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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

CARACTERIZAÇÃO DE VAZÕES EM ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS


NO RIO NEGRO

Lucas Araujo Pereira

JUIZ DE FORA

2013

1
Lucas Araujo Pereira

CARACTERIZAÇÃO DE VAZÕES EM ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS


NO RIO NEGRO

Trabalho Final de Curso apresentado ao


colegiado do curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Juiz de Fora, como
requisito parcial à obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Área de conhecimento: Engenharia Sanitária e


Ambiental

Orientador: Celso Bandeira de Melo Ribeiro

Juiz de Fora
Faculdade de Engenharia da UFJF
2013

2
CARACTERIZAÇÃO DE VAZÕES EM ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS
NO RIO NEGRO

Lucas Araujo Pereira

Trabalho Final de Curso submetido à banca examinadora constituída de acordo com o Artigo
9º do capítulo IV das normas de Trabalho Final de Curso estabelecido pelo Colegiado do
Curso de Engenharia Civil, como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de
Engenheiro Civil.

Aprovado em: 3 / 04 / 2013

Por:
_______________________________________
Prof. Celso Bandeira de Melo Ribeiro, D. Sc
(Orientador)

_______________________________________
Prof. José Homero Pinheiro Soares, D. Sc

_______________________________________
Prof. Otávio Eurico de Aquino Branco, D. Sc

3
AGRADECIMENTOS.

Agradeço a Deus por me dar suporte e fé que me guia e dá força para superar os desafios da
vida.

A minha família e namorada que me incentivam e fazem cada passo fazer sentido. Que nos
momentos mais difíceis são meu suporte e meu porto seguro.

Ao Prof. Celso Bandeira de Melo Ribeiro, que não mediu esforços para me ajudar e orientar
neste trabalho, teve paciência e sabedoria para me guiar neste momento de transição de aluno
a profissional.

Aos amigos que partilharam de todos os momentos de dificuldades e alegrias nessa fase
acadêmica.

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SUMÁRIO

1. RESUMO...................................................................................................7

2. INTRODUÇÃO........................................................................................8

3. OBJETIVO..............................................................................................10

4. REVISÃO DE LITERATURA..............................................................11

4.1 ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS.............................................11

4.1.1 CARACTERÍSTICAS.......................................................11

4.1.2 MEDIÇÃO DE VAZÃO.....................................................12

4.2 BACIAS HIDROGRÁFICAS......................................................12

4.2.1 DEFINIÇÃO.......................................................................12

4.2.2 SUB-BACIA.........................................................................13

4.2.3 MICROBACIA....................................................................14

4.3 OBRAS HIDRÁULICAS..............................................................14

4.3.1 HIDELÉTRICAS...............................................................14

4.3.2 VAZÕES EM OBRAS HIDRELÉTRICAS....................15

4.4 REGULARIZAÇÃO DE VAZÕES.............................................16

5. MATERIAAIS E MÉTODOS................................................................18

5.1 CARACTERIZAÇÕES DA ÁREA DE ESTUDO.........................18

5.2 ESTAÇÕES ESTUDADAS..............................................................19

5.3 METODOLOGIA.............................................................................22

6. RESULTADOS........................................................................................23

7. CONCLUSÃO.........................................................................................35
5
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA......................................................36

6
1 RESUMO

O trabalho aborda sobre a caracterização do regime de vazões em estações


localizada na sub-bacia do Rio Negro. A sub-bacia se localiza na bacia Amazônica,
uma das regiões mais ricas em recursos hídricos. O regime de vazões caracteriza as
vazões, e é foco deste trabalho quantificar as vazões de dez estações fluviométricas
escolhidas pelas características buscadas, que são as consistências de seus dados
coletados e analisar essas vazões para engloba-las em assuntos de manipulação dos
recursos hídricos desta região.

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2 INTRODUÇÃO

A importância de se estudar o regime de vazões tem ampla abrangência para o


homem, visto que a interação do ser humano com a natureza vem se tornando cada vez
mais profunda devido à necessidade do homem em consumir os recursos naturais,
então é de alta relevância conhecer o comportamento natural desses recursos.

Esse estudo permite caracterizar o comportamento do regime de vazões de rios


seus afluentes e as bacias hidrográficas formadas por eles. Ao se conhecer esse regime
de vazões, o homem irá se beneficiar de uma forma mais segura dos recursos hídricos,
pois ele terá em mãos dados quantificados para seu planejamento de utilização.

Quantificar os regimes de vazões dos rios se torna útil em aplicações práticas


como em obras hidrelétricas. Em um país como o Brasil, rico em recursos hídricos, é
indispensável o aproveitamento da energia hidrelétrica. Segundo (Aneel, 2013, p.53),
Energia elétrica é aquela gerada pelo fluxo de águas em uma usina. Esse fluxo de
águas é um dos fatores que se determina quando estudamos e caracterizamos os
regimes de vazões dos rios. Segundo BNE (2012), o Brasil mais uma vez teve com
principal fonte de energia, a hidrelétrica, sendo 81,9% de toda energia gerada no país.

Estudar as vazões dos rios permite se conhecer o comportamento do mesmo em


períodos de tempo. Tem-se como foco neste trabalho conhecer a vazão média mensal,
vazões máximas, médias e mínimas anuais de parte das estações da bacia do Rio
Negro. Este estudo permite prever o comportamento de vazões nos rios através da
coleta de dados nas estações gerenciadas pela ANA, que medem variações de nível em
seções do rio diariamente e que tiveram seu inicio em períodos distintos, mas em
grande parte na década de 70 e 80, e estações mais recentes a partir da década de 90.
Essas medidas aferidas são correlacionadas em modelos matemáticos para que se
obtenha a vazão da seção do rio. Com esses valores de vazão quantificados têm-se
parâmetro para lidar com problemas em épocas de cheias e secas. Estes dados são
essenciais para diversas obras envolvendo as bacias, para prevenção do homem nas
cheias e secas na sua sobrevivência, e para maximização de toda interação do homem
com as bacias hidrográficas.

As bacias hidrográficas, segundo Guerra (1978), são um conjunto de terras


drenadas por seus rios e afluentes.
8
Nesse estudo temos como foco, estações situadas na sub-bacia do Rio Negro,
que pertence à bacia hidrográfica do Rio Amazonas, situada no estado da Amazônia.

Sendo assim este trabalho tem como objetivo desenvolver estudos de


caracterização do regime de vazões em estações fluviométricas situadas bacia do Rio
Negro, visando auxiliar ações de gerenciamento de recursos hídricos na região
abordada.

9
3 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é caracterizar o regime de vazões de estações


fluviométricas situadas na sub-bacia do Rio Negro para o auxílio no gerenciamento
dos recursos hídricos desta região. Este estudo aborda os regimes de vazões nas
mesmas, tendo como base as estações de água gerenciadas pela Agência Nacional de
Águas (ANA). O estudo abre caminhos para gestão dos recursos em questões
ambientais, como a preservação e uso consciente dos recursos, o gerenciamento das
secas e cheias na região, e em questões sócio- econômicas, como em obras de
barragens, canalizações, regularização de vazões e outras diversas, pois quando faz-se
este tipo de estudo, busca-se quantificar resultados do regime de vazões, para fazer
aplicação na melhoria da vida do homem.

Especificamente serão avaliadas estações fluviométricas que tem dados de


coleta em um período de tempo extenso desde suas instalações, por volta de 40 anos.
Também a proximidade das estações e a estação mais a jusante foram objetos de
escolha.

10
4 REVISÕES DE LITERATURA

4.1 ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS

4.1.1 CARACTERÍSTICAS

Uma estação fluviométrica é o ponto onde são instalados os equipamentos e


dispositivos para coleta de parâmetros do curso de água. O local da instalação da
estação é uma seção transversal do rio, onde certas condições forem mais bem
atendidas. O melhor local é aquele que tiver acesso favorável para as coletas de dados,
onde o terreno apresente uma topografia retilínea, o curso do rio não tenha
declividades acentuadas, mantendo um regime laminar, que é caracterizado por ter
velocidades baixas e sem perturbação dos feixes de água, tudo isso visando uma seção
que não tenha mudanças bruscas de velocidade e difícil acesso.

As estações contem réguas que são referenciadas a uma cota conhecida, que
medem os níveis de água do rio. A essas réguas é dado o nome de linimétricas, essas
devem abranger toda variação de cotas da seção do rio.

As leituras dessas réguas devem ser feitas diariamente. Normalmente são


realizadas duas leituras por dia, mas pode variar de estação para estação. Porém
existem dispositivos que são chamados de linigráfos, que registram constantemente as
variações dos níveis e descarta a leitura diária de um operador. ( SOUZA,2003)

Figura 1- A figura nos mostra uma estação e suas réguas linimétricas.

*Fonte: Atlas Digital Das Águas de Minas


11
4.1.2 MEDIÇÃO DE VAZÃO

Existem vários métodos de medir a vazão do rio, métodos que correlacionam


As características físicas da seção do rio com a velocidade, possibilitando através de
modelos matemáticos obterem-se a vazão, entre outros.

Devido o alto custo de fazer a coleta diária de dados em campo como a


velocidade, pela alta complexidade do profissional colher esse dado, para correlação
com a seção do rio, opta-se normalmente em fazer a medição da variação do nível das
cotas do rio, então se monta uma curva denominada curva-chave, da qual se obtém o
valor correlacionado da vazão. (SOUZA, 2003)

4.2 BACIAS HIDROGRÁFICAS

4.2.1 DEFINIÇÃO

Existem diversas definições que caracterizam o conceito de Bacia hidrográfica,


mas no geral as interpretações das definições dos autores convergem para um
entendimento comum.

Segundo Christofolleti (1980), as bacias hidrográficas são compostas por um


conjunto de canais de escoamento de água. A quantidade de água que a bacia
hidrográfica vai receber depende do tamanho da área ocupada pela bacia hidrográfica
e por processos naturais que envolvem precipitação, evaporação, infiltração,
escoamento, etc. Também compreendida como rede hidrográfica, a mesma é uma
unidade natural que recebe a influência da região que drena, é um receptor de todas as
interferências naturais e antrópicas que ocorrem na sua área tais como: topografia,
vegetação, clima, uso e ocupação etc. Assim um corpo de água é o reflexo da
contribuição das áreas no entorno, que é a sua bacia hidrográfica.

Segundo Barrella (2007), bacia hidrográfica é o conjunto de terras drenadas por


um rio e seus afluentes formados nas regiões mais altas do relevo por divisores de
água, onde as águas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e
rios, ou infiltram no solo para formação de nascentes e do lençol freático. As águas

12
superficiais escoam para as partes mais baixas do terreno, formando riachos e
rios,sendo que as cabeceiras são formadas por riachos que brotam em terrenos
íngremes das serras e montanhas e à medida que as águas dos riachos descem,juntam-
se a outros riachos, aumentando o volume e formando os primeiros rios, esses
pequenos rios continuam seus trajetos recebendo água de outros tributários, formando
rios maiores até desembocar no oceano.

4.2.2 SUB-BACIA

O conceito de sub-bacia traz mais interpretações dependendo do autor. Se


tratando de uma divisão de partes contribuintes de uma bacia, a sub- bacia é vista de
diversas formas.

As sub-bacias são áreas de drenagem dos tributários do curso d’água principal.


Para definir sua área os autores utilizam de diferentes unidades de medida. Para
Faustino (1996), as sub-bacias possuem áreas maiores que 100 Km² e menores que
700 Km². Já para Rocha (1997, apud Martins et al., 2005), são áreas entre 20.000 ha e
30.000 ha (200 Km² a 300Km²).

Para Attanasio (2004) sub-bacia é uma unidade física caracterizada como uma
área de terra drenada por um determinado curso d’água e limitada, perifericamente,
pelo chamado divisor de águas.

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4.2.3 MICROBACIAS

Com relação ao conceito de microbacias também há diferenças entre os


conceitos dependendo de cada autor.

Segundo Faustino (1996) microbacia possui toda sua área com drenagem direta
ao curso principal de uma sub-bacia, várias microbacias formam uma sub-bacia, sendo
a área de uma microbacia inferior a 100 Km².

Já Mosca (2003) considera a microbacia como a menos unidade do ecossistema


onde pode ser observada a delicada relação de interdependência entre fatores bióticos
e abióticos, sendo que perturbações podem comprometer a dinâmica de seu
funcionamento, sendo assim, esse conceito visa à identificação e o monitoramento de
forma orientada dos impactos ambientais.

Por outro lado Brasil (1986 apud Hein, 2000) entende o conceito de microbacia
como sendo áreas fisiográficas drenadas por um curso d’água ou para um sistema de
cursos d’água conectados e que convergem, direta ou indiretamente, para um leito ou
para um espelho d’água, constituindo uma unidade ideal para o planejamento
integrado do manejo dos recursos naturais do meio ambiente por ele definido.

4.3 OBRAS HIDRÁULICAS

4.3.1 HIDRELÉTRICAS

As hidrelétricas têm função de transformar a energia mecânica da água em


energia elétrica. O estudo do regime de vazões e a caracterização do mesmo são peças
fundamentais para se conhecer a viabilidade deste tipo de obra. Além de ser um fator
que é fundamental para estudos preliminares de implantação desta, é também
determinante para elaboração das diversas etapas do projeto executivo.

O manejo do rio durante a construção, como desvios de curso, controle de


vazão para viabilizar a obra, depende do relevo local e das particularidades do projeto.
Em vales abertos, a operação de desvio poderá ser feita através do estrangulamento
parcial do rio, que permanecerá na calha natural e após o fechamento da seção, através
da própria estrutura principal.

14
Nas obras de hidrelétricas, tem-se a tomada de águas, que é a análise das
condições de aproximação dos escoamentos, distribuição de velocidades e formação
de vórtices. A análise das vorticidades deverá considerar situações operativas, com
níveis máximos, médios e mínimos, conjugadas com várias combinações de operação
das unidades geradoras funcionando isoladamente e em conjunto com o vertedouro, se
for o caso. Podem ser instrutivos ensaios com vazão correspondente ao dobro da real.

Um componente que também depende diretamente da vazão do rio é o


vertedouro, que será projetado de maneira a conduzir as vazões de cheia restituindo as
de jusante, ou seja, controlando o regime de vazões da hidrelétrica em condições de
segurança para a barragem e sem perturbações do nível, prejudiciais à operação da
usina.

4.3.2 VAZÕES EM OBRAS HIDRELÉTRICAS

A vazão pode ser definida como volume de determinado fluído que passa por
uma determinada secção de um conduto livre ou forçado, por uma unidade de tempo.

As vazões de desvio, para cada fase do manejo do rio, serão definidas pelos
tempos de recorrência resultantes de uma análise de risco, confrontando-se o custo das
obras de desvio com o valor esperado do custo dos danos resultantes das respectivas
enchentes.

Nas vazões de operação, tem-se a de engolimento nominal da turbina que é a


vazão através da turbina para a altura de queda, potência e velocidade nominais, e a de
engolimento máximo da turbina que é a maior vazão que se pode verificar através da
turbina em condições normais de operação.

A vazão de projeto da casa de força será definida através de uma análise de


risco das vazões naturais médias diárias, respeitada a recorrência mínima de 1000
anos.

Portanto, a caracterização do regime de vazões é fundamental para as diversas


etapas construtivas das hidrelétricas, desde o anteprojeto, até o projeto executivo e o
perfeito funcionamento da mesma. (ELETROBRÁS/CBDB 2003).

15
4.4 REGULARIZAÇÃO DE VAZÕES

A regularização das vazões naturais é um procedimento que visa a melhor


utilização dos recursos hídricos superficiais. Para esse fim, é necessário promover-se o
represamento das águas, através da construção de barragens em seções bem
determinadas dos cursos d’água naturais.

Com a regularização das vazões por meio da construção de barragem


(formação de reservatório) visa-se, ainda, atingir vários outros objetivos, destacando-
se o atendimento às necessidades do abastecimento urbano ou rural (irrigação), o
aproveitamento hidroelétrico (geração de energia), a atenuação de cheias (combate às
inundações); o controle de estiagens; o controle de sedimentos; a recreação; e,
também, permitir a navegação fluvial.

Toda vez que o aproveitamento dos recursos hídricos prevê a retirada de vazão
de uma dada magnitude de um rio, deve-se confrontar este valor com as vazões
naturais do curso d’água. Se as vazões naturais forem significativamente maiores que
a retirada, mesmo durante os períodos de estiagem (vazões naturais mínimas), não
haverá a necessidade da regularização de vazão. Neste caso, somente se justificaria a
implantação de um reservatório de acumulação para, por exemplo, atenuar os efeitos
de enchentes a jusante (controle de vazões máximas), o controle de níveis d’água e de
transporte de sedimentos. Contudo, se a vazão a ser retirada for superior à mínima do
curso d’água, necessário se torna a reserva dos excessos sobre a vazão derivada para
atender aos períodos cujas vazões naturais são menores que aquelas derivadas.

A operação de um reservatório de acumulação, que recebe vazão muito


variável no tempo, quando se deseja retirar uma vazão constante, ou não muito
variável, é de fato, uma regularização de vazões. (Rodrigues Barbosa Junior, A.
Regularização de vazões. p1.)

16
O funcionamento se dá como visto na Figura 2 abaixo.

Figura 2- A figura nos mostra o funcionamento de uma obra de regularização de vazões

*Fonte: Rodrigues Barbosa Junior, A., Regularização de vazões.p1.

17
5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 CARACTERIZAÇÕES DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo nesse trabalho é a bacia hidrológica do Rio Negro. Esta é uma
sub-bacia hidrológica da bacia amazônica.

A bacia amazônica tem como código o número 1, e todas suas sub-bacias são
codificadas com o número 1, seguido do número que caracteriza cada uma das 9
situadas na amazônica.

A sub-bacia do Rio Negro tem como código o número 14 pode-se ver na


Figura 3.

Figura 3- A figura nos mostra a bacia amazônica e suas respectivas 9 sub- bacias

*Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA, 2013).

Segundo Duarte ( 2010) a bacia A Bacia do Rio Negro é uma sub-bacia da Bacia
Amazônica que ocupa uma área de 690.000 Km² de um total de 5.500.000 Km² da
Amazônia Legal.

18
5.2 ESTAÇÕES ESTUDADAS

Hoje se encontra na sub-bacia do Rio Negro um total de 43 estações com dados


de coleta de séries de vazões, sendo que 34 estão ativas até hoje. Para o presente
trabalho foram escolhidas 10 estações para caracterizar o regime de vazões.

A Tabela 1 abaixo nos mostra as estações estudadas:

Tabela 1 Estações Fluviométricas

Coodenadas
Código Nome Município Ínicio da série Fim da série
Latitude Longitude
14100000 Manacapuru MANACAPURU- AM -3º18'38.16 -60º36'33.84 1972 2012
14110000 Cucuí SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA - AM 1º12'55.08 -66º51'09.000 1980 2012
14230000 Missão Içana SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA - AM 1º04'27.84 1º04'27.84 1980 2012
14250000 São Felipe SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA - AM 0º22'18.12 -67º18'46.08 1977 2012
14260000 Uaraçu SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA - AM 0º28'36.84 -69º07'41.16 1977 2012
14280001 Taraquia SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA - AM 0º07'49.08 -68º32'18.96 1977 2012
14300000 Pari Cachoeira SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA - AM 0º14'57.84 -69º47'06.000 1980 2011
14310000 Cunuri SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA - AM 0º12'33.84 -69º22'41.16 1982 2012
14330000 Curicuriari SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA - AM -0º12'02.16 -66º48'07.92 1977 2012
14420000 Serrinha SANTA IZABEL DO RIO NEGRO - AM -0º28'54.84 -64º49'44.04 1977 2012

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A figura 4 abaixo nos mostra a localização das estações e a demarcação das
estações escolhidas para o estudo

Figura 4- A figura apresenta as dez estações escolhidas pra estudo

* Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA, 2013)

20
As estações com séries de vazões da sub-bacia do Rio Negro estão
representadas na Figura 5, na qual as que se encontram circuladas em destaque, são as
estações objeto de estudo deste trabalho.

Figura 5 A figura nos mostra a estações de estudo deste trabalho

*Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA, 2013).

Os dados das séries de vazões foram obtidos no HIDROWEB (ANA, 2013),


uma ferramenta disponível no site da ANA, na qual podemos obter o banco de dados
das estações, que são armazenados em formato ACESS.

A manipulação desses dados é feita no software HIDRO 1.2 (ANA, 2013), que
nos possibilita importa-los para o software EXCEL, o qual nos gerou os gráficos
objetos de estudo.

21
5.3 METODOLOGIA

A metodologia usada neste trabalho foi adotada no âmbito de caracterizar dez


estações que têm dados de vazões mais consistentes ao longo de todo período de
coleta de dados, que fornece a série histórica da estação.

A proximidade das estações escolhidas foi um critério adotado para se


particularizar uma região.

A estação mais a jusante da bacia, a de Manacapuru, foi escolhida por se se


localizar perto de Manaus, aonde grande parte da população do estado da Amazônia se
encontra.A importância de se conhecer as vazões neste ponto possibilita aos habitantes
gerenciarem melhor seus recursos.

Ao se obter os dados e com a ajuda dos softwers podê-se quantificar a vazões


das dez estações estudadas.

As vazões que foram foco do trabalho foram as vazões médias mensais de toda
série histórica e as vazões máximas, mínimas e médias de cada ano, ao longo da série
histórica.

22
6 RESULTADOS

Os resultados da análise de vazões das estações objetos de estudo, são


apresentados a seguir. Os resultados mostram as vazões médias mensais, no qual se
têm a média mensal durante todo o período da série de cada estação, e as vazões
médias, máximas e mínimas anuais, que nos mostram o comportamento anual ao
longo da série. Os resultados evidenciam o comportamento do regime de vazões, da
área onde se localiza as dez estações objeto de estudo.

Observa-se que as vazões têm dimensões altas, por se tratar de uma região de
alta concentração de recursos hídricos.

Pela análise do comportamento do regime de vazões médias mensais, percebe-


se que o regime de cheias nas estações estudadas da sub-bacia ocorre no período de
Abril a Setembro, tendo seus picos de máximas nos meses de Junho e Julho. Pode-se
notar por essa análise a ocorrência de um período chuvoso na região hidrográfica. O
período de baixas vazões é observado de Outubro a Março, caracterizando um período
mais seco.

A Figura 6, nos mostra o comportamento do regime de vazões da estação de


Manacapuru, que é a estação mais próxima da Capital do estado da Amazônia,
Manaus. Ela apresentou vazões máximas anuais na escala de 160.000 m³/s que
corresponde a 160.000.000 L/s. Se tem uma idéia quantificada desse valor quando
comparamos ao quanto cada habitante consome por dia, que é uma média de 200
L/dia.A cada segundo, a vazão encontrada poderia abastecer não em termos de
qualidade, mas em quantidade muitas pessoas.

Percebe-se que as estações mais ao norte da bacia que são as próximas ao


município de São Gabriel da Cachoeira, apresentam um regime de vazões em termos
quantitativos, bem próximos, com exceção das estações de Pari Cachoeira e Cunuri.

Pari Cachoeira tem vazões máximas e mínimas, comparadas as estações


estudadas, pequenas, mas não deixam de ser grandes vazões. Pari cachoeira apresentou
vazão máxima na escala de 500 m³/s, que comparada as outras estações e
principalmente Manacapuru, são valores pequenos, mas mesmo assim são 500.000
L/s.

23
As estações Uaraçu e Cunuri apresentam falta de dados hidrológicos entre os
anos de 1999 e 2000, o que pode significar a falta de coleta de dados.
É interessante notar que todas as estações estudas, em termos de
comportamento de curva, ou seja, características de cheias e secas bem similares, não
em termos quantitativos mas apenas em comportamento.
As Figuras 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23, 24,
25 mostram as curvas de comportamento do regime de vazões.

24
Vazão média mensal- Manacapuru
140000
120000
100000
Vazões (m³/s)

80000
60000
40000
20000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 6 -Vazão média mensal da estação de Manacapuru ( 14100000)

Vazões anuais- Manacapuru


180000
160000
140000
Vazões anuais ( m³/s)

120000
100000
Média
80000
Máxima
60000
Mínima
40000
20000
0
1990
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988

1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006

Anos

Figura 7 - Vazões anuais da estação de Manacapuru ( 14100000)

25
Vazão média mensal- Cucuí
9000
8000
7000
Vazões (m³/s)

6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 8- Vazão média mensal da estação Cucuí (14110000)

Vazões anuais- Cucuí


14000

12000

10000
Vazões anuais (m 3/s)

8000 Média
Máxima
6000
Mínima

4000

2000

0
1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006

Figura 9- Vazões anuais de Cucuí (14110000)

26
Vazão média mensal- Missão Içana
3500
3000
2500
Vazões (m³/s)

2000
1500
1000
500
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 10- Vazão média mensal da estação Missão Içana (1423000)

Vazões anuais -Missão Içana


5000

4500

4000

3500
Vazões anuais (m³/s)

3000
Média
2500
Máxima
2000
Mínima
1500

1000

500

Figura 11- Vazões anuais da estação Missão Içana (14230000)

27
Vazão média mensal- São Felipe
16000
14000
12000
Vazões (m³/s)

10000
8000
6000
4000
2000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 12- Vazão média mensal da estação de São Felipe (1425000)

Vazões anuais- São Felipe

25000

20000
Vazões anuais ( m³/s)

15000
Média
10000
Máxima
Mínima
5000

0
1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

Anos

Figura 13- Vazões anuais da estação de São Felipe (1425000)

28
Vazão média mensal- Uaraçu
4500
4000
3500
Vazões (m³/s)

3000
2500
2000
1500
1000
500
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 14- Vazão média mensal da estão de Uaraçu (14260000)

Vazões anuais-Uaraçu
8000

7000

6000
Vazões anuais ( m³/s)

5000

4000 Média
3000 Máxima

2000 Mínima

1000

Anos

Figura 15- Vazões anuais da estação de Uaraçu (14260000)

29
Vazão média mensal- Taraqua
5000

4000
Vazões (m³/s)

3000

2000

1000

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 16- - Vazão média mensal da estão de Taraqua (14280001)

Vazões anuais- Taraqua


8000

7000

6000
Vazões anuais ( m³/s)

5000

4000 Média
3000 Máxima

2000 Mínima

1000

Anos

Figura 17- Vazões anuais da estação de Taraqua (14280001)

30
Vazão média mensal- Pari Cachoeira
200

150
Vazões (m³/s)

100

50

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 18- Vazão média da estação de Pari cachoeira (141300000)

Vazões anuais- Pari Cachoeira


600

500
Vazões anuais ( m³/s)

400

300 Média

200 Máxima
Mínima
100

Anos

Figura 19- Vazões anuais da estação de Pari Cachoeira (1423000000)

31
Vazão média mensal- Cunuri
600
500
Vazões (m³/s)

400
300
200
100
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 20- Vazão média da estação de Cunuri (14310000)

Vazões anuais Cunuri


1200

1000
Vazões anuais ( m³/s)

800

600 Média

400 Máxima
Mínima
200

Anos

Figura 21- Vazões anuais da estação de Cunuri (14310000)

32
Vazão média mensal-Curicuriari
25000

20000
Vazões (m³/s)

15000

10000

5000

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 22-Vazão média da estação de Curicuriari (14330000)

Vazões anuais- Curicuriari


35000

30000
Vazões anuais ( m³/s)

25000

20000
Média
15000
Máxima
10000 Mínima
5000

0
1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

Anos

Figura 23- Vazões anuais da estação de Curicuriari (14330000)

33
Vazão média mensal- Serrinha
30000
25000
Vazões (m³/s)

20000
15000
10000
5000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 24- Vazão média da estação de Serrinha (14420000)

Vazões anuais- Serrinha


40000

35000

30000
Vazões anuais ( m³/s)

25000

20000 Média
15000 Máxima
10000 Mínima

5000

0
1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

Anos

Figura 25- Vazões anuais na estação de Serrinha

34
7 CONCLUSÃO

O trabalho objeto de estudo, possibilitou conhecer o regime de vazões das


estações estudadas. Pelo tamanho da bacia e a variação acentuada do regime de vazões
de estação para estação, percebe- se que não se pode caracterizar o regime de toda sub-
bacia do Rio Negro, apenas com as séries apresentada no trabalho aqui apresentado.

O trabalho permitiu conhecer as características das dez estações objetos de


estudo, que representam em torno de 26% de toda sub-bacia. Para a região do
município de São Gabriel Da Cachoeira, conhecemos bem as características de vazões,
pois oito das estações estão situadas nessa região.

Manacapuru também permitiu obter uma ideia da grande quantidade de


recursos hídricos ao redor da região de Manaus, pois é um dos pontos mais a jusante
da sub-bacia, situada no sul geográfico da mesma.

As estações estudadas fornecem dados para a prevenção e utilização dos


recursos, para as populações situadas ao redor dessa área ao redor das dez estações.

Não se pode generalizar o regime de vazões de toda sub-bacia, pois grande


parte dela tem que ser estudada, e esses dados não conhecidos ainda podem apresentar
dados que não seguem o comportamento dos da região analisada.

35
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tecnológica Recursos Hídricos Produtos e Equipamentos Documento Instituto de. Federal do
Rio Grande do Sul Novembro/2003 1 2 Recursos Hídricos Prospecção Tecnológica
SUMÁRIO 1

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