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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE PSICOLOGIA

Projeto de Pesquisa Experimental


Fobia Alimentar – Rejeição à abobrinha
Psicologia da Percepção

Rio de Janeiro
junho /2017
I – INTRODUÇÃO:

A alimentação humana é um fenômeno que envolve diversas variantes, que


ultrapassam a questão fisiológica de recuperar o equilíbrio homeostático. No
alimentar-se, encontram-se envolvidos diversos fatores psicológicos, culturais,
emocionais, motivacionais além do aspecto biológico de sobrevivência. Estudos
comprovam que os hábitos alimentares saudáveis e também os não saudáveis estão
intrinsecamente relacionados às experiências vividas na fase infantil e que são
perpetuadas e evocadas durante toda a vida do indivíduo. As lembranças
relacionadas aos momentos em que determinados alimentos foram apresentados
podem evocar boas e más recordações, as quais incentivarão a experimentação de
novos alimentos ou a rejeição a alimentos já conhecidos ou a novos alimentos – a
neofobia alimentar.

II – TEMA DA PESQUISA:

Fobia alimentar – rejeição à abobrinha verde.

III – PROBLEMA DE PESQUISA:

Qual a probabilidade da família influenciar na fobia alimentar –


particularmente no caso da rejeição à abobrinha verde.

IV – HIPÓTESE DE PESQUISA:

A família, os fatores sociais, ambientais e culturais exercem grande influência


no aparecimento da neofobia alimentar das crianças e que muitas vezes pode ser
observada em outras fases da vida humana. Segundo Rossi et al (2008), os hábitos
alimentares da idade adulta estão diretamente relacionados aos aprendidos na
infância.

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Se nós conseguirmos que as crianças tenham boas lembranças dos
momentos em que elas estão lidando com frutas, verduras e
legumes, certamente uma abobrinha não será mais “aquela coisa
verde que minha mãe me obriga a comer”. (PETTY, 2017).

Segundo Rossi (2008) os pais têm um papel relevante no processo da


aprendizagem das preferências e dos hábitos alimentares, podendo estimular uma
prática alimentar saudável para os seus filhos.

Nossas atitudes em relação à comida são normalmente aprendidas


cedo e bem, e são, em geral, inculcadas por adultos afetivamente
poderosos, o que confere ao nosso comportamento um poder
sentimental duradouro. (Mintz, 2001).

Neste roteiro de projeto para pesquisa experimental sobre a Fobia Alimentar,


pretende-se verificar a incidência à rejeição a legumes, especificamente à abobrinha
verde e levantar hipóteses sobre tal rejeição, tanto em relação à fobia por
experimentar um alimento novo – neofobia alimentar, ou por preconceitos causados
por experiências desagradáveis na fase da infância.
Outra hipótese a ser verificada neste experimento é a de que o preconceito
em relação ao legume pode estar associado à aparência do mesmo apresentado ao
indivíduo em alguma situação na infância ou à obrigação de comer imposta pelos
pais, tal como “abobrinha é aquele negócio verde que minha mãe me obrigava a
comer.”
A Neofobia é uma palavra de origem grega, onde o radical neo – significa
novo, recém, de novo – e phóbos – compreende a ação de horrorizar, amedrontar,
dar medo, expressando uma tendência para a repulsa do que é novo, o que se
torna assustador e suficiente para afastar o ser do objeto. (LUÍS, 2010).
Em relação às questões da alimentação, a neofobia é apresentada na
resistência à experimentação de novos alimentos e/ou a alimentos diferente dos
considerados “normais” pelo indivíduo, ou pertencentes ao seu “cardápio” alimentar,
desenvolvido a partir de sua infância. (CANHA, 2015).
O desejo e a coragem para a experimentação de novos alimentos é variável
de indivíduo para indivíduo. Enquanto alguns se dispõem e demonstram interesse
em experimentar novos sabores outros demonstram grande aversão, relutância ou
mesmo nojo em relação ao alimento em si, ou à simples menção a ele.
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A história pessoal e familiar e ainda o envolvimento cultural permitem
compreender o porquê do desenvolvimento dos hábitos alimentares.
O paladar, o aspecto, o preço, a facilidade em confeccionar, a
publicidade etc., mais do que o conhecimento dos benefícios para a
saúde, condicionam as escolhas alimentares que realizamos
(GLANZ, et al, 1998).

V – OBJETIVOS:

Verificar a probabilidade do preconceito adquirido na infância estar presente e


relacionado com a rejeição à abobrinha, pelos sujeitos da pesquisa, em quatro
variantes:
Sabendo que é abobrinha – qual a probabilidade de recusar-se a
experimentar o legume no prato oferecido?
Não sabendo que é abobrinha, qual a probabilidade de experimentar algo
novo/desconhecido.
Verificar a reação do sujeito ao saber que o prato oferecido é de abobrinha.
Se houver rejeição ao legume, será por neofobia – nunca haver provado ou
por preconceito resultante de experiências anteriores?

VI - METODOLOGIA:

VI. 1 – AMOSTRA – SUJEITOS

TIPO: estudantes da Universidade Estácio de Sá.


IDADE: Entre 20 e 58 anos
QUANTIDADE: 27 indivíduos – 06 homens e 21 mulheres

VI.2 - CRITÉRIO DE EXCLUSÃO:

Intolerância à lactose, uma vez que o experimento será realizado através de


um prato com abobrinha, leite e derivados.

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VI.3 – DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO

O experimento será realizado em três etapas: 1ª – prova de alimento à base


de abobrinha; 2ª – resposta a um questionário; 3º - levantamento de dados.

1ª ETAPA: Oferecimento de uma porção de “consomè” de abobrinha verde” a


dois grupos distintos de sujeitos.
O primeiro grupo – GRUPO 1 – composto por indivíduos aos quais foi
oferecido o prato sem que lhes seja informado o ingrediente – abobrinha – no
preparo do “consomè”.
O segundo grupo – GRUPO 2 – composto por indivíduos aos quais será
oferecido o prato “consomè de abobrinha verde”.

2ª ETAPA: Resposta a um questionário composto das seguintes perguntas:

SEXO: ( ) MASC. ( ) FEM.


COME LEGUMES: ( ) SIM ( ) NÃO
SUA MÃE OFERECIA ABOBRINHA À FAMÍLIA? ( ) SIM ( ) NÃO
SABIA QUE ERA CONSOMÈ DE ABOBRINHA? ( ) SIM ( ) NÃO
EXPERIMENTOU? ( ) SIM ( ) NÃO
GOSTOU? ( ) SIM ( ) NÃO
SE SOUBESSE QUE ERA CONSOMÈ DE ( ) SIM ( ) NÃO
ABOBRINHA, TERIA EXPERIMENTADO?
POR QUE NÃO GOSTA DE ABOBRINHA?
JÁ COMEU? ( ) SIM ( ) NÃO
EXPERIÊNCIA RUIM ( ) VISUAL ( ) PALADAR ( ) OLFATIVA

3ª ETAPA: Tabelamento dos dados com os resultados e verificação da


comprovação ou não das hipóteses levantadas na pesquisa.

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VI.4 – RECURSOS:

Neste experimento serão utilizados os seguintes recursos: copos térmicos;


garrafa térmica; consomè de abobrinha preparado com cebola, alho poró,
gorgonzola e requeijão; questionário impresso, canetas.

VII – RELATÓRIO EXECUÇÃO PESQUISA:

O estudo teve por objetivo geral, investigar hábitos do paladar quanto a


rejeição a alimentos nunca antes experimentados e ou de fobia alimentar. Estimular
os órgãos do sentido, respectivamente: visão, olfato e paladar.
O público alvo foi composto por homens e mulheres entre 18 e 58 anos,
estudantes universitários da Universidade Estácio de Sá, Campus Tom Jobim-Turno
noite.

O presente estudo foi realizado através de uma pesquisa de natureza


quantitativa, pelo método de amostras do referido alimento, com técnica de
entrevista através de perguntas.

Foi aplicado para seleção da amostra um processo de amostragem no qual o


indivíduo/sujeito não sabia o sabor/conteúdo da amostra, antes de experimentar. A
amostra continha em média 60ml por porção individual.
Sugeriu-se que para cada amostragem, por meio e para fim de segurança do
sujeito/indivíduo, aplicasse a seguinte pergunta: “é alérgico(a) ou possui intolerância
à lactose?", sem que nenhuma questão tivesse sido negligenciada ou não
interpretada corretamente.

VII. 1 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

A execução da pesquisa de campo foi realizada de forma criteriosa,


acerca da apresentação e higiene no preparo da amostra (consomé) e com o
cumprimento de procedimentos metodológicos na elaboração das questões a serem
respondidas pelos participantes, de forma que, fosse validada ou não, a questão da
fobia alimentar por um determinado legume, a abobrinha.
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VII. 2 PRÉ-TESTE E QUESTIONÁRIO

Foi realizado pré-teste do instrumento (consomé) para a verificação da


facilidade de aceitação de uma amostra do alimento, no qual o sujeito/indivíduo não
sabia do que se tratava, identificando apenas pelo sentido do olfato se o mesmo
possuía um odor agradável ou não, e pelo sentido da visão, a aparência da amostra.
Num terceiro e último momento, a aceitação ou não da amostra, deu-se pelo
paladar. Após esta avaliação, o questionário ao ser preenchido corroborou para
indicar se havia uma predisposição de repulsa e ou de aproximação, quanto ao
sabor do legume em epígrafe.
Com base nas respostas que nos daria subsídios para uma análise mais
contundente a respeito da fobia alimentar ou não, nos baseamos nas seguintes
perguntas subsequentes:
 Sexo
 Tem o hábito de comer legumes?
 Sua mãe oferecia abobrinha à família?
 Sabia que era consomé de abobrinha?
 Experimentou?
 Gostou?
 Se soubesse, teria experimentado?
 Já comeu?
 Experiência ruim: visual, paladar ou olfativa?

VIII – CONCLUSÃO:

De acordo com os objetivos determinados neste trabalho, o experimento nos


permitiu verificar que há grande probabilidade do preconceito adquirido na infância
estar presente e relacionado com a rejeição à abobrinha, pelos sujeitos da pesquisa.
Após planilhamento dos resultados, observamos que a maioria dos
participantes, dentro do grupo escolhido, foi do sexo feminino.

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SUJEITOS
MASCULINO
22%

FEMININO
78%

No segundo quesito do objetivo do experimento, 30% dos sujeitos que


provaram sem saber responderam que não teriam experimentado se soubessem
que se tratava de consomè de abobrinha – o que poderia indicar uma fobia ao
legume pesquisado. Entretanto, não foi possível estabelecer uma relação direta
entre à recusa e a existência de alguma experiência ruim anterior. Dos indivíduos
que responderam que se soubessem que era abobrinha não comeriam, 38% não
relataram qualquer experiência ruim anteriormente. 62% dos indivíduos relataram
alguma experiência ruim anteriormente, dentre as quais, a relacionada ao paladar da
abobrinha teve prevalência. Tais dados nos sugerem que não há necessariamente
uma relação entre um episódio de experiência ruim e a rejeição à abobrinha.

SE SOUBESSEM, NÃO
PROVARIAM
50%

38% 38% 38%

EXPERIÊNCIA NENHUMA VISUAL PALADAR OLFATIVA


RUIM

7
Outro dado relevante observado foi o alto percentual de mães que oferecem
abobrinha à família. Dentro da amostra, 78% dos indivíduos relataram que suas
mães ofereciam o legume à família.

Título do Gráfico
NÃO SIM

SE SOUBESSE, TERIA COMIDO? 30%


70%

EXPERIMENTOU 4%
96%

SABIA QUE ERA ABOBRINHA 81%


19%

MÃE OFERECIA 22%


78%

COME LEGUMES 19%


81%

Entre os indivíduos que rejeitariam provar se soubessem que era abobrinha, o


percentual de 100% de indivíduos relatou que suas mães não ofereciam abobrinha à
família. Tal resultado induz à conclusão de que as mães desempenham um papel
fundamental na rejeição à abobrinha, tornando verdadeira a hipótese e o problema
desta pesquisa, de que a família, os fatores sociais, ambientais e culturais exercem
grande influência no aparecimento da neofobia alimentar das crianças as quais
muitas vezes podem ser observadas em outras fases da vida humana, tal como no
experimento em questão.

SE SOUBESSE, TERIA
MÃE OFERECIA ABOBRINHA FAMÍLIA
EXPERIMENTADO?
S N S N
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1

4 2 4

8
O experimento permite inferir que 89% dos que experimentaram o consomè de
abobrinha gostaram da amostra servida, independente de comerem o legume ou de
terem tido experiências ruins anteriormente.

30

25

20

15

10

0
EXPERIMENTOU GOSTOU
SIM 26 24
NÃO 1 3

O experimento nos permite concluir que a apresentação do prato – questão


visual, a mistura de sabores, questões olfativas e de paladar, se agradáveis, tendem
a influenciar positivamente para que os indivíduos provem sabores desconhecidos.

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IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CANHA, Maria Borges. Avaliação da eficácia de uma intervenção educacional


na redução da neofobia alimentar em Idosos. Dissertação apresentada à Escola
Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa para obtenção do
grau de Mestre em Biotecnologia e Inovação. Lisboa, Portugal, 2015. Disponível
em <<https://repositorio.ucp.pt/handle/10400.14/21601>> Acessado em 19.04.17 às

GLANZ, K., BASIL, M., MAIBACH, E., GOLDBERG, J., & SNYDER, D. (1998).
Why Americans eat what they do: Taste, nutrition, cost, convenience, and weight
control concerns as influences on food consumption. Journal of the American Dietetic
Association, 98, pp: 1118-1126. In: VIANA, Victor. SANTOS, Pedro Lopes.
GUIMARÃES, Maria Júlia. Comportamentos e hábitos alimentares em crianças e
jovens: uma revisão da literatura. Psicologia, saúde & doenças 2008; 9 (Supl. 2), pp:
209-231. Disponível em << http://www.scielo.br/scielo.php? script= sci_nlinks&ref
=000137&pid=S1413-8123201300110002600031&lng=pt>>. Acessado em 20/04/17
às 8:00

LUÍS, L. Literacia em saúde e alimentação Saudável: Os novos produtos e a


escolha dos alimentos. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, Escola Nacional de
Saúde Pública (tese de doutoramento).IN: CANHA, Maria Borges. (2015). Avaliação
da eficácia de uma intervenção educacional na redução da neofobia alimentar em
Idosos. Dissertação apresentada à Escola Superior de Biotecnologia da
Universidade Católica Portuguesa para obtenção do grau de Mestre em
Biotecnologia e Inovação. Lisboa, Portugal, 2010. Disponível em
<<https://repositorio.ucp.pt/handle/10400.14/21601>> Acessado em 19.04.17 às
16:00

MINTZ, Sidney W. Comida e Antropologia, uma breve revisão. Revista


Brasileira de Ciências Sociais, Volume 16, nº 14, pp 31 a 40, outubro/2001.
Disponível em << http://www.uff.br/saudecultura/artigos-encontro-6/Texto08.pdf>>.
Acessado em 19/04/17 às 12:15.

PETTY, Maria Luiza. Criança na Cozinha. (2017) – Site de informações


disponível em <http://criancanacozinha.com/author/malupetty/>. Acessado em
18.04.17 às 22:00

ROSSI, Alessandra. MOREIRA, Emília Addison Machado. RAUEN, Michelle


Soares. Determinantes do comportamento alimentar: uma revisão com enfoque na
família. Revista de Nutrição, Campinas, 21 (6), pp: 739-748, nov/dez., 2008.
Disponível em << http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
52732008000600012>>. Acessado em 18/04/17 às 22:00

VIANA, Victor. SANTOS, Pedro Lopes. GUIMARÃES, Maria Júlia.


Comportamentos e hábitos alimentares em crianças e jovens: uma revisão da
literatura. Psicologia, saúde & doenças 2008; 9 (Supl. 2), pp: 209-231. Disponível em
<< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000137&pid=S1413-
8123201300110002600031&lng=pt>>. Acessado em 20/04/17 às 8:00

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ANEXO I

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SUMÁRIO
I – INTRODUÇÃO: ............................................................................................ 1

II – TEMA DA PESQUISA:................................................................................ 1

III – PROBLEMA DE PESQUISA: ..................................................................... 1

IV – HIPÓTESE DE PESQUISA: ...................................................................... 1

V – OBJETIVOS: .............................................................................................. 3

VI - METODOLOGIA:........................................................................................ 3

VI. 1 – AMOSTRA – SUJEITOS .................................................................... 3

VI.2 - CRITÉRIO DE EXCLUSÃO: ................................................................ 3

VI.3 – DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO ..................................................... 4

VI.4 – RECURSOS:....................................................................................... 5

VII – RELATÓRIO EXECUÇÃO PESQUISA: ................................................... 5

VII. 1 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ....................................... 5

VII. 2 PRÉ-TESTE E QUESTIONÁRIO ......................................................... 6

VIII – CONCLUSÃO: ......................................................................................... 6

IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 10

ANEXO I ......................................................................................................... 11

ANEXO II ........................................................... Erro! Indicador não definido.

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