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A TENTAÇÃO

"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade


o Espírito é pronto, mas a carne é fraca." (Mateus, 26:41)

Todos os seres humanos estão mais ou menos sujeitos à tentação. Quando alguém vence uma delas, pode-se
dizer que alcançou uma vitória sobre um inimigo.

Ela se faz sentir sobre os bons, sobre os maus, sobre os viciosos, mas também sobre aqueles que não são
portadores de vícios. Espíritos de ordem elevada, tais como Paulo de Tarso, o Apóstolo Pedro e Maria
Madalena, quando encarnados na Terra, sofreram o impacto pernicioso das tentações.

Segundo o evangelista Mateus (4:1-11), o próprio Jesus Cristo foi tentado no deserto. Nesse particular, embora
encaremos a narrativa apenas em seu sentido simbólico, uma vez que nenhum Espírito das trevas ousaria
enfrentar o Mestre, devemos manter-nos vigilantes e em estado de oração, para evitarmos enveredar por esse
caminho e vir a sofrer essa influenciação danosa e as mais das vezes persistente.

No caso específico de tentação de Jesus no deserto, é óbvio que o ensinamento serve apenas para nos alertar,
sustentando que mesmo os Espíritos de ordem elevada, quando encarnados na Terra, podem sofrer esse tipo de
influenciação. O Mestre jamais poderia ser tentado pelas seguintes razões:

- Satanás é apenas uma figura lendária. Não existem seres criados eternamente para a prática do mal e nem
príncipe dos demônios;

- Seria uma incoerência, oferecer-se o domínio de todos os reinos da Terra a um enviado de Deus que, pouco
depois afirmava não ser dele o reino deste mundo.

A descrição evangélica afirma que Jesus Cristo estava no deserto e as propostas do utópico Satanás foram
formuladas no pináculo do Templo e em cima de um monte, o que nos parece um tanto incoerente e
inverossímil;

- Os Espíritos trevosos fugiam espavoridos diante de aproximação do Senhor, haja vista o caso do possesso
gadareno.

Uma versão da prece chamada Oração Dominical contém um texto que é um tanto contraditório, o qual diz:
Não nos induzais à tentação, o que leva o homem a erroneamente supor que Deus induz seus filhos à tentação.
Isso jamais acontece, pois a tentação não é imposta pelo Pai, ela surge em nosso caminho por um imperativo da
lei de ação e reação, responsável pelo nosso aprimoramento espiritual. O objetivo das tentações é de nos
propiciar meios de um dia nos tornarmos Espíritos perfeitos e puros, refratários às tentações de quaisquer
gêneros, que venham a surgir em nosso caminho. O texto mais correto e que é freqüentemente usado naquela
oração é: Livrai-nos das tentações.

O homem deve lutar contra toda e qualquer tentação que surgir em sua trajetória. Quando ele não lhe opõe
resistência, aí é que aparecem os, problemas na vida presente e amargas expiações nas vidas futuras.

As tentações aparecem sob os mais variados aspectos, desde as mais singelas até as mais agudas: as que surgem
quando o homem vive na riqueza material, quando desfruta do poder, quando é dominado pela avareza, pela
sensualidade, pelo orgulho, pela vaidade ou por outras formas de violações.

Existem tentações que se apresentam do modo mais sutil e, se não houver vigilância constante e o persistente
apelo à oração, o homem que sofre esse tipo de influenciação acaba mergulhado no descalabro moral e
espiritual.

- Herodíade foi tentada pelos sentimentos de vingança que se haviam aninhado em seu coração, o que a levou,
através de Salomé a obter o consentimento de Herodes para que se consumasse a decapitação de João Batista.
- Judas Iscariotes não conseguiu vencer a tentação do enriquecimento ilícito, por isso não hesitou em entregar o
Mestre aos seus algozes, mediante a retribuição de trinta moedas de prata.

- Maria Madalena foi tentada por sete Espíritos atrasados. Não fora a interferência de Jesus Cristo e ela ter-se-ia
chafurdado: ainda mais no lodaçal de vícios tenebrosos.

- Paulo de Tarso foi tentado a perseguír os cristãos, levado por um falso zelo religioso. Não fora a estrondosa
manifestação espiritual da Estrada de Damasco, e ele teria fracassado, com toda a certeza, no desempenho da
missão que lhe estava reservada.

Paulo A. Godoy

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