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A escola enquanto espaço de construção do conhecimento

RAIMUNDO PAULINO DA SILVA*

Resumo
O presente texto busca fazer uma reflexão acerca da informação,
conhecimento e aprendizagem escolar. Além disso, enfatizamos, do ponto de
vista teórico, a escola e seu papel histórico de ensinar, o que a nosso ver, têm
contribuído de modo eficaz para o sucesso daqueles que estão imbuídos no
contexto da relação pedagógica. Defendemos ainda, na escola e na aula,
práticas pedagógicas que direcionem o ensino pautado na produção de
conhecimentos e não apenas em sua reprodução. Por fim, entendemos ser de
extrema relevância o papel da escola quando procura-se atingir o seu
objetivo que são as aprendizagens.
Palavras-chave: Escola; Conhecimento; Aprendizagem

Abtract
This text seeks to make a reflection about information knowledge and school
learning. Furthermore, we emphasize, from the theoretical point of view, the
school and its historic function of teaching, what in our opinion, have
contributed effectively to the success of those who are imbued in the context
of the pedagogical relationship. We stand still in school and classroom
pedagogical practices that direct the education based on production of
knowledge and not just in its reproduction. Finally, we believe it is
extremely important the role of school when seeks achieve your goal that are
learning.
Key words: School; Knowledge; Learning.

*
RAIMUNDO PAULINO DA SILVA é doutorando em Ciências da Educação pela Universidade
de Coimbra – Portugal.
Introdução uma reflexão
pedagógica, levando
Vivemos, nestas
em conta a nossa
últimas décadas,
experiência docente
épocas de
nas diversas etapas da
transformações e
educação básica.
mudanças nos mais
variados aspectos. As A educação, portanto,
relações entre os constitui-se como a
humanos vêm prática mais humana,
tornando-se muito mais considerando-se a
complexas e profundidade e
problemáticas, entre amplitude de sua
outras e dilui-se muito rapidamente, influência na existência dos homens
como diz o sociólogo contemporâneo (Gadotti, 2010). Por essa razão,
Bauman (2007). E um dos pontos acrescenta este autor, a educação é mais
chaves que deve-se ter em conta, para se vivenciada do que pensada. Nas
compreender as questões que permeiam afirmações de Boavida e Amado (2008),
o contexto social atual, assenta-se no a educação é uma realidade complexa
modo como nos comunicamos, nos de práticas e processos, objectivos e
manifestamos e como utilizamos os subjectivos, mediante os quais o
meios de comunicação, onde a educando se transforma – a criança e o
linguagem, essencialmente, tem lugar jovem em adulto, o adulto num ser
neste mundo tão complexo em que completo e “melhor” – em ordem a um
estamos inseridos. desenvolvimento que se pretenda
integral. E este conjunto de elementos
A vida humana não é um conceito está inserido no contexto da educação
ideológico, mas uma concepção política escolar no qual a “escola” se configura
na qual encontramos a sedimentação de como o espaço mais adequado para a
valores e normas que nossa vida social produção do conhecimento
compreende como fundamentais. E o sistematizado.
mundo social, repleto de múltiplas A escola: uma breve reflexão
complexidades é construído por um histórica e conceitual
conjunto de problemas criados pelo
próprio homem, mediante as variadas e E a escola, tal como a conhecemos hoje,
controversas relações sociais que o é uma construção histórica recente. Na
define, de entre elas, evidenciam-se as América Latina, os sistemas escolares
que se estabelecem no contexto escolar, constituíram-se praticamente no século
as quais têm-se constituído nas mais passado (CANDAU, 2007). E esta
variadas práticas pedagógicas por parte escola, no dizer de Gouveia-Pereira
dos docentes, destacando-se três (2008) é uma das instituições
aspectos importantes: a informação, o extrafamiliares, a que a sociedade tem
conhecimento e aprendizagem. Nesse confiado à tarefa de socializar as
contexto, elegemos como objetivo do crianças e os jovens, no sentido da sua
presente artigo, fazer uma análise a inserção no mundo social. Além da
partir do que seja a escola do ponto de escola, ser um local de aprendizagem de
vista teórico e compreendê-la como um diferentes saberes e de formas de
espaço de construção do conhecimento socialização, é também um espaço de
sistematizado, tendo como metodologia, construção de normas e valores sociais
(VALE; COSTA, 1994 apud As problemáticas atuais que envolvem a
GOUVEIA-PEREIRA, 2008). escola são, em grande medida, oriundas
das transformações que a sociedade
Nesse sentido, a escola configura-se
contemporânea vivencia; nesse sentido,
como o espaço institucional e se
estas transformações, refletem-se nas
constitui o palco das diversas
diversas interações que ocorrem no
interações, sobretudo entre os
contexto da escola, sobretudo no espaço
intervenientes, professores e alunos e na
da sala de aula, e têm tornado cada vez
relação entre eles, na qual aparecerão a
mais complexa a natureza das relações
autoridade e o poder, num primeiro
que se estabelecem no cotidiano escolar.
momento, representados na figura do
professor. Nesse contexto, a escola No entanto, pensar a escola, no
permite o confronto diário com normas momento atual e especialmente no
e regras de comportamento mundo Ocidental, requer de nós,
institucional, que vão para além das educadores, uma reflexão sobre a sua
relações pessoais e informais importância e seu papel na sociedade
(GOUVEIA-PEREIRA, 2008). em que vivemos. Uma sociedade
Gadotti (2007), por sua vez, argumenta marcada pelas suas múltiplas
que a escola é um lugar bonito, um complexidades que a vivencia e dentre
lugar cheio de vida, seja ela uma escola elas, destaca-se, a avalanche de
com todas as condições de trabalho, seja informações que são despejadas através
ela uma escola onda falta tudo. Mesmo das tecnologias mais diversas e que as
faltando tudo, nela existe o essencial: tornam viver-se numa sociedade da
gente. Nessa mesma linha de informação e do conhecimento. Boa
investigação, a escola deveria ser o parte das tais complexidades,
local apropriado para práticas produzidas no contexto da vida social,
democráticas, ou seja, um espaço em certamente, reflete e influencia no
que todos os sujeitos envolvidos contexto escolar, uma vez que a escola
tivessem oportunidade de expressar suas não pode ficar a margem dos meios
ideias, refletir sobre elas e defendê-las. técnicos e informacionais decorrentes
No entanto, ainda percebemos que dos avanços da ciência.
muitas práticas pedagógicas não Uma escola capaz de pensar
valorizam, suficientemente, as possíveis criticamente o presente e de imaginar
contribuições da escuta dos alunos para criativamente o futuro, contribuindo
o aprimoramento do processo para a sua realização através do
educacional (ROSADO, 2010). engajamento político em causas
E esta escola, por estar inserida neste públicas e da acção educativa
universo social e os problemas que os comprometida com o bem comum e o
atinge, tem sido alvo de vários estudos destino coletivo da humanidade, só
por se encontrar, no momento atual, pode ser uma escola deliberativa e
fazendo parte de um fenômeno social autónoma, de sujeitos produtores de
tão polêmico/complexo que tem-se regras (LIMA, 2005, p. 28).
caracterizado como preocupante para Noutro enfoque, Ferreira (2011, p. 28),
todos nós educadores – o qual afirma que a “escola tende a funcionar
evidenciamos e como a influência que como um instrumento de um
os meio tecnológicos e informacionais determinado poder político-cultural e é
têm na vida dos discentes e também dos tanto mais eficaz quanto se conjuga com
docentes. uma ampla dinâmica social e política”.
Nesse sentido, este autor questiona se a É ainda a escola o principal espaço e
escola está mais presente do que nunca lugar onde a sociologia da educação,
na formação dos cidadãos e o que num eventual cruzamento com as
devemos esperar dela, indaga o referido pedagogias críticas, se confronta com as
autor em seu artigo. Para ele, e trazendo teorias da resistência e as teorias do
um pouco para a nossa discussão em inter/multiculturalismo, assumindo,
torno da informação e do conhecimento, também ela, uma linguagem da
a escola não é mais a única fonte de possibilidade inconformada com a
conhecimento de massa (FERREIRA, denúncia e empenhada em construir
2011). alternativas concretas e inovadoras
(AFONSO, 2005, p. 144).
Nessa perspectiva, pode se pensar
vários factores ou conjunto de factores Nessa perspectiva, é possível dizer que
que se imbricam dentro do contexto a escola tem a tarefa de aproveitar as
social e neste está inserida a “escola” experiências do sujeito diante da
com a sua função de ensinar e também incansável aventura humana de
de ser um espaço de produção e difusão desconstrução e reconstrução dos
do conhecimento. Para Saraiva (2004, p. processos imanentes à realidade dos
142), fatos cotidianos, buscando ampliar sua
A escola, hoje, não é mais a visão de mundo e almejando entender
principal detentora do saber. O os diferentes pontos de vista e assim,
papel do professor somente como procurar traçar orientações possíveis
transmissor do conhecimento não para a realização de um espaço escolar
tem mais lugar nesse espaço. É melhor (AQUINO, 1996, p. 52).
mais importante indicar onde o
aluno pode encontrar as Ainda para este autor, “a escola precisa
informações de que necessita para a de imaginação, livros e sala de aula.
construção do seu saber e como Educação é relação professor-aluno e
poderá transformá-las em sala de aula” (AQUINO, 2002, p. 13).
conhecimento do que ser um Nesta mesma obra o autor ainda diz que
repassador dos conteúdos de sua a “escola não é lugar de veiculação de
área. informação. É o lugar da desconstrução
Noutra perspectiva, a escola pode ser delas, para que seja possível interpretar
vista enquanto espaço relacional e, por o que acontece ao nosso redor, antes
isso, uma organização onde vivem, dele e para além dele” (p. 38).
convivem e trabalham professores, Complementando, assegura este
alunos e outros agentes em estreita pesquisador: “na escola não ensinamos
ligação e interdependência com o meio o que as coisas dizem, ensinamos o que
exterior (AMADO, 2000). Por outro elas querem dizer. Por isso, a escola é o
lado, o interesse que a investigação e, lugar do bom e velho passado”
mais recentemente, a própria (AQUINO, 2002, p. 163). Nesse
administração têm manifestado pela sentido, observa-se que a escola é o
Escola enquanto organização, único lugar em que podemos debruçar-
comunidade, sistema social e unidade nos sobre algumas ideias acerca do
de gestão, constitui uma das tendências mundo e da vida segundo o pensamento
mais sugestivas do estudo e do referido autor.
desenvolvimento dos sistemas
Um ponto que merece sublinhar quanto
educativos, desde o inicio dos anos
à função da escola e esta, conforme
oitenta (BARROSO, 1996).
Aquino (2002, p. 71) tem como objetivo
escolar básico, pelo menos como o bancos escolares, especialmente o da
entende-se, é o de fomentar a escola pública, tem muita dificuldade de
curiosidade e a postura indagativa do se apropriar do conhecimento dado e,
aluno, por meio da reflexão e do desse modo, não consegue organizar o
questionamento constantes. Em suma, seu próprio pensamento. É de se
para este educador, a escola é o espaço entender, talvez, que esta dificuldade
não só de acolhimento das diferenças não seja por culpa exclusivamente deles
humanas e sociais encarnadas na (os alunos), mas seja fruto de resultados
diversidade de sua clientela, mas de um processo educacional que lhes
fundamentalmente o locus a partir do fora imposto de forma meramente
qual se engendram novas diferenças, se vertical ou tradicional. Portanto, o que
instauram novas demandas, se criam seria “tradicional” no contexto
novas apreensões acerca do mundo já educacional? Uma educação voltada
conhecido. Em outras palavras, escola é, para a “decoreba”, por exemplo, a
por excelência, a instituição da utilização de questionários fechados
alteridade e do estranhamento, marcas onde o aluno memoriza as respostas só
indeléveis da medida de para aquele momento que é o da prova.
transformalidade da condição humana Nesse modelo de ensino, o aluno acaba
(AQUINO, 2000). por acertar todas as questões, mas ao
final do processo de avaliação, termina
por não compreender absolutamente
nada do que fez; ele apenas reproduziu
o que foi percebido de forma mecânica
e certamente não ocorreu aprendizagem.
Neste aspecto, Paulo Freire (1987)
denominou tal método (tradicional) de
educação bancária no qual só o
professor sabe e o aluno não sabe, entre
outros.

No entanto, a construção do
A construção do conhecimento conhecimento não pode ocorrer se
sistematizado no contexto da sala de utilizando apenas de práticas educativas
aula tradicionais, conforme citada, em nossas
salas de aula. A construção do
Concebendo-se o conceito de conhecimento no tocante á relação
‘educação’ como processo sociocultural professor-aluno se dá na sala de aula e,
de construção do conhecimento, como sobretudo nos diálogos entre ambos.
argumenta Possari (2004), o qual busca- Segundo Morales (2004), a relação
se, em primeiro lugar, quando se fala do professor-aluno abrange todas as
contexto escolar, não confundir os dimensões do processo de ensino-
termos “informação” com aprendizagem que se desenvolve na sala
“conhecimento”. Podemos dizer, à de aula.
partida, que uma das principais funções
do docente é fazer com que as Nesse sentido, entende-se que a
informações sejam transformadas em produção do conhecimento se torne o
conhecimento. E para tal, o fazer principal objetivo da aprendizagem
pedagógico, não é tarefa tão simples, escolar cujo lugar mais adequado para
pois o alunado atual que frequenta os isso seja o da sala de aula.
Conhecimento aqui defendido como Portanto, o que caracteriza a atual
apropriação de um saber específico e revolução tecnológica não é a
produzido essencialmente no contexto centralidade de conhecimentos e
escolar. Outro educador faz uma crítica informação, mas a aplicação desses
ao termo transmissibilidade quando diz conhecimentos e dessa informação para
que “um certo saber teórico-prático a geração de conhecimentos e de
assim como de sua transmissibilidade – dispositivos de
é preferível dizer recriação” (AQUINO, processamentos/comunicação da
2000, p. 30). informação, em um ciclo de
realimentação cumulativo entre a
Esta passagem significa uma crítica à inovação e seu uso. Consequentemente,
transmissão-assimilação dos conteúdos a difusão da tecnologia amplia seu
e o conhecimento, mais uma vez, em poder de forma infinita, à medida que
nosso prisma está voltado para a usuários apropriam-se dela e a
produção do conhecimento e não para a redefinem. As novas tecnologias da
transmissão de conteúdos, informação não são simplesmente
simplesmente. Este mesmo autor ainda ferramentas a serem aplicadas, mas
diz que o objeto do trabalho escolar é processos a serem desenvolvidos.
fundamentalmente o conhecimento Usuários e criadores se tornam a mesma
sistematizado, e seu objetivo, consiste coisa. Dessa forma, os usuários podem
na recriação deste. assumir o controle da tecnologia, como
no caso da rede mundial de
Não obstante, tal argumentação focar, computadores, internet.
em sua essência, nos elementos que se
constituem a “comunicação” e sua Castells (2004, p. 237) afirma que “a
relação com a “educação”, priorizamos internet é um novo meio de
estes constructos de modo a comunicação e todas as áreas da
contemplarmos a proposta que atividade humana estão a ser
adotamos, ou seja, a defesa de uma modificadas pela penetrabilidade de seu
prática docente na qual haja a uso”. A difusão dessa nova forma de
construção do conhecimento comunicação mediada por
sistematizado. A conclusão que computadores se tornou muito rápida a
chegamos, reside no facto de partir dos anos 1990 até os dias atuais
compreender que, no âmbito da sala de “assim abrindo, o caminho para a
aula, deva se procurar estratégias de avaliação de seus impactos sociais”.
ensino que busquem a reapropriação do Esse novo momento da comunicação e
conhecimento, através da relação informação que as sociedades
dialógica e não de métodos meramente vivenciam, por meio de vários recursos
tradicionais onde se predomina a tecnológicos, tais como a televisão, o
reprodução de saberes, a conhecida telefone, o celular e, principalmente, o
“decoreba”. Assim, esperamos ter computador vem alterando
contribuído de alguma forma, para que significativamente a forma de viver,
de facto a construção do conhecimento aprender e intervir na atualidade. Nessa
ocorra em nossas salas de aula e a mesma linha de pensamento, uma das
seguir, esta prática ainda tão distante, investigadoras nessa área, diz-nos que a
seja mais eficazmente adotada pelos imprensa, o cinema, o rádio, a televisão
professores, especialmente os da e a Internet, entre outros meios de
educação básica. comunicação, para além de conviverem,
interagem hoje de uma forma contexto educacional, sobretudo a partir
simultaneamente extraordinária, das novas tecnologias, observando as
intimidante, por vezes quase irreal e, limitações e potencialidades de se
para alguns (porque menos trabalhar com uma concepção
familiarizados com os novos media), até estruturada num pensamento de romper
desanimadora (MATOS, 2006). com as práticas educativas
‘tradicionais’, procurando desenvolver
Segundo Castells (2004, p. 317), “a novas formas de lecionar, de modo que,
galáxia internet é um novo ambiente de procure fazer com que os alunos
comunicação, porque constitui a pensem, reflitam e produzam
essência da atividade humana e todas as conhecimento.
áreas da atividade humana estão a ser
modificadas pela penetrabilidade dos E nesta perspectiva, um professor que
usos da internet”. É importante ressaltar procura tentar implementar um tipo de
que, ao referimos as novas tecnologias, prática docente um pouco diferenciada,
não estamos a falar só das tecnologias ou seja, daquelas ditas como
de última geração, como os “bancárias” no dizer de Paulo Freire,
computadores mais modernos, para encontra muita resistência por parte do
ficar só neste exemplo e, por essa razão, alunado, uma vez que este já incorporou
é preciso se entender todas as um tipo de aula considerada tradicional
transformações que a sociedade na qual já faz parte do cotidiano do
contemporânea esta a passar nestes ensino e de aprendizagem, o que ainda é
últimos anos e isso tem implicações, praticado por boa parte dos nossos
além dos contextos, histórico, social, pares; dessa forma, acaba-se por
econômico, político e cultural, repercute reproduzir o conhecimento em vez de, a
também no contexto da educação e em partir do já produzido, professores e
especial, na escola e na sala de aula. alunos, numa relação pedagógica mais
humanizada, construir novos
Conclusão conhecimentos.
Discutir a temática da escola enquanto Contudo, gostaríamos de dizer que uma
espaço social de produção do prática pedagógica em escola, em
conhecimento e de aprendizagem nos especial a pública baseada numa
dias atuais requer alguns conhecimentos concepção que implique em uma
e fundamentos epistemológicos da aprendizagem de qualidade, na qual
educação e suas problemáticas. Diante haja apropriação de saberes e que vise o
disso, procuramos fazer uma reflexão a desenvolvimento das capacidades
partir da escola enquanto espaço de cognitivas dos alunos ainda é possível,
produção do conhecimento e de mesmo encontrando resistências por
aprendizagem, entendendo ser de suma parte dos educandos que têm
importância pensar as incorporadas na sua cultura um ensino
relações/interações neste tão totalmente tradicional, ou seja, que não
problemático espaço que conhecemos, busque uma produção do conhecimento
enquanto ser humano, cidadão, docente sistematizado.
ou discente, que é a escola.
Por um lado, pode-se dizer que a
Todavia, acreditamos que a temática em utilização das tecnologias no meio
causa, tenha-nos permitido contribuir de educacional tem revolucionado de
alguma forma, para se repensar uma alguma forma a forma de pensar dos
prática docente mais adequada ao novo docentes, uma vez que tem exigido
destes, sobretudo algumas considerando tais aspectos, é importante
transformações, seja no modo de pensar ressaltar que o grande papel da escola
as estratégias para o “fazer docente”, ainda seja o de ensinar e objectivar a
seja para se apropriar das novas aprendizagem ou as aprendizagens e
tecnologias, o que pode garantir uma também que a escola não seja apenas
melhor formação e, consequentemente, um espaço de troca de informações e
propiciar aprendizagens de qualidade. sim, da produção do conhecimento. É
nesse sentido que reside o impacto das
Por outro lado, em meio a tantas TICs, através dos media de um modo
informações que advém das tecnologias geral, na educação, na escola e na sala
da informação e de comunicação, deve- de aula e porque não dizer, no contexto
se ter o cuidado, enquanto docente, para da relação pedagógica.
não acreditar que informação é
conhecimento. Acreditamos, portanto,
que o papel destas tecnologias seja de Referências
suma importância para a sociedade
AFONSO, A. J. A Sociologia da Educação em
actual e também para a educação Portugal. Elementos para a configuração do
escolar, sobretudo, porém, quando o “estado da arte”. In. TEODORO, A.; TORRES,
grande papel do professor seja o de C. A. (Orgs.). Educação Crítica e Utopia:
fazer com que tais informações possam Perspectivas para o século XXI. (. Porto:
ser transformadas em conhecimento, Afrontamento, 2005. p. 129-158.
junto ao corpo discente. Sabemos AQUINO, J. G. Confrontos na sala de aula:
também que não seja tarefa tão fácil uma leitura institucional da relação professor-
para o professor, pois se fazer com que aluno. São Paulo: Summus, 1996.
o aluno pense, é algo que requer a uma ________. Do cotidiano Escolar: ensaios sobre
boa formação tanto em termos a ética e seus avessos. 2. ed. São Paulo:
pedagógicos como saber fazer uso das Summus, 2000.
notas tecnologias da informação e ________. Diálogo com educadores: o
comunicação. cotidiano escolar interrogado. São Paulo:
Moderna, 2002.
Em síntese, acreditamos que todo esse
AMADO, J. A construção da disciplina na
conjunto de orientações apresentado escola: suportes teórico-práticos. Lisboa:
para se compreender a problemática Edições ASA, 2000.
actual, nomeadamente a da escola,
BARROSO, J. O estudo da escola. Porto: Porto
espaço onde deve buscar-se as
Editora, 1996.
aprendizagens, o impacto das TICs tem
tido lugar, perpassa as relações sociais e BAUMAN, Z. Vida líquida. Rio de Janeiro:
mais ainda pela relação pedagógica, Jorge Zahar, 2007.
algo que está além da relação professor- BOAVIDA, J.; AMADO, J. Ciências da
aluno. É nessa relação, na qual focamos Educação – Epistemologia, Identidade e
nosso olhar, uma vez que buscamos Perspectivas. 2. ed. Coimbra: Imprensa da
Universidade de Coimbra, 2008.
compreender os aspectos e elementos
que a constitui, dentre eles a busca pelo CANDAU, V. M. Interculturalidade e educação
conhecimento e mais especificamente, o escolar. In. CANDAU, M. V. (org.).
grande papel do professor, hoje, que é, a Reinventar a escola. 5.ed. . Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 47-60.
nosso ver, criar estratégias e ambientes
de aprendizagem, em especial, fazer que CASTELLS, M. A galáxia Internet – reflexões
com as informações sejam transformada sobre internet, negócios e sociedades. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
em conhecimento. Portanto, mesmo
FERREIRA, A. G. A Europa e a herança MATOS, A. Televisão e violência: para novas
cultural da escola. Revista Educação e formas de olhar. Coimbra: Almedina, 2006.
Questão, vol. 40, n. 26, p. 10-30, 2011.
MORALES, P. A relação professor-aluno: o
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de que é, como se faz. 5. ed. São Paulo: Loyola,
janeiro; 28. ed. Paz e Terra, 1987. 2004.
GADOTTI, M. A escola e o professor: Paulo ROSADO, C. T. C. L. Educação escolar para
Freire e a paixão de ensinar. São Paulo: crianças – o que dizem sujeitos deste direito?
Publisher Brasil, 2007. 2010. 197f. Dissertação (Mestrado). Programa
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Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010.
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POSSARI, L. H. V. Fundamentos e métodos
GOUVEIA-PEREIRA, M. Percepções de
da comunicação. Curitiba; IBPEX, 2004.
justiça na adolescência: a escola e a
legitimação das autoridades institucionais. SARAIVA, I. S.. Aprendendo com alunos: uma
Coimbra: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008. experiência dialógica no curso de pedagogia
anos iniciais. In. MUHL, E. H.; ESQUINSANI,
LIMA, L. C. Escolarização para uma educação
V. A. (Orgs.). O diálogo ressignificando o
crítica: a reinvenção das escolas como
cotidiano escolar. Passo Fundo, RS: UPF
organizações democráticas. In. TEODORO, A. ;
Editora, 2004. p. 124-152.
TORRES, C. A. (Orgs.). Educação Crítica e
Utopia: Perspectivas para o século XXI. Porto:
Afrontamento, 2005. p. 19-32.

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