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A Tragédia de Brumadinho
A Desativação Também Necessita de
Licenciamento Ambiental
Artigo científico comprova que capina
química em Marau/RS contamina o rio que
abastece a cidade
Resolução 372 e a Destruição dos Rios
Urbanos
Na postagem anterior discuti sobre a proibição da capina química em área urbana. Ao final da
postagem citei a crescente utilização do extrato pirolenhoso pelos municípios como dessecante
“ecológico”. Agora iremos discutir sobre a utilização deste extrato.
Categorias
O extrato pirolenhoso (EP) é um liquido proveniente da condensação da fumaça da queima de
madeira utilizada para obtenção do carvão. É um subproduto da atividade de carvoaria. Utilizado Arborização Urbana
no Japão há milênios, começa a ganhar espaço no Brasil. É uma substância ácida, composta Capina Química e Mecânica
basicamente por alcatrão, ácido pirolenhoso, e óleos vegetais, os quais contêm por volta de 200 Denúncias / Fiscalização Ambiental
agrotóxicos nas lavouras e aumentar a produtividade com a adubação do solo. Licenciamento de Mineração
Licenciamento Florestal
Mas como toda substância ou atividade, também pode causar danos. Licenciamento Industrial
Meio Ambiente
Podemos fazer um paralelo com o extrativismo vegetal. Geralmente esta atividade é sustentável
Notícias
e ecologicamente correta. Porém, com o aumento demasiado da demanda e a perspectiva de
Outorga de Direito de Uso dos Recursos
grandes lucros, os extrativistas podem passar a retirar a matéria prima da floresta de forma
Hídricos
predatória. O mesmo pode ocorrer com o extrato pirolenhoso: com o aumento da procura, ao
Planos de Gerenciamento de Resíduos
invés da obtenção da substância como uma atividade suplementar, muitas carvoarias podem ser
Sólidos – PGRSS, PGRS, PGRCC
abertas visando ou priorizando a obtenção do extrato, anulando o benefício da diminuição das
Recursos Hídricos Superficiais
emissões, ou até aumentando as emissões.
Outro ponto possivelmente negativo do extrato pirolenhoso é seu efeito herbicida, o qual
começou a ser indevidamente utilizado. Esta característica é devido à alta carga de nitrogênio,
que provavelmente mata as plantas por desidratação, pois torna o meio hipertônico em relação Contador de visitas
ao interior da mesma.
Antes de prosseguir, é necessário definirmos a palavra agrotóxico. De acordo com a Lei nº.
7.802/89, agrotóxicos e afins podem ser definidos como:
Como mencionei na última postagem, em 2010 a ANVISA publicou uma nota técnica informando
sobre a proibição da utilização de qualquer substância para capina química em área urbana.
Inclusive em 2016 saiu uma nova nota técnica. Segundo a ANVISA “a prática da capina química
em área urbana não está autorizada pela ANVISA ou por qualquer outro órgão, não havendo
nenhum produto agrotóxico registrado para tal finalidade (grifos meus).”
Já esta reportagem aqui mostra a compra e utilização do extrato pirolenhoso pela prefeitura de
Dom Feliciano/RS, inclusive com fotos da aplicação do produto nas calçadas. Na reportagem diz
que o extrato pirolenhoso possui “base orgânica”; o que pode levar as pessoas a entenderem
que por isso é seguro. Muitos agrotóxicos, como os organofosforados e organoclorados,
possuem base orgânica e nem por isso são mais seguros do que muitas substâncias
inorgânicas.
Não estou dizendo que o extrato pirolenhoso é tão perigoso quanto os organofosforados ou
clorados, mas apenas que o argumento de que são seguros porque possuem base orgânica,
não procede.
Lógico que entre utilizar uma substância muito agressiva e tóxica e uma nem tanto, sempre será
melhor utilizar a menos tóxica. Porém existe a terceira opção, mais inteligente, que é não utilizar
substância nenhuma tóxica.
É possível encontrar muitos outros municípios que estão comprando o extrato para o mesmo
fim, inclusive Marau. Aqui o Conselho de Meio Ambiente aprovou e pagou (ou vai pagar) a
compra de grande quantidade de extrato pirolenhoso como “dessecante ecológico”. Apesar da
orientação e avisos de que a substância não é autorizada para utilização na capina química, os
administradores continuam adquirindo a substância.
A secretaria de agricultura do Estado do Rio Grande do Sul editou uma cartilha onde trás
informações básicas a respeito do extrato pirolenhoso e indica seus usos. Como mencionado
anteriormente, nunca se fala em efeito herbicida. Isso porque substâncias com grande
quantidade de Nitrogênio podem causar danos ao meio ambiente, como eutrofização, produção
de substâncias mais tóxicas do que as originais, extinção dos microrganismos e quebra da
biodinâmica do ambiente, etc.. Também a alta carga de N pode produzir substâncias tóxicas e
cancerígenas, como os nitritos e nitratos, os quais podem ser carreados em grande quantidade
para os rios e lagos. O próprio pH do extrato, que é ácido, pode alterar o pH do solo, da água, e
dos microambientes, diminuindo a diversidade nestes locais. Por isso seu uso deve restringir-se
apenas às situações autorizadas pelos órgãos competentes, o que não inclui a capina química.
Porém, quero deixar bem claro que acredito que a utilização do estrato pirolenhoso na
agricultura, na indústria de cosméticos, alimentícia, e em outras áreas, é extremamente
benéfica, e deve ser incentivada. Minha ressalva aqui é em relação ao uso como herbicida em
área urbana, o qual ainda não há nenhum produto autorizado pela ANVISA.
Como mencionei acima, nenhum método de remoção de vegetação na área urbana chegará
próximo da segurança e sustentabilidade da capina mecânica. Por isso todos os países
desenvolvidos do mundo utilizam métodos mecânicos para limpeza de logradouros e terrenos,
como exemplificado no vídeo abaixo; esta é a direção que estamos indo e provavelmente será o
caminho de todo o mundo civilizado.
1. ivanildo lins
21 de dezembro de 2015 at 7:40
Você vende produtos de capina mecânica, se não? parece.
4. junio fernandes
10 de agosto de 2016 at 20:05
O uso do pirolenhosos é relativo, pois para capina isso gera danos por ser usado em
grandes extensoes ate mesmo absorvendo pela terra e poluindo aguas e terra destruindo a
biodinamica do planeta, em pequenas plantaçoes como vasos domesticos é melhor que
usar algo quimico, na agricultura o uso esta crescente, diminui a fabricação de venenos
quimicos. veja bem, se essa fumaça iria para o ar em poluição e ela esta concentrada
sendo utilizada nao seria a mesma quantidade dela no ar espalhado?
5. Carlos Alberto
22 de agosto de 2016 at 11:56
É sempre muito importante o estudo e a comprovação das teorias!!! Parabéns pelo trabalho
e que não desista com opiniões diferentes da sua, só tome cuidado com os resultados para
sejam benéficos!!
6. silica gel
19 de novembro de 2016 at 12:33
Muito bom, parabéns
7. Jorge
1 de janeiro de 2017 at 14:31
Entao vi os comentarios achei interessante, porem quando se fala de liberaçao de
nitrogenio, a capina quimica seria feita a cada 30 a 45 dias conforme as chuvas, que
lembrando as chuvas tambem libera nitrogenio, tambem esse volume de calda quando se
trata de dessecagem sao volumes pequenos para pegar atingir uma vegetaçao existente,
assim sendo vai atingir o solo quantidades minimas, sei q temos que ter o maximo de
cuidado pois se trata de produtos quimico, porem a capina mecanica c enxadas tambem
degrada o solo com as frequentes raspagens…alem das capinas quimicas serem mais
rapidas, mais baratas e praticas…
9. Antonio da Silva
3 de fevereiro de 2017 at 23:28
O extrato pirolenhoso é utilizado a seculos por chineses e Japoneses e tem sido utilizado
com sucesso na agricultura organica e na dissecação é seguro sempre em dosagens
corretas
11. Caio
22 de março de 2017 at 7:25
Concordo com o texto sobre a sustentabilidade da capina mecânica fora do Brasil, porém
nosso país ainda carece de máquinas de qualidade, com preço acessível, sem falar na mão
de obra qualificada para operar e dar manutenção necessária, dessa forma acho que aqui
no Brasil a capina mecânica também não é sustentável, pode ser boa para o meio ambiente
e sociedade, mas ainda não é vantajosa economicamente.
Quanto ao extrato pirolenhoso, os municípios geram uma grande quantidade de madeira e
capina na roçagem da área municipal que atualmente não são utilizados em local nenhum e
aí fica minha dúvida, qual a desvantagem em utilizar a própria geração de resíduos vegetais
como produto para a produção de extrato pirolenhoso a ser utilizado na poda química na
área municipal?
15. Marcelino
22 de junho de 2018 at 10:01
Bem explicativo! Buscando informações sobre este tipo de material produzido em
carvoarias.
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