
capacidade porue oa o.Peto
de su.stituir passa'e, de u,a
do a,or= fase para
passando outrapara
da ,ãe i,plica a
o pai3
A fase edipiana é nuclear= para Freud= porue o fato de ser superada na
pu.erdade não si'nifica ue não tenha deixado ,arcas definitias= os
inesti,entos afetios e, o.Petos e as identificaçQes ue fare,os na ida
adulta dependendo do ,odo co,o experi,enta,os o dipo e a proi.ição
do incesto= na infMncia3
Assi,= por exe,plo= Freud considera o ho,ossexualis,o u,a fixação
infantil= u,a for,a de não resolução do co,plexo de dipo= a
identificação co, a ,ãe (no caso dos ,eninos) sendo u, su.stituto
i,a'in-rio para a i,possi.ilidade de possuí#la (ser a ,ãe por não ter a
,ãe) e u, ,ecanis,o para reparar o Idio ue ela inspira por não
entre'ar#se N criança3 A ,ãe é conserada co,o o.Peto de a,or (pela
identificação) e de Idio (pela ocupação i,a'in-ria de seu lu'ar)3 Ao
,es,o te,po= o Idio pelo pai é su.stituído pela tentatia de sedui#lo
(tornando#se a ,ãe para ele) e de i,pedi#lo de castrar o ,enino (ue=
sendo fe,inino= não possui o p"nis a ser cortado)3 +o caso da ,enina= a
situação é ,ais co,plexa= pois odeia a ,ãe não sI co,o rial= ,as
porue i,a'ina ue ela possui p"nis e sI por ,aldade não deu u, N filha3
@ara conse'uir o pai= a ,enina se identifica co, ele (ser o pai por não ter
o pai)= ,as ta,.é, co, ele se identifica para expressar seu Idio N ,ãe=
ue a priou do ue poderia ter (p"nis)3
2?
Jndependente,ente das críticas ue possa, ser feitas N teoria freudiana
do ho,ossexualis,o= u, ponto ,erece ser considerado: o
ho,ossexualis,o
O,aus costu,esO)=não
,asresulta da aus"ncia
da iol"ncia de repressão
da repressão (Oi,oralidadeO=
sexual inconsciente3
Freud considera ue do co,plexo de dipo depende, a estruturação do
super#e'o (sua atuação ,ais repressia ou ,enos repressia) e o ue a
psican-lise cha,a de ideal do e'o= isto é= a coner'"ncia da idealiação
de si ,es,a feita pela criança= e das identificaçQes co, os pais= co, seus
su.stitutos e co, os ideais coletios3 (E psicanalista Reich= por exe,plo=
tece consideraçQes so.re a personalidade nai#fascista a partir do ideal do
e'o paterno en'randecido= fi'urado pelo FGhrer= !uia ou @ai Supre,o)3
A superação do co,plexo de dipo depende não sI do co,porta,ento
dos pais e da fa,ília= ,as ta,.é, do sucesso da criança para supri,i#lo=
pois se for apenas recalcado ou repri,ido= retornar- ,ais tarde e de
for,a patolI'ica3
+o ,enino= o co,plexo ser- encido 'raças ao ,edo da castração pelo
pai= co,o punição do desePo incestuoso3 @ara conserar o p"nis= o ,enino
aceita renunciar N ,ãe3 +a ,enina= a solução ser- ,ais de,orada porue
precisa aceitar e conse'uir u, su.stituto para o pai= o ue sI lhe ser-
possíel na pu.erdade3 (E.sera#se ue Freud protela a solução para a
,enina porue a solução estaria na depend"ncia do encontro de u,
parceiro sexual ue lhe d" o su.stituto do p"nis: tal su.stituto são os
filhos3 &essa ,aneira= aui= co,o no caso do ho,ossexualis,o= o
fundador da psican-lise pQe -'ua no ,oinho da ,oral i'ente3)
 i,portante le,.rar,os ue Freud iniciou suas reflexQes so.re o
co,plexo de dipo i,a'inando tratar#se de u,a situação concreta=
acontecida co, cada criança e, sua historia pessoal= iida direta,ente
por todos=e dependente
ocidental ,oderna= co,o da se
relação co, uniersal3
esta fosse os pais e ais
da fa,ília restrita
tarde= Freud
procurou ela.orar u,a outra hipItese para o dipo e ue não dependeria
direta,ente da influ"ncia do casal parental so.re a criança= ,as da
presença de u,a interdição ue não pode ser trans'redida e ue freia o
desePo na satisfação procurada3
$ssa hipItese foi ela.orada por ele nu,a o.ra intitulada Tote, e Ta.u=
u, ,ito pri,itio no ual os filhos= ciu,entos
24
e inePosos= ,ata, o pai para se apossar da ,ãe= ,as= inadidos pela
culpa= pelo re,orso e pelo ,edo= i,ortalia, e sacralia, o pai nu,
tote, protetor (su.stituindo a perse'uição pela proteção) e proí.e, o
incesto= dele faendo u, ta.u= isto é= proi.ição ue não pode ser
deso.edecida= so. pena de ,orte3 Foi essa ela.oração ue leou o
psicanalista Lacan a dier ue o dipo é a reelação da reelação entre
desePo e lei e ta,.é, a distin'uir u, plano i,a'in-rio e u, plano
si,.Ilico no desePo3
E psicanalista Bélio @elle'rino considera haer u, euíoco na
interpretação freudiana da tra'édia sofocleana do rei dipo= isto é= o fato
de Freud haer situado a tra'édia na fase f-lica ou 'enital3 $ssa
interpretação teria sido conseG"ncia do papel ue a sexualidade 'enital
tee nas ela.oraçQes teIricas de Freud= cuPo ponto de partida fora a
an-lise da histeria= isto é= de u, tipo de neurose (na época= considerada
apenas fe,inina) li'ada ao desePo incestuoso da filha pelo pai e ue=
recalcado= retorna so. a for,a de sinto,as ou de doença3
@ara Bélio @elle'rino=
deter,ina os pro.le,asa tra'édia defase3
para essa dipoEse situa da
n/cleo antes da fase
tra'édia é af-lica e
rePeição
e o a.andono de dipo por ;ocasta e a orde, para ue sePa ,orto3 A
tra'édia se situa nas pri,eiras relaçQes de o.Peto3 +a erdade= dipo não
a,a ;ocasta= ,as a odeia3
E a.andono e a condenação N ,orte lo'o apIs o nasci,ento é o n/cleo
trau,-tico de dipo= a fonte profunda e a,eaçadora de sua an'/stia da
ual procura defender#se pelo i,pulso incestuoso= ,odo de ne'ar o
a.andono ,aterno insuport-el3 A fixação edipiana ou incestuosa é u,
sinto,a defensio de trau,atis,os ocorridos na pri,eira relação de
o.Peto: a fo,e incestuosa pretende disfarçar e ne'ar as frustraçQes da
fase oral e os i,pulsos destrutios li'ados a tais frustraçQes3
Aco,panhando a psicanalista elanie lein (ue se dedicou N an-lise de
crianças)= @elle'rino considera ue a criança= P- na fase oral= sente#se
esti,ulada para desePos 'enitais= colorindo a oralidade co, a 'enitalidade
e= a se'uir=
20
sua sexualidade 'enital ser- forte,ente colorida pelos ressenti,entos e
a'ressiidades orais (o desePo de deorar e o ,edo de ser deorado)3 Jsto
ocorre co, as crianças ue não são ou não se sente, a,adas pela ,ãe3
@or outro lado= no esforço para preserar o o.Peto ,aterno= a criança
transfere para o pai o Idio e a a'ressiidade= os i,pulsos destrutios3 E
,edo da perda definitia da ,ãe colore o Idio oral co, as cores do a,or
'enital= co,pensatIrio3 Co,o= ital,ente= a criança não depende do pai
para so.reier= se for ,al a,ada inestir- a i,a'e, paterna co, os
i,pulsos destrutios=
co,pensatIrio co, h-aco,o
para isso3 +ão a'ressiidade
não ,atar Laio3arcaica se, nada
Tendo sido criado e a,ado por érope e @oli.o= dipo atraessou
satisfatoria,ente as fases de sua sexualidade na relação co, a ,ãe .oa
e o pai .o,3 E conflito incestuoso eio situar#se na relação co, ;ocasta e
Laio= os pais ,aus ue o a.andonara, e o odiara, até N ,orte3 A
reelação de ue érope e @oli.o não são seus erdadeiros pais desperta
e, dipo o terror pelos o.Petos persecutIrios ue estaa, interioriados e
ocultos no inconsciente= isto é= ;ocasta e Laio3 @artindo para &elfos para
ouir o or-culo ue lhe di'a ue, ele é e ue, são seus pais= oue auilo
ue e, seu inconsciente P- Osa.iaO= sI ue oue co,o al'o futuro=
e,.ora no plano dos afetos P- sePa al'o acontecido e passado3 Jsto é= o
desePo incestuoso e o parricídio fora, os i,pulsos de dipo recé,#nascido
e a.andonado para ,orrer3
E or-culo  isto é= a o de seu inconsciente  ao profetiar as des'raças
futuras apenas reelou o ue dipo P- traia consi'o e ue iria destruí#lo3
Seu esforço para lirar#se da an'/stia o lea a construir u,a defesa
inexpu'n-el  auilo ue a psican-lise cha,a de racionaliação= isto é=
u,a construção i,a'in-ria co, apar"ncia de coer"ncia= lI'ica e
racionalidade para ocultar o paor do ue e, do inconsciente (ere,os
depois co,o a racionaliação é essencial para a repressão sexual= dando#
lhe apar"ncia de al'o lI'ico e coerente)3 +o caso de dipo= essa defesa
racionaliadora ou i,a'in-ria teria sido a se'uinte: se eu puder destruir
fora de ,i, aueles o.Petos ue u, dia tentara, ,e destruir e ue
continua, tentando essa destruição no ,eu ,undo interior= então= estou
salo porue ,ato ue, ueria ,e ,atar3 J,a'inando salar#se= ir-
perder#se
21
@ara ter o direito de nascer= crescer e ier= precisa ,atar e ao ,atar=
perde o direito N ida3
A ,orte de Laio na encruilhada ue leaa a Te.as é toda ela u,
episIdio alta,ente si,.oliado3 A encruilhada: a escolha do ca,inho3
Laio i,pedindo dipo de trilhar o ca,inho: o pai assassino= o.Peto ,au
ue Po'a a criança fora da estrada da ida3 E assassinato de u, elho
co, o 'olpe de .astão do Poe,: o falo de dipo destruindo o de Laio3 E
filho oral,ente insatisfeito precisa da relação 'enital co, a ,ãe= o ue sI
pode conse'uir atraés do parricídio3
A $sfin'e é a i,a'e, interioriada de ;ocasta: ,onstro destruidor (unhas
e dentes prontos para dilacerar= co,o nas fantasias a'ressias orais e,
ue a criança fantasia deorar o seio ,au)3 A frase inicial da $sfin'e é
si'nificatia: O&ecifra#,e ou deoro#teO3 *encendo a $sfin'e= dipo
enceu a ,ãe persecutIria da fase oral e tee a.erto o ca,inho para o
incesto3 +ada h- de 'enital no casa,ento co, ;ocasta= ,as realiação=
so. for,a 'enital= de u, desePo oral e destrutio= pois co,o rei e senhor=
dipo do,ina e su.,ete ;ocasta3
as a pa de dipo é prec-ria3 A peste= eniada pelas F/rias (as $ríneas
*in'adoras= ue na ,itolo'ia 're'a são protetoras da fa,ília e
particular,ente das ,ulheres)= é a in'ança da ,ãe ,-3 Afir,ando#se na
'randea hu,ana= dipo tentar- enfrentar a erdade e desendar o
eni',a desse casti'o= superando os terrores persecutIrios= ainda ue
durante essa
acusando .usca
outros= tentassefora
colocando ta,.é,
de si olirar#se da erdade=
ue estaa dentro deculpando
si3 e
@arricida e incestuoso= co, o suicídio de ;ocasta dipo ta,.é, se torna
,atricida= destruindo a ,ãe co,o o.Peto total e sucu,.indo na culpa3 Ao
furar os olhos co, as a'ulhas ue prendia, as estes da ,ãe (seus seios
prote'idos) e ao ,utilar#se pela destruição ue causara= dipo ,er'ulha
nas treas da ,orte= ,as ta,.é,= pela situação de depend"ncia e, ue
fica= re'ride N situação infantil= ao ponto de onde nunca conse'uira sair a
ida toda3 Jncapa de andar por si sI  pri,eiro por causa dos pés
a,arrados e depois por causa da ce'ueira  dipo co,pleta o círculo de
seu destino= sua infMncia inter,in-el3
28
E antropIlo'o Léi#Strauss interessou#se pelo ,ito de  dipo ,ais do ue
por sua transcrição na tra'édia de SIfocles3 Seu interesse= poré,= não se
olta para a histIria ou conte/do narrado e si, para a estrutura do ,ito=
isto é= o siste,a de relaçQes ue o constitue,3
$sse interesse se dee ao fato de ue Léi#Strauss considera ue a
passa'e, da +aturea N Cultura ocorre uando é esta.elecida a proi.ição
do incesto e= co, ela= as re'ras do parentesco ou das alianças=
funda,entais na constituição de todas as sociedades arcaicas3 @or esse
,otio= Léi#Strauss procurou de,onstrar ue a estrutura (e não a histIria
narrada) do ,ito é uniersal= ou sePa= todas as sociedades possue, ,itos
para explicar sua ori'e, e sua or'aniação e e, todos esses ,itos
encontrare,os se,pre a ,es,a estrutura presente no ,ito de dipo3
$ssa estrutura apresenta as se'uintes relaçQes funda,entais: 4) as
narratias
consan'Gíneasco,eça, e ter,ina,
hiperaloriadas co, do
(no caso relaçQes
,ito de de parentesco
dipo= ou
a narratia
co,eça co, a histIria de C-d,o procurando sua ir,ã $uropa= raptada
pelo deus ^eus= passa pelo casa,ento de `dipo co, ;ocasta e ter,ina
co, a histIria de Antí'ona= filha de `dipo= dando sepultura ao ir,ão=
@oliniceY 0) as narratias se,pre cont", episIdios e, ue as relaçQes de
parentesco ou consan'Gíneas são superdesaloriadas (no caso do ,ito
de dipo= no início= os espartanos se ,ata, entre si= depois dipo ,ata o
pai Laio e= no final= o filho de dipo= $téocles= ,ata o ir,ão @olinice)Y 1) as
narratias se,pre cont", u, episIdio no ual u, hu,ano destrIi u,
,onstro su.terrMneo ou ctVnico= indo da Terra (no ,ito de dipo= no
início da narratia= C-d,o ,ata o dra'ão e= no ,eio= dipo ,ata a
$sfin'e)= episIdio ue si,.olia o conflito entre duas explicaçQes so.re a
ori'e, dos hu,anos: a da ofífe, autIctone (os hu,anos .rota, da
Terra) e a da ne'ação da autoctonia (a ,orte dos ,onstros ctVnicos)Y 8)
as narratias se,pre cont", u,a refer"ncia a hu,anos co, dificuldade
para andar (no ,ito de dipo= o pai de C-d,o e $uropa= cha,a#se
L-.daco= ue uer dier coxoY Laio si'nifica tortoY e dipo= pé inchadoY e,
outros ,itos a,ericanos e africanos aparece, @é Frouxo= anco= @é
Torto)= si,.oliando a reafir,ação da autoctonia e a dificuldade para
andar dos ue nasce, da Terra3
2
Léi#Strauss exa,inou 'rande uantidade de ,itos das ,ais diferentes
culturas (a,ericanas= africanas= asi-ticas) encontrando se,pre a ,es,a
estrutura e, histIrias de conte/dos ,uito diferentes3 E.serou ainda ue
a estrutura
lado= do ,ito
a afir,ação e éne'ação
u, tra.alho para resoler
da autoctonia e= deduas
outrocontradiçQes: de u,
lado= a aloriação
e desaloriação das relaçQes de parentesco3
Caso os hu,anos não tenha, .rotado da Terra= de onde iera,
+asce,os de u, /nico ser= a Terra= ou de dois= u, ho,e, e u,a
,ulher @or ue te,os dois 'enitores e, lu'ar de u, E ,es,o e, do
,es,o (da Terra nasce, os ctVnicos= dos hu,anos nasce, os hu,anos)
Eu o diferente e, do diferente (da Terra nasce, os hu,anosY de u,
ho,e, e de u,a ,ulher nasce u, ser co, u, /nico sexo= a cada e)
Se'undo Léi#Strauss= o ,ito é reflexão anVni,a e coletia so.re o
eni',a da ori'e, (a autoctonia aparece co,o ,onstruosa  dra'ão=
esfin'eY ou co,o defor,ante  coxo= torto= inchado)= so.re o eni',a da
diferença sexual (co,o o ,es,o 'era o outro) e so.re a necessidade de
re'ras re'ulando as relaçQes entre os sexos (o siste,a de parentesco)=
cuPa infração é delito ,ortal3
A lei do incesto torna#se -lida apenas uando são reconhecidas a não#
autoctonia e a diferença sexual= portanto= uando se consu,a a ruptura
co, a +aturea= tornando possíel o adento da Cultura3
As an-lises de Léi#Strauss nos lea, a ousar aui u,a peuena
extrapolação (cuPa alidade não sa.e,os de,onstrar= se é ue h- al'u,a
alidade)3
+a !"nese .í.lica= o ,ito da ori'e, co,.ina a idéia de ori'e, diina co,
a de ori'e, autIctone= pois &eus= ue criara todas as coisas apenas pela
@alara (OFaça#seO)= no caso dos hu,anos= ,odelou no .arro o pri,eiro
ho,e, (e= no ,o,ento da condenação lhe dir-: OTu és pI e ao pI
retornar-sO)3
autoctonia: a Aperda
defor,idade
de u,a aparece=
costela3 $então= isto
ta,.é, haer u,
aparece u, ele,ento
,onstro de
ctVnico: a serpente ue rastePa3 A diferença sexual ta,.é, é enfrentada:
olhando os ani,ais= &eus decide dar ao ho,e, u,a co,panheira= poré,
co,o até esse
2>
,o,ento esta,os no reino da +aturea= le,os: O$sta si, é osso de ,eus
ossos e carne da ,inha carnebO= portanto o ,es,o e, do ,es,o3 O$la
ser- cha,ada ,ulher (e, he.raico= ,ulher Z ishshN) porue foi tirada do
ho,e, (e, he.raico= ho,e, Z ish)O= a diferença sexual sendo o.tida por
u,a extração do corpo fe,inino do interior do corpo ,asculino= se,
procriação3 Ta,.é, encontra,os a superaloriação do parentesco:
OSede fecundos= ,ultiplicai#os e co.ri a terraOY e a superdesaloriação:
Cai, ,ata A.el3 $= por fi,= aparece a lei do incesto uando &eus= olhando
a terra pooada= iu Oue estaa toda perertida porue toda carne tinha
u,a conduta perersaO e eniou a purificação: o &il/io e a distri.uição
dos seres na Arca por casais3
E adento da Cultura aparece e, dois ,o,entos de ruptura: na expulsão
do @araíso e no &il/io3
A expulsão do @araíso é a saída do estado natural de inoc"ncia= ocorrendo
no ,o,ento e, ue= tendo pecado= os hu,anos Operce.era, ue
estaa, nus e se ener'onhara,= co.rindo#se co, folhas de fi'ueiraO=
isto é= perce.e, a diferença sexual e a diferença entre seus corpos e os
dos ani,ais= donde o senti,ento cultural da er'onha= pois= co,o
escreeu o filIsofo erleau#@ont9= os hu,anos não se co.re, porue
tenha,
nus3 ,edo das
A ruptura inte,péries
se consu,a co,e do frio= ,as porue
a condenação sa.e,
diina: ue estão
o ho,e, dee
tra.alhar a terra estéril para o.ter frutos e a ,ulher dee passar pela dor
no tra.alho do parto3 &uplo cultio= cultura3
E &il/io decorre da ueda dos hu,anos pelo retorno a u,a
naturaliação= i,possíel apIs o pecado ori'inal: poli'a,ia= sodo,ia=
fratricídio e incesto3 as a Arca é reposição da orde, cultural: não sI é
produto de c-lculos e de tra.alho ,as e, seu interior estarão casais de
ani,ais (ue posterior,ente praticarão OincestoO= pois são ani,ais) e a
fa,ília de +oé= esposa= filhos e noras3 $ sua descend"ncia ser-
a.ençoada= uando nos céus aparecer o arco da aliança3
22

Repressões nossas conhecidas


Apesar das contri.uiçQes da psican-lise e da antropolo'ia acerca do
car-ter inconsciente da repressão sexual ,ais intensa= costu,a#se falar
de repressão sexual tendo#se co,o refer"ncia conPuntos de re'ras
proi.idoras ue são explícitas e consciente,ente conhecidas por todos os
,e,.ros de u,a sociedade3  delas ue procurare,os falar a'ora3
&e ,odo 'eral= entende#se por repressão sexual o siste,a de nor,as=
re'ras= leis e alores explícitos ue u,a sociedade esta.elece no tocante
a per,issQes e proi.içQes nas pr-ticas sexuais 'enitais (,es,o porue
u, dos aspectos profundos da repressão est- Pusta,ente e, não ad,itir
a sexualidade infantil e não 'enital)3 $ssas re'ras= nor,as= leis e alores
são
casodefinidos
de nossa explicita,ente
sociedade= pelapela reli'ião=
ci"ncia pela ,oral= pelo direito e= no
ta,.é,3
;ustificatias diferentes= no decorrer da histIria de u,a sociedade=
decide, uanto N per,issão e N proi.ição de pr-ticas sexuais ue possa,
conserar ou contrariar as finalidades ue tal sociedade atri.ui ao sexo3
+a ,aioria das ees= as Pustificatias serão racionaliaçQes (no sentido
exposto no capítulo Odipo#ReiO)3
Assi,= por exe,plo= nu,a sociedade ue considera o sexo apenas so. o
pris,a da reprodução da espécie= ou co,o função .iolI'ica procriadora=
serão repri,idas todas as atiidades sexuais e, ue o sexo 'enital for
praticado se, cu,prir auela função: ,astur.ação ou onanis,o=
ho,ossexualis,o
27
,asculino e fe,inino (ou sodo,ia)= sexo oral (fel-cio= cunilín'ua)= sexo
anal= coito interro,pido= polução se, penetração (o9euris,o)3
Ta,.é, são repri,idas as pr-ticas ue possa, pertur.ar as finalidades
atri.uídas N procriação3  o caso= por exe,plo= da transfor,ação do
adultério e, cri,e preisto e, lei= nas sociedades onde a fa,ília=
Puridica,ente constituída= te, co,o função a conseração e trans,issão
de u, patri,Vnio ou a reprodução da força de tra.alho3
$,.ora= de direito= o cri,e de adultério se refira tanto a ho,ens uanto a
,ulheres= a repressão social se diri'e= de fato= para o adultério fe,inino3
Tanto assi, ue= no %rasil= os cha,ados Ocri,es passionais e, defesa da
honraO= isto é= o assassinato da esposa e do a,ante= ,as so.retudo o da
esposa= não são passíeis de punição (ainda ue os ,oi,entos
fe,inistas
de estePa, tentando
classe do,inante= ,odificar
o adultério essa
é punido situação)3
porue nele +o caso da
h- risco de fa,ília
'eração
de u, .astardo ue participar- da partilha dos .ens ou da 'estão dos
capitaisY no caso da fa,ília de classe explorada= o adultério é repri,ido
porue h- risco de 'erar= para u, outro= u,a .oca a ,ais a ali,entar=
se, ue o 'erador sePa responsa.iliado pela criança3
E cuidado na repressão desse cri,e é tão 'rande ue u,a parte da
edicina Le'al= a Sexolo'ia Forense= desenoleu técnicas ,édico#
policiais ,uito ,inuciosas para a deter,inação da ,aternidade e da
paternidade reais= eitando= co, tais procedi,entos= ue u,a fa,ília
tenha ue se responsa.iliar pelo filho ile'íti,o3
+o entanto= os ue ,ata, ou espanca, ,ulheres ad/lteras= uando
inda'ados dos ,otios= não oferece, os ue aca.a,os de ,encionar3 Se
o assassinato é tido co,o Ocri,e rassionalO= ato de al'ué, ue ficou fora
de si e perdeu= ,o,entanea,ente= o uso da raão= é porue os acusados
assi, encara, seus atos3 Se analisar,os o ue se passa= perce.ere,os
u, caso típico de racionaliação nessa Operda da raãoO ,o,entMnea3 &e
fato= os ho,ens afir,a, ue sua honra foi ,anchada3 E ue isso uer
dier
&o lado dos ho,ens da classe do,inante= si'nifica não sI o sur'i,ento
de u,a suspeita uanto N sua irilidade (e nu,a sociedade procriatia=
co,o não aloriar a irilidade)= ,as ta,.é, o ,edo de perder postos
de co,ando= de
26
autoridade e poder3  isso a desonra3 @erda de poder e de prestí'io3
+o caso dos
irilidade= ,aisho,ens das classes
u, ele,ento exploradas=
co,plicador alé, da
aparece3 uestão
$sses da
ho,ens=
desproidos de poder e de autoridade no espaço p/.lico (no tra.alho e na
política)= são asse'urados de possuí#los no espaço priado= isto é= na casa
e so.re a fa,ília3 A perda desse poder e dessa autoridade é sua desonra3
@erde, os su.stitutos co,pensatIrios para sua falta de poder3
Wuanto Ns ,ulheres= ue ta,.é, são capaes de ,atar por causa do
adultério (ou de se ,atar= se o co,etere,= co,o a Ana arenina= de
TolstIi)= na i,ensa ,aioria dos casos tende, N aco,odação= pois o
adultério ,asculino é considerado o exercício= infeli,ente excessio e
a.usado= de autoridade e de u,a sexualidade ,ais exi'ente do ue a
fe,inina3 Alé, disso= os ho,ens não fica, 'r-idos3 Ta,.é, a situação
de depend"ncia econV,ica e e,ocional e, ue são educadas as
,ulheres facilita a aco,odação= pois a ruptura ,atri,onial as deixa
despreparadas para u,a noa ida (uantas ,ulheres de classe ,édia=
na ual o pro.le,a do patri,Vnio é ,enor e o dos recursos para criar
u,a criança ta,.é, é ,enor= não adota, os filhos .astardos dos
,aridos)3
Ta,.é, são repri,idas a iolação sexual de crianças por adultos= a curra
e o estupro3 Se= por u, lado= a proi.ição e punição se refere, aos
aspectos de iol"ncia presentes nesses atos= por outro lado= no entanto= a
curra e o estupro estão referidos ao pro.le,a da 'raide indesePada e ao
a.orto= ue= por sua e= não é aceito3 Alé, disso= co,o ere,os
posterior,ente= nesses dois casos h- u,a série de inesti'açQes
(policiais) para aeri'uar se a ,ulher currada ou estuprada real,ente não
consentiu na i,plícita
desconfiança relação sexual=
acerca o dasue indica anoexist"ncia
,ulheres= de sexo3
tocante ao u,a
&esconfiança ue atesta a presença difusa de u,a repressão sexual ,ais
sutil e uase inisíel3
Sociedades ue dão ao sexo a função 'enital procriadora e o incula, N
estrutura da fa,ília restrita são forçadas a atitudes a,.í'uas3  o caso da
atitude face N prostituição= por exe,plo3
@orue não te, função procriadora= a prostituição (co,o as relaçQes
sexuais fora do casa,ento) é social,ente condenada3
7?
Ao ,es,o te,po= poré,= é tolerada e até ,es,o esti,ulada nas
sociedades ue defende, a ir'indade das ,eninas p/.eres solteiras= de
u, lado= ,as ue= de outro lado= precisa, resoler as frustraçQes sexuais
dos Poens solteiros e dos ho,ens ue se considera, ,al casados ou ue
fora, educados para Pa,ais confundire, suas honestas esposas co,
a,antes oluptuosas e desaer'onhadas3 $ssas sociedades cria, a
necessidade de ,ulheres ue tenha, por tarefa oferecer 'oo sexual aos
ho,ens Poens solteiros e aos ho,ens casados insatisfeitos3
Jn/,eros estudos t", ,ostrado co,o= na 'eo'rafia das cidades
(anteriores Ns ,e'alIpolis conte,porMneas)= o .ordel é tão indispens-el
uanto a i'rePa= o ce,itério= a cadeia e a escola= inte'rando#se N
paisa'e,= ainda ue si'nificatia,ente localiado na fronteira da cidade=
uase seu exterior3 +as 'randes cidades conte,porMneas= a localiação
torna#se central= ,as so. a for,a de 'uetos e= portanto= de espaço
se're'ado= si'nificatia,ente desi'nado e, São @aulo co,o O.oca do
lixoO3
Ta,.é, h- estudos so.re a prostituta co,o tipo social deter,inado: não
apenas sua ori'e, social e sua articulação co, u, ,ercado ,uito
particular (o tr-fico de ,ulheres)= ,as o estu-rio= a postura= a
'esticulação= a lin'ua'e,= os cIdi'os de conduta3 D, conPunto de traços
ue a distin'ue, das de,ais ,ulheres (até h- pouco= de norte a sul do
%rasil= nas cidades do interior= a prostituta era reconhecida não sI pelos
traços ue aca.a,os de ,encionar= ,as ta,.é, pela condução ue
era, o.ri'adas a usar  a charrete)3
$, su,a= a sociedade ela.ora procedi,entos de se're'ação isíel e de
inte'ração inisíel= faendo da prostituta peça funda,ental da lI'ica
social3 $la é u, caso de polícia do ponto de ista da se're'ação tanto
uanto do ponto de ista da inte'ração= desde ue nos le,.re,os ue a
palara polícia não si'nifica apenas a i'ilMncia e a força da orde,= ,as
ta,.é, (inda da palara 're'a= polis= a cidade le'islada) si'nifica
ciiliação (se a palara de refer"ncia for latina= isto é= ciitas= a cidade
le'islada)3
Ali-s= não custa le,.rar ue ta,.é, constitui pr-tica ciiliatIria
(policial) auela ue resole a desorde, fa,iliar desencadeada pela
presença de u,a esposa ,uito OerIticaO  se o lu'ar da puta é o .ordel=
o da esposa pertur.adora é o
74
,anicV,io ou o hospital psiui-trico= para onde é leada na ualidade de
Oninfo,aníacaO ou de portadora de u,a ,oléstia= conhecida co,o Ofuror
uterinoO= ue= sI pelo no,e= parece ser ,es,o terríel3
D, excelente
indissol/el exe,plo
entre do Po'o
prostituição se're'ação#inte'ração
e fa,ília e da de
encontra#se no ro,ance relação
-rio
de Andrade= A,ar *er.o Jntransitio= onde a inte'ração se d- por ,eio do
contrato de tra.alho e a se're'ação= pelo prao li,itado de alidade do
contrato e pela caracteriação da prostituta co,o estran'eira (outra
lín'ua= outros h-.itos= outras terras)3
E pai de fa,ília= pertencente N alta .ur'uesia paulista dos anos 0?=
resole i,itar a,i'os ue solucionara, o espinhoso pro.le,a da iniciação
sexual de seus filhos adolescentes3 @ara eitar ue o ,enino contraia
doenças enéreas freGentando .ordéis= ou se apaixone por u,a
prostituta criando dificuldades para a fa,ília= contrata u,a Poe, ale,ã
co,o preceptora= ,as co, a função real de iniciar sexual,ente o ,enino=
de ,odo hi'i"nico= afetuoso= h-.il= lento= 'radual e se'uro= so. o controle
da fa,ília3
$ntre outros aspectos= o ro,ance de -rio de Andrade possui tr"s pontos
,uito su'estios3 $, pri,eiro lu'ar= situa a prostituição co,o peça
funda,ental para conseração da instituição fa,iliar= faendo da
prostituta parte da fa,ília literal,ente= isto ue ,ora so. o ,es,o teto
ue a fa,ília e atua so. os olhos i'ilantes do pai e da ,ãe3 Alé, disso=
para u,a sociedade co,o a .rasileira do período= ,uito a'r-ria e prIxi,a
da escraidão= onde as escraas tinha, o papel dessa iniciação sexual
dos ,eninos= o ro,ance acentua o car-ter ur.ano= ,oderno e capitalista
de ,ercado (co,pra e enda de ,ão#de#o.ra) da noa prostituta3 A
i,i'rante ue su.stitui a escraa= co,o os ca,poneses e oper-rios ue
su.stituíra, os escraos= racionaliando e ,oderniando a produção3
$, se'undo
idade= ,as lu'ar= o ,enino
por ue, possui ,ostra
nin'ué, duas ir,ãs= u,a delas
a ,enor uase de sua
preocupação= sua
sexualidade sendo tão repri,ida pela fa,ília ue é co,o se não existisse
ou não ,erecesse cuidado e atenção3 Sexualidade N flor da pele= ue o
ro,ancista apresenta nos i,pulsos incestuosos da ,enina pelo ir,ão= nos
seus i,pulsos ho,ossexuais pela preceptora= ue tanto é sua rial uanto
o.Peto de seu a,or na rialidade co,
70
o ir,ãoY na a'itação e ansiedade ue a fae, a,assar flores= ras'ar
estidos= ,atar insetos= arre.entar .onecas3
$, terceiro lu'ar= co, fina ironia= o ro,ancista inenta u,a professora#
prostituta ale,ã e Poe,= o,.ando do i,a'in-rio sexual .rasileiro ue
fantasia a ,ulher européia co,o experiente Oprofessora de sexoO ue= por
ir de cli,a frio= não cai e, enoli,entos senti,entais= coisa de 'ente
dos trIpicos3 ^o,.a= ainda= do ,odo co,o= no %rasil= foi interpretada a
tentatia de educação e li.eração sexuais feita na Ale,anha= nauela
década  o ue era .usca de noa atitude perante o sexo= aui
transposta= deu e, prostituição de luxo3 Alé, disso= na ualidade de
,ulher .ranca= a preceptora#prostituta ser- necessaria,ente superior=
li,pa e cultiada3 $, su,a= as fantasias sexuais repressias estão
carre'adas de ,itolo'ias= preconceitos e racis,o3
E título do liro fala por si ,es,o: para a Oprofessora de sexoO ale,ã= o
er.o a,ar é intransitio3 as ser- transitio na relação a,orosa ue
,anté, por carta co, o distante noio ale,ão= co, ue,= 'raças N
prostituição ue lhe d- recursos financeiros= poder- casar#se e constituir
u,a fa,ília honesta3
indissoluel,ente Assi,=
li'ada a prostituição
N exist"ncia fecha o círculo=
e conseração reaparecendo
da fa,ília= tal co,o a
conhece,os3
+os ro,ances ro,Mnticos= co,o Lucíola= de Alencar= a ,enina se prostitui
para salar a fa,ília e= ao ser sala por u, a,or erdadeiro= renuncia a
ele= pois sente#se indi'na de constituir noa fa,ília= faendo= poré,= ue
esta se constitua atraés do casa,ento do a,ado co, sua ir,ã (troca
ue daria u, prato cheio para u, psicanalista)3
$, A &a,a das Ca,élias (e não é casual ue sePa, ca,élias) a atri=
identificada na sociedade européia dos séculos precedentes co, a
prostituta= tudo a.andona pelo a,or erdadeiro= ,as pressionada pela
fa,ília do a,ado= "#se forçada a repeli#lo= caindo doente3 Wuando o
apaixonado desco.re a tra,a fa,iliar= olta3 as é tarde: ar'arida=
tu.erculosa= ,orre3
+os tr"s ro,ances ue ,enciona,os= os autores critica, a hipocrisia da
,oral .ur'uesa repressia3 @oré,= no caso de Alencar e de &u,as= a
crítica per,anece a,.í'ua= presa ao uadro de refer"ncia dessa ,es,a
,oral= pois Lucíola e ar'arida= cuPas ualidades são enaltecidas contra o
preconceito
71
e o ,oralis,o .ur'ueses= parece, aliosas porue puras= a prostituição
aparecendo co,o u, funesto acidente e, suas idas3 São castas e
poderia, ter sido esposas perfeitas= a ren/ncia de ue se ,ostrara,
capaes proando seu respeito pela fa,ília honesta= honrada e se,
,-cula= ue não pudera, ter3 D,a prostituta ue fosse real,ente
prostituta proael,ente
+a exposição ue se se'ue=aleria ,enos aos
tentare,os= deolhos
,ododos dois indicar
.ree= autores3al'uns
aspectos da repressão sexual ela.orados na perspectia reli'iosa= ,oral=
Purídica e científica e seu aproeita,ento pelos ,eios de co,unicação de
,assa3
$,.ora ,uito su,-ria (co, -rias si,plificaçQes ineit-eis)= nossa
exposição tentar-= de u, lado= articular repressão e racionaliação (pois
cre,os ue se, esta /lti,a a efic-cia dauela seria ,uito reduida) e=
por outro lado= adotar u,a perspectia al'o se,elhante N de Foucault
uando considera ue a repressão (sePa ual for) não se redu aos
aspectos proi.itios ou ne'adores (ao Onão faça= não di'a= não pense= não
ueiraO)= ,as sI pode operar 'raças a aspectos positios3 $stes não se
redue, Ns per,issQes (aos Osi,O)3 São so.retudo procedi,entos criados
por u,a sociedade para realiar a repressão= estando tanto e, idéias
uanto e, instituiçQes (co,o= por exe,plo= o .ordel e o ,anicV,io= ue
,enciona,os aci,a)3

Sexo e pecado

Costu,a#se enfatiar os aspectos conseradores e reacion-rios da reli'ião


(no caso= a cristã) face N sexualidade: .ulas e encíclicas papais proi.i ndo
os anticoncepcionais= condenando o a.orto= o adultério= o
ho,ossexualis,o= o diIrcioY seitas protestantes= co,o a pentecostal=
.radando ue é che'ado o fi, do ,undo porue os ho,ens reconstruíra,
Sodo,a e !o,orraY a seera austeridade do estu-rio protestante e o
o.sessio
,ales controleao
e doenças do'osto
corpopelo
de crianças e adolescentesY
praer carnal= a atri.uição
na fala infla,ada dosdos
pre'adores3
78
+o entanto= para ue fatos co,o estes ocorra, é preciso ue u,a certa
concepção da sexualidade infor,e essas idéias e atitudes3 Coné,=
portanto= exa,inar,os o ue é o sexo nu,a reli'ião co,o a cristã (aui
nos detere,os apenas nos aspectos co,uns Ns -rias tend"ncias cristãsY
priile'iare,os as posiçQes da J'rePa CatIlica= reserando as protestantes
para o ite, se'uinte= uando relacionare,os sexo e tra.alho= o tra.alho
sendo central na ética protestante)3
E relato .í.lico so.re a ori'e, hu,ana possui duas ersQes diferentes no
liro da !"nese3 +u,a delas= &eus criou o ,undo e, seis dias=
descansando no séti,o3 Es hu,anos fora, criados no sexto dia= coroando
a o.ra da Criação3  dito ue &eus criou os hu,anos ON sua i,a'e, e
se,elhançaO= a.ençoou#os e lhes disse: OSede fecundos= ,ultiplicai#os=
enchei a terra e su.,etei#aO3 +esse relato= nada su'ere ne, prepara o
pecado ori'inal= pois se este estier relacionado co, a desco.erta do
sexo= o relato narra ue &eus fe os hu,anos fecundos e= portanto=
a.ençoou a sexualidadeY e se o pecado for o desePo de do,inar o ,undo=
ta,.é, não aparece no relato= isto ue &eus disse aos hu,anos ue
su.,etesse, a terra e tudo ue nela existe= dando#lhes poder3 Es ue
redi'ira, esse relato= ao ue consta= se'undo os estudos .í.licos=
ta,.é, redi'ira, a narratia do &il/io e a inicia, diendo ue &eus
olhou a terra e a iu toda perertida= se, ue houesse explicação para o
fato3
não Tanto assi, ue=
o faendo des'ostoso=e,
inte'ral,ente prepara#se para destruir
decorr"ncia dos ro'ossua de
o.ra=+oé3
sI
Curiosa,ente= as perersidades e perersQes istas por &eus são todas
sexuais3
$, contrapartida= o se'undo relato= feito no ,es,o liro= ,as= ao ue
parece= escrito por autores ue possuía, u,a perspectia ,essiMnica=
isto é= de ue o poo de &eus= ainda ue perdendo o ru,o certo= seria
salo pelo $niado &iino (essias)= est- centrado no adento do pecado
ori'inal3  o relato ,ais conhecido: &eus fa o pri,eiro ho,e, (Adão)
,odelando#o no .arro= fa a pri,eira ,ulher ($a) retirando u,a costela
do ho,e,= oferece#lhes o Pardi, do den para ue dele iesse,= d-#lhes
o direito de co,er o fruto da -rore da ida (da i,ortalidade) e os proí.e
de co,er o fruto da -rore do .e, e do ,al (proa da inoc"ncia
ori'in-ria= pois inocente (não ciente) é auele ue desconhece o .e, e o
,al= sendo natural,ente .o,)3
7
+ota a.aixo da foto:
Curiosa,ente= a *"nus de Cranach é identificada N $a por ele pintada
nu, uadro so.re a tentação no @araíso # é a ,es,a fi'ura fe,inina3 +o
entanto= $a te, o rosto culpado= enuanto *"nus tra u, sorriso
eni',atica,ente sedutor e o éu transparente ue ,ostra e, lu'ar de
esconder seu sexo3 &urante a Jdade édia e a Renascença considera#se
ue a ,ulher é= por ess"ncia= u, ser lascio= destinado N lux/ria=
insaci-el e ue a .elea de,oníaca de suas for,as é a causa do
enfraueci,ento ,asculino= de ho,ens destinados N força da 'uerra3 A
ironia de Cranach
fra'ilidade est-e leea
de sua 'raça e, ,ostrar ue a força fe,inina e, da
corporais3
Fi, da nota3
7>
Tanto assi,= narra o autor .í.lico= ue estaa, nus e não se
ener'onhaa,3 Adão e $a são sexuados= pois Adão afir,a não haer
,aior ale'ria e delícia do ue ho,e, e ,ulher se tornare, Ou,a sI
carneO3 Afir,ação ue ser- transfor,ada nu, dos ,ais .elos trechos do
poe,a @araíso @erdido= escrito pelo poeta in'l"s ilton3
A uestão ue os dois relatos .í.licos nos deixa, é a se'uinte: se &eus
fe os hu,anos sexuados= se o praer sexual existe no @araíso co,o u,a
de suas delícias (tale a ,aior)= co,o entender a condenação do sexo
pelo cristianis,o @ara tentar respond"#la= exa,ine,os o pecado ori'inal3
E pecado ori'inal possui duas faces: é o deixar#se seduir (tentação) pela
pro,essa de .ens ,aiores do ue os possuídos (co,o se houesse
al'ué, ,ais potente do ue &eus para distri.uí#los) e é trans'ressão de
u, interdito concernente ao conheci,ento do .e, e do ,al3 Seu pri,eiro
efeito: a desco.erta da nude e o senti,ento da er'onha= de u, lado= e
o ,edo do casti'o= de outro3 Seu se'undo efeito: a perda do @araíso3
Wue é perder o @araíso Tornar#se ,ortal= separar#se de &eus e conhecer
a dor (larar a terra estéril= parir no sofri,ento)3 E pecado ori'inal (tanto
no sentido de pri,eiro pecado uanto no de pecado da ori'e,) é u,a
ueda: separarse de &eus= desco.rir a ,orte e a dor= conhecer a car"ncia
e a falta3  nessa constelação de sentidos ue se desenoler- a
,editação dos pri,eiros @adres da J'rePa so.re o sexo3
A ueda= o distanciar#se
re.aixa,ento paraa se,pre
real e do ual de &eus=
desco.erta é oco,o
do sexo senti,ento de eu,
er'onha dor
futura é o ,o,ento priile'iado3 Co, ele= os hu,anos desco.re, o ue é
possuir corpo3 Corporeidade si'nifica car"ncia (necessidade de outra coisa
para Oso.reier)= desePo (necessidade de outre, para ier)= li,ite
(percepção de o.st-culos) e ,ortalidade (pois nascer si'nifica ue não se
é eterno= é ter co,eço e fi,)3 E pecado ori'inal é ori'in-rio porue
desco.re a ess"ncia dos hu,anos: so,os seres finitos3 A finitude é a
ueda3
Separar#se de &eus é desco.rir os efeitos de não possuir atri.utos diinos:
eternidade= infinitude= incorporeidade= auto#sufici"ncia e plenitude3 Era=
pelo sexo= os hu,anos não so,ente reafir,a, se, cessar ue são
corpIreos e carentes=
72
,as ta,.é, não cessa, de reproduir seres finitos3 E sexo é o ,al
porue é a perpetuação da finitude3 +ele= est- inscrita a ,orte co,o diria=
séculos ,ais tarde= Freud3 Eu o poeta= respondendo N per'unta: o ue é o
ho,e, co, a resposta: Ocad-er adiado ue procriaO3
Es pri,eiros cristãos= Pul'ando ue a ,orte e ressurreição de Cristo era,
sinais de ue lo'o iria o ;uío final e a i,ortalidade seria reconuistada=
'raças N Redenção= considerara, desnecess-rias as relaçQes sexuais=
pois P- não haia por ue ne, para ue perpetuar a espécie hu,ana=
in/,eras seitas proi.indo o sexo3 $ssa idéia ressur'iu co, a aproxi,ação
do ano 43???= o pri,eiro ,il"nioY reapareceu na 'rande crise do @apado e
do Sacro J,pério Ro,ano#!er,ano= no século XJJJ= uando ,uitos
esperaa,
lu'ares a inda
a'ora= co, adoaproxi,ação
AntiCristoY edo
parece estar
se'undo reco,eçando
,il"nio= e, -rios
o ano 03???3
A inculação do sexo co, a ,orte e= conseGente,ente= do sexo co, a
procriação= fa co, ue na reli'ião cristã a sexualidade se restrinPa N
função reprodutora3 $,.ora o sexo estePa essencial,ente atado ao
pecado= todas as atiidades sexuais ue não tenha, finalidade
procriadora são consideradas ainda ,ais peca,inosas= colocadas so. a
cate'oria da concupisc"ncia e da lux/ria e co,o pecados ,ortais3 Alé,
disso= co,o o sexo é função ital de u, ser decaído= uanto ,enor a
necessidade sexual sentida= tanto ,enos decaído al'ué, se torna=
purificando#se cada e ,ais3 &onde toda u,a peda'o'ia cristã ue
incentia e esti,ula a pr-tica da contin"ncia (,oderação) e da
a.stin"ncia (supressão) sexuais= 'raças a disciplinas corporais e
espirituais= de tal ,odo ue a eleação espiritual tra co,o conseG"ncia
o a.aixa,ento da intensidade do desePo e= confor,e N ,es,a ,ecMnica=
a eleação da intensidade do desePo sexual tra o a.aixa,ento espiritual3
A identificação entre sexo e ,orte aparece P- no Anti'o Testa,ento= no
Liro de ;I (E ho,e,= nascido de ,ulher= te, ida curta e cheia de
tor,entosO) e reaparece e, uase todos os textos dos @ri,eiros @adres3
São !re'Irio de +ia= @or exe,plo= escree: OA procriação corporal é
,uito ,ais u, princípio de ,orte do ue ida para os ho,ens= pois a
corrupti.ilidade co,eça co, a 'eração3 Aueles ue co, ela ro,pera,=
fixara, para si ,es,os= pela ir'indade= u,
77
li,ite para a ,orteO3 @or isso= u, corpo ue não tenha tra.alhado a
seriço
sucessãoda,ortal
ida corruptíel
é dito= co,eraão=
não aceitou tornar#se
isento de instru,ento de u,a
corrupção3
A ir'indade é interrupção do ciclo da ,orte e São !re'Irio escree:
Ouando a ,orte= depois de haer reinado desde Adão até aria *ir'e,=
nela encontrando u,a .arreira intransponíel= ta,.é, dela se
aproxi,ou= .atendo nu, rochedo= ue.rou#se3 Assi, ta,.é,= e, toda
al,a ue ultrapassa a ida carnal pela ir'indade= o poder da ,orte se
ue.ra e se dissole= por não sa.er onde enfiar o seu dardoO3 aria
*ir'e,= na relação co, seu Filho e co, a ressurreição= realia e i,pQe
u,a inersão no curso do fruto da ,orte3 &onde a inocação: OAe aria
cheia de 'raça333 .endito é o fruto do osso entre= ;esus3O
@or isso= e, in/,eras pinturas= a *ir'e, aria aparece no alto de u,
rochedo incIlu,e ao ,ar te,pestuoso3 +as ladainhas= é cha,ada ãe
castíssi,a= ãe iniol-el= ãe intacta= *ir'e, @oderosa3 @orue é
desi'nada co,o J,aculada e porue é leada ao céu co,o seu Filho3
Ta,.é, é su'estia a refer"ncia ao dardo3 +as representaçQes da
anti'Gidade= o A,or ($ros= Cupido) é fi'urado tendo nas ,ãos u, arco
assestado= pronto a disparar u, dardo (carre'ando outros dardos Ns
costas)3 +a frase de São !re'Irio= h- u,a síntese entre ,orte e a,or=
atraés da refer"ncia ao dardo3 Ta,.é, e, in/,eras pinturas ,edieais=
o A,or é representado co, u,a enda nos olhos= disparando seus dardos
se, er3 $ssa enda= co,o ,ostrara, os estudos icono'r-ficos do
estudioso da pintura= @anofs<9 (nu, liro intitulado $nsaios de
Jcono'rafia)= não si'nifica apenas= co,o pensa,os corrente,ente= ue o
a,or é ce'o3 +os cIdi'os pictIricos ,edieais= a enda nos olhos é u,
atri.utota,.é,
pintura ue per,ite identificar
expri,e u,a
a síntese fi'ura entre
teolI'ica precisa: a ,orte3
sexo Assi,= a
e ,orte3
as por ue= sendo a ir'indade itIria so.re a ,orte= os seres hu,anos
a rePeita, e continua, sucu,.indo ao sexo @or ue a ir'indade não é
espontanea,ente desePada= ,as o.tida por férrea i,posição ou disciplina
da ontade @orue= co,o filhos de Adão e $a= so,os corpos sexuados e
al,as enfrauecidas3 A ir'indade= uando não é u,a 'raça ou
76
do, de &eus (co,o o foi aria= cheia de 'raça)= é u,a conuista3 $scree
ainda São !re'Irio: OE fo'o= se nele não Po'a,os lenha= 'raeto ou palha=
ne, ualuer ,atéria co,.ustíel= não é de naturea a conserar#se a si
,es,o3 Assi,= a pot"ncia da ,orte não se exercer- se o casa,ento não
lhe fornecer ,atériaO3 *e, de ,uito lon'e a i,a'e, do fo'o co,o
representação do sexo= co,o inc"ndio ue se propa'a= se ali,entado3
&onde a expressão: arder de desePo3 +o Anti'o Testa,ento= no poe,a
CMntico dos CMnticos= di o poeta: Opois o a,or é forte co,o a
,orteb_Cruel co,o o a.is,o é a paixãoY_suas cha,as são cha,as de
fo'o_u,a faísca de ;aé3O
A idéia de propa'ação to,a duas direçQes3 @or u, lado= o sexo se espalha
por todo o corpo e conso,e o espírito ue a ele sucu,.iuY por outro lado=
espalha#se para os de,ais seres ue estiere, e, contacto co, auele
ue arde de desePo3 A idéia de O,atéria co,.ustíelO= isto é= ue o sexo
sI prosse'ue se lhe for dado o.Peto de praer= ainda si'nifica (e é esse o
ponto) ue poder- extin'uir#se por si ,es,o= se, ali,ento3 as si'nifica
al'o ainda ,ais profundo: ue o praer o.tido por seres finitos ta,.é, é
finito=
passado fu'a= passa'eiro=
o efeito ue adela
da satisfação= .usca reco,eçau,a
sI restando se,le,.rança
cessar tãoue
lo'o
esti,ula o reco,eço= co,o se os ,ortais esperasse, da ,ultiplicação e
repetição dos praeres dar#lhes perenidade3 as nunca ser- possíel o
pleno contenta,ento3 Co,o nos ersos de Ca,Qes: OA,or é fo'o ue
arde se, se er333  nunca contentar#se de contenteO3
D,a das conseG"ncias dessa percepção= ser- a distinção feita pelo
cristianis,o entre a,or profano (a,or carnal) e a,or diino (a,or
espiritual)3
+u,a das perspectias cristãs= essa diferença aparece co,o oposição e
anta'onis,o: o a,or profano= se,pre insatisfeito= desia e distrai a al,a
do a,or diino= /nico a dar contenta,ento pleno3 +as pinturas ,edieais=
essa oposição é representada por duas ,ulheres= e, 'eral u,a nua e
outra estida= representando a Sensualidade e a Raão= ou por duas
,ulheres estidas traendo -rios sí,.olos ue= pelos cIdi'os @ictIricos
da época= per,ite, distin'uir entre Felicidade .ree e Felicidade $terna3
E a,or profano te, ao fundo u,a cidade fortificada e le.res ou coelhos
(sexo ani,al e fertilidade)=
6?
enuanto o a,or diino te, ao fundo u,a paisa'e, ca,pestre= u,a
i'rePa e u, re.anho de cordeiros (;esus= cordeiro de &eus)3
+u,a outra perspectia cristã= ,ais tardia (da época do Renasci,ento)= a
diferença se transfor,a e, hieraruia: o a,or profano não é inteira,ente
rePeitado= ,as é hieraruica,ente ,enos perfeito do ue o a,or diino3
+o uadro do pintor Ticiano= A,or &iino e A,or @rofano= o estudioso
@anofs<9
,odos deinterpreta
exist"nciaaepresença de de
dois níeis u,perfeição3
,es,o princípio (o a,or)
$nfi,= noutra e, dois
perspectia
cristã= a relação entre os dois a,ores poder- ser a da representação= isto
é= h- a,ores profanos ue são u,a expressão de a,or diino: é o caso=
por exe,plo= do a,or pela fa,ília3 $ssa transfor,ação ser- perceptíel
uando= nas casas= ao lado das i,a'ens do Sa'rado Coração de ;esus e de
aria= a da Sa'rada Fa,ília ta,.é, estier pendurada na parede3 as
para che'ar a essa perspectia= u, lon'o e co,plicado percurso ter- de
ser feito: nele= o casa,ento= a.o,inado por !re'Irio= Tertuliano= !raciano
e outros @adres da J'rePa= ir- transfor,ar#se e, sacra,ento3
+a linha de !re'Irio de +ia= Tertuliano e !raciano= o pecado ori'inal=
inscreendo a ,orte no corpo hu,ano= sI poder- encontrar duas
soluçQes: ou ser ali,entado pelas relaçQes carnais= tornando#se ,orte
inter,in-el= ou ser destruído pela ir'indade= fruto da disciplina3
Co,preende,os= então= o sentido da expressão cristã: ,ortificação da
carne3 atar a ,orte3 $ por ue= e, in/,eras pinturas= a *ir'e, aria
aparece pisoteando a ca.eça da serpente (ca.eça e, for,a de dardo)=
ascendendo ao céu= aci,a das la.aredas (e le,.rando ue na !"nese= no
,o,ento da ,aldição diina= &eus declara a ini,iade ,ortal ue reinar-
entre a raça da ulher e a da serpente)3 Ta,.é, co,preende,os por
ue= e, ,uitas pinturas= os seres situados ,ais prIxi,os dos tronos de
;esus e de aria= lo'o a.aixo dos seres celestes= são ho,ens e ,ulheres
ue 'uardara, a ir'indade3
Wue ter- haido para ue= da condenação do casa,ento) o cristianis,o
passasse ao pIlo oposto= transfor,ando#o e, sacra,ento $ssa
transfor,ação ser- ,uito
passos iniciais fora, dadoslenta e sI se co,pletar- no século XJJJ3 Seus
64
por São @aulo e Santo A'ostinho ue definira, o ,atri,Vnio co,o
re,édio3
São @aulo classifica os pecados e, cinco cate'orias: contra &eus= contra a
ida hu,ana= contra o corpo= contra as coisas e os .ens e por palaras3 (
interessante o.serar ue coloca os pecados contra o corpo lo'o apIs o
ho,icídio e antes do cri,e contra a propriedade= localiação ue far- u,
lon'o percurso até ue a ideolo'ia .ur'uesa enha a definir o prIprio
corpo co,o propriedade priada= contra a ual se co,ete, cri,es de
ho,icídio e sexuais= considerados a'ora co,o cri,es porue iolação de
propriedade)3
Considerado por São @aulo= Ote,plo do $spírito SantoO (na ladainha de
+ossa Senhora= aria é inocada co,o torre de ,arfi, e casa de ouro) e
ta,.é, co,o aso de ar'ila ,odelado pelo oleiro diino (+ossa Senhora
ta,.é, é inocada co,o aso honorífico= aso de deoção= aso
espiritual)= o corpo não pode ser tratado de ualuer ,aneira= pois é
recinto sa'rado3 Contra ele= er'ue,#se os pecados da carne= e, n/,ero
de uatro: fornicação (isto é= suPeira= prostituição)= adultério= ,astur.ação
e ho,ossexualis,o3 $ssa classificação esclarece por ue= na
i,possi.ilidade da ir'indade= so,ente o casa,ento serir- co,o
re,édio3
+a $pístola aos Coríntios= escree: O@enso ue é .o, para o ho,e, ue
não toue e, ,ulher3 $ntretanto= para eitar a i,pudicícia= ue cada u,
tenha sua
,ulher ,ulher
o ue e cada
lhe dee ,ulher
e ue tenhaaPa
a ,ulher seuda,arido3
,es,aWue o ,arido
,aneira co,d" N sua
relação
ao seu ,aridoO3
E ApIstolo introdu u,a inoação se, precedentes= face N anti'Gidade: a
i'ualdade sexual3 $,.ora di'a ue a ,ulher dee o.edi"ncia ao ,arido=
no tocante ao sexo a i'ualdade é a re'ra3 Jsto se dee a dois ,otios3 $,
pri,eiro lu'ar= sendo a ,ulher a culpada do pecado ori'inal= é ,ais
sensual e ,ais sexuada do ue o ho,e,= ,ais fraca e suPeita a sucu,.ir
a tentaçQes= por isso= o casa,ento é para ela u, freio e u,a se'urança3
$, se'undo lu'ar= indo o ho,e, N procura de ,ulher na fornicação e no
adultério= ,elhor ser- ue não exista ,ulher disponíel para isso=
casando#as todas3 E ho,e, te, o direito de o.ri'ar sua ,ulher ao sexo=
,as ela te, ta,.é, o ,es,o direito= de sorte ue o casa,ento
transfor,a o sexo e, deer recíproco (idéia ue no protestantis,o
60
su.Pacente N sexolo'ia dos an'lo#saxQes conte,porMneos aparece co,o
Odeer de or'as,oO e Ode,ocracia sexualO)3
$screeu São ;erVni,o: OAtacar o casa,ento é a.rir as portas para o
de.oche das concu.inas= dos incestuosos= dos poluídos e dos ho,ens ue
se deita, co, outrosO3 $ssa idéia do casa,ento co,o re,édio aparece
na 'raura ,edieal onde A,or ($ros= Cupido)= de enda nos olhos= est-
a,arrado nu,a -rore cuPos 'alhos representa, os re,édios contra as
paixQes sensuais: Casa,ento= Eração= A.stin"ncia= Tra.alhoY seu arco e
os dardos Pae, no chão e N olta deles estão os ,ales ue acarreta:
iséria= *ol/pia= &errisão3 Ao lon'e= "#se o &ia.o= caracteriado co,o
orte
Santo $terna= fu'indo3
A'ostinho= por sua e= ir- co,.inar duas tradiçQes: a de Tertuliano
e a de São @aulo3 Assi,= co,o o pri,eiro= prefere eitar o casa,ento=
escreendo: OWuanto ao ,atri,Vnio= apesar de o per,itirdes= ensinastes#
,e ue haia outro estado ,elhor3 $ porue ,o concedestes= a.racei#o
antes de ser no,eado dispensador de osso sacra,entoO3 as= co,o o
se'undo= partindo do pri,eiro relato .í.lico (OSede fecundos= ,ultiplicai#
osO)= to,a o casa,ento co,o lei diina e re,édio3 &essa ,aneira= nele
encontra,os o n/cleo do ide-rio cristão ue consera o par
ir'indade_castidade priile'iado= co,o atesta o celi.ato dos padres
catIlicos e das freiras= e o casa,ento#re,édio= ue lear-= durante a
Jdade édia= ao elo'io do casa,ento casto (isto é= se, sexo apIs o
cu,pri,ento do deer da procriação= deer tanto ,ais sa'rado se
cu,prido se, praer= ,uitos dos teIlo'os considerando o praer no
casa,ento adultério e= portanto= pecado)3 $sse elo'io iria produir= no
correr dos séculos= a i,a'e, da ,ulher ideal co,o ,ãe assexuada e
honesta esposa frí'ida3 *itIria contra $a3
$ é e, Santo A'ostinho ue encontra,os u,a das ,ais .elas descriçQes
da passa'e, do a,or profano ao a,or diino co,o experi"ncia ,ística: a
experi"ncia de Vnica= sua ,ãe= capa de Oentrar no 'oo do SenhorO e
desendar ue Oas delícias dos senti,entos do corpo (333) não são di'nas
de co,parar#se N felicidade dauela ida= ne, ,erece, ue delas se faça
,ençãoO3
Resta sa.er co,o a teolo'ia sexual transfor,ou o re,édio e,
sacra,ento= o ,enor dos ,ales e, ."nção diina3 $
61
co,o sur'iu o casa,ento ,ono'M,ico indissol/el ue hoPe conhece,os
e ue tanta 'ente estaria pronta a Purar ue é eterno= encontrando no
*elho e no +oo Testa,ento Oproas concludentesO dessa curiosa
eternidade3 E Catecis,o da &outrina Cristã afir,a ue foi instituído Opor
&eus no @araíso terrestre e no +oo Testa,ento foi eleado por ;esus
Cristo N di'nidade de sacra,entoO= estranha ,aneira de ler a %í.lia e de
i'norar a realidade histIrica333
A J'rePa CatIlica Ro,ana sI ,uito tardia,ente conse'uiu he'e,onia
so.re a $uropa e isto Ns custas de lutas= conflitos= 'uerras e de ,uitas
concessQes iniciais (ue deixaria de faer depois de to,ado o poder)=
entre as uais a do casa,ento tal co,o realiado pela aristocracia3
Apesar de cristianiada (.atiada) e te,ente a &eus= faendo dons N
instituição eclesi-stica para 'arantir a ida eterna= pois o erdadeiro Reino
não é deste ,undo= a aristocracia européia possuía suas prIprias idéias e
pr-ticas relatias ao casa,ento= ,uitas delas indas de costu,es anti'os
da Ro,a pa'ã e dos 'rupos O.-r.arosO ue inadira, o i,pério ro,ano3
Ta,.é, os ca,poneses possuía, suas idéias e pr-ticas= co,o= por
exe,plo= a relação sexual pré#conPu'al para erificar a fertilidade da
futura esposa (se estéril= não haia casa,ento)= coisa necess-ria nu,a
época de alta taxa de ,ortalidade e de 'rande necessidade de .raços
para tra.alhar na terra e fornecer ho,ens para os exércitos no.res3
E casa,ento aristocr-tico era u,a ceri,Vnia antecedida= de -rios anos=
por u, conPunto de ritos (a pro,essa= o pacto conPu'al= o dote)= até
cul,inar nas n/pcias3 $sta era decisão e ceri,Vnia do,ésticas ou de
car-ter
na casa priado: ascasal=
do futuro fa,ílias
ou faia, as escolhas do
nas depend"ncias e aCastelo
ceri,Vnia se realiaa
paterno se ali
fosse ha.itar o noo casal3 E pai do noio os a.ençoaa diante de todos= o
leito conPu'al ta,.é, rece.ia a ."nção paterna e iniciaa,#se dias de
festePos3 Es escri.as da casa re'istraa, o casa,ento para o controle da
'enealo'ia3
E casa,ento não era uniersal ne, indissol/el3 +ão era uniersal porue
ne, todas as pessoas precisaa, ou deia, casar#se (prostitutas seria,
N satisfação ,asculina e as ,eninas se contentaa, co, raptos curtos)=
não sendo deseP-el ue todos se casasse, porue não interessaa a
exist"ncia de ,uitos herdeiros para o patri,Vnio e ta,.é, porue era
68
necess-rio ,anter u,a resera de ,oços e ,oças por causa da alta taxa
de ,ortalidade ue poderia criar a necessidade de su.stituir u, dos
cVnPu'es ,orto por seu ir,ão ou por sua ir,ã3 +ão era indissol/el: a
aliança poderia ser ro,pida e, caso de esterilidade= de desco.erta de
incesto= ou por u,a 'uerra entre os anti'os aliados3 Wuando a J'rePa
co,eça a i,por seu poderio= u,a das pri,eiras lutas ser- contra a
.i'a,ia= isto é= contra a ruptura de u, casa,ento e a realiação de outro
,ais coneniente3 A ,ono'a,ia ser- transfor,ada e, re'ra diina e a
.i'a,ia punida co, a exco,unhão
$nuanto aristocracia e os ca,poneses prosse'uia, e, suas pr-ticas= a
J'rePa ia lenta,ente ela.orando sua teoria do casa,ento= u, ,odelo ue
seria i,posto de for,a co,pleta apenas no século XJJJ= sua i,plantação
parcial faendo#se ao lon'o dos séculos3
E pri,eiro passo
,atri,Vnio est-
le'íti,o sintetiado
existe uandonu, texto do século
esta.elecido JX: OE laço
entre pessoas do e
lires
i'uais e uando une e, n/pcias p/.licas= para u,a fusão honesta dos
sexos co, o consenti,ento paterno= u, ho,e, e u,a ,ulher lire=
le'iti,a,ent dotadaO3
São tr"s as inoaçQes: 4) exi'"ncia= inda desde São @aulo= ue ho,e, e
,ulher consinta, no ato (ponto funda,ental para a interenção da J'rePa
ue poderia i,pedir u,a aliança entre fa,ílias= se Pul'ada inconeniente
para os interesses eclesi-sticos= instruindo o noio ou a noia para o não
consenti,ento)Y 0) exi'"ncia de ue as n/pcias sePa, p/.licas e não ,ais
ceri,Vnia priada oficiada pelo pai do noio (inicial,ente= a ceri,Vnia
ser- feita N porta das i'rePas oficiada pelo pai e pelo padreY depois ser- no
interior da i'rePa e oficiada so,ente pelo padre= os pais sendo apenas
teste,unhas)Y 1) exi'"ncia de ue o sexo sePa honesto= isto é= sen praer
e se, lux/ria3
&essas inoaçQes= a se'unda é a ,ais i,portante poruí transfere a
ceri,Vnia da casa para a i'rePa= 'arantindo o controle eclesi-stico so.re a
sociedade3 A J'rePa .atia= casa e d- a extre,a#unçãoY re'istra
nasci,entos= casa,entos e I.itos3
A fase final= no século XJJJ= acrescenta ue o casa,ento= sendo u,
sacra,ento= é indissol/el3 Jsto interessa ao @apado porue lhe per,ite
exercer o controle das alianças na no.rea
6
e so.retudo na realea= uando nos le,.ra,os ue a idade considerada
Oidade da raãoO para ue o ho,e, e a ,ulher desse, o lire
consenti,ento
anos= os padres(se, o ual nãoe haeria
preceptores ,atri,Vnio)
conselheiros era a
instruindo a idade de para
criança 2
consentir ou não3 Ao ,es,o te,po= a indissolu.ilidade é posta co,o
condição da esta.ilidade ,atri,onial e da co,unidade= esta ficando
ta,.é, so. controle da J'rePa3 $sse ponto foi facilitado porue=
sa.ia,ente= a J'rePa i,pVs o ,odelo pri,eiro nas classes populares=
tornou#o fato consu,ado e necess-rio na ,entalidade dos fiéis= o ue lhe
'arantia o sucesso ao a,eaçar no.rea e realea co, exco,unhão caso o
sacra,ento não fosse respeitado3
Se, d/ida= essa transfor,ação ta,.é, interessaa N classe do,inante3
+a altura dos séculos XJ e XJJ= h- duas etapas no ,atri,Vnio: a do
esponsalício= e a da n/pcia= realiada ,uito te,po depois da pri,eira3
+esta= a noia= ue durante a fase inicial (a da pro,essa) entre'aa ao
noio u, dote= a'ora rece.e deste u, outro e ,uito ,ais i,portante: ao
tornar#se esposa= nas n/pcias= ser- senhora de u,a parte do patri,Vnio=
para dele faer o ue desePar e= no caso de ,orte do ,arido= u,a parte
dos .ens do ,orto ser- distri.uída entre os filhos (priile'iado o
pri,o'"nito) e a outra ficar- para a i/a3 Resultado: os ,aridos te,e,
continua,ente o adultério (a esposa usando o dote esponsalício co, o
a,ante) e o assassinato (a esposa co,etendo ho,icídio para ficar co, o
restante dos .ens)3 Assi,= o controle eclesi-stico do ,atri,Vnio faorece
N no.rea e N realea= facilitando sua i,plantação3
A i,plantação do ,odelo eclesi-stico é aco,panhada= eidente,ente= de
u,a teolo'ia sexual ue coné, ,encionar,os3
São ;erVni,o= co,o São !re'Irio e outros @adres da J'rePa= ainda ue
dier'indo so.re
pro.le,a: o do aincesto3
aceitação ou não
Assi,= as do casa,ento=
tra'édias toca,
're'as sãose,pre nu,
condenadas
porue se dedica, ao incesto e suas conseG"ncias (parricídio= ,atricídio=
fratricídio)3 D, dos pro.le,as a enfrentar é Pusta,ente o da pri,eira
fa,ília .í.lica= na ual teria sido i,possíel eitar o incesto e suas
conseG"ncias= e é assi, ue ,uitos interpreta, a passa'e, e, ue
&eus iu a terra perertida pela
6>
carne= a perersão si'nificando= aui= o ,es,o ue no pensa,ento 'reco#
ro,ano= isto é= co,o perda da confor,idade co, a naturea das coisas=
inersão do curso natural= desorde, e caos3  nesse contexto ue= para
,uitos= se reforça a condenação do casa,ento= enuanto para outros se
reforça a idéia de re,édio3
Santo A'ostinho reto,a o casa,ento pelo pris,a do freio e do re,édio=
,as sua ,editação é ,uito ,ais co,pleta e a,pla porue inserida nu,a
,editação so.re a trans,issão do pecado pelos filhos de Adão e $a e
pela .usca ator,entada da inoc"ncia= so. o peso da consci"ncia da culpa3
$, seu liro= ConfissQes= narra sua ida peca,inosa= até N conersão=
'raças N ,ãe= Vnica3 +o centro da narratia ue é u, exa,e profundo
da interioridade= coloca a ,e,Iria (ue per,ite o ue= ,ais tarde= seria
cha,ado de exa,e de consci"ncia)= o pro.le,a do conheci,ento e a luta
contra o praer= luta ineit-el porue= escree ele= Onin'ué, dee pVr
se'uro nesta ida= porue toda ela se cha,a tentaçãoO e o Oo praer é
co,panheiro peri'osoO3
Wue pecados ,ais o ator,entaa, A concupisc"ncia da carne (a
lux/ria)= a dos
poder)3 as= olhos e pela
arrastado dos perfu,es= a 'ula era
lux/ria ta,.é, e a,.ição dopor
arrastado ,undo (o de
pecado
i'ual 'raidade: a curiosidade= o desePo de tudo sa.er= de conhecer pela
raão os ,istérios da fé3 Jnsiste na palara tentação porue sua teoria do
ho,e, d- lu'ar central N li.erdade da ontade= conceito de a,.i'Gidade
insuper-el (co,o ficar- ,ais patente no protestantis,o)= pois da
ontade depende nossa perdição (sucu,.i oluntaria,ente N tentação= ao
ue e, de fora e de dentro de nIs pela carne)= ,as dela não depende
nossa salação: a salação é u, do, ,isterioso e indecifr-el de &eus=
u,a 'raça i,erecida3 *-rias ees= confessa a felicidade ue seria poder
tornar#se eunuco (castrado)= pois a irtude ,ais desePada é a contin"ncia
(ue freia a lux/ria e a curiosidade)= se,pre i,pedida pela tentação3
Co, extre,a a'udea= Santo A'ostinho perce.e a relação entre desePo de
sa.er e sexo (pela ia do praer)= donde a necessidade de conter a
curiosidade= tanto dos olhos co,o do intelecto= preparando= co, isso= a
ação repressia ue o cristianis,o iria exercer so.re o desePo de
conheci,ento (o ual=
62
contraditIria e necessaria,ente= cresceria e, i'ual proporção N sua
repressão)3
Ta,.é, co, extre,a a'udea fala da criança: OA de.ilidade dos
,e,.ros infantis é inocente= ,as não a al,a das criançasO= preparando=
so.retudo co, o adento do protestantis,o (ue nele se inspirou
profunda,ente)= a i'ilMncia ue seria exercida so.re as crianças a partir
do ,o,ento e, ue a sociedade européia desco.rir a exist"ncia da
infMnciaOdeixai
;esus: co,o al'o
ir aespecífico3 +esse ponto=
,i, as criancinhas= ueo cristianis,o ne'ou
delas é o reino a fala
dos de
céusO=
preferindo conserar a afir,ação do Liro de ;I Oco,o pode o ho,e, ser
puro= ou inocente o nascido de ,ulher Wue, far- o puro sair do i,puro
+in'ué,O3 Tanto assi, ue= nas ConfissQes= le,os: OTudo uanto se
oculta nas treas de ,eu esueci,ento é para ,i, i'ual ao te,po e,
ue ii no seio ,aterno3 $ se fui conce.ido e, iniGidadeO e se e,
pecado ,e ali,entou= no entre= ,inha ,ãe[= onde e uando estee
inocente este osso seroO3 A reação furiosa dos .ur'ueses europeus
contra Freud é= afinal= u, ,istério (e certa,ente nunca haia, lido a
passa'e, das ConfissQes onde Santo A'ostinho descree o entusias,o de
seu pai ao er o corpo adolescente do filho e os te,ores de sua ,ãe)3
Ainda ue nada possa apa'ar a ,arca do pecado ori'inal= é preciso pelo
,enos torn-#la ,ais eneoada3 @ara ue, conheceu os pecados da carne
e as tentaçQes= o casa,ento é u, re,édio3 Wue, não te, força para
o.ter a a.stin"ncia ou conse'uir a contin"ncia= pelo ,enos procure Oa
praia do ,atri,Vnio  P- ue de outro ,odo não é possíel a
tranGilidade  e encontre o fi, natural na 'eração de filhos= co,o
prescree ossa lei= I Senhor= ue criais a descend"ncia de nossa raça
,ortal e podei suaiar= co, ,ão .ondosa= os espinhos desconhecidos no
@araísoO (e na canção: Oe ,es,o o @adre $terno= ue nunca foi l-=
olhando auele inferno333O)3
as= para o sucesso repressio do ,odelo ,ais u,a exi'"ncia é colocada=
alé, da sacra,entação do casa,ento: conse'uir o controle so.re as
,ulheres3
Sendo elas
teIlo'os= o lado da Nlux/ria
recorrendo e do
$pístola aospecado= no São
$fésos de casal= a @arte
@aulo= ,aisA,.rIsio
a Santo fraca= os
e a Santo A'ostinho= esta.elece, ue:
4) não dee haer praer na relação conPu'al
67
(senão= esta,os de olta N O,atéria co,.ustíelO)= e= para tanto= o
,arido dee li,itar#se N penetração na esposa= se, toc-#la e, ualuer
outra parte= o ,es,o deendo faer a ,ulherY
0) o ,arido dee do,ar e su.,eter a esposa ue a ele dee total
o.edi"ncia= pois Oa orde, natural é ue a ,ulher sira ao ho,e,OY co,o
conseG"ncia= no leito conPu'al= a esposa dee ser passia= Pa,ais ficando
e, posiçQes Ocontr-rias N +atureaO= isto é= so.re o ho,e, (essa
exi'"ncia era= eidente,ente= racionaliada nu, se'undo 'rau: a posição
so. o ,arido 'arantia fertilidade= filhos nor,ais e nu,erosos= enuanto a
esterilidade e a defor,idade dos filhos era, proas de coito contr-rio N
+aturea e a &eusY
1) co,o a !"nese afir,a ue foi ao criar o ho,e,= e não a ,ulher= ue o
Senhor decidiu fa"#lo N sua i,a'e, e se,elhança= a ,ulher dee estar
se,pre co.erta= fora e no leito conPu'al= porue seu corpo não ,anifesta
ne, a i,a'e, ne, a 'lIria de &eusY
8) se u,a ,ulher for concu.ina de u, ho,e,= ,as ele a tratar co,o
esposa= auto,atica,ente deerão contrair ,atri,Vnio ou considerar#se
casados (solução para o pro.le,a das relaçQes sexuais pré#nupciais e
para i,pedir .i'a,i a)Y ) se u, dos cVnPu'es for herético= incestuoso ou
ad/ltero= o diIrcio dos corpos pode ser concedido= ,as não o das al,as=
e, irtude
i,pedir uedo sacra,ento= se
o esponsalício nãotransferisse
podendo haer
para noo
outro casa,ento
ho,e,)Y >)(,odo de
dee ou
não a ,ulher ter praer para procriar $sse /lti,o par-'rafo nunca
conse'uiu ser decidido3 Es partid-rios do ,édico !aleno= considerando
ue a procriação sI ocorre se houer lança,ento de s",en pelos dois
cVnPu'es e ue esse lança,ento exi'e praer= afir,a, ue a ,ulher
necessita do praer= ,as este dee ser o ,íni,o necess-rio e o ,ais
.ree possíel3 Es partid-rios do filIsofo AristIteles= considerando ue a
,ulher contri.ui para a procriação co, o Can'ue ,enstrual= acu,ulado
no /tero= no ,o,ento e, ue rece.e o esper,a= declaraa, in/til o
praer fe,inino para a procriação e= portanto= conden-el3 @oré,=
curiosa,ente= nu, ponto todos concordaa,: se o casa,ento é re,édio
e se a ,ulher é a parte luxuriosa fraca= caso tenha sido excitada pelo
,arido até ue este consi'a ePacular= é necess-rio ue ela tenha praer
para eitar ue se ,astur.e ou ue procure outro ho,e,3 +este caso= o
,arido dee prolon'ar#se nela ate ue perce.a seu praer= ou então= apIs
o coito= ,astur.-#la
66
Co,o o.serou u, historiador= no leito conPu'al os cVnPu'es nunca estão
soinhos: partilha, a ca,a co, a so,.ra da J'rePa3
E interessante nessa lon'a discussão ue atraessou séculos é ue nela a
repressão da sexualidade se realia atraés do controle ,inucioso do ato
sexual e particular,ente do corpo fe,inino3 +enhu,a das colocaçQes ue
,enciona,os aci,a foi feita se, lon'a exposição de ,otios e as
explicaçQes anatV,icas= fisiolI'icas e teolI'icas ca,inhaa, Puntas=
acrescidas
Co, relaçãode Pustificatias
Ns ,ulheres=Purídicas3
pode,os o.serar dois aspectos3 E deer
conPu'al (transfor,ado e, díida  de.itu, = isto é= nu, ter,o do
oca.ul-rio Purídico e não ,ais reli'ioso) não si'nificaa ue a i'ualdade=
afir,ada por São @aulo= fosse i'ualdade na relação sexual: a ,ulher=
co,o o ho,e,= possuía u, papel sexual (e o conserou até hoPe= co,
raras exceçQes) e esse papel era o passio3 $, se'undo lu'ar= u, dos
resultados curiosos do controle ou da repressão foi a exi'"ncia de ue as
,ulheres da no.rea e da realea fosse, alfa.etiadas3 Reconheci,ento
de u,a inteli'"ncia fe,inina Reconheci,ento dos direitos fe,ininos de
participação cultural &e ,odo al'u,3 As ,ulheres= iletradas= possuía,
u,a cultura prIpria ou u,a Ocultura fe,ininaO3 Era= era, elas
encarre'adas da educação dos filhos (o ,enino= na pu.erdade= seria
educado pelo pai= ,as as ,eninas continuaa, a car'o das ,ulheres)3
Tornaa#se essencial ue trans,itisse, aos filhos não suas prIprias
idéias= ,as as do unierso ,asculino letrado ue= por ser letrado= era
eclesi-stico3 Assi,= a leitura continuaa a o.ra do confessor e apa'aa=
pouco a pouco= o risco de u,a he'e,onia fe,inina= atraés da educação3
So,ente co, a consolidação das reoluçQes .ur'uesas= co, auilo ue
al'uns desi'na, co,o o Odesencanta,ento do ,undoO (isto é= a perda do
poderio reli'ioso catIlico#ro,ano so.re a sociedade) e co, o adento do
$stado ,oderno= o casa,ento passou a ser ceri,Vnia ciil= so. controle
do $stado3 Jsto não si'nifica= poré,= ue a reli'ião tenha perdido o
controle so.re as al,as dos cVnPu'es3 Afinal= co,o di o Catecis,o da
&outrina Cristã (na ersão .rasileira de 4604)= Oo sacra,ento do
,atri,Vnio
para produ fiel,ente
se cu,prire, o au,ento da 'raça
todos santificante
os deeres e d- 'raça especial
,atri,oniaisO3
4??
+o pref-cio ao Catecis,o= pode#se ler: OEferece,os esse lirinho aos
nossos filhos para concorrer efica,ente para dilatar o conheci,ento e
a,or de nosso senhor ;esus Cristo e o respeito e o.edi"ncia N sua J'rePa=
refor,ar os costu,es (333)3 Eferece,os especial,ente esse lirinho Ns
pessoas constituídas e, eleadas posiçQes sociais= para ue lhes sePa de
lu nas dificuldades de suas 'raes o.ri'açQesY porue se se'uire, seus
dita,es= alé, de concorrere, para o .e, social= ,erecerão u,a coroa
i,ortal= depois dos seriços prestados nesta idaO3
Co,o se "= ser- preciso esperar o Concilio *aticano JJ= a Jdeolo'ia da
Li.ertação e os encontros da J'rePa Latina#a,ericana e, edelin e @ue.la
para ue u,a OCoroa i,ortalO ta,.é, sePa pro,etida aos po.res e
opri,idos3
uitos dos leitores= so.retudo os ue conhece, as resoluçQes do Concilio
*aticano JJ= certa,ente dirão ue o ue aui expuse,os est- superado
pela J'rePa3
&e fato= a partir do século XX ,uda a posição da J'rePa porue ,uda o
foco da discussão3 Até nosso século= a uestão do sexo e do casa,ento
se,pre foi tratada pela J'rePa a partir de duas oposiçQes funda,entais:
praer_deer= praer_procriação3 E a,or se,pre estee ausente3 A'ora é
ele o centro da for,ulação3 Até o século XX= a J'rePa tratou o a,or so.
dois Mn'ulos: co,o a,or profano a ser afastado= e co,o a,or diinoY o
a,or se,pre foi e,asculado ou transfor,ado e, caridade3 A'ora= o a,or
profano recupera
$ssa ,udança de di'nidade3
foco possui causas precisas3
$, pri,eiro lu'ar= para conserar o controle socialsexual= a J'rePa não
poderia i'norar as ,udanças da sociedade conte,porMnea= o adento da
psican-lise e a consolidação de u,a cultura lei'a3 $, certo sentido= ali-s=
a J'rePa foi respons-el pelo interesse dessa cultura pelo a,or (a co,eçar
pelo cha,ado a,or cort"s= desenolido nos séculos precedentes= no ual
o Poe, escolhe a a,ada para seri#la= se, dar contas N fa,ília e N
reli'ião)= pois= ao coloc-#lo fora do casa,ento ue ela controlaa= deixou#o
nas ,ãos dos lei'os= ue dele tratara, de cuidar3
$, se'undo lu'ar= a idéia atual do casa,ento co,o Oco,unidade de ida
e de destinoO= na ual o a,or é o centro da ida conPu'al pensada a partir
das pessoas enolidas= de ,odo personaliado ou psicolI'ico (e não
apenas teolI'ico)=
4?4
não é u,a reelação3 Assi, co,o a J'rePa co,.ateu a OheresiaO cha,ada
'nosticis,o (ue condenaa a.soluta,ente o sexo) e a OheresiaO
cha,ada antino,ista (ue sacraliaa todas as experi"ncias sexuais=
desde ue desinculadas da procriação)= ta,.é, deixou na so,.ra e no
sil"ncio= posiçQes co,o as de @edro Lo,.ardo (no século XJJ) ou al'u,as
das idéias de São To,-s de Auino (no século XJJJ) para os uais o a,or
profano= a,or natural= é u, auxílio para o a,or diino= e u,a relação
pessoal entre seres hu,anos li'ados pela a,iade= pelo afeto e pelo
desePo3 A tese de São To,-s (contrariando a de Santo A'ostinho)=
se'undo a ual a +aturea auxilia a !raça= sustenta -rias de suas idéias

so.re oo casa,ento3
a,or= ,as ue ficara, silenciadas so. suas teses OortodoxasO
Wue essas idéias= silenciadas pela J'rePa= se desenolera, na sociedade
cristã= duas peuenas proas o atesta,: o uadro de Ticiano  A,or
@rofano e A,or &iino = ue P- ,enciona,os= e u, dos ,ais .elos
trechos do Jnferno= na &iina Co,édia= do poeta florentino &ante: o
encontro do poeta= no se'undo círculo do inferno= co, o casal de a,antes
Francesca e @aolo de Ri,ini3 Boue adultério (Francesca era casada co, o
ir,ão de @aolo) e por isso h- casti'o infernal (os corpos= arre.atados pelo
ento= tenta, desesperada,ente unir#se se, o conse'uir)= ,as neste
inferno= &ante coloca na .oca de Francesca as ,ais ternas= .elas= doces
palaras de a,or= e a piedade do poeta (e, e do horror pela pecadora)
o fa concluir o poe,a co, o erso: O$nuanto a histIria triste u, tinha
dito_ Tanto carpia o outro= ue eu= a.sorto_ $, piedade= senti letal
conflito_ $ to,.ei= co,o to,.a corpo ,ortoO3 Letal conflito: por ue @aolo
e Francesca hão de ,erecer as penas do inferno
$, terceiro lu'ar= o papel dado ao a,or= for,a de aloriar enor,e,ente
a fa,ília (a parede adornada pela Sa'rada Fa,ília)= te, u, si'nificado
político: é a resposta da J'rePa contra os ,oi,entos socialistas=
so.retudo os do final do século XJX e início do século XX= ue pretendia,
desfaer todas as instituiçQes repressias da sociedade .ur'uesa= aí
co,preendida a fa,ília na for,a do casa,ento ,ono'M,ico indissol/el3
4?0
+ão é apenas atraés do sacra,ento do ,atri,Vnio ue a reli'ião cristã
repri,e a sexualidade e a controla3 D, outro sacra,ento est- a seriço
do ,es,o
+este= fi,: o da confissão3
a sexualidade ser- catalo'ada= classificada= codificada de ,odo
,inucioso e exaustio= deixando perdida na noite dos te,pos a
si,plicidade da lista dos uatro pecados de São @aulo3
Ali-s= é possíel notar ue= e,.ora a lista dos sete pecados capitais
(so.er.a= aarea= lux/ria= ira= 'ula= inePa e pre'uiça) pareça distin'ui#los
entre si pelas causas= for,as e efeitos= na erdade= o pecado sexual
do,ina todos os outros3 $, pri,eiro lu'ar= porue ualuer ato (do,inar=
reter= encoleriar#se= co,er= uerer al'u,a coisa ista co, outre,
descansar) conerte#se nu, dos pecados capitais toda e ue for
praticado co, excesso e o excesso se cha,a: lux/ria3 $, se'undo lu'ar=
nas representaçQes dos sete pecados= nas ilu,inuras e 'rauras
,edieais e nas pinturas renascentistas= todos eles trae, traços de forte
sexualiação do praer3 A ,elhor fi'uração do praer se encontra no
uadro de %ronino= A Lux/ria= representada por u,a ,ulher nua= de
for,as exu.erantes= acariciada nu, dos seios por u, ,enino (ue tra os
sinais de ser Cupido) aPoelhado nu,a al,ofada (e a al,ofada= no cIdi'o
pictIrico da época= si'nifica relação sexual)= tendo ela nu,a das ,ãos o
dardo3 $, terceiro lu'ar= nos uadros ue representa, as tentaçQes=
so.retudo nos do pintor ;erVni,o %osch= o resultado da presença
si,ultMnea dos sete pecados é a 'eração de todos os tipos possíeis de
,onstros e de todas as ,eta,orfoses possíeis= enfatiando= assi,= o
car-terprocriatio contra#naturea da reunião de todos os ícios da carne3
A eolução dos procedi,entos da confissão é espantosa3
+u,a pri,eira época= o confessor inda'aa se o penitente co,etera
al'u, dossepecados
inda'aa listados
o penitente por São @aulo
os praticara3 e= no casoa dos
$ra= portanto= açãopecados
ue erasexuais=
Pul'ada
peca,inosa3
Jnspirando#se nas discussQes de Santo A'ostinho so.re os conflitos e
dra,as da interioridade= nu,a época se'uinte o confessor passou a
inda'ar ao penitente se= alé, de atos= ta,.é, haia desePado pratic-#los=
ainda ue não o tiesse feito3 A'ora= o pecado concerne ta,.é, Ns
intençQes3
A se'uir= o confessor é instruído para conhecer u,a erdadeira anato,ia
do pecado carnal3 Aprende uais os pecados
4?1
carnais possíeis para cada u,a das partes do corpoY uais os o.Petos e
situaçQes ue pode, esti,ular cada u, desses pecados3 E pecado= alé,
de espalhar#se pelo corpo do penitente= ta,.é, enole o ,undo no ual
ele ie3
Jsto explica= por exe,plo= a exi'"ncia de ue as ,ulheres se cu.ra, co,
,uitas estes= ue não pise, e, certos lu'ares= não fale, certas
palaras ne, fale, co, deter,inadas pessoas para não sere, ocasião
de tentação= pois a'ora a si,ples tentação P- é peca,inosa3 &o ,es,o
,odo= re'ras são esta.elecidas para ue, não desePa correr o risco da
tentação3 Assi,= o @adre %ernardes= nu, liro intitulado +oa Floresta=
escree: OAo 'loriosíssi,o doutor da J'rePa (São To,-s de Auino) disse
u,a senhora: por ue se estranhaa tanto das ,ulheres= pois nascera de
u,a Respondeu: @orue nasci de u,a= é ue fuPo de todas (333)3 Es olhos
.aixos e, presença de ,ulheres denota, estar o coração leantado= e os
olhos leantados=
ue fita denota,
os olhos e, ,ulher=estar
.e, .aixo e caído3
poder- Reli'ioso
ser reli'ioso ou sacerdote=
ou sacerdote= ,as
então não pareceO3
$sse trecho de %ernardes é su'estio porue nos infor,a de u, outro
aspecto da confissão3 Ao dier o ue si'nifica ter os olhos leantados ou
os olhos .aixados= %ernades apenas reto,a u,a nor,a funda,ental do
confessor= ual sePa= a de sa.er decodificar todos os sinais do pecado e da
irtude por ,ais ínfi,os ue sePa, e apareça, onde aparecere,3 A
se'uir= dee transfor,ar esse cIdi'o e, peda'o'ia3 As ,eninas não
aprende, desde cedo ue é sinal de ,odéstia ,anter os olhos .aixos
Learão al'uns anos para desco.rir ue a aloriação da ,odéstia apenas
sere de ,-scara para i,pedi#las do uso sensual do olhar= pois o pecado
não est- apenas e, sucu,.ir N tentação= ,as ta,.é, e, ser fonte dela=
sendo o ,aior pecado uando a tentação é deli.erada= eidente,ente3
D,a leitura dos liros de .oas#,aneiras para ,eninos e ,eninas das
classes do,inantes catIlicas é suficiente para percorrer,os o ,inucioso
controle do corpo= apresentado co,o .oa#educação3 Es ,eninos= por
exe,plo= não dee, conserar as ,ãos nos .olsos3 Conser-#las ali seria
sinal de aarea Tale3 as a proi.ição isa a outro fi,: i,pedir a
tentação da ,astur.ação3 As ,eninas não dee, cruar as
4?8
pernas na altura dos Poelhos= ,as apenas na dos calcanhares3 Sinal de
ele'Mncia Assi, o di a racionaliação3 +a erdade= trata#se de i,pedir
ue= pela fricção das coxas= a ,enina ta,.é, se ,astur.e3 +ão se dee
falar co, superior fitando#o nos olhos3 Sinal de ,odéstia e de o.edi"ncia
+ão3 Risco
parece deconertido
ter#se sedução sensual3
nu, .a/$,do su,a=
dia.o333o Ote,plo do $spírito SantoO
$nfi,= co,pletando a ceri,Vnia confessional= o confessor não se
contentar- e, inda'ar do penitente se participou= tee a intenção de
praticar= ou fantasiou este ou auele pecado3 @rocura fa"#lo falar por si
,es,o para ue= atraés das traiçQes das palaras= capture o pecado
escondido3 @rocedi,ento 'eneraliado para todos os penitentes= ,as
particular,ente e,pre'ado para os réus da Jnuisição= pois esta sI
dispunha do direito para condenar= se o.tiesse a confissão olunt-ria do
acusado3 $idente,ente= ela dispunha de excelentes ,étodos para
che'ar a essa decisão Oolunt-riaO= ,as u, dos ,étodos= ue não
e,pre'aa tortura física e si, ,ental= era lear o acusado a falar para
ue caísse e, contradição= se en'anasse= tiesse lapsos de ,e,Iria=
sinais de ue ocultaa al'u,a coisa= traindo#se se, o sa.er3
A historiadora liana +oins<9= nu, ensaio intitulado Beresia= ulher e
Sexualidade= estudando processos de ,ulheres no +orte e +ordeste no
%rasil nos séculos X*J e X*JJ= selecionou os das ue fora, su.,etidas N
Jnuisição so. acusação de feitiçaria= sodo,ia= .i'a,ia= .lasf",ia e
incesto3 $ssas ,ulheres não era, ne, as sinh-s ne, as escraas= ,as
pertencia, N ca,ada dos co,erciantes= artesãos= peuenos funcion-rios
da Coroa e a u, 'rupo cha,ado= su'estia,ente= Odas a'a.undasO= isto
é= ,ulheres profissionaliadas= tecelãs= endeiras= i/as ue
sustentaa, a fa,ília= etc3
Es inuisidores= e, toda parte= %rasil ou $uropa= usaa, u, ,anual
deno,inado alíeus aleficaru, ue fornecia ao interro'ador todos os
ele,entos para
dissi,ulados ou desco.rir os fosse,3
ínfi,os ue sinais deA.ruxaria nu,ado,ulher=
idéia central ,anualporera,ais
a de
ue o ,al est- e, toda parte= ,as ue é de dois tipos: natural (pestes=
secas= inundaçQes) e ,aléfico (decisão olunt-ria de destruir ou sa.otar a
orde, do ,undo= decisão inda do rial de &eus= o &ia.o= o aléfico ou
ali'no)3
4?
As ,ulheres= se, exceção= são colocadas co,o ,al ,aléfico porue= por
naturea= são crédulas= faladoras= coléricas= in'atias= de ontade e
,e,Iria fracas e insaci-eis= prestando#se a todas torpeas sexuais3
Consideradas co,o desorde, (isto é= co,o +aturea ainda não su.,etida
N re'ra= N orde, e= portanto= N Cultura)= todas as ,ulheres= sePa, elas
esposas= parteiras= .ruxas= prostitutas ou freiras= são se,pre descritas
exclusia,ente e, ter,os sexuais (a .ruxa dor,e co, o dia.o e a freira=
co, &eusY a puta dor,e co, todos= a freira= sI co, ;esus  u,a canção
de Chico %uarue nos reela co,o essas i,a'ens exclusia,ente
sexuadas das ,ulheres ainda per,anece, no i,a'in-rio e no cotidiano
.rasileiro= de tal ,odo ue o encontro ,atinal da puta= oltando do
tra.alho= co, a freira= indo N ,issa= é u,a espécie da síntese da i,a'e,
fe,inina .rasileira para o olhar ,asculino)3
A finalidade da confissão das acusadas= perante o Jnuisidor= era a de ser
transfor,ada e, peça funda,ental da prIpria acusação= so.retudo co,o
auto#acusação e co,o delação de todas as pessoas prIxi,as enolidas
(,uitas ees= co,o se sa.e= u, processo inuisitorial era feito ,enos
para condenar u, acusado e ,ais para ue ele= atraés da delação=
apontasse al'ué,
Aceitando ue= de
confessar#se= a fato= era arealiaa
acusada pessoa isada pela inuisição)3
a finalidade principal da
Jnuisição co,o instituição: reconhecia o tri.unal e= portanto= reforçaa o
siste,a3
Atraés das confissQes= a historiadora nos ,ostra o uadro da repressão
sexual dessas ,ulheres: a acusação de .i'a,ia decorre da luta entre
ho,ens riais e reela a estrutura do casa,ento co,o relação de forçaY a
de sodo,ia= é ,eio para eli,inar u,a ,ulher indeseP-el e Pustificar a
separação lícita se, ue os espanca,entos anteriores rece.a, punição e
se, ue o dote da esposa precise ser deolido= perdendo ela ta,.é, a
dotação do ,arido (nessa acusação= a proa é o.tida pela resposta
afir,atia N per'unta: Ohoue deleitaçãoO= isto é= praer)3 as= de todas
as acusaçQes= é a confissão da feiticeira ue ,elhor ilu,ina a situação
sexual dessas ,ulheres 3 A acusação de feitiçaria é se,pre sexual= pois a
feiticeira é auela ue dor,e co, o dia.o3 as as confissQes ,ostra, as
dificuldades ,atri,oniais das ,ulheres ue procuraa, solucion-#las
pela ,a'ia= co, poçQes e filtros= na
4?>
esperança ue os ,aridos lhes Odesse, a .oa idaO e lhes tiesse,
Oa,or e a,iadeO3 A procura da feitiçaria reela a incapacidade da J'rePa
para aPud-#las3
Todaia= a preocupação da J'rePa co, as feiticeiras e a sodo,ia
(ho,ossexualidade fe,inina) se dee ao te,or de ue criasse, u,
O,undo fe,ininoO= prIprio= desinculado do controle eclesi-stico (,undo
feito de solidariedade e so.retudo de profissionaliação das ,ulheres)3
Reencontra,os
decidiu ensinar aaui al'o
ler Ns se,elhante
,ulheres3 ao ue
E ,es,o i,os
,edo uando
de perder a J'rePa
o controle
so.re elas3
Re'resse,os= poré,= N confissão sacra,ental3
Tendo o corpo se tornado ,icroscopica,ente peca,inoso= tanto co,o
recept-culo da tentação uanto co,o proocador dela= ocorrer- co, ele o
,es,o ue assinala,os a respeito dos sete pecados capitais= isto é= a
sexualiação de todos os pecados reaparece a'ora co,o sexualiação do
corpo inteiro3
+esta perspectia= o pecado da palara= ue São @aulo colocara co,o u,
pecado específico (podendo ser contra &eus ou contra o prIxi,o= co,o a
.lasf",ia ou a cal/nia)= torna#se ta,.é, pecado sexual3
A sexualiação dos pecados e do corpo si'nifica= si,ples,ente= a
preocupação cristã co, todas as for,as da concupisc"ncia= isto ser esta
a ,anifestação da frauea da carne= e= conseGente,ente= a
preocupação est- oltada para a percepção= captura e controle de tudo
uanto desperte praer3  pela ia da caça ao praer ue os pecados e o
corpo ão sendo sexualiados3 $ é pela ia do praer ue a palara
passar- a ser u, pecado sexual3 Faladas= escritas ou si,ples,ente
pensadas e, sil"ncio (isto é= se, co,unicação)= ouidas ou lidas= estão
su.,etidas a ri'oroso exa,e3 A peculiaridade da palara= so. o re'i,e da
confissão= não se acha apenas no fato de haer u, oca.ul-rio sexual ue
precisa ser usado co, ,oderação e atraés dos eufe,is,os= e si, no
fato de ue toda e ualuer palara= dependendo de ue, a usa= co,o=
uando e por ue a usa= estar inestida de praer sexual3 &onde= e,
,uitas ordens
espantoso reli'iosas=
da palara= a o.ri'atoriedade
desco.erta do oto
ue o confessor de conse'ue
h-.il sil"ncio3 as o
produir
no penitente= é ue a pronuncia,os se, sa.er o ue die,os
4?2
e ue ela nos fa dier o ue não suspeit-a,os existir e, nIs (u, dia=
isso rece.er- no,e: inconsciente e retorno do repri,ido)3
A confissão é o corpo e o ,undo postos so. suspeitaY ,as a palara é
ainda acrescida de outro atri.uto: é reeladora e por isso ,es,o
peri'osa3
D,a síntese da suspeição#reelação e de seu peri'o= li'ado ao
conheci,ento e N di,inuição da censura= aparece ad,irael,ente no
ro,ance de D,.erto $co= E +o,e da Rosa= no ual o cri,e= a suspeita= o
pecado= o poder e a ueda estão distri.uídos N olta de u, centro= u,
local feito apenas de palaras: a .i.lioteca3 $ o liro proi.ido= auele ue
entre todos os da .i.lioteca nin'ué, poder- ler= os ue o fiera, tendo
sido assassinados= é u, liro de elo'io ao riso N ale'ria= ao hu,or e N
'raça3 +esse ro,ance= as ,editaçQes de Santo A'ostinho so.re o pecado
da curiosidade li'ado direta,ente ao conheci,ento intelectual e
inconsciente,ente ao praer sexual constitui u,a das tra,as da
narratia: ler e escreer são Panelas e portas preferenciais do &ia.o= por
isso a .i.lioteca não te, Panelas e sua /nica porta é 'uardada a chaes=
antecedida por u, corredor onde Pae, ossadas3 $ o 'uardião do liro
proi.ido= ue para prote'"#lo assassina= é ce'o3
@oré,= o uadro confessional ainda não est- co,pleto3
+as ConfissQes= perplexo e ator,entado= Santo A'ostinho escreia ue
todos os esforços de
era, inteira,ente controle
perdidos da ontade=
durante o sono:realiados durante a i'ília=
sonhaa pecados3
Assi,= N lista dos pecados e de suas ocasiQes= o confessor acrescentar- os
sonhos3 Wuando nosso corpo e nossa al,a relaxa, para o descanso=
,elhor oportunidade dão ao de,Vnio para infiltrar#se se, ue haPa co,o
co,.at"#lo e enc"#lo3 &onde as re'ras ue serão esta.elecidas para
di,inuir o risco de sonhar: as preces antes de ador,ecer (para as
crianças= a inocação do AnPo da !uarda)= a fru'alidade da refeição
espertina (o ue ,ostra a relação entre 'ula e sexo)= o cuidado co, os
dierti,entos noturnos para ue não deixe, a al,a preparada para a
infiltração de,oníaca (donde a reco,endação da leitura de idas de
santos= dos liros de oração= da %í.liaY a retic"ncia reli'iosa face aos
.ailes e festas noturnasY a re'ula,entação das ocasiQes e, ue a relação
sexual
4?7
conPu'al pode acontecer)= e o elo'io= leado ao ,-xi,o no
protestantis,o= do tra.alho= pois O,ente desocupada= oficina do dia.oO (o
ue ,ostra a relação entre pre'uiça e sexo)3
A confissão é= podería,os dier= u,a técnica da fala3 E confessor atua
nu, crescendo: inda'a inicial,ente se houe ato peca,inoso ou intenção
peca,inosaY sendo afir,atia a resposta= inda'a: houe deleitação= pois
a falta é ,aior e, caso de praer3 Afir,atia a resposta= inda'a uais os
Ir'ãos ue se deleitara, (a falta ariando de 'raidade confor,e os
Ir'ãos de praer)= uanto te,po durou a deleitação (a 'raidade da falta
sendo proporcional ao te,po de praer)= uantos se enolera, nela e
onde
de aconteceu (haendo
participantes u,a
e os locais)3 codificação
@or do pecado
fi,= o confessor confor,e
inda'a o n/,ero
se o penitente
est- arrependido= pronto para a contrição erdadeira e para não ,ais
pecar3 $xi'e= portanto= ue o pecador di'a a erdade so.re a sexualidade
e ue essa erdade= atraés do ato de contrição ou do arrependi,ento=
atue so.re o co,porta,ento futuro= ,odificando o ser do penitente3  na
exi'"ncia da ,odificação ue o controle ,elhor ,anifesta o papel da
repressão sexual: não se trata apenas de proi.ir atos= palaras e
pensa,entos= ,as de conse'uir ue outros enha, colocar#se no lu'ar
dos peca,inosos3
Al'o ta,.é, é exi'ido do prIprio confessor= posto ue é u, ser hu,ano=
apesar da 'raça santificante rece.ida pelo sacra,ento da Erde,: não
dee pecar ao ouir a confissão3 $sse risco existe se o confessor sentir
praer no ue oue= fantasiar a partir do ue escuta= tornar#se c/,plice
inolunt-rio do penitente= faendo#o alon'ar a fala e detalhar o prIprio
praer3 E risco da confissão para o confessor foi ad,irael,ente descrito
pelo ro,ancista $ça de Wueiro nu, ro,ance intitulado E Cri,e do @adre
A,aro3
E Catecis,o da &outrina Cristã= no capítulo dedicado N confissão= explica
sua necessidade= por ue se cha,a penit"ncia ou confissão e uais suas
re'ras3  necess-ria para perdão dos pecados co,etidos apIs o .atis,oY
é penit"ncia porue o pecador dee su.,eter#se Ns penas ue o
confessor lhe i,puserY é confissão Oporue para o.ter o perdão dos
pecados não .asta detest-#los= ,as é necess-rio acus-#los ao confessor
(no níel da racionaliação= a explicação é si,ples: trata#se de
4?6
,anifestar a irtude da hu,ildade= confessando#seY no níel inisíel= o
,otio é outro: é ,eio de controle)3
E poder do confessor é total= pois a Ofor,a do sacra,ento da penit"ncia
é: $u te a.solo dos teus pecadosO= a.solição feita e, no,e de &eus=
por ue, o confessor foi inestido3 $nfi,= a confissão dee ser precedida
do exa,e de consci"ncia (isto ue o pecador o é e, sua al,a e
consci"ncia) e o Catecis,o explica co,o fa"#lo: exa,inar co, dili'"ncia
os pecados Oco,etidos por pensa,entos= palaras= o.ras e o,issQesO=
exa,inar os ,aus h-.itos e as ocasiQes de pecadoY se os pecados fore,
,ortais= sa.er o n/,ero deles e o te,po e, ue se per,aneceu nelesY
exa,inar as circunstMncias= pois estas pode, transfor,ar u, pecado
enial e, pecado ,ortal= e exa,inar as Oue au,enta, ,uito a ,alícia
do pecadoO3 Co,o facilitar esse exa,e OE exa,e de consci"ncia torna#se
f-cil pensando nIs nos lu'ares e, ue estie,os= nas pessoas ue
freGenta,os e nas coisas co, ue nos ocupa,osY é ,uito ,ais f-cil
para os ue t", o costu,e lou-el de exa,inar todos os dias a
consci"ncia= coisa tão reco,endada a ue, uer ier cristã,ente3O
E Catecis,o ainda pre" o risco do esueci,ento e da er'onha3 E
$sueci,ento pode ser corri'ido na confissão se'uinte= ,as ue, o,itiu
u, pecado por er'onha= co,ete sacrilé'io (o ,ais 'rae dos pecados
,ortais)3 &iante dessa exi'"ncia de desnuda,ento incondicional= o
Catecis,o pre" a o.Peção do fiel: não é terríel ter de confessar a ou
tre, o ue nos causa er'onha Resposta: OAinda ue pareça duro= é
preciso fa"#lo= porue de outro ,odo não se pode conse'uir o perdão dos
pecados co,etidos
co,pensada e anta'ens
por ,uitas porue a e dificuldade de confessar#se
'randes consolaçQesO3 Assi,= éfica
o
aspecto cat-rtico ou purificador= a exterioriação do tor,ento
interioriado= ue torna a confissão u, .e,3 E ue= se, d/ida= é
erdade3 $ co,o não seria assi,= depois ue aprende,os a nos
ator,entar E ,ecanis,o funda,ental consiste= pois= e, nos li.erar
depois de nos haer repri,ido= ,as so. a condição de aceitar noa
repressão3 @or isso o Catecis,o fa duas exi'"ncias: a .oa confissão sI
pode ser feita por ue, conhece a doutrina cristã e uando o penitente
não escolhe u, confessor Ode,asiada,ente indul'enteO3
44?
Se, d/ida= entre a decisão repressia e sua plena execução h- u,a .oa
distMncia e ne, se,pre a reli'ião cristã o.tee o sucesso al,ePado= a
histIria do cristianis,o e da sociedade ocidentais sendo a ,elhor proa
disso3 +o entanto= o funda,ental não se encontra tanto no sucesso isíel
conse'uido ou não pelas re'ulaçQes reli'iosas= ,as na sua i,plantação
inisíel co,o ideal de ida e de perfeição= passando a deter,inar o
conPunto da exist"ncia social3 $ as trans'ressQes= se são proa do
insucesso isíel= por sere, trans'ressQes ta,.é, são a proa da
i,plantação das re'ras3
@oucas serão as pessoas= hoPe e, dia= ue se'ue, as re'ras dos
O$xercícios do Cristão para Santificar o &iaO= tais co,o apresentadas pelo
Catecis,o da &outrina Cristã= onde são codificadas todas pr-ticas
cotidianas do cristão (o ue dee faer ao leantar#se= ao estir#se= ao
ali,entar#se= no tra.alho= no laer= durante o toue da Ae#aria= ou dos
do.res
cidadesdo sino
cuPo anunciando
te,po u,a pelo
é re'ulado ,orte)= ,es,o
Liro porue
das Boras P- sãosinos
e pelos poucas
da as
i'rePa= o cronV,etro da produção capitalista tendo alterado radical,ente
nossa relação co, o te,po3
+o entanto= é a presença difusa= inisíel e ,odificada desse estilo de
ida= da relação co, o corpo e o ,undo= ue per,anece no fundo da
sociedade cristianiada= não sendo u,a a.erração= ,as u,a
conseG"ncia perfeita,ente racional= o sur'i,ento contínuo de seitas ou
de tend"ncias no interior das i'rePas he'e,Vnicas (catIlica e protestante)
ue pretende, lutar contra o aanço da dessacraliação do ,undo
atraés do Reer'ui,ento oral da sociedade= o pri,eiro alo sendo=
eidente,ente= a sexualidade3
Ainda ue não pretenda,os aprofund-#la= não 'ostaría,os de passar e,
sil"ncio u,a outra di,ensão da repressão sexual reli'iosa: sua for,a
extraordinaria,ente .ela e co,oente= sua su.li,ação no "xtase ,ístico=
dos santos cristãos= co,o San ;uan de La Cru e Santa Terea d[\ila3
Santa Terea escree u, liro  E Castelo Jnterior3
E castelo interior é a al,a e nele existe, sete oradas: na pri,eira= a
al,a enfrenta feras i,undas ue desePa, a'arr-#la= se'ur-#la para ue
não si'a o ca,inho= serpentes
444
enrolando#se e, seus pésY na séti,a= a al,a se une ao &iino $sposo e,
n/pcias espirituais= cuPos preparatios fora, feitos na traessia do
ca,inho e cuPas delícias as /lti,as ,oradas anunciaa, nu, crescendo3
Co,o nas epopéias ou nas 'estas da Caalaria edieal (ue Santa
Terea lera
ta,.é, co, paixão)=
nas 'estas co,o
e le'endas)= nos contos
a al,a= ,arailhosos
Caaleiro (inspirados
Andante= puro= honrado
e coraPoso= passa pelas proas da estrada= dos la.irintos= das florestas
para encontrar= no final da ca,inhada= o pr",io da desePada pousada3
@ouso3 Repouso3
@aolo e Francesca dissera, a &ante= no * Canto do Jnferno= ue se
a,ara, enuanto lia, o ro,ance de Lancelot do La'o e a &a,a
!uineer  ro,ance dentro do ro,ance= pois Lancelot e !uineer
ta,.é, fora, íti,as da paixão ue os leou ao adultério3 OA,or nos
conduiu a u,a orteO= soluça Francesca3
Santa Terea d[\ila atraessa incIlu,e as tentaçQes do ca,inho= ual Sir
!alahad= caaleiro da J,aculada @urea= di'no do Santo !raal  o &iino
C-lice3 !uiada pelo canto .í.lico  OSenhor= eu não sou di'na de ue
entreis e, ,inha ,orada= ,as se nela entrades= ,inh[al,a ser- salaO 
Santa Terea alcança o "xtase ,ístico3
`xtase (do 're'o= e<st-sis sair de si= arre.ata,ento interior= transe=
deleitação= estado espiritual para alé, da raão e do autocontrole=
esueci,ento e perda de si no interior de u, outro ser)= ,ístico (do
're'o: ,usti<os= ,ust"s pessoa iniciada nos ,istérios sa'rados=
reelados diina,ente por ,eios inalcanç-eis pela si,ples raão
hu,ana)= "xtase ,ístico é arre.ata,ento e exaltação interiores= entre'a
de si N diindade para nela e dela rece.er a reelação do oculto= fusão
plena iida co,o encontro de si ao perder#se no seio de &eus3
Co,o todo ,istério= o "xtase ,ístico se realia co,o Jniciação=
aprendiado lento= difícil no ual o corpo precisa ser preparado (o iniciante
aprende
falar co,a aer co,
.oca os olhospara
fechada) fechados= a ouir
oltar#se so.reco, os ouidos
si ,es,o tapados=
a fi, de ue a
possa sair de si e desendar a presença oculta do espírito nas do.ras da
carne= preparando#se para a reelação supre,a: a presença do espírito
diino no espírito hu,ano e deste nauele3 E transporte ,ístico é esse
encontro consi'o ,es,o no encontro
440
co, o ser diino3 Fusão e esueci,ento3 @aixão#passiidade ue é
conheci,ento#atiidade3 $ntre'a ue é recepção3 Conte,plação ue é
i,ersão3 Rendição ue é li.eração3 A.is,o na trea ue é lu  er co, o
olho do espírito3
*isão3 Es 're'os diia, ue os olhos pode, er a lu porue são parentes
do sol= e= e, lati,= olhos se die,: lu,ina= lues3 *isão ,ística: o olho do
espírito é parente do sol diino3 O+o princípio era o *er.o3 $ o *er.o era
&eus= Lu ilu,ina toda a terraO= assi, principia o $an'elho de São ;oão3
$xperi"ncia da ida co,o ,orte= da ,orte co,o ida= o "xtase ,ístico
realia a desencarnação do espírito atraés da carne: Santa Terea fala
e, +/pcias co, o &iino $sposo3 Sua lin'ua'e,= co,o a de todos os
,ísticos= não é ,etafIrica: não fala Oco,o seO isse  " = ne, Oco,o
seO ouisse  oue = ne, Oco,o seO tocasse ou fosse tocada  toca e é
tocada = ne, Oco,o seO sentisse  sente3 E ,istério é isso3 Wue
experi,ente na carne de seu corpo o ue ie e, puro espírito3 Se o
,ístico aspira pelo sil"ncio é porue aspira pela unidade co, o indiíel3
Dnidade ue não é apenas a da criatura co, o criador= ,as ta,.é, da
criatura consi'o ,es,a atraés do criador= unindo o separado= corpo e
espírito3 @or
cha,a, peloisso o senti,ento
no,e de: !lIria3da plenitude i,Iel
oi,ento plena ue os liros sa'rados
de reersi.ilidade= no
ual o sair de si é entrar e, si= o entrar e, si é sair de si3 Reersi.ilidade
ue o filIsofo erleau@ont9 desi'nou= depois de Be'el= co,o: o $spírito3
O333 e co,eço a falar co, o Senhor= u,a lin'ua'e, sin'ela porue ,uita
e ne, sei o ue di'o3  a,or ue fala e a al,a est- fora de si= tão fora
de si ue não ePo diferença entre ela e &eus3 E a,or sa.e ue, é Sua
aPestade= ,as esuece#se de si ,es,o= sente estar n[$le co,o e, coisa
prIpria= se, separação3 $ di loucuras333O
O333 *i'ia= ue tudo é .ree= ainda ue teu desePo faça parecer duidoso o
ue certo é3 Sa.e ue uanto ,ais co,.ateres= ,ais ,ostrar-s teu a,or
ao teu &eus e ,ais te deleitar-s co, teu A,ado= e, ale'rias e delícias
ue não terão fi,333O
O333  al,a ,inhab Ad,ir-el é a .atalha= essa luta e co,o tudo se
cu,pre N riscab @ortanto o ,eu A,ado é ,eu e eu sou do ,eu A,ado333O
441
O333 Wue, ousaria separar e apa'ar duas cha,as tão ardentes *ão seria o
esforço= porue duas= elas fae, u,a
O333 o ,eu Senhor ,e fala= ,e lea Punto a Si co,o o M,.ar atrai a palha=
fere ,inh[al,a co, ferida tão 'ooa ue não uereria curar#,e nunca333O
333V deliciosa loucura= ,inhas ir,ãsb333 Co,o -'ua do céu caindo nu, rio
ou nascente for,a /nica ,assa líuida= a -'ua do rio insepar-el da ue
eio do Céu333 ou co,o lu ue entra por duas Panelas nu, uarto: inda
ue separadas N entrada= for,a, u,a /nica ,ancha lu,inosa333 A al,a e
&eus 'oa, u,a da outra= nu, sil"ncio a.soluto333  assi, a n/pcia
espiritual333O
Dnidade do finito consi'o ,es,o na unidade co, o infinito no infinito=
a.sorção da parte no todo3 *ida e ,orte3 Dnidade cIs,ica e= no entanto=
experi"ncia da indiidualidade3 @or isso ,es,o= ida sI é possíel co, a
,orte3
*io sin iir en ,i
 de tal ,aneira espero
Wue ,uero por ue não ,uero333
Co,o nu, eco prolon'ada= responde o A,or @rofano= falando pela .oca
do poeta Lorca:
A,or de ,is entraas= ia ,uerte= $n ano espero tu pala.ra escrita
 pienso= con la flor ue se ,archita= Wue si io sin ,i uiero perderte3

Sexo e imoralidade
E aru"s de Sade= escritor franc"s do século X*JJJ= foi preso -rias ees
por causa de seus costu,es sexuais considerados i,orais (de suas idéias
e pr-ticas sexuais iera, as palaras sadis,o e s-dico_a)3 Acusado por
,aridos e esposas traídos= por pais cuPas filhas teria seduido e
,altratado= passou anos na %astilha e depois foi eniado para u,
hospício= onde eio a ,orrer3 $stranha,ente= Sade= acusado de
448
identificar coito e crueldade= sexo e porcaria= de desePar o sofri,ento dos
parceiros= durante u, período de li.erdade= no,eado para o P/ri de
tri.unal de acusação= recusou#se a prePudicar u,a das fa,ílias ue ,ais o
haia, perse'uido e cuPa sorte= durante a Reolução Francesa= estee e,
suas ,ãos3 Renunciando a ser parte do tri.unal= escreeu a u, a,i'o
diendo ue o fiera porue Oueria, ue eu co,etesse u, horror= u,a
desu,anidade e eu não assentiO3 @ara ele= o Terror= instaurado pela
Reolução= era inaceit-el= pois era crueldade e iol"ncia praticadas e,
no,e de princípios a.stratos3
Sade fa parte de u,a 'eração liter-ria conhecida co,o li.ertina3 D,
escritor e poeta= cha,ado Rétif de la %retonne= ta,.é, escree e pratica
u,a sexualidade trans'ressora= o praer te,pestuoso e se, li,itesY o
filIsofo &iderot escree u, liro cha,ado A Reli'iosa no ual freiras se
entre'a, a todos tipos de trans'ressão sexual porue= se'undo o
ro,ancista= repri,e, seus desePos e sI pode, li.er-#los de for,a
perersa3 Jn/,eros+o
pelo lado satMnico3 outros escritores
entanto= e,.oradotendo
período
auiira, o sexo e o co,
e ali pro.le,as a,oras
polícias de costu,es e co, a censura liter-ria= não tiera, o destino
tr-'ico de Sade3 @or u"= inda'a a escritora francesa Si,one de
%eauoir3 Responde: porue todos os outros consideraa, a +aturea
essencial,ente .oa= fonte de u,a ,oral pura ue a ciiliação tendia a
corro,per e a sexualidade de,oníaca de seus liros era a de,onstração
da perda da .ondade natural3 Sade= pelo contr-rio= é o /nico a não
idealiar a .ondade natural= a considerar a +aturea Oco,o éO e a se'ui#la
assi, ,es,o3 ` o /nico para ue, a relação sexual não é o encontro de
dois seres= considerando ue Otodo 'oo partilhado se enfraueceO3  o
/nico a desco.rir a sexualidade co,o e'oís,o e e'ocentris,o=
aloriando o a,ante cere.ral e l/cido ue não se perde ne, se
a.andona3
Si,one de %eauoir considera ser esta a O,aldição de SadeO3 Tale= no
entanto= alha a pena inda'ar se não é isto u, Pul'a,ento ,oral ue
pressupQe u,a certa idéia da sexualidade exclusia,ente li'ada ao
senti,ento do encontro e da entre'a recíproca= excluindo por isso outras
escolhas sexuais= co,o a de Sade3 $, su,a= não haeria= na opinião de
Si,one so.re Sade= o pressuposto de ue h- u,a for,a de sexualidade= a
'enerosa e do encontro= e, e de consider-#la u,a entre outras=
pressuposto ue conteria u, secreto ,oralis,o
44
+ota a.aixo da foto:
&os sete pecados capitais= a Lux/ria é o ,ais terríel porue o ,ais
sedutor e porue dela nasce, os outros seis ou por ela são eles
esti,ulados3 +o uadro de %ronino= o dardo na ,ão de Lux/ria e a
al,ofada so.re o ual se aPoelha Cupido= si,.olia, o ato sexual= apenas
es.oçado nos 'estos das fi'uras3 A .elea e perfeição dos efe.os e da
,ulher se contrapQe a elhice do Te,po (ao fundo)= ue reté, a che'ada
dos frutos da Lux/ria= isto é= os ,onstros contorcidos= N esuerda do
uadro3
Fi, da nota3
44>
Se o aru"s de Sade= politica,ente contr-rio ao Terror= é condenado é
porue sua sexualidade é peri'osa3 +ão pelo ínculo entre coito e
crueldade (a discutir)= ,as pelo ínculo entre sexualidade e e'oís,o3 Co,
dificuldade=
para a sociedade
aceit-#lo européia
era 'arantir aceitou o sexo=
sua 'enerosidade= sua ,as u,anecess-ria
relação das condiçQes
co,
a doação de si ao outro  isto é= auilo ue a ,oral .ur'uesa definir-
co,o a,or conPu'al e fa,iliar= para o ual u, filIsofo= co,o Rousseau=
educou seu discípulo i,a'in-rio= $,ílio= e sua noia= Sofia3
+o século XJX itoriano= o escritor e poeta Escar ilde foi preso e
social,ente desualificado= alé, de literaria,ente esuecido (uando
alcançaa o au'e de sua criação)= acusado de ho,ossexualis,o3 +u,
texto= intitulado &e @rofundis= ,editando so.re a de'radação e o casti'o=
escree: OSe depois de tudo eu não sentir er'onha de ,eu casti'o 
co,o espero não sentir  serei capa de pensar= ca,inhar e ier
lire,ente3 B- ,uitos ho,ens ue= ao sere, li.ertados= carre'a, a
prisão dentro de si e a oculta, co,o u,a secreta des'raça e, seus
coraçQes= até ue aca.a, por enfiar#se nu,a coa ualuer para ,orrer
co,o se fosse, po.res ani,ais enenenados3  terríel ue se ePa,
forçados a a'ir assi, e errado= terriel,ente errado= ue a sociedade a
isso os o.ri'ue3 A sociedade= ue se arro'a o direito de inflin'ir ao
indiíduo os ,ais ,edonhos casti'os= co,ete ta,.é, o supre,o pecado
da ne'li'"ncia ao não perce.er as conseG"ncias de seus atos3 &epois
ue o ho,e, cu,pre a pena= ela o a.andona= isto é= o deixa entre'ue N
prIpria sorte= no ,aior ,o,ento e, ue deeria elar por eleO3
ilde inda'a a raão desse a.andono= depois ue o condenado cu,priu
as exi'"ncias da punição social3 Sua resposta nos esclarece por ue
afir,ara ue sairia lire se, lançar#se nu,a coa co,o po.re ani,al
enenenado= isto é= por ue não sucu,.iria N interioriação da culpa
i,posta e cultiada
Oas a erdade pela
é ue sociedade3se ener'onha de seus prIprios atos e
a sociedade
desprea auele a ue, puniu= assi, co,o as
442
pessoas desprea, o credor cuPa díida não tenha, co,o pa'ar= ou a
al'ué, contra ue, tenha, co,etido u, ato irrepar-el e irredi,íel3O
Texto ad,ir-el= ue desce ao M,a'o da repressão: lançar so.re a íti,a
o ,edo= a er'onha e o ressenti,ento ue deeria, ser do carrasco3
Reflexão se,elhante fa &iina dos Santos= internada desde os 01 anos no
;uueri (est- co, 14= a'ora)3 $xpulsa da ,esa de parto direta,ente para
a rua= co, o filho nos .raços= se, dinheiro para co,er= ne, para a
condução= se, condiçQes físicas para ali,entar a criança= percorrendo as
ruas so. sol ardente= a ,ãe solteira .usca o pai de seu filho3 Ao encontr-#
lo= é por ele espancada e precisa prote'er a criança contra a f/ria
assassina do pai3 Fo'e e doa o filho= Opara ue pudesse ter u,a ida .oa=
,elhor do ue a ,inhaO3 $ inda'a: O$ntão= a senhora ,e di'a= não era pra
eu ficar louca ,es,oO3
as &iina prosse'ue: OA senhora ,e responda= por faor= por ue é ue
uando a 'ente fica .oa e consciente= sai daui e lea u, docu,ento
diendo ue foi internada= nin'ué, d- tra.alho pra nIsO $u respondo: O
porue as pessoas= l- fora= t", ,edo e raia da 'ente3 $las não entende,
ue o ue aconteceu co, a 'ente pode acontecer co, ualuer u,= u,
acidente= co,o u,a pedra ue cai na ca.eça= se, a 'ente uerer3 as=
de erdade= elas sa.e, disso e fica, co, raia da 'ente porue= uando
olha, pra 'ente= a 'ente le,.ra pra elas ue isso ta,.é, pode
acontecer
solteira co, elas3 e@or
espancada ue as pessoas=
rePeitada l- fora= sãoue
pelo co,panheiro= tão doou
ruinsO3 ãe e
o filho
enlouueceu= co,o &iina poderia esperar ue Oas pessoas l- foraO não
fosse, ruins
@asolini foi assassinado por ser ho,ossexual3 D, 'eneral ale,ão= e,
4678= foi destituído do posto de co,ando na Er'aniação do Tratado do
AtlMntico +orte (ETA+) por ser ho,ossexual e= por isso= suPeito a
chanta'ens ue poderia, fa"#lo entre'ar se'redos ,ilitares a ini,i'os3
+as 'randes e,presas= os Poens executios ue assu,e, altos postos=
são forçados a se casar= de,onstrando sere, Onor,aisO= iris e co,
direito ao ,ando3 +a China Co,unista= adultério e ho,ossexualis,o são
punidos co, prisão perpétua e, Oca,pos de tra.alhoO= ou co, a pena de
,orte3 $, Cu.a= os ho,ossexuais são punidos pela lei3
447
+os $stados Dnidos= a ind/stria política desco.riu ue u,a das i,a'ens
ue ,ais produ confiança nos eleitores é a do candidato pai#de#fa,ília3 A
propa'anda= inariael,ente= exi.e fotos do candidato aco,panhado de
esposa= filhos= pais= ir,ãos= cães e 'atos3 Jn'rid %er',an= no -pice de sua
carreira= foi escorraçada de Boll9Kood por adultério: apaixonara#se por
Rosselini e= ainda casada= foi ier e, sua co,panhia3 $ perdeu o direito
de tutela da filha3 Atores e atries ho,ossexuais= possue, u, OcVnPu'eO
oficial= fa.ricado pelos a'entes= para 'arantir a O.oa i,a'e,O dos clientes
perante o p/.lico protestante puritano3
@elos capítulos precedentes= não é difícil co,preender ue fatos co,o
esses (e tantos outros) aconteça, ne, por ue acontece,3 Ta,.é, não
é surpreendente
Pustificatias= ue encontre,os
encarre'adas para eles
de torn-#los as ,aisinteli'íeis=
racionais= diersas e curiosas
lI'icos e
aceit-eis3 Jsto é= racionaliaçQes3
$ncarados pelo Mn'ulo da ,oral= as pr-ticas e idéias sexuais ue não se
confor,a, aos padrQes ,orais i'entes são considerados ícios= pois os
seus contr-rios= os padrQes= são tratados co,o irtudes3 E ício possui
tr"s sentidos principais3 $, pri,eiro lu'ar= é disposição ha.itual para o
,al (aproxi,ando#se= neste caso= do pecado)Y e, se'undo lu'ar= é u,a
tend"ncia ou i,pulso repro-el= incontrol-el= decorrente de u,a
i,perfeição ue torna al'ué, incapa de se'uir sua destinação naturalY é
defeito (e= neste caso= se aproxi,a da doença)3 as= e, terceiro lu'ar=
si'nifica depraação e= neste terceiro sentido= ício é direta,ente
sinVni,o de 'osto ou pr-tica sexual reproados pela ,oral e pela
sociedade3 Assi,= a palara ício tra inscrita= e, sua definição= a
refer"ncia ao sexo3
+a perspectia ,oral= portanto= as racionaliaçQes ue Pustifica, a
repressão sexual li'a,#se Ns idéias de h-.ito para o ício (u,a espécie de
se'unda naturea)= de i,pulso incontrol-el causado por u,a i,perfeição
(u, defeito ue 'era u,a conduta uase instintia,ente iciosa) e de
corrupção e desio das nor,as (portanto= al'o deli.erado)3 +os tr"s
sentidos= h- refer"ncia N nor,a3 +o pri,eiro caso= a nor,a é produto da
naturea e o ício= tend"ncia antinaturalY no se'undo sentido= a nor,a
tanto pode ser natural uanto social e o ício= face ao natural é
i,perfeição contranaturea= e face
446
ao social
social é oéício
i,pulso anti#socialY
é corrupção no terceiro(ere,os=
e anti#social sentido= ano
nor,a é inteira,ente
tIpico se'uinte=
co,o a idéia de doença nasce dessa constelação ,oral= não sendo casual
ue= no texto de Escar ilde= o escritor fale e, 'ente ue se sente
enenenada)3
$ssas si'nificaçQes=aponta, a direção ue a repressão sexual to,ar-= do
ponto de ista ,oral: ser- peda'o'ia (para corri'ir h-.itos e criar os
h-.itos sexuais irtuosos ou ,orais)= ser- punição (para faer o desio
deli.erado re'ressar aos trilhos)= ser- i'ilMncia (para captar os ,o,entos
de risco de desio e depraação) e so.retudo ser- esti',atiação (o ício
Opor natureaO e a corrupção#depraação sedi,entada ou irreersíel=
dee, ser apontados= condenados pu.lica,ente e sinaliados= isto é=
,arcados para ue os de,ais ,e,.ros da sociedade possa, dispor de
instru,entos para identificar os iciosos OnaturaisO= corruptos e
depraados)3 $, todos esses casos= o ício sexual aparece li'ado N idéia
de i,purea e de ,-#ontade3
&o ponto de ista ,oral= portanto= a repressão sexual opera de ,odo
duplo: pela criação de o.st-culo ao ício (educação da ontade) e pela
,ostração dele= se incorri'íel3 +o centro da disposição repressia
encontra#se= portanto= a corretia e a edificante  i,pedir ou exi.ir para
exe,plo (Sade= ilde= &iina)3
A racionaliação funda,ental ser- oferecida pela idéia de proteção:
prote'er os indiíduos contra o ício e prote'er as instituiçQes sociais
contra os iciosos3
Assi,= por exe,plo= EsKaldo %randão da Sila= cuPo liro cita,os no
pri,eiro
cha,a de capítulo= procura explicar
Onaturalis,oO3 a prostituição
A prostituição= e al'o
di ele3 ,uitodacurioso
Onasce falha ue
da
educação do car-ter= e ue, di falha de car-ter di ta,.é, errVnea
educação sexual3 &ando#se o caso= ue u,a Poe, se a.eire do ício
pre,ida pelas circunstMncias da fo,e= ual ser- o epílo'o a esperar Se
encontrar u, ho,e, ue não sePa .o,= sI rece.er- u, pedaço de pão a
troco da honra e= tale ,es,o= da condição de ser lançada no ício
infa,ante (333)3 @or isso ,es,o= ,uitas das ,ulheres ue alu'a, o corpo
a troco de dinheiro= exerce, se, o sa.ere,= u,a cruel in'ança=
eiculando os 'ér,ens de ,oléstias incur-eis= faendo centenas de
íti,as por u,a íti,a ue foi tale ela prIpriaO3 A prostituição
40?
é= portanto= u, pro.le,a ,oral e de hi'iene3 $ é u, en'ano i,a'inar ue
u,a ,ulher prostituída sePa irrecuper-el= .astando para proar o
contr-rio a fi'ura .í.lica de adalena Arrependida3
E naturalis,o= se'undo o autor= é u,a for,a hipIcrita de tolerar
perersQes sexuais= u,a co,plac"ncia prePudicial3 Trata#se de u, ício da
ida ur.ana ,oderna ue partiu de Ou, ponto fraco: supor o ho,e,
se,pre tendente ao .e, e, lu'ar do ,al= o ue é o fatoO3 E cine,a= as
reistas e a ,oda exa'erada= são os respons-eis pelo naturalis,o3 as=
afinal= o ue é o naturalis,o SI indireta,ente che'a,os a perce.er o
ue o autor pretende co, essa palara3 &i ele ue o naturalis,o se
desenole porue exacer.a o instinto sexual: Ou, pouco ,ais
desco.ertas as pernas= u, pouco ,ais desnudo o colo= u, pouco ,ais de
pl-stica realçada pela arte= são suficientes para excitar a sexualidade
doentiaO3 E naturalis,o=
co,porta,ento co,o
ue o autor se perce.e=
ualifica é deixar
de .aixo o corpo N ,ostra=
e o.sceno3
Ao concluir seu liro de educação sexual dos Poens de .oa ontade=
%randão da Sila passa e, reista a psican-lise= ter,inando o exa,e co,
a condenação dela: OA psican-lise= co, respeito N sexualidade= é u,a
teoria falha e peri'osa= P- porue inerte a orde, dos fatores psicolI'icos=
P- porue destrIi as .ases do car-ter= uando considera as i,posiçQes da
,oral e conseGente,ente a educação= co,o desirtuaçQes das
finalidades da ida e causa respons-el de neuroses= a.erraçQes e
inersQes sexuaisO3 E risco ,aior da psican-lise é ,oral: ela a.re as
co,portas para o naturalis,o3
Era= %randão da Sila coloca co,o u,a das ,anifestaçQes do naturalis,o
o ue desi'na pelo no,e de co#educação dos sexos= te,a discutido por
Rui %ar.osa= ao tratar da Refor,a do $nsino no %rasil
Rui %ar.osa= ao propor a reestruturação do ensino no %rasil= no início do
século= co,enta a inia.ilidade da cha,ada co#educação sexual=
criticando sua i,itação pelos .rasileiros= por tere, notícia de sua
exist"ncia e, países europeus= no ;apão e so.retudo nos $stados Dnidos=
ue tanto fascínio exerce so.re os .rasileiros (anos ,ais tarde= esse
fascínio seria conceituado co, a expressão Oi,portação de ideolo'ias
estran'eirasO)3
404
Ar'u,enta Rui: OSer- indiferente,ente aco,od-el a todas as
nacionalidades= a todas as raças= a todos os estados sociais essa
peculiaridade típica da escola a,ericana (333) não h- peculiaridade
escolar
Dnidos Nue
sua,ais
idase li'ue Nue
,es,a= ess"ncia do or'anis,o
constitua nacional=
u,a expansão ,ais nos $stados
natural= ,ais
direta= ,ais ineit-el dos seus costu,es= do ue a co#educação dos
sexos3 +ão é= pois= u,a uestão propria,ente peda'I'ica a ue ora nos
defrontaY é estrita,ente u, dos aspectos de u,a uestão socialO3
A naturalidade e ineita.ilidade da co#educação dos sexos sexos
a,ericanos decorre= se'undo o autor= da for,ação protestante do car-ter=
,uito diersa da catIlica= .rasileira3 Alé, disso= toda i,posição estranha
aos costu,es nacionais pode ser u,a iol"ncia3 +ão seria iol"ncia=
inda'a ele= exi'ir ue as ,ulheres -ra.es não co.risse, o rosto co,
éus= sI porue as a,ericanas não o co.re, (A resposta afir,atia foi
dada pelo A9atol- o,ehini= uando eli,inou a influ"ncia a,ericana no
Jrã3)
@or outro lado= prosse'ue Rui= ,es,o nos $stados Dnidos= a co#educação
dos sexos não atin'e a todas as idades3 Assi, ue ,eninos e ,eninas
atin'e, a pu.erdade= as escolas se separa,= proando ue os
a,ericanos ta,.é, não desconhece, os riscos dessa educação (o ue
fe co, ue as ,ulheres a,ericanas= até o leante fe,inista dos anos >?=
não pudesse, freGentar as cha,adas 'randes uniersidades= ne, co,o
alunas ne, co,o professoras)3
E curioso= poré,= é ue para poder de,onstrar ue se trata de u,a
uestão social= Rui tenha de de,onstrar pri,eiro ue se trata de u,a
uestão ,oral3 @ara poder a.ordar o aspecto ,oral do pro.le,a= poré,=
oferece antes u, conPunto de Pustificatias ,édicas e fisiolI'icas=
apresentadas por especialistas3 Co,.inando dados ,édicos e fisiolI'icos=
o.té,= paradoxal,ente=
&ie,os haer paradoxo u,a conclusão ,oral=
na ar'u,entação uetodo
porue é a ue lhe interessa3
,undo considera
ue o ue diferencia u,a explicação científica de outras é o fato de ue
nela a erdade é o.tida 'raças N neutralidade= prIpria do conheci,ento
o.Petio= enuanto u,a ordenação ,oral se caracteria por aceitar e
aPeitar alores (.o,= ,au= Pusto= inPusto)= não sendo neutra3 Era nosso
autor não parece encontrar a ,enor dificuldade
400
e, extrair u,a conclusão ,oral (aloratia) de explicaçQes científicas
(suposta,ente neutras ou não#aloratias)3
A co#educação dos sexos= escree= é cientifica,ente contra#indicada
porue esti,ula a atitude da e,ulação (i,itação= rialidade e
co,petição) entre os sexos e a e,ulação Oatua co, ener'ia
notael,ente superior no sexo fe,inino= altera= pode,os dier uase
inariael,ente= a sa/de do or'anis,o nor,al da ,ulher= preparando a
extenuação crescente das 'eraçQes ue se sucede,O3 @ortanto= colocar a
,oça nessa co,petição co, o rapa é Osu.,eter N proa desse iolento
esti,ulante o a,or#prIprio= o .rio= a sensi.ilidade= tão ,elindrosos na
,oçaY é i,prud"ncia e artifícioO3
*"#se ual a diferença entre protestantis,o e catolicis,o: o pri,eiro é
doentia,ente co,petitio (eidente,ente= Rui não esta.elece ualuer
relação entre protestantis,o e capitalis,o)3 A uestão da co#educação
dos sexos é u,a uestão ,oral porue= alé,= de tocar na hi'iene ,ental
e corporal da ,ulher= di respeito N sua inte'ridade e N sua honra (,uito
,elindrosas)3
$idente,ente= di Rui=
e a alta inteli'"ncia das nin'ué,
,ulheres por- e,dar#lhes
(.asta d/ida escolas
a capacidade intelectual
fe,ininas para
ue essas ualidades se desenola,)3 +ão h- discri,inação3 B-
proteção da honra fe,inina= atraés da proteção da sa/de fe,inina= pois=
na escola ,ista= a ,ulher ser- o.ri'ada a aco,panhar Oo rit,o
aceleradoO dos rapaes e ue não é o rit,o dela= o ue trar- Odanos
certos e prePuíos irrepar-eis para o futuro seu e de seus filhosO3 A
proteção= portanto= é da futura ,ãe= pois a ,aternidade define a naturea
da ,ulher3
A uestão da co#educação é ,oral porue a ci"ncia ,ostra ue não é
natural3 &e fato= Rui afir,ou ue i,por esse tipo de educação é
i,prud"ncia e é artificial3 E contr-rio do artifício= todos sa.e,os= é o
natural3
A ar'u,entação de Rui te, u,a apar"ncia de 'rande si,plicidade e
parece fundada e, apenas duas teses: a coeducação dos sexos depende
dos costu,es e da or'aniação de u,a sociedade= sendo u, dado
cultural e socialY a ci"ncia proa ue ela não é o coneniente para a
,ulher= por ser artificial3 +a erdade= a ar'u,entação é .astante
co,plexa e cheia de sil"ncios ou de elipses3 Sua ar,ação depende da
possi.ilidade de co,.inar +aturea e Cultura= pois disso
401
depende a ,oral (se esta fosse apenas cultural= seria ar.itr-ria=
conencional e reo'-el= se, alores hu,anos uniersaisY ,as se fosse
apenas natural= não seria ,oral= não conteria alores e não dependeria da
ontade e da li.erdade= pois seria espontMnea e instintia)3
Era= a pri,eira
européia parte da ar'u,entação
e a,ericana= (elo'iodada or'aniação
e, decorr"ncia coeducação dos sexosé
social)
inteira,ente cultural: é por u,a conenção= prIpria da sociedade
a,ericana= ue h- co#educação nos $stados Dnidos e= por ser u,a
decisão social= não é 'enerali-el3 as a se'unda parte da ar'u,entação
é inteira,ente natural: a ci"ncia (ue é uniersal) ,ostra ue a
coeducação é artificial ou antinatural para as ,ulheres3 Co, isto= o
se'undo ar'u,ento reflui so.re o pri,eiro e o critica so. dois aspectos: 4)
a atitude a,ericana decorre de u,a concepção antinatural= portanto a
.rasileira é corretaY 0) a atitude a,ericana decorre de u,a sociedade ue
produ natureas hu,anas doentia,ente co,petitias= o ue não é
,oral,ente reco,end-el3
Fie,os essa lon'a an-lise de texto porue nos parece i,portante para
co,preender,os a conclusão do arti'o de Rui3 +esta= ele uniersalia ou
'eneralia a crítica N co#educação= ue fora elo'iada= no início= para países
eoluídos3 Alé, do aspecto doentio da e,ulação= a conclusão nos
esclarece por ue o contacto dos sexos= alé, de ser uestão ,oral= é
uestão social= aspecto ue ficara ne.uloso no decorrer do texto3
+a conclusão= Rui cita Laporte= inspetor escolar franc"s e conhecedor da
peda'o'ia norte#a,ericana3 &i Laporte: OE contacto i,ediato nos .ancos
das escolas p/.licas entre crianças de condição= educação e sexo diersos
não poder-= noutro sentido= encerrar inconenientes= resultantes de certas
antipatias= ora olunt-rias= ora irrefletidas $las se ,anifesta, entre
crianças do ,es,o sexo= e= no outro caso= não se acentuaria +ão
enha, 'a.ar#nos os .enefícios desse re'í,en i'ualista= ue pode
assentar
ualuer o,.ro
ao pé adeo,.ro= acotoelando#se=
u,a Poe, educada por o filho
,ãe 'rosseiro
instruída=de u,aefa,ília
casta de
'rande coração3 Apelo @ara as ,ães de todos os paísesO3
Antipatias irrefletidas3
408
Filhos 'rosseiros de fa,ília ualuer e filhas de fa,ílias de .e,3
ães instruídas= castas e de 'rande coração de todos os países= uni#osb
Ser- preciso al'u, co,ent-rio
(Le,.rete: caso o leitor não o sai.a= o ter,o uestão social era usado= no
%rasil e noutras partes= para desi'nar a luta de classes= se, no,e-#la3)
$, nossa sociedade= a ,oraliação do sexo (depois ue este rece.e a
pur'ação ou purificação de estilo reli'ioso) é feita preferencial,ente pela
fa,ília e pelo tra.alho  a escola e o $stado oferecendo recursos for,ais
e le'ais para o ue se realia nas outras duas instituiçQes3
Tanto do ponto de ista histIrico uanto do ponto de ista conceitual não
h- co,o falar na fa,ília se, falar no tra.alho (na diisão social do
tra.alho)3 Jsto não apenas porue= desde $n'els e arx= nos acostu,a,os
a considerar ue a pri,eira diisão social do tra.alho é sua diisão sexual
(uer no sentido aristotélico de tra.alho ,asculino so.re o o.Peto
fe,inino para a procriação= uer no sentido .í.lico de tra.alho da terra
para o ho,e, e tra.alho de parto para a ,ulher= uer= enfi,= no sentido
sociolI'ico de diisão de papéis= funçQes= deeres e direitos entre os
,e,.ros da fa,ília)3 +e, sI porue os antropIlo'os= ue se'ue, as
an-lises de LéiStrauss= esta.elece, u,a conexão interna ou estrutural
entre siste,a de parentesco e econo,ia de su.sist"ncia3 as
si,ples,ente
histIrica porue a%asta
da econo,ia3 histIria dau,
aui fa,ília est- li'ada
exe,plo N diferenciação
para esclarecer o ue
esta,os uerendo dier3
+a !récia= a fa,ília é a casa3 $, 're'o= casa se di: Ii<os= e sua
atiidade= definidora de sua estrutura e função= se cha,a: Ii<ono,ia=
econo,ia3
E chefe da fa,ília  e, 're'o: despot"s  é dotado de poder de ida e
,orte so.re os ,e,.ros do Ii<os3 Co,o seu poder e sua autoridade=
enuanto despot"s= se refere, ao espaço do,éstico e= portanto priado=
não é co,o chefe de fa,ília ue ele é cidadão= a cidadania se definindo
por outros
40
critérios ue não o Ii<os (ali-s= uando i,os a tra'édia= aludi,os ao fato
de ue nela se ela.ora Pusta,ente u,a reflexão so.re a orde, política
por oposição N orde, fa,iliarY e a palara despotis,o e, da lin'ua'e,
're'a= si'nificando o re'i,e político inPusto e ile'al porue nele a coisa
p/.lica é tratada co,o se fosse propriedade priada do déspota= tudo
su.,etendo N sua ontade pessoal e ar.itr-ria)3
i<os#oi<ono,ia si'nifica ue a casa#fa,ília é u,a unidade produtia=
u,a realidade social direta,ente econV,ica e da ual depende= por
exe,plo= o rece.i,ento de honras reli'iosas e o cu,pri,ento de deeres
reli'iosos= co,o a litur'ia= isto é= a doação ue o chefe de fa,ília fa de
.ens N reli'ião da cidade= pois o ínculo reli'ião#fa,ília é indestrutíel3 $,
contrapartida= a política é o ue se realia fora da casa= na praça e nas
asse,.léias ,asculinas3 Se delas os escraos não participa, é
Pusta,ente porue=
das ,ulheres= entre aoutras
pertence, raQes=
u,a outra ue inclue,
esfera= ta,.é, a aus"ncia
a da fa,ília3
Era= se der,os u, salto no te,po e ier,os N sociedade capitalista=
desco.rire,os o sur'i,ento de u,a coisa ini,a'in-el na !récia: a
$cono,ia @olítica3
$ssa expressão indica ue a econo,ia não ,ais depende direta,ente da
fa,ília ne, a ela se articula direta,ente= sua relação funda,ental sendo
esta.elecida direta,ente no e co, o espaço p/.lico  o ,ercado= a
sociedade e o $stado3
Tanto assi, ue= no século XJX= o filIsofo Be'el= nu, liro intitulado
Filosofia do &ireito= diia ue a fa,ília é constituída por indiíduos li'ados
pelo parentesco e definidos co,o suPeitos ,orais (isto é= lires e
respons-eis)= ,as ue a sociedade é constituída por pessoas= isto é= por
entidades Purídicas definidas pela propriedade priada e ue se relaciona,
não ,ais por alianças ,atri,oniais e de san'ue= ,as por contratos3 $ssa
sociedade= é= portanto= econV,ica3 $ o econo,ista in'l"s= Ada, S,ith=
escreeu u, liro cha,ado A Riuea das +açQes= definindo a riuea
co,o produto da atiidade social3
$nfi,= arx ,ostrou ue a econo,ia não é exata,ente política= no
sentido de riuea social produida por ho,ens lires e i'uais= definidos
co,o pessoas ou propriet-rios li'ados por contratos= ,as é produção
social da riuea pela exploração
40>
do tra.alho de u,a classe (cuPa /nica propriedade são os .raços e os
,/sculos= força física e social de tra.alho) por outra classe ue se
apropria isto
política= priada,ente (e não
é= coletiidade politica,ente=
p/.lica) nodo
do produto sentido forteso.
tra.alho= da apalara
for,a
do capital3 +este caso= a fa,ília olta a li'ar#se direta,ente N econo,ia=
,as ,ediada por u,a deter,inação social: a classe social3 A fa,ília
.ur'uesa procria herdeiros e 'estores do capitalY a fa,ília tra.alhadora
procria a ,ão#de#o.ra3 $nfi,= arx assinala ue considerar a sociedade
co,o constituída por fa,ílias ou por pessoas Purídicas é u, ,eio de
dissi,ular ue ela é constituída por classes sociais= ue se perpetua,=
física e Puridica,ente= pelas fa,ílias de propriet-rios e de não#
propriet-rios3
+o caso do %rasil= os estudiosos t", enor,e dificuldade para definir o ue
sePa a fa,ília .rasileira= anterior N a.olição da escraatura e anterior N
industrialiação= porue= no %rasil= a fa,ília anti'a é ainda u,a unidade
de produção (a fa,ília é o en'enho= por exe,plo)= nela o tra.alho é
escrao e não de tra.alhadores OliresO endendo tra.alho no ,ercado (a
fa,ília é a casa#'rande e a senala(= de ,odo ue ela existe co,o se
fosse u,a espécie ,uito curiosa de Ii<os uando P- existe a econo,ia
política3 @or isso= al'uns estudiosos die, ue se trata de u,a fa,ília
patri,onial articulada co, o ,ercado3 uitos ta,.é, considera, ue o
car-ter autorit-rio e repressio da fa,ília .rasileira (e, todas as classes
sociais) e, dessa ori'e,= da casa co, o chefe de fa,ília dotado de
poder de ida e ,orte so.re a Ofa,íliaO (escraos= esposa= filhos= .ois=
caalos= cães e 'atos)3
$ssas o.seraçQes= ,uito su,-rias= tiera, a intenção de su'erir a
dificuldade e os riscos de separar fa,ília e tra.alho3
Alé,
na suadisso=
for,aco,o tentare,os ,ostrar
.ur'uesa#capitalista ,aisue
(elo'io adiante= o elo'ioe do
o sociIlo'o tra.alho
historiador
ale,ão ax e.er estudou co, o no,e de ética protestante) é
insepar-el de for,as deter,inadas da repressão sexual ue conhece,os
e cuPa realiação depende= entre outros fatores= da fa,ília ,oderna3
Todaia= para facilitar a exposição (e correndo o risco de en'anos=
i,precisQes e o,issQes)= a,os tratar separada,ente
402
fa,ília e tra.alho= faendo refer"ncia a u,a e a outro nos ,o,entos e,
ue for indispens-el3
+os anos 0?= o psicanalista ale,ão Reich diia ser a fa,ília Of-.rica da
estrutura ideolI'icaO das sociedades de classe (e o ter,o f-.rica indica
ue ele usa para a fa,ília u,a palara ue pertence ao oca.ul-rio do
tra.alho)3 $ssa f-.rica é tão efica ue= atual,ente= al'uns críticos
,ostra, ue a prIpria psican-lise (de onde partia Reich para ela.orar sua
crítica) sucu,.iu a ela= dese,.ocando nauilo ue o ex#psicanalista
franc"s !uattari cha,a de fa,ilialis,o (existente= se'undo ele= tanto no
priilé'io do dipo= por Freud= co,o no priilé'io do seio ,aterno= por
elanie leinY isto é= a psican-lise d- N fa,ília u, lu'ar excessio e
incorreto)3
Antes de inda'ar,os co,o tra.alha a f-.rica fa,iliar na repressão sexual=
coné, a.ordar,os u, aspecto ue= e, nosso entender= explica u,a
das causas do sucesso ideolI'ico da fa,ília: a crença ue te,os de ue a
fa,ília= tal co,o a conhece,os hoPe e, nossa sociedade= é eterna=
natural= uniersal e necess-ria= de tal ,odo ue= 'raças a esses atri.utos=
ela est-Jsto
sexual3 aparelhada
é= os íciospara Pustificar=
sexuais reforçar
são ícios e destroe,=
porue reproduir corro,pe,=
a repressão
pererte,= enenena,= desia,= depraa, u,a instituição essencial da
hu,anidade3
+Is não perce.e,os ue a fa,ília= por definição= não pode ser natural
(+aturea Z incestoY fa,ília proi.ição do incesto)Y não é uniersal (suas
for,as= conte/dos e funçQes aria, enor,e,ente)Y não é eterna (até
para u, cristão isto deeria ser I.io= P- ue a fa,ília teria co,eçado
depois da expulsão do @araíso= não existindo antes)Y não é necess-ria
(pelo ,enos do ponto de ista das necessidades ue preenchia para a
sociedade capitalista= a fa,ília deixou de ser indispens-el)3
Wue não é eterna ne, uniersal= a refer"ncia .ree ue fie,os N fa,ília
're'a P- o indica3 es,o se nos oltar,os para a fa,ília da ual a nossa
seria proeniente= isto é= a fa,ília ro,ana cristianiada= não
encontrare,os nela (salo uanto N posição dependente das ,ulheres=
ue seuer tinha, no,e prIprio= seus no,es sendo o do pai co, a
ter,inação
407
e, OaO) nada ue le,.re a nossa (a não ser nos fil,es de Boll9Kood=
onde o ,arido conta N esposa as discussQes no Senado e sI falta o filho
Po'ar .eise.ol e a filha 'anhar u,a flor= 'rudar na t/nica e ir co, o par ao
.aile do liceu)3
+e, ,es,o a palara fa,ília ue e, do lati,= uer dier o ,es,o para
nIs e para os ro,anos3 Seria ini,a'in-el (a não ser e, Boll9Kood ou
nal'u,a noela da T* !lo.o)= u, chefe de fa,ília ro,ano dier: O*ou
lear ,inha
suficiente: fa,íliaera
a fa,ília N praiaO3 $ isto
o conPunto porue
for,ado pelanão haeria
esposa= transporte
os filhos= as
i/as e os filhos dos filhos ho,ens= os clientes= os li.ertos= os escraos=
os ancestrais ,ortos= terras= plantaçQes= ani,ais= o.Petos e a construção
física= isto é= a casa e suas adPac"ncias= nas uais os Pardins era,
essenciais (portanto= ne, todos os ca,inhQes das transportadoras
Lusitana e !ranero conse'uiria, lear a fa,ília N praia)3
Fa,ília é o conPunto de todas as pessoas= o.Petos e .ens ue estão so. a
autoridade de u, chefe do,éstico= o pater fa,ílias ue não precisa ser o
'enitor ou o pai3 Fa,ília é= e, se'undo lu'ar= todos os descendentes de
u, ancestral co,u,3 Fa,ília é= e, terceiro lu'ar= todas as propriedades
e todos os seridores do pater#fa,ilias3 A fa,ília é u,a estrutura de
poder: alé, do poder de ida e ,orte so.re todos os ,e,.ros= o pater#
fa,ilias= co,o cidadão= participaa de in/,eras instituiçQes p/.licas
(políticas e reli'iosas)= autoridade e prestí'io dependia, da anti'Gidade
da fa,ília= de suas posses= dos feitos ,ilitares do pater#fa,ilias= da
re'ulação seera dos casa,entos para i,pedir di,inuição de poder co,
alianças co, estran'eiros= co, ex#escraos e co, ordens inferiores lires3
Fa,ília é a 'enealo'ia= parentes prIxi,os= seridores e prote'idos (u,
re,anescente do si'nificado ro,ano de fa,ília é a Ofa,íliaO na -fia
italiana)3
+o ,undo cristão= alé, da fa,ília ro,ana= coexistia, in/,eras outras
sePa, as pertencentes aos poos conuistados pelo J,pério Ro,ano (ue
não tocaa nas estruturas funda,entais das sociedades conuistadas=
e,.ora aca.asse por transfor,-#las)= sePa, as dos 'rupos O.-r.arosO ue
inadira,oo&ireito
Ro,ano= J,pério3 %astaria co,parar
!er,Mnico e o &ireitotr"s tipos de
SaxVnico  &ireito  o &ireitoa
para aaliar,os
,ultiplicidade de estruturas fa,iliares existentes3 Foi o.ra da J'rePa
CatIlica a ho,o'eneiação
406
lentíssi,a da estrutura fa,iliar= co,o i,os no capítulo precedente3 Era=
ne, ,es,o a fa,ília cristã é a ,es,a hoPe= se co,parada aos séculos
precedentes3
E historiador franc"s= Aries= nu, liro intitulado BistIria da Fa,ília e da
Criança no Anti'o Re'i,e= nos aPuda a perce.er a lenta ca,inhada até N
constituição da nossa fa,ília= consolidada apenas no século XJX= co, os
preparatios finais feitos na se'unda ,etade do século X*JJJ3
@elo exa,e de 'rauras= pinturas= ilu,inuras e docu,entos ,edieais=
Aries ,ostra ue= até o século X*J= a fa,ília existe funda,ental,ente
co,o linha'e,= co,o instituição política e não co,o espaço do,éstico (a
não ser o sacrossanto leito conPu'al= eidente,ente)3 As casas senhoriais
não possuía, diisQes= senão as ue separaa, capela= refeitIrio#
coinha= dor,itIrio e estre.arias3 E dor,itIrio era co,u,: pais filhos de
todos sexos e idades= a,as e lacaios= dor,ia, Puntos= nus ou se,inus=
ia,#se uns aos outros estire,#se= despire,#se= faer sexo (não estranha
ue a J'rePa tanto se preocupasse co, a nude= a fornicação= o incesto= a
,astur.ação= a sodo,ia)3 Fa,ília é u, 'rande espaço a.erto de
socia.ilidade constituído por pais= filhos= 'enros= noras= seridores=
a,i'os= clientes= parentes= confessores= assalos do exército do senhor
feudal= e, relaçQes hieraruiadas= fixas e precisas= co,andadas pelo
chefe da fa,ília3
+ão existia a infMncia (senão co,o dado natural#.iolI'ico eidente)3 A
criança era u, adulto e, ,iniatura= co,o proa, os traPes3 +as 'rauras=
a diferença de idade é feita atraés do ta,anho das i,a'ens= ,as= ainda
assi,= e,.aralhadas por u, outro dado= pois o ta,anho ta,.é, era
co,andado pelo princípio do Oue, ,anda e, ue,O e do Oue, .ate
e, ue,O= podendo u,a criança ser representada ,aior do ue u, sero
adulto3 +as escolas= não haia diisão das classes por idade= ,eninos de 
anos coniendo co, rapaes de 0? (ponto ue a J'rePa trataria de
,odificar uando considerasse perniciosa a influ"ncia sexual dos ,ais
elhos so.re os ,ais noos)3
+os séculos X*J e X*JJ (N ,edida ue se consolida social e politica,ente a
.ur'uesia) a linha'e,= eidente,ente= co,eça a perder lu'ar= sendo
su.stituída pela fa,ília conPu'al e o espaço priado co,eça a rece.er
diisQes3 +as 'rauras e
41?
pinturas a ,udança aparece: priilé'io de cenas de reunião da fa,ília (a
fa,ília do chefe da casa sendo representada co, os atri.utos da Sa'rada
Fa,ília= a criança ,ais noa se,pre lendo o liro de oraçQes=
si,.oliando a perpetuação da fa,ília= a noa 'eração)3 As festas
reli'iosas priile'iadas passa, a ser as fa,iliares: +atal e @-scoa3 $ São
;osé co,eça a ser o.Peto de 'rande deoção= sendo representado co,o
chefe da fa,ília (N ca.eceira da ,esa) e co,o chefe da oficina (onde
estão os artesãos= os .ur'ueses)3
(D, par"ntese: +u, estudo feito pelo antropIlo'o AntVnio Au'usto
Arantes so.re
constituição a instituição
da fa,ília no %rasildoe seu
co,padrio
,odo deco,o
relaçãoessencial para
interclasse= Sãoa
;osé ta,.é, passa a ter u, lu'ar priile'iado3 Es $an'elhos são
interpretados de ,odo a distin'uir entre 'enitor (&eus @ai 'era o Filho) e
pai espiritual (São ;osé)= distinção ue aparece na fa,ília co, o
sur'i,ento do padrinho de .atis,o3 A fa,ília passa a ser constituída
pelos 'enitores= filhos= padrinhos e afilhados= procedi,ento co, duas
direçQes .-sicas: ou a de aliança entre i'uais (econV,ica= política e
,ilitar,ente i,portante)= ou aliança entre u, inferior e u, superior= este
na ualidade de padrinho dos filhos ao inferior (co, a troca de seriços:
proteção do padrinho= assala'e, do afilhado  os Pa'unços e capan'as
era, se,pre afilhados)3 E se'undo tipo de aliança= se'undo Arantes= é
u, ele,ento e e,.aralha,ento das diferenças de classes= porue o
inferior se torna parente do superior3 (+a -fia= o chefe é o @adrinho=
co,o se sa.e3)
+o século X*JJJ a priatiação da fa,ília (aco,panhando a priatiação da
propriedade e da apropriação do produto do tra.alho) prosse'ue3 A fa,ília
é conPu'al= a casa se reparte e, cV,odos definidos= separando os lu'ares
co,uns e os priatios= os dos donos e os dos seridores= os uartos dos
pais e dos filhos= ,as a separação definitia sI se co,pletar- co,o
separação por idade e por sexo= no século XJX3
+as classes do,inantes= co, o apareci,ento dos h-.itos noturnos
(.ailes= festas profanas= recepçQes nos cha,ados SalQes) sur'e, al'uns
fatos noos: a 'rande sala de Pantar= adornada co, uadros profanos
(caçadas= 'uerras) ao lado da i,a'e, da Sa'rada Fa,íliaY o salão de
festas=
palarasonde nasce a cortesia a,orosa ou o a,or 'alante (Po'os= re'ras=
414
co, ue os ho,ens cortePa, as ,ulheres e estas sedue, os ho,ens=
aprendendo técnicas para isto= co,o= por exe,plo= a arte de usar o leue
ue= confor,e a cor= o ta,anho= a elocidade e a altura do a.ano= a.erto=
fechado= é u,a erdadeira lin'ua'e, sexual= as ,ulheres expri,indo=
pelo artifício 'alante= seus desePos)Y e o dor,itIrio dos donos da casa=
onde o ,Iel principal (pelo ta,anho= pelos adornos e pela riuea) é a
ca,a= onde isitas são rece.idas para conersas= cantos= leitura de
poe,as= de onde parte, as ordens= cercada de isitantes= a,i'os e
seridores (na corte dos reis da França= era u,a honra poder assistir as
relaçQes sexuais do rei= aPud-lo a despir#se e a estir#se= prepar-#lo para
defecar e urinar)3
as= o a.ur'uesa,ento da sociedade= condenando as depraaçQes da
no.rea (so.retudo a catIlica uando ista pela .ur'uesia puritana)=
co,eça a aloriar o pudor= a dec"ncia= a li,pea e o isola,ento ou
priacidade3 $, e do Salão 'alante= sur'e a separação da sala das
,ulheres e dos ho,ens= ue= e, co,u,= haia, participado de u,
Pantar ou ue= e, co,u,= dançaa, nos .ailes= ,as ue tinha, espaços
reserados para as conersas ínti,as3 E uarto do casal se fecha=
recolhido= secreto e respeitado co,o u, te,plo iniol-el: sI os
cVnPu'es= a partir do século XJX= o freGenta,= os seridores aí entrando
apenas para a li,pea e na aus"ncia do casal= os /nicos a tere, trMnsito
,ais lire no santu-rio sendo o ,édico e o padre confessor ou o pastor3
Es traPes de dor,ir
escondendo se ,ais
cada e ,ultiplica,: alé,
os corpos da ca,isola=
conPu'ais= o roupão os
,as ta,.é, e ados
toca=
ir,ãos e seridores3
Sur'e u, noo cV,odo: o uarto dos .e."s e crianças noinhas= co,
suas a,as (é na nurser9 (uarto do .e.") ue @eter @an ir- .uscar
end9 e seus ir,ãoinhos)3 E .anheiro co, portas3 A nítida separação
entre O-rea de seriçoO e O-rea socialO= pois a partir do ,o,ento e, ue
o san'ue no.re= as ceri,Vnias de assala'e, e de seridão não existire,
,ais= ser- preciso ,arcar a diferença social co, outros sinais isíeis3 Se
a no.rea não receaa a ,istura no interior da casa= pois as re'ras
hier-ruicas era, suficientes= e, contrapartida a .ur'uesia= para a ual
todo ,undo= e, princípio= é i'ual= precisa da aruitetura para dier ue
h- os desi'uais3 Sala de Pantar e de festas fica, distantes dos uartos3 Es
,aridos possue, o escritIrio= onde se fecha, N chae3
410
As esposas possue, o .oudoir= anti'o lu'ar de recepção dos a,antes=
transfor,ado e, sala de costura= leitura e ,/sica3
uda o estu-rio3 E puritanis,o= oltando ao Ote,plo do $spírito SantoO e
ao elo'io da ,odéstia contra a ostentação da no.rea= escolhe o preto
para os ho,ens= inclui a 'raata= as luas e o chapéu o.ri'atIrios3
$scolhe tons claros e pastel para as ,ulheres= luas= ,eias e chapéus
o.ri'atIrios= 'rande uantidade de saias e an-'uas= achata,ento do
.usto3
as= enriuecida e satisfeita consi'o ,es,a= co,eçar- a trans'redir: nos
.ailes= os decotes e os .raços nus= e o escMndalo dos escMndalos= a alsa=
o par enlaçado3
paixão e do sexoWuantos ro,ances
desacontentado ro,Mnticos
pela não é'ira,
alsa $ não e, torno
pela isão da de
fu'idia
u, tornoelo ue se apaixona o herIi de A @ata da !aela= de Alencar
$stão dadas as condiçQes para ue Freud descu.ra o dipo co,o
co,plexo nuclear3
A partir do século X*JJJ= co,eça a idéia de infMncia propria,ente dita= sua
,elhor expressão sendo o liro do filIsofo Rousseau= $,ílio= ou da
$ducação3 +ão ue antes não houesse preocupação co, as crianças e
sua educação  os confessores= de u, lado= os liros do filIsofo
hu,anista= $ras,o de Roterdã= de outro lado= proa, essa preocupação3
@oré,= so,ente co, Rousseau h- diferenciação das idades e do ue é
prIprio a cada u,aY diferenciação dos sexos e do ue é prIprio a cada
u,Y preparação do ,enino para as responsa.ilidades sociais= a pri,eira e
,ais i,portante sendo o casa,ento e a paternidade (no liro=Rousseau
considera ter,inada a educação de seu discípulo uando este anuncia
ue ser- pai)Y preparação da ,enina ta,.é, para o casa,ento e para a
,aternidade= instrução para ue sePa fir,e e ,odesta= su.,issa= ,as
orientadora do ,arido e, tudo uanto se refira N sensi.ilidade3
$la.ora#se a i,a'e, ro,Mntica da fa,ília idílica= ref/'io se'uro contra
u, ,undo hostil ou depraado3 @repara#se a fidelidade fe,inina:
o.edi"ncia ao pai e lealdade a.soluta ao ,arido3 Co,eça#se a ,orrer de
a,or3 $xe,plo: o ro,ance A Condessa Clges= a heroína ,orta de a,or=
se, sucu,.ir N tentação da traição3 Es ro,ances de a,or i,possíel:
$urico= o@res.ítero= de Alexandre Berculano= e a o.ra#pri,a do '"nero= o
erther= de !oethe3 A preseração do casa,ento
411
,es,o uando a naturea foi traída pela sociedade ue não per,itiu= a
te,po= o encontro dos ue deia, natural,ente se a,ar= faendo os
a,orosos= destinados natural,ente u, ao outro= renunciare, ao a,or=
transferi#lo para o ue possa,= se, sexo= faer e, co,u, e aceitar a
,orte co,o solução: As Afinidades $letias= de !oethe3
$ o des,orona,ento do .elo edifício .ur'u"s= afir,ado e ne'ado: ]
@rocura do Te,po @erdido= de @roust3 E deassa,ento da relação entre
sexo e capital= relação ue diri'e= co,o erdadeiro destino= os seres
hu,anos na sociedade .ur'uesa: A Co,édia Bu,ana= de %alac A relação
su.terrMnea entre sexo e poder: e,Irias @Istu,as de %ra Cu.as= de
achado de Assis3
&o século X*J ao XJX= a fa,ília enfrenta u,a a,.i'Gidade: o elo'io da
prole nu,erosa (proa da ."nção diina) e= no caso da classe do,inante=
a fra',entação do patri,Vnio3 A pri,eira solução encontrada é a herança
ficar co, o pri,o'"nito= os filhos restantes procurando u,a rica
pri,o'"nita ou as .enesses da ida reli'iosa3
$ssa a,.i'Gidade acarretaa ta,.é, a pr-tica dos anticoncepcionais=
condenada pela J'rePa3 A solução foi dupla: interrupção das relaçQes
sexuais apIs a o.tenção da prole certa3 @ara os ,aridos= as prostitutas3
@ara as esposas= a a.stin"ncia3 $, se'undo lu'ar= retarda,ento do
casa,ento (facilitado pela o.ri'atoriedade fe,inina da ir'indade e pelo
elo'io da castidade ,asculina) e as racionaliaçQes necess-rias= alé,
dessas duas: i,posição da responsa.ilidade aos ,eninos (casar#se
depende= pri,eiro= de asse'urar os ,eios para o sustento da fa,ília=
portanto= da profissionaliação
para o futuro ou da participação
herdeiro)Y e a co,pensação nospara
ceri,onial ne'Icios paternos=
as ,eninas (os
praeres do na,oro prolon'ado= pri,eiros encontros na presença dos
pais= depois a sIs= depois o noiado e a preparação do enxoal e= enfi,=
as n/pcias)3 $, su,a: co,.inação de repressão ne'atia e repressão
positia3
$sses recursos fora, ainda ,ais esti,ulados uando o CIdi'o
+apoleVnico= ue se conerteria e, ,odelo dos cIdi'os do ,undo
.ur'u"s= retirou os direitos do pri,o'"nito= a herança deendo ser
repartida entre todos os filhos3
$, contrapartida= nas classes populares= a interdição reli'iosa dos
anticoncepcionais faoreceu N classe do,inante:
418
o poder consolador#a,eaçador da reli'ião so.re os po.res leaa N prole
nu,erosa3 Sur'e u, proletariado i,enso= ,ãode#o.ra .arata no
,ercado= exército industrial de resera e i,i'rantes para as A,éricas3 A
repressão positia foi de 'rande efic-cia: as classes populares se
conencera, de ue os filhos= ."nção diina= era, ta,.é, sua riuea
(erdade parcial e pro.le,-ticaY erdade= porue o au,ento da classe
poderia le-#la a lutas sociais e políticasY erdade pro.le,-tica porue a
po.rea li,itaa o poder de .ar'anha pelo prIprio n/,ero)3
A re'ula,entação da fa,ília pelo $stado se fa por ,eio do casa,ento
ciil (o contrato de casa,ento e não ,ais o sacra,ento) e sua proteção
se fa pelos CIdi'o Ciil e @enal3 Sua ,anutenção é 'arantida ta,.é,
por ,eio da $scola @/.lica= onde as crianças passa, a co,preender ue
a fa,ília
ue era éresultado
a célula#,ater
de u,ada transação
sociedade esocial
do $stado= ficando nae so,.ra
(u, contrato) ue se
diferenciaa= se'undo as classes3
 nessa ualidade= dissi,ulada pela le'alidade e pela reli'ião= ue passa a
ser definida co,o O.ase da sociedade e do $stadoO= pois pensar a
sociedade e, ter,os de conPuntos de fa,ílias é ocultar ue a .ase da
sociedade e do $stado são classes sociais anta'Vnicas3 A definição da
fa,ília co,o realidade sa'rada (pela J'rePa)= Purídica (pelo $stado)= ,oral
(pela ideolo'ia) é o ue a transfor,a na Of-.rica de ideolo'iaO= de ue
falaa Reich3
Era= a fa,ília é or'aniada por relaçQes de autoridade= de papéis
distri.uídos por sexo e idade= de deeres= o.ri'açQes e direitos= definidos
tanto pelo sacra,ento do ,atri,Vnio uanto pelo casa,ento ciil3 
nesse contexto ue a fa,ília realiar- a repressão sexual= so.re a ual
fie,os ,enção na a.ertura deste capítulo e no início deste tIpico= isto é=
pelo ínculo entre sexualidade irtuosa e procriação e sexualidade iciosa
e não#procriação3
Consolida,#se as i,a'ens sexuais#sociais da ,ulher co,o ,ãe e do
ho,e, co,o pai3 Consolidação ue se realia tanto pela repressão
ne'atia (as proi.içQes do sexo não#procriatio= o ício) uanto pela
positia3 +esta= a ,ulher é construída co,o u, ser fr-'il= sensíel e
dependente= nu,a curiosa inersão dos alores desses atri.utos3 *i,os
ue tais atri.utos era, os respons-eis pela excessia sensualidade
41
fe,inina e por sua transfor,ação e, feiticeira= ,al ,aléfico3 A'ora= esses
,es,os
naturais atri.utos
da ,ulher=são cuPa
alores positios= proas
preseração da inoc"ncia
sI pode e .ondade
ser conse'uida pela
,aternidade3 !raças N construção de u,a fi'ura assexuada= os alores
ne'atios se conerte, e, positios3 @or outro lado= co,o interessa
conserar as ,ulheres fora da força de tra.alho e da co,petição pela
herança paterna= h- u,a erdadeira naturaliação do fe,inino: tudo= na
,ulher= e, da naturea e é por naturea ue est- destinada a ser ,ãe3
Seu espaço é a casa3
A fi'ura ,asculina= e, contrapartida= encontra#se inteira,ente do lado da
Cultura3 Afora a irilidade= ue é u, dado natural= os de,ais atri.utos
,asculinos são sociais: responsa.ilidade= autoridade= austeridade3
@roedor da casa= seu espaço prIprio é o p/.lico: o ,ercado e a política3
$st- constituído nosso cotidiano indu.it-el3 +ão o senti,os= a não ser e,
casos excepcionais= co,o iolento ou repressio3 Tale= então= para
alcançar,os sua iol"ncia si,.Ilica= alha a pena u,a refer"ncia N
fa,ília nai#fascista (estudada por Reich e pelos filIsofos ale,ães
Bor<hei,er e Adorno)= onde os traços suaes de nosso cotidiano 'anha,
as cores fortes e os traços nítidos do real3
A fa,ília tradicional= sePa ela .ur'uesa ou tra.alhadora= realia a
socialiação de seus ,e,.ros atraés da fi'ura paterna ue se situa
co,o ,ediadora entre a fa,ília e a sociedade (atraés do tra.alho) e
entre ela e o $stado (atraés do casa,ento ciil)3 +o nais,o= esse papel
ser- dado N criança e ao adolescente3
E culto naista da Puentude= da ,ilitMncia e da @-tria= ao ,es,o te,po
e, ue d- u, lu'ar priile'iado N criança e aos Poens= ta,.é, su.stitui
a refer"ncia
,-xi,o= N fa,ília (FGhrer)3
o Condutor pela refer"ncia ao $stado=
D,a das proas na
dessafi'ura de seu diri'ente
su.stituição éo
papel ue passa, a ter a $ducação oral e Cíica e o estí,ulo aos filhos
para ue denuncie, os pais= se estes não estiere, e, confor,idade
co, o ciis,o3 $ssa delação é facilitada porue a relação a,orosa
funda,ental é diri'ida ao Condutor= ficando aos pais a relação do Idio e
do ressenti,ento3 $, su,a= a criança passa a ter u, noo e 'rande @ai3
&ado o 'i'antis,o dessa fi'ura= os ,edos e an'/stias das crianças
au,enta, nu,a intensidade se, precedentes= a co,pensação
41>
para isso sendo a irrestrita deoção ao !rande @ai= o ue se realia
atraés da ,ilitMncia e da i'ilMncia so.re a fa,ília3
SI e, apar"ncia= poré,= a fa,ília foi desfeita3 $, lu'ar de u,a
politiação da fa,ília= ue a dissoleria no $stado= ocorre o contr-rio: o
$stado é ue se torna u,a 'rande fa,ília3 B- u,a fa,iliação da política3
+ela= os dois aspectos sexual,ente ,ais si'nificatios são: o
nacionalis,o= co,o culto N ãe @-tria= e o incentio Ns ,ulheres Poens e
sadias N procriação3 E detalhe= poré,= e nele est- o centro repressio= é
ue o parceiro procriador torna#se irreleante: a ,ulher est- dando filhos
na ualidade de parte da ãe @-tria cuPo esposo erdadeiro é o Condutor3
$, espírito= sua relação sexual se realia co, o FGhrer3
Te, lu'ar u, culto pererso do corpo3 Atraés da $ducação Física e da
purificação do san'ue= dee, ser produidos (e a palara é esta:
produidos) corpos perfeitos e, .elea3 E ,odelo do corpo ,asculino é o
do Poe, ariano= 'uerreiro e iril3 E ,odelo do corpo fe,inino é o da
Poe,
Pudeus=ariana fértil3 tchecos
poloneses= $, no,eou da eu'enia
russos3 racial= não,eninos
$sterilia,#se se ,ata, apenas
e ,eninas
ue não realia, o padrão corporal estetica,ente definido3 Wuanto aos
disfor,es (física ou ,ental,ente)= são eli,inados ao nascer3
Ao lado desse ,undo Poe,= iril e fértil= su.siste u, outro ue é pilar e
condição do nais,o: a fa,ília peueno.ur'uesa (e nela= ,uitos traços da
fa,ília .rasileira= so.retudo nos /lti,os anos= aparece,)3
A fa,ília peueno#.ur'uesa é auela ue= no capitalis,o= é a ,enos
i,portante: não te, poder econV,ico ne, políticoY não é indispens-el
co,o força de tra.alho criadora do capital3 Sua falta de i,portMncia a
transfor,a nu,a entidade repositIrio de dois afetos nucleares: o Idio N
.ur'uesia e o horror ao proletariado3  ela ue ie N cata da corrupção e
i,oralidade dos .ur'ueses= e da depraação e reolta prolet-rias3 +a
sociedade capitalista= ela se define a si ,es,a co,o OrepositIrio das
tradiçQesO (nor,al,ente é ela ue sai ,archando pelas ruas e, defesa
da Fa,ília= da Tradição= de &eus= da @ropriedade e contra a deassidão
sexual)3 Co,o OrepositIrio das tradiçQesO é conseradora= ,oralista=
contra#reolucion-ria= repressia e farePadora dos ícios= particular,ente
os sexuais= destruidores dos .ons costu,es e da fa,ília3
412
+o nais,o= ela é eleada N condição de Osadia influ"ncia ,oral
conseradoraO3
São seus alores: a honra (tanto assi, ue est- pronta a processar na
Pustiça ualuer coisa ue lhe pareça ofensa N honra) e o deer (tanto
assi, ue considera o tra.alho u, alor e, si e por si= P- ue de seu
tra.alho
e não sai
a i,purea (osnada ,es,o)3
Pudeus= Seusos'randes
os loucos= ne'ros=ini,i'os: a lux/ria=
os prolet-rios= o praer
as putas= as
.ichas= as lés.icas isto é= todos os ue para ela são a i,undície e a
escIria)3 Suas ar,as: a ini.ição sexual= o culto da autoridade paterna e da
fertilidade ,aterna3 $, sua ho,ena'e,= o nais,o acrescentou u,a
festa ao calend-rio: o &ia das ães3 Suas deoçQes: o $stado= a +ação= a
Raça e a +aturea3
A i,portMncia dessa fa,ília est- no fato de ue ela= se precisa da política
naista para aparecer na cena p/.lica= disso não precisa para existir co,o
força ideolI'ica (u,a ditadura lhe .asta)3 A união sacrossanta ue
esta.elece entre fa,ília= nação= estado= tradição e ,oral torna sua
capacidade sexual,ente repressia uase indestrutíel3
Todaia= ao ,es,o te,po e, ue a fa,ília Opeueno.ur'uesaO (co,o
tipo ideolI'ico= ,ais do ue co,o realidade sociolI'ica palp-el) persiste=
a estrutura da fa,ília= cuPa constituição aco,panha,os su,aria,ente
neste tIpico= parece estar e, ias de desaparição= pelo ,enos nos países
de capitalis,o aançado3
$, pri,eiro lu'ar= a auto,ação do processo de tra.alho eli,inou a
necessidade de 'rande controle da sexualidade oper-ria co, fins
procriatios3  o ,o,ento e, ue se inicia, as ca,panhas de controle
da natalidade (não ue esta pr-tica não tenha sido proposta antes3 $la foi
defendida= no século XJX= por althus3 as possuía outra raão: dada a
expansão dos ,oi,entos políticos e sociais prolet-rios= a classe
tra.alhadora= na ualidade de O,assaO= passou a ser considerada peri'osa
e procuraa#se di,inuí#la nu,erica,ente)3
$, se'undo
'estão lu'ar= a for,a
e ad,inistração dos oli'opolista do capitalis,o
capitais P- não depende, e daatrans,issão
noa for,a eda
conseração do patri,Vnio atraés da fa,ília .ur'uesa3 Ta,.é, aui
aparece a idéia de
417
controle da natalidade= ,as so. a for,a da li.eração sexual e do direito
ao praer= se, o.ri'ação procriatia3
$, terceiro lu'ar= o sur'i,ento do cha,ado $stado do %e,#$star= isto é=
o $stado ue d- 'rande lu'ar N política social (ali,entação= transporte=
sa/de= educação= aposentadoria= sanea,ento) co,o for,a de controle
estatal do capital e de .ar'anha nos conflitos sociais e políticos= fa co,
ue o $stado e a sociedade se encarre'ue, não sI da so.rei"ncia dos
elhos (para os uais= anterior,ente= a fa,ília era essencial)= ,as
ta,.é, das crianças e dos Poens3 Rece.e, fora não sI os
conheci,entos= ia escola= ,as ta,.é, treino psicolI'ico= físico e social
dado por especialistas: ,édicos= psiuiatras= psicIlo'os= assistentes
sociais= conselheiros sexuais e ,atri,oniais3 As crianças OdifíceisO ou
a.andonadas são enca,inhadas para os refor,atIrios3 Es loucos= para o
hospício3 Es delinGentes= para a cadeia3
E o.stetra se encarre'a do nasci,entoY o pediatra= da sa/de e da
ali,entaçãoY o professor= da inteli'"ncia e do treino profissionalY o
super,ercado= da ali,entaçãoY e os ,eios de co,unicação de ,assa= da
i,a'inação3 Es anti'os papéis= funçQes e seriços de pais= ,ães= a,as=
tias= tios= aVs P- não são necess-rios3
E ue assisti,os= portanto= é o fi, da anti'a fa,ília3 A ue a'ora existe
se define
fora dela funda,ental,ente co,o
e se passa fora dela)3 unidade
Era= ao uedeparece=
consu,oe,(pois
lu'artudo é feito
dessa
dissolução pro,oer u,a di,inuição da repressão sexual= isto ue esta
li'aa#se N finalidade procriatia e N fixação de papéis sexuais#sociais=
tudo indica estar haendo u,a refor,ulação inisíel e difusa de noas
for,as repressias  u, pouco N ,aneira da reaco,odação da terra=
apIs u, terre,oto3 Se a ,oraliação do sexo passaa por sua definição
co,o ício e irtude= ousa,os aançar aui a se'uinte hipItese: a idéia
de ício su,iu (porue o sexo ai irar doença)= isto é= su,iu pelo ,enos
para os ue não pertence, N 'rande unidade ideolI'ica ue desi'na,os
aui co,o Ofa,ília peueno.ur'uesaO3 as restou a idéia de irtude3 $
cre,os ue de ,odo ,uito peculiar3
Se os especialistas passara, a se encarre'ar das anti'as atri.uiçQes ue
definia, a fa,ília= os ue decide, constituir
416
fa,ília sa.e, ue= de duas u,a: ou seus pro.le,as serão resolidos por
especialistas (a fa,ília ie os conflitos= ,as os especialistas a aPuda, a
co,preend"#los e a resol"#los)= ou serão capaes de não ter pro.le,as3 
esta idéia ue aui desi'na,os co,o per,an"ncia da irtude3
Sexual,ente ela aparece no desePo do or'as,o perfeito e contínuoY na
ela.oração da ,ãe ideal (não tanto a O.oaO ,ãe= ,as .ela ,ãe= Poe,
sadia= co,preensia= 'r-ida e, plena atiidade esportia e profissional=
e ue é .ela por dois ,otios: porue decidiu ter o filho e porue escolheu
o te,po certo do nasci,ento)Y na ela.oração do pai ideal (ta,.é, .elo=
,as so.retudo .o,: Poe,= co,preensio= co, te,po e ale'ria para os
filhos)Y
an/ncionadeela.oração
teleisão edasa.ere,os
criança ideal (para
o ue é aisto= é suficiente
.ela#.oa ,eia
criança)3 hora
Era= porde
,ais críticos ue sePa,os da psican-lise= u,a coisa ela nos ensinou: a
fantasia dos ideais do e'o pode ser u,a das fantasias ,ais repressias e
autodestrutias3
$nfi,= outro aspecto ue não parece ser irreleante= di respeito N noa
,oral sexual dos Poens dos países desenolidos e dos 'randes centros
ur.anos dos países su.desenolidos (so.re o culto da adolesc"ncia co,o
for,a de repressão sexual= falare,os depois= uando nos referir,os aos
,eios de co,unicação)3
Es Poens parece, co,portar#se inertendo ou ne'ando ponto por ponto
a ,oral sexual tradicional: recusa, o casa,ento reli'ioso e ciil para se
constituíre, co,o casalY recusa, o casa,ento co,o relação indissol/el
e per,anenteY ne'a, a o.ri'atoriedade da procriação co,o finalidade da
ida e, co,u,= os filhos sendo decisão e lire escolha do casalY ne'a, a
o.ri'atoriedade da fidelidade conPu'al e a ,ono'a,iaY recusa, a
profissionaliação est-el co,o precondição para a ida e, co,u,Y
recusa, a depend"ncia co, relação Ns suas fa,ílias de ori'e,Y ne'a, a
o.ri'atoriedade de possuir ou alu'ar u,a casa co, a disposição
aruitetVnica conencional= inentando sua prIpria ,oradaY recusa, a
diisão sexual dos papéis= diidindo tarefas do,ésticas e tendo ida
profissional independenteY aloria, a atração sexual ardente e a ternura=
a a,iade ue os fa confidentes= se, ue pais e ,ães tenha, a anti'a
função de ouir ueixas ou dar conselhosY aloria, a esta.ilidade da
relação= ,es,o
48?
ue não sePa per,anente= o casal se defendendo do ue u, estudioso
cha,ou de Ono,adis,o sexual o.ri'atIrioO cuPos paradi',as seria,: a
,assa (palara de orde,: Oa,os circular= pessoalO) e a fila de espera
(palara de orde,: Oo se'uinte= por faorO)3
As inoaçQes são i,ensas e i,ensas as dificuldades= situaçQes noas
ainda não tendo for,as fixas e sinais de solução= e, caso de conflitos3 Até
ue ponto essa criação ori'inal ser- capa de di,inuir a repressão sexual
e, lu'ar de su.stituí#la por outra= inisíel= não sa.ería,os dier3
Wue a ideolo'ia da adolesc"ncia saud-el= lire e feli= de u, lado= e a do
elo'io do tra.alho santificante (hoPe e, dia se di: espontMneo) poderão
pesar so.re a inoação e deter,inar noa repressão sexual= tale
insidiosa porue reestida co, a capa da li.eração= é u,a hipItese ue
não descartaría,os3 +Is a deixa,os aui= caso o leitor ueira refletir
so.re ela ou tenha nisso al'u, interesse3 es,o porue nossas
consideraçQes= alé, de podere, estar co,pleta,ente euiocadas=
pode, ser ,uito tontas3
Se= na ersão reli'iosa (o sacra,ento)= a ceri,Vnia do casa,ento te, a
dupla finalidade de 'arantir= por u, lado= a circunscrição da sexualidade
per,itida e= por outro= a su.ordinação da esposa ao ,arido= na ersão
ciil (contrato)= essa dupla finalidade não deeria aparecer3 as aparece3
+a fIr,ula ciil#le'al= o ,arido assu,e o co,pro,isso de responsa.iliar#
se pela ,ulher e pelos filhos= prote'"#los e sustent-#los= enuanto a
esposa assu,e o co,pro,isso de respeitar a autoridade do ,arido=
cuidar dele e dos filhos e proer os seriços necess-rios N ,anutenção da
casa
isto)3 (sePa co, contrato
Era= nu, sgu prIprio
ciiltra.alho= sePa co, o de
esses co,pro,issos sãopessoas pa'as para
desca.idos3
&e fato= a principal característica da idéia de contrato é a de ue u,a
relação sI é contratual se for esta.elecida entre duas ou ,ais pessoas
lires e i'uais3 Se, a i'ualdade e se, a li.erdade= não h- contrato= ,as
hieraruia= su.ordinação= ,ando= desi'ualdade e do,inação3
Se exa,inar,os= portanto= o contrato de casa,ento podere,os faer tr"s
o.seraçQes: e, pri,eiro lu'ar= esta.elecendo
484
a su.ordinação da esposa ao ,arido= o casa,ento não é u, contrato
le'íti,o= ainda ue sePa le'alY e, se'undo lu'ar= o $stado reprodu na
for,a ciil a perspectia reli'iosa= e, e de ro,per co, elaY e, terceiro
lu'ar= a fIr,ula ciil inclui no contrato os filhos= exata,ente co,o na
fIr,ula reli'iosa do Ocrescei e ,ultiplicai#osO= e,.ora dito de outra
,aneira (o ,arido ser- pai respons-el e a esposa ser- ,ãe cuidadosa)3
Se procurar,os co,preender essa terceira cl-usula do contrato= ere,os
ue sua finalidade é si,ples: a lei esta.elece ue casa,ento é relação
duradoura= social,ente reconhecida apenas para a li'ação entre u,
ho,e, e u,a ,ulher= não podendo haer= le'al,ente= casa,ento entre
ho,ens ou entre ,ulheres3 $ssas li'açQes= sendo ile'ais= são cri,e (e não
apenas pecado ou ício)3 A fIr,ula ciil= tão si,ples e I.ia para nIs=
le'alia a repressão sexual3
Se exa,inar,os o se'undo aspecto  o $stado repetindo a reli'ião =
notare,os ue não sI o $stado se apropria do ue a reli'ião criara= isto é=
o casa,ento co,o fato p/.lico= ,as ta,.é, torna p/.lica a fa,ília3
Fa parte de ref/'io
priacidade= nossa i,a'inação social hostil=
contra o ,undo a crença na fa,ília co,o
do,esticidade ue inti,idade=
não pode
ser iolada (senão uando u, re'i,e político se torna iolento e= para
prote'er seus interesses= inade casas)3 %asta= poré,= ue nos
le,.re,os de ue o $stado re'ula e controla o casa,ento e atraés dele
a fa,ília  leis so.re a.orto= adultério= diIrcio= tutela de filhos= herança=
pensão fa,iliar= responsa.ilidades paterna e ,aternaY re'istro de
nasci,ento= de casa,ento= de ,aioridade= de eleitor= de seriço ,ilitar=
de aposentadoria= de tra.alho e atestado de I.ito = para perder,os
nossas ilusQes3 A fa,ília não é apenas instituição social= ,as ta,.é,
política3 Era= co,o atraés dela o $stado re'ula a sexualidade= o sexo é=
ta,.é,= u,a uestão política3 %asta nos le,.rar,os de ue= e, ,uitos
países= as propostas de controle da natalidade são feitas pelo $stado= ou
são por ele re'ula,entadas3
 preciso= poré,= ue exa,ine,os a pri,eira o.seração ue fie,os
so.re a ceri,Vnia ciil para co,preender,os esses dois aspectos ue
aca.a,os de analisar3 Jsto é= precisa,os exa,inar o ue é u, contrato
de casa,ento ue fere a
480
le'iti,idade da idéia de contrato= ao instaurar desi'ualdade e hieraruia
entre os contratantes= supostos lires e i'uais3
Wuando inicia,os este tIpico= disse,os ue seria ,uito difícil separar
fa,ília e tra.alho e de,os u, exe,plo dessa dificuldade pela refer"ncia
ao par Ii<os#Ii<ono,ia e N idéia de $cono,ia @olítica3 Era= é exata,ente
co, o adento da $cono,ia @olítica (isto é= da econo,ia capitalista de
,ercado) uecontratos
conPuntos de sur'e a idéia de uesociais
os contratos a sociedade
= entreéosconstituída
uais estãopor
o
contrato de tra.alho e o contrato de casa,ento3
+a perspectia da $cono,ia @olítica= a sociedade é constituída por
indiíduos independentes ue a +aturea fe i'uais e lires uanto aos
seus direitos Udireito natural)= ainda ue física e intelectual,ente esses
indiíduos sePa, diferentes e ,es,o desi'uais3 @ara ue essas diferenças
e desi'ualdades não fosse, u, peri'o para a li.erdade natural dos
indiíduos= a sociedade criou u, direito Udireito ciil) ue= por ,eio de
leis= presera a i'ualdade e li.erdade ue todos te,os Opor natureaO3
Co,o so,os todos lires e i'uais= a /nica relação le'íti,a e le'al ue
pode ser reconhecida pelo direito ciil é a relação contratual3
+o contrato de tra.alho= duas pessoas lires e i'uais co,.ina, ue u,a
delas prestar- u, seriço e ue a outra pa'ar- por ele3 E contrato re'ula
a co,pra e enda do tra.alho= estipulando suas condiçQes3
E contrato é contrato entre pessoas e P- i,os ue= para o direito ciil=
pessoa é o propriet-rio priado de al'u,a coisa: de terras= de o.Petos= de
f-.ricas= de capacidades corporais e intelectuais3 As pessoas são todas
i'uais porue todas são= pelo direito natural e pelo direito ciil=
propriet-rias de seu corpo3  por isso ue pode haer contrato de
tra.alho= pois a relação se esta.elece entre dois propriet-rios: o
propriet-rio do corpo ou de sua força de tra.alho e o propriet-rio dos
,eios para pa'ar o tra.alho endido3
A idéia de contrato entre pessoas (propriet-rios)= i'uais e lires pelo
direito natural e 'arantidas e, sua i'ualdade e li.erdade pelas leis do
direito ciil=li.eralis,o3
Cha,a#se for,a a .ase de u,a teoria política nascida co, a .ur'uesia3
&o ponto de ista do li.eralis,o= portanto= o contrato de casa,ento e o
contrato de tra.alho possue, a ,es,a estrutura= isto é= são contratos
sociais3 E.sere,os= poré,= ue no
481
caso do contrato de casa,ento= a i'ualdade e li.erdade dos contratantes
é ro,pida pelo prIprio contrato e ue= alé, disso= ele não considera lires
ho,ens e ,ulheres ue ueira, casar#se entre si3
Se exa,inar,os o contrato de tra.alho= notare,os ue u,a
transfor,ação se,elhante ta,.é, ocorre= isto é= u,a das partes se
su.ordina N outra3
$, 'eral= uando se aponta essa peculiaridade dos contratos ue aca.a,
destruindo a situação inicial ue os tornaa le'al,ente possíeis=
costu,a#se encontrar a se'uinte resposta: o contrato se consera na
le'alidade e na le'iti,idade porue os contratantes não fora, o.ri'ados
a faer o contrato= se o fiera,= sa.ia, o ue estaa, faendo=
conhecia, as cl-usulas de co,pro,issos e foi lire,ente ue as
aceitara,3 &o ,es,o ,odo ue a J'rePa haia posto co,o condição do
sacra,ento do ,atri,Vnio o lire consenti,ento (a ponto de considerar
ue e,.ora a ceri,Vnia sePa oficiada por u, sacerdote= ela é real,ente
realiada pelos noios)= ta,.é, a teoria contratualista considera ue o
lire consenti,ento dos contratantes aos ter,os do contrato os
responsa.ilia pelos co,pro,issos assu,idos3
as= neste caso= esta,os diante de u, paradoxo: u,a pessoa= lire e
i'ual a outra=
i'ualdade e a consente
li.erdade3e, tornar#se
+ão su.ordinada
é estranho isso $, a'eral=
essa costu,a#se
outra= perder a
dier
ue as co,pensaçQes traidas por essa concessão são tão 'randes ue as
pessoas a fae, para se .eneficiar3 A ,ulher não 'anha proteção Auele
ue ende o tra.alho não te, a certea de ue rece.er- u, sal-rio= e,
e de depender das circunstMncias para ender al'o ue tenha fa.ricado
ou plantado
as= essa resposta cria u, pro.le,a noo: no caso da ,ulher= se era
i'ual e lire= por ue= de repente= precisa de proteção +o caso do ue
ende tra.alho= se era lire e i'ual= por ue a'ora depende de u, outro
ue pode uerer ou não co,prar seu tra.alho $, outras palaras: ser-
ue os contratantes= no ,o,ento e, ue ão fir,ar u, contrato= são
,es,o lires e i'uais
A ,ulher ue ai casar#se não .rotou da +aturea= não estaa lire e
contente pelos .osues e, flor uando deu de cara co, u, ho,e, e
co, ele resoleu fir,ar u, contrato de casa,ento3 $la é filha de al'ué,=
pertence a u,a fa,ília=
488
a u,a certa condição social e= co,o filha= é dependente ou su.ordinada
ao pai ou ao tutor3 Che'a ao casa,ento= portanto= se, possuir a tal
li.erdade estipulada pelo contrato3 E ho,e, ue ai#se casar ta,.é,
não .rotou da +aturea= não estaa feli da ida co,endo frutos silestres
ou pescando nu, ri.eirão uando deu de cara co, u,a ,ulher e decidiu
casar#se co, ela3 *isto ue o contrato de casa,ento estipula ue dee
ser respons-el pela esposa e pelos filhos= deendo prote'"#los e
sustent-#los=
tirar então=
os recursos3 Separa
ier preencher essas rica=
de u,a fa,ília cl-usulas= ele dee ",
seus recursos ter de
daonde
riuea fa,iliarY se ier de u,a fa,ília po.re= os recursos ", da enda
de seu tra.alho3 Era= se a fa,ília rica decidir não aPudar o filho= este
deer-= co,o o po.re= ender tra.alho3 +este caso= não são lires co,o
estipula o contrato= ou porue depende, dos recursos ue depende, da
fa,ília= ou porue depende, direta,ente de u, outro contrato= o de
tra.alho= no ual P- u,a parte su.ordina#se N outra3
@ara a ,ulher (se,pre supondo ue ela não tra.alhe= eidente,ente)= o
contrato de casa,ento pressupQe u, contrato anterior: o ue criou sua
prIpria fa,ília= no contrato de seu pai e de sua ,ãe3 @ara o ho,e,= alé,
de ser pressuposto u, contrato de casa,ento anterior (o de sua fa,ília)=
ta,.é, é pressuposto o contrato de tra.alho no ual= se for rico=
su.ordina outro= e se for po.re= se su.ordina a outro3
$, resu,o: os contratos se,pre pressupQe, contratos anteriores e=
portanto= ida social= desi'ualdades= depend"ncias= su.ordinaçQes= etc3
@ara resoler esse eni',a (ue, eio pri,eiro= o oo ou a 'alinha)= a
teoria li.eral contratualista possui u,a resposta e nela a,os encontrar a
ori'e, da idéia de pessoa= o lu'ar central aí ocupado pelo tra.alho= e o
prIprio contrato3
# *a,os aco,panhar essa resposta e, dois níeis: no do senso co,u, (o
ue oui,os todo dia e, ualuer lu'ar) e no da ela.oração teIrica ,ais
sofisticada e racional3
E senso co,u, pensa da se'uinte ,aneira3 $staa, todos os seres
hu,anos lires e i'uais desfrutando os recursos oferecidos pela +aturea3
Al'uns= ,ais
perce.era, ue inteli'entes= ,ais ,elhor
poderia, desfrutar respons-eis= ,ais
das coisas preidentes
se= e, e de
depender de encontr-#las (nu, inerno ri'oroso= nu,a seca ri'orosa= nas
enchentes
48
não se encontra coisa al'u,a) resolesse, 'uardar as ue não era,
perecíeis e ta,.é, cultiar a terra= criar ani,ais= fa.ricar instru,entos
para tra.alhar3 Eutros= perdul-rios= irrespons-eis= pouco inteli'entes=
nada fiera,= ficando se,pre N espera da .ondade da +aturea3 Co,o se
"= o senso co,u, adora a f-.ula de A Ci'arra e a For,i'a (ue foi
inentada por u, escritor franc"s= cha,ado La Fontaine= Pusta,ente na
época e, ue aparecia, a $cono,ia @olítica e as teorias contratualistas)
@rosse'ue o senso co,u,3 D, .elo dia= a +aturea não deu os frutos ne,
os ani,ais aos perdul-rios e irrespons-eis3 $stes= para não ,orrer= sI
tiera, u,a saída: ender a /nica coisa ue tinha,  seus .raços e
,/sculos  aos ue haia, tra.alhado= e, troca de casa e co,ida= ou
e, troca de sal-rio3 @oré,= co,o os ricos não era, perersos e não
ueria, ter escraos (co,o acontecia na Jdade édia)= criara, o contrato
de tra.alho= defendendo a i'ualdade e li.erdade de todos3
Es seres hu,anos são cheios de paixQes3 Al'u,as são .oas (a,or=
senti,entos de honra e do deer= poupança= ,oderação) e outras são
,-s (Idio= pre'uiça= inePa)3 Es .ons decidira,= então= educar os ,aus e
criara, leis proi.indo a pre'uiça e a inePa3 A pre'uiça fa o perdul-rio
não uerer tra.alhar e desePar ier Ns custas dos outrosY a inePa fa os
ue não tra.alhara, desePare, rou.ar o fruto do tra.alho alheio3 E
,elhor
a ,eioepara
pre'uiça não haer
a inePa ,iser-eis
e capaes ne, ladrQes
de forçar é faerNleis
todo ,undo proi.indo
irtude do
tra.alho3 Es ue não respeitare, essas leis serão punidos co, a ,orte ou
a prisão3
&esse ,odo= fica,os sa.endo co,o sur'ira, ricos e po.res= os contratos
de tra.alho= as leis punindo a'a.unda'e, e rou.o= e co,o o tra.alho se
tornou irtude supre,a= 'raças N ual os po.res ta,.é, pode, ficar
ricos= se sou.ere, ter as ,es,as ualidades ue estes (so.retudo o
espírito de poupança)3
E senso co,u, ta,.é, nos explica por ue os ricos fica, ,ais ricos e a
,aioria dos po.res fica ,ais po.re= e por ue os po.res não ,uda, tal
situação3
Es ricos fica, cada e ,ais ricos porue co, o fruto do tra.alho ue
co,prara,= alé, de pa'are, o tra.alho alheio= Oeste, o lucro ue
conse'uira, ao ender os produtos do
48>
tra.alho3 @ode, inestir tanto poupando o dinheiro uanto co,prando
,ais terras= ,ontando oficinas e f-.ricas e co,prando ,ais tra.alho para
o cultio das terras e o tra.alho nas oficinas e f-.ricas3 Es po.res= co,o
são pre'uiçosos= perdul-rios e irrespons-eis= não 'uarda, o sal-rio:
'asta, e, .e.idas= Po'os e so.retudo co, ,ulheres3 $, particular= co,o
são pre'uiçosos= e o pecado capital da pre'uiça esti,ula o pecado capital
da lux/ria= os po.res 'osta, ,uito de sexo3  por isso ue uando se
casa, não para, de ter filhos e= tendo u,a prole nu,erosa= 'asta, todo
o dinheiro para sustent-#la= ficando cada e ,ais po.res3
@or ue não
,elhorar de ,uda, isso
ida= não @orue
i,ita, são exe,plo
o .o, i'norantes=
dosnão t",e=interesse
ricos so.retudo=e,
porue ficara, ,uito crédulos nas coisas ditas pela J'rePa CatIlica= co,o
por exe,plo= ue o Reino de &eus foi feito para rece.er os po.res3 Fica,
esperando a felicidade no outro ,undo= e, e de lutare, neste3 $ os
ricos ta,.é, aca.a, sendo respons-eis3 Co,o são .ons= fae, o.ras
de caridade e de filantropia= e os po.res= satisfeitos= fica, incorri'íeis3
@ois= até não h- países onde os patrQes pa'a, aos e,pre'ados u,
sal-rio a ,ais do ue o necess-rio (o)
Todaia= e,.ora .ons= os ricos não são .urros3 Sa.e, ue a inePa lea
ao rou.o e por isso criara, o casti'o para os ladrQes3 Sa.e, ta,.é, ue
a pre'uiça é ali,entada pelo sexo e ue o ,elhor ,eio para di,inuir a
falta de contin"ncia sexual é forçar o corpo ao ,-xi,o no tra.alho= pois
sI assi, não haer- ,uita ener'ia disponíel para 'astar co, sexo3 @or
isso= os contratos de tra.alho= no início da sociedade contratual=
estipulaa, até ,ais de 48 horas de tra.alho di-rio= incluindo o do,in'o3
$ se, férias= pois nas férias os ícios olta,  O,ente desocupada
oficina do dia.oO3
E senso co,u,= portanto= não est- ne, u, pouco interessado e,
estudar as condiçQes histIricas nas uais sur'ira, os contratos de
tra.alho= isto é= e, ue condiçQes se encontraa a sociedade européia
ue per,itira, a al'uns a co,pra do tra.alho alheio e a outros sI restou
ender a força de tra.alho3
;- a explicação teIrica= lI'ica= siste,-tica e racional percorre u, outro
ca,inho3 Assi,= por exe,plo= o filIsofo in'l"s Loc<e= nu, liro intitulado
Se'undo Tratado So.re o
482
!oerno= alé, de considerar ue= pelo direito natural= so,os todos lires
e i'uais e propriet-rios de nosso corpo= dele podendo dispor se'undo
nossa ontade= ta,.é, se preocupa e, funda,entar a le'alidade e
le'iti,idade da propriedade priada= da ual depende, os contratos de
tra.alho3
&i ele ue= pelo direito natural= te,os a posse le'íti,a de tudo uanto
sePa necess-rio para a so.rei"ncia de nosso corpo3 @oré,= inda'a ele=
por ue o fruto colhido e ar,aenado por al'ué,= o ani,al caçado e
coido por al'ué,= o peixe pescado e preparado por al'ué,= ue seria,
indispens-eis para a so.rei"ncia do corpo de ualuer pessoa= não
pode,= le'iti,a,ente= ser to,ados pela pessoa ue não colheu o fruto=
não caçou o ani,al= não pescou o peixe  ue esses o.Petos fora,
conse'uidos pelo tra.alho de al'ué, e nenhu, outro te, o direito de se
apropriar dos frutos desse tra.alho3 E tra.alho é a ori'e, le'íti,a e le'al
da propriedade so.re terras= ani,ais= o.Petos3 @ropriedade tanto ,ais
le'al e tanto ,ais le'íti,a uanto ,ais tra.alho tier sido necess-rio para
conse'ui#la3 Wue, cultia u, ca,po= te, o direito de cerc-#lo e
apropriar#se priada,ente das colheitas= podendo punir ue, delas
desePar se apropriar3 E ,es,o co, os re.anhos= as oficinas= o dinheiro no
co,ércio= etc3
@or outro lado= co,o é cri,e (pelo direito ciil) apropriar#se dos produtos
do tra.alho alheio= nin'ué, poderia apropriar#se dos produtos produidos
por u, outro tra.alhador3 Co,o= poré,= o n/,ero de terras férteis é
li,itado= o ser
propriedade de cercada
ani,aisnin'ué,
procriadores ta,.é,=
,ais pode e= depois
nela penetrar parade u,a
to,ar
o.Petos co, ue fa.ricar instru,entos de tra.alho e o.ter ,atéria#pri,a
co, ue ,ontar u,a oficina= u,a olaria= u,a f-.rica de calçados= e ,uito
,enos para ender o ue u, outro cultiou= aueles ue não
conse'uira, ,eios de so.rei"ncia (propriedades e instru,entos de
tra.alho) são forçados a tra.alhar para os ue t", propriedades3 Co,o=
então= i,pedir o cri,e de apropriar#se dos produtos do tra.alho desses
tra.alhadores @or ,eio do contrato de tra.alho ual o produto do
tra.alho é apropriado por outre, porue pa'ou pela força de tra.alho
usada para a produção3
+ão é nossa intenção discutir se as teses do senso co,u, e as da filosofia
são erdadeiras ou falsas (não esta,os discutindo o nasci,ento do
capitalis,o)3 +ossas .rees indicaçQes
487
pretendera, apenas assinalar co,o o tra.alho= nu,a sociedade se,
OescraosO= tornou#se alor= irtude e re'ra funda,entais3 @elo lado do
senso co,u,= co,o co,.ate aos ícios da pre'uiça e do rou.o3 @elo lado
da filosofia= co,o conceito indispens-el para a teoria da le'iti,idade e
le'alidade da propriedade priada3
@oré,= ual a relação entre sexo e tra.alho
Wuando nos referi,os a Santo A'ostinho= disse,os ue ele haia
ela.orado u,a concepção profunda e eni',-tica a respeito da ontade
hu,ana3 @ara ele= nossa ontade é lire e é essa li.erdade ue nos fa
pecar (o nosso lire#ar.ítrio aca.a se transfor,ando e, sero#ar.ítrio)3
@oré,= essa
pecadores ,es,a do
e herdeiros ontade= por serdea Adão
pecado ori'inal ontade
e $a=de
nãoseres finitos=
possui= por si
,es,a= a força para nos salar3 A salação depende de u, do,
,isterioso de &eus: a 'raça ou 'raça santificante3 A perdição é nossa
o.raY a salação= o.ra diina3
&eus é Pusto3 @or Pustiça= deeria condenar#nos= a todos= Ns penas do
inferno= pois a ,ancha do pecado ori'inal nos tornou para se,pre
indi'nos3 &eus é @ai ,isericordioso: não sI enia o Filho para nos redi,ir
dos pecados= ,as ainda escolhe al'uns dentre nIs para a salação eterna=
i,erecida3 @or ser i,erecida= não depende de nIs3 Faça,os o ue
fier,os= não conse'uire,os a salação: ela não depende de nossos atos
e de nossas o.ras= ,as da decisão indecifr-el da ontade diina3 A
ontade diina indecifr-el se cha,a: &iina @roid"ncia3 A condenação
de uns e a salação de outros= decreto eterno e insond-el= se cha,a:
@redestinação3 $sse conceito aparece e, São @aulo uando di ue= nas
,ãos de &eus= so,os co,o .arro nas ,ãos do oleiro ue fa asos para a
honra e para a desonra3
A concepção de Santo A'ostinho ne, se,pre foi inteira,ente aceita pela
J'rePa= passando por ,odificaçQes= alteraçQes e até ,es,o por recusas3
as Pa,ais desapareceu e reaparecer- co, força noa co, a Refor,a
@rotestante3
As -rias tend"ncias protestantes irão interpretar de ,odos diferentes a
teoria da @redestinação= particular,ente a uestão de sa.er se pode,os
ou não nos salar pelas o.ras realiadas3 @ara al'uns= a salação não
depende das o.ras porue esta é decidida por &eus desde toda a
eternidade
486 e supor ue nossas o.ras possa, ,udar o decreto diino e
supor ue o ho,e, pode ,ais ue &eus= o ue é u,a .lasf",ia3
@ara outros= &eus nos escolhe ou nos condena e nos oferece sinais dessa
decisão3 D, desses sinais é a .oa ualidade das o.ras ue fae,os3 As
o.ras não ,uda, o decreto: apenas o reela,3 A prosperidade de ue,
tra.alha= a riuea= por exe,plo= é u, desses sinais da eleição diina
(perspectia ue sI poderia florescer no capitalis,o= eidente,ente)3
Eutros= por fi,= co,.ina, as idéias das duas tend"ncias anteriores3 Se a
perdição depende de nossa ontade= se &eus= no Liro Santo= disse o ue
é o .e, e o ,al= desiar#se do ,al é eitar a perdição= colocar#se e,
estado de rece.er a salação= se for,os escolhidos3 $ o tra.alho é u, dos
,eios ,ais eficaes para fu'ir da tentação e eitar os ca,inhos do ,al3
A pri,eira posição prealece no luteranis,o inicialY a se'unda= no
calinis,oY e a terceira= nu, ra,o in'l"s do calinis,o= o puritanis,o3
+estas duas tend"ncias= o tra.alho e a prosperidade dele decorrente são
transfor,ados nauilo ue e.er deno,ina: a idéia protestante de
ocação (ser cha,ado por &eus)3
$studando o.ras de líderes reli'iosos do século X*JJ= especial,ente a do
líder puritano in'l"s= %axter= e a do líder uacre in'l"s= %arcla9= o
sociIlo'o e historiador ale,ão= ax e.er= nu, liro intitulado A tica
@rotestante e o $spírito do Capitalis,o= ela.orou o conceito de ideal de
ida ascética= co,o n/cleo da ética protestante= e seu ínculo interno co,
idéias e pr-ticas do capitalis,o3 e.er fala nu, Oparentesco eletioO=
nu,a afinidade interna= entre essa ética e a noa econo,ia= constituindo
o unierso
Ascese uer.ur'u"s3
dier: li,par#se= purificar#se por ,eio de exercícios físicos=
,orais e espirituais ue li.era, a al,a das i,pureas e i,undícies do
corpo= particular,ente dauela ue est- na ori'e, de todas as outras: o
sexo3
A ida ascética ou o ideal da ida ascética= postos co,o ocação cristã
(cha,ado diino e= portanto= eleição por &eus)= colocarão e, seu centro a
irtude do tra.alho (os ue tra.alha, for,a, o noo poo eleito por
&eus)3 E ,elhor exercício de purificação é tra.alhar= tra.alhar ,uito= se,
descanso= tra.alhar até N exaustão3 @or isso= a riuea não é finalidade do
tra.alho e os ricos dee, continuar tra.alhando=
4?
co,o se fosse, po.res3 @oré,= a condenação não recai so.re a riuea
enuanto tal (co,o acontece nas ordens ,endicantes catIlicas ou no
elo'io da po.rea pelos Fratricelli de São Francisco de Assis)= ,as so.re o
'oo da riuea= isto é= e, faer da riuea pretexto para o descanso= o
laer e o Icio3 So,ente o tra.alho canta 'lIrias e honras a &eus3
$scree e.er: OA perda de te,po= portanto= é o pri,eiro e principal de
todos os pecadosOY trata#se do euialente espiritual da idéia central de
%enPa,in Fran<lin e do capitalis,o a,ericano= isto é= ti,e is ,one9=
te,po é dinheiro3 $ se o do,in'o existe= não é para o descanso= ,as para
ue o tra.alho físico deixe u, te,po para o tra.alho espiritual de
adoração a &eus3
E tra.alho é o 'rande purificador dauilo ue o puritanis,o cha,a de
ida suPa3 +esta= o sexo é central e os puritanos defende, para todos os
seres hu,anos
reserado auela
para ida disciplina
,onacal3 e contenção
Co,o ue a J'rePa
a ética puritana é co,oCatIlica haia
se o ,undo
todo irasse u, i,enso ,osteiro3 $ as idéias so.re o casa,ento reto,a,
as dos @ri,eiros @adres da J'rePa: freio= re,édio e casto= apIs a
procriação3
E tra.alho é a finalidade da ida e a ida e, estado de 'raça é a ida
operosa3 Lutando contra o catolicis,o e contra o an'licanis,o dos reis
in'leses= os puritanos condenaa, as leis ue instituía, os dierti,entos
populares: os .ailes= os esportes e as representaçQes teatrais3
E esporte era condenado por ser laer e por ser exi.ição corporal3 @ara ser
reconhecido pelo ideal ascético transfor,ou#se e, treino para au,entar a
efici"ncia do corpo no tra.alho3 Jsto é= a idéia do tra.alho co,o ocação
estar- li'ada estreita,ente N de racionalidade ou racionaliação: tudo
uanto é= e, si ,es,o= conden-el= pode ser transfor,ado e, aceit-el
se for racionaliado3 Racionaliar al'u,a coisa si'nifica: torn-#la /til ao
tra.alho3
E teatro era condenado por seu fundo erItico e corpIreo ue não poderia
ser racionaliado de ,odo al'u,3 A literatura= ta,.é, condenada por ser
supérflua e ociosa= poderia ser racionaliada: os escritos edificantes e os
textos para ,elhoria do rendi,ento do tra.alho3
A ostentação no estu-rio= tanto por seu erotis,o uanto pelo
exi.icionis,o= era condenada3 A racionaliação neste
44
caso= consistiu não apenas na so.riedade do estir#se= ,as nu, fato noo
ue ,arcaria o capitalis,o: a padroniação3 E ,es,o ideal ou .usca do
padrão de
,érito alendo paraees
ser duas a casa e os o.Petos de
racionaliadora: uso3
não sI Aeitaa
padroniação tinha o
o indiidualis,o
erItico= ,as a produção de o.Petos padroniados é ,uito ,ais eficiente e
r-pida= u, ,aior n/,ero de o.Petos passando a ser produido nu, te,po
,enor (Ote,po é dinheiroO)3
@or fi,= a ocação= de u, lado= e a racionaliação= de outro= iria, dar as
duas confi'uraçQes principais do tra.alho no ,undo capitalista3 Se o
tra.alho é ocação= todo ho,e, dee desePar profissionaliar#se= pois a
profissão é u,a ocação (,ais tarde= uando a psicolo'ia científica
su.stituísse a %í.lia= a ocação profissional= de cha,ado diino= iria
tornarse tend"ncia psíuica control-el enuanto a escolha da profissão
certa= o atendi,ento N ocação= passaria a ser aaliado por testes
ocacionaisY a ocação profissional acertada ser- não apenas ,eio de
realiação indiidual= ,as forneci,ento racional de ,ão#de#o.ra
adeuada ao ,ercado de tra.alho)3
Wuanto N racionaliação= i,.ricada na idéia de Ote,po é dinheiroO= seu
resultado ser- a diisão crescente do processo de tra.alho= a
profissionaliação co,o especialiação3
e.er= no liro ue ,enciona,os= refere#se N i,portMncia ue al'uns
pensadores= co,o Ada, S,ith= dera, N especialiação co,o
racionaliação do tra.alho: a especialiação au,enta o rendi,ento de
cada tra.alhador= a uantidade 'lo.al da produção e da riuea e a
ualidade dos produtos3 So. todos os aspectos= portanto= ela é /til e
deseP-el3 Se= ainda por ci,a= for sentida co,o realiação pessoal= co,o
cu,pri,ento da ocação= então= pode ser considerada perfeita3
Se deixar,os=
pri,Irdios da a'ora= a perspectia
constituição Ke.eriana=
do unierso ueético
social= nos colocou diante dos
e econV,ico do
capitalis,o= e nos oltar,os para a sociedade conte,porMnea= ere,os
os resultados dauelas concepçQes dos @ais Fundadores da ,oral
.ur'uesa3
Antes de ,ais nada= poré,= é coneniente o.serar,os ue a ética do
tra.alho pelo tra.alho é ,uito ,ais efica na repressão da sexualidade do
ue a ética do casa,ento3
$, pri,eiro lu'ar= porue o casa,ento co, todas as restriçQes e todas as
suas re'ras= ainda é O,atéria co,.ustíel
40
O (a esposa insatisfeita= ou se ,astur.a= ou co,ete adultério= ou desco.re
a felicidade na ternura da relação lés.icaY o ,arido insatisfeito= ou se
,astur.a= ou procura a prostituta ou ta,.é, desco.re os praeres da
relação ho,ossexual)3 +o caso do tra.alho= a exaustão i,pede o
sur'i,ento da ener'ia sexual porue ela ser- inteira,ente desiada para
a OproduçãoO3
$, se'undo lu'ar= poré,= ocorre co, o tra.alho al'o se,elhante ao ue
ocorrera co, o sacra,ento da confissão3 Antes de ,ais nada= ao contr-rio
do casa,ento= ele não é apenas u, freio para o sexo: é u, su.stituto
para ele e o ,elhor dos su.stitutos= pois é irtude= ocação espiritual=
reconheci,ento profissional= le'iti,idade da propriedade e da riuea=
enfi, alor positia,ente positio3  su.li,ação3 @or outro lado= co,o na
confissão= ue co,eçara pelos pecados co,etidos na relação co, outre,
e ter,inaa na relação solit-ria do pecador consi'o ,es,o= ta,.é, no
tra.alho é capitalista=
sociedade o corpo indiidualiado
co,o escreeu e solit-rio o ue ,ais
ichel Foucault= nu,interessa3 A
liro intitulado
*i'iar e @unir= desenole não apenas técnicas para transfor,ar todo o
corpo nu,a ,-uina de tra.alho (a racionaliação puritana)= ,as ainda
técnicas para corri'ir= disciplinar= i'iar e punir os corpos ue não se
aPustara, N produção= criando os corpos dIceis: disciplinados= operosos=
assexuados3
OA função tripla do tra.alho se,pre est- presente: função produtia=
função si,.Ilica e função de adestra,ento ou disciplinarO= escree
Foucault3 para ue, a função si,.Ilica e disciplinar são as ,ais
i,portantes porue estão li'adas ao pro.le,a da do,inação (de ue
falare,os ,ais adiante)3
Wuando nos transporta,os do período inicial de construção da ética do
tra.alho= co,o ocação e ideal ascético= para as for,as posteriores de
or'aniação do processo de tra.alho na ind/stria ,oderna= ,elhor
pode,os aaliar o papel reserado ao tra.alho3 Ao descreer a
,anufatura e= a se'uir= a 'rande ind/stria= arx o.seraa ue o local de
tra.alho se transfor,ara nu,a 'rande ,-uina constituída de peças ue
a faia, funcionar: os corpos dos tra.alhadores3 Cada oper-rio P- não
produia u, o.Peto por inteiro= ne, ,es,o partes inteiras de u, o.Peto=
,as partes das partes= apertando
41
parafusos ou porcas durante horas= dias= se,anas= ,eses anos= u,a ida
inteira3 Alienação3
$ssa diisão do processo de tra.alho é insi'nificante se a co,parar,os
co, as etapas
ta9loris,o3 posteriores
+este= ta,.é, daconhecido
industrialiação= e, particular
co,o 'er"ncia co, o
científica= o
ad,inistrador de e,presa= Ta9lor= conce.eu a racionaliação do tra.alho
,oderno3
Racionaliação= porue a idéia central da 'er"ncia científica é dupla: por
u, lado= o.ter= no interior das f-.ricas e dos escritIrios= controle a.soluto
so.re o tra.alhador durante as tarefas= 'raças N separação entre
concepção_decisão (ue são reseradas aos 'erentes) e execução (o
tra.alhador é ,ero executante de tarefas cuPo sentido= causas= ,eios e
fins i'nora)= e= por outro lado= o.ter a.soluto rendi,ento do tra.alho=
'raças ao total controle so.re o corpo do tra.alhador pela diisão de cada
tarefa e, partes as ,enores possíeis= correspondentes a diisQes do
corpo do tra.alhador3
Te,po é dinheiro3 Ta9lor co,eçou usando u, cronV,etro3 Crono,etraa
o te,po usado por u, tra.alhador= na f-.rica= para executar u, 'esto ou
u, ,oi,entoY depois= 'raças a treinos= ual o te,po ,íni,o
indispens-el para cada 'esto ou ,oi,entoY depois= au,ento da rapide
pela especialiação= isto é= cada tra.alhador= e, e de realiar ,uitos
'estos e ,oi,entos= passa a realiar dois ou tr"s= e,.ora o ideal sePa
ue realie u, sI= no ,ais .ree te,po possíel3 &epois dessa
fra',entação do corpo do tra.alhador3 Ta9lor adaptou as ,-uinas a
esse treino: ta,.é, elas fora, su.diididas nos ele,entos ,enores
possíeis e cada ual operando no te,po ,enor possíel3
$sse ,es,o procedi,ento= Ta9lor aplicou ao tra.alho nos escritIrios=
calculando 'estos e ,oi,entos necess-rios @ara pe'ar u, papel nu,a
'aeta e ecoloc-#lo
.orracha= na ,-uina
não sI conce.eu @aradedatilo'rafia=
as ,esas para
tra.alho de tal pe'ar
,odo ue l-pis=
fosse
,íni,o o te,po necess-rio para cada 'esto ou ,oi,ento= ,as ta,.é,
especialiou os e,pre'ados de escritIrio e, funçQes ,íni,as
co,.inadas co, as de outros3 Foi crono,etrando o te,po ue cada dedo
leaa para .ater u,a letra no teclado ue o ta9loris,o conse'uiu a
padroniação das ,-uinas de escreer= conce.idas para a dedilha'e,
,ais r-pida possíel3
E ta,anho dos clips= o peso da tesoura e do pincel de cola=
48
a altura da cadeira= a distMncia entre as ,esas  tudo foi OracionaliadoO
pelo ta9loris,o3
D, outro especialista de 'er"ncia científica= cha,ado %ri'th= sofisticou o
ta9loris,o para o período da auto,ação (ue uase não existe ainda no
%rasil= ,as est- a ca,inho)3 $la.orou= a partir da o.seração e do treino=
u,a escala de rendi,ento do tra.alho (-lido para todos os lu'ares e não
,ais para f-.ricas e escritIrios apenas) ue é inersa,ente proporcional
ao esforço físico= ,ental= N especialidade= N instrução= N experi"ncia= N
to,ada de decisão3 Jsto é= u, tra.alho alcança o ,-xi,o de rendi,ento
uando nele não h- esforço físico e ,ental= não exi'e especialiação ne,
experi"ncia préia= nenhu,a instrução e so.retudo nenhu,a necessidade
de to,ar decisão3 $, su,a= o rendi,ento au,enta uando= 'raças N
auto,ação= o tra.alho redu o tra.alhador a u, autV,ato= encarre'ado
de i'iar a ,-uina= enuanto seu i'ilante é i'iado por outra ,-uina
ue é i'iada por u, i'ia final3
D, peueno exe,plo
super,ercado: a ,-uinadisso é o da
fa todas as ,oça na caixa
operaçQes= a ,oçare'istradora do
e a ,-uina
são i'iadas por teleisores ,/ltiplos nu,a sala escondida= ue ta,.é,
sere para a i'ilMncia dos fre'ueses= e u,a pessoa controla os i'ilantes
dos teleisores3 Co, 'raus diferentes de ariação e intensidade= assi,
funciona o tra.alho e, todas as instituiçQes= da escola ao centro esportio
e cultural= do hospital N prisão3
D, exe,plo interessante da crono,etria aparece no fil,e lut= onde ;ane
Fonda= usando o interalo entre dois tra.alhos= tra.alha co,o prostituta:
enuanto cu,pre seu papel ('e,idos= palaras= risos= a.raços e .eiPos)=
espia o relI'io de pulso e ter,ina a atiidade assi, ue os ponteiros
indica, ue o te,po disponíel para o co,prador est- es'otado3
A racionaliação do processo de tra.alho possui ainda u,a outra face:
per,ite racionaliar o consu,o3 Es o.Petos ue consu,i,os co,o se
fosse, neutros ou desePados porue a propa'anda criou e, nIs a
ontade e a necessidade de possuí#los= não são o.Petos si,ples3 Cada u,
deles foi calculado para nos proporcionar u,a uantidade deter,inada de
satisfação= apIs a ual precisa ser su.stituído por outro (co,o se
fVsse,os eternas crianças na tentatia se,pre frustrada de
4
satisfaer,os o princípio de praer= se, conse'ui#lo)3 as o c-lculo é
,ais sutil uando se trata de o.Petos de consu,o ue dee, auxiliar
nossa reposição de ener'ias para o tra.alho e so.retudo eitar ue
perca,os ,uito te,po nesse consu,o: copos= 'arrafas= pratos= talheres=
recipientes são calculados uanto ao ta,anho= ao olu,e= ao peso= de
,odo
e sedea se,
per,itire, u, consu,o
'astar,os r-pidone,
,uita ener'ia e, ue possa,os
,uito te,po3 satisfaer
$, resu,o:fo,e
nosso corpo est- ad,inistrado racional,ente3
A fra',entação do corpo est- presente= por exe,plo= na ,edicina= onde
u, ,édico é capa de curar nosso olho dando#nos a in'erir u,
,edica,ento ue destrIi nosso estV,a'o porue o especialista P- não "
o corpo co,o u, todo ou or'anis,o= ,as co,o partes de partes
independentes3 $ssa ,es,a fra',entação aparece noutro fenV,eno ue
conhece,os ,uito .e, porue cotidiano: a peculiar diisão dos
pro'ra,as de teleisão e, ,Idulos ue dura, de 4? a 4 ,inutos3
$studos de psicolo'ia e de psico.iolo'ia reela, ue= apIs o tra.alho
extenuante e o te,po dispendioso no transporte e nas refeiçQes= nossa
atenção cai uase a ero3 +enhu, de nIs= nessas condiçQes= concentra a
atenção ,ais do ue por al'uns ,inutos3 E detalhe i,portante= poré,= é
ue a recuperação da atenção= co,o os estudos científicos de,onstra,=
não precisa ser feita pelo repouso= ,as pela ,udança de o.Peto= e por isso
os an/ncios= entre os ,Idulos= são curtos e nu,erosos3
+u,a o.ra intitulada $ros e Ciiliação= o filIsofo arcuse aplicou
conceitos da psican-lise na co,preensão da repressão sexual o.tida
atraés da racionaliação exercida so.re o tra.alho e so.re toda a nossa
ida pela sociedade conte,porMnea= ue ele cha,a de sociedade
unidi,ensional (isto é= u,a sociedade se, di,ensQes e diferenciaçQes=
onde tudo euiale a tudo= se troca por tudo= tudo sendo ,ercadoria e
o.Peto de consu,o) e ta,.é, de sociedade ad,inistrada (isto é= onde
todas as nossas atiidades= idéias= todos os nossos desePos e pensa,entos
estão sãofala
arcuse controle de instMncias exteriores
e, super#repressão a nIsde
e e, princípio e ue desconhece,os)3
rendi,ento3
A super#repressão não é apenas a repressão no sentido do recalue= tal
co,o o i,os definido e, Freud3 +e, no sentido
4>
freudiano de contenção do princípio do praer por exi'"ncias do princípio
de realidade3 A super#repressão é u, conPunto de restriçQes e de
i,posiçQes ue t", co,o finalidade o.ter e conserar a do,inação3  u,
fenV,eno sIciopolítico3
+a teoria freudian a= a contenção do princípio do praer pelo de realidade
tinha u, pressuposto: os seres hu,anos ie, e, estado de pen/ria e
precisa, tra.alhar para so.reier3  preciso= portanto= ue a li.ido não
sI sePa repri,ida para ue ener'ias se diriPa, ao tra.alho= ,as ta,.é,
ue o praer aprenda a protelar#se e= e, certos casos= a suportar
frustraçQes definitias3 E tra.alho podia= si,ultanea,ente= to,ar o lu'ar
da li.ido para fins sociais /teis e podia ta,.é, ser u,a su.li,ação da
li.ido= u, ,eio para satisfa"#la indireta ou si,.olica,ente3
Era= di arcuse= Freud não leou e, conta u, aspecto essencial da
uestão: a desi'ualdade3 Jsto é= ue h- indiíduos= 'rupos ou classes
sociais cuPa pen/ria é resolida 'raças N condenação per,anente de
outros indiíduos= 'rupos ou classes sociais N pen/ria e ao tra.alho
forçado3 A itIria do princípio de realidade so.re o do praer foi o.tida
pela do,inação de u,a parte da sociedade ou outra3  isto a
superrepressão3
Assi, co,o a super#repressão produ a fra',entação do processo de
tra.alho
tenha para ue
o ,enor o tra.alhador
controle se transfor,e
so.re o ue nu,
fa= nenhu, inco,petente
poder de decisãoeenão
de
transfor,açãoY assi, co,o ela produ a fra',entação da produção e do
consu,o so. o controle da 'er"ncia científica e dos especialistas e,
,erchandisin' assi, co,o fra',enta o laer e os conheci,entos e, ,il
peuenas especialidades= ta,.é, fra',enta a sexualidade3 @ara ue o
tra.alho se torne central= alor e irtude= condenação e destino= a super#
repressão dessexualia e deserotia o corpo= destrIi as ,/ltiplas onas
erI'enas (cuPa satisfação= se for conserada= ser- cha,ada de perersão=
cri,e= i,oralidade) e redu a sexualidade exclusia,ente N ona 'enital=
co, finalidade procriatia3 A sociedade racionaliada é u,a sociedade
funcional= isto é= nela tudo o ue existe= sI te, direito N exist"ncia se for
definido por u,a função /til= adeuada e aceita: a sexualidade ser-=
então=
42
função especialiada e, procriar e função especialiada de al'uns Ir'ãos
do corpo3
A super#repressão não se contenta co, a do,inação e a funcionaliação3
E tra.alho ue ela aloria e transfor,a e, irtude é o tra.alho alienado=
isto é= auele ue não tra satisfação= ne, ale'ria= ne, co,pensaçQes=
ue não é fonte de criação= ne, possi.ilidade de su.li,ação3 Tra.alho
ascético da ida ascética= o tra.alho super#repri,ido não protela ne,
su.stitui o praer: apenas o ,ata3
A super#repressão= poré,= sI pode operar se estier interioriada= se as
pessoas considerare, nor,al= natural e deseP-el ier dessa ,aneira3
@ara isso ela
tal ,odo uerecorre
reste,Nu,diisão
te,poracionaliadora
,íni,o e u,do te,po,íni,o
espaço e do espaço=
para ade
sexualidade: u,as horas noturnas no leito conPu'al= no uarto secreto do
casal= nu, .ordel= nu, ca,pin'3 +o entanto= co,o ta,.é, as horas de
laer são controladas= porue estão li'adas ao consu,o= assi, co,o o
consu,o controla ta,.é, os espaços de laer= sI resta, duas saídas: ou
o laer exclui u, te,po para a sexualidade= ou a coloca so. o controle do
consu,o= isto é= da porno'rafia= do ,otel= da sauna= da casa de
,assa'e,3 $specialiação do espaço e ilusão da sexualidade li.erada3
@or esse ca,inho= a super#repressão se articula co, o princípio do
rendi,ento3 $ste= di arcuse= é a for,a conte,porMnea assu,ida pelo
princípio de realidade: produir para consu,ir e consu,ir para produirY
sentir#se culpado= hu,ilhado= di,inuído uando não se produ o uanto e
o ue a sociedade estipula= e uando não se conso,e o uanto= o ue e
co,o a sociedade estipula3 A identidade de cada u,= @ortanto= não
depende ,ais da relação peculiar ue se esta.elece entre nosso corpo=
nossa psiu"= nosso inconsciente e nossa consci"ncia co, a +aturea e a
Cultura= ,as do ,odo co,o so,os aaliados pelos critérios da
ad,inistração ue 'oerna a sociedade3 @or esses critérios= nossa
sexualidade é definida= aaliada= Pul'ada= aceita ou condenada3 +ossa
prec-ria li.erdade= desfeita pela heterono,ia (do 're'o hetero: utroY
no,ia= no,os: lei= re'raY autono,ia= do 're'o= autos: eu ,es,o= eu
,es,oY no,ia= no,os: lei= re'ra3 Autono,ia: dar#se suas prIprias leisY
heterono,ia: ser deter,inado por leis alheias)3
47
Super#repressão
uase e princípio
nada= realiando de rendi,ento
de ,odo redue,
cruel e pererso a li.ido
o desePo deou $ros a a
ThMnatos=
,orte= o aio= o nada3 +o entanto= assi, co,o o recalcado retorna= a
li.ido repri,ida retorna ta,.é,3 $sse retorno assu,e tr"s ,odalidades
principais: nu,a delas= a li.ido se transfor,a e, princípio de destruição=
a a'ressiidade realiando o praer (o nais,o= o fascis,o= os 'enocídios=
a destruição da +aturea= o cataclis,o atV,ico)Y nu,a outra= ela redu os
autV,atos hu,anos N infantiliação= ao confor,is,o= N dessu.li,ação
repressia (co,o= por exe,plo= a exi.ição dos corpos nus pela
propa'anda co,o profanação)Y nu,a terceira= enfi,= ela torna possíel a
re.eldia de $ros= a trans'ressão ue não é afir,ação do existente= ,as
sua ne'ação (por exe,plo= as OperersQesO sexuais co,o fonte de sa/de
e de ida)3 +esta terceira ia= a sexualidade re.elde parte e, .usca da
unidade perdida= da reco,posição do corpo e do espírito= e recusa
funçQes3
OE ho,e, de 'randes ne'Icios fecha a pasta de íper e to,a o aião da
tarde3 E ho,e, de ne'Icios ,i/dos enche o .olso de ,iudeas e to,a o
Vni.us da ,adru'ada3 A ,ulher ele'ante fa Cooper e sauna na uinta#
feira3 A ,ulher não ele'ante fa feira no s-.ado3 A freira fa oraçQes
diaria,ente e, horas certas3 A prostituta fa o trottoir todos os dias e,
certas horas3 E patriarca Po'a .rid'e e fa a,or se'undo o calend-rio3 E
oper-rio Po'a .ilhar e fa a,or nos feriados3 Bo,ens= ,ulheres e crianças
 todos co, seus dias preistos e or'aniados: a,anhã te, ,issa de
séti,o dia= depois de a,anhã te, casa,ento3 %atiado na terça e na
uarta= ,acarronada= ue a feiPoada fica para o s-.ado= co,e,oração
préia do fute.ol
en'rena'ens de do,in'o=
da ,-uina itIria certa=
funcionando ora seb333
co, suas As o.edientes
rodinhas ensinadas=
u,as de ouro= outras de aço= estas ,ais si,ples= ,ais co,plexas auelas
l- adiante= aeitadas para o ,oi,ento ue é u,a fatalidade= taue#taue
taue#taue333 Ap-ticos e não ap-ticos= conulsos e apai'uados= atentos
e delirantes e, pleno funciona,ento nu, rit,o i,plac-el
$ste texto é da escritora L9'ia Fa'undes Telles= retirado de seu liro A
&isciplina do A,or3
46
A propa'anda é u, .o, filão para aco,panhar,os a repressão sexual na
sociedade ad,inistrada3 +ão sI porue nela o siste,a de euial"ncias=
prIprio do ,ercado= exi.e#se a si ,es,o= ual i,enso espelho= ,as
ta,.é, porue nela a do,esticação e ,anipulação do desePo atin'e
,o,entos de perfeição3
&esePar é desePar al'u,a coisa ou al'ué,3  sentir car"ncia= falta3 
.uscar preenchi,ento= satisfação3 &onde o ínculo interior entre desePo e
praer3
E desePo não é a necessidade= ainda ue possa,os sentilo co, i'ual ou
,aior força do ue a necessidade3 +ecessidade é relação dual: fo,e#
co,ida= sede#.e.ida= cansaço#sono (nu,a perspectia .iolo'iante= o
sexo ta,.é, é reduido N necessidade)3 E desePo não é dual= ,as
tern-rio: o desePante= desePado e a coisa i,a'inada co,o realiação da
relação entre o desePante e o desePado (donde o papel do a,or no sexo)3
Te,os necessidade de co,ida= ,as tale tenha,os desePo de u,a
co,ida deter,inada (donde os céle.res desePos das 'r-idas)3
E ue
ue u,adesePa,os= no desePo
outra pessoa Al'unsdesePo=
aceite nosso filIsofos
uedissera, ue desePa,os
o reconheça e ue o
desePe3 Assi,= desePa,os o desePo de u, outro ser hu,ano (real ou
i,a'in-rio)3 A criança O.oainhaO fa a lição de casa porue desePa o a,or
de seus pais= a aproação dos professores= a ad,iração dos a,i'os= o
reconheci,ento de ue desePa ser a,ada= aproada= ad,irada3 E
adolescente Ore.eldeO ue não cu,pre seus OdeeresO desePa ser
reconhecido co,o lire por aueles ue so.re ele exerce, autoridade3 As
,ulheres são treinadas para a docilidade porue esta lhes é i,posta co,o
condição do a,or3
&esePo é relação entre seres hu,anos carentes3 @or isso a,a,os até N
loucura e odi-,os até N ,orte: nosso ser est- e, Po'o e, cada e e,
todos os afetos3 &esePo é paixão= diia, os cl-ssicos3
+o entanto= a ,arca funda e indeléel do desePo é o Pa,ais oferecer#nos a
'arantia de haer sido realiado3 @orue desePa,os o desePo de u,a outra
pessoa= a li.erdade de cada u,= os acidentes e destinos de cada u,= o
Po'o das relaçQes sociais= tudo i,pede (a não ser na tirania) a certea do
definitio e da plenitude3 @or isso distin'ue#se não apenas da necessidade=
,as ta,.é, do praer3 Afinal= por ue &on
4>?
;uan precisaria da Olista nu,erosaO= das céle.res 4??1= O,ilie treO
 nesse n/cleo infinito do desePo ue a propa'anda e, tocar3 $ o fa co,
perfeição porue o essencial do consu,o é oferecer OproasO de nosso
reconheci,ento pelos outros e o.Petos de praer ef",ero para ue outros
enha, a ser consu,idos3 A propa'anda é a realiação perersa da
irrealiação
Eferece#nosessencial do ,es,o
o.Petos= ao desePo3 te,po= co,o indiidualiados (satisfação
do ,eu desePo pelo ,eu praer)= co,o portadores de reconheci,ento
(este o.Peto= e so,ente este= ,e fa ser desePada pelo desePo de outra
pessoa) e co,o interca,.i-eis ou indiferentes (ualuer o.Peto pode
satisfaer o ,eu desePo)3 $ isto tratar#se de u,a relação ,ercantil= ainda
nos 'arante ue pode,os Olear anta'e, e, tudoO= u,a espécie de
suple,ento de praer e desePo3 OLee dois e pa'ue u,3O
+a propa'anda= os estereItipos dos papéis sexuais#sociais reconhecidos=
respeitados ou ad,irados= são reforçados: os produtos são anunciados de
,odo a ,anter e le'iti,ar o ue é OprIprio de ,ulherO= OprIprio de
ho,e,O= OprIprio de adultoO= OprIprio de criançaO= OprIprio de
adolescenteO= OprIprio de elhoO eidente,ente= nada é anunciado
direta,ente co,o OprIprioO dos OperertidosO)3 +ão apenas ,ulheres
anuncia, produtos para ,ulheres= ho,ens para ho,ens= crianças para
crianças= adolescentes para adolescentes= elhos para elhos (pois cada
ual teria seu ,undo prIprio)= ,as ainda h- trocas de ofertantes:
,ulheres e ho,ens anuncia, produtos atraés da sedução= erotiando o
o.Peto pela ,ediação de ue, o oferece: crianças são usadas para
'arantir a eracidade do produto= pois a criança é inocente e sincera seus
atri.utos se transfere, para os o.PetosY elhos 'arante, a utilidade ou
efic-cia do produto porue os elhos são experientes e esse atri.uto é
transferido para os o.PetosY e= an/ncio perfeito= o recurso aos especialistas
(,édicos= dentistas= en'enheiros= professores= psicIlo'os= executios=
etc3) porue são conhecedores da erdade= 'arante, a autenticidade e
.oa ualidade
@oré,= dos produtos3
não é apenas co,o reforço de papéis ou de Oidentidades sexuaisO
ue o an/ncio funciona3 &isse,os haer u,a
4>4
transfer"ncia das ualidades ou atri.utos= ue se supQe pertencere, N
Oess"nciaO do anunciante= para os o.Petos anunciados3 $ssa transfer"ncia=
decorrente da prIpria naturea do desePo (ser o.Peto do desePo alheio) não
apenas torna i,possíel distin'uir 'ente e coisa (pois a coisa passa a ter
ualidades e atri.utos hu,anos= não sendo casual= por exe,plo= o
Ona,oroO da ,ar'arina e do pão)= ,as ainda deserotia as pessoas e
erotia os o.Petos3
Se, d/ida= co,o i,os no decorrer deste liro= u, dos traços de nossa
sexualidade é o inesti,ento li.idinoso e a,oroso#a'ressio dos o.Petos=
confor,e seu sentido inconsciente na histIria pessoal de nosso desePo3 +o
caso da propa'anda= poré,= não é isto o ue ocorre e si, u, duplo
processo: por u, lado= a função dos o.Petos é a de ocupar o lu'ar do
desePado= e, e de traer o desePado (a propa'anda é a for,a perersa
dos contos de fadas= das artes= da literatura)Y ,as= por outro lado= e
so.retudo= a propa'anda padronia os desePos e os o.Petos de sua
satisfação3 Es seres hu,anos= na ualidade de anunciantes= estão
encarre'ados de depositar so.re o.Petos anVni,os e ho,o'"neos a
,-scara da pessoalidade e da diferença3
as não sI isto3 A propa'anda produ u,a contradição insuper-el: nossa
sociedade condena co,o pecado= ício e cri,e a sexualidade cha,ada
fetichista (desePo e praer sexual atraés de al'uns o.PetosY nos fil,es de
Luis %unuel=
sapato por exe,plo=
fe,inino u,
(Cinderela= A dos
@atafetiches ,asculinos
da !aela) ,aisde
co,o fonte constantes
delícias)3 é o
Era= a propa'anda transfor,a e, ideal social auilo ,es,o ue a ,oral
repressia condena= pois a transfer"ncia das ualidades hu,anas aos
o.Petos é prIpria do fetichis,o3 oralista= a propa'anda nos indu ao
proi.idoconsentido porue d- lucro3 $xplora= portanto= as profundeas do
corpo e da al,a3
A propa'anda é repressia ainda noutra di,ensão3 A infMncia= co,o
su'eri,os e, outros capítulos= não é apenas u,a fase cronolI'ica de
nossa ida sexual3 Co,o diia Freud= o inconsciente desconhece o te,po
e consera co,o presente auilo ue a consci"ncia lança para o passado3
A infMncia é o fundo arcaico de nossa ida: o desePo da satisfação plena=
i,ediata e crescente de u, praer3 A propa'anda ,anipula nossa
di,ensão infantil3
4>0
+ão sI porue trata os adultos e as crianças co,o se fosse, criaturas
se, discerni,ento e se, discri,inação= ,as porue oferece a nIs todos
a ilusão da infMncia feli: os produtos são anunciados co,o portadores
i,ediatos e contínuos de satisfação3 Ter u, o.Peto é= e, si e por si
,es,o= a 'arantia do desePo satisfeito3 Tanto assi,= ue a propa'anda
perfeita é auela ue exi.e ,uito pouco o produto= exi.indo ,uito ,ais
as conseG"ncias felies dele (o OsucessoO= o Oa,orO= a Oli,peaO= a
Ointeli'"nciaO= a OfelicidadeO)3 A propa'anda esti,ula e, nIs a .usca da
'ratificação i,ediata3 Se, d/ida= a isto aspira,os e a repressão sexual
aí est- para frustrar nossa aspiração3 E ue a propa'anda fa é ocultar a
,oral repressia=
enunciados) per,ite, dando#nos a ilusão proí.e3
o ue a sociedade de ue al'uns o.Petos (os
Ao fa"#lo= poré,= passa a ,anipular nossas frustraçQes3 &e fato= a
principal característica do o.Peto ,oderno de consu,o= alé, da total
padroniação= é sua pouca duração: ie,os nu, unierso de
descart-eis3 Era= pro,etendo a 'ratificação instantMnea e a satisfação
i,ediata= a propa'anda nos oferece o.Petos ue sI poderão cu,prir esse
papel se fore, ininterrupta,ente su.stituídos uns pelos outros3 +ão sI
esti,ula o consu,o (afinal= essa é sua finalidade e seria a.surdo se não o
fiesse)= ,as o ,anipula e, duas direçQes: por u, lado= torna o consu,o
co,pulsio= co,o i,os= e= por outro lado= cria frustraçQes necess-rias
para a repetição do ato consu,ista3 $ssa ,anipulação da frustração é
calculada ,inuciosa,ente pelo ,erchandisin'3 Assi,= por exe,plo= o
lança,ento de u,a série de produtos nunca se d- de u,a sI e: cada
produto da série é apresentado sucessia,ente de ,odo ue o sucessor
OacrescenteO ualidades ao anterior= suprindo a frustração
deli.erada,ente criada pelo pri,eiro3
Alé, disso= o aspecto 'ratificante dos o.Petos é enfatiado não sI porue
são o.Petos O,-'icosO (produe, efeito instantMneo)= ,as porue sua
,a'ia os transfor,a e, dons: a não ser e, casos excepcionais= nunca o
o.Peto é apresentado co,o produto de u, tra.alho3 &essa ,aneira= não
sI o tra.alho (o te,po necess-rio entre a concepção e a realiação) é
ocultado= ,as esse oculta,ento é inerente N prIpria ética la.oriosa na
ual u, o.Peto é tanto ,ais alioso uanto ,enos trouxer as ,arcas de
sua fa.ricação= isto ue o fa.ricante é apenas u, instru,ento (co,o o
.arro
4>1 nas ,ãos do
oleiro)3 $sse oculta,ento aparece na expressão conhecida: fino
aca.a,ento= isto é= se, ,arcas de tra.alho3
A propa'anda é u, caso exe,plar= se uiser,os reto,ar a expressão de
arcuse= da dessu.li,ação repressia3 +ão apenas no sentido su'erido
por arcuse de profanação dos corpos (o corpo nu= di arcuse= não é
a,eaçador porue o corpo co,o unidade não existe ,ais)3 as nu, outro
sentido ta,.é,3 A propa'anda sa.e ue os consu,idores preferenciais
são os adolescentes (a função social e econV,ica dos adolescentes é a de
sere, /teis antes ,es,o de entrare, no ,ercado de tra.alhoY essa
OutilidadeO é seu poder de consu,o)3 Transfor,a= então= a adolesc"ncia
nu, ideal de ida para todas as idades: corpos Poens= nus ou se,inus=
iris= sensuais= .roneados= saud-eis= .elos= felies e plenos estão a
seriço não sI da enda de sa.onete= desodorante= roupa= ci'arro=
,-uina= ,Ieis= casas= liros= cos,éticos= turis,os (os o.Petos passando
a ter os atri.utos de Puentude= sa/de= .elea e felicidade de seus
oferecedores)= ,as ainda estão a seriço da disciplina corporal ('in-stica=
exercícios= dietas ali,entares)3 Assi,= a propa'anda conse'ue= por u,a
inersão i,a'in-ria fant-stica= repor= na for,a da sensualidade= a ida
ascética dos puritanos3
Ali-s= essa reposição é ,ais isíel nos cha,ados países desenolidos ou
de Oecono,ia da a.undMnciaO3 Co,o nestes países a auto,ação e a
alienação do tra.alho alcançara, u, índice ,uito alto= as propa'andas
oferecendo e,pre'os e tra.alhos são feitas de ,odo ,uito peculiar: o
seriço
laer $,é contrapartida=
apresentado co,o praeroso=
o laer feli= co,o
é apresentado f-cil= oho..9
tra.alho
(poisco,o u,
se laer
fosse ficar de papo pro ar não precisaria de o.Petos para se realiar)= e os
an/ncios dos ho..ies enfatia, o aspecto la.orioso e criatio da
atiidade= o laer co,o tra.alho3

$antasma%oria sem fim&

E an/ncio das anta'ens de ser cliente de u, certo .anco ter,ina co, a


frase: OE %anco X resole no atoO3 A cena ue prepara essa frase é a
ueixa de u,a esposa= arrastando o po.re ,arido= so.re a inefici"ncia
dos .ancos3 A frase final indica não sI ue o %anco X é ,elhor do ue os
outros (não de,ora= resole no ato)= ,as ainda ue esse %anco é
iril,achão= pois os de,ais .ancos são i,potentes (não resole, Ono
atoO)3 So.retudo= ele se oferece co,o co,pensação para
4>8
a po.re esposa ueixosa= pois a i,a'e, escolhida para o ,arido é a do
ho,e, irresoluto= fraco= Oi,potenteO3 A perfeição do an/ncio não est-
apenas nos seus aspectos i,plícitos ou su'estios= ,as no fato de ue
oferece co,o su.stituto da frustração sexual u, o.Peto a partir do ual
todos os o.Petos pode, ser consu,idos: o dinheiro3 O+o atoO: o %anco é
procriador3
E an/ncio de u,a 'eladeira= feito e, uadros diferentes= apresenta
se,pre u,a cena e, fa,ília na ual al'ué, che'a co, u, ali,ento
sa.oroso e olu,oso e lhe é dito: O@Qe na XO3 @eixes= doces= erduras=
carnes= soretes= para
co, o na,orado tudo apresent-#lo
se O@Qe na XO3 +u,a edas
N fa,ília ees=
o pai= a ,enina
distraído= che'ana
di O@Qe
XO3 &epois da surpresa= riso coletio3 +u,a outra e= o ,enininho= ue
deeria estar dor,indo= e, sorrateira,ente N coinha= a.re a 'eladeira=
conersa carinhosa,ente co, ela e la,.e o chantill9 de u, i,enso .olo3
@ressurosa= a ,ãe aparece= fecha a 'eladeira e= co, ternura= di ao
,enino: A'ora ai dor,ir3 Wuando oc" crescer= ter- ,uito te,po para
conersar co, aXO3
tero i,enso= localiado na coinha= o interior 'elado da X est- a.erto
para tudo uanto se ueira ali colocar ou encontrar= per,anente,ente
'r-ida= 'enerosa= doadora= !rande ãe ines'ot-el3 *a'ina ta,.é,3
Oete nelaO= é a frase do pai ao na,orado3 Seio ta,.é,: o i,enso .olo
cre,oso= leitoso= ,ole e disponíel para u, ,enino ue P- não ,a,a o
seio ,aterno3 as seio ue ser- a'ina e /tero: Ouando oc" crescer=
ter- ,uito te,po para conersar co, a XO3 Wuais os atri.utos de X
E.Peto do,éstico (est- na coinha)Y o.Peto frio ou 'elado (/tero= ,as=
ta,.é,= 'aeta de necrotérioY frí'ida e ,ortal)Y o.Peto penetr-el (O,ete
nelaO= a'ina)Y fonte de ali,entos= ,as não produido por ela (recept-culo
e não 'eratri)Y pro,essa de 'oo futuro (uando o seio tornarse a'ina)3
!enital= X é ,ulher= portadora de todos os atri.utos ue e, nossa
sociedade são definidores do fe,inino: .uraco 'elado= aio e assustador
N espera de preenchi,entoY 'enerosidade ali,entarY localiação
do,ésticaY passiidadeY o.Peto ,anipul-el3
4>
Transcree,os= aui= al'uns trechos do ensaio Jnteresse pelo Corpo=
localiadoale,ães
filIsofos nu, liro intitulado
Bor<hei,er &ialética do Jlu,inis,o= da autoria dos
e Adorno3
OSo. a histIria conhecida da $uropa= corre u,a histIria su.terrMnea3  a
histIria do destino dos instintos e das paixQes hu,anas repri,idos ou
desfi'urados pela ciiliação3 !raças ao presente fascista= no ual o ue
estaa oculto e, N lu= ta,.é, a histIria ,anifesta aparece e, sua
relação co, esse lado noturno= descuidado tanto pela lenda oficial dos
estados nacionais uanto por sua crítica pro'ressista3
A relação co, o corpo encontra#se 'olpeada pela ,utilação3 A diisão do
tra.alho traduiu#se nu,a proi.ição co, respeito N força .ruta3 Wuanto
,enos os senhores podia, prescindir do tra.alho dos outros= ,ais
procla,aa, ul'ar o tra.alho3 Co,o o escrao= ta,.é, o tra.alho
rece.eu u,a ,arca3 E Cristianis,o exaltou o tra.alho= poré,= e,
co,pensação= hu,ilhou ,uito ,ais a carne co,o ori'e, de todo ,al3 E
Cristianis,o anunciou a orde, .ur'uesa ,oderna (se'undo o pa'ão
auiael) co, seu elo'io do tra.alho ue= no Anti'o Testa,ento=
se,pre fora definido co,o ,aldição3 Co, os padres ere,itas &oroteu=
oisés= o Ladrão= @aulo= o Si,ples= e outros po.res de espírito= o tra.alho
seria de for,a direta para entrar no Reino dos Céus3 $, Lutero e Calino=
o nexo ue unia tra.alho e salação tornou#se tão ,ediato e co,plexo
ue a exortação ao tra.alho= pela Refor,a= soa uase co,o u,
sarcas,o(333)3
(333) A li.eração do indiíduo europeu produiu#se no interior do uadro de
u,a transfor,ação cultural 'eral ue caou ,ais fundo a cisão no ínti,o
dos li.erados= N ,edida ue se atenuaa a coação física inda do exterior3
E corpo
ual condenadopodia,
os superiores deia ser= para os oinferiores=
dedicar#se= .e,3 $sse o ,alY e o espírito=
processo ha.ilitouao
a
$uropa para suas criaçQes culturais ,ais altas3 @oré,= a suspeita de ue
haia u,a confusão  eidente desde o princípio  reforçou= Punta,ente
co, o controle do corpo= a ,aldade o.scena= o Idio#a,or pelo corpo ue
i,pre'nou o pensa,ento das ,assas atraés dos séculos e encontrou sua
'enuína expressão na lin'ua'e, de Lutero3 +a relação do indiíduo co, o
corpo  tanto o prIprio uanto o alheio  a irracionalidade e a inPustiça
da do,inação retorna, co,o crueldade3 $sta se acha tão distante da
reflexão feli= da relação de co,preensão= uanto distante da li.erdade se
acha a do,inação (333)3
(333) EIdio#a,or pelo corpo tin'e toda a ciiliação ,oderna3 E corpo=
co,o o ue é inferior e su.,etido= é o.Peto de o,.aria e ,altrato e= ao
,es,o te,po= se o desePa= co,o o proi.ido= reificado=
4>>
alienado3 So,ente a ciiliação conhece o corpo co,o u,a coisa ue se
pode possuirY so,ente na ciiliação o corpo separou#se do espírito 
uintess"ncia do poder de ,ando  co,o coisa ,orta= corpus3
(333) +a ciiliação ocidental= e proael,ente e, todas= o corpo é ta.u=
o.Peto de atração e de repu'nMncia (333)3
(333) Es artistas= se, o uerer= prepara, para a pu.licidade a i,a'e,
perdida da unidade da al,a e do corpo3 A exaltação dos fenV,enos itais=
desde a fera er,elha (o Ofauis,eO) até o ilhéu dos ,ares do Sul (e,
!au'uin)= dese,.oca ineitael,ente no fil,e OexIticoO= nos ,anifestos
pu.licit-rios das ita,inas e dos cre,es de .elea ue ocupa, so,ente o
lu'artropas3
suas de fi, i,anente do an/ncio= o noo e no.re tipo hu,ano: o chefe e
E corpo físico P- não pode oltar a ser corpo iente3 Continua sendo u,
cad-er= apesar de tudo ue o fortifiue e por ,ais ro.usto ue se torne3
A transfor,ação e, coisa ,orta= ue se cu,pre e, seu no,e= é parte do
processo constante ue reduiu a naturea ,aterial e a ,atéria3 As o.ras
da ciiliação são fruto da su.li,ação= do Idio#a,or aduirido pelo corpo
e pela terra= dos uais os ho,ens fora, separados N força pela
do,inação (333) Es assassinos= o sic-río= os 'i'antes e,.rutecidos=
utiliados secreta,ente co,o carrascos pelos poderosos le'ais ou ile'ais=
'randes e peuenos= os seres .rutais ue estão se,pre N disposição
uando se trata de liuidar al'ué,= os linchadores= os ,e,.ros da lu
lux lan= o tipo forçudo ue se leanta uando al'ué, a.re o .ico (333)
todos os lo.iso,ens ue ie, na o.scuridade da histIria e ali,enta, o
paor= se, o ual não haeria do,inação= todos eles dão alento ao Idio#
a,or pelo corpo de for,a .rutal e i,ediata= iola, tudo o ue toca,=
destroe, o ue e, N lu= e essa destruição é o rancor pela reificação3
Todos eles repete, co, f/ria ce'a so.re o o.Peto iente o ue não
pode, i,pedir ue tenha acontecido: a cisão da ida no espírito e no seu
o.Peto(333)3
(333) Aueles ue= na Ale,anha= exaltaa, o corpo= 'inastas e 'ente de
outro car-ter= se,pre tiera, a ,-xi,a afinidade co, o ho,icídio= co,o
os a,antes da naturea co, a caça3 $nxer'a, o corpo co,o ,ecanis,o
,Iel= co, as partes e, suas articulaçQes e a carne co,o recheio do
esueleto3 anipula, o corpo= trata, seus ,e,.ros co,o se P-
estiesse, separados3
,edir u, ho,e, porueA os
tradição Pudaica são
ue se ,ede, consera a repu'nMncia
os ,ortos= de
a fi, de lhes
preparar o caixão3 $sse é o 'oo ue sente, os ,anipuladores do corpo3
Se, o sa.er= ,ede, o outro co, olhar do construtor funer-rio3
Atraiçoa,#se uando enuncia, o resultado:
Nota de rodapé:
(*) Corpus, em latim, é o cadáver, como em inglês, corpse — MC
Fim da nota de rodapé.
4>2
die, ue o ho,e, é alto= .aixo= pesado3 $stão interessados na doença
(333) A lin'ua'e, tornou#se adeuada a eles: o passeio foi reduido a
,oi,ento e a co,ida= a calorias (333)3
(333) +a dia.Ilica hu,ilhação dos prisioneiros nos ca,pos de
concentração= uea se,
,artírio= re.enta ,otio
reolta racional o carrasco
não su.li,ada ,oderno
da naturea acrescenta ao
repri,ida3
$ssa reolta 'olpeia co, todo seu horror o ,-rtir do a,or= o suposto
cri,inoso sexual e li.ertino= porue o sexo é o corpo não reduido= a
expressão dauilo ue os carrascos= e, se'redo= desePa,
desesperada,ente3 +a sexualidade lire= o carrasco te,e a i,ediate
perdida= a unidade ori'in-ria na ual ele P- não pode ier3 A sexualidade
lire= é o ,orto ue ressur'e e ie3 @ara o assassino= a íti,a representa
a ida ue superou a cisão3 @or isso dee ser despedaçada e o unierso
dee conerter#se unica,ente e, pI e e, poder a.strato3O

Sexo e ci'ncia
$, ,uitas sociedades= e particular,ente na nossa= o corpo é u,a das
entidades priile'iadas para o exercício da do,inação3 A diisão social do
tra.alho e do processo de tra.alho= as peda'o'ias (nas escolas= nas
prisQes= nos hospitais)= o direito penal= a ,edicina= o consu,o ou a
filosofia eidencia, a presença de idéias e pr-ticas ue procura, confinar
o corpo N re'ião das coisas o.ser-eis= ,anipul-eis e control-eis3
Considerado pelo direito ciil co,o propriedade alien-el nu, contrato
(de casa,ento= de tra.alho)Y pela econo,ia= co,o força de tra.alho= força
produtia ou instru,entoY pela ,edicina= co,o conPunto de funçQes e
disfunçQesY pela escola e instituiçQes Orefor,atIriasO co,o disciplin-eisY
pelo consu,o= co,o espet-culo= o corpo é o lado ,enor= a parte inferior=
curiosa,ente /til (pelo
Tanto pela reli'ião tra.alho)=
uanto carentee(pelo
pela filosofia pela desePo)
ci"ncia=efo,os
peri'osa3
ha.ituados
pelo cha,ado pensa,ento ocidental a esta.elecer clara diferença entre
corpo e al,a= ,atéria e espírito
4>7
coisa e consci"ncia= e a relacion-#los de ,odo hier-ruico= u, dos ter,os
sendo se,pre superior ao outro e= nessa ualidade= dotado do direito de
,ando3 A hieraruia e a do,inação não aparece, apenas nas relaçQes
interpessoais e sociais= ,as no interior de cada u, de nIs uando
considerar,os ue nossa ontade e nosso espírito= nosso intelecto e
nossa consci"ncia dee, co,andar nosso corpo3 Ser adulto= nor,al e
racional é realiar esse co,ando3
&e ,odo 'eral= filosofia e ci"ncia distin'ue, entre os dois ter,os e as
duas realidades considerando o corpo coisa física e .iolI'ica (portanto=
,ecMnica e or'Mnica)= su.,etido a leis necess-rias e desproido de
li.erdade= enuanto a consci"ncia ou espírito= i,ateriais= constitue, o
ue cha,a,os de suPeito ou su.Petiidade= isto é= a capacidade de
pensar= refletir (pensar#se a si ,es,o) e decidir ou escolher= portanto
co,o ontade autVno,a ou li.erdade3
As idéias so.re o corpo hu,ano ,odifica,#se .astante= desde o adento
da cha,ada ci"ncia ,oderna3 Jnicial,ente= o ,odelo de ela.oração da
idéia de corpo era fornecido pela principal ci"ncia= a ,ecMnica= e= co,o
conseG"ncia= o corpo era pensado co,o ,-uina3 @oré,= u,a ,-uina
de tipo ,uito especial: o autV,ato= particular,ente o relI'io3 E corpo
ani,al e hu,ano é sensíel e iente= ,as desproido de al,a ou
espíritoY para ue funcione= suas partes dee, estar anato,ica,ente
dispostas de tal ,odo ue possa operar soinho depois de rece.er u,
co,ando indo da al,a (a corda no relI'io)3 Assi,= o corpo= conPunto de
dispositios ,ecMnicos e causal= rece.e o i,pulso inicial da consci"ncia e
depois opera soinho3 Co,o escreeu o filIsofo Can'uilhe,= nu, liro
intitulado Conheci,ento da *ida= o corpo é conce.ido co,o oper-rio3
@osterior,ente= co, o desenoli,ento das cha,adas ci"ncias da ida=
particular,ente a .iolo'ia e seus ra,os= o corpo passa a ser considerado
não ,ais ,onta'e, de partes separadas li'adas por relaçQes de causa e
efeito= ,as co,o or'anis,o3 D,a totalidade dotada de funçQes e
finalidades prIprias= capa de realiar a ,ais i,portante das funçQes: a
adaptação ao ,eio e a reprodução= isto é= funçQes de so.rei"ncia3 As
noçQes de eexperi"ncia=
corporais Pusta,enteinenção
porue eo transfor,ação
corpo não é li'a,#se
,-uinaNsinteira,ente
atiidades
control-el e preisíel é ue
4>6
pode, sur'ir seres ,uito especiais: os ,onstros3 A fecundidade corporal
é respons-el pela ,onstruosidade3 ;- pode,os i,a'inar o ue suceder-
N sexualidade333
Co,o o or'anis,o realia suas funçQes para atender a certas finalidades
externas e internas= o ,odelo do corpo= a'ora= é o da execução de ordens
co,andadas N distMncia isto é= o corpo é conce.ido co,o soldado3
Conte,poranea,ente= o ,odelo da ,-uina oltou a ser priile'iado na
ela.oração das idéias so.re o corpo= não sendo casual o sur'i,ento de
ci"ncias co,o a .iofísica= a .iouí,ica e a sIcio#físico#.iolo'ia3 +ão sI o
corpo olta a ser pensado co,o o.Peto técnico e técnico#instru,ental (isto
é= o corpo co,o realidade ue pode ser construída)= ,as a ,-uina ue
lhe sere de ,odelo é u, outro autV,ato ,uito ,ais sofisticado do ue o
relI'io: o co,putador3
@ensado a partir do co,putador= o corpo deixa de ser pensado co,o ida
e processo ital no sentido anti'o e, ue ida era relação co, o ,eio=
reprodução= capacidade de auto#re'ulação por u,a aaliação do a,.iente
(sentir a a'resiidade ou hostilidade do ,eio= confiar no ,eio ,antendo o
euilí.rio= esta.elecer relação co,petitia co, o a,.iente= atraés da
adaptação co,o itIria so.re as condiçQes dadas= aptidão ue per,itia
distin'uir a sa/de e a doença pelo critério da capacidade para criar
nor,as itais noas e da incapacidade para isto= rea'indo ao ,eio de
,odo ,onItono
exterior: o corpoe catastrIfico)3
realia por E si noo ,odelo
,es,o eli,ina a
operaçQes e relação
c-lculosco, o
para
conseração de seu Opro'ra,aO= isto é= do cIdi'o 'enético3 E ,odelo do
co,putador= pensa, ,uitos= daria ao siste,a neroso o lu'ar principal na
ela.oração do corpo e explicaria a descida ru,o ao ,icroscIpico (da
célula ao ,icrI.io= deste N .actéria= desta ao írus e deste N eni,a)= de
tal ,odo ue a ,-uina corporal é funda,ental,ente inisíel3 Todaia= o
sentido desse ,odelo é ,ais co,plexo3 @ensado co,o realidade de tipo
infor,acional e operando a partir de cIdi'os 'enéticos= o corpo se torna
inteira,ente preisíel e control-el: não so,ente conhece,os seu futuro
no /tero ,aterno= ,as tudo uanto lhe ser- possíel ou i,possíel ao
nascer e no decorrer da ida3 Alé, de ser possíel interferir e, sua ida=
alterando seu Opro'ra,aO ou o cIdi'o 'enético3 as não sI isto3
42?
&eixando de ser pensado co,o ,-uina natural para tornar#se ,-uina
construída= o corpo= so. o controle da .iofísica e da .iouí,ica= tornou#se
capa de u,a operação espantosa: reproduir#se se, sexo3
+ão se trata= co,o podería,os pensar= do .e." de proeta3 $ste ainda
necessita o encontro do esper,a e do Iulo3  ainda u,a operação
,acroscIpica3 Trata#se de outra coisa3 A .iofísica e a .iouí,ica são
capaes de proocar sur'i,ento ital 'raças a reaçQes físico#uí,icas
,icroscIpicas para reprodução de u, corpo noo a partir de u,a eni,a
ou de u, ele,ento ,icroscIpico ualuer retirado de u, outro corpo
io3 Trata#se do sur'i,ento dos cha,ados clones= seres ios o.tidos por
,ultiplicação físico#uí,ica de u, ele,ento ualuer3 A ci"ncia
conse'uiu=
,aior assi,=
esti',a li.erar aohu,anidade
e tor,ento: sexo3 de seu ,aior casti'o= de seu
Assi, co,o o pecado e o tra.alho se deslocara, do exterior para o
interior= se oltara, ,enos para as relaçQes interpessoais= intersu.Petias
e sociais e ,ais para a solidão do corpo penitente e do corpo la.orioso=
assi, ta,.é, a ci"ncia conse'uiu a solidão perfeita= o isola,ento
perfeito3 E corpo não precisa do ,eio para ier  precisa apenas de seu
cIdi'o  e não precisa de outro para nascer  .asta#lhe o fra',ento
isolado a crescer por conta prIpria3
A uestão ue se coloca= para nosso assunto= não é tanto: teria isto sido
se,pre possíel e a desco.erta dependeu do pro'resso científico +e,:
isto não foi desco.erto (não era u,a potencialidade natural preé#
existente)= ,as foi construído pelo la.oratIrio +ão se trata de
discutir,os se essa concepção do corpo é al'o natural (ue estaa
escondido) ou se é pura,ente artificial (co,pleta,ente inentado)3 A
uestão é: por ue houe interesse nessa ,odalidade de pesuisa SePa
para desco.rir= sePa para inentar= o essencial é ue a ci"ncia tenha
escolhido u, ru,o no ual pVde eli,inar a relação sexo#ida3 +ão sI
eli,inou a /nica Pustificatia ue= atraés dos séculos= suportaa a
exist"ncia de seres sexuados= ,as ainda de,onstrou ue a ida e, da
não#ida3 @oderia ter sido ,aior a itIria de ThMnatos E corpo seria
,es,o OcorpusO
424
&eixe,os= poré,= essa discussão ue concerne ao futuro (seria essa
desco.erta#inenção propícia N li.eração sexual= ao desli'ar sexo e
reprodução Eu nu,a
e para o controle= essasociedade ad,inistrada=learia
desco.erta#inenção oltada para o for,as
a noas rendi,ento
de
repressão sexual)3
Antes de exa,inar,os o lon'o percurso de constituição de u,a ci"ncia
so.re o sexo ou sua cientificiação= exa,ine,os u,a curiosa instituição=
espécie de coroa,ento do processo ue ere,os posterior,ente: a
sexolo'ia ou or'as,olo'ia= nascida co, a finalidade de produir a
li.eração sexual= 'raças ao exter,ínio da Opeste e,ocionalO= isto é= das
paixQes e dos afetos conflitantes ue seria, respons-eis pela repressão
e infelicidades sexuais3 Tanto a li.eração uanto a felicidade sexuais
dependerão de u, /nico fator: o or'as,o satisfatIrio3
A sexolo'ia é u,a instituição curiosa porue é u,a espécie de
co,.inação do erotis,o co,o arte ou técnica do a,or e da ci"ncia co,o
conheci,ento teIrico so.re o sexo= sua atuação ,esclando peda'o'ia e
terapia= procurando su.stituir a coerção pela infor,ação correta3
A sexolo'ia co,.ina ,edicina e psicolo'ia co,porta,ental= parte de u,
estudo das doenças sexuais físicas e de co,porta,ento= propQe u,
trata,ento r-pido (,íni,o de u,a se,ana e ,-xi,o de u, ,"s)=
pro,ete o or'as,o perfeito= tolera o ho,ossexualis,o= reco,enda a
,astur.ação e defende a de,ocracia sexual (direito e deer de or'as,o
para todos)3 Tra.alha co, as idéias de função adeuada e disfunção (as
disfunçQes principais são: i,pot"ncia= fri'ide= ePaculação precoce e
aus"ncia de ePaculação)= atri.uindo estas a ,aus condiciona,entos ou
condiciona,entos inadeuados do co,porta,ento (a terapia consistindo
e, ,udar os condiciona,entos e o.ter a funcionalidade) e reco,enda
,edidas
,uito cedode ehi'iene e profilaxia=
ter,inar ,uito tarde=pois co,
não elas o or'as,o
haendo pode
necessidade deco,eçar
a'uardar
o ,o,ento de iniciar a ida sexual ne, de interro,p"#la  Puentude e
elhice não t", alor para a or'as,oterapia3
A de,ocracia sexual apIia#se e, tr"s idéias: a pri,eira é a do altruís,o
social (donde o deer de produir or'as,o no parceiro)Y a se'unda= é a de
direito N felicidade (donde o deer
420
de o.ter seu prIprio or'as,o)Y a terceira= inclui as irtudes p/.licas:
tolerMncia= racionalidade (as relaçQes sexuais dee, ser refletidas=
calculadas= decididas e pro'ra,adas se'undo seus custos e anta'ens)=
aceitação da opinião p/.lica (no caso= a dos especialistas) e li.erdade de
expressão sexual (na ,edida e, ue a li.erdade de expressão é u, dos
direitos funda,entais do ho,e, e do cidadão)3
A sexolo'ia é u,a peda'o'ia sexual: ensina a cada u, o controle racional
de suas paixQes= o ,o,ento e, ue pode, ter lire curso e o ,elhor
,eio para fa"#lo (conheci,ento das Oonas estraté'icasO de seu prIprio
corpo e do corpo do parceiroY preparação ao ato sexual pela ,astur.ação
e outras técnicas de lu.rificação)3 E sexIlo'o ensina co,o controlar os
i,pulsos i,ediatos do desePo= co,o se preparar para sua satisfação= uais
as técnicas para fantasiar durante a relação sexual de ,odo ue= 'raças
Ns fantasias solit-rias= o 'oo do casal sePa ,aior= e so.retudo ensina cada
parceiro a respeitar os interesses sexuais do outro (a relação sexual é
pensada co,o u, contrato)3
Co,o escreeu u, estudioso= a sexolo'ia co,.ina praer e ascetis,oY
intelectualis,o (conhecer
e deeres= as ocasiQes os interesses
oportunas= sexuais
as onas do parceiro=
estraté'icas) seus direitos
e sensualidade
(técnicas de preparação ao praer)Y espontaneidade e pro'ra,açãoY
participar (a'ir sexual,ente) e ser espectador (ter suas fantasias prIprias
e i'iar para sa.er se o parceiro P- conse'uiu o or'as,o)Y uerer a
se'urança (se,pre o or'as,o perfeito pelo .o, conheci,ento do
parceiro) e o a.is,o do presente (esse tale sePa o /nico or'as,o
perfeito de toda a ida)Y uerer a unifor,idade (respeitar as re'ras e
técnicas aprendidas) e a diferença (uerer ser ori'inal e, cada relação
sexual)3 $, su,a: a esuiofrenia e a li.erdade i'iada3
A sexolo'ia não é u,a disciplina isolada3 Alé, do ,édico psiuiatra e de
psicIlo'os= as clínicas de or'as,oterapia inclue,: ,édico clínico=
urolo'ista= endocrinolo'ista= 'inecolo'ista= o.stetra= neurolo'ista=
der,atolo'ista= enereolo'ista e cirur'iQes (alé, dos seriços paralelos
co,o salão de .elea= 'in-stica= cirur'ia pl-stica= ,assa'e,= etc)3
%asica,ente ela opera 'raças ao Orespeito N opinião p/.licaO= isto é= dos
especialistas= de sorte ue o sexo fica su.ordinado N idéia de
co,pet"ncia= ue deter,ina o sa.er sexolI'ico e seu car-ter
421
peda'I'ico#profil-tico= operando ,enos por pressQes e ,ais por
infor,açQes3
$nfi,= a tolerMncia sexolI'ica não é ili,itada: o tipo de terapia
e,pre'ada se aplica a casais (,es,o ue se apresente, 'rupos e faça,
experi"ncias Oco,unit-riasO= pois dee, sair aos pares= co,o entrara,)
e= no caso dos ho,ossexuais= ta,.é, os esti,ula para ue for,e,
casais3
+os anos 1?= o cineasta franc"s ;ean Renoir fe u, fil,e ue até hoPe não
cessa de interessar a todos os ue a,a, e estuda, cine,a3 E fil,e foi
censurado= criticado pela direita (a classe do,inante aparece retratada
co, traços i,piedosos de cinis,o= hipocrisia e cripto#fascis,o) e pela
esuerda (a classe tra.alhadora aparece c/,plice dos do,inantes e
repondo a orde, .ur'uesa= ,al'rado si ,es,a)3 E fil,e= ue se cha,a A
Re'ra do ;o'o= é ,ontado so.re tr"s 'randes cenas#chae: u,a caçada
nu, castelo= u, teatrinho a,ador representado pelos conidados do
castelão= u, cri,e passional3 $ssas cenas são pontuadas por u,a
persona'e, especial= participante e espectador dos aconteci,entos: u,
poeta= apaixonado pela castelã e ue= conhecedor da re'ra do Po'o= sa.e
ue não é possíel trans'redi#la3
+u, fi, de se,ana= re/ne,#se para u,a caçada= u, .aile= u,a
representação teatral e .anuetes= os conidados de u, casal e u,
séuito de ad,iradores e seridores3 Re'ra do ;o'o: a,ores ou sexo
clandestinos entre as paredes do castelo= aão da a'ressiidade e do
ressenti,ento recíproco atraés da caçada= expressão das críticas e dos
desePos atraés do teatrinho a,ador3 Re'ra do ;o'o: os casais le'ais não
pode, ser desfeitosY o ,atri,Vnio ,ono'M,ico indissol/el se consera=
passada a trans'ressão consentida do fi, de se,ana3 Re'ra do ;o'o: as
classes do,inantes não se ,istura, a,orosa,ente co, as classes
do,inadas= senão pelo sexo clandestino3 as= al'ué, tentar- i,pedir o
Po'o de continuar: u, Poe, intelectual se apaixona pela castelã= é
correspondido= planePa a fu'a aproeitando#se do ,o,ento e, ue todos
estão ,ascarados=
arleuins) representando
no teatrinho do castelo3 papéis cl-ssicos (pierrVs= colo,.inas=
428
as= para ue.rar a re'ra do Po'o= a castelã tenta usar a trapaça: a patroa
pede N e,pre'ada ue lhe e,preste o ,anto co, capu= disfarçan do#se
para fu'ir (sutil refer"ncia tanto N fu'a de aria Antonieta= uanto N
duplicação dos disfarces da colo,.ina= alé, de ser o traPe cl-ssico de
Chapeuinho *er,elho)3
A Re'ra do ;o'o é restaurada: o ,arido da e,pre'ada= 'uarda#caça do
castelo= h-.il atirador= Pul'ando ser sua a ,ulher ue fo'e= O,atou co,
u, tiro certo o lo.o ,auO= isto é= fuila o Poe, apaixonado3 &esco.erto o
en'ano= consternação 'eral= ,as arranPo para ue o assassinato se
transfor,e e, ,orte acidental3 $ Onin'ué, fala ,ais nissoO3
Wue acontece co, a densidade tr-'ico#.urlesca= co, a crítica social e
política de A Re'ra do ;o'o uando passa,os N sua ersão asters and
;ohnson
+o fil,e %o.= Ted= Carol e Alice (ue a teleisão .rasileira reprisa pelo
,enos u,a e por se,estre)= u, dos casais ai a u,a clínica
or'as,oterap"utica (lindinha: .osues= ,/sica inisíel= a,.iente fino)
onde aprende a ser sincero= aut"ntico e corporal,ente sensíel3 Cura#se
nu,a se,ana3
@ri,eira proa dos noos iniciados: o ,arido= che'ando do tra.alho= d- de
cara co, a esposa na ca,a co, o Poe, atlético treinador de t"nis3 Jnício
da cena cl-ssica de f/ria= lo'o interro,pida pela le,.rança do
aprendiado da tolerMncia3 $ o treinador= apaler,ado= não entende por
ue oe ,arido
.e, e esposa
o despede, co,ocarinho3
aPuda, a se estir= uere, sa.er se est- tudo
Jnicia#se a ,issão peda'I'ica do noo casal: ai= a'ora= Osensi.iliarO u,
casal a,i'o3 @roposta terap"utica= depois de explicados os princípios
teIricos da noa doutrina: ida a u, hotel de luxo para troca de casais3 Es
uatro na ,es,a ca,a= desenxa.idos3 +ão d- ,uito certo= apesar dos
esforços3 as= e, contrapartida= co,o d- certo uando cada ual fa sexo
co, o seu erdadeiro parceirob D,a .elea3
@acificados= enternecidos e felies= l- ão os uatro= uase leitando e,
,eio N ,ultidão indiferente= co,pri,ida e apinhada pelas ruas= ,as ue=
u, dia= 'raças aos noos ,ission-rios sexuais= ta,.é, ser- feli3
Wual a diferença entre A Re'ra do ;o'o e %o.= Ted= Carol e Alice (não=
eidente,ente= do ponto de ista cine,ato'r-fico=
42
pois não h- co,o co,parar u,a o.ra#pri,a e u, fil,eco)
$nuanto e, A Re'ra do ;o'o são postas a nu as en'rena'ens iolentas
do ,undo .ur'u"s= a tra,a secreta ue urde os fios de sexo#poder= sexo#
diisão social= sexo#a,or= trans'ressão#per,issão= co,o se ela tiesse
uase a força inelut-el do destino= tra.alhada co, a ,in/cia da fili'rana
(u, olhar= u, 'esto= u,a caçada= u, teatro= u,a troca de estu-rio= u,
fuila,ento= as aco,odaçQes internas)= e,%o.= Ted= Carol e Alice= essa
,es,a sociedade é transfor,ada nu, cartão postal e, lees tons pastel=
idílica= diluída na Osensi.iliação corporalO e na o.ri'ação da
OautenticidadeO3 $, A Re'ra do ;o'o= a ida conPu'al é ,arcada pela
conenção= pelos interesses= pela hipocrisia e pelo oculta,ento da
iol"ncia ue
Alice ela se i,pedeno
conerte a ruptura
paraíso definitia da re'ra3
da sinceridade= $, %o.=
deseP-el Ted= Carol Se=
e praeroso3 e
e, A Re'ra do ;o'o= o exercício da li.erdade é cerceado pela força
i,piedosa das i,posiçQes sociais interioriadas= e, %o.= Ted= Carol e
Alice= conerter a re'ra do casal aut"ntico e feli e, li.erdade é operação
realiada 'raças ao ue se conencionou cha,ar de Oli.eração sexualO= a
,es,a ue torna toler-eis ho,ossexuais e lés.icas= desde ue
Ofuncione,O co, o recato e a discrição prIpria dos cVnPu'es3
A Re'ra do ;o'o exi.e os resultados da sociedade .ur'uesa3 A cena da
caçada é alusão a u,a outra caçada= céle.re no cine,a= a do Conde
^aroff= caçada hu,ana ue fracassa: ;ean Renoir nos ,ostra ue o ue a
no.rea não conse'uiu= a .ur'uesia realiou3 %o.= Ted= Carol e Alice
oculta esse resultado e su.stitui a caçada pela ean'eliação sexual da
,ultidão3
$idente,ente= se a sexolo'ia or'as,oterap"utica e or'as,olI'ica é a
tentatia para 'arantir aos adultos (Poens e elhos aí incluídos) ue
OsePa, felies para se,preO= e, contrapartida= a sexolo'ia forense te, a
triste tarefa de se ocupar co, os infelies: ho,ossexuais= ho,ens
i,potentes= ,ulheres frí'idas= ,ulheres estupradas= ad/lteros= filhos
ile'íti,os= os
42>
li.idinosos e os o.scenos3 E ue é doença= para u,a= é cri,e para a
outra3
E n/cleo da sexolo'ia forense é a proteção da fa,ília: discute e resole os
i,pedi,entos ,atri,oniais= o deflora,ento de ir'ens= a iol"ncia contra
crianças= enéreas=
doenças o estupro=excessos
os escMndalos contra
sexuais= a fa,ília
adultério= (ho,ossexualis,o=
ile'iti,idade de filhos)3
Auilo ue a sexolo'ia terap"utica pretende OcurarO= é o ue a sexolo'ia
forense est- encarre'ada de cri,inaliar3
Seria i,possíel= aui= detalhar,os idéias e procedi,entos e,pre'ados3
&are,os= por isso= apenas al'uns exe,plos para ue o leitor= ue
desconheça a sexolo'ia forense= infor,e#se u, pouco a respeito dela3
São i,pedi,entos ,atri,oniais: a identidade dos sexos (portanto=
,antida a proi.ição do ho,ossexualis,o= a'ora conertido e, cri,e)Y a
consan'Ginidade (pelo CIdi'o Ciil %rasileiro= não pode, casar#se:
ascendentes co, descendentes= ir,ãos e os colaterais até o terceiro 'rau=
os de terceiro 'rau= sI co, autoriação ,édicaY trata#se do incesto= co,o
se ")Y a insufici"ncia de idade (deter,inada por critérios fisiolI'icos=
psicolI'icos e incapacidade econV,ica: para os ,eninos= 47 anos= e para
as ,eninas= 4> anos= e,.ora não sePa esta a Oidade ideal para casar#seO
porue o corpo fe,inino ainda não est- pronto para ,aternidade se,
co,plicaçQes)Y a diersidade de raças (o ,atri,Vnio de raças fisica,ente
Odesar,VnicasO ou e, O'raus de desenoli,entoO diferentes não é
per,itido se, autoriação préia)Y doenças (o exa,e pré#nupcial é
o.ri'atIrio= tendo e, ista a eu'enia da raça= a hi'iene e a sa/de da
prole)3
Co,o é possíel o.serar= as condiçQes para o casa,ento le'al,ente
reconhecido inclue, dados econV,icos= preisão de ,aternidade e o
racis,o3 A O,istura de raçasO é desaconselhada porue os Ohí.ridosO são
,enos saud-eis e ,ental,ente ,enos desenolidos do ue os OpurosO=
a sexolo'ia
Oerdade forense apresentando 'rande n/,ero de proas dessa
científicaO3
E ue é fascinante na sexolo'ia forense é a ,in/cia co, ue cada caso é
discutido= os ar'u,entos sendo de tr"s ordens: ,édicos= Purídicos e
sociais3 $stes /lti,os se explica, pelo se'uinte ,otio: os ar'u,entos
,édicos e Purídicos são
422
considerados científicos e= co,o tais= possue, alidade uniersal= ,as
ne, se,pre suas indicaçQes = prescriçQes ou alores se coaduna, co, a
sociedade particular a ue se aplica, e cuPos costu,es dee, ser
leados e, conta3 *erifica#se= então= o ,ais interessante crua,ento de
ideolo'ias ,édicas= ideolo'ias Purídicas e ideolo'ias locais3
+a uestão da i,pot"ncia= por exe,plo= distin'ue#se a ,asculina e a
fe,inina3 +a pri,eira= tr"s tipos cuPos 'raus de doença e de cri,e são
ari-eis porue as causas pode, ser anatV,icas ou fisiolI'icas= ,as
ta,.é, pode, ser perersQes3 Assi,= por exe,plo= considera#se ,ais
cri,inosa a i,pot"ncia causada por ,astur.ação ou ho,ossexualis,o=
este e auela definidos co,o i,pot"ncia por perersãoY fala#se e,
i,pot"ncia psíuica= isto é= a ePaculação precoce3 +o caso da ,ulher=
poré,= são oferecidos apenas sinto,as anatV,icos e fisiolI'icos se,
ualuer refer"ncia a OperersQesO3 Es detalhes descritios dos Ir'ãos
'enitais fe,ininos e ,asculinos são exaustios e o ,otio é si,ples: no
caso da ,ulher= a i,pot"ncia não Pustifica anulação do ,atri,Vnio= ,as
no caso do ho,e,= si,3  interessante o.serar ue a i,pot"ncia
,asculina est- inculada N incapacidade para penetrar e fecundar a
,ulher= a ereção
contrapartida= e a ePaculação
a i,pot"ncia sendo
fe,inina ,inuciosa,ente
se identifica estudadas3 nada
co, a esterilidade= $,
sendo dito de sua atuação sexual= pois não é releante3
as a situação ,uda inteira,ente de fi'ura uando se trata da
erificação do estupro= pois alé, do exa,e pericial do corpo fe,inino= h-
inesti'ação para sa.er se a ,ulher per,itiu ou não= proocou ou não=
desePou ou não o estupro= isto é= h- Oinesti'ação psicolI'icaO si,ultMnea
N do hí,en e dos Ir'ãos 'enitais3 $ a ,es,a exi'"ncia para os casos de
iol"ncia= e, ue= por exe,plo= as roupas ras'adas são proa i,portante=
pois a roupa intacta su'ere consenti,ento3
+ota#se não sI a transfor,ação e, lei e cri,e dos papéis sexuais
atri.uídos a ho,ens e a ,ulheres= ,as ta,.é, o recurso aos
estereItipos de fe,inilidade e ,asculinidade na produção das proas3
E.sera#se ta,.é, a dualidade fe,inina: nenhu,a OperersãoO é
,encionada na an-lise da esposa i,potente= tudo se resu,indo N
descrição do estado defeituoso de seus Ir'ãos 'enitais e co,o se fosse
u, ser assexuadoY
427
,as no caso da estuprada e iolentada= h- enor,e interesse por suas
atitudes sexuais e ,uito cuidado até ue sua Oinoc"nciaO estePa
de,onstrada3
&e todo ,odo= tanto ho,ens co,o ,ulheres são su.,etidas a erdadeira
hu,ilhação: a sexolo'ia forense asculha seus corpos e senti,entos N
procura do cri,e3
E capítulo ,ais lon'o da sexolo'ia forense= co,o não poderia deixar de
ser= refere#se
duidosas3 ao exa,e
E capítulo de erificação
é lon'o da paternidade
não sI pela uantidade dee da ,aternidade
exa,es ,édicos
e periciais exi'idos (cuPos detalhes e Pustificatias são apresentados)= ,as
ta,.é, porue h- u, histIrico das proas= isto é= as -rias proas
inentadas no correr dos /lti,os séculos= suas falhas e irtudes3 As proas
são ,édico#le'ais= 'enéticas (pré#,endelianas e ,endelianas  nas
pri,eiras= por exe,plo= procuraa,#se os traços fisionV,icos
se,elhantes)= san'Gíneas= não#san'Gíneas3 E alor de cada proa e o
si'nificado do conPunto são ta,.é, discutidos3 Alé, delas= h- recurso a
proas circunstanciais (por exe,plo= u,a teste,unha ue iu o encontro
clandestino de u, dos cVnPu'es)= cuPa i,portMncia é decisia para o cri,e
do adultério3
$ o capítulo ,ais interessante= por ser o ,ais reelador= trata dos atos
li.idinosos e o.scenos= ue são cri,es de atentado ao pudor e de ultraPe
p/.lico ao pudor3 Atos li.idinosos= são auele s co, os uais al'ué,
Oprocura satisfaer sua fo,e sexualO ou li.ido se, recorrer N conPunção
carnalO3 São eles: toues i,pudicos (,assa'ens= .eliscQes= co,pressQes=
,astur.açQes)= .eiPo e sucção (porue= alé, de eui,oses= são
trans,issores de sífilis= atraés da salia) e as cIpulas ectIpicas (sexo
oral= anal= uretal= cunilín'ua)3 Atos o.scenos são os ue ofende, o pudor=
praticados e, lu'ares p/.licos3 São eles: exi.icionis,o= .estialidade
(relação sexual co, ani,al) e pi',alionis,o (relação sexual co,
est-tuasY do ,ito 're'o se'undo o ual o escultor @i',alião fe u,a
est-tua tão perfeita= !alatéa= ue por ela se apaixonou e os deuses=
apiedados= dera,#lhe ida)3
as=
E o ue
pudor é osenti,ento
é u, pudor= se'undo a sexolo'ia
de respeito forense
e te,or pelo sexo3 Es te,ores ue
constitue, o pudor são tr"s: receio de fluidos ,-'icos ue e,ana, dos
Ir'ãos 'enitaisY te,or da concorr"ncia=
426
isto é= ue u, outro ho,e, desePe nossa ,ulher ou ir,ã ou filha ou ,ãe=
donde a necessidade de cuidar para ue ande, estidos de ,odo a não
suscitare, tal desePoY e o desa'rado3 $ste= é de tr"s tipos: desa'rado
pelos Ir'ãos 'enitais porue os Ir'ãos de reprodução estão prIxi,os dos
de excreção: é o desa'rado ,aterial= ue fa ho,ens e ,ulheres não
desePare, ser repu'nantes uns para os outros= escondendo as partes
'enitaisY desa'rado estético= isto é= desco.erta feita pela ,enina do efeito
sedutor= .estial e .rutal de suas for,as so.re os ho,ens= leando#a a
esconder todo o corpoY desa'rado ,oral: a ,ulher sa.e ue a ,elhor
,aneira de conuistar u, ho,e, e seu respeito é o recato nos 'estos=
nas palaras e no estu-rio3
Jndependente,ente da tentatia de definir o pudor co,o senti,ento
,asculino e fe,inino= a sexolo'ia forense o apresenta funda,ental,ente
co,o senti,ento das ,ulheres3 &onde sua a,.i'Gidade: a ,ulher precisa
do pudor co,o ar,a de sedução= de tal ,odo ue a irtude é o lado
,anifesto do ício oculto= ue os li.idinosos e o.scenos não são capaes
de dissi,ular3 Cri,e é recair na +aturea e, plena ciiliação3
Alé, de reforçar ideolo'ias acerca do fe,inino (do Oeterno fe,ininoO)= a
definição do pudor pela sexolo'ia forense deixa escapar o essencial: a
desco.erta espantosa e assustadora da diferença sexual= as si,.oliaçQes
ue circunscree,
i,purea reli'iosa,ente
e o ta.u do essa desco.erta
corpo= so.retudo (as idéias
o corpo fe,inino de purea=
,enstruado=
'r-ido ou no aleita,ento)= a ritualiação social dessa desco.erta
(ir'indade= castidade= fertilidade) e a percepção difusa de seu peri'o3 E
pudor= a se'uir,os o !"nese= é a desco.erta do corpo sexuado e u,a das
for,as ,ais arcaicas da repressão sexual3 &onde ser irtude e sua
trans'ressão= pecado ou cri,e3
A sexolo'ia forense .analia o pudor3
+u, estudo so.re a fe,inidade (e não Ofe,inilidadeO)= a psicanalista
@iera Auli'ner procurou decifrar a diferença sexual (não co,o ter ou não
ter deter,inados Ir'ãos= ter ou não ter deter,inadas condutas= ,as
co,o for,a da relação entre desePo e a,or= de sorte ue h- ho,ens
fe,ininos e ,ulheres ,asculinas)3 +esse estudo= o pudor ocupa u, lu'ar
especial3
47?
asculidade (e não O,asculinidadeO) é separar desePo e a,or3 E ho,e,
uer afir,ar o car-ter autVno,o do seu desePo= proa de sua irilidade e
ue per,ite considerar todas as ,ulheres co,o interca,.i-eis (as
céle.res 4??1 de &on ;uan)3 as por u" @orue se houer necessidade
de a,or= o desePo perde a autono,ia: não sI torna#se desePo desta
pessoa (a,ada) e de nenhu,a outra= ,as ta,.é, reela ue= para
realiar#se= o desePo precisa de u,a outra pessoa e= dependendo de
outre,= P- não é lire ne, autVno,o (ideolo'ica,ente= isto ira
,achis,o= ue é exata,ente o contr-rio da li.erdade desePada)3
Fe,inidade(e não Ofe,inilidadeO) é não separar a,or e desePo3 A ,ulher
afir,a
da ue a,orosa
relação sI pode desePar se= pri,eiro=
(ideolo'ica,ente= a,ar
isto irae,ulher
fa da fidelidade
ro,Mntica=oue
centro
é
exata,ente a i,possi.ilidade do a,or)3 E a,or funciona co,o -li.i para
o desePo porue é a ,aneira da fe,inidade esconder ue poderia ter u,
desePo autVno,o  seu desePo é se,pre desePo de u,a pessoa
deter,inada e por isso cha,a#se a,or= isto é= relação co, u, outro3 Ao
,es,o te,po e, ue essa disposição a.re ca,inho para o ,asouis,o
(ser o.Peto do desePo alheio= por a,or) ta,.é, a.re ca,po para u,a das
,ais fundas fantasias da fe,inidade: a li.erdade da prostituta (a
,asculidade de ue, desePa se, precisar a,ar)3
as o ue essa co,plexa teia de senti,entos si'nifica Wue ho,e, e
,ulher (to,ados eidente,ente se, nenhu,a conotação anatV,ica)
reiindica, o direito de escolha (a li.erdade): o ho,e, exi.e sinais de
escolhedor= exi.indo sinais de seu desePoY a ,ulher exi.e sinais de
escolhedora= exi.indo a falta de sinais de desePo3 D, di ue não precisa
de nada  ualuer ,ulher lhe sere3 A outra ta,.é, di ue nada lhe
falta= seu a,or sendo a causa de ceder ao desePo do ho,e,= ao ual não
precisaria ceder se não o a,asse3 $, su,a: cada ual precisa de,onstrar
a si ,es,o e ao outro ue não é carente= uando são= no M,a'o de seus
seres= car"ncia pura3
E pudor é a necessidade de u, éu ue cu.ra essa nude funda,ental da
fe,inidade e da ,asculidade3
474
Finaliare,os este tIpico apresentando al'u,as idéias desenolidas por
u, filIsofo e historiador franc"s= ichel Foucault= ue estudou a histIria
da sexualidade
Antes ocidental
de passar,os ,oderna3
ao seu estudo= 'ostaría,os de oferecer ao leitor
al'u,as infor,açQes so.re o estilo dos tra.alhos de Foucault= ue
pretende a.ordar arueolo'ica,ente os fatos discursios3 A arueolo'ia
se apresenta co,o o estudo dos estí'ios escondidos ue su.Pae, aos
edifícios teIricos e Ns pr-ticas sociais= u,a tra,a de idéias= instituiçQes=
atitudes= condutas (filosIficas= científicas= políticas= econV,icas= artísticas=
etc3) ue são operantes nu,a sociedade 'raças ao sil"ncio e, torno do
ue as tornou possíeis3
Ao ,es,o te,po= Foucault procura escaar esse sil"ncio nu, lu'ar ,uito
curioso: nos discursos3 E sil"ncio não é o ue os discursos não die,= ,as
são os conPuntos de estraté'ias e,pre'adas para a ,onta'e, desses
discursos3 Foucault considera ta,.é, ue o ,odo co,o u,a sociedade
lida co, o sa.er e o poder (ter,os sinVni,os) se realia atraés da
,onta'e, de dispositios discursios3 Jsto é= conhecer u,a sociedade ou
u,a época de u,a sociedade= é desco.rir o ue ela di= co,o o di= por
ue o di= para ue o di= a ue, o di= co,o foi possíel esse dier= ue
pr-ticas o suscitara, e fora, suscitadas por ele= e o ue não é dito3
uitos estudiosos critica, o O,étodoO de Foucault considerando#o
incapa de aco,panhar a '"nese histIrica necess-ria de deter,inadas
for,as de sa.er= de poder e de discurso3 Ta,.é, o critica, por dar u,
lu'ar tão central aos Ofatos discursiosO se, considerar= por exe,plo= a
luta de classes3 Eutros ainda o critica, por considerar ue o sa.er= o
poder e os discursos são estraté'ias= pois isto os tornaria ou ,auinaçQes
se, respaldo na realidade= ou construçQes ar.itr-rias ue se i,pQe, se,
dificuldade=ue
considerar pela si,ples
o poder nãopersuasão3
se encontra$nfi,= ,uitos
localiado o critica,
e, al'u, espaçopor
prIprio ue seria o lu'ar do poder (o $stado= a Lei= por exe,plo)= ,as se
encontra espalhado ertical e horiontal,ente por toda a sociedade=
nu,a ,icrofísica do poder3 &ie, os críticos ue Foucault aca.a
confundindo autoridade e poder= coerção e lei= desconhecendo a esfera do
&ireito e da @olítica3
470
+ão tentare,os aui discutir as posiçQes de Foucault ne, a de seus
críticos= ,as apenas resu,ir .ree,ente seus estudos so.re a ,onta'e,
do fato discursio sexualidade= a partir de u, conPunto de estraté'ias
teIricas e pr-ticas e, torno de u, o.Peto criado pelo discurso da
sexualidade: o sexo3
A idéia central de Foucault é ue a li.eração sexual= se for possíel= não
passa pela crítica da repressão sexual= ,as pelo a.andono do discurso da
sexualidade e do o.Peto sexo e pela desco.erta de u,a noa relação co,
o corpo e co, o praer3 Jsto si'nifica não sI a crítica da ,edicina= da
peda'o'ia= do direito= da psiuiatria= da psican-lise e da sexolo'ia= ,as
ta,.é, a crítica de suas críticas= pois estas per,anece, no ,es,o
ca,po definido pelas estraté'ias do discurso da sexualidade3
Foulcaultiana,ente= este liro seria u, caso exe,plar de su.,issão a tais
estraté'ias= isto ue não sI fala,os o te,po todo e, sexualidade= ,as
ainda lhe de,os u, lu'ar priile'iado na relação co, o desePo3 Era= para
Foucault= a li.eração sexual passa= entre outras coisas= pelo a.andono da
perspectia do desePo= isto é= do si,.Ilico3
&eixa,os
Se= por u,aolado=
leitor a decisão a esse
considera,os respeito3
os estudos de Foucault lu ue ilu,ina o
te,a e as pr-ticas da repressão sexual= entretanto= não te,os certea de
ue escolhería,os sua solução3 Ainda cre,os no inconsciente e no desePo
(alé, de crer,os= co,o ele= no praer e no a,or= eidente,ente)3
Se aco,panhar,os ichel Foucault= nu, liro intitulado BistIria da
Sexualidade  A *ontade de Sa.er= ,uito do ue disse,os até aui teria
de ser a.andonado3 $,.ora tenha,os insistido no fato de ue a repressão
sexual não se realia apenas pelo conPunto explícito de interdiçQes e
censuras= ,as so.retudo pelas pr-ticas= idéias e instituiçQes ue
re'ula,enta, o per,itido= ,antie,os presente a idéia da repressão
co,o u, processo de ,utilação= desaloriação e controle da sexualidade
co,o peca,inosa= i,oral= iciosa3 Era= Foucault apresenta u, uadro
.astante dierso= a partir do ue desi'na co,o ci"ncia sexual= cuPa
nascente é reli'iosa3
A ci"ncia sexual= nascida no fi, do século X*JJJ e desenolida durante os
séculos XJX e XX= é= na erdade= u, conPunto
471
de disciplinas científicas e de técnicas relatias ao co,porta,ento sexual:
peda'o'ia= ,edicina= direito= econo,ia= de,o'rafia= psiuiatria e
psican-lise seria, suas principais co,ponentes3
A ci"ncia sexual se opQe a u,a outra instituição= existente e, uase
todas as culturas= so.retudo nas orientais: a arte erItica3 Sendo arte (e,
're'o= arte se di techné= técnica)= é u, conPunto de técnicas e
ensina,entos secretos (rituais de iniciação e preparação erItica de
ho,ens ecorporal
do,ínio ,ulheres) destinados
do corpo N plenitude
(e não sexual3
seu do,ínio pelo+ela= procura,#se
intelecto)= o 'oo o
perfeito= o esueci,ento do te,po e dos li,ites e o elixir da lon'a ida=
isto é= o praer perfeito co,o aders-rio da ,orte (co,o se nota= o
cristianis,o não poderia possuir arte erItica= u,a e ue= co,o i,os=
nele sexo e ,orte são insepar-eis)3
$, contrapartida= na ci"ncia sexual= procura#se diidir o corpo=
re'ula,entar o te,po e o espaço= li,itar o praer para ue não condua N
loucura ou N ,orte3 +a ualidade de ci"ncia= procura a erdade e a
falsidade so.re o sexo3
+a arte erItica= se fa sexo3 +a ci"ncia sexual= se fala de sexo3
Se'undo Foucault= contraria,ente do ue se pensa= isto é= ue a
repressão sexual se exerce pela censura= pela proi.ição e pelos interditos=
na realidade essa OhipItese repressiaO (co,o a cha,a Foucault) est-
en'anada3 $, nenhu,a sociedade falou#se tanto= escutou#se tanto=
discutiu#se tanto= detalhou#se tanto= estudou#se tanto e re'ula,entou#se
tanto o sexo co,o na nossa3 E sexo= e, nossa sociedade= se,pre foi
auilo de ue se dee falar= falar ,uito e falar tudo3 Até o ,utis,o não é
censura= ,as u,a certa estraté'ia de sil"ncio para ,aior efic-cia do
discurso so.re o sexo3
A ci"ncia sexual é insepar-el da relação poder#praer= ,as não co,o
lo'o i,a'inaría,os3 B- praer e, ter poder so.re o sexo (i'iar= espiar=
reelar= fiscaliar= re'ular= punir= pre,iar) e h- poder e, ter praer
(escapar da fiscaliação= da re'ulação= da punição= resistir= trans'redir=
escandaliar)3 D,a erdadeira tra,a de sedução se espalha pela casa=
pela escola=
consulta pelo pais
,édica: dor,itIrio
e filhos=dos cole'iais=
adultos pelos uartéis= pelas salas de
e crianças=
478
,estres e alunos= inferiores e superiores= ,édicos e pacientes sedue,#se
uns aos outros na tra,a poder#praer3 A peculiaridade dessa tra,a é ue
nela o sexo transita se, ser ,ono'M,ico= heterossexual ne,
necessaria,ente 'enital3 $ esse trMnsito não é repri,ido= ,as é parte da
estraté'ia 'eral da sexualidade controlada3
E ue é essa estraté'ia  a produção de u, o.Peto de conheci,ento: o
sexo3
Jniciada nos fins do século X*JJJ= uando os $stados co,eça, a se
preocupar co, os pro.le,as de população= isto é= co, a de,o'rafia na
sua relação co, a econo,ia= a ci"ncia sexual se consolida no século XJX=
inscreendo#se e, dois re'istros: no da .iolo'ia da reprodução a,pliada
e no da ,edicina= oltada para a hi'iene sexual e a terapia de doenças
sexuais (as doenças enéreas)= i,pot"ncia ,asculina e fri'ide fe,inina)3
 o ,o,ento ta,.é, e, ue se prepara o sur'i,ento de u,a idéia ue
iria a tornar#se central na antropolo'ia social: a da relação entre
proi.ição do incesto e nasci,ento da cultura3 Se'undo Foucault= essa
ela.oração é decorr"ncia dos estudos de,o'r-ficos ue leara, N
codificação das relaçQes de parentesco e N sua le'islação para ,elhor
controle populacional= por parte do $stado3
Wuatro serão os recursos e,pre'ados:
4) a codificação das técnicas de Ofaer falarO (per'untas= le,.ranças=
associaçQes lires= associaçQes causais)Y
0) a postulação
causa de u,a
de tudo= desde causalidade
a apoplexia atésexual difusa e 'eralda
a de'eneresc"ncia (o raça)Y
sexo pode ser
1) postulação de u, princípio de clandestinidade ou de lat"ncia do sexo
(tudo o ue N pri,eira ista não é sexual= pode ,uito .e, s"#lo)Y
8) ,edicaliação do sexo pela classificação das ano,alias= disfunçQes e
,oléstias e pela proposta de terapias3
Wuatro serão as estraté'ias e,pre'adas:
4) histeriação do corpo fe,inino (hipersexualiada e fecunda= a ,ulher
se distri.uir e, dois papéis= a ,ãe e a histérica)Y
0) peda'o'iação do sexo infantil (a criança é u, ser sexuado poli,orfo=
desconhecendo a sexualidade saud-el= de ,odo ue suas pr-ticas
sexuais coloca, e, risco sua ida= sua sanidade ,ental e a da futura
proleY o risco principal é a ,astur.ação)Y
1) socialiação das condutas de procriação ou re'ulação de,o'r-fica
47
(interdição das pr-ticas anticoncepcionais pelo $stado e pela ,edicina)Y
8) psiuiatriação do praer pererso (ue= de pecado e ício= se torna
doença)3
E essencial= di Foucault= é perce.er ue os recursos e as estraté'ias
produira, al'o até então inexistente: a sexualidade (co,o i,os= lo'o
no início deste liro= ao exa,inar,os os dicion-rios e as datas de aparição
do oc-.ulo)3 Assi,= e, lu'ar de encontrar,os repressão sexual= nos
depara,os co, a produção da sexualidade co,o u, sa.er ue di o
erdadeiro e o falso so.re o sexo= e cuPo ponto de partida fora, re'ras e
técnicas para ,axi,iar a ida= para o cresci,ento de,o'r-fico e
controle fa,iliar
A peda'o'ia= da população3 da criançaY a ,edicina= das ,ulheresY a
encarre'ando#se
psiuiatria= da de'eneresc"nciaY a econo,iade,o'rafia= da populaçãoY e
o $stado= da O,oraliação dos costu,es sexuais dos po.resO= fiera, da
fa,ília não o lu'ar da repressão= ,as o espaço funda,ental da
sexualiação dos corpos e de todas as pr-ticas ue= aparente,ente= fere,
a ida fa,iliar3 $st- preparado o ca,po para a psican-lise3 Le,.ra
Foucault ue o sur'i,ento do conceito freudiano de co,plexo de dipo
coincide co, o ,o,ento e, ue o CIdi'o Ciil eli,inou a fi'ura Purídica
do @-trio @oder (o poder do pai= a lei do pai)3
E dispositio da sexualidade= ela.orado na sociedade .ur'uesa= su.stitui
o critério do san'ue pelo do sexo e= ao fa"#lo= torna possíel a idéia
central da psican-lise: o sexo co,o si,.oliação $ssa si,.oliação=
poré,= di Foucault= é u, ,ecanis,o do poder para diri'ir o corpo= a
ida= a proliferação3 OSa/de= pro'enitura= raça= futuro da espécie=
italidade do corpo social= o poder fala da sexualidade e para a
sexualidadeY uanto a esta= não é ,arca ou sí,.olo= é o.Peto e aloO3
Atraés dela é construído u, o.Peto específico: o sexo3
+a histeriação da ,ulher= o sexo foi definido de tr"s ,aneiras: co,o al'o
co,u, ao ho,e, e N ,ulherY co,o o ue pertence por excel"ncia ao
ho,e, e falta N ,ulherY ,as ainda o ue constitui= por si sI= o corpo da
,ulher= tanto para orden-#lo N reprodução uanto para pertur.-#lo3
+a sexualiação da infMncia= ela.ora#se a idéia de u, sexo presente
(anato,ica,ente) e ausente (fisiolo'ica,ente)Y ta,.é, presente= se
considerado e, sua defici"ncia reprodutoraY
47>
e presente= ,as escondido= atraés de ,anifestaçQes cuPos 'raes efeitos
sI aparecerão na ida adulta3
+a psiuiatriação das perersQes= o sexo foi referido a funçQes .iolI'icas
e ao aparelho anato,ofisiolI'ico ue lhe d- sentido ou finalidadeY
ta,.é, co,o instinto= cuPo desenoli,ento pode ser pertur.ado por
causas endI'enas ou exI'enas= produindo as perersQes3 E sexo é
função e instinto= portanto= suPeito a disfunção ou a desio3
+a socialiação das condutas procriadoras= o sexo é descrito co,o u,a lei
da realidade e u,a econo,ia de praer ue tenta contornar a lei= u,a das
fraudes principais sendo o coito interro,pido3
E o.Peto sexo aparece= portanto= definido e, uatro 'randes disposiçQes:
todo#parte= presença#aus"ncia= excesso#defici"ncia= função e instinto3 +o
Po'o entre o real e o praer se define, a histeria= o onanis,o= o fetichis,o
e o coito interro,pido co,o principais doenças= desios= perersQes ou
cri,es3 Seus contr-rios são a sa/de= a nor,alidade= a irtude e a lei3
Era= di Foucault= essa estraté'ia aca.a sexualiando tudo= criando u,a
erdadeira O,onaruia do sexoO na ual não sI o sexo é i'iado e
re'ulado= ,as so.retudo torna#se fonte da inteli'i.ilidade de nosso ser3
@ara sa.er,os o ue so,os= te,os de conhecer nossa sexualidade3  isto
a psican-lise= resultado de u, certo i,a'in-rio social3
 neste contexto ue Foucault conclui: a li.eração do dispositio da
sexualidade não passa pelo sexo#desePo co,o contra#ataue= ,as pelos
corpos e pelos praeres3  o discurso da sexualidade e o o.Peto sexo ue
precisa, ser a.andonados3
OSu'a#,e
+oalis co, força= A,ante= até ue eu desfaleça e possa a,arO
O .o, ,orrer d[a,or ,as não ier do referido ,aterial
 .o, cantar d[a,or ,as não desencantar o cl-ssico ani,al3O
Ru.ens Rodri'ues Torres Filho
472
OA ale'ria é a proa dos noe3
Contra a realidade social estida e opressora= cadastrada por Freud  a
realidade se, co,plexos= se, loucura= se, prostituiçQes= se,
penitenci-rias= do ,atriarcado de @indora,a3O
EsKald de Andrade  anifesto AntropIfa'o
E sexo é o pecado ori'inal: pri,eiro pecado e pecado da ori'e,3  a
ueda erti'inosa dos seres hu,anos ue se desco.re, separados e
diferentes de &eus porue possue, corpo= nasce, e ,orre,= isto é= não
são seres infinitos ne, eternos= ,as finitos e ,ortais3 E pecado ori'inal é
a desco.erta e a articulação= i,possíel de ser desfeita= entre sexo e
,orte3  ta,.é, a desco.erta da ida co,o pena e tra.alho: tra.alho da
terra (para so.reier) e tra.alho do parto (para perpetuar a espécie
,ortal)3 &estruição da felicidade pri,ordial3
477
ão existe pecado ao sul do *uador+
A lu difusa do a.aPur lil-s= ao so, deste .olero= ida= disse o ca,pVnio N
sua a,ada:
 inha idolatrada=
uerendo= ca.ocla
ue oc" 'osta de seu
,i,3olhar est- ,e diendo ue oc" est- ,e
 Ai ioiV= tenha pena de ,i,3 Fui olhar pra oc"= ,eus olhinhos333
+ão existe pecado ao sul do $uador= a,os faer u, pecado ras'ado3 Se
o .aião é .o, soinho= ue dir- .aião de dois São dois pra c-= dois pra l-3
as a nor,alista linda= não pode casar ainda= sI depois ue se for,ar3 E
pai da ,oça é an'ado e o re,édio é esperar3
 Wue, não te, seu sassarico= sassarica ,es,o sI= porue se,
sassaricar= esta ida é u, nI= nI= nI3
 Ai= co,o esse .e, de,orou a che'ar3
 Wue, sa.e= sa.e co,o é 'ostoso 'ostar de al'ué,3 Ai= ,orena= deixa
eu 'ostar de oc"3 *e, sentir o calor dos l-.ios ,eus= essa paixão ue
,e deora o coração3 *e,= e,= e,3
$xistencialista= co, toda raão= sI fa o ue ,anda o seu coração3
 $ ue tudo ,ais - para o inferno3 Wuero ficar no teu corpo feito
tatua'e, ue é pra te dar cora'e, pra se'uir ia'e, uando a noite
e,Y ,e perpetuar e, tua escraa= ue oc"= pe'a= esfre'a= ,as não
lar'a3
476
as hoPe daria u, ,ilhão para ser outra e Conceição3
 eu pri,eiro a,or= foi co,o u,a flor ue desa.rochou e lo'o
,urchou3 A er'onha foi a herança ,aior ue ,eu pai ,e deixou3 SI
in'ança= in'ança aos santos cla,ar3 *oc" h- de rolar co,o as pedras
ue rola, na estrada= se, ter nunca u, cantinho de seu para poder
descansar3
 Wue,
faor inentou
nenhu, e, o'ostar
a,or=denão fui eu= E
al'ué,3 ne, oc"=
a,or ne, nin'ué,3
acontece na ida3 +ão faes
$staas
despreenida e= por acaso= eu ta,.é,3 Risue ,eu no,e do seu caderno3
 +ão suporto o inferno do nosso a,or fracassado3 Wuando a le,.rança
co, oc" ,orar e= de saudades .e, .aixinho oc" chorar= ai le,.rar
ue u, dia existiu u, al'ué, ue sI carinho pediu e oc" fe uestão de
não dar= fe uestão de ne'ar3
 Atr-s do trio elétrico sI não ai ue, P- ,orreu3 Ao so, desse .olero=
ida= a,os reco,eçar3
 E teu ca.elo não ne'a= ,ulata= ue és ,ulata na cor3 as co,o a cor
não pe'a= ,ulata= ,ulata eu uero o teu a,or3
 Ai= ioiV= fui olhar pra oc"3 Ai= co,o esse .e, de,orou a che'ar3
$staa Po'ando sinuca uando:
 D,a ne'a ,aluca ,e apareceu3 *inha co, o filho no colo e diia pro
poo ue o filho era ,eu3 +ão Senhorb
 Si, senhorb
 +ão senhorb
 Si, senhorb To,e ue o filho é seu3 To,e ue &eus lhe deub
Criança feli= feli a cantar3 Ale're a e,.alar no seu coração3 V ,eu .o,
;esus= ue a todos condu= olhai as crianças do nosso %rasil3
 +ão posso ficar ne, u, ,inuto ,ais= ,ulher3 Sou filho /nico= tenho
,inha ,ãe para cuidar3 +ão posso ficar3 inha ,ãeinha uerida=
,ãeinha do coração3 Te adorarei= toda ida= co, toda deoção3 V ,inha
,ãe= ,inha santa uerida= és tudo o ue eu tenho na ida= ,ãeinha do
coração3
Che'a N choupana
san'rando= da elhao ,ãeinha
ca,pVnio3o$ncontra
po.re a ,ãeinha a rear3 Tira do peito
46?
coração3 O*e, .uscar#,e= filho= aui estou= ue ainda sou teu3O
 a,ãe ,e deu u, conselho= na hora d[eu e,.arcar ,eu filho= anda
direito= ue é pra &eus te aPudar3 Wue ta,.é, si'nifica: eu desconfio ue
o nosso caso est- na hora de aca.ar3
 entira= foi tudo ,entira= oc" não ,e a,ou3 entira= foi tanta ,entira
ue oc" contou3 Cansei de ilusQes3
Ao so, desse .olero= ida= a,os reco,eçar3
 *oc"= u, sonho tão real= diendo ue ,e a,a= deitada e, ,inha
ca,a3 Tão ,inha= tão linda e tão ,ulher3
 Ahb $u uero a,or= o a,or ,ais profundo3 $u uero toda a .elea do
,undo= para enfeitar a noite do ,eu .e,3
 +osso a,or= ue eu não esueço= e ue tee seu co,eço nu,a festa
de São ;oão= ,orre hoPe se, fo'uete= se, luar ne, iolão3 @ois é= falara,
tanto ue a ,orena foi e,.ora3 &issera, ue ela era a ,aioralY ue eu é
ue, não sou.e aproeitar3 A ,aldade desta 'ente é u,a arte3 Co,o
est-s= onde est-s= co, ue, est-s= a'ora
 A 'ente .ri'a= fica pensando ue não ai sofrer= ue não fa ,al se
tudo ter,inar3 as che'a u, dia= a 'ente " ue ficou soinha= e, a
ontade de chorar .aixinho3 Foi isso ,es,o ue se deu co,i'o3 $u tie
or'ulho e tenho por casti'o a ida inteira pra ,e arrepender3 @ara as
pessoas ue eu detesto= di'a se,pre ue eu não presto= ue o ,eu lar é o
.oteui,= ue eu não ,ereço a co,ida ue oc" pa'ou pra ,i,3

 &etalhes3
Se al'u,a*oc" ai le,.rar
pessoa de ,i,3
a,i'a= pedir ue*oc"
oc"ai
lhepensar e, ,i,3
di'a3 &i'a ue oc" ,e
adora= ue oc" la,enta e chora a nossa separação3
Ao so, desse .olero= ida= a,os reco,eçar3
 as= se ela oltar Wue coisa linda= ue coisa .oa3 %eiPinhos e carinhos
se, ter fi,3 Wue é pra aca.ar esse ne'Icio de oc" lon'e de ,i,3 Wue é
pra aca.ar co, esse ne'Icio de oc" ier se, ,i,3 as a .ase é u,a
sI: tanto fa no sul co,o no norte= eu sou ho,e,= ,uito ho,e,= eu sou
ho,e, co, a'-3 eu pai na ca,a= ,inha ,ãe no pisador3 $la no céu= ele
no ,ar3
464
 Wue ser-= da ,inha ida se, o seu a,or= da ,inha .oca se, os .eiPos
teus &a ,inha al,a se, o teu calor
 *e,= e,= e,3 $ sI então serei feli= .e, feli3 Elha ue coisa ,ais
linda= ,ais cheia de 'raça333
Wue coisa ,ais linda= ,ais cheia de 'raça= aria= aria3  ela ue passa=
lata d[-'ua na ca.eça= l- ai aria3 So.e o ,orro e não se cansa= pela
,ão lea a criança= l- ai aria3 ais cheia de 'raça3
 Cuidado= 'aroto= eu sou peri'osa3 $u ou faer oc" ficar louco3
 ;- ,e a.orreci= ,e an'uei3 A,élia é ue era ,ulher de erdade3
arina= ,orena= arina= oc" se pintou3 +ão pinte esse rosto ue é sI
,eu3 A,élia não tinha a ,enor aidade= A,élia é ue era ,ulher de
erdade3 arina= ,orena= não sei perdoar3 Saiu diendo: ou ali= P- olto
P-3 as não oltou= por u" @or ue ser- aria= arina= aria= onde
est-s= co, ue, est-s a'ora
 @orue
le,.rar esta
ue ida t- ficando
o passarinho u, osso
da 'aiola não duro de roer3
esuece $ então eu acho .o,
de cantar3
 *oc" sa.e o ue é ter u, a,or= ,eu senhor Ter loucura por u,a
,ulher $ depois encontrar esse a,or= ,eu senhor= nos .raços de u,
outro ualuer  preciso ter neros de aço= se, san'ue nas eias e se,
coração3 *ai dar na pri,eira edição: Cri,e de san'ue e paixão= nu, .ar
da Aenida São ;oão3
$scracho= esculacho3
 @afunça= ue pena= @afunça= ue o nosso a,or irou .a'unça3
 Wue ser-= da ,inha al,a se, o teu calor Se a lu difusa do a.aPur lil-s
nunca ,ais ilu,inar outras noites i'uais
$scracho= esculacho3
 Elha a ca.eleira do ;oséb Ser- ue ele é Ser- ue eleé
Wue não te, 'oerno porue não fa sentido3
 as não oltou= por u" @or ue ser-
 $la di ue co, al'uns ho,ens foi feli= co, outros foi ,ulher3 $la di
ue ai ser o ue se,pre uis= inentando u, lu'ar onde a 'ente e a
naturea feli ia, e, co,unhão3 $ a ti'resa possa ,ais do ue o leão3
460
$scracho= esculacho3
 Elha a ca.eleira do ;osé= ho,e, co, a'-3 *e,= e,= e,3 *e, sentir
o calor dos l-.ios ,eus3
+ão te, censura= não te, Puío3
 Lança= lança perfu,e na .anheira de Afrodite3 e deixa de uatro no
ato3 e enche de a,or= de a,or3 Lança= lança perfu,e3
$st-
Ai dena naturea3
ue, ,er'ulhar nesse ,ar de eneno3 Ai de ue, ne'ar esse ,ar
de eneno ,il ees ,aldito3
+a iola ue ponteia= disse o ca,pVnio N sua a,ada:
 inha idolatrada= oc" se le,.ra da casinha peuenina= onde o nosso
a,or nasceu Tinha u, coueiro do lado ue= coitado= de saudade P-
,orreu3
*ia a palhoça= ça= ça3
eu %rasil= .rasileiro= terra de a,or e pandeiro= e co,o a cor não pe'a=
,ulata= ,ulata eu uero o teu a,or3 Epab $ não oltou= por u" @or ue
ser- +e'a do ca.elo duro= cad" o pente ue penteiab A cor não pe'a=
,ulata3 A cor não pe'a3 $ não oltou= por u" @or ue ser-
 ora na filosofia: ue ta,.é, si'nifica: eu P- lhe dei ,eu corpo= ,inha
ale'ria= deixa e, pa ,eu coração= ue ele é u, pote= até aui= de
,-'oa3 $ ualuer desatenção= faça não3 @ode ser a 'ota d[-'ua3
 as a cor não pe'a= ,ulata3
 @ode ser a 'ota d[-'ua3 @ode ser a 'ota d[-'ua3 Até aui= de ,-'oa3
E ,onu,ento é de papel crepon e prata= ,eu %rasil= .rasileiro3
Teus ca.elos 'ra/na
tentando o Vo
tre,endo as asas
e pairando so.re ,i,
Teus olhos dois 'randes la'os
serenos= serenos
onde .e.o toda tua sede

e ,e e,.ria'o
eneneno
Tua .oca papoula enfe.recida
,olhada pelo sereno
er,elha papoula ia
461
Tuas ,ãos u,a carícia
do ento
arrepio= arrepio= sofre'uidão
Teu corpo susto ,oreno
surpresa solta
e sonidos= sonidos
de ,edo e solidão3
 Che'a de tentar dissi,ular3 Che'a de te,er3 Chorar3 Sofrer3
&esir'inando a ,adru'ada= eu uero ,eu a,or se derra,ando3 +ão d-
,ais pra se'urar3 $xplode coração3
OA ,aior li.erdade sexual existente deter,ina freGente,ente ,aior
n/,ero de relaçQes sexuais= alé, da facilidade inusitada na ariação de
parceiros3 Tanto a freG"ncia co,o a ariação são causas erdadeiras de
,aior risco de cont-'io3 E pro'resso uniersal ue= de ualuer for,a=
trouxe essa ,aior li.erdade aos ho,ens parece ue contri.uiu
faorael,ente para a transfor,ação dos conceitos radicais uanto ao
uso do sexo3 $ste= atual,ente= é usado não so,ente para serir N causa
.iolI'ica da procriação= co,o de,onstrar a,or= ,as ta,.é, sere co,o
recreação ou tão#so,ente para reelar afeiçQes fu'aes e pouco intensas3
E indiscutíeleau,ento
inse'urança dos conPu'ais=
inuietude desuites= ue
a procura de parceiros
indue, noos= a Ns
,ais facil,ente
relaçQes extra#conPu'ais= constitue, fatores atuantes para o au,ento da
freG"ncia sexual indiscri,inada3 So,e,#se a isso as facilidades da
anticoncepção= a falta de esclareci,ento so.re o te,a e o despreparo da
população3 $= final,ente= co,o fatores i,portantes no au,ento das
doenças enéreas= a inexist"ncia de seriços especialiados de
enerolo'ia (333) A conclusão é ue se ad,ite= na realidade= u, erdadeiro
au,ento das doenças enéreas deter,inado pelo ,aior n/,ero de
relaçQes entre os Poens e os casais desaPustados= co, ,aior risco de
cont-'io enéreoO (&r3 Fernando @edrosa Filho= ,édico 'inecolo'ista= R;)3
O+a clínica priada= onde ta,.é, fae,os 'inecolo'ia= erifica,os u,
fato interessante: uer e, pacientes casadas= co,o nas solteiras= o
período de ,aior n/,ero de consultas por ,oléstias enéreas ocorria
i,ediata,ente apIs o ,"s de feereiro (333) A ir'indade P- era  é o ue
os Poens apre'oa,3 Es Poens= ue anti'a,ente ,antinha, relaçQes
sexuais apenas co, prostitutas controladas pelo &eparta,ento $stadual
de Sa/de= de repente= desco.rira, u,a ,aneira ,ais .arata e ,ais
pr-tica de se satisfaere,  co, as a,adoras ue= uando aduire,
u,a ,oléstia ualuer= por falta de controle= cora'e, e instrução=
transfor,a,#se e, trans,issoras eficaes do ,al3
Nota:
(*) onidos, sonidos, de !dnardo.
Fim da nota.
468
+o erão= os ,aridos per,anece, nas cidades e ão apenas nos fins de
se,ana para a praia isitar as fa,ílias3 Tanto o ,arido .or.oleta co,o a
,ulher ou ,oça= troca, de parceiros no sexo e isto explica o fato de
tantas esposas retornare, de eraneios co, pro.le,as enéreos=
aduiridos atraés do ,arido ou do rapainho ue per,anecia na praia
durante a se,anaO (&r3 @aulo @adilha &uarte= 'inecolo'ista= RS)3
O&e 46>? para c-= te,#se notado u, pro'ressio e constante au,ento na
incid"ncia de ,oléstias enéreas3 &entre os diferentes fatores ue
contri.ue, para esse assunto= dee,os citar:
4) o uso indiscri,inado de ualuer anti.iItico para ualuer infecçãoY
0) a perda do ,edo da 'eração atual e, contrair ,oléstias enéreas= pois
os anti.iIticos cura, todasOY
1) a li.eração sexual= principal,ente entre os 'rupos ,ais Poens (4#46
anos)=
8) onde os h-.itos
o apareci,ento dos hi'i"nicos
cha,ados ainda não
hippies se co,
ue= desenolera,Y
suas andanças e ,aus
h-.itos hi'i"nicos= são 'randes etores na disse,inação das ,oléstias
enéreasY
) as facilidades da r-pida loco,oção aérea= per,itindo ue e, al'u,as
horas as ,oléstias enéreas sePa, trans,itidas e transferidas e, -rios
continentesY
>) o n/,ero dos cha,ados portadores assinto,-ticosO (ue não
parece, estar doentes) é crescente= sua incid"ncia no sexo fe,inino
sendo de 8?j3 A cha,ada Poe,#'uarda est- e, franca atiidade sexual
e 'rande n/,ero de .lenorra'ia a'uda e sífilis e, ir'ens é decorrente do
coito anal= le,.rando#se ue a ,oléstia enérea localiada na re'ião ano#
retal é co,u,ente de dia'nIstico tardio3 $nuadra,#se aí os
ho,ossexuais cuPo au,ento é .astante expressio e, todo o ,undo3O
(&r3 ;osé Cur9= urolo'ista= S@)3
OA pr-tica da ho,ossexualidade= e, Recife= fa#se presente .e,
acentuada= co, .oates de traestis e lés.icas (exclusias)= proocando
conseGente,ente= tra.alho constante e de i'ilMncia per,anente da
polícia especialiada de costu,esO (&r3 *enMncio !onçales de Li,a=
titular da &ele'acia de Costu,es= @$)3
O&entro de nossa estrutura funcional= ca.e N &iisão de Jnesti'açQes=
atraés da &ele'acia de Costu,es= a preenção e repressão da pr-tica de
diersos delitos li'ados= de u,a for,a ou de outra= N pro.le,-tica da
prostituição= hoPe acrescida co, o co,porta,ento escandaloso dos
traestis= ue disputa, par e passoO co, as prostitutas= inclusie no
trottoirO3 Co,o ,edida saneadora para tais atitudes contur.adoras da
,oral e dos .ons costu,es= adota,os a siste,-tica da autuação por
infração ao dispositio contraencional da *adia'e, (art3 6 da Lei de
ContraençQes @enais)333 Jsto fe co, ue houesse u, arrefeci,ento
nessas ,aelas sociais3 Frise#se
46
ainda a .oa acolhida ue tee essa pr-tica policial#Pudici-ria Punto ao
@oder ;udici-rioO (&r3 AntVnio &ini Ales de Elieira= diretor da &iisão de
Jnesti'açQes= RS)3
OAl'u,as o.seraçQes pessoais nos lea, a dier ue os ho,ossexuais
são istos co, certa indiferença pelas pessoas da classe ,enos
faorecida= ue= por i'norMncia= não dão i,portMncia al'u,a ao
pro.le,aO
$ssas falas (Ana $li.eth @errucci
de especialistas dodaueles
(isto é= A,aral= sociIlo'a= @$)3 sociedade são
ue e, nossa
considerados co,petentes porue estão na posse de conheci,entos ue
outros não possue,= posse ue lhes d- o direito de controlar= disciplinar=
explicar e re'ular a ida das pessoas) fora, retiradas de u, liro
intitulado Co,porta,ento Sexual do %rasileiro= da autoria de &élcio
onteiro de Li,a3 E liro é de 462>3 Ainda estaa faltando AJ&S= co,o se
nota (os 'rifos= nos depoi,entos= são ,eus)3
A intenção do autor= Pornalista= era a de co,preender e auxiliar ho,ens e
,ulheres cuPas cartas a Pornais e reistas expri,ia, ,edos= an'/stias=
frustraçQes uanto ao seu corpo e ao sexo3 Alé, das cartas= o autor ouiu
e rece.eu respostas a uestion-rios ue distri.uiu por todo o país3 A
interenção dos especialistas= ao ue tudo indica= tinha a função de serir
de esclareci,ento= aPuda e co,preensão dos pro.le,as3 +ão sa.e,os se
o autor se considerou satisfeito co, os esclareci,entos= ne, se
auxiliara, as pessoas= co,o era sua intenção3 A nIs= o ue ,ais
i,pressiona (e,.ora não nos surpreenda) é a ,escla de
conseradoris,o= autoritaris,o e ,oralis,o por parte dos especialistas3
Wue os pro.le,as apontados existe,= ue as pessoas se ator,enta, co,
eles= ue seria deseP-el poder resol"#los= ue, duidaria as a fala
dos especialistas possui tr"s características principais: culpa.ilia as
pessoas por suas dificuldades sexuais= atri.ui essas dificuldades N
li.erdade sexual e propQe ,edidas saneadoras física= ,oral= Purídica e
policial,ente3 Jsto é= a fala dos especialistas fa da repressão científica e
policial a solução das tra'édias sexuais ou a resposta Ns aspiraçQes de
cada u,3 pecado ao sul do $uador
+ão existe
+osso céu te, ,ais estrelas= nossos .osues t", ,ais flores= nossa ida=
,ais a,ores3 OA naturea aui= perpetua,ente e, festa= é u, seio de
,ãe a trans.ordar carinhos3O
46>
@aís tel/rico (ahb essa seca nordestina333) @aís tropical (ahb essa enchente
sulina333)3 @aís da de,ocracia racial (e co,o a cor não pe'a333)3 @aís
sensual (ahb esses hippies= esses aiQes= essas a,adoras= essas
.or.oletas= essas ,ariposas= esses ho,ossexuais= essas lés.icas= esses
traestis= essas prostitutas= essas doenças enéreas= esses ,aus
costu,es= essas classes desfaorecidas i'norantes333)3 @aís de 'ente
pacífica= ordeira e cristã333 $xplode coraçãob
Afinal= ue é o \l.u, de Fa,ília= de +elson Rodri'ues
Jncestos cruados (pai#filha ,ãe#filho= ir,ão#ir,ã) e suas conseG"ncias:
loucura= suicídio= castração olunt-ria= assassinatos3 Adultério (co,
reuinte: ao pai de fa,ília são traidas= pela cunhada alcoiteira ou por
outros pais de fa,ília= ,eninas de 40 a 4 anos ue= 'r-idas= são
deixadas para ,orrer)3 Rancor e ressenti,ento de ,achos e f",eas ue
desePa, o ue eles ,es,os Pul'a, p/trido e infa,e3 Les.ianis,o3
+ecrofilia3 Jni,i'os ,ortais res'uardados pelo se'redo de fa,ília=
conserados no 'rande fetiche: o -l.u, de fa,ília3
Wual o se'redo da fa,ília Wual a histIria desse -l.u,
Oãe= Ns ees eu sinto co,o se o ,undo estiesse aio= e nin'ué, ,ais
existisse= a não ser nIs= uer dier= oc"= papai= eu e ,eus ir,ãos3 Co,o
se a nossa
teria, fa,íliadefosse
de nascer nIs3Oa /nica e a pri,eira3 $ntão= o a,or e o Idio
as= e, ue a radio'rafia do -l.u, é repressia
+o fato de ue +elson Rodri'ues su.stitui o to, tr-'ico e reelador pelo
to, ,oralista: a fa,ília= apresentada co, os traços fortes da tara= da
doença e da perersão= si'nifica= apenas= ue esta fa,ília não é u,a
fa,ília nor,al3
E ue seria o to, não#,oralista Tale o to,= entre cético e irVnico= de
ue, aceita a confusão= apesar da pretenção ordeira da lei e da exi'"ncia
hipIcrita da ,oral Al'o assi,= co,o o conto de Clarice Lispector= D,
Caso Co,plicado
O@ois é3 CuPo pai era a,ante= co, seu alfinete de 'raata= a,ante da
,ulher do ,édico ue trataa da filha= uer dier da filha do a,ante e
todos sa.ia, (333) @ois a filha tee 'an'rena na perna e tiera, ue
a,put-#la (333) daí a tr"s ,eses ,orreu (333) a ,orte é de 'rande
escuridão3 Eu tale não= não sei co,o é= ainda não ,orri (333) $ssa
462
,ulher l- u, dia tee ci/,es3 $  tão reuintada co,o +elson Rodri'ues
ue não ne'li'encia detalhes cruéis3 as= onde estaa eu= ue ,e perdi
(333) A ,ulher tee ci/,es e enuanto o %astos dor,ia despePou -'ua
ferendo do .ico da chaleira dentro do ouido dele (333) pe'ou u, ano e
pouco de cadeia (333) Aí é ue entra o pai dela (da ,enina de 42 anos=
,orta h- ,uito te,po)= co,o ue, não uer nada3 Continuou sendo
a,ante da ,ulher do ,édico ue tratara sua filha co, deoção3 Filha=
uero dier= do a,ante3 $ todos sa.ia,= o ,édico e a ,ãe da ex#noia3
Acho
,ulheruedo,epai=
perdi de noo=,ãe
portanto est- da
confuso= ,as uesa.ia
ex#noiinha= possodas
faer (333) A
ele'Mncias
adulterinas do ,arido ue usaa relI'io de ouro e anel ue era PIia=
alfinete de 'raata de .rilhante ne'ociante a.astado= co,o se di= pois as
'entes respeita, e cu,pri,enta, lar'a,ente os ricos= os itoriosos= est-
certo (333) ks ees ,e d- enPVo de 'ente3 &epois passa e fico de noo
toda curiosa e atenta3  sI3O
Eu= tale= ue, sa.e= no to, a,ar'o= entre a,oroso e desesperançado
do poe,a de anoel Carlos= Fa,ília
+a cristaleira= se, prata e porcelana=
u, Po'o de cristal co, falhas .e, hu,anas
reflete atenta,ente a ida do casal3
+o ,ais as coisas corre, ,uito .e,
e o pai aposentado ainda sorri
ao cu,prir co, a ,ulher o seu deer:
se escaa, e se deora, lon'a,ente
co, as ,ãos= ue a'ora dão ,aior praer3
o pai li'a a te" nu, 'esto natural: a sala se incendeia= a dor se ne'a= e o
.icho da ilusão dierte e ce'a a noite a,ordaçada do casal3O
Eu= ue, sa.e= tale o to, não#,oralista se encontre no to, ético +a
reelação tr-'ica das profundeas E ue seria a sa'a da fa,ília
desnudada
O333 entenda= Ana= ue a ,ãe não 'erou sI os filhos uando pooou a casa=
fo,os e,.e.idos no ,ais fino caldo dos nossos po,ares= enrolados e,
,el transparente de a.elhas erdadeiras= e= entre tantos aro,as
esfre'ados e, nossas peles= fo,os entorpecidos pelo ,aar
467
suae das laranPeirasY ue culpa te,os nIs dessa planta da infMncia= de
sua sedução= de seu iço e constMncia (333) Ana= ainda é te,po= não ,e
li.ere co, a tua recusa= não deixe tanto N ,inha escolha= não uero ser
tão lire= não ,e o.ri'ue a ,e perder na di,ensão a,ar'a deste espaço
i,enso= não ,e e,purre= não ,e condua= não ,e a.andone na entrada
franca desta senda lar'a= P- disse e repito ainda u,a e: estou cansado=
uero co, ur'"ncia o ,eu lu'ar na ,esa da fa,íliab (333) Ana= te cha,o
ainda N si,plicidade= te incito a'ora a responder sI por reflexo e não por
reflexão= te exorto a reconhecer co,i'o o fio at-ico desta paixão: se o
pai= no seu 'esto austero= uis faer da casa u, te,plo= a ,ãe=
trans.ordando no seu afeto= sI conse'uiu faer dela u,a casa de perdição
(333) não tenho culpa deste sol florido= desta cha,a alucinada= não tenho
culpa do ,eu delírio: u,a conta do teu ros-rio para ,inha paixão= duas
contas para ,eus testículos= todas as contas deste cordão para os ,eus
olhos= de terços .e, reados pelo ir,ão aco,etido (333)333
Ana er'ueu#se nu, i,pulso iolento= e,purrando co, a i.ração da
at,osfera a cha,a indecisa das elas= faendo ca,.aleante o transtorno
ruio da capela: i o paor no seu rosto= era u, susto de ,edusa cedendo
aos poucos= e= lo'o depois= nos seus olhos= senti profunda,ente a ir,ã
a,or-el te,endo por ,i,= e sofrendo por ,i,= e chorando por ,i,= e
eu ue ,al aca.aa de ,e Po'ar no ritual deste calor anti'o inscrito
se,pre e, ouro na lo,.ada dos liros sacros (333)
333 Ana (ue todos Pul'aa, se,pre na capela) sur'iu i,paciente nu,a sI
lufada=
nu, dos os ca.elos soltos
lados por u,espalhando
coalho delaas= sI li'eira,ente
san'ue apanhados
(ue assi,etria ,ais
proocadorab)= toda ela ostentando u, de.oche exu.erante= u,a .orra
'ordurosa no lu'ar da .oca= u,a pinta de carão aci,a do ueixo= a
'ar'antilha de eludo roxo apertando o pescoço (333) foi assi, ue Ana=
co.erta co, as uinuilharias ,undanas da ,inha caixa= to,ou de
assalto a ,inha festa= arando co, a peste no corpo o círculo ue
dansaa (333)
333 a testa no.re de ,eu pai= ele prIprio ainda /,ido de inho= .rilhou u,
instante N lu ,orna do sol enuanto o rosto inteiro se co.riu de u,
.ranco s/.ito e tene.roso: e a partir daí todas as rédeas cedera,=
desencadeando#se o raio nu,a elocidade fatal: o alfanPe estaa ao
alcance da ,ão= e= fendendo o 'rupo co, a raPada de sua ira= ,eu pai
atin'iu co, u, sI 'olpe a dançarina oriental (ue er,elho ,ais
pressuposto= ue sil"ncio ,ais cao= ue friea ,ais torpe nos ,eus
olhosb)= não teria a ,es,a 'raidade se u,a oelha se infla,asse= ou se
outro ,e,.ro ualuer do re.anho caísse exasperado= ,as era o prIprio
patriarca= ferido nos seus preceitos= ue fora possuído de cIlera diina
(po.re paib)= era o 'uia= era a t-.ua solene= era a lei ue se incendiaa333O
466
$sses trechos fora, recolhidos do liro de Raduan +assar= Laoura
Arcaica3
uitos estudos t", sido feitos nos /lti,os te,pos= no %rasil= so.re a
sexualidade e sua repressão3 Tanto ,oi,entos fe,inistas=
ho,ossexuais= ne'ros= uanto tra.alhos de antropIlo'os= historiadores=
psicIlo'os= alé,
contri.uído paradea tentatias diersas
co,preensão das no ca,poisíeis
for,as da educação sexual t",
e inisíeis da
repressão sexual= co, suas co,ponentes racistas e classistas= for,ando
intrincada rede de idéias= pr-ticas e instituiçQes= sustentadas por u,
i,a'in-rio social contraditIrio onde se crua, e se entrecrua, se,
cessar a crença na espontaneidade sensual do poo .rasileiro= o
conseradoris,o e a confiança na ,odernidade científica3
Seria i,possíel= neste liro= a.ordar,os e co,entar,os essa asta
.i.lio'rafia3 Aui apenas apontare,os= de ,odo esparso e .ree= al'uns
te,as ou uestQes ue nos parece, su'estios para o assunto3
Assi,= por exe,plo= aleria a pena realiar= para a lin'ua'e, erItica
o.scena conte,porMnea= u, estudo se,elhante ao ue foi feito pelo
professor &ino @reti e, seu liro A Lin'ua'e, @roi.ida  u, estudo so.re
a lin'ua'e, erItica= no ual o autor exa,ina o &iccion-rio oderno
(escrito por olta de 46?1)= cuPos er.etes era, pu.licados nu, pasui,
carioca= E CoiI3
A ori'e, da palara coiI= di @reti= é confusa= ,as seu uso é claro3 CoiI é
o na,orador= o a,ante= o conuistador3 A expressão OcoiI se, sorteO=
referida ao fanfarrão= ,as ridículo ou ,al sucedido= e, dar no coiI ue
conhece,os: tonto= .o.o3
&atado do fi, do período -ureo da .o",ia carioca= o &iccion-rio oderno
apresenta frases feitas e oc-.ulos 'írios ue cont", a idéia de inP/ria ou
.lasf",ia (os palarQes)= os ue se refere, a ta.us sexuais atraés de
i,a'ens populares= os ue alude, aos Ir'ãos 'enitais ,asculinos e
fe,ininos co,o 'rosseiros= os ue se refere, direta,ente a atos sexuais
e, aspectos
ta,.é, de'radantes
considerados ou iciosos
'rosseiros= e os ou
de'radantes ue alude, a contextos
iciosos3
0??
*ão constituir a 'íria sexual ou erItica e= detalhe interessante= ,uitas
ees as palaras P- pertencia, N 'íria= ,as se, conotação sexual=
passando para a Olin'ua'e, proi.idaO ao rece.ere, a conotação sexual
nos sentidos aci,a ,encionados3
 o ue ocorre= por exe,plo= co, a palara cacete= na 'íria co,u,
si'nificando ,açante= na erItica= p"nis3 Eu co, a palara .olacha=
anterior,ente si'nificando .ofetada e= na 'íria erItica= n-de'as3 !rude
ue= de co,ida e na,ora= passa a esper,a3 Lata ue= de rosto e ser
recusado= passa a Mnus3 Trepar ue= na 'íria co,u,= si'nifica falar da ida
alheia= passa a si'nificar o ato de copular3 A passa'e, de u, contexto
para o outro se d- por refer"ncia fi'urada aos atos e Ir'ãos sexuais= ou N
ida a,orosa= ou a lin'ua'ens de 'rupos fechados ou N fala na
prostituição3 Fo'osa é excitadaY espirro é a.ortoY é pereira= 'raideY
canhão= ,ulher elha e feiaY ,enelau= ,arido en'anadoY ,ina= prostitutaY
tipI'rafo= o cafetãoY ona= o local do ,eretrício3
@reti estuda os procedi,entos sociolin'Gísticos ue per,ite, o
deslia,ento do sentido de u,a palara para u, outro= sePa por afinidade
sonora= isual ou t-ctil= sePa pelo unierso de si'nificaçQes a ue
pertence, (co,o= por exe,plo= a relação existente e, uase todas as
lín'uas entre sexualidade e co,ida ou o ato de co,er)= sePa pela
transfer"ncia do conte/do não erItico para o erItico= na for,a da
o.scenidade ou da porno'rafia3
E &iccion-rio
referentes a oderno
todas asé u, cat-lo'o direta
atiidades de oc-.ulos e de frases feitas
ou indireta,ente sexuais
('enitais)= classificadas da letra a N letra = a.ran'endo adultério= na,oro=
casa,ento= prostituição= ho,ossexualis,o ,asculino e fe,inino=
conuista= sedução= i,pot"ncia= fri'ide= for,as ariadas (colocadas co,o
anor,ais de relaciona,ento sexual3 @assa'e, de palaras da 'íria
referente a dinheiro para a do erotis,o (os Ir'ãos sexuais fe,ininos são
cha,ados ,ina= os ,asculinos= .a'os= ue na 'íria dos 'atunos
si'nificaa dinheiro)= assi, co,o as da culin-ria (aeite= para na,oroY
aeiteiro= para cafetãoY filé para ,ulher de n-de'as salientesY ostra para
,ulher elha)Y de oc-.ulos pertencentes= por exe,plo= N lin'ua'e,
portu-ria ou N de al'u,as profissQes Ucostureira= a ,eretriY catraia=
ta,.é, a prostitutaY fra'ata= para ,ulher 'orda)= etc3
0?4
E &iccion-rio oderno= di a ue e,: O*oca.ul-rio 'alante ao paladar do
poo da l9ra contendo a technolo'ia co,pleta da '9ria carioca=
si'nificados positios do calão nacional e ,aneira especial de dier as
cousas ue não se die,3 $special,ente feito para uso das escolas
nor,aes e anor,aes= e approado pelo Conselho Superior da Jnstituição
deCoiIsO3
A função do léxico de frases feitas e de oc-.ulos é tríplice (não alendo
apenas para este &iccion-rio= ,as para toda a 'íria porno'r-fica=
eidente,ente): a trans'ressão (dier o proi.ido)= a preseração dos
estereItipos sexuais (,achis,o= nor,alidade= anor,alidade)= a 'arantia
da repressão (suPar o proi.ido ou ,ant"#lo suPo= hu,ilh-#lo e
ridiculari-lo)3 +u, das
chiste= assi, co,o estudo so.rede
palaras o papel inconsciente
.aixo calão= do hu,or ,ostrar
Freud procuraa e do
seus aspectos a,.í'uos= isto é= co,o funciona, si,ultanea,ente na
ualidade de instru,entos para dar aão N li.ido e na ualidade de seus
repressores  dier se, dier= dier se, perce.er ue se di= ou não dier
para poder dier3
A partir dos estudos de @reti e de Freud= pode,os faer al'u,as
o.seraçQes para nosso assunto3 $, pri,eiro lu'ar= o.sera#se ue a
lin'ua'e, proi.ida (pelo ,enos de ,odo 'eral) é ela.orada nu, contexto
,asculino e para uso ,asculino e, espaços ,asculinos (.ares= .ordéis=
conersas reseradas apIs o Pantar ou e, festas)3 es,o ue atual,ente
as ,ulheres e,pre'ue, essa lin'ua'e,= rara,ente a criação dos
oc-.ulos é de sua autoria3 $, se'undo lu'ar= essa lin'ua'e, realia o
ue haía,os su'erido acontecer co, outras instituiçQes: a se're'ação
(u, oca.ul-rio para os OiniciadosO) e a inte'ração (sua proxi,idade do
léxico de nosso cotidiano)3 $, terceiro lu'ar= no caso específico do
&iccion-rio= pode,os notar ue al'uns ter,os ainda per,anece, e, uso
no %rasil= outros desaparecera, e outros fora, su.stituídos por
refer"ncias a situaçQes e o.Petos conte,porMneos3 @er,anecera,= por
exe,plo= .a'o= cacete= canhão= ,ina (ue o &iccion-rio define co,o:
coisa rendosa ue as ,ulheres t",)= .rocha (definido co,o: pincel ue os
senhores de ,ais de sessenta anos usa,Y o sentido= co,o se "= foi
lar'a,ente a,pliado nos te,pos conte,porMneos)3 as sur'iu= por
exe,plo= coroa (para a ,ulher elha ou ,adura e ta,.é,=
0?0
hoPe e,
dente dia= para
postiço) ho,ens)=
e da funer-riaproael,ente inda
(não eniar flores da coroas)3
ne, lin'ua'e, dent-ria (o
Frases feitas per,anecera, e ,uitos de nIs as usa,os se, sa.er de seu
sentido porno'r-fico3 @or exe,plo: Opintar o rostoO refere#se a adultério
fe,inino (Oarina= ,orena= oc" se pintou_ não pinte esse rostoO)Y Osair
para co,prasO ou Osair soinhaO ta,.é, possui o ,es,o si'nificado
(OCad" ^a-= saiu diendo: ou aliPa olto P-= e não oltou= por u"= por
ue ser-O)3 $ a letra o3 &i o &iccion-rio ue a letra a éa pri,eira do
alfa.eto= ue uer dier ,uitas coisas e ue é Ocoisa por onde a 'ente
co,eça3 +atural,ente por P- ter as pernas a.ertas3 Al'uns poré,=
co,eça, pelo IO3 +a ,archinha carnaalesca: Oaria Candel-ria= é alta
funcion-ria= saltou de p-ra#uedas= caiu na letra IO= aisando#nos uais
fora, as proas para a contração da alta funcion-ria= o coito anal3
+os anos 8?= no interior do $stado de São @aulo= usaa#se a expressão
Ote, 'ente descalçaO se,pre ue= nu,a roda= a conersa iria 'irar so.re
sexo= ,as haia ,ulheres e= particular,ente= ,eninas3 +os anos ?= a
expressão Oa,iade a,ericanaO era usada para o na,oro lire= idéia ue
aparecia aos Poens .rasileiros interioranos inda dos fil,es a,ericanos=
nos uais as ,eninas= e, lu'ar de ire, a festas co, pais= ir,ãos ou tias
(N .rasileira) ia, aco,panhadas apenas por u, par  eidente,ente= a
Puentude interiorana não sa.ia ue esse h-.ito a,ericano era= l- e, sua
prIpria terra= u,a das for,as da repressão sexual (o par= conhecido da
fa,ília= era a 'arantia da ir'indade da ,ocinha nos .ailes da ida= alé,
de seu ,arido e, potencial e u, tor,ento para ,eninos e ,eninas
porue= se, o par= não se podia ir N festa)3
$nfi,= seria
palaras ou interessante ta,.é,
expressQes li'adas N analisar
lin'ua'e,o deslia,ento contr-rio=
erItica o.scena isto é=
ue passa,
para u, contexto deserotiado: Osaco cheioO= Oencher o sacoO= Ofodido_aO=
Ofodido_a e ,al pa'o_aO= Ofilho_a da putaO= Oporra loucaO= OpicasO= etc3
E.serando#se ue e, todas elas per,anece, as idéias de desa'rado=
de'radação= ridículo= hu,ilhação3
 interessante o.serar,os ue a ela.oração do &iccion-rio oderno se
situa entre dois aconteci,entos: u,= posterior= a ue P- aludi,os= isto é= a
discussão so.re a co#educação
0?1
dos sexosY outro= anterior= concernente N ,edicaliação da prostituição3
$,.ora situados e, te,pos cronolo'ica,ente sucessios= ainda ue
prIxi,os= esses tr"s aconteci,entos for,a, u,a constelação de
si'nificado eidente uanto ao controle e N repressão sexual3
$studando o fenV,eno da ,edicaliação da prostituição= e não sI dela
(,as ta,.é, o da ,edicaliação da loucura= da escola= da prisão)= os
autores do liro &anação da +or,a (título ue Po'a co, tr"s sentidos
si,ultMneos: dano ou inP/ria= danação ou condenação= e da nação= isto é=
feito pelo $stado) escree,: O333 a prostituição é constituída co,o peri'o
físico e ,oral= causa de doenças e deassidão dos costu,es3 &aí ser= a
partir de então= o.Peto da ,edicina= ue te, o direito e o deer de e,itir
u, discurso e for,ular propostas a seu respeitoO3
Teses= arti'os= confer"ncias= de.ates= con'ressos ,édicos e, torno da
prostituição para cercar suas causas= conseG"ncias e oferecer ,edidas
de sanea,ento físico e ,oral3 +o centro da periculosidade: o ataue ue a
prostituta fa ,eninos
desenca,inha N inte'ridade dauer
e ,eninas= fa,ília
porue.rasileira3
trans,ite Wuer
ou causaporue
as
doenças enéreas= particular,ente a sífilis= uer porue esti,ula o
celi.ato= i,pedindo o sur'i,ento de noas fa,ílias3 Alé, disso= é u,
estí,ulo ao Icio e N adia'e,: retira as ener'ias do Oli.ertinoO e esti,ula
a ociosidade das ,ulheres3 Ta,.é, a.re ca,inho para a cri,inalidade=
isto ue ON concupisc"ncia est- li'ado o esueci,ento da prIpria
di'nidade= por sua e li'ado a todos os íciosO= co,o P- sa.e,os= desde
o início do cristianis,o ro,ano ocidental3
@ela leitura do liro= no ual são exa,inados os ,otios pelos uais a
prostituição não pode ser eli,inada e por isso precisa ser ,edica,ente
controlada e saneada co,o caso de sa/de p/.lica tanto uanto de polícia=
o.sera#se ue= ao lado da defesa da fa,ília= a crítica da prostituição P- se
enca,inha ta,.é, para o elo'io do tra.alho3
A prostituição não sI é respons-el pelo Icio= ,as ainda te, franca
li'ação co, a exist"ncia da escraidão3 @elos se'uintes ,otios: nu, país
onde tra.alho é coisa de escrao= tra.alhar é u,a er'onha e os po.res=
ener'onhados de prestar seriço a outros i'uais (.rancos)= prefere, a
adia'e, (prostituição das ,ulheres= cafetina'e, dos ho,ens)Y nu,
0?8
país onde escrao tra.alha= os ricos senhores se entre'a, N indol"ncia e
N so.er.a= nada respeitando= faorecendo a lux/ria e seu cortePo de
,alesY enfi,= co,o os escraos ne'ros são .roncos e i'norantes= i'nora,
o pudor e são ,uito li.idinosos nas relaçQes co, todos os ,e,.ros da
fa,ília= os ,eninos passa, a 'ostar das prostitutas e as ,eninas= de se
prostituir3
Jnfeli,ente= os autores não fae, a ,enor inculação entre essa isão
,édica da escraidão co,o fonte de prostituição e os ar'u,entos de u,a
parte da oli'aruia .rasileira e, faor do tra.alho OlireO= isto é= do
tra.alho co,o relação de ,ercado e= portanto= e, faor da a.olição da
escraatura3 Se o fiesse,= o círculo se fecharia co, perfeição: defesa da
fa,ília= do tra.alho e da hi'iene na prostituição= O,al necess-rioO= isto é=
da criação dos .ordéis so. controle p/.lico3 *i,os= pelos depoi,entos
contidos no liro de &élcio onteiro de Li,a= co,o ,édicos e dele'ados
de polícia la,enta, a di,inuição dos .ordéis= causada pela Oexcessia
li.erdade sexualO3
D,a outra linha de estudos= ,uito su'estia= aparece no ensaio OAí a
@orca Torce o Ra.oO= no liro intitulado *i"ncia3
As autoras C9nthia Sarti e aria Wuarti, de orais analisa, as reistas
fe,ininas= particular,ente Cl-udia= +oa e Carícia= enfatiando não sI as
for,as de reforço dos estereItipos dos papéis sexuais#sociais de ho,ens
e ,ulheres= ,as o fato de as ,udanças sociais (so.retudo
profissionaliação fe,inina e anticoncepcionais) tere, forçado= por raQes
co,erciais= o apareci,ento de +oa e Carícia e u,a certa
O,oderniaçãoO de Cl-udia3 $sta se olta para a dona#de#casa ,odernaY
+oa= para as profissionais= e Carícia= para as adolescentes3
+o pri,eiro caso= no ue se refere ao sexo= a receita é: co,o se'urar seu
ho,e, sendo esposa#a,ante#,ãe perfeita (li,pinha= perfu,adinha=
uituteira= infor,adinha= discreta= se,pre Poe, e Poial)3 +o caso de
+oa= a receita é: co,o ser inteli'ente e sedutora= se, assustar o ,acho
e= paraéO=
Oco,o tal=eidente,ente=
a noa ,ulher rece.e
precisa u,a
'ostar de si ,es,a=
aPudainha tal co,o
de cre,es= é (o
,assa'ens=
cos,éticos= 'in-sticas= cirur'ias pl-sticas= ,odistas= ca.eleireiros= etc3 
arriscaría,os aui a expressão: a ,ulher
0?
Onatural,enteO produida)3 +o caso de Carícia= ensina#se Ns ,eninas ue
dee, ser lires= ,as co, li,ites= e respeitar a li.erdade ,asculina= se,
li,ites= co,o proa, os dados científicos3 A idéia 'eral so.re a
sexualidade proé, da sexolo'ia: técnicas sexuais de f-cil aprendiado e
eficaes (para as cl-udias= a fi, de Osalar o casa,entoO= para as noas= a
fi, de ,antere, a sedução e para as carícias= a fi, de estare, .e,
infor,adas para o ,o,ento oportuno)= tolerMncia (caso OoutraO apareça)=
ter ida prIpria= conersar ,uito co, o ,arido e esuecer os euíocos
ineit-eis3 $ e, todas elas= eidente,ente= o ideal ,aterno= co,o fi,
natural da fe,inilidade= aui a sexolo'ia rece.endo peitadas de
psican-lise= co, o dipo= a castração e a inePa Oao alcance de todosO3
$sse ensaio torna#se ainda ,ais releante uando o co,pleta,os co, u,
outro= no ,es,o liro= intitulado OSexualidade e &esconheci,ento: A
+e'ação do Sa.erO= no ual a autora analisa o ue desi'na co,o a
estraté'ia do sil"ncio= isto é= o treino fe,inino para não falar de sexo= não
ouir so.re sexo e tecer fantasias de an'/stias so.re o prIprio corpo3 $sse
treina,ento possui dois resultados precisos3 @or u, lado= co,o i,os no
início deste liro ao co,entar,os a Jniciação Sexual de %randão da Sila=
o OaprendiadoO sexual fica na depend"ncia da infor,ação ,asculina
(,aridos= na,orados= a,antes)= de sorte a a.afar o ue as ,ulheres
possa, sa.er
pode ir= ou sentir
e e,= dasporreistas
conta prIpria3 @or outro lado=
OespecialiadasO ue areforça,
infor,ação
os
estereItipos e 'arante, a repressão sexual3
Alé, disso= co,o o.sera %ranca aria oreira Ales= esse sil"ncio= ue
faorece a interioriação dos padrQes so.re o fe,inino e o ,asculino= é
reforçado não sI pelas idéias .analiadas so.re o pudor= ,as ainda pela
necessidade de proar a adeuação fe,inina ao seu OtipoO essencial: a
passiidade3
Se nos le,.ra,os das an-lises de Foucault so.re a sociedade ocidental
co,o auela ue ,ais fala de e so.re sexo e a ue ,ais exi'e a
OerdadeO so.re e do sexo= o sil"ncio estudado por %ranca aria 'anha
ainda noo releo para a repressão sexual: nesta sociedade falante e
ta'arela= não é todo ,undo ue te, direito Nfala3 ulheres e
ho,ossexuais ,asculinos= por exe,plo= estão destinados ao sil"ncio3
Eutros fala, por eles e deles3
Tantos outros aspectos ,ereceria, an-lise333
0?>
@or exe,plo= a noa porno'rafia3 Jsto é= o fato de ue a anti'a porno'rafia
(herdada da cha,ada Oporno'rafia itorianaO) apresentaa a ,ulher co,o
dIcil= passia= lan'uida,ente proocadora= N espera de toda sorte de
,anipulação ,asculina= a si,ples ,ostração de seu corpo enlan'uescido
parecido suficiente para despertar desePos e fantasias= enuanto= na noa
porno'rafia= a i,a'e, fe,inina é iril= a'ressia= auto#suficiente (pois a
,aioria das i,a'ens enfatia poses de ,astur.ação) e so.retudo
insaci-el= ,ulher ue nenhu, super,acho conse'uiria satisfaer3 @or
ue essa ,udança
fantasias se desePa@or ue a passa'e,
,o.iliar co, essada noa
doce para a atreida
i,a'e, Seria Wue
ela a
interpretação= hostil= da li.eração fe,inina feita atraés da Itica
,achista Sinal de noos ,edos Eu a si,ples nude P- não é suficiente=
na ,edida e, ue a ,oda reduiu sensiel,ente o estu-rio &e
ualuer ,odo= fica a per'unta: por ue a porno'rafia anti'a enfatiaa a
,ulher O,asouistaO enuanto a noa priile'ia a Os-dicaO
@or ue sur'iu u,a porno'rafia para ,ulheres= isto é= os corpos
,asculinos nus= 'enitais i,ensos e erectos= sorriso proocatio nos
l-.ios B- ou não u,a a,.i'Gidade nessa porno'rafia Jsto é= ad,ite ue
as ,ulheres tenha, desePos sexuais= ,as procura canali-#los para a
direção OcertaO: os ho,ens
@or ue= na porno'rafia para ho,ossexuais fe,ininos e ,asculinos= se
repete, os padrQes da porno'rafia heterossexual Es OatiosO nas poses
Os-dicasO= os OpassiosO= nas O,asouistasO
@or ue= nas -rias porno'rafias= repete#se a ,es,a exi'"ncia sexual#
social= isto é= ue as ,ulheres sePa, Poens (,ais noas do ue os
ho,ens) e os ho,ens sePa, adultos ou ,aduros (,ais elhos do ue as
,ulheres) Jsto é= por ue= na suposta trans'ressão= a reiteração da
nor,a: ,ulher#Poe,dependente (na porno'rafia= a ninfeta) e ho,e,#
adulto#realiado profissional,ente#protetor @or ue a suposta
trans'ressão repete a condenação ue pesa so.re ,ulheres cuPos
parceiros são ,ais Poens e consera o elo'io dos ho,ens ue conse'ue,
parceiras ,ais Poens= sinal de irilidade ines'ot-el
$nfi,= por ue a especialiação na prIpria porno'rafia @ara ho,ens=
para
0?2 ,ulheres= para ho,ossexuais= para Poens=
para adultos3 So,ente as re'ras do ,ercado a explicaria,= co,o
deeria, explicar o sur'i,ento e ,ultiplicação das pornoshops Eu
esta,os diante de for,as noas e ,ais sofisticadas de controle da
fantasia
$, resu,o: as porno'rafias são trans'ressQes ou reposição forçada das
nor,as repressias pela ,anipulação das fantasias= e, o.edi"ncia aos
padrQes sexuais per,itidos e codificados
@artindo da porno'rafia (tanto na lin'ua'e, proi.ida uanto nas i,a'ens
OreseradasO) tale possa,os pensar na repressão sexual se realiando
so. o si'no de al'o conhecido pelo no,e de duplo nI3 E duplo nI consiste
e, afir,ar e ne'ar= proi.ir e consentir al'u,a coisa ao ,es,o te,po (os
lI'icos afir,a, ue o duplo nI condu N i,possi.ilidade da decisão= os
psiuiatras o considera, causa ,aior da esuiofrenia e os
antipsiuiatras o considera, a pr-tica típica da fa,ília e da ci"ncia
,édica)3
Tale o duplo nI sePa ineit-el na repressão sexual ue conhece,os na
,edida e, ue nossa cultura= co,o tenta,os assinalar nos capítulos
precedentes= opera u, crua,ento ou u,a urdidura uase indestrutíel
unindo sexo= ida e ,orte3
D, exe,plo priile'iado dessa urdidura encontra#se nu,a fi'ura .astante
desenolida na época ro,Mntica e reto,ada pela O,oral itorianaO: o
a,piro3 +ecrIfilo= sexualidade oral= desePo noturno insaci-el= horror N
lu= ferocidade canina (e o Cão= co,o se sa.e= é u, dos no,es do dia.o)=
o a,piro
ie é a fi'uração
do san'ue uase
ir'inal3 A perfeita
ir'e,= co,odo duploénI:
i,os= ,acho ,ortífero
interrupção ue
da ,orte3 A
ida do a,piro é ,orte da ir'e,3 Lo.iso,e, e al,a penada= o a,piro
é san'uessu'a  o parasita (a .ur'uesia ro,Mntica o representaa co,o
aristocrata decadenteY e= curiosa,ente= na noa porno'rafia= a ,ulher
te, traços a,pirescos= é a a,p= co,o se diia anti'a,ente a respeito
de ,ulheres ue= ,ais tarde= se diia tere, sex#appeal)3
+o caso do %rasil= o re'i,e do duplo nI parece estar e, toda parte3
@or exe,plo= na afir,ação do destino essencial da ,ulher N ,aternidade
e no dese,pre'o das 'r-idas e ,ães3 Eu na hu,ilhação das ,ães
solteiras da classe tra.alhadora (se a ,enina est- na escola= é expulsa
para não Oconta,inarO as
0?7
outrasY se é e,pre'ada do,éstica= é despedida para não dar ,au
exe,plo Ns filhas de fa,ília= e despedida tanto ,ais depressa se= por
acaso= a 'raide tier sido causada pelo filho da fa,ília)3 @ara as ,eninas
da .ur'uesia e da classe ,édia ur.ana intelectualiada= tr"s saídas: ida
para u,a Oescola na SuíçaOY a.orto r-pido e se'uroY 'lorificação da
independ"ncia3
Eutro exe,plo de duplo nI aparece na afir,ação de ue os ho,ossexuais
são doentes (física e ,oral,ente) e= ao ,es,o te,po= ue dee, Ose
assu,irO  nada de O.icha louca enrustidaO3 Era= o ue é esse Oassu,ir#
seO *-rias coisas si,ultMneas3
For,ar u, 'ueto= é a pri,eira opção: OA'ora h- duas alternatias3 A ,ais
freGente= o super,acho= .i'odes e outros p"los decoratios= estido de
couro= ,/sculos
transexual= e unifor,es
ue cultia -rios
peitinhos= ,as de .raos
'uarda 'uerreiros3
o caralho= paraAficar
outra=
na o
fronteira de todos os sexos3 ;- não ,ais ho,ens co, ,a,as= ne, ,ulher
co, p"nis a fi'ura de u, louco desePo= o desePo do ho,e, por si ,es,o3
+ão se creia ue o traesti i,ita a ,ulher3 &e Peito nenhu,3 $le eli,ina a
,ulher3 Assi,= a rua é o antro de u,a ir'indade falocr-tica3 undo de
,achosO= escree Ber.ert &aniel e, @assa'e, para o prIxi,o sonho3
Eu= então= a nor,alidade da ida conPu'al= ho,ossexuais fe,ininos e
,asculinos diididos e, OatiosO e OpassiosO= ,odelando a relação
a,orosa pelo padrão estereotipado da ida conPu'al heterossexual=
reproduindo deeres= direitos e o.ri'açQes= co,o se a afir,ação de u,a
outra possi.ilidade sexual sI pudesse ser confi'urada pela repetição da
repressão= traendo= co, a repetição= os pro.le,as dos casais
conencionais= co,o suple,ento necess-rio N ruptura ue= desta ,aneira=
não se consu,a3 Co, esta se'unda opção= ta,.é, se a.re o ca,po da
prostituição3 Ainda de Ber.ert &aniel: OBo,ossexual e triste e u, tanto
ce'o na ,inha fei/ra (333) fiera u, enor,e esforço para re,odelar o
corpo= os tradicionais ,étodos do culto do deus da época:
e,a'reci,entos= esportes= roupas e decoraçQes= poses e teatros3 &era
certo3 (333) +3 co, sua o.Petia cotação do desePo ,e tornou deseP-el=
concreta,ente= se, disfarce= se, re,orso3 (33) fe,e entrar no di-lo'o
cru da sedução3 ercado3 Crua,ente a coisa eu= o.Peto de desePo=
co,pr-el3 +3 introduiu#,e
0?6
no ,undo fascinante da enda e sua co,pra= apresentou#,e u,a certa
ilu,inaçãoe
pri,eira a respeito do ,eu
ue notei corpo e doda
os horiontes ,eu desePo3 Creio
o.scenidade ue foi ada
fortificada
,ecMnica da sedução3O
$, su,a= co,o o descree Ber.ert &aniel= I Oassu,ir#seO é procurar u,a
identidade Oho,ossexualO= u,a diferença Oho,ossexualO ue transfor,e
al'ué, nu, tipo social e nu,a espécie oolI'ica ue= depois de
,anipulada pela f-.rica da ind/stria sexual (das dietas ali,entares ao
estu-rio)= passa direta,ente ao ,ercado: rua= .oate= sauna e lardoce#lar3
E ho,ossexual suportando= e, no,e dessa Oidentidade assu,idaO= até o
deer de ter doenças específicas= co,o AJ&S3
E duplo nI aparece no Ona,oro sério pra casarO= criando u,a contradição
intoler-el para a ,enina e o ,enino= pois a ir'indade é exi'ida co,o
proa de a,or= ao ,es,o te,po e, ue a excitação recíproca= leada N
exasperação= cria nos parceiros a d/ida: ,e a,a ou não ,e a,a A
Oproa de a,orO é a resist"ncia ou a rendição
Ta,.é, h- duplo nI= para ho,ens e ,ulheres= no ,edo ou na an'/stia
suscitados pelo ta,anho dos Ir'ãos sexuais3
+os ho,ens= o ,edo e a an'/stia uanto ao ta,anho do p"nis: ,edo de
não satisfaer a ,ulher= de ser por ela interioriado ou ridiculariado pelos
a,i'os= de ue (,uitos= por cartas aos correios senti,entais de Pornais e
reistas= enia, a ,edida do p"nis e, ereção) sePa causa de esterilidade
ou i,pot"ncia ou ho,ossexualis,o3 +as ,ulheres= an'/stia co, o
ta,anho dos seios e das n-de'asY ,edo de ue= se ,uito peuenos ou
,uito 'randes= não desperte, atração e desePo nos parceiros= ne, sePa,
excit-eis e praerosos para elas prIprias3
Ende o duplo
tentando nI ;ornaisa ean'/stia
di,inuir#lhes reistas 'arantindo#lhes
procura, auxiliar ho,ens
ue e ,ulheres=
Ota,anho não é
docu,entoO3 Eferece, exe,plos OhistIricosO dessa aus"ncia de
i,portMncia ou da ariação dos critérios= confor,e as sociedades3 A
se'uir= poré,= oferece, soluçQes: cirur'ia pl-stica= 'in-sticas= ali,entos
especiais= cre,es= ,assa'ens (no caso dos seios= processos depilatIrios
para ue, não 'osta de p"los N olta dos ,a,ilos)= etc3 Assi,= ao ,es,o
te,po e, ue se asse'ura a ho,ens e ,ulheres ue seus ,edos são
infundados= se oferece a eles
04?
,eios ue= não tendo a ,enor exeGi.ilidade= para uns (por exe,plo=
falta de recursos financeiros)= ne, a ,enor 'arantia de efic-cia= para
todos= recria e redo.ra o ,edo inicial3 Jsto para não falar,os nas p-'inas
dedicadas aos Otipos ideaisO e nas uais tudo uanto fora expresso co,o
te,or ressur'e aloriado3
Ta,.é, h- duplo nI= por exe,plo= na situação das ,ulheres estupradas
ue procura, o Oa,paro le'alO3 Ao ,es,o te,po e, ue a lei lhes
'arante o direito de reparação pela iol"ncia sofrida= essa ,es,a lei as
su.,ete Ns ,aiores hu,ilhaçQes= não sI pelo exa,e do Ocorpo de delitoO=
,as ta,.é, pelainesti'ação= exi'ida pela sexolo'ia forense= das proas
de Oresist"nciaO ou de Onão consenti,entoO3 Jsto para ne, falar,os no
trata,ento ue rece.e, nas dele'acias de polícia= onde dele'ados=
ado'ados e policiais as encara, co,o Odesfrut-eisO e lhes fae,
propostas o.scenas3
Tale u, dos lu'ares priile'iados para o apareci,ento do duplo nI
estePa na
%rasil) noa
diante daatitude da reli'ião cristã (particular,ente a catIlica= no
sexualidade3
+u, liro intitulado Conersas de A,or e Sexo= o autor= ;oão %atista
e'ale= procura desfaer os anti'os preconceitos e as anti'as
superstiçQes ue= se'undo ele= certas filosofias e certas interpretaçQes das
Sa'radas $scrituras= aca.ara, acarretando3 As ci"ncias hu,anas= a
psican-lise= a antropolo'ia e as condiçQes conte,porMneas de ida não
poderia, conserar auelas anti'as idéias3 @or outro lado= escree o
autor= o ,undo conte,porMneo parece tentar u, ca,inho en'anoso ao
conferir ao sexo i,portMncia central na ida hu,ana3
Es procedi,entos e,pre'ados pelo autor são de tr"s tipos: inoca
ar'u,entos clínicos e psiui-tricos para explicar o sexo e seu
funciona,ento= procurando desincul-#lo da idéia de pecado (tanto assi,
ue declara o ho,ossexualis,o u,a doença de ori'e, hor,onal ou
'landular ou u, deseuilí.rio psíuico= oriundo de trau,as infantis e
fa,iliares)Y inoca ar'u,entos científicos ue de,onstra, ser o sexo u,
instinto e= portanto= natural= ,as ao ,es,o te,po= enuanto sexo
hu,ano= é ternura= a,or e o.edi"ncia a aloresY inoca ar'u,entos
reli'iosos= de,onstrando ue o sexo é a.ençoado por &eus (Osede
fecundosO) e por ;esus Cristo atraés da J'rePa (o sacra,ento do
,atri,Vnio)3
Ende est- o duplo nI
044
E autor ad,ite ue o sexo é fonte de praer  nisto est- seu ,istério= sua
ale'ria= ,as ta,.é, o peri'o3 A relação sexual é oferenda recíproca de
dons
ensinae Oa
desePos entrepraer
ier co, ho,e, e ,ulher
e ale'ria e a educação
os ,o,entos sexual=@oré,=
do sexoO3 necess-ria=
e aui
o nI: OWual o ,o,ento ,ais lindo da união Wuando os corpos t", o seu
'oo +ão3 Wuando os olhos= se encontrando= pode, conidar os l-.ios a
confessar .e, .aixinho: Co,o é .o, estar,os Puntosb3O $, su,a: o
praer supre,o e, depois do 'oo sexual3 $= eidente,ente= sI é lícito
ao rece.er a ."nção ,atri,onial3
A se'uir= o liro afir,a ue o praer é real e necess-rio= ,as ue= sendo
físico e ef",ero= não pode ser confundido co, a felicidade3  esta ue
&eus nos desePa3 E praer te, seus direitos e seria a.surdo recus-#los=
,as Oo ho,e, e a ,ulher não pode, olhar o casa,ento co,o a .usca
do praer sexualO3
$ h- os pecados do sexo3 A ,odificação é sensíel= co,o se nota3 +ão
,ais o sexo é pecado= ,as est- suPeito a tornar#se peca,inoso:
,astur.ação= ho,ossexualis,o= adultério e relaçQes sexuais pré#
conPu'ais3 @oré,= noa nuança: os dois pri,eiros= pode, ser causados
por pertur.açQes físicas e ,entais ue di,inue, a responsa.ilidade de
seu autorY o uarto pode ser decorr"ncia da i,possi.ilidade de contrair
,atri,Vnio nu, te,po .e, prIxi,oY so,ente o terceiro per,anece
i,perdo-el (e não poderia deixar de s"#lo= isto ferir o Sexto
anda,ento da Lei de &eus)3
Eutro duplo nI: a ir'indade é purea e= co,o tal= o ,ais alto .e,
deseP-el pela ,ulher3 as= purea se di tanto do corpo uanto da al,a:
h- ,uita ,ãe solteira e ,uita ,oça não ir'e, ue são puras de al,a3
Eutro duplo nI: o sexo é instru,ento de co,unhão entre ho,e, e
,ulher= ,asSo,ente
insuper-el3 o ,istério do sexo é
a co,unhão co,ue ele pode
&eus é u,realiar
estadoa de solidão
superação
dessa solidão radical: o sexo= na sua solidão irrepar-el= nos ensina ue
Oal'o ,ais nos espera para alé, de todas as criaturasO= a união das al,as
e delas co, o espírito diino3 @or isso a Opri,eira reolucion-ria do sexoO=
se'undo o autor= foi aria *ir'e, ue Orenunciou N di,ensão erItica do
sexo= para ,elhor faer dele u, instru,ento de co,unhãoO= ela é a
OhistIria de a,or entre &eus e nIsO3
040
E percurso de desculpa.iliação científica sociolI'ica e teolI'ica do sexo
condu N se'uinte conclusão: OLire=pura= ir'e,= ,ãeO3 Lon'o ca,inho
ue= atraés de lin'ua'e, noa= condu ao anti'o ponto de partida3 as
a'raado3 Es pri,eiros @adres da J'rePa= co,o i,os= não apresentaa,
ar'u,entos ue desinculasse, sexo e pecado= de ,odo ue sI tinha, a
oferecer re,édios para di,inuir seus danos3 A'ora= não3 Retira#se a car'a
peca,inosa do sexo para torn-la ,ais pesada ue antes: o sexo é .o,=
,elhor depois dele= ,elhor ainda se, ele3
Co,o não poderia deixar de ser= o duplo nI sur'e co, intensidade no
caso do a.orto3 Aparente,ente= seria a.surdo i,a'inar duplo nI neste
caso: o a.orto é proi.ido por lei hu,ana e interditado por lei diina3 +ão
h- a,.i'Gidade al'u,a a seu respeito3 +ão é .e, o caso= todaia3
*ia de re'ra= as discussQes so.re o a.orto 'ira, e, torno de tr"s eixos
principais: o reli'ioso  é pecado = o Purídico  é cri,e  e o
.iolI'ico  é ,orte
+a perspectia conseradora= a discussão do assunto deixa de lado a ,ãe
e priile'ia opelo
sexualidade feto pris,a
porueda
enfatia u,a noção
procriação a.strata
e oferece de ida= encara
u,a resposta a
afir,atia
Ns tr"s uestQes aci,a3 E ,elhor exe,plo da atitude conseradora é u,a
anti'a noela de r-dio e teleisão: E &ireito de +ascer3
+a perspectia das fe,inistas li.erais= a "nfase não recai nas
idéias de ida e de procriação3 e a discussão se refere ao feto
porue h- ,aior preocupação co, a idéia da ,ulher co,o pessoa=
entendida co,o indiidualidade racional= afetia= consciente= capa
de co,unicação e de interação= lire e dotada de direitos3 Assi,= a
,ulher 'r-ida é u,a pessoa= enuanto o feto ainda não o é3
@ortanto= não podendo o feto ser inPuriado pessoal,ente= o a.orto
não é pecado= ne, cri,e= ne, ,orte3  encarado co,o direito de
autodefesa da pessoa fe,inina e co,o lire decisão N
,aternidade3
A discussão entre conseradores e li.erais pressupQe duas atitudes
anta'Vnicas co, relação ao ue se entende por Ofe,ininoO: no pri,eiro
caso= a ,ulher é identificada co, a ,aternidade= enuanto no se'undo= é
encarada co,o u, ser hu,ano ue pode escolher ou não a ,aternidade3
$sta deixa de ser= portanto= u, destino e u,a ess"ncia das ,ulheres3
041
+o entanto= a discussão ,anté, os aders-rios no interior do ,es,o
ca,po de uestQes cuPos ter,os não são alterados= ,as apenas
aloriados co, sinais opostos e= ao fi, de certo te,po= o de.ate aca.a
patinhando se, ,udar de ru,o3 Tanto conseradores co,o li.erais
discute,= por exe,plo= a possi.ilidade de deter,inar e, ue ,o,ento
u, feto h-
Auino= é ida3
ida @ara os pri,eiros=
a partir do ,o,entose'uindo AristIteles
da concepção3 e São To,-s de
Aproeitando#se da
controérsia so.re o assunto (para os ,uçul,anos= h- ida 48 dias antes
da concepção e= para os ,édicos ocidentais= h- ida so,ente al'u,
te,po depois da concepção)= as fe,inistas li.erais afir,a, ue sI h-
ida= co,o ida hu,ana= co, o nasci,ento3
A ,anutenção do ,es,o ca,po de uestQes para os aders-rios te,
conseG"ncias pr-ticas3  o ue se pode o.serar pelo exa,e das -rias
le'islaçQes existentes le'aliando o a.orto3 +elas= i,plicita,ente= i'ora
o ponto de ista conserador3
$, uase todas as le'islaçQes= uatro pontos principais se,pre
aparece,: 4) o a.orto sI pode ser realiado e, hospitais ue tenha,
licença especial e nos uais dee haer u,a Oco,issão para caso de
a.ortoO ue decide se este pode ser ou não efetuado= independente,ente
da decisão da ,ulher 'r-idaY 0) so,ente ,édicos deida,ente
autoriados pode, fa"#lo (o ue= se'undo as fe,inistas= si'nifica não sI
au,ento dos custos da interenção e ue são decididos exclusia,ente
por ue, a realia= ,as ta,.é, a criação de u, aparato institucional
co,plicado desproporcional para a si,plicidade da interenção= ue pode
ser efetuada co, u, si,ples aparelho= tipo OaspiradorO)Y 1) so,ente pode
ser efetuado o a.orto até u,a certa fase da 'raide na ual a ,ulher
não corre peri'o= sendo excepcional,ente per,itido e, casos de al'u,
acidente ue tenha tornado a 'raide ou o parto peri'osos (as fe,inistas
ale'a, ue se o a.orto é possíel neste se'undo caso é porue pode ser
realiado e, ualuer etapa da 'raide= ,étodos diferentes sendo
necess-rios
casada co, e, cada situação)Ydo8),arido
o consenti,ento o a.orto
e= sI
na poder-
,ulherser feito na
solteira= ,ulher
co, o
consenti,ento dos pais ou respons-eis (as fe,inistas ale'a, ue nos
dois casos a li.erdade fe,inina é total,ente desconsiderada)3
048
Ende sur'e o pri,eiro dos duplos nIs
+o fato de ue= nu,a sociedade ue define o ser fe,inino pela
,aternidade= a le'aliação do a.orto= nas condiçQes aci,a ,encionadas=
si,ples,ente reforça, a culpa atraés da lei tolerante= u,a e ue esta
pede Ns ,ães (por naturea e por ess"ncia) ue decida, lire e
consciente,ente a não sere, ,ães3 @or ue o pedido estranho @orue a
,aternidade= apesar de destino natural= est- inculada ao casa,ento3
&essa ,aneira= o a.orto sur'e co,o inaceit-el (para as casadas) e co,o
necess-rio (para as solteiras) e= conseGente,ente= co,o conden-el
para a,.as  a lei produ a condenação dauelas ue ela inocenta3
Sur'e= co, isto= o se'undo duplo nI3 Se= natural,ente= as ,ulheres são
,ães= ainda ue so. certas condiçQes= por ue a decisão so.re o a.orto
depende de ,aridos e pais
$ste se'undo duplo nI te,= no entanto= a anta'e, de nos esclarecer
porue as discussQes priile'ia, o feto3 $sse priilé'io não é apenas
conseG"ncia de haer sido o a.orto se,pre discutido pelos ho,ens e
não pelas ,ulheres (o padre= o Purista= o ,édico)= ,as é so.retudo o
indicador da função repressia do feto na discussão: ele per,ite a
racionaliação3 Atraés do feto= o a.orto se incula irre,ediael,ente N
,orte (ao infanticídio) e= desta ,aneira= o.té,#se o resultado desePado:
falar na
$ssa criança para culpar
racionaliação é tão aefica
,ãe3 ue as fe,inistas= e, 'eral= não a
perce.era,3 Tanto assi, ue= não por acaso= elas respondera, N
cri,inaliação do a.orto co, duas ale'açQes: a de ue o feto ainda não é
ida hu,ana ne, pessoa= e a de ue o a.orto é u, assassinato e,
le'íti,a defesa3 Resultado: os conseradores se apropriara, dessa idéia
para= aceitando a le'islação do a.orto= afir,are, ue uando o feto é u,
peri'o para a ,ãe esta te, o direito de ser li.erada dele= ,as não te, o
direito de expedir sua ,orte= raão pela ual a /nica a não se pronunciar
so.re o a.orto é a ,ulher 'r-ida3 $= não contentes= ainda afir,a, ue os
pro'ressos científicos e tecnolI'icos tornara, uase nulos os peri'os
físicos da 'raide e do parto3 as sa.ia,ente deixa, e, sil"ncio os
danos psíuicos e sociais da ,aternidade co,pulsIria3
+u, esforço para superar esse uadro de discussQes= u, noo ca,inho
foi tentado3
04
@assou#se a afir,ar ue:
4) o a.orto é clínica e cirur'ica,ente ,uito si,ples= ,enos difícil e ,enos
peri'oso do ue u, parto= podendo ser feito por pessoas ue rece.a,
r-pido e adeuado treina,entoY
0) o a.orto é u, direito fe,inino não sI de autodefesa= ,as ta,.é, de
opção face N ,aternidade (podendo ser opção circunstancial ou
definitia)Y
1) tanto o a.orto peri'oso e ,ortal uanto o a.orto clandestino
trau,-tico decorre, da falta de u,a erdadeira sa/de p/.lica ue
infor,e as ,ulheres
e ue sePa e as auxilie
capa de propor co, ,étodos fa,iliar
u, planePa,ento contraceptios
ue nãoadeuados
fira a
li.erdade de cada u, uanto N procriação3
+o entanto= idéias tão corretas pode, faer u, ca,inho apressado e
i,ediatista= pois= exceção feita N pri,eira idéia (aus"ncia de peri'o do
a.orto)= o restante da ar'u,entação parece deixar de lado séculos de
ideolo'ia procriadora e de interioriação da culpa3
B- tend"ncia 'eneraliada a tratar o a.orto co,o se este não fosse u,
fenV,eno cultural= físico e psíuico dotado de si,.olis,os profundos e
co,o se= na pr-tica= não fosse ienciado pelas ,ulheres co,o u, ato
se, li.erdade e se, autono,ia= al'o ue lhes é tão i,posto uanto a
,aternidade= (aesso e direito da ,es,a ideolo'ia repressia= u,a for,a
de culpa)3 $ é assi, ue as ,ulheres .rasileiras o iencia,3
 iido co,o aus"ncia de li.erdade (i,posição social e ,oral) e co,o
iol"ncia3 J,posição: h- puniçQes e sançQes ariadas para as ,ulheres=
tanto uando não a.orta, co,o uando a.orta,3
*iol"ncia física: não sI e, decorr"ncia das péssi,as condiçQes e, ue é
realiado para a ,aioria das ,ulheres= ,as ta,.é, porue as ,ulheres
sente, ue nele al'o é extirpado do corpo= ainda ue de for,a indolor3
Si,.olica,ente= portanto= o a.orto é inestido de u,a car'a afetia ,ais
dra,-tica ue a extração de u, dente ou de u, ap"ndice= ainda ue
clinica,ente sePa tão ou ,ais si,ples3
*iol"ncia psíuica: nu,a cultura cristianiada= na ual não h- acordo
uanto N ida ou não#ida do feto e na ual a ,aternidade define a
ess"ncia do fe,inino= o a.orto sur'e nas estes da culpa e da falha3
Sur'e
ue o terceiro
o reproa e duplo nI:
ue= ao por u,
le'islar lado=
e, seuafaor=
inserção doexplíc
deixa a.ortoitonu,a cultura
ue apenas
o tolera co,o u, ,al necess-rio=
04>
o consera i,plicita,ente cri,inaliadoY por outro lado= não é si,ples sua
inserção no inconsciente fe,inino= de tal ,odo ue= ,es,o deli.erando
lire e consciente,ente para fa"#lo= 'rande parte das ,ulheres realia
u,a operação psíuica inconsciente= deslocando a culpa cultural,ente
produida para situaçQes ue= aparente,ente= nada t", e, co,u, co,
o prIprio a.orto3
$sse desloca,ento é extre,a,ente efica uando as situaçQes ue
sere, de su.stitutos para a culpa parecere, ,uito distantes da situação
culpada ori'in-ria3 Assi,= por exe,plo= o ue o desa'rado por certas
cores= certos sons= certos odores= certos 'estos= o ue certos lapsos de
,e,Iria= certas repulsas= certos ressenti,entos= certas dificuldades para
falar= escreer= andar teria, a er co, u, a.orto +o plano consciente=
nada3 +o plano inconsciente= tudo3 $ essa su.stituição possui ainda u,a
a'raante= pois a falta de u,a relação isíel e consciente entre a
situação#ori'e, e as situaçQes#su.stitutas coloca todas elas fora de nosso
controle racional e afetio= faendo co, ue passe,os a lidar co, ,il
peuenas ,anias= ,il peuenas culpas= ,il peuenas falhas para nos
lirar,os (se, o conse'uir,os) de u,a /nica OculpaO e de u,a /nica
OfalhaO3
@asse,os e, sil"ncio (não porue sePa ,enos 'rae ou doloroso) o caso
das ,ulheres ,ais elhas (solteiras ou casadas= de -rias classes sociais)
ue a.orta,
(excesso ou a.ortara,
de filhos= peri'o parapelos ,ais opção
a sa/de= diferentes
pela enão#,aternidade=
Pustos ,otios
decisão profissional= risco de perda de e,pre'o= relaçQes a,orosas ue
não co,porta, filhos= cansaço)3 $,.ora os depoi,entos de todas as
,ulheres reele ue= na ,aioria dos casos= o a.orto sePa iido e
co,preendido co,o u,a necessidade e não co,o u,a lire escolha= e=
no caso das ,ulheres po.res= sePa realiado nas piores condiçQes
i,a'in-eis (freGente,ente erdadeira carnificina co, danos
irreersíeis)= olte,os nossa atenção apenas para as ,eninas entre 41 e
0? anos3
D,a das características da sociedade capitalista conte,porMnea é tentar
retardar tanto uanto possíel a entrada de Poens no ,ercado da co,pra
e enda da força de tra.alho3 Tanto o prolon'a,ento da escolaridade
(para a classe ,édia) uanto os sal-rios irrisIrios dos ,enores (na classe
oper-ria) são indícios desse retarda,ento3
042
Ao ,es,o te,po= a declaração da ,aioridade costu,a coincidir co, u,
período de aus"ncia de esta.ilidade no e,pre'o= de sal-rio insuficiente
para a so.rei"ncia (no caso das ,eninas das classes populares) e de
.usca de tra.alho (para a ,aioria das ,eninas de classe ,édia)3 Assi,=
antes da ,aioridade= ,eninas e ,eninos são retidos nas escolas ou
su.,etidos a condiçQes prec-rias de tra.alho= de tal ,odo ue as
condiçQes ,ateriais ou o.Petias reforça, a nor,a= se'undo a ual é
preciso esperar condiçQes ,íni,as de se'urança para esta.elecer u,a
relação a,orosa duradoura (identificada co, o casa,ento) e para a
procriação
*isto (ta,.é,
ue tais dependente
exi'"ncias do casa,ento)3
contraria, a sexualidade dos Poens= a ideolo'ia
se encarre'a de o.ter a o.edi"ncia N nor,a pela aloriação da
ir'indade= da relação a,orosa casta e do ofereci,ento de su.stitutios
lícitos para os ,eninos (as prostitutas)= u,a e ue se parte do
pressuposto tena de ue as ,eninas não possue, desePos sexuais3
Social,ente= o reforço da nor,a repressia se tradu= ainda= pelas
sançQes a ue estão suPeitas as ,eninas ue a.orta, e as ,ães solteiras3
E a.orto= para as ,eninas entre 41 e 0? anos possui u,a face o.Petia:
na ,aioria das ees= elas não t", co,o arcar co, a ,aternidade= desde
a prIpria 'raide= o pré#natal= o parto= até a criação de u,a criança= a
não ser ue ocorra o costu,eiro= isto é= o casa,ento co,pulsIrio= cuPos
desastres se farão sentir lo'o depois= alé, da er'onha ue essa
o.ri'ação acarreta no interior da ideolo'ia do casa,ento da ir'e,3
@ossui ta,.é, u,a face su.Petia: elas não tolera, as pressQes sociais=
as sançQes reli'iosas e ,orais da ,aternidade fora do casa,ento= ne,
desePa, a hu,ilhação do casa,ento co,pulsIrio3 Ali-s= a prIpria
'raide= na ualidade de fato inesperado= possui u, sentido ,uito
preciso: reelar ue as ,eninas não to,a, anticoncepcionais porue não
são co,o prostitutas= dispostas ao sexo se, a,or3 @aradoxal,ente=
portanto= a 'raide inesperada si'nifica si,ultanea,ente pecado e
purea3 $, su,a: duplo nI3
A não ser e, casos excepcionais= so.retudo das ,eninas da alta classe
,édia e da .ur'uesia= cuPas fa,ílias tanto pode, aceitar co,
naturalidade a necessidade do a.orto
047
uanto a da ,aternidade (se esta for desePada pelas ,eninas) e socorr"#
las e, a,.os os casos= nos de,ais casos= as ,eninas a.orta, porue
estão aterroriadas co, a prIpria 'raide= aterroriadas co, a idéia de
criar filhos se, condiçQes para fa"#lo (sePa porue fora, a.andonadas
pelos parceiros= sePa porue estes ta,.é, são ,uito Poens e não t",
co,o arcar co, a paternidade) e porue estão aterroriadas co, as
puniçQes ue desa.arão so.re elas3
@or não tere, a'uardado o casa,ento= são esti',atiadas co,o i,orais=
perertidas e anti#sociais3 Se estão na escola= são expulsas para eitar o
O,au exe,ploOY se estão e,pre'adas= são despedidas porue O,ulher
'r-ida é u, pro.le,aO3 FreGente,ente se sente, a.andonadas pelos
parceiros e pela fa,ília= a.andono ,uito especial porue não si'nifica
necessaria,ente ue sePa, deixadas soinhas e ao deus#dar-= ,as si,
porue parceiros e fa,ília são os pri,eiros a propor i,ediata,ente o
a.orto (se, ,aiores inda'açQes) e co, naturalidade= uando elas ainda
não sa.e, se é isto o ue real,ente desePa,3 A.andono tanto ,aior=
uando seu i,a'in-rio se pooa co, as i,a'ens tr-'icas das ,ães
solteiras suicidas= das prostitutas= das ,ulheres estéreis apIs o a.orto
,al realiado= fi'uras despreadas pelo farisaís,o da ,oral i'ente3
As ,eninas ue rece.era, for,ação reli'iosa= e a pratica,= são
pressionadas ainda co, ,aior iol"ncia pelo duplo nI: sa.e, ue a
ir'indade é alor supre,o tanto uanto a ,aternidade (aria *ir'e, e
Osede fecundosO)= ,as ao ,es,o te,po são acusadas do pecado de
en'raidar fora do ,atri,Vnio (co,etendo o pecado da lux/ria) e do
pecado de
,ulher a.ortar (destruindo
solteira#casada= u,a ida)3
ir'e,#,ãe T", alor=
e= co,o co,o ,odelo ideal u,a
a ida co,o do,
diino ue criatura al'u,a pode ceifar3
Wuando= forçadas pelas circunstMncias= fae, o a.orto clandestino= ual é
a experi"ncia das ,eninas +ão nos referi,os aui Ns tentatias
desesperadas das soluçQes do,ésticas= ,as N ida a clínicas clandestinas
de a.orto3 Se as condiçQes financeiras e o apoio fa,iliar o per,itire, e
pudere, ser atendidas por ,édicos decentes e, locais decentes= pelo
,enos estão fisica,ente prote'idas= ainda ue= nu,a cultura co,o a
nossa= não sePa possíel aaliar a presença ou aus"ncia de trau,as
e,ocionais3 Se= ao contr-rio= fore, o.ri'adas a
046
recorrer a açou'ueiros= passarão por experi"ncia dupla,ente dra,-tica3
Co, efeito= os açou'ueiros são açou'ueiros porue co,partilha, a
ideolo'ia repressia antia.orto e descarre'a, so.re as ,ulheres o rancor
e o ressenti,ento pelo ato ue= cinica,ente= se dispQe, a realiar: não
usa, anestésicos= não h- assepsia= o local de Otra.alhoO é or'aniado de
,odo a ,arcar sua ile'alidade e nele prealece o estilo Olinha de
,onta'e,O ou de Osuper,ercadoO3 Dsa, lin'ua'e, a'ressia=
culpa.iliadora3 Fae, propostas o.scenas a ,ulheres ainda estendidas
nas ,esas de cirur'ia3 $, su,a: transfor,a, o a.orto nu, ato de
casti'o e punição= ,aneira pela ual i,a'ina, Onor,aliarO u,a conduta
OdesianteO3
$nfi,= existe, as soluçQes caseiras  re,édios= eras= tIxicos= .ar.ante=
tesoura= colher= 'ilete= faca3 E horror3 *iol"ncia física (co, seGelas= co,o
o cMncer
(horror e a esterilidade per,anente) e iol"ncia psíuica ou si,.Ilica
N sexualidade)3
Resta#nos u,a /lti,a refer"ncia: a relação entre repressão sexual e a
diisão social das classes= refer"ncia feita esparsa,ente no decorrer deste
liro e ue foi estudada por Rose arie uraro= nu, liro intitulado
Sexualidade da ulher %rasileira  Corpo e Classe Social no %rasil3
A autora ouiu ,ulheres e ho,ens da .ur'uesia= da classe ,édia ur.ana=
do operariado ur.ano e do ca,pesinato nordestino (^ona da ata e
A'reste)= tendo feito a todos as ,es,as per'untas: 'osta de seu corpo
cuida dele ue, lhe ensinou a cuidar dele co,o " seu corpo (ou de sua
,ulher) apIs o nasci,ento de filhos 'osta de faer sexo ue acha dos
anticoncepcionais= do controle da natalidade= do a.orto= do
ho,ossexualis,o co,o é o seu dia fica doente ue acha da
profissionaliação das ,ulheres $ per'untas so.re econo,ia e política
.rasileiras3
Rose arie uraro tra.alhou co, tr"s hipIteses principais= todas elas
confir,adas pelas respostas o.tidas:
4) ue h- relação entre corpoconsci"ncia do corpo e entre corpo sexo
e as deter,inaçQes sociais de classeY
0) ue ao pesuisador não interessa o ue ele prIprio pensa das pessoas=
,as o ue elas pensa, e sa.e, de si ,es,as= as contradiçQes e
a,.i'Gidades de suas falas não si'nificando incoer"ncia= ,as sendo=
antes= expressão das dificuldades criadas pela prIpria
00?
diisão social de classesY as falas são si'nificatias não apesar= ,as por
causa
1) ueouh-'raças Ns contradiçQes
u, i,a'in-rio e a,.i'GidadesY
social difuso ue se espalha por todas as classes
sociais= cuPa fonte é a classe do,inante= ,as e, diferentes ,o,entos da
histIria de sua ideolo'ia= isto é= a ideolo'ia da classe do,inante
encontrada entre os ca,poneses não é conte,porMnea N ideolo'ia atual
da classe do,inante ur.ana e operante para ela ,es,a= para a classe
,édia e setores do operariadoY alé, disso= cada classe ou cada setor de
classe reela.ora esse i,a'in-rio se'undo suas condiçQes concretas de
exist"ncia= passando a assu,ir sentidos diferentes e, cada u,a delas3
$xe,plifiue,os3
N per'unta: 'osta de seu corpo= co,o o "= cuida dele A classe
do,inante responde co, critérios estéticos (.elea)= afir,a 'ostar dele
co,o fonte de praer para si e para outro= ,enciona os cuidados de
hi'iene e a ,edica,entação3 Es ca,poneses responde, tendo o tra.alho
co,o horionte (o corpo OespertoO= OcansadoO= forte= fraco)= afir,a,
'ostar do corpo= se co, sa/de= ou tal co,o era uando ,ais Poe, (ou tal
co,o 'ostaria, ue fosse)= de sorte ue os critérios da consci"ncia do
corpo são dados pela capacidade de seriço e pela aus"ncia de doença3 A
classe ,édia e o operariado ,escla, as duas ersQes: h- os ele,entos
estético#praeroso#saud-eis da .ur'uesia tanto uanto os de tra.alho#
cansaço#doença do ca,pesinato3 Rose arie uraro fala no corpo
oper-rio co,o u, Ocorpo ,istificadoO: nas suas falas= as oper-rias e os
oper-rios die, clara,ente co,o é o seu corpo (instru,ento de tra.alho)
e= ao ,es,o te,po= co,o enxer'a, esse corpo (os padrQes estético#
praerosos da classe do,inante)3
Co, exceçãoco,
tr"s classes= da classe ,édia
nuanças= ur.ana li.eral
o ,achis,o e intelectualiada=
é a re'ra3 Ca,ponesas enas outras
oper-rias
responde, ue seus ,aridos são .ons Oporue não ,e .ateO= enuanto
as .ur'uesas se expri,e, na lin'ua'e, OCl-udia#+oaO3 A relação sexual
é ,arcada pelo ,achis,o= de ponta a ponta3 As ca,ponesas e as
oper-rias ,ais elhas se ueixa, do sexo anal= do sexo uando estão
exaustas= do /tero caído= das doenças de toda sorte= dos partos
consecutios e da aus"ncia de praer no sexo= o corpo co,o fardo e dor3
Ao ,es,o te,po= afir,a, a
004
felicidade de ser ,ãe3 &uplo nI +e, tanto3 Aui= se trata da
transfer"ncia para os filhos do a,or cada e ,ais difícil pelos parceiros3
As oper-rias ,ais Poens e a classe ,édia são faor-eis ao
anticoncepcionais= desePa, i'ualdade sexual (ainda ue a superioridade
,asculina per,aneça incontestada= a não ser na peuena faixa
intelectualiada da classe ,édia)= direito ao praer3 @ara a classe ,édia=
as reistas= os fil,es porno'r-ficos e os ,otéis aparece, co,o
desco.erta de noos praeres e possi.ilidades sexuais3 @ara os ho,ens da
.ur'uesia e do operariado= a porno'rafia te, esse papel= ,as para
exercício extraconPu'al3 $ os corpos fe,ininos= por eles idealiados= nada
t", a er co, o de suas parceiras= no caso do operariado e do
ca,pesinato3
Co, exceção da classe ,édia ur.ana intelectualiada= as ,ulheres das
de,ais classes condena, a ,astur.ação= o ho,ossexualis,o e o excesso
da profissionaliação fe,inina= ainda ue os dois pri,eiros sePa,
praticados
,orais= pelos ho,ens
clínicos= sociais= ereli'iosos3
e, lar'a Eescala3 Es critérios
curioso= poré,= ésãoa ariados:
su.li,ação
ocorrida a partir da condenação3 As .ur'uesas recorre, ao espiritualis,o
oriental de disciplina e eleação corporal e espiritualY as ca,ponesas= Ns
doenças ue lhes conso,e, a exist"nciaY as oper-rias= N i,a'inação
ro,Mntica3 &e todo ,odo= no centro da condenação#su.li,ação encontra#
se a defesa intransi'ente da fa,ília= ainda ue não a defesa da sua
prIpria3 $ é= nela= co,o su'eri,os antes= ue os duplos nIs irão
,ultiplicar#se: a fa,ília ideal é o critério para aloriaçQes e condenaçQes
da fa,ília real3
Rose arie uraro tra.alha ainda co, a hipItese da diferença entre o
,undo ur.ano e o rural3 Assi,= apesar das diferenças e se,elhanças de
classe no i,a'in-rio sexual= a diisão ca,po#cidade parece assu,ir u,
papel i,portante e a autora escree: O$, su,a= e, relação N
sexualidade= "#se u,a 'rande diferença entre o ,undo rural e o ur.ano
(ue ir- acentuar#se ,ais ainda nas classes ,édias): a ueda real da
supre,acia ,asculina= o a.alo do dispositio fa,iliar e do casa,ento
co,o ideolo'ia e representação= ,as per,anece se,pre a clia'e, entre
ho,ens e ,ulheres3 Cai ,uito ta,.é, no ,eio ur.ano a desaloriação
da ,ulher apIs a ,enopausa= ue é ,uito alta no ca,po= ,ais entre as
,ulheres do ue os prIprios ho,ens3  interessante notar ue a
000
proi.ição do a.orto= e,.ora di,inuindo na classe oper-ria= é a ue
per,anece co,o u,a distMncia ,enor e, relação ao ca,pesinatoO3
A idéia 'eral do liro de uraro é a de transfor,açQes sociais 'lo.ais co,
relação N sexualidade=
sociais do país  uedae,do decorr"ncia das transfor,açQes
ta.u da ir'indade= do casa,entoeconV,icas
co,o saídae
natural para a sexualidade= ,aior aceitação do ho,ossexualis,o= da
,astur.ação= dos anticoncepcionais3 E carro#chefe dessa ,udança
ideolI'ica é a classe ,édia ur.ana li.eral e intelectualiada= ,ais prIxi,a
dos padrQes dos países cha,ados desenolidos3
&isse,os= h- pouco= ue do liro nos inha a i,pressão de ue ,achis,o
e fa,ília per,anecia, intocados= exceção para a classe ,édia3 As
conclusQes de uraro são contr-rias N nossa afir,ação: e, sua opinião=
h- declínio do ,achis,o= no ,undo ur.ano= e dos ta.us da ir'indade e
do casa,ento3 +o entanto= uraro afir,a ue estas tend"ncias são ,ais
fe,inino#ur.anas do ue ,asculinas e do ue ca,ponesas= e afir,a
ta,.é, ue a ,aioria das ,ulheres 'ostaria de oltar ao te,po de
solteira3 &e nossa parte= não interpretaría,os esse desePo co,o
di,inuição do lu'ar i,a'in-rio e si,.Ilico ocupado pelo casa,ento e
pela fa,ília= pois o retorno N ida de solteira si'nifica= por u, lado=
retorno N ida fa,iliar= ,as não na situação de cVnPu'e e si, na de filha=
e por outro lado= o desePo de u,a sexualidade lire= isto é= não procriatia=
ou pelo ,enos= se, a Odíida conPu'alO e se, a o.ri'atoriedade da
,aternidade de nu,erosa prole3
Fae,os essas consideraçQes a partir de u,a pesuisa ue al'uns
estudiosos estão realiando nos .airros periféricos de São @aulo3 ]
per'unta: ual a anta'e, de ser ho,e, e ,ulher= inariael,ente
o.té,#se o se'uinte resultado3 Es ho,ens considera, anta'ens: não ter
,enstruação= não en'raidar= não ser forçado N ir'indade e N fidelidade
conPu'al=
as= ter li.erdade3
N per'unta: ual aAsdesanta'e,
,ulheres: serde,ãe= ser sensíel
ser ho,e, e ser fr-'il3
e ,ulher= as
respostas reela, u, conflito per,anente não apenas entre ho,ens e
,ulheres= ,as no interior de cada u, deles Es ho,ens responde,: ser o
respons-el pela fa,ília= não poder chorar= errar= ter ,edo ne, fracassar3
As ,ulheres:
001
+ota a.aixo da foto:
Sociedade autorit-ria= ,achista e racista= o %rasil se ali,enta de ,itos
co,o o da inexist"ncia do racis,o e o da exist"ncia da sensualidade de
u, poo ,estiço ue desconhece as .arreiras de classe e raça= A
,elancolia dolorosa de A +e'raO reela a ,ulher escraa ue ofereceu
seu leite (o 'rande seio) e seu tra.alho (seus pés e suas ,ãos) ao
do,inante .ranco3 +ão é sensualidade o ue e,os aí3 *e,os dor e
a.andono de u, corpo usado co,o se fosse coisa= porue corpo fecundo
e opri,ido3
Fi, da nota3
008
não ter li.erdade= a dupla Pornada de tra.alho= o sexo uando não h-
ontade ne, praer= o excesso de filhos3 Jndependente,ente dessa
peuena dier'"ncia interpretatia= cre,os haer no liro de uraro=
entre outros aspectos de 'rande releMncia= pelo ,enos dois: o corpo é
u,a a.stração  corpo é o ue te,os na relação co, os outros no
interior de u,a sociedade diidida e, classes (isto é= os discursos da
li.eração sexual do corpo são a.stratos)Y os conflitos interclasses (a luta
de classes)= nainterpessoais=
deter,inantes intersu.Petios
repressão sexual (a ca,ponesa epodeintersexuais são
considerar u,
,artírio a relação sexual= ,as seu ,arido a exi'e porue possui outros
si'nificados para ele= alé, do praerY a oper-ria e a estudante pode,
considerar a ir'indade u, ta.u a ser ue.rado= poré, .oa parte dos
futuros parceiros OdefinitiosO dela precisa, por outros ,otiosY a
.ur'uesa pode faer 9o'a e seu ,arido faer Cooper e t"nis= na ca,a= a
conersa é outra  se houer conersa= .e, entendidoY o ,enino de
fa,ília en'raida e prostitui a Poe, e,pre'adaY os executios fae, o
,es,o co, as secret-riasY e h- o OAnPo AulO entre as ,ulheres)3
&e ,odo 'eral= os estudos so.re a sexualidade no %rasil= uando feitos
por ,oi,entos sociais= apresenta, duas características principais: a
crítica (do ,achis,o= do racis,o= das discri,inaçQes sexuais) e a
reiindicação de direitos3 $ssa reiindicação é de 'rande i,portMncia não
sI por indicar noa atitude face a diferentes for,as de do,inação= ,as
ta,.é, porue= nu, país co,o o %rasil= lutar por direitos é colocar no
espaço p/.lico auilo ue tende a per,anecer aceito co,o iol"ncia
natural ou i,perceptíel pelo confina,ento ao espaço priado3
E crua,ento de ersQes diersas da reli'ião cristã co, a ,odalidade
,uito peculiar de nossa fa,ília (auela cuPas ori'ens re,onta, N
escraidão e N estrutura do,éstica da Casa !rande e da Senala  afinal=
o ue são Odepend"ncias de e,pre'adaO e Oeleador de seriçoO= nas
,odernas resid"ncias ur.anas e nos edifícios de aparta,entos) e co, as
peculiaridades do $stado .rasileiro produ u,a sociedade
00
extre,a,ente autorit-ria e= so. u, deter,inado aspecto= .astante
curiosa3
E $stado= no %rasil= é uase onipresente: ocupa não apenas as decisQes
p/.licas= ,as= atraés da política social= ta,.é, controla o espaço
priado3 +o entanto= esse $stado não é exata,ente u, poder p/.lico3 +ão
porue= co,o e, toda sociedade diidida e, classes= u,a delas se
apossa do poder e dele fa uso priado para do,ínio so.re o social3 as
porue= e, nosso país= 'rupos ue ocupa, o poder lida, co, ele co,o o
anti'o despot"s 're'o lidaa co, seu Ii<os propriedade priada so.re a
ual te, poder de ida e ,orte3 Assi,= o 'i'antis,o e a onipresença do
$stado e, nossa sociedade fa co, ue= no %rasil= não exista de ,odo
definido e claro a coisa p/.lica (do lati,: res pu.lica= rep/.lica)3 +ão sI os
detentores do poder do $stado e os funcion-rios da .urocracia a'e, co,o
o despot"s= ,as ta,.é,= no espaço priado= o despot"s é inestido de
autoridade= co,o se fosse u, t9rannIs= diri'ente p/.lico3
$sse autoritaris,o 'eneraliado= no ual os chefes de $stado se
asse,elha, a paires fa,iliae e os pais de fa,ília se asse,elha, a chefes
de $stado= atraessa todas as instituiçQes3
Assi,= por exe,plo= nos partidos políticos= a relação entre representantes
e representados= e, lu'ar de ser a da representação (al'ué, é
,andat-rio de ontades= interesses e direitos de outros ue para isso o
escolhera,)= é de tutela e de clientelis,o3 Tutela: o OrepresentanteO
decide pelo e para o OrepresentadoO o ue ,elhor lhe coné,3
Clientelis,o: o OrepresentadoO espera e rece.e do OrepresentanteO
faores e seriços pessoais3
+ão é curioso=
atende, por isto
o p/.lico= exe,plo=
é= co,oo se
,odo co,o os funcion-rios
lhe estiesse, p/.licos
prestando faor e
faendo concessão= co,o se o seriço prestado não fosse p/.lico= ,as
dependente da .oa ontade e do interesse pessoal de ue, o presta +ão
é curiosa a exist"ncia de u,a fi'ura existente apenas no %rasil  o
despachante Jsto é= auele ue conhece as ,anhas e .ar'anhas= as
trocas de faores e propinas por ,eio das uais cada indiíduo= não co,o
cidadão= ,as na ualidade de -to,o social= se articula co, a intrincada
rede da autoridade .urocr-tica +ão é curiosa a ,aneira co,o as pessoas
,otoriadas se co,porta, no
00>
trMnsito: não respeita, se,-foros= faixas de pedestres= locais de
estaciona,ento= faendo da rua não u, local coletio= ,as u, ,ero
prolon'a,ento de seus uintais e Pardins
$sse autoritaris,o 'eneraliado te, a peculiaridade de faer co, ue
toda relação entre diferentes sePa conertida nu,a assi,etria e essa
assi,etria= nu,a relação de hieraruia (Osa.e co, ue, est- falandoO)3
A repressão sexual= alé, dos traços ue possui e, sua for,a 'eral nas
sociedades conte,porMneas= aui fica acrescida desse noo traço= cuPas
conseG"ncias= entre outras= é o duplo nI per,anente3
A ,escla confusa entre p/.lico e priado é a ,arca funda,ental do
,achis,o3 Ao ,es,o te,po anti'o ideal das sociedades 'uerreiras ou
a'onísticas= aristocr-ticas= fundadas no san'ue= na alentia e honra= o
,achis,o encontra ca,po fértil nu,a sociedade capitalista co,o a
.rasileira na ual= Pusta,ente= as relaçQes de ,ercado= as for,as
contratuais
anti'as e i,pessoais=
tradiçQes o alor
'uerreiras do tra.alho=
de alé,#,ar e dassecapitanias
realia, no interior de
heredit-rias
nos cordéis nordestinos= a presença dos &oe @ares de França (ersão
.rasileira= posterior N portu'uesa= da Chanson de Roland= ,edieal) é u,a
constante e o ideal épico#,acho aparece co, clarea e, !rande Sertão:
*eredas= de !ui,arães Rosa: pacto do ho,e, e do dia.o= pacto de honra
e san'ue entre Rio.aldo e &iadori,= a,or ho,ossexual desesperado
entre ,achos presos no ue a escritora alnice !alão desi'nou co,o as
for,as do falso3
+os cha,ados cri,es passionais= ou co,o os desi'nou a antropIlo'a
aria Corr"a= Es Cri,es da @aixão= os ,aridos ue assassina, esposa e
a,ante= ainda ue cri,inosos= perante a lei= não são por ela tratados
co,o tais porue na esfera do,éstica a ontade do ,arido (co,o=
outrora= a do rei) te, força de lei3 Assi, co,o é considerado nor,al ue
Pa'unços e capan'as ,ate, ho,ens= ,ulheres e crianças se isto
desePare, e ordenare, os senhores de terras= assi, ta,.é, o ,arido=
Oferido e, sua honraO= te, o direito de ,atar a ad/ltera e seu a,ante3 A
a.solição é uase certa e é indu.it-el uando o fla'rante foi o.tido no
interior da casa= no leito conPu'al3 Co,o 'randes exceçQes= tri.unais
ta,.é, pode, a.soler esposas assassinas de ,aridos ad/lteros= ,as a
re'ra não é esta= isto ue a Oli.erdade sexualO dos ho,ens ta,.é, te,
força de lei3 Cha,a#se: direito costu,eiro= tão
002
poderoso uanto o direito positio= isto é= codificado e, leis escritas3
D, liro diertido e sinto,-tico= E Analista de %a'é= de Fernando
*eríssi,o=
'auchesca3 ataca co,a Odifa,açãoO
Cruando hu,or o ,achis,o
dos ,achosna de
sua@elotas
for,a (tidos
'a/cha ou
co,o
ho,ossexuais no i,a'in-rio sulino) co, a ,atchea indiscutíel dos
caaleiros de %a'é= *eríssi,o realia u,a síntese perfeita: o psicanalista
(nor,aliador= Olaador de cére.roO= na 'íria norte#a,ericana) é ,acho
(portanto= falocrata= edipiano e alente) e= nessa ualidade= seu Otra.alho
analíticoO= o ,édico e, .o,.achas e to,ando chi,arrão= se efetua co,o
reposição do ,achis,o= ne, ue sePa usando a .oleadeira3 $, seu
consultIrio= ao lado da foto de Freud= estão o relho= a .oleadeira e o facão
(Ote castro P-= seu castradoO)3 E fato de poder,os rir da ,atchea é=
tale= u,a das for,as ,ais sutis de crítica: nada é ,ais des,oraliante
do ue a 'ar'alhada= afinal3
 difícil OexplicarO o ,achis,o (.oa parte deste liro foi dedicada a
co,preender a e,er'"ncia de idéias e instituiçQes ue o constituíra,=
Punta,ente co, seu aesso necess-rio= o Ofe,ininoO= no sentido do
Oeterno fe,ininoO e do Oco, ,ulher ,inha= nãoO)3
+o caso do %rasil= arriscaría,os as se'uintes hipIteses para co,preend"#
lo e ao seu aesso co,ple,entar: e, pri,eiro lu'ar= a repetição= no
interior da casa= do ue se passa na sociedade e na política co,o u,
todo= isto é= a priatiação e pessoaliação das for,as de autoridadeY e,
se'undo lu'ar= ta,.é, a reiteração do ,ecanis,o sIcio#político de
transfor,ação da assi,etria (no caso ho,e,#,ulher= pais#filhos= ir,ão#
ir,ã) e, hieraruia= a diferença sendo si,.oliada pelo ,ando e pela
o.edi"nciaY e, terceiro lu'ar= a co,pensação pela falta de poder real no
plano sIcio#político= o ,achis,o funcionando co,o racionaliação= assi,
co,o a fe,inilidade
,ulherO= (Oatr-s
indicando ue h- u,depoder
todo ou
'rande ho,e,=
autoridade h- se,pre
fe,ininos u,a
ue se
exerce, so. a condição de sere, dissi,ulados e ocultados pela
o.edi"ncia e pelo recato3 Afinal= se a ontade do rei te, força de lei= as
,ulheres são cha,adas de Orainhas do larO  filhas= noras e e,pre'adas
ue o di'a,= não é ,es,o)Y e, uarto lu'ar= porue= u,a e
interioriado= sur'e na for,a da expectatia e da atitude desePada por
007
ho,ens e ,ulheres3 D, peueno exe,plo dessa interioriação: a
condenação e ridiculariação de ,ulheres cuPos parceiros sePa, ,ais
noos (Onão te, er'onha= nãoO) e o elo'io dos ho,ens cuPas parceiras
sePa, ,ais noas (Oaí= ,achãobO)3 Ta,.é, é exe,plo da ,anutenção da
expectatia a diisão dos ho,ossexuais e, atios e passios=
reproduindo não sI a diisão heterossexual= ,as= se nos le,.rar,os dos
ideais 'uerreiros ou a'onísticos da elha Ro,a= ta,.é, esti',atiando
os OpassiosO3 A rua ir'inal e falocr-tica= de ue falaa Ber.ert &aniel3
Co,o se não .astasse= essa rede autorit-ria de relaçQes e, dese,.ocar
no racis,o: a cor ue não pe'a= o Opreto de al,a .rancaO= a frase=
'raada nas paredes de ,uitas escolas de polícia: Ocrioulo parado é
suspeito= correndo é culpadoO3 achis,o e racis,o se entrecrua, nu,a
for,a ,uito peculiar: o elo'io da sensualidade e do rit,o dos ne'ros=
particular,ente das ,ulatas3 +u,a sociedade ue separou espírito e
corpo= fe do pri,eiro al'o superior ao se'undo= aloria a raão contra a
paixão= a inteli'"ncia contra a sensi.ilidade= o elo'io da sensualidade
rít,ica dos ne'ros e das ,ulatas é a for,a aca.ada e perfeita do duplo
nI:
Se aelo'ia#se auilo
repressão ,es,o
sexual ue a,ais
é apenas sociedade
u,a= inferioria e condena3
dentre in/,eras outras ue
constitue, a sociedade conte,porMnea= e a .rasileira e, particularY se=
entre nIs= é aspecto priile'iado da confusão entre o p/.lico e o priado=
de sorte ue sua crítica sI pode realiar#se atraés da reiindicação de
direitos ue faça, p/.lica a iol"ncia priada= tale che'-sse,os N
,elancIlica conclusão de ue se, u,a transfor,ação 'lo.al da
sociedade (u,a reolução)= nada poderia ser feito no tocante N repressão
sexual3 elancolia reforçada uando aalia,os os resultados da
psican-lise e da sexolo'ia3
+o entanto= se pensar,os ue= no caso específico do %rasil= a uestão da
sexualidade= insepar-el da estrutura fa,iliar existente= ao ser tocada
ta,.é, toca na instituição fa,iliar= ue= diferente,ente de outros países=
não é apenas u, instru,ento (outrora necess-rio= hoPe dispens-el) do
,ercado e da política= ,as e o ,odelo da prIpria for,a assu,ida pelo
poder e pelo $stado (não é su'estio ue o ,ais céle.re dos presidentes
do %rasil tenha sido cha,ado de O@ai dos @o.resO e ue os donos do poder
sePa, cha,ados de
006
O@ais da @-triaO)= então= a crítica da repressão sexual poderia ter u,
alcance insuspeitado3 Aparente,ente pontual e localiada= a crítica da
repressão sexual atin'e as estruturas da sociedade .rasileira no seu todo3
OCo,o= de repente= não i ,ais &iadori,b333 &iadori, tinha ,orrido  ,il#
ees#,ente  para se,pre de ,i,333 $ su.ira, as escadas co, ele= e,
ci,a da ,esa foi posto3 &iadori,= &iadori,333 Es ca.elos co, ,arcas de
dur-eis333
$la era3
Tal assi, ue se desencantaa= nu, encanto terríel3 &iadori,b &iadori,
era ,ulher333 Ca.elos ue cortou co, a tesoura de prata333
$u ne, sa.ia por ue no,e cha,arY eu excla,ei ,e doendo
 eu a,orb333
Aui a estIria aca.ou3
Aui= a estIria aca.ada3
Aui se aca.a a estIria3O
!ui,arães Rosa  !rande Sertão: *eredas3
$ra u,a e= nu, reino distante333 $ então= fora,333
+ão=
não fora, felies para se,pre3
A li.eração sexual é utopia3
A palara utopia é de a,.í'ua ori'e,3
Al'uns pensa, ue e, do 're'o: eutopos= lu'ar feli3
Eutros Pul'a, ue e, do 're'o: utopos= lu'ar nenhu,3
$= por isso ,es,o= seria u,a aporia3 &o 're'o: dificuldade insol/el
aus"ncia de ca,inho por falta de referenciais para traç-#lo3 E ,ar é
-poros= se, ca,inho3 peiron se di do ili,itado= do irreferenci-el3
Cha,a#se: infinito3
Dtopia: lu'ar feli= lu'ar nenhu,= lu'ar da felicidade i,possíel3
+enhures= diria a escritora Le9la @errone oisés3
Tale a utopia não sePa i,possíel= consolação ue nos confor,a para a
aceitação resi'nada do presente3 A utopia é a afir,ação de ue u,a outra
sociedade=
possíeis3 A u,a
utopiaoutra
nasceida hu,ana= e
do senti,ento a da
li.erdade e a felicidade são
idéia do possíel3
01?
as= diferença i,portante= o possíel não é o pro-el3
Tale porue a li.eração sexual tenha to,ado o /nico ru,o ue a
sociedade ad,inistrada lhe per,itia to,ar  o do c-lculo= da
re,anipulação e do pro-el  to,ou u,a direção ue excluía a idéia do
possíel3 C-lculo= ,anipulação e pro-el são idéias 'oernadas teIrica e
pratica,ente pela cate'oria do controle#control-el3 as o possíel é o
ue Pa,ais foi feito e= no entanto= poderia ser feito  é possi.ilidade e não
pro.a.ilidade3  o ue não possui a ,enor 'arantia préia de ue
acontecer-  é aporia N procura de ca,inho= se, sa.er de ante,ão se
h- ca,inho e= se houer= se ser- possíel encontr-#lo e= se encontrado= se
poder- ser percorrido e= se percorrido= onde nos lear-3 $ssa falta
a.soluta de 'arantia é a utopia3 Sua ,arca é o possíel e não o
i,possíel3
+os anos >?= ,undo a fora= Poens desePara, o i,possíel3 +os ,uros das
cidades= u,a inscrição aparecia: OSePa,os realistas= peça,os o
i,possíelO3 @ela pri,eira e= luta política e reiindicação de li.erdade
sexual ca,inhaa, Puntas3 +a $uropa= lutaa#se contra o poder e, todas
as for,asY na A,érica Latina= contra as tiraniasY nos $stados Dnidos=
contra o prosse'ui,ento da 'uerra do *ietnã3 $, cada lu'ar= lutas
diferentes e= no entanto= e, todas elas estaa presente a idéia da
li.erdade sexual  Ofaça a,or= não faça a 'uerraO si'nificaa= e, cada
lu'ar= al'o diferente= pois diferentes era, as 'uerras e ne, se,pre seria
possíel nãod-
Oir'indade fa"#las3
cMncerOAtentatia do i,possíel
e pela esperança  Oafaia#se pela no
i,a'inação ironia 
poderO3
$, toda parte= a inscrição: Oé proi.ido proi.irO3 Luta contra todas as
for,as da repressão3
uitos ,orrera,3 uitos so.reiera,3 A ,aioria ad,itiu ue Oo sonho
aca.ouO3 Al'uns= poré,= continua, pedindo Opassa'e, para o prIxi,o
sonhoO3
Tale porue tiesse, lutado pelo i,possíel e desePado ,orrer por ele=
não tenha, che'ado onde ueria,: as forças da realidade= da orde,= do
pro-el e do necess-rio (de tudo uanto= neste liro= i,os estar a
seriço da repressão) .arrara, o ca,inho= cortara, a passa'e,3 A aporia
irada nada3
Wue, sa.e= se os ue hoPe desePa, o possíel e não uere, ue sePa
u,a causa pela ual se dea ,orrer= ,as
014
pela ual ale a pena ier= possa, reencontrar o ca,inho= rea.rir a
passa'e,3 Se não pudere, percorr"#lo ou che'ar ao seu fi,= pelo ,enos
terão indicado por onde atraessar a aporia: desePando ier= terão
desatado o nI ue= e, nossa cultura= ataa para se,pre sexo e ,orte3
011
"iblio%rafia
+o decorrer deste liro fora, ,encionados ,uitos autores (filIsofos=
antropIlo'os= psicanalistas= psiuiatras= historiadores= críticos de arte=
poetas= ro,ancistas= pintores=
fora, explicita,ente etc)3 $ntre
citados= conta,os porautores
olta dee 0?
o.ras cuPosetítulos
no,es títulos3
$, outros ,o,entos= usa,os u,a expressão 'enérica (Oos estudiososO=
O,uitos historiadoresO= O-rios críticosO) e so. ela h- ,uitas o.ras e
,uitos autores3 Assi,= por exe,plo= uando fie,os refer"ncia aos
helenistas= estudiosos do dipoRei= pens-a,os e, ;ean#@ierre *ernant=
*idal +acuet= oses Finle9= erner ;ae'er= innin'ton#Jn'ra,= ;el.=
Stanford= a,er.ee<= etc3 Concluí,os ue a apresentação total da
.i.lio'rafia seria desproporcional para a finalidade deste liro ue=
,al'rado sua extensão= é u, liro dos @ri,eiros @assos3 @or esse ,otio=
oferece,os aui apenas al'uns títulos ue possa, interessar ao leitor ue
desePe prosse'uir no estudo do assunto3
J  ColetMneas
Reista Co,,unications= n 1= 4670= ed3 Seuil= @aris (n/,ero dedicado a
Séxualités Eccidentales)3
*oca.ul-rio da @sican-lise= de ;3 Laplanche e ;3 %3 @ontalis= 462?= oraes
$ditores= Lis.oa3
*i"ncia  histIria= sexualidade e i,a'ens fe,ininas= 467?= $d3
%rasiliense= São @aulo3
Fe,inis, and @hilosoph9= 4622= Littlefield= Ada,s= and Co3= +oa ;erse93
018
&anação da +or,a  edicina Social e Constituição da @siuiatria no
%rasil= 4627= ed3 !raal= Rio de ;aneiro3
JJ  E.ras indiiduais
%ataille= !eor'es Lmérotis,e= 46>= ed3 4?_47= @aris3
%ettelhei,=
editora @a e%runo
Terra=Rio
A de
@sican-lise
;aneiro3 dos Contos de Fadas3 05 edição= 4626=
Castels= Ro.ert  Le @s9chanalis,e= 4674= ed3 Fla,,arion= @aris3
!uattari= Felix  Reolução olecular  pulsaçQes políticas do desePo=
4674= ed3 %rasiliense= São @aulo3
Freud= Si',und  La Jnterpretation de los Sueos (nas E.ras Co,pletas
e, tradução castelhana reista por Freud= e,.ora o leitor ue não leia
ale,ão possa ta,.é, consultar a Standard $dition= in'lesa)= in E.ras
Co,pletas= 46>2= $ditorial %i.lioteca +uea= adri= 4343
 Dna Teoria Sexual= ,es,a refer"ncia editorial= 4343
 etapsicolo'ia= ,es,a refer"ncia editorial= 4343
 Tote,9 Ta.u= ,es,a refer"ncia editorial= t3 JJ3
 JntroducciIn al @sicoanalisis= ,es,a refer"ncia editorial= t3 JJ3
Foucault= ichel  icrofísica do @oder= 4626= ed3 !raal= Rio de ;aneiro3
 BistIria da Sexualidade J= 4622= ed3 !raal= Rio de ;aneiro3
lein= elanie  Textos $scolhidos (introdução e notas por A,aonas
Ales Li,a e F-.io Ber,ann)= 4670= editora tica= São @aulo3
arcuse= Ber.ert $ros e Ciiliação= 46>2= ^ahar $ditores= Rio de
;aneiro3
ead= ar'aret  Sexo e Te,pera,ento= 4626= editora @erspectia= São
@aulo3
ean= Renato  Freud: a Tra,a dos Conceitos= 4670= editora
@erspectia= São @aulo3
illan= %ett9  E ue é A,or= col3 @ri,eiros @assos= 4671= ed3 %rasiliense=
São @aulo3
uraro=
Social noRoseare  Sexualidade
%rasil= 4671= da @etrIpolis3
editora *oes= ulher %rasileira  Corpo e Classe
Reich= ilhel,  A Reolução Sexual3 75 edição= 4671= ^ahar $ditores= Rio
de ;aneiro3
Dssel= ;os *an  Repressão Sexual= 467?= ed3 Ca,pus= Rio de ;aneiro3
01
"io%rafia
arilena de Soua Chauí é filha de Laura de Soua (professora) e de
+icolau Chauí (Pornalista)= so.rinha de Ja.el de Soua attos (artista)3 
,ãe de ;osé !uilher,e e de Luciana3 +asceu e, São @aulo e, sete,.ro
de 46843 *ieu e, @indora,a= onde fe o 'rupo escolar= e e, Catandua=
onde fe o 'in-sio no colé'io das ir,ãs de +3 S3 do Cal-rio3 Aos 4 anos=
retornou a São @aulo onde cursou o cl-ssico no Colé'io @residente
Rooseelt da rua São ;oaui,3 Fe a 'raduação e a pIs#'raduação e,
filosofia na Faculdade de Filosofia da rua aria AntVnia3 $, 46>2=
defendeu u,a tese de ,estrado so.re erleau#@ont9= so. a orientação do
professor %ento @rado ;/nior3 Co,o .olsista= passou dois anos na França
pesuisando so. a orientação do professor *ictor !oldsch,idt3 $, 46>6=
renunciando N prorro'ação de sua .olsa de estudos na França= re'ressou
ao &eparta,ento de Filosofia da DS@= onde= e, 462?= defendeu u,a tese
de doutora,ento so.re $spinosa= filIsofo ue seria ta,.é, tratado por
ela nu,a tese de lire#doc"ncia= defendida e, 46223 Fe a,i'os= perdeu
al'uns= conserou outros e dee ,uito a todos eles3 @or força da dupla
Pornada de
atenção uetra.alho (dona#de#casa
,erecia,= ne, cuidoue da
professora)
casa co,onão deueaos
deia filhos
uase toda a
se,pre
suas aulas= arti'os e confer"ncias ficara, a deer Ns suas prIprias
esperanças3 %e, ou ,al= pu.licou os liros: E ue é Jdeolo'ia e &a
Realidade se, istérios ao istério do undo  $spinosa= *oltaire=
erleau#@ont9Y e Se,in-rios= pela $ditora %rasiliense= Cultura e
&e,ocracia  E discurso co,petente e outras falas= pela $ditora oderna3
01>
$SCRJTES &E @RA^$R
SRJ$ $RTJCA
@ARA S$R CALD+JA&E # @oe,as erIticos @aul *erlaine3 Trad3: Beloísa ;ahn
Forte de,ais para ser pu.licada nu,a época ainda ,er'ulhada no
Ro,antis,o= a poesia erItica de *erlaine é u, dos se'redos ,ais .e,
'uardados da literatura do século XJX3
$SCRJTES @ER+E!R\FJCES
%orls *ian Trad3: Beloísa ;ahn
/sico= co,positor= teatrIlo'o= roteirista= a,i'o de Sartre= *ian che'ou a
ser proi.ido na França= so. a acusação de atentado ao pudor3 +o entanto=
para ele= a perersidade não estaa na porno'rafia= ,as na ca.eça da
cada leitor333
012
@ADL *$+$:
&$ !R$!ES A REA+ES
$L$!JA $RTJCA REA+A
E a,or= a poesia e o Ecidente
ais ue
realia u,u,a leitura
ensaio des,istificadora
so.re desse
a si'nificação do '"nero
a,or liter-rio=
e da poesia no@aul *e9ne $
Ecidente3
reela ue= na Anti'Gidade= o a,or não tinha o ,es,o si'nificado de hoPe:
te,ia#se a paixão co,o se te,e, as doenças333
ACR$&JTA*A ES !R$!ES $ S$DS JTES $nsaio so.re a i,a'inação
constituinte
Co,o é possíel acreditar pela ,etade ou acreditar e, coisas
contraditIrias @artindo da relação dos 're'os co, seus ,itos= @aul *e9ne
propQe ue= e, e de crença= dee,os falar e, erdade3 $ a erdade
não é ,ais real ue o ,ito: os ho,ens a inenta,= co,o inenta, a
histIria333
E J+*$+T\RJE &AS &JF$R$+AS BistIria e sociolo'ia
Wual o erdadeiro papel da histIria To,ando e,prestado conceitos
pertinentes Ns ci"ncias hu,anas= a erdadeira histIria é sociolI'ica= não
se li,itando si,ples,ente a narrar3
FR$D&=
@$+SA&ER &A CDLTDRA
Renato ean
D, aconteci,ento ,arcante no panora,a cultural .rasileiro e= no M,.ito
da @sican-lise= u, erdadeiro terre,oto3(333) A ori'inalidade e
inentiidade de u, estudioso ue parte de seus prIprios sonhos para
che'ar a u,a an-lise cintilante da teoria freudiana3
-rio Sér'io Conti  *ePa
D, liro a,i'o= a'rad-el e ele'ante= ue se deer- tornar co, certea
u,a espéciee de
psicanalistas não co,panheiro de leitura
psicanalistas3 +ão decerto da
u, o.ra de ,as
,anualY Freud= para
uase u,
ro,ance de ,istério= so.re o ,istério da criação da @sican-lise3
F-.io Berr,ann3  Folheti,
@ercorrendo os ca,inhos da constituição da @sican-lise= ean= co,
sIlido e,.asa,ento teIrico= fa u,a leitura da o.ra de Freud ue lea
e, conta a i,portMncia do inconsciente do ho,e, Freud3
$thel Alaren'a Pornal do %rasil
CAJ+BES &E &$S$;E $ &E @E&$R
S$XDALJ&A&$S ECJ&$+TAJS
Contri.uição para a histIria
para a sociolo'ia da sexualidade3
@hilippe Aries e André TePin (or's3)
Wuais as ori'ens do casa,ento E a,or é diferente no casa,ento e fora
dele Wue espaço ocupa o auto#erotis,o nas doutrinas e costu,es Wual
a hportMncia atual da o,ossexualidade $stes são al'uns dos pol",icos
arti'os dessa coletMnea= assinados por i,portantes intelectuais franceses=
co,o ichel Foucault= @aul *e9ne= Bu.ert Font e outros3
R$CER&AR FEDCADLT
Renato ;anine Ri.eiro (or'3)
D,a ho,ena'e, N o.ra e aos te,as de ichel Foucault= pedra an'ular
da filosofia conte,porMnea3 Eri'inais a.orda'ens das o.ras de +ietsche=
achado de Assis e %audelaire= e insti'antes isQes so.re sexualidade=
política e loucura3 Falas inuietantes de 'randes talentos do nosso
pensa,ento3

&ata de conclusão da leitura: 8 de outu.ro de 0??73

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