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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA

ESCOLA MUNICIPAL POLITÉCNICA ANTÔNIO LUIZ PEDROSA

GESTÃO DOS RESIDUOS DA CONSTRUÇÃO


CIVIL

ARARUAMA - RJ
2010
ADALBERTO BARBOSA DOS SANTOS
JOSE ADRIANO DA SILVA
KEYLA OLIVEIRA DOS SANTOS
ROGERIO DA SILVA LEMOS
THIAGO DA SILVA FARINHA RODRIGUES MAGALHÃES

GESTÃO DOS RESIDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

TRABALHO DE AVALIAÇÃO SUBMETIDA ÀO


PROFESSOR DE CONSTRUÇÃO DO CURSO DE
TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES DA ESCOLA
POLITÉCNICA ANTÔNIO LUIZ PEDROSA COMO
PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DE NOTA INTEGRANTE DO SEMESTRE.

Professor:
Laudelino

ARARUAMA - RJ
2010
Página | II
SUMÁRIO

INDICE DE FIGURAS...............................................................................................................................VI
INDICE DE TABELAS..............................................................................................................................VII
1. RESUMO.........................................................................................................................................8
2. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................9
3. ASPECTOS DA QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL.....................................................11
4. A NECESSIDADE DE POLÍTICAS ESPECÍFICAS PARA OS RESÍDUOS GERADOS NA CONSTRUÇÃO
CIVIL.....................................................................................................................................................16
4.1. DESTINAÇÃO DE PEQUENOS VOLUMES DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO.....17
4.2. DESTINAÇÃO DE GRANDES VOLUMES DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO........18
5. IMPACTO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NOS AMBIENTES URBANOS.............21
6. A RECICLAGEM DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO E O USO DE RECICLADOS........24
6.1. RECICLAGEM EM PAÍSES DO HEMISFÉRIO NORTE................................................................25
6.2. RECICLAGEM NO BRASIL - POSSIBILIDADES..........................................................................29
6.3. USO DE RECICLADOS.............................................................................................................31
7. NOVA LEGISLAÇÃO, NORMAS TÉCNICAS E RESPONSABILIDADES.................................................34
7.1. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 307..............................................................................................35
7.2. RESOLUÇÃO CONAMA nº 275...............................................................................................37
7.3. PBPQ-H - PROGRAMA BRASILEIRO DA PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DO HABITAT..........39
7.4. NORMAS TÉCNICAS..............................................................................................................39
8. GESTÃO AMBIENTAL DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL........................................................41
8.1. SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES..................................................................................................41
8.1.1. REUNIÃO INAUGURAL...................................................................................................41
8.1.2. PLANEJAMENTO...........................................................................................................42
8.1.3. IMPLANTAÇÃO..............................................................................................................43
8.1.4. MONITORAMENTO.......................................................................................................43
8.2. QUALIFICAÇÃO DOS AGENTES..............................................................................................43
8.2.1. FORNECEDORES DE DISPOSITIVOS E ACESSÓRIOS........................................................43
8.2.2. EMPRESAS TRANSPORTADORAS...................................................................................44
8.2.3. DESTINATÁRIOS DOS RESÍDUOS...................................................................................44
8.3. GESTÃO NO CANTEIRO DE OBRAS........................................................................................44
8.3.1. ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO......................................................................................46
8.3.2. DISPOSITIVOS E ACESSÓRIOS........................................................................................48
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8.3.3. LIMPEZA - ASPECTOS GERAIS........................................................................................49
8.3.4. FLUXO DOS RESÍDUOS..................................................................................................49
8.3.5. REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DOS RESÍDUOS.............................................................52
8.3.6. FORMALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS.......................................................................54
8.4. REMOÇÃO DOS RESÍDUOS DO CANTEIRO.............................................................................54
8.4.1. FLUXO DOS RESÍDUOS..................................................................................................55
8.4.2. FORMALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS.......................................................................56
8.5. DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS................................................................................................56
8.5.1. FLUXO DOS RESÍDUOS..................................................................................................57
8.5.2. FORMALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS.......................................................................58
8.6. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DOS DISPOSITIVOS E ACESSÓRIOS............................................61
8.7. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS................................................................................................63
8.7.1. CHECK-LIST....................................................................................................................63
8.7.2. RELATÓRIO....................................................................................................................65
8.8. PREPARAÇÃO DO PROJETO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS..........................................66
9. ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA GESTÃO DOS
RESÍDUOS.............................................................................................................................................68
10. VANTAGENS IDENTIFICADOS COM A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE GESTAO DE
RESÍDUOS.............................................................................................................................................69
11. TRATADO DE KYOTO.....................................................................................................................71
11.1. DEFINIÇÃO........................................................................................................................71
11.2. AS METAS.........................................................................................................................72
11.3. OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E O PROTOCOLO DE KYOTO......................................73
11.4. SUMIDOUROS DE CARBONO............................................................................................73
11.5. COMÉRCIO DE EMISSÕES, O CHAMADO “CRÉDITO DE CARBONO”?................................74
11.6. SEQÜESTRO DE CARBONO................................................................................................75
11.7. OS CÉTICOS E O PROTOCOLO DE KYOTO..........................................................................76
11.8. O AUMENTO DAS EMISSÕES DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO.................................77
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................................79
12.1. OS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO: PROBLEMA OU SOLUÇÃO?...........................................79
12.1.1. A BUSCA DA SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DEVIDO AO
GRANDE IMPACTO AMBIENTAL....................................................................................................79
12.1.2. O RESÍDUO SÓLIDO DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO: CLASSIFICAÇÃO E ESTIMATIVAS
DE GERAÇÃO................................................................................................................................80
12.1.3. PESQUISAS REALIZADAS NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UNB..................................81
Página | IV
12.1.4. A RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E A GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA
82
13. BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................................84
ANEXO..................................................................................................................................................90

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INDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 - PROLIFERAÇÃO DE AGENTES TRANSMISSORES DE DOENÇAS.......................22


FIGURA 2 - ASSOREAMENTO DE RIOS E CÓRREGOS...............................................................22
FIGURA 3 - DEGRADAÇÃO DA PAISAGEM URBANA................................................................22
FIGURA 4 - CRIME AMBIENTAL....................................................................................................23
FIGURA 5 – EXEMPLO DOS MATERIAIS CLASSIFICADOS.......................................................48
FIGURA 6 - MODELO DE FICHA CADASTRAL............................................................................59
FIGURA 7 - MODELO DE FORMULÁRIO.......................................................................................60
FIGURA 8 - BOMBONAS..................................................................................................................61
FIGURA 9 - BAG................................................................................................................................61
FIGURA 10 - BAIA.............................................................................................................................62
FIGURA 11 - CAÇAMBA ESTACIONÁRIA.....................................................................................62
FIGURA 12 - ETIQUETAS ADESIVAS.............................................................................................62
FIGURA 13 – QUADRO A - FATORES DE AVALIAÇÃO - LIMPEZA E SEGREGAÇÃO NA
FONTE.................................................................................................................................................64
FIGURA 14 – QUADRO B - FATORES DE AVALIAÇÃO - LIMPEZA E SEGREGAÇÃO NA
FONTE (CONTINUAÇÃO)................................................................................................................64
FIGURA 15 – QUADRO C - FATORES DE AVALIAÇÃO - ACONDICIONAMENTO FINAL.....65
FIGURA 16 - RELATÓRIO................................................................................................................66
FIGURA 17 - VANTAGENS DO PROGRAMA.................................................................................69
FIGURA 18 - VANTAGENS DO PROGRAMA.................................................................................70

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INDICE DE TABELAS

TABELA 1 - PARTICIPAÇÃO EM RELAÇÃO AOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS


GERADOS DIARIAMENTE...............................................................................................................21
TABELA 2 - PREÇO TIPICO DOS EQUIPAMENTOS PARA PROCESSAMENTO DE RCD.......28
TABELA 3 - SUGESTÃO DE CRONOGRAMA................................................................................41
TABELA 4 - DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS...................................................................................45
TABELA 5 - DISPOSITIVOS E ACESSÓRIOS.................................................................................49
TABELA 6 - RESÍDUOS ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA –
ACONDICIONAMENTO INCIAL.....................................................................................................50
TABELA 7 - RESÍDUOS NÃO ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA –
ACONDICIONAMENTO INCIAL.....................................................................................................50
TABELA 8 - TRANSPORTE INTERNO DE CADA TIPO DE RESÍDUO........................................51
TABELA 9 - RESÍDUOS ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA –
ACONDICIONAMENTO FINAL.......................................................................................................52
TABELA 10 – RESÍDUOS NÃO ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA –
ACONDICIONAMENTO FINAL.......................................................................................................52
TABELA 11 - REUTILIZAÇÃO E CUIDADOS EXIGIDOS.............................................................53
TABELA 12 - RESÍDUOS ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA...................................55
TABELA 13 - RESÍDUOS NÃO ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA..........................55
TABELA 14 - SOLUÇÕES DE DESTINAÇÃO PARA OS RESÍDUOS...........................................58
TABELA 15 - ASPECTOS POSITIVOS.............................................................................................68
TABELA 16 - ASPECTOS CRÍTICOS...............................................................................................68
TABELA 17 - RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM ARGAMASSAS...........................................90
TABELA 18 - RESISTÉNCIA À COMPRESSÃO E À TRAÇÃO EM ARGAMASSAS...................90
TABELA 19 - VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM CONCRETO EM FUNÇÃO
DO CONSUMO DO CIMENTO..........................................................................................................91
TABELA 20 - VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM CONCRETO....................91

Página | VII
1. RESUMO

A urbanização acelerada e o rápido adensamento das cidades de médio e grande porte


têm provocado inúmeros problemas para a destinação do grande volume de resíduos gerados
em atividades de construção, renovação e demolição de edificações e infra-estrutura urbanas,
condicionando os gestores públicos a adotarem soluções mais eficazes para a gestão desses
resíduos.

Este trabalho analisa os graves problemas causados por eles e os limites estreitos dos
atuais procedimentos de gestão, que são definidos sem um conhecimento preciso da
quantidade gerada nos ambientes urbanos.

Propõe-se uma metodologia específica para a gestão diferenciada dos resíduos de


construção e demolição, baseada na facilitação do descarte pela oferta de espaços adequados
para captação, na diferenciação obrigatória dos resíduos captados e na alteração de seu
destino, pela adoção, no caso dos resíduos de construção e demolição, da reciclagem enquanto
alternativa economicamente atrativa e ambientalmente sustentável, que preserva recursos não-
renováveis e possibilita a valorização de materiais nobres, destinando-os ao atendimento de
demandas sociais urgentes.

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2. INTRODUÇÃO

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A preservação ambiental é hoje uma preocupação mundial. A humanidade, através dos
séculos, vem conquistando espaços quase sempre em detrimento de uma continua e crescente
pressão sobre recursos naturais.

A Construção Civil é reconhecida como uma das mais importantes atividades para o
desenvolvimento econômico e social, e, por outro lado, comporta-se, ainda, como grande geradora
de impactos ambientais, quer seja pelo consumo de recursos naturais, pela modificação da
paisagem ou pela geração de resíduos.

O setor tem um grande desafio: como conciliar uma atividade produtiva desta
magnitude com as condições que conduzam a um desenvolvimento sustentável consciente, menos
agressivo ao meio ambiente? É uma pergunta, embora antiga, ainda sem respostas satisfatórias.
Sem dúvida, por ser uma questão bastante complexa, requer grandes mudanças culturais e ampla
conscientização.

Neste contexto, a união entre o empresariado, a sociedade civil e a gestão publica é


extremamente relevante para a minimização dos problemas relativos ao meio ambiente. Com
a entrada em vigor da Resolução n° 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), o setor da construção civil começa a integrar as discussões a respeito do
controle e a respeito do controle e da responsabilidade de pela destinação de seus resíduos
sólidos.

A citada Resolução define, portanto, responsabilidade e deveres, inclusive de


necessidade de cada município licenciar as áreas para disposição final, fiscalizar o setor em
todo o processo e implementar o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da

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Construção Civil. Com isso, ela abre caminho para que os setores públicos e privados possam
juntos, prover os meios adequados para o manejo e disposição desses resíduos.

A cada dia, percebemos a legislação mais rígida no que se refere ao meio ambiente –
tendência mundial que visa minimizar ao máximo a sua degradação e a preservação de uma
vida mais saudável. Cabe, então, ao setor da construção adaptar-se e saber tirar proveitos
dessa tendência.

O gerenciamento adequado dos resíduos produzidos por suas empresas, incluindo a


sua redução, reutilização e reciclagem, tornará o processo construtivo mais rentável e
competitivo, além de mais saudável. Só assim, poderemos realmente acreditar que o
desenvolvimento sustentável fará parte de nossas vidas em um futuro muito breve.

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3. ASPECTOS DA QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO
BRASIL

As preocupações com o saneamento dos ambientes urbanos e com a necessidade de


ampliar o conceito desse termo para a totalidade dos componentes que interferem com a
qualidade de vida das populações têm crescido nos últimos tempos, em função mesmo do
rápido incremento da urbanização, mas não chegaram ainda aos RCD - Resíduos de
Construção e Demolição.

Historicamente, tem-se dado ênfase aos aspectos de abastecimento em detrimento dos


de coleta, e de ambos sobre os de destinação. Nas últimas décadas o suprimento de água às
comunidades tem tido primazia em relação à coleta de esgotos, secundarizando-se as
preocupações em relação à destinação dos resíduos líquidos e só recentemente introduzindo-
se alguma atenção à questão do conjunto dos resíduos sólidos urbanos (RSU).

Assim, ocorreu, antes e após a instituição do PLANASA (Plano Nacional de


Saneamento) no início da década de 70, política centralizadora que construiu instrumentos de
ação baseados nas concessionárias estaduais de saneamento básico (SABESP – Companhia de

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Saneamento Básico do Estado de São Paulo, CEDAE – Companhia Estadual de Águas e
Esgoto do Rio de Janeiro, COPASA – Companhia de Saneamento de Minas Gerais,
EMBASA – Empresa Baiana de Águas e Saneamento, CORSAN – Companhia Rio-grandense
de Saneamento, e outras) e inibiu, no período do regime autoritário, a ação dos concedentes –
os municípios. As concessionárias, com a amplitude de poderes conquistada, canalizam para
si todos os recursos de saneamento, e os sete centralizam em ações voltadas apenas ao
abastecimento de água e esgotamento sanitário (INSTITUTO BRASILEIRO DE
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL - IBAM, 1995).

A percepção da necessidade de ampliar o conceito de saneamento básico para


saneamento ambiental, que lidasse de forma integrada com os diversos componentes (água,
esgoto, resíduos sólidos, drenagem e controle de vetores) que influenciam a qualidade do
meio urbano, só recentemente vem acontecendo. E se dá no mesmo período em que fica
patente a total falência do modelo ditado pelo PLANASA.

Exemplo disso está contido no documento interno Política Nacional de Saneamento


(BRASIL, 1995), que já insere na visão governamental o problema dos resíduos sólidos às
questões de saneamento. É interessante notar que esse documento, de dezembro de 1995, é
produzido no mesmo ano em que a presidência da República veta integralmente, em janeiro, o
Projeto de Lei (PLC-199) aprovado na Câmara e no Senado e elaborado coletivamente em
1993 por diversas instituições do setor, como proposta de técnicos e gestores para a
consolidação de uma nova política nacional de saneamento. Na contextualização dos
problemas nacionais de saneamento o texto da extinta SEPURB (Secretaria de Política
Urbana) dedica 67 linhas a questões relativas à água e esgoto e apenas quatro linhas aos
resíduos sólidos (BRASIL, 1995).

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Há, ainda, diversos exemplos de entidades que foram constituídas para ação em água e
esgoto e atualmente estão assumindo a gestão dos problemas de drenagem e resíduos sólidos.
O exemplo da ASSEMAE, inicialmente Associação dos Serviços Municipais de Água e
Esgoto, instituição nacional que congrega as autarquias municipais de saneamento, é
ilustrativo: fundada em 1985 com o objetivo de atuar em questões da água e esgoto (AE), hoje
se denomina Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento, com foco na
integração dos diversos componentes do saneamento ambiental.

Esse processo de ampliação do conceito de saneamento é recente e vem acontecendo


num período considerado de transição, onde o esgotamento do modelo PLANASA é patente e
a necessidade de uma nova política nacional de saneamento e de instrumentos para
implementá-la estão na ordem do dia.

Neste cenário, paralelamente ao acentuado crescimento das populações urbanas, as


questões da limpeza urbana e gestão dos resíduos sólidos foram sendo deixado ao encargo das
municipalidades, sem o correspondente suporte de políticas e instrumentos de ação
específicos (estruturas de apoio institucional e técnico), o que só fez por determinar padrões
de gerenciamento extremamente precários (IBAM, 1995).

Mas, com a agudização dos problemas urbanos, a temática dos resíduos sólidos
definitivamente foi introduzida na agenda dos administradores, técnicos e legisladores. São,
hoje, vários os exemplos de esforços em municípios, regiões metropolitanas e estados da
federação, para a definição de políticas e estruturas de apoio. Esses esforços também
aconteceram ou vêm acontecendo em outros países, notadamente, quanto aos RCD, na Europa
Central, Japão e EUA.

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Os países europeus e o Japão, dada a sua densidade demográfica e a exigüidade de
espaços para o alojamento de resíduos sólidos, possuem as políticas mais elaboradas e
consolidadas, e em função de sua elevada industrialização e carência de recursos naturais,
foram os pioneiros no desenvolvimento de esforços para o conhecimento e controle dos RCD.

No Japão, a Lei de Limpeza e Tratamento de Resíduos, existente desde 1960 (HONG


KONG, 1993), absorveu em suas revisões de 1985 e 1991 as novas requisições, definindo
como seus objetivos gerais a redução dos resíduos, a garantia da saúde pública pela disposição
apropriada e a preservação de recursos naturais pela reciclagem. Outro documento legal
japonês, a Lei de Reciclagem, estabelece que em alguns ramos industriais, e entre eles a
construção civil, a reciclagem de seus resíduos precisa ser promovida, prevendo-se políticas
específicas e o papel a ser cumprido pelo Estado. A experiência japonesa é acompanhada, no
início da atual década, por missões técnicas de Hong Kong em busca de soluções para os
óbvios problemas de destinação de resíduos daquele território (Id. Ibid.).

É interessante notar que também em países desenvolvidos há dificuldades de


caracterização dos resíduos. Relatórios da E.P.A. - Agência de Proteção Ambiental dos EUA
apresentam enfoques diversificados: em 1986 foi estimada a geração anual de 31,5 milhões de
toneladas de RCD nos EUA, os relatórios de 1988, 1990 e 1992 não fazem referência aos
RCD (THE SOLID WASTE ASSOCIATION OF NORTH AMERICA - SWANA, 1993)
suscitando em especialistas opiniões de que a Agência não considerava tais resíduos como
parte dos RSU (DONOVAN, 1991); os RCD só voltaram a ser analisados no relatório de
1996, traçando-se uma estimativa de geração nacional de 136 milhões de toneladas, que
provocou reações. A C&D Industry – Indústria da Construção e Demolição – junção das
empresas processadoras destes resíduos, vem travando com a Agência uma acirrada
discussão, alertando quanto à subestimação do verdadeiro volume de resíduos gerados na
construção e demolição, por desconsiderar os resíduos gerados na construção e reparo de
estradas e outras obras viárias, e limpeza de terrenos (C&D DEBRIS RECYCLING, 1998a;
1998b). O relatório da E.P.A., que registrou a geração anual de 210 milhões de toneladas para
os outros resíduos municipais, está sendo revisado quanto à geração real de RCD.
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Informações coletadas em alguns estados (New York, Ohio, Rhode Island e outros)
demonstravam já há vários anos que a quantidade de RCD pode ser tão significativa quanto às
parcelas restantes dos RSU; levantamento realizado pela Agência de Recursos Naturais de
Vermont no início da década (DONOVAN, 1991) indicou uma estimativa de 300 mil
toneladas anuais de RCD, enquanto a totalidade dos RSU era estimada em 320 mil toneladas
anuais. Por outro lado, especialistas indicavam que a incidência de deposições ilegais de RCD
no Nordeste dos EUA atingia proporções epidêmicas em muitas áreas, devido ao
encerramento de aterros e dificuldades de aceitação dos resíduos em instalações de
incineração (SPENCER, 1989).

Também no Brasil a análise de alguns dos documentos produzidos nos últimos anos
revela que ainda subsiste uma séria carência de informações sobre as completas características
dos RSU, o que pode comprometer as proposições realizadas. E a carência de informação
mais nítida é justamente sobre a efetiva presença dos RCD.

Tal grau de discrepância revela a enorme carência de informações precisas,


necessárias para o lançamento das bases de metodologias mais modernas para a gestão de
resíduos sólidos urbanos. E revela que a visão do saneamento, que há pouco esteve centrada
apenas nos aspectos de suprimento de água e coleta de esgoto sanitário, avançou para a
consideração dos problemas gerados pelos resíduos sólidos, mas estagnou na percepção
apenas dos resíduos não-inertes, relevando a presença acentuada de outros resíduos, inertes
como os RCD, que, se são menos agressivos à saúde e ao ambientes humanos, são, no
entanto, gerados em elevados percentuais, interferindo enormemente em todo o processo de
gestão dos resíduos.

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A busca de “conceitos modernos de gestão dos resíduos sólidos” que apontem para a
“redução na fonte, reaproveitamento, reciclagem e participação comunitária” (IBAM, 1995)
não poderá significar a dedicação dos técnicos, administradores e legisladores apenas a
bandeiras como a da coleta seletiva de embalagens recicláveis e outros produtos contidos nos
resíduos domiciliares. Deverá significar, na perspectiva do saneamento ambiental, o avanço
de ações integradas que ataquem o conjunto dos problemas, possibilitando, ao nível dos RSU,
além da necessária coleta seletiva, perspectivas eficientes para a compostagem e
reaproveitamento de resíduos orgânicos, soluções para os resíduos perigosos e volumosos e o
equacionamento dos sérios problemas que vêm sendo causados pelos RCD. E será necessário,
como na Lei de Reciclagem japonesa (HONG KONG, 1993), definir objetivos claros de
restrição à geração de resíduos para a redução dos problemas ambientais e poupança de
recursos não renováveis.

Porém todas essas ações não conseguirão se consolidar sem que, a partir da
constatação de que nunca tanta matéria-prima transformou-se em tantos resíduos inúteis num
ambiente de acelerada urbanização, se constitua uma base sólida de informações, com a
identificação precisa das características dos diversos componentes dos RSU, dos agentes
envolvidos e dos fluxos ocorrentes nas áreas urbanas.

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4. A NECESSIDADE DE POLÍTICAS ESPECÍFICAS PARA OS
RESÍDUOS GERADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A aceleração do processo de urbanização e a estabilização da economia nos últimos


anos colocaram em evidência o enorme volume de resíduos de construção e demolição que
vem sendo gerado nas cidades brasileiras, à semelhança do que já era observado em regiões
densamente povoadas de outros países. E demonstraram que as municipalidades não estão
estruturadas para o gerenciamento de volume tão significativo de resíduos, e para o
gerenciamento dos inúmeros problemas por eles criados.

As soluções atualmente adotadas na imensa maioria dos municípios são sempre


emergenciais e, quando rotineiras, têm significado sempre atuações em que os gestores se
mantêm como coadjuvantes dos problemas, conformando, num ou noutro caso, uma prática
que pode ser denominada de Gestão Corretiva.

A Gestão Corretiva caracteriza-se por englobar atividades não preventivas, repetitivas


e custosas das quais não surtem resultados adequados, por isso profundamente ineficiente. A
Gestão Corretiva se sustenta na “inevitabilidade” de áreas com deposições irregulares

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degradando o ambiente urbano, e se sustenta enquanto houver a disponibilidade de áreas de
aterramento nas proximidades das regiões fortemente geradoras de RCD.

Além disso, acarreta efeitos “perversos” na medida em que a prática contínua de


aterramento de volumes tão significativos elimina progressivamente as áreas naturais nos
ambientes urbanos (várzeas, vales, mangues e outras regiões de baixada), que servem como
escoadouro dos elevados volumes de água concentrados nas superfícies urbanas
impermeabilizadas.

Assim, a pressão da alta geração de RCD encontra municipalidades desaparelhadas


que só têm a ineficácia da Gestão Corretiva como solução e não podem contar com o suporte
de políticas centrais de saneamento, que, como analisado no Capítulo I, só recentemente
buscam incorporar preocupações com os resíduos sólidos (não-inertes), mas ainda não
detectaram a extensão da geração de resíduos na construção e demolição.

Por todos esses aspectos, pode-se caracterizar a Gestão Corretiva como uma prática
sem sustentabilidade e que a sua ineficiência impõe a necessidade do traçado de novas
políticas específicas para o domínio dos resíduos de construção e demolição, e que, como
destacado por CAVALCANTI (1996), considere que "o meio ambiente deve ser encarado
como condição primária das atividades humanas, de seu progresso, de sua sustentabilidade".

São várias as conseqüências do grande volume de RCD que vem sendo gerado nos
centros urbanos. Elas advêm do fluxo irracional e “descontrolado” dos resíduos, típico do
processo que se denominou de Gestão Corretiva, e das características dos agentes envolvidos,
pequenos ou grandes geradores, pequenos ou grandes coletores.

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4.1.DESTINAÇÃO DE PEQUENOS VOLUMES DE RESÍDUOS DE
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

Os dados apresentados no Capítulo II indicaram a presença da geração de RCD em


pequenos volumes em serviços quase sempre qualificáveis como construção informal, por se
constituírem predominantemente de atividades de reforma e ampliação.

Inexistindo soluções para a captação dos RCD gerados nessas atividades construtivas,
inevitavelmente, seus geradores ou os pequenos coletores que os atendem, buscarão áreas
livres nas proximidades para efetuar a deposição dos resíduos. Havendo ou não a aceitação da
vizinhança imediata, essas áreas acabam por se firmar como sorvedouros dos RCD, num
“pacto” local, atraindo, por fim, todo e qualquer tipo de resíduo para o qual não se tenha
solução de captação rotineira. A inexistência de solução impõe a rotina da correção pela
administração pública, num processo cíclico que não pode ser interrompido nos marcos da
Gestão Corretiva.

A característica típica das deposições irregulares resultantes da inexistência de


soluções para a captação dos RCD é a conjunção de efeitos deteriorantes do ambiente local:
comprometimento da paisagem, do tráfego de pedestres e de veículos, da drenagem urbana,
atração de resíduos não-inertes, multiplicação de vetores de doenças e outros efeitos.

Tais efeitos danosos se multiplicam pelo espaço urbano e a Gestão Corretiva, no


extremo, consegue deslocar os problemas de determinadas regiões das cidades para outras,

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sendo comum nos municípios a presença mais constante e acentuada dos efeitos nos bairros
mais periféricos, ocupados pela população de menor renda.

É interessante notar que, se alguns locais de deposição irregular revelam um


descompromisso de seus usuários com a qualidade ambiental, a consolidação de alguns outros
revela os condicionantes desses mesmos usuários (geradores ou coletores) quanto às suas
possibilidades de deslocamento para a disposição dos resíduos. A percepção desses
condicionantes é importante ferramenta para a definição de novas práticas de gestão que
visem à superação dos problemas que vêm sendo detectados nos maiores municípios
brasileiros.

Problemas similares acontecem em outros países em desenvolvimento SPENCER


(1989) relata que, em função do esgotamento das áreas de destinação e não recepção dos RCD
em instalações de incineração, o Nordeste dos EUA recebia uma incidência epidêmica de
deposições ilegais (illegal dumping) que eram também, com outra designação - dépôts
sauvages - uma das motivações de regulamentos emitidos pelo Conselho de Bruxelas, em
1991 (INSTITUT BRUXELLOIS POUR LA GESTION DE L’ENVIRONNEMENT, 1995).

4.2.DESTINAÇÃO DE GRANDES VOLUMES DE RESÍDUOS DE


CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

O quadro mais comumente encontrado nos municípios de médio e grande porte é a


adequada disposição dos grandes volumes de RCD em aterros de inertes, também
denominados de “bota-foras”. Constitui o problema mais significativo na destinação dessa
parcela dos resíduos o inexorável e rápido esgotamento das áreas designadas para disposição.

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Os bota-foras são áreas de pequeno e grande porte, privadas ou públicas, que vão
sendo designadas oficial ou oficiosamente para a recepção dos RCD e outros resíduos sólidos
inertes. A designação dessas áreas pela administração pública se faz necessária pelo fato de a
ampla maioria das Leis Orgânicas Municipais preverem como competência das
municipalidades a definição do destino dos resíduos municipais. A oferta dessas áreas por
agentes privados se faz em função principalmente do interesse de planificá-las e, com isso,
conquistar valorização no momento da sua comercialização.

Os bota-foras constituem, em conjunto com o aterro sanitário ou controlado para


resíduos domiciliares (quando esta solução está presente), o sistema de aterros dos
municípios.

Uma característica comum aos sistemas de aterros nos municípios é a extrema


“volatilidade” das áreas utilizadas para deposição de resíduos inertes. Como já afirmado, seu
esgotamento é extremamente rápido, tanto pela elevada geração de RCD verificada em cada
município, como pelo fato de que muitas das áreas são de pequeno porte, inseridas
integralmente na malha urbana, nas proximidades das regiões geradoras dos resíduos.

A designação contínua de novas áreas faz parte do cotidiano dos gestores de RCD nos
municípios de médio e grande porte, num processo incessante e infrutífero, pois são poucas as
áreas nos municípios que resistem a prazos maiores que um ano de deposição de resíduos
gerados. O acelerado processo de adensamento urbano dos últimos anos fez com que as áreas
mais próximas se esgotassem rapidamente e se criasse a necessidade de recurso a áreas
continuamente mais periféricas, num processo de substituição de áreas.

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O distanciamento crescente dos bota-foras é mais perceptível nas zonas
metropolitanas. O distanciamento e esgotamento crescente dos bota-foras é fator complicador
para as ações corretas de coleta e disposição dos RCD, pois, a componente “deslocamentos” é
parcela importante do custo de coleta por poliguindastes, mesmo em cidades em que os
percursos sejam extremamente menores que em regiões metropolitanas.

Soma-se a isso o fato de que, nas regiões metropolitanas, o rareamento das áreas de
bota-fora introduz nas áreas ativas a cobrança de taxa para o descarte de resíduos.

A cobrança de taxas de descarte nos sistemas de aterro varia em função de uma série
de fatores, e entre eles certamente devem ser inseridas as características dos resíduos (ser ou
não inertes) e a sua periculosidade. Na região metropolitana de São Paulo são freqüentes os
custos na ordem de R$ 30 por tonelada de resíduo domiciliar disposta, R$ 40 a R$ 150 por
tonelada de resíduo industrial, e R$ 3, em média, para a disposição da tonelada de RCD. O
mesmo diferencial também acontece em outros países: SWANA (1993) relata a distinção em
Minnesota (USA), entre preços de disposição de resíduos domiciliares, US$ 16 por jarda
cúbica, e disposição de RCD, US$ 2 a U$ 4.50 por jarda cúbica; em Vermont, os mesmos
preços estavam estabelecidos em US$ 67 por tonelada de resíduo domiciliar e US$ 3.20 a U$
15 por tonelada de RCD.

Os valores cobrados para a disposição específica de RCD em regiões mais adensadas


variam em função da proximidade das áreas de destinação às regiões geradoras, sofrendo
elevação conforme escasseia a disponibilidade de bota-foras.

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A obrigatoriedade de maiores deslocamentos para os coletores, também introduz
maiores custos e preços, o que se reflete na redução da parcela dos geradores que aderem às
remoções corretas e induz à maior incidência de deposições irregulares, quer por geradores,
quer por coletores.

Ocorre, no entanto, que grandes parcelas dos RCD continuarão sendo inevitavelmente
gerada nas áreas urbanas centrais, por processos de renovação de espaços e edificações,
tornando cada vez mais custosa e complexa a Gestão Corretiva.

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5. IMPACTO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E
DEMOLIÇÃO NOS AMBIENTES URBANOS

A atividade da construção civil gera a parcela predominante da massa total dos resíduos
sólidos urbanos produzidos nas cidades. Estudos realizados em diversas cidades têm apontado os
seguintes números:

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O consumo de materiais pela construção civil nas cidades é pulverizado. Cerca de 75%
dos resíduos gerados pela construção nos municípios provêm de eventos informais (obras de
construção, reformas e demolições, geralmente realizadas pelos próprios usuários dos imóveis).
O poder público municipal deve exercer um papel fundamental para disciplinar o fluxo dos
resíduos, utilizando instrumentos para regular especialmente a geração de resíduos provenientes
dos eventos informais.

A falta de efetividade ou, em alguns casos, a inexistência de políticas públicas que


disciplinam e ordenam os fluxos da destinação dos resíduos da construção civil nas cidades,
associadas ao descompromisso dos geradores no manejo e, principalmente, na destinação dos
resíduos, provocam os seguintes impactos ambientais:

• Degradação das áreas de manancial e de proteção permanente;

• Proliferação de agentes transmissores de doenças (Figura 1);

• Assoreamento de rios e córregos (Figura 2);

• Obstrução dos sistemas de drenagem, tais como piscinões, galerias, sarjetas, etc.
• Ocupação de vias e logradouros públicos por resíduos, com prejuízo à circulação de
pessoas e veículos, além da própria degradação da paisagem urbana (Figura 3);

• Existência e acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade.

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FIGURA 1 - PROLIFERAÇÃO DE AGENTES TRANSMISSORES DE DOENÇAS

FIGURA 2 - ASSOREAMENTO DE RIOS E CÓRREGOS

FIGURA 3 - DEGRADAÇÃO DA PAISAGEM URBANA

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Diante da situação caótica de disposição dos resíduos nas cidades, o poder público
municipal atua, freqüentemente, com medidas paliativas, realizando serviços de coleta e arcando
com os custos do transporte e da disposição final. Tal prática não soluciona definitivamente o
problema de limpeza urbana por não conseguir a remoção da totalidade dos resíduos. Ao
contrário, incentiva a continuidade da disposição irregular nos locais atendidos pela limpeza
pública da administração municipal.

Estudos realizados em alguns municípios apontam que os resíduos da construção formal têm
uma participação entre 15% e 30% na massa dos resíduos da construção e demolição. Embora
representem uma parcela menor em relação à construção informal, os resíduos provenientes da
construção formal podem ser destinados da mesma maneira, ou seja, desordenadamente, causando
impactos ambientais significativos e expondo a atividade da construção empresarial a riscos de
autuações e penalidades decorrentes da responsabilização por crime ambiental (dispor resíduos
sólidos em desacordo com a legislação é considerado crime ambiental). (Figura 4)

FIGURA 4 - CRIME AMBIENTAL

Portanto, as soluções para a gestão dos resíduos da construção e demolição nas cidades devem
ser viabilizadas de um modo capaz de integrar a atuação dos seguintes agentes:

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 Órgão público municipal - responsável pelo controle e fiscalização sobre o transporte
e destinação dos resíduos;

 Geradores de resíduos - responsável pela observância dos padrões previstos na


legislação específica no que se refere à disposição final dos resíduos, fazendo sua
gestão interna e externa.
 Transportadores - responsável pela destinação aos locais licenciados e apresentação do
comprovante da destinação.

6. A RECICLAGEM DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E


DEMOLIÇÃO E O USO DE RECICLADOS

A elevada geração de resíduos sólidos, determinada pelo acelerado desenvolvimento


da economia neste século, coloca como inevitável a adesão às políticas de valorização dos
resíduos e sua reciclagem, nos países desenvolvidos e em amplas regiões dos países em
desenvolvimento. Os processos de gestão dos resíduos em canteiro, de sofisticação dos
procedimentos de demolição, de especialização no tratamento e reutilização dos RCD, vão
conformando um respeitável e sólido ramo da engenharia civil, atento à necessidade de usar
parcimoniosamente recursos que são finitos e à necessidade de não sobrecarregar a natureza
com dejetos evitáveis.

Historicamente, a atividade construtiva sempre se caracterizou como grande geradora


de resíduos e também como potencial consumidora dos resíduos gerados por ela mesma ou
por outras atividades humanas de transformação, como é o caso do asfalto e produtos
betuminosos, que são subprodutos da atividade refinadora de petróleo.

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A reciclagem de resíduos da própria construção é praticada há milênios, sendo comuns
na história das civilizações antigas exemplos de resíduos de construções de um determinado
período histórico (vias romanas, igrejas renascentistas) constituírem base usada por
edificações do período seguinte (INSTITUT DE TECNOLOGIA DE LA CONSTRUCClÓ
DE CATALUNYA - ITEC, 1995c).

No período mais recente, na Alemanha, em torno de 1860, há notícias do uso de


blocos de concreto britados como agregado para novos produtos de concreto. Os primeiros
estudos sistemáticos sobre as características dos agregados reciclados têm início neste mesmo
país, em 1928. No entanto, o uso significativo de RCD reciclado só veio acontecer após a
Segunda Guerra Mundial, em resposta à necessidade de satisfazer a enorme demanda por
materiais de construção e à necessidade de remover os escombros das cidades européias
(SCHULZ; HENDRICKS, 1992).

A então República Federal da Alemanha herdou da guerra um volume entre 400 e 600
milhões de metros cúbicos de escombros, dos quais foram reciclados cerca de 11,5 milhões de
metros cúbicos, que possibilitaram a produção de 175.000 unidades habitacionais até o ano de
1955 (SCHULZ; HENDRICKS, 1992).

Num segundo momento, passam a se interessar pela reciclagem dos RCD os países e
regiões da Europa que têm deficiências na oferta de materiais granulares: Holanda,
Dinamarca, Bélgica e regiões da França (ITEC, 1995c).

Pode-se caracterizar a ocorrência hoje em dia de um terceiro momento, em que os


interesses de diversos países e regiões, em vários continentes, estão ancorados também na

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necessidade de solucionar o destino de expressivos volumes de RCD gerados em regiões
urbanas cada vez mais adensadas.

6.1.RECICLAGEM EM PAÍSES DO HEMISFÉRIO NORTE

Resultado das necessidades anteriormente descritas, a reciclagem de RCD foi


implantada e consolidou-se na Europa Ocidental, no Japão e nos EUA. Para a Comunidade
Européia é estimada a geração anual de 500 milhões de toneladas de RCD (IVBR, [1995]),
somatória de gerações elevadas como a da Alemanha e outras bem menos significativas,
como na Bélgica e Suíça, países de menor área territorial. Em praticamente todos os países-
membros existem instalações de reciclagem de RCD, normas e políticas específicas para esse
tipo de resíduo, desenvolvendo-se no período mais recente esforço de consolidação de
normativa única para toda a comunidade. Alguns objetivos e resultados são exemplificadores
dos esforços realizados:

 A Alemanha definiu como objetivo de política de governo a


elevação do número de instalações de reciclagem no país, das 550
existentes em 1992, para 1.000 no ano 1998 (NORDBERG NEWS,
sd);

 A França definiu para o ano 2000 a meta de reciclar 50% dos RCD
gerados (MOREL, apud LAURITZEN, 1994);

 A Suíça traçou, também para o final do século, o objetivo de


quintuplicar o volume de RCD a ser reciclada, como parte do
esforço de redução em 25% do material levado a aterramento
(MILANI, 1990);

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 A Holanda e a Dinamarca no início da década de 90 já reciclavam
60 % dos RCD gerados, abastecendo 10% do mercado de agregados
com estes produtos (NORDBERG NEWS, sd);

 O Reino Unido também abastece 10% do mercado de agregados


com produtos reciclados e é política do governo ampliar essa taxa,
em função do considerável potencial do mercado (COLLINS,
1998).

Também no Japão, avanços significativos vêm sendo obtidos no último período, pois
só na década de 80 observou-se a geração nacional de RCD saltar de 30,4 para 83,6 milhões
de toneladas anuais. Sob as diretrizes da Lei de Reciclagem, em 1988, o Japão estava
reciclando 22% dos RCD gerados; esse percentual era inferior, em 50%, ao percentual obtido
no conjunto dos outros setores industriais (HONG KONG, 1993), mas já era equivalente à
meta traçada pela Suíça para o ano 2000.

Em 1991, em Tóquio já existiam 12 instalações de reciclagem, operando com


equipamentos de origem alemã, exclusivamente para a reciclagem de concreto, processando
10.000 toneladas ao dia e gerando novos produtos a custo inferior ao dos agregados
convencionais (HONG KONG, 1993), para uso principalmente em obras viárias (KASAI
apud LAURITZEN, 1994). Em função das diretrizes nacionais, que prevêem claramente o
papel governamental e a necessidade de combater a deposição ilegal e descontrolada, o
Ministério da Construção tem incentivado estudos e medidas legais para a reutilização de
reciclados, induzindo o mercado local (id. ibid.). O Japão é reconhecido, nos simpósios
internacionais, como o país mais adiantado em técnicas de demolição adequadas à
necessidade de gestão do meio ambiente (LAURITZEN, 1994).

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Nos EUA a EPA estimou, em seu relatório de 1996, que 20 a 30% dos RCD gerados
no país estavam sendo recuperados (YOST, 1998), mas esse não é um indicador seguro, dada
a celeuma provocada na "C&D industry" e a posterior revisão do relatório. Ainda em 1996,
foi estimada a existência de 1.800 instalações de reciclagem em operação no país, 1.000 delas
processando asfalto, 500 processando madeira e 300 operando com resíduos misturados. Para
1998, num intervalo, portanto de dois anos, a estimativa traçada é a de que o número de
instalações processadoras tenha praticamente dobrado, para um total de 3.500 em todo o país
(YOST, 1998).

A composição dos RCD, provenientes das atividades construtivas de edifícios


relatadas pela EPA, varia em função das suas características, sendo dominante a madeira nos
resíduos gerados nas novas construções e dominante o concreto nos processos de demolição
(LEE apud C&D, 1998a).

Há, no Hemisfério Norte, dezenas de fabricantes de equipamentos para a reciclagem


de RCD sendo que praticamente todos são antigos produtores europeus de equipamentos para
mineração, processo ao qual muito se assemelha a reciclagem.

Atualmente, todos os grandes fabricantes têm produtos específicos para a reciclagem


(Kleemann-Reiner, Hazemag, Nordberg, Svedala, Ratzinger, Tellsmith e outros) e vários
deles têm parcela importante de sua produção (até 25%) já dirigida para o mercado da
reciclagem de RCD. São soluções fixas ou móveis, geralmente concebidas, como é usual na
atividade mineradora, para produções diárias elevadas.

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Em geral, nos países desenvolvidos, podem ser distinguidos dois tipos de instalações
de reciclagem: as que produzem agregados para todo tipo de aplicação e as que produzem
agregados para uso específico em concreto, o que as faz possuir controle de qualidade mais
estrito (ITEC, 1995c).

Os equipamentos trituradores são os mais importantes na linha de produção de uma


instalação de reciclagem. Geralmente são adotados britadores de mandíbulas (jaw crushers)
ou britadores de impacto (ímpact crushers), mas não há um tipo específico de britador que
apresente ótimos resultados em todos os aspectos (CIVIELTECCHNISCH CENTRUM
UITVDERING RESEARCH EM REGELGEVING - CUR, sd). Tem-se geralmente os
britadores de mandíbulas como melhores produtores de agregados para concreto quando
associados a outro equipamento para britagem secundária; são, no entanto, bastante
suscetíveis à presença de resíduos de madeira e metálicos, caso não disponham de dispositivo
de alívio para essas eventualidades. Os britadores de impacto são menos sensíveis à presença
desses materiais, oferecem capacidade de redução de partículas muito superior à do britador
de mandíbula, e são tidos como o melhor equipamento para a produção de novos agregados
para uso em serviços de pavimentação (ITEC, 1995c).

Nos países desenvolvidos há a predominância de instalações de grande porte, que


implicam a imobilização de um capital de porte significativo. A Tabela 3.11 apresenta a
ordem de valor dos equipamentos mais importantes no mercado norte-americano.

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TABELA 2 - PREÇO TIPICO DOS EQUIPAMENTOS PARA PROCESSAMENTO DE RCD

Instalações montadas sobre essa tipologia de equipamentos são unidades com


capacidade de processamento entre 150 e 250 toneladas horárias, provavelmente produzindo
entre 1.000 e 1.600 toneladas diárias, volume de geração de RCD atingido por poucos dos
municípios brasileiros.

As instalações do Hemisfério Norte têm, via de regra, algum nível de sofisticação,


incorporando tecnologias específicas, como o processamento dos RCD por via úmida, em
circuito fechado de água, que permite conferir maior qualidade aos produtos da reciclagem
(BAKKER, 1993; TRÃNKLER, 1992), ou mesmo procedimentos de pré-seleção dos RCD
por aspiração (ITEC, 1995c).

Tal sofisticação se revela também no controle de emissões de ruídos e material


particulado que, junto com o incremento no tráfego de veículos pesados, constituem os
potenciais impactos das instalações no entorno onde operam (HANSEN, 1996).

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É parte da lógica do negócio da reciclagem a diferenciação dos preços, tanto para o
descarte dos resíduos pelos geradores e coletores, como para a venda do material beneficiado.
Como pode ser observada, a lógica da reciclagem incentiva a diferenciação dos RCD na
origem, favorecendo, entre outros fatores, os resíduos coletados com maior percentual de
pureza. Além desse incentivo no preço do descarte, o preço do descarte nas instalações de
reciclagem é nitidamente inferior ao da deposição em aterros de Bruxelas, onde as taxas para
estes materiais variavam entre 260 e 2.800 BEF/t em 1995 (INSTITUT BRUXELLOIS
POUR LA GESTION DE L’ENVIRONNEMENT, 1995).

Logicamente, esses fatores, nos países desenvolvidos, acabam induzindo os processos


de gerenciamento dos resíduos no canteiro de obras e de otimização dos procedimentos de
demolição, possibilitando sustentação para novos instrumentos legais de gestão.

6.2.RECICLAGEM NO BRASIL - POSSIBILIDADES

A reciclagem dos resíduos de construção e demolição no Brasil é bastante recente, mas


vem chamando a atenção dos gestores urbanos pelas possibilidades que apresenta enquanto
solução de destinação dos RCD e solução para a geração de produtos a baixo custo.

Os primeiros estudos sistemáticos foram realizados a partir de 1983 (PINTO, 1986),


ocorrendo na seqüência os estudos de SILVEIRA (1993), ZORDAN (1997), LEVY (1997),
LATTERZA (1998) e LIMA (1999), além de uma série de outros estudos pontuais em várias
instituições de pesquisa do País.

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Paralelamente a esses estudos, estendeu-se bastante rapidamente, a partir do início da
década de 80, o uso de "masseiras-moinho", equipamentos de pequeno porte para uso
exclusivo em obras de edificações (também conhecidos como moinhos de galgas dos quais já
foram produzidas 700 unidades no Brasil). Esse equipamento propicia moagem intensa de
resíduos menos resistentes, principalmente os de alvenaria e argamassas, possibilitando sua
reutilização em serviços de revestimento da própria edificação em produção. O resultado de
seu uso é bastante positivo, tanto pela indução ao gerenciamento dos resíduos na obra, como
pela redução dos custos das perdas nos processos construtivos - o que propicia rápida
amortização do investimento e é positivo, inclusive, por contribuir para a minoração do
impacto dos RCD nas áreas urbanas.

Já a experiência brasileira com equipamentos de maior porte é mais recente, tendo se


iniciado em 1991 e expandido para uma série de municípios, com a implantação das
instalações acontecendo em alguns deles como resultado de planos de gestão dos RCD e, em
outros, como mera aquisição de equipamentos descoordenada de um planejamento de ações, o
que inevitavelmente compromete os resultados a serem alcançados, eliminando em alguns
casos qualquer impacto positivo da presença das instalações de reciclagem.

O traço comum entre as instalações brasileiras que ofereceram sucesso, pelo volume
de material que vêm processando e pelo impacto ambiental que eliminam, é o fato de terem
sido originadas de processos iniciados com quantificações precisas, reconhecimento de fluxos
e atores inseridos (BELO HORIZONTE, 1993a; 1993b; RIBEIRÃO PRETO, 1995a; 1995b).

Os equipamentos utilizados nas instalações brasileiras são de produção nacional ou,


em dois casos, equipamentos importados que já tivessem operado em instalações mineradoras.

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A pequena intensidade da atividade de demolição nas cidades brasileiras faz com que,
tipicamente, os RCD gerados se apresentem com pequena dimensão máxima (em torno de
300 mm), permitindo, com isso, a utilização de equipamentos de menores dimensões, menor
capacidade de produção, menores custos e com capacidade de adequação à intensidade de
geração nos municípios de médio e grande porte. A partir da capacitação dos produtores
brasileiros (atualmente sete empresas de capital nacional ou filiadas a grupos internacionais) é
possível afirmar-se não haver qualquer dificuldade tecnológica para a produção dos
equipamentos típicos das instalações de reciclagem.

Como todas as instalações de reciclagem brasileiras são controladas pelo poder


público ou autarquias locais tornam-se complexa a determinação do custo operacional em
cada uma delas. No entanto, a consideração criteriosa dos componentes necessários - custos
de manutenção e reposição, provisão de água, força e luz, custos de mão-de-obra, juros,
amortização, equipamentos para manejo interno - tem apontado para valores na ordem de R$
5,00 por tonelada processada.

A viabilização da reciclagem dos RCD em um centro urbano é resultado de uma série


de fatores, dos quais certamente um dos mais importantes é sua viabilidade econômica em
confronto com os preços dos agregados naturais.
6.3.USO DE RECICLADOS

Os países desenvolvidos vêm consolidando o uso de RCD reciclado como material de


enchimento para a preparação de terrenos, para projetos de drenagem, para a sub-base de vias
e estradas, e como agregado para a produção de novo concreto (HANSEN, 1992), sendo este
último uso o ocorrente em menor volume. Mas também para ele, tal qual já ocorre há dezenas
de anos para os primeiros citados, não há aspectos técnicos que ofereçam obstáculo
significativo à aplicação dos RCD reciclados (CUR, sd).

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Subsistirão sempre os condicionantes econômicos locais, típicos da região geradora,
oriundos de fatores diversos como custo de agregados naturais, valor das taxas de deposição
em aterros, custos de transporte, suporte pelas políticas governamentais locais, e outros.

Nos países onde a reciclagem está mais consolidada, a utilização dos elementos e
materiais recuperados da construção é muito diversificada, estando, porém, sempre de acordo
com as injunções de mercado e com a sofisticação dos métodos de obtenção dos resíduos,
vale dizer: métodos de gerenciamento de resíduos em canteiro, de demolição e de
processamento na reciclagem.

Tal diretiva é válida também para os países, como o Brasil, que recentemente iniciam
suas experiências com a gestão dos RCD e sua reciclagem. Processos menos sofisticados
podem gerar material com total adequação ao uso em sub-base de vias e outros produtos
simples; processos mais controlados podem levar a novos agregados com a qualidade
requerida para a produção de concreto com elevada requisição de desempenho. Há, no
entanto, importância em ampliarem-se ao máximo as opções e a solidez dos usos, pois, em
alguns centros urbanos brasileiros, tal como ocorre em países do Hemisfério Norte
(COLLINS, 1998), pouca demanda há para a pavimentação de novas vias8, concentrando-se
as possibilidades de alojamento dos reciclados em serviços de manutenção e outros tipos de
utilização.

Os estudos que vêm sendo desenvolvidos no Brasil nas décadas de 80 e 90 já dão


sustentação suficiente para a disseminação dos procedimentos de reciclagem como alternativa
de destinação dos RCD para um número maior de centros urbanos. Mas certamente precisam
ser aprofundados, ampliando-se as possibilidades de reutilização segura, para que mais e mais
os municípios de médio e grande porte possam se aproximar de um "sistema de cicio fechado"
(SCHULZ apud LAURITZEN, 1994) para os materiais da construção.

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A investigação sobre o uso dos RCD em obras de pavimentação foi iniciada por
técnicos da Prefeitura Municipal de São Paulo / SP, no ano de 1989, tendo sido ancorada em
metodologias que consideram as características específicas dos solos tropicais típicos (BODI
et al. 1995). Os resultados das verificações realizadas indicaram a possibilidade de obter-se
idêntica capacidade de suporte com o uso de quantidade muito menor de agregados, caso
utilizado o RCD reciclado.

Comente-se que a agregação de RCD reciclado mostrou-se extremamente benéfica


para os dois tipos de solos. As características de expansão dos solos são contidas, sua massa
específica praticamente não se altera com a mistura, diminuindo a possibilidade de
segregações indesejáveis e o teor de umidade ótima também pouco se altera, possibilitando
facilitação do processo executivo em conseqüência da melhor homogeneização e menor
dispersão da umidade (BODI et al. 1995). Essas vantagens do uso dos resíduos em
pavimentos, certamente, não são ignoradas pelos gestores urbanos, onde ocorre o lançamento
de RCD in natura para manutenção de condições mínimas de tráfego.

Os estudos brasileiros para a utilização de RCD reciclado em argamassas e concreto


vêm avançando nos últimos anos, corroborando, no caso das argamassas, o uso já bastante
significativo desse material por centenas de empresas construtoras do País.

Os dados de PINTO (1986) e LEVY (1997) indicam o bom desempenho dos RCD em
argamassas e o resultado positivo da presença significativa de produtos cerâmicos em sua
composição. As verificações do comportamento dos RCD na produção de concreto para uso
enquanto massa ou para produção de artefatos são mais recentes e, coerentemente com os
resultados verificados na ampla bibliografia internacional existente sobre o tema, apontam
para bons resultados em composições com baixo consumo de aglomerante, quando os

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agregados miúdos e graúdos são substituídos integralmente pelo reciclado (PINTO, 1995;
ZORDAN, 1997).

Estudos mais detalhados sobre o comportamento dos RCD em concreto ainda devem
ser feitos, para que se imprima segurança a um tipo de utilização concreto de média
resistência - para o qual certamente há demanda no Brasil.

Nos países da Comunidade Européia estima-se que 80% do mercado atual estejam
centrados em concreto com resistência na faixa de 20 a 25 MPa, resultados perfeitamente
alcançáveis com os RCD reciclados (VÁZQUEZ, 1997).

Os esforços devem estar focados na ampliação e consolidação do roi de aplicações


para os resíduos, pois cada uma dessas aplicações constitui importante apoio à alteração dos
graves problemas gerados pelos RCD nas áreas urbanas.

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7. NOVA LEGISLAÇÃO, NORMAS TÉCNICAS E
RESPONSABILIDADES

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Há um conjunto de leis e políticas públicas, além de normas técnicas fundamentais na
gestão dos resíduos da construção civil, contribuindo para minimizar os impactos ambientais.

Políticas Públicas:

o Resolução CONAMA nº 307 - Gestão dos Resíduos da Construção Civil, de cinco


de julho de 2002;

o Resolução CONAMA nº 275 – Gestão no Tratamento de resíduos, de 25 de abril


de 2001;

o PBPQ-H - Programa Brasileiro da Produtividade e Qualidade do Habitat;

o Lei Federal nº 9605, dos Crimes Ambientais, de 12 de fevereiro de 1998;

o Legislações municipais referidas à Resolução CONAMA;

Normas Técnicas:

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o Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e
triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação - NBR 15112:2004;

o Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para


projeto, implantação e operação - NBR 15113:2004;

o Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para


projeto, implantação e operação - NBR 15114:2004;

o Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Execução de


camadas de pavimentação - Procedimentos - NBR 15115:2004

o Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Utilização em


pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural - Requisitos - NBR
15116:2004;

7.1.RESOLUÇÃO CONAMA Nº 307

O destaque entre os elementos apontados é a Resolução CONAMA nº 307, que define,


classifica e estabelece os possíveis destinos finais dos resíduos da construção e demolição, além
de atribuir responsabilidades para o poder público municipal e também para os geradores de
resíduos no que se refere à sua destinação.
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Ao disciplinar os resíduos da construção civil, a Resolução CONAMA nº 307 leva em
consideração as definições da Lei de Crimes Ambientais, de fevereiro de 1998 que prevê
penalidades para a disposição final de resíduos em desacordo com a legislação. Essa resolução
exige do poder público municipal a elaboração de leis, decretos, portarias e outros instrumentos
legais como parte da construção da política pública que discipline a destinação dos resíduos da
construção civil. No âmbito estadual de São Paulo, a Resolução SMA nº 41. Editada em outubro
de 2002, busca disciplinar a destinação dos resíduos em todo o Estado com o estabelecimento de
prazos para a adequação das áreas de bota-fora existentes - esses locais devem ser transformados em
áreas de aterro para resíduos de construção e inertes, com condições específicas de operação
previstas nas normas técnicas já existentes. Desse modo, foram integrados às atividades do
órgão de controle ambiental estadual (CETESB) o licenciamento e a fiscalização das áreas
utilizadas para aterro dos resíduos da construção.

Os principais aspectos dessa resolução são os seguintes:

A. Definição e princípios

 Definição - Resíduos da construção e demolição são os provenientes da


construção, demolição, reformas, reparos e da preparação e escavação de solo.

 Princípios - priorizar a não-geração de resíduos e proibir disposição final em locais


inadequados, como aterros sanitários, em bota-foras, lotes vagos, corpos-d'água,
encostas e áreas protegidas por lei.
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B. Classificação e destinação

 Classe A - alvenaria, concreto, argamassas e solos. Destinação: reutilização ou


reciclagem com uso na forma de agregados, além da disposição final em
aterros licenciados.

 Classe B - madeira, metal, plástico e papel. Destinação: reutilização,


reciclagem ou armazenamento temporário.

 Classe C - produtos sem tecnologia disponível para recuperação (gesso, por


exemplo). Destinação: conforme norma técnica específica.

 Classe D - resíduos perigosos (tintas, óleos, solventes etc.), conforme NBR


10004:2004 (Resíduos Sólidos - Classificação). Destinação: conforme norma
técnica específica.

C. Responsabilidades

 Municípios - elaborar Plano Integrado de Gerenciamento, que incorpore: a)


Programa Municipal de Gerenciamento (para geradores de pequenos
volumes); b) Projetos de Gerenciamento em obra (para aprovação dos
empreendimentos dos geradores de grandes volumes).

 Geradores - elaborar Projetos de Gerenciamento em obra (caracterizando os


resíduos e indicando procedimentos para triagem, acondicionamento,

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transporte e destinação).

D. Prazos

 Plano Integrado e Programa Municipal - devem estar elaborados até janeiro


de 2004 e implementados até julho de 2004.

 Projetos de Gerenciamento - devem ser apresentados e implementados a partir


de janeiro de 2005.
7.2.RESOLUÇÃO CONAMA nº 275

Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na


identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a
coleta seletiva.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das


atribuições que lhe conferem a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e tendo em vista o
disposto na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e no Decreto no 3.179, de 21 de
setembro de 1999, e Considerando que a reciclagem de resíduos deve ser incentivada
facilitada e expandida no país, para reduzir o consumo de matérias-primas, recursos naturais
não-renováveis, energia e água;

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Considerando a necessidade de reduzir o crescente impacto ambiental associado à
extração, geração, beneficiamento, transporte, tratamento e destinação final de matérias
primas, provocando o aumento de lixões e aterros sanitários;

Considerando que as campanhas de educação ambiental, providas de um sistema de


identificação de fácil visualização, de validade nacional e inspirada em formas de codificação
já adotada internacionalmente, sejam essenciais para efetivarem a coleta seletiva de resíduos,
viabilizando a reciclagem de materiais, resolve:

Art. 1º - Estabelecer o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser


adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas
informativas para a coleta seletiva.

Art. 2º - Os programas de coleta seletiva, criados e mantidos no âmbito de órgãos da


administração pública federal, estadual e municipal, direta e indireta, e entidades paraestatais,
devem seguir o padrão de cores estabelecido em anexo.

§ 1º - Fica recomendada a adoção de referido código de cores para programas


de coleta seletiva estabelecidos pela iniciativa privada, cooperativas, escolas, igrejas,
organizações não-governamentais e demais entidades interessadas.

§ 2º - As entidades constantes no caput deste artigo terão o prazo de até doze


meses para se adaptarem aos termos desta Resolução.

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Art. 3º - As inscrições com os nomes dos resíduos e instruções adicionais, quanto à
segregação ou quanto ao tipo de material, não serão objeto de padronização, porém
recomenda - se a adoção das cores preta ou branca, de acordo com a necessidade de contraste
com a cor base.

Art. 4º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Padrão de cores:

 AZUL: papel/papelão;

 VERMELHO: plástico;

 VERDE: vidro;

 AMARELO: metal;

 PRETO: madeira;

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 LARANJA: resíduos perigosos;

 BRANCO: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde;

 ROXO: resíduos radioativos;

 MARROM: resíduos orgânicos;

 CINZA: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não


passível de separação.

7.3.PBPQ-H - PROGRAMA BRASILEIRO DA PRODUTIVIDADE E


QUALIDADE DO HABITAT

O Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras (SIQ - Construtoras), do


PBQP-H, prevê, em seu escopo, a necessidade da "consideração dos impactos no meio ambiente
dos resíduos sólidos e líquidos produzidos pela obra (entulhos, esgotos, águas servidas),
definindo um destino adequado para os mesmos", como condição para qualificação das
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construtoras no nível "A".

A falta de observância desses requisitos poderá resultar na restrição ao crédito oferecido


por instituições financeiras que exigem tal qualificação como critério de seleção para seus
tomadores de recursos.

7.4.NORMAS TÉCNICAS

As normas técnicas, integradas às políticas públicas, representam importante instrumento


para a viabilização do exercício da responsabilidade para os agentes públicos e os geradores de
resíduos.

Para viabilizar o manejo correto dos resíduos em áreas específicas, foram preparadas as
seguintes normas técnicas:

 Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e


triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação - NBR 15112:2004 -
possibilitam o recebimento dos resíduos para posterior triagem e valorização.
Têm importante papel na logística da destinação dos resíduos e poderão, se
licenciados para esta finalidade, processar resíduos para valorização e
aproveitamento.

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 Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para
projeto, implantação e operação - NBR 15113:2004 - solução adequada para
disposição dos resíduos de classe A, de acordo com a Resolução CONAMA nº 307,
considerando critérios para reservação dos materiais para uso futuro ou disposição
adequada ao aproveitamento posterior da área.

 Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para


projeto, implantação e operação - NBR 15114:2004 - possibilitam à
transformação dos resíduos da construção classe A em agregados reciclados
destinados à reinserção na atividade da construção.

O exercício das responsabilidades pelo conjunto de agentes envolvidos na geração,


destinação, fiscalização e controle institucional sobre os geradores e transportadores de resíduos
está relacionado à possibilidade da triagem e valorização dos resíduos que, por sua vez, será viável
na medida em que haja especificação técnica para o uso de agregados reciclados pela atividade
da construção. As normas técnicas que estabelecem as condições para o uso destes agregados são
as seguintes:

 Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Execução de


camadas de pavimentação - Procedimentos - NBR 15115:2004.

 Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Utilização em


pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural - Requisitos - NBR
15116:2004

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8. GESTÃO AMBIENTAL DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO
CIVIL

O objetivo deste item é descrever pormenorizadamente os aspectos relevantes da


aplicação de metodologia para gestão dos resíduos em canteiro de obras, considerando as
atividades inerentes, a proposição de ações diferenciadas e a busca da consolidação por meio
de avaliações periódicas.

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8.1. SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES

A implantação do método de gestão de resíduos para a construção civil implica o


desenvolvimento de um conjunto de atividades para se realizar dentro e fora dos canteiros.

Para ser consolidado progressivamente, o método deve registrar as atividades como no


modelo de cronograma apresentado:

TABELA 3 - SUGESTÃO DE CRONOGRAMA

8.1.1. REUNIÃO INAUGURAL

Realizada com a presença da direção técnica da construtora, direção das obras


envolvidas (incluindo mestres e encarregados administrativos) e responsáveis por qualidade,
segurança do trabalho e suprimentos. Tem por objetivo:

 A apresentação dos impactos ambientais provocados pela ausência do


gerenciamento dos resíduos da construção e demolição nas cidades;

 Mostrar de que modo as leis e as novas diretrizes estabelecem um novo processo de


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gerenciamento integrado desses resíduos e quais são suas implicações para o setor da
construção civil;

 Esclarecer quais serão as implicações no dia-a-dia das obras decorrentes da


implantação de uma metodologia de gerenciamento de resíduos.
8.1.2. PLANEJAMENTO

Realizado a partir dos canteiros de obra visando:

 Levantamento de informações junto às equipes de obra, identificando a quantidade


de funcionários e equipes, área em construção, arranjo físico do canteiro de obras
(distribuição de espaços, atividades, fluxo de resíduos e materiais e equipamentos
de transporte disponíveis), os resíduos predominantes, empresa contratada para
remoção dos resíduos, locais de destinação dos resíduos utilizados pela obra/coletor;

 Preparação e apresentação de proposta para aquisição e distribuição de dispositivos


de coleta e sinalização do canteiro de obras, considerando as observações feitas
por mestres e encarregados;

 Definição dos responsáveis pela coleta dos resíduos nos locais de


acondicionamento inicial e transferência para armazenamento final;

 Qualificação dos coletores;

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 Definição dos locais para a destinação dos resíduos e cadastramento dos
destinatários;

 Elaboração de rotina para o registro da destinação dos resíduos;

 Verificação das possibilidades de reciclagem e aproveitamento dos resíduos,


notadamente os de alvenaria, concreto e cerâmico;

 Prévia caracterização dos resíduos que poderão ser gerados durante a obra com base
em memoriais descritivos, orçamentos e projetos.

Nesta fase, a área de suprimentos deve cumprir o papel fundamental de levantar


informações sobre os fornecedores de insumos e serviços com possibilidade de identificar
providências para reduzir ao máximo o volume de resíduos (caso das embalagens) e desenvolver
soluções compromissadas de destinação dos resíduos preferencialmente preestabelecidos nos
respectivos contratos.

8.1.3. IMPLANTAÇÃO

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Iniciada imediatamente após a aquisição e distribuição de todos os dispositivos de
coleta e respectivos acessórios, por meio do treinamento de todos os operários no canteiro, com
ênfase na instrução para o adequado manejo dos resíduos, visando, principalmente, sua
completa triagem. Envolve também a implantação de controles administrativos, com
treinamento dos responsáveis pelo controle da documentação relativa ao registro da destinação dos
resíduos.

8.1.4. MONITORAMENTO

Avaliar o desempenho da obra, por meio de check-lists e relatórios periódicos, em


relação à limpeza, triagem e destinação compromissada dos resíduos. Isso deverá servir como
referência para a direção da obra atuar na correção dos desvios observados, tanto nos aspectos
da gestão interna dos resíduos (canteiro de obra) como da gestão externa (remoção e
destinação). Devem ser feitas novas sessões de treinamento sempre que houver a entrada de
novos empreiteiros e operários ou diante de insuficiências detectadas nas avaliações.

8.2.QUALIFICAÇÃO DOS AGENTES

Os agentes envolvidos na gestão dos resíduos devem ser previamente identificados e


qualificados, para garantir a segurança dos processos posteriores à geração.

8.2.1. FORNECEDORES DE DISPOSITIVOS E ACESSÓRIOS

No caso da aquisição de bombonas e bags reutilizados, verificar se o fornecedor tem


licenças específicas para remover os resíduos dos recipientes, higienizando e tratando
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adequadamente os efluentes decorrentes da higienização. O fornecedor deve possuir licenças
dos órgãos de controle ambiental competentes.

8.2.2. EMPRESAS TRANSPORTADORAS

As empresas contratadas para o transporte dos resíduos deverão estar cadastradas nos
órgãos municipais competentes e isentas de quaisquer restrições cadastrais.

8.2.3. DESTINATÁRIOS DOS RESÍDUOS

A destinação dos resíduos deverá estar vinculada às seguintes condições:

8.3.GESTÃO NO CANTEIRO DE OBRAS

A questão do gerenciamento de resíduos está intimamente associada ao problema do


desperdício de materiais e mão-de-obra na execução dos empreendimentos. A preocupação expressa,
inclusive na Resolução CONAMA nº 307, com a não-geração dos resíduos deve estar presente na
implantação e consolidação do programa de gestão de resíduos.

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Em relação a não-geração dos resíduos, há importantes contribuições propiciadas por
projetos e sistemas construtivos racionalizados e também por práticas de gestão da qualidade já
consolidadas.

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TABELA 4 - DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS

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A gestão nos canteiros contribui muito para não gerar resíduos, considerando que:

I. O canteiro fica mais organizado e mais limpo;

II. Haverá a triagem de resíduos, impedindo sua mistura com insumos;

III. Haverá possibilidade de reaproveitamento de resíduos antes de descartá-los;

IV. Serão quantificados e qualificados os resíduos descartados, possibilitando a


identificação de possíveis focos de desperdício de materiais.

Os aspectos considerados na gestão de resíduos abordados a seguir dizem respeito à


organização do canteiro e aos dispositivos e acessórios indicados para viabilizar a coleta
diferenciada e a limpeza da obra. No que se refere ao fluxo dos resíduos no interior da obra, são
descritas condições para o acondicionamento inicial, o transporte interno e o acondicionamento
final. Há considerações gerais sobre a possibilidade de reutilização ou reciclagem dos resíduos
dentro dos próprios canteiros. Finalmente, são sugeridas condições contratuais específicas para que
empreiteiros e fornecedores, de um modo geral, formalizem o compromisso de cumprimento dos
procedimentos propostos.

8.3.1. ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO

Há uma profunda correlação entre os fluxos e os estoques de materiais em canteiro e o


evento da geração de resíduos. Por conta disso é importante observar:

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o Acondicionamento adequado dos materiais

É extremamente importante a correta estocagem dos diversos materiais, obedecendo a


critérios básicos de:

I. Classificação;

II. Freqüência de utilização;

III. Empilhamento máximo;

IV. Distanciamento entre as fileiras;

V. Alinhamento das pilhas;

VI. Distanciamento do solo;

VII. Separação, isolamento ou envolvimento por ripas, papelão, isopor etc. (no caso
de louças, vidros e outros materiais delicados, passíveis de riscos, trincas e
quebras pela simples fricção);

VIII. Preservação da limpeza e proteção contra a umidade do local (objetivando


principalmente a conservação dos ensacados).

A boa organização dos espaços para estocagem dos materiais facilita a verificação, o
controle dos estoques e aperfeiçoa a utilização dos insumos.

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Mesmo em espaços exíguos, é possível realizar um acondicionamento adequado de
materiais, respeitando critérios de:

I. Intensidade da utilização;

II. Distância entre estoque e locais de consumo;

III. Preservação do espaço operacional.

Os materiais classificados para a reutilização devem obedecer aos critérios acima


relacionados. (Figura 05)

FIGURA 5 – EXEMPLO DOS MATERIAIS CLASSIFICADOS

o A organização do canteiro e suas vantagens

A boa organização faz com que sejam evitados sistemáticos desperdícios na utilização e
na aquisição dos materiais para substituição. Em alguns casos, os materiais permanecem
espalhados pela obra e acabam sendo descartados como resíduos. A dinâmica da execução dos
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serviços na obra acaba por transformá-la num grande almoxarifado, podendo haver "sobras" de
insumos espalhadas e prestes a se transformar em resíduos. A prática de circular pela obra
sistematicamente, visando localizar possíveis "sobras" de materiais (sacos de argamassa contendo
apenas parte do conteúdo inicial, alguns blocos que não foram utilizados, recortes de conduítes
com medida suficiente para reutilização, etc.), para resgatá-los de forma classificada e novamente
disponibilizá-los até que se esgotem, pode gerar economia substancial. Isso permite reduzir a
quantidade de resíduos gerados e aperfeiçoar o uso da mão-de-obra, uma vez que não há a necessidade
de transportar resíduos para o acondicionamento. A redução da geração de resíduos também implica
redução dos custos de transporte externo e destinação final.

o Planejar a disposição dos resíduos

No âmbito da elaboração dos projetos de canteiro, deve ser equacionada a disposição dos
resíduos, considerando os aspectos relativos ao acondicionamento diferenciado e a definição de
fluxos eficientes, conforme abordam os próximos itens.

8.3.2. DISPOSITIVOS E ACESSÓRIOS

Dependendo da finalidade, os seguintes dispositivos são utilizados na maioria dos casos


para o manejo interno dos resíduos:

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TABELA 5 - DISPOSITIVOS E ACESSÓRIOS

8.3.3. LIMPEZA - ASPECTOS GERAIS

As tarefas de limpeza da obra estão ligadas ao momento da geração dos resíduos, à realização
simultânea da coleta e triagem e à varrição dos ambientes. A limpeza preferencialmente deve ser
executada pelo próprio operário que gerar o resíduo. Há a necessidade de dispor com agilidade os
resíduos nos locais indicados para acondicionamento, evitando comprometimento da limpeza e
da organização da obra, decorrentes da dispersão dos resíduos. Quanto maior for à freqüência e
menor a área-objeto da limpeza, melhor será o resultado final, com redução do desperdício de
materiais e ferramentas de trabalho, melhoria da segurança na obra e aumento da produtividade
dos operários. Um exemplo: É melhor fazer a limpeza "por ambiente" do que fazê-la por pavimento.

8.3.4. FLUXO DOS RESÍDUOS

Devem ser estabelecidas condições específicas para acondicionamento inicial, transporte


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interno e acondicionamento final de cada resíduo identificado e coletado. Verifique essas
condições.

8.3.4.1. ACONDICIONAMENTO INICIAL

Deverá acontecer o mais próximo possível dos locais de geração dos resíduos, dispondo-os
de forma compatível com seu volume e preservando a boa organização dos espaços nos diversos
setores da obra. Em alguns casos, os resíduos deverão ser coletados e levados diretamente para os
locais de acondicionamento final.

TABELA 6 - RESÍDUOS ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA – ACONDICIONAMENTO INCIAL

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TABELA 7 - RESÍDUOS NÃO ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA – ACONDICIONAMENTO INCIAL

8.3.4.2. TRANSPORTE INTERNO

Deve ser atribuição específica dos operários que se encarregarem da coleta dos resíduos nos
pavimentos. Eles ficam com a responsabilidade de trocar os sacos de ráfia com resíduos contidos nas
bombonas por sacos vazios, e, em seguida, de transportar os sacos de ráfia com os resíduos até os locais de
acondicionamento final.

O transporte interno pode utilizar os meios convencionais e disponíveis: transporte horizontal


(carrinhos, giricas, transporte manual) ou transporte vertical (elevador de carga, grua, condutor de
entulho). As rotinas de coleta dos resíduos nos pavimentos devem estar ajustadas à disponibilidade
dos equipamentos para transporte vertical (grua e elevador de carga, por exemplo). O ideal é que, no
planejamento da implantação do canteiro, haja preocupação específica com a movimentação dos
resíduos para minimizar as possibilidades de formação de "gargalos". Equipa- mentos como o
condutor de entulho, por exemplo, podem propiciar melhores resultados, agilizando o transporte
interno de resíduos de alvenaria, concreto e cerâmico.

As recomendações para transporte interno de cada tipo de resíduo estão na tabela abaixo,
do qual foram excluídos alguns resíduos que precisam de acondicionamento final imediatamente
após a coleta:

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TABELA 8 - TRANSPORTE INTERNO DE CADA TIPO DE RESÍDUO

8.3.4.3. ACONDICIONAMENTO FINAL

Na definição do tamanho, quantidade, localização e do tipo de dispositivo a ser


utilizado para o acondicionamento final dos resíduos deve ser considerado este conjunto de
fatores: volume e características físicas dos resíduos, facilitação para a coleta, controle da
utilização dos dispositivos (especialmente quando dispostos fora do canteiro), segurança para os
usuários e preservação da qualidade dos resíduos nas condições necessárias para a destinação. No
decorrer da execução da obra as soluções para o acondicionamento final poderão variar. Mas
para o êxito da gestão dos resíduos basta, respeitar o conjunto de fatores mencionado.

TABELA 9 - RESÍDUOS ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA – ACONDICIONAMENTO FINAL

TABELA 10 – RESÍDUOS NÃO ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA – ACONDICIONAMENTO


FINAL

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8.3.5. REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DOS RESÍDUOS

Deve haver atenção especial sobre a possibilidade da reutilização de materiais ou


mesmo a viabilidade econômica da reciclagem dos resíduos no canteiro, evitando sua remoção e
destinação.

O correto manejo dos resíduos no interior do canteiro permite a identificação de


materiais reutilizáveis, que geram economia tanto por dispensarem a compra de novos
materiais como por evitar sua identificação como resíduo e gerar custo de remoção.

A tabela abaixo menciona alguns materiais ou resíduos com possibilidade de


reutilização e cuidados exigidos.

TABELA 11 - REUTILIZAÇÃO E CUIDADOS EXIGIDOS

Em relação à reciclagem em canteiro dos resíduos de alvenaria, concreto e cerâmico,


devem ser examinados os seguintes aspectos:

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I. Volume e fluxo estimado de geração;

II. Investimento e custos para a reciclagem (equipamento, mão-de-obra, consumo de


energia etc.);

III. Tipos de equipamentos disponíveis no mercado e especificações;

IV. Alocação de espaços para a reciclagem e formação de estoque de agregados;

V. Possíveis aplicações para os agregados reciclados na obra;

VI. Controle tecnológico sobre os agregados produzidos;

VII. Custo dos agregados naturais;

VIII. Custo da remoção dos resíduos.

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A decisão por reciclar resíduos em canteiro somente poderá ser tomada após o exame
cuidadoso dos aspectos acima relacionados e uma análise da viabilidade econômica e
financeira.
8.3.6. FORMALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS

A implantação da Gestão de Resíduos interfere no dia-a-dia de todos os agentes que


atuam na obra. Os resultados são obtidos conforme o nível de comprometimento dos operários,
empreiteiros e direção da empresa com a metodologia proposta. Desse modo, a adesão dos
agentes dependerá de treinamento, capacitação e respeito às novas condições necessárias para a
limpeza da obra, triagem e destinação dos resíduos. Cumpre destacar que os construtores, no
exercício de suas responsabilidades, precisam contar com os agentes integrantes da cadeia
produtiva, inclusive do apoio dos fornecedores de insumos.

Esse compromisso precisa ser formalizado e deve estar expresso nos respectivos contratos,
merecendo destaque para os seguintes aspectos:

 Evidenciar a necessidade do zelo com a limpeza e a organização permanentes da


obra;

 Responsabilizar empreiteiros pela má utilização dos insumos, materiais e dispositivos


de uso comum;

 Obrigar a observância das condições estabelecidas para a triagem dos resíduos;

 Compartilhar com o contratado, em casos específicos, a responsabilidade pela


destinação dos resíduos,

 Examinando e aprovando solução para destinação e exigindo a apresentação da


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documentação pertinente;

 Avaliar os empreiteiros em relação à limpeza da obra, triagem dos resíduos nos


locais de geração, acondicionamento final e destinação (quando for aplicável),
atribuindo notas e penalizando os responsáveis por irregularidades.

8.4. REMOÇÃO DOS RESÍDUOS DO CANTEIRO

A coleta dos resíduos e sua remoção do canteiro devem ser feitas de modo a conciliar
alguns fatores, a saber:

I. Compatibilização com a forma de acondicionamento final dos resíduos na obra;


II. Minimização dos custos de coleta e remoção;

III. Possibilidade de valorização dos resíduos;

IV. Adequação dos equipamentos utilizados para coleta e remoção aos padrões definidos
em legislação.

8.4.1. FLUXO DOS RESÍDUOS

A tabela abaixo relaciona tipos de resíduo à sua forma adequada de coleta e remoção.

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TABELA 12 - RESÍDUOS ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA

TABELA 13 - RESÍDUOS NÃO ORIUNDOS DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA

8.4.2. FORMALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS

Os coletores de resíduos das obras são os agentes que devem remover os resíduos para
os locais de destinação previamente qualificados pelos geradores e, portanto, devem cumprir
rigorosamente o que lhes for determinado.

Os aspectos que devem ser considerados nos contratos para prestação de serviços de coleta e
remoção são os seguintes:

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 Quando da utilização de caçambas estacionárias, obediência às especificações da
legislação municipal, notadamente nos aspectos relativos à segurança;

 Disponibilizar equipamentos em bom estado de conservação e limpos para uso;

 Observância das condições de qualificação do transportador (regularidade do


cadastro junto ao órgão municipal competente, citado no item 4.2.2);

 Estabelecer a obrigatoriedade do registro da destinação dos resíduos nas áreas


previamente qualificadas e cadastradas pelo próprio gerador dos resíduos (observadas
as condições de licenciamento quando se tratar de áreas de transbordo e triagem, áreas
de reciclagem, áreas de aterro para resíduos da construção civil ou aterros de resíduos
perigosos);

 Condicionar o pagamento pelo transporte à comprovação da destinação dos resíduos.

8.5. DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS

As soluções para a destinação dos resíduos devem combinar compromisso ambiental e


viabilidade econômica, garantindo a sustentabilidade e as condições para a reprodução da metodologia
pelos construtores.

Os fatores determinantes na designação de soluções para a destinação dos resíduos são os


seguintes:

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I. Possibilidade de reutilização ou reciclagem dos resíduos nos próprios canteiros;

II. Proximidade dos destinatários para minimizar custos de deslocamento;

III. Conveniência do uso de áreas especializadas para a concentração de pequenos


volumes de resíduos mais problemáticos, visando à maior eficiência na
destinação.

8.5.1. FLUXO DOS RESÍDUOS

A tabela abaixo permite a identificação de algumas das soluções de destinação para os


resíduos, passíveis de utilização pelos construtores.

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TABELA 14 - SOLUÇÕES DE DESTINAÇÃO PARA OS RESÍDUOS

8.5.2. FORMALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS

A formalização da destinação dos resíduos deve ser iniciada por meio da identificação e do

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cadastramento dos destinatários. Estas são algumas informações relevantes que devem fazer parte
deste cadastro:

 Data do cadastramento;

 Razão Social do destinatário;

 CNPJ;

 Nome do responsável pela empresa;

 Telefone;

 Endereço da destinação;

 Atividade principal do destinatário; • Resíduo(s) que será(ão) destinado(s);

 Descrição do processo a ser aplicado ao(s) resíduo(s).

FIGURA 6 - MODELO DE FICHA CADASTRAL

Uma vez cadastrado o destinatário, cada coleta deverá implicar emissão do documento CTR (Controle de
Transporte de Resíduos), que registrará a destinação dos resíduos coletados. Neste documento deverão constar,
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necessariamente, as seguintes informações:

 Dados do gerador (Razão social / nome, CNPJ / CPF, endereço para retirada e identificação da
obra);
 Resíduos destinados, com volume ou peso e unidades correspondentes;
 Dados do transportador (Razão social / nome, CNPJ / CPF, inscrição municipal, tipo de veículo e
placa); - Termo de responsabilidade para devolução de bags da obra: quantidade, nome e assinatura do
responsável;
 Dados do destinatário (Razão social / nome, CNPJ / CPF, endereço da destinação); - Assinaturas e
carimbos (gerador, transportador e destinatário).

FIGURA 7 - MODELO DE FORMULÁRIO

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Que deve ser emitido em três vias. Feita a remoção dos resíduos, as três vias deverão ser
apresentadas ao destinatário para coleta de assinaturas e carimbos. A primeira via deve ser
devolvida à obra, a segunda via fica com o transportador e a terceira via é retida pelo destinatário.
É recomendável que o pagamento ao transportador seja feito só depois da apresentação da
primeira via devidamente assinada e carimbada pelo destinatário.

8.6.ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DOS DISPOSITIVOS E


ACESSÓRIOS

 Bombona: recipiente com capacidade para 50 litros, com diâmetro superior de


aproximadamente 35 cm após o corte da parte superior. Exigir do fornecedor a
lavagem e a limpeza do interior das bombonas, mesmo que sejam cortadas apenas
na obra. (Figura 08)

FIGURA 8 - BOMBONAS

 Bag: recipiente com dimensões aproximadas de 0,90 x 0,90 x 1,20 metros, sem
válvula de escape (fechado em sua parte inferior), dotado de saia e fita para
fechamento, com quatro alças que permitam sua colocação em suporte para
mantê-lo completamente aberto enquanto não estiver cheio. (Figura 09)

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 Baia: recipiente confeccionado em chapas ou placas, em madeira, metal ou tela,
nas dimensões convenientes ao armazenamento de cada tipo de resíduo. Em alguns
casos a baia é formada apenas por placas laterais delimitadoras e em outros casos há
a necessidade de se criar um recipiente estilo "caixa", sem tampa. (Figura 10)

FIGURA 10 - BAIA

 Caçamba estacionária: recipiente confeccionado com chapas metálicas

reforçadas e com capacidade para armazenagem em torno de quatro m3. A


fabricação deste dispositivo deve atender às normas ABNT. (Figura 11)

FIGURA 11 - CAÇAMBA ESTACIONÁRIA

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 Sacos de ráfia: dimensões 0,90 x 0,60 cm. Normalmente são reutilizados os "sacos
de farinha" confeccionados em ráfia sintética. Os sacos de ráfia deverão ser
compatíveis com as dimensões das bombonas, de forma a possibilitar o encaixe no
diâmetro superior.

 Etiquetas adesivas: tamanho A4-ABNT com cores e tonalidades de acordo com


o padrão utilizado para a identificação de resíduos em coleta seletiva. (Figura 12)

FIGURA 12 - ETIQUETAS ADESIVAS

8.7.AVALIAÇÃO DE RESULTADOS

8.7.1. CHECK-LIST

O check-list é uma ferramenta fundamental para avaliar o desempenho da obra em relação à


gestão dos resíduos.

Nele estão organizados três blocos de informações para a descrição das características dos
canteiros de obras.

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A avaliação deve se dar pela designação de pontos para cada aspecto analisado
(níveis da pontuação: Péssimo = 1,0 a 2,9; Fraco = 3,0 a 4,9; Regular = 5,0 a 6,9; Bom = 7,0 a
8,9 e Ótimo= 9,0 a 10).

O quadro A apresenta os espaços avaliados e respectivos fatores de ponderação, associando


cada espaço às notas de limpeza e segregação de resíduos. À direita das notas atribuídas estão
apresentadas as quantidades de dispositivos (bombonas) presentes em cada pavimento. Na parte
inferior deste quadro são apresentadas as médias ponderadas de limpeza e segregação na fonte.

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FIGURA 13 – QUADRO A - FATORES DE AVALIAÇÃO - LIMPEZA E SEGREGAÇÃO NA FONTE

No quadro B estão tabulados os problemas mais freqüentes que ocorrem em relação à limpeza
e à segregação dos resíduos, devendo ser assinalados aqueles observados nos respectivos espaços
avaliados. A primeira coluna

destina-se aos registros numéricos fotográficos e a última, às observações gerais em relação


aos itens avaliados.

FIGURA 14 – QUADRO B - FATORES DE AVALIAÇÃO - LIMPEZA E SEGREGAÇÃO NA FONTE


(CONTINUAÇÃO)

O quadro C apresenta os itens para avaliação do acondicionamento final dos resíduos com
respectivos fatores de ponderação utilizados no cálculo da média, feito a partir das notas parciais
atribuídas. Há colunas específicas para a identificação dos resíduos acondicionados em bags ou

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baias e também para registro dos problemas mais comuns observados na utilização dos
dispositivos de acondicionamento final.

FIGURA 15 – QUADRO C - FATORES DE AVALIAÇÃO - ACONDICIONAMENTO FINAL

8.7.2. RELATÓRIO

O relatório além de expressar de forma sintética os resultados obtidos através do check-


list, também avalia e dá ênfase ao registro da destinação compromissada dos resíduos. São
consideradas, num intervalo de tempo, as destinações adotadas, as quantidades de resíduos gerados,
os custos ou as remunerações atuais e anteriores para efeito de comparação e nota da avaliação.

Página | 84
FIGURA 16 - RELATÓRIO

8.8.PREPARAÇÃO DO PROJETO DE GERENCIAMENTO DE


RESÍDUOS

O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil é um documento que,


conforme a Resolução CONAMA nº 307, deverá ser elaborado pelos geradores de grandes volumes
de resíduos, devendo ser apresentado ao órgão competente juntamente com o projeto da obra.
Página | 85
O Projeto de Gerenciamento deve, de forma sumária, antecipar as orientações já descritas
nos itens anteriores sobre a Gestão Interna no canteiro, a remoção e a destinação dos resíduos,
dando atenção, explicitamente, às exigências dos seguintes aspectos da Resolução CONAMA nº
307:

 Caracterização: identificação e quantificação dos resíduos;

 Triagem: preferencialmente na obra, respeitadas as quatro classes estabelecidas;

 Acondicionamento: garantia de confinamento até o transporte;

 Transporte: em conformidade com as características dos resíduos e com as normas


técnicas específicas; • Destinação: designada de forma diferenciada, conforme as
quatro classes estabelecidas.

Os projetos de gerenciamento de empreendimentos e atividades sujeitos ao


licenciamento ambiental deverão ser apresentados aos órgãos ambientais competentes.

Página | 86
9. ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS PARA
IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA GESTÃO DOS
RESÍDUOS

Relacionamos abaixo os principais aspectos positivos que puderam ser evidenciados nos
canteiros de obra, onde o programa de gestão dos resíduos é Implementado, e os aspectos críticos
que, se não seguirem as diretrizes determinadas na fase de planejamento, podem comprometer o
desempenho do programa de gestão de resíduos:

TABELA 15 - ASPECTOS POSITIVOS

Página | 87
TABELA 16 - ASPECTOS CRÍTICOS

10. VANTAGENS IDENTIFICADOS COM A


IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE GESTAO DE
RESÍDUOS

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FIGURA 17 - VANTAGENS DO PROGRAMA

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FIGURA 18 - VANTAGENS DO PROGRAMA

Página | 90
11. TRATADO DE KYOTO

O Protocolo de Kyoto entrou em vigor no último dia 16/02/2005, passando a se


chamar de Tratado de Kyoto.

O documento, assinado por 141 países, apenas 30 países industrializados, no entanto,


estão sujeitos a essas metas.

O Brasil ratificou o tratado, mas não teve de se comprometer com metas específicas
porque é considerado país em desenvolvimento.

Mas visto o alto índice de queimadas, tanto na Região Amazônica como no Cerrado,
medidas estão sendo tomadas pelo Governo Brasileiro para minimizar este Problema.

11.1. DEFINIÇÃO

O Protocolo de Kyoto é conseqüência de uma série de eventos iniciada com a Toronto


Conference on the Changing Atmosphere , no Canadá (outubro de 1988), seguida
pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall, Suécia (agosto de 1990) e que culminou
com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC, ou
UNFCCC em inglês) na ECO-92 no Rio de Janeiro , Brasil (junho de 1992). Também reforça
seções da CQNUMC.
Página | 91
Constitui-se de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a
redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de acordo com a
maioria das investigações científicas, como causa do aquecimento global.

Discutido e negociado em Kyoto no Japão em 1997, foi aberto para assinaturas em 16


de março de 1998 e ratificado em 15 de março de 1999. Sendo que para este entrar em vigor
precisou que 55% dos países, que juntos, produzem 55% das emissões, o ratificassem, assim
entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Rússia o ratificou em Novembro de
2004.

Por ele se propõe um calendário pelo qual os países desenvolvidos têm a obrigação de
reduzir a emissão de gases do efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de
1990 no período entre 2008 e 2012, também chamado de primeiro período de
compromisso (para muitos países, como os membros da UE, isso corresponde a 15% abaixo
das emissões esperadas para 2008).

A redução das emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas. O


protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de algumas ações
básicas:

 Reformar os setores de energia e transportes;

 Promover o uso de fontes energéticas renováveis;


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 Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da
Convenção;

 Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas


energéticos;

 Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.

Se o Protocolo de Kyoto for implementado com sucesso, estima-se que deva reduzir a
temperatura global entre 1,4 ºC e 5,8ºC até 2100, entretanto, isto dependerá muito das
negociações pós período 2008/2012, pois há comunidades científicas que afirmam
categoricamente que a meta de redução de 5% em relação aos níveis de 1990 é insuficiente
para a mitigação do aquecimento global.

11.2. AS METAS

O total de emissões de dióxido de carbono caiu 3% entre 1990 e 2000. No entanto, a


queda aconteceu principalmente por causa do declínio econômico nas ex-repúblicas soviéticas
e mascarou um aumento de 8% nas emissões entre os países ricos.

A ONU afirma que os países industrializados estão fora da meta e prevê para 2010 um
aumento de 10% em relação a 1990. Segundo a organização, apenas quatro países da União
Européia têm chance de atingir as metas.

Página | 93
11.3. OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E O PROTOCOLO
DE KYOTO

Os Estados Unidos da América negaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, de acordo


com a alegação do presidente George W. Bush de que os compromissos acarretados por tal
protocolo interfeririam negativamente na economia norte-americana.

A Casa Branca também questiona a teoria de que os poluentes emitidos pelo homem
causem a elevação da temperatura da Terra.

Mesmo o governo dos Estados Unidos não assinando o Protocolo de Kyoto, alguns
municípios, Estados (Califórnia) e donos de indústrias do nordeste dos Estados Unidos já
começaram a pesquisar maneiras para reduzir a emissão de gases tóxicos — tentando, por sua
vez, não diminuir sua margem de lucro com essa atitude.

11.4. SUMIDOUROS DE CARBONO

Em julho de 2001, o Protocolo de Kyoto foi referendado em Bonn, Alemanha, quando


abrandou o cumprimento das metas previstas anteriormente, através da criação dos
"sumidouros de carbono”. Segundo essa proposta, os países que tivessem grandes áreas
florestadas, que absorvem naturalmente o CO2, poderia usar essas florestas como crédito em
troca do controle de suas emissões. Devido à necessidade de manter sua produção industrial,
os países desenvolvidos, os maiores emissores de CO 2 e de outros poluentes, poderiam

Página | 94
transferir parte de suas indústrias mais poluentes para países onde o nível de emissão é baixo
ou investir nesses países, como parte de negociação.

Entretanto, é necessário fazer estudos minuciosos sobre a quantidade de carbono que


uma floresta é capaz de absorver, para que não haja super ou subvalorização de valores pagos
por meio dos créditos de carbono. Porém, a partir da Conferência de Joanesburgo esta
proposta tornou-se inconsistente em relação aos objetivos do Tratado, qual seja a redução da
emissão de gases que agravam o efeito estufa. Deste modo, a política deve ser deixar de
poluir, e não poluir onde há florestas, pois o saldo desta forma continuaria negativo para com
o planeta.

11.5. COMÉRCIO DE EMISSÕES, O CHAMADO “CRÉDITO DE


CARBONO”?

O comércio de emissões, ou o assim chamado de “Crédito de Carbono”, consiste em


permitir que países comprem e vendam cotas de emissões de gás carbônico.

Dessa forma, países que poluem muito podem comprar "créditos" não usados daqueles
que "têm direito" a mais emissões do que o que normalmente geram.

Depois de muitas negociações, os países também podem agora ganhar créditos por
atividades que aumentam a sua capacidade de absorver carbono, como o plantio de árvores e a
conservação do solo.

Página | 95
O Tratado de Kyoto aponta que o chamado Crédito de Carbono, irá contribuir na
redução do lançamento de gases poluentes como:

 Dióxido de carbono (CO²),

 Metano,

 Óxido de nitrogênio e

 Clorofluorcarbono na atmosfera.

Nesse momento inicial, o preço da tonelada de gás carbônico no mercado de crédito de


carbono pode variar de US$ 3,00 (três dólares) a US$ 5,00 (cinco dólares).

Com a compra de créditos de carbono, os países desenvolvidos - que precisam emitir


muito carbono - poderão trocar certificados de emissão com os países em desenvolvimento e
com isso, continuar emitindo o gás por algum tempo.

Estudos da FGV - Fundação Getúlio Vargas, mostram que esse mercado tem potencial
de movimentação de US$ 3,5 bilhões (de dólares) por ano na América Latina e grande parte
desse potencial é relativo a projetos no Brasil.

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Por exemplo, no Estado do Rio de Janeiro, a Renova Soluções, empresa do Grupo S/A
Paulista, que opera o Aterro Sanitário do Município de Nova Iguaçu, em parceria com a
Prefeitura local, é uma das primeiras empresas a se habilitar a estas negociações, que estão
sendo feitas com a Holanda.

11.6. SEQÜESTRO DE CARBONO

O "carbon sequestration" é uma política oficial dos EUA e da Austrália que trata de
estocar o excesso de carbono, por prazo longo e indeterminado, na biosfera, no subsolo e nos
oceanos.

Os projetos do DOE's Office of Science dos EUA são:

A. Seqüestrar o carbono em repositórios subterrâneos;

B. Melhorar o ciclo terrestre natural através da remoção do CO2 da atmosfera pela


vegetação e estoque da biomassa criada no solo;

C. O seqüestro do carbono nos oceanos através do aumento da dissolução do CO2


nas águas oceânicas pela fertilização do fito plâncton com nutrientes e pela
injeção de CO2 nas profundezas dos oceanos, a mais de 1000 metros de
profundidade.

D. O seqüenciamento de genoma de microorganismos para o gerenciamento do


ciclo do carbono.

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E. Enviar através de foguetes (naves) milhares de mini-satélites (espelhos) para
refletir parte do sol, em média 200.000 mini-satélites, reduziria 1% do
aquecimento.

O plano de seqüestro de carbono norte-americano já está em andamento e demonstra a


preocupação dos céticos em ajudar a remover uma das causas (embora a considerem
insignificante) do aquecimento global. A Austrália possui um plano semelhante ao dos EUA.
Para maiores detalhes sobre os programas de seqüestro de carbono norte-americano e
australiano ver as publicações “Carbon Sequestration - Technology Roadmap and Program
Plan” de março de 2003, do U.S. DOE Office of Fossil Energy - National Technology
Laboratory e o “Carbon Dioxide - Capture and Storage” do Research Developments &
Demonstration in Australia, 2004.

11.7. OS CÉTICOS E O PROTOCOLO DE KYOTO

O Protocolo de Kyoto somente faz sentido para aqueles que acreditam que as emissões
de gases poluentes, principalmente aqueles provenientes da queima de combustíveis fósseis,
são os principais responsáveis pelo aquecimento global. Como conseqüência do Protocolo, os
países desenvolvidos teriam que diminuir drasticamente suas emissões, inviabilizando, em
médio prazo, o seu crescimento econômico continuado que, acreditam os céticos, é a única
forma de se atingir a abundância de bens e serviços de que tanto necessita a humanidade.

Assim, o segundo maior emissor de gases estufa do planeta, os Estados Unidos, não
ratificaram e, provavelmente não o ratificarão num prazo previsível. Tal atitude é considerada
prudente por parte dos céticos. De fato, todas as nações européias e o Japão ratificaram o
Protocolo, e algumas delas, embora tenham concordado em diminuir suas emissões em 2010

Página | 98
em 8% abaixo dos níveis de 1990, já admitem que não consiga atingir esta meta e somente
poderão conseguir reduzir as emissões em 1% em 2010.

A União Européia esperava atingir as metas compromissadas, aproveitando as


possibilidades da Inglaterra, França e Alemanha de reduzir suas emissões aos níveis de 1990,
utilizando a política de abandonar o uso do carvão, aumentar o uso da energia nuclear e fechar
as portas das indústrias poluidoras do leste alemão. Considerando estas vantagens, as outras
nações não precisariam ser tão severas na redução das suas emissões sob a política original do
Protocolo de Kyoto. Como conseqüência, estes países aumentaram maciçamente suas
emissões, apagando assim os ganhos dos países grandes. Pelo menos 12 dos 15 países
europeus estão preocupados em poder cumprir as suas metas; nove deles romperam-nas, com
emissões aumentando entre 20% e 77%.

As realidades, então, crêem os céticos, é que o Protocolo de Kyoto tornar-se-á "letra


morta" e que a Comunidade Européia, sua grande defensora, está destinada a revelar isto ao
mundo. O desenvolvimento deste tema pode melhor ser apreciado no artigo de Iain Murray,
publicado pelo Tech Central Station, em cinco de maio de 2005.

No entanto, o quadro mudou consideravelmente em 2007 com a publicação dos


relatórios do IPCC sobre mudança climática. A opinião pública, assim como de políticos de
todo o mundo, tem cada vez mais entendido que a mudança climática já começou e que
medidas são necessárias.

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11.8. O AUMENTO DAS EMISSÕES DOS PAÍSES EM
DESENVOLVIMENTO

Um dos fatores alegados pelos Estados Unidos para a não ratificação do Protocolo de
Kyoto foi à inexistência de metas obrigatórias de redução das emissões de gás carbônico para
os países em desenvolvimento.

Apesar de não serem obrigados a cumprir metas de redução, tais países já respondem
por quase 52% das emissões de CO² mundiais, e responderam por 73% do aumento das
emissões em 2004. Segundo a Agência de Avaliação Ambiental da Holanda, em 2006, a
China ultrapassou em 8% o volume de gás carbônico emitido pelos EUA, se tornou o maior
emissor desse gás no mundo emitindo sozinha quase um quarto do total mundial, mais do que
toda a UE.

Um dos motivos dessa escalada das emissões chinesas, é a queima do carvão mineral,
que responde por cerca de 68,4% da produção de energia na China, e segundo relatório da
AIE 40,5% das emissões mundiais do CO², são provenientes da queima desse mineral, sendo
tal o maior contribuídor para o aquecimento global.

O consumo de carvão mineral em 2006 na China saltou 8,7%, quase o dobro do


aumento mundial, paralelamente, o consumo de energia elétrica teve uma elevação de 8,4%
nesse país, e seu PIB aumentou 10,7%. Logo, o crescimento vertiginoso da economia chinesa,
gera pressão pelo aumento da produção de energia, que deve acompanhar rapidamente a
crescente demanda, já que apagões parciais viraram rotina em algumas cidades chinesas,
tamanho o consumo de eletricidade, tal país se tornará até 2010 o maior consumidor de

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energia do mundo, para suprir a demanda há atualmente cerca de 560 usinas termelétricas em
construção no território chinês

Sendo que em 2007 quase duas novas termelétricas eram inauguradas por semana,
então, a tendência é um crescimento continuado do consumo de carvão mineral, bem como
das emissões de CO² na China, algo também verificado na Índia, esses dois países juntos
responderão por 45% do aumento mundial da demanda por energia até 2030, tal aumento
pode significar uma elevação em 57% das emissões de gás carbônico no mesmo período,
assim os atuais 27 bilhões de toneladas de CO² lançadas anualmente na atmosfera passariam
para 42 bilhões em 2030.

Por outro lado, segundo um relatório do Tyndall Center for Climate, 23% das
emissões chinesas de gás carbônico em 2004 foram resultantes da fabricação de produtos que
seriam exportados para países desenvolvidos, dessa forma, há também uma contribuição
desses países nas emissões crescentes da China, bem como dos demais países emergentes.

Frente ao rápido crescimento econômico de economias emergentes, cuja matriz


energética é extremamente dependente da queima de combustíveis fósseis, em especial do
carvão mineral, o aumento nas emissões de gás carbônico parece inevitável para as próximas
décadas, frustrando as pretensões do Protocolo de Kyoto.

Página | 101
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

12.1. OS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO: PROBLEMA OU


SOLUÇÃO?

12.1.1. A BUSCA DA SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DA


CONSTRUÇÃO CIVIL DEVIDO AO GRANDE IMPACTO AMBIENTAL

A sustentabilidade na construção civil hoje é um tema de extrema importância, já que


a indústria da construção causa um grande impacto ambiental ao longo de toda a sua cadeia
produtiva. Esta inclui ocupação de terras, extração de matérias-primas, produção e transporte
de materiais, construção de edifícios e geração e disposição de resíduos sólidos. Além disto,
segundo o (CIB, 2000: 17), a indústria da construção é um dos grandes contribuintes do
desenvolvimento sócio-econômico em todos os países.

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Em relação à quantidade de materiais, (SOUZA, 2005: 13) estima que em um metro
quadrado de construção de um edifício são gastos em torno de uma tonelada de materiais,
demandando grandes quantidades de cimento, areia, brita, etc. Ainda, são gerados resíduos
devido às perdas ou aos desperdícios neste processo; mesmo que se melhore a qualidade do
processo, sempre haverá perda e, portanto, resíduo; alguns levantamentos em canteiros de
obra em Brasília-DF estimaram uma média de geração de entulho de 0,12 Ton/m2.

Observa-se que houve um grande avanço na qualidade da construção civil nos últimos
anos, obtido principalmente por meio de programas de redução de perdas e implantação de
sistemas de gestão da qualidade. Não há dúvidas, porém, que nas próximas décadas, além da
qualidade (implantada para a garantia da satisfação do usuário com relação a um produto
específico), haverá também uma grande preocupação com a sustentabilidade, antes de tudo,
para garantir o próprio futuro da humanidade.

Pode-se dizer que já há um grande movimento neste sentido, e várias pesquisas têm
sido realizadas nesta área, subsidiadas por agências governamentais, instituições de pesquisas
e agencias privadas no mundo inteiro. No Brasil este movimento teve início após a EC0-92,
realizada no Rio de Janeiro, quando foram estabelecidas algumas metas ambientais locais,
incluindo a produção e a avaliação de edifícios e a busca do paradigma do desenvolvimento
sustentável, obtido pela produção da maior quantidade de bens com a menor quantidade de
recursos naturais e menor poluição.

Com relação à construção civil, o aproveitamento de resíduos é uma das ações que
devem ser incluídas nas práticas comuns de produção de edificações, visando a sua maior
sustentabilidade, proporcionando economia de recursos naturais e minimização do impacto no
meio-ambiente. O potencial do reaproveitamento e reciclagem de resíduos da construção é

Página | 103
enorme, e a exigência da incorporação destes resíduos em determinados produtos pode vir a
ser extremamente benéfica, já que proporciona economia de matéria-prima e energia.

12.1.2. O RESÍDUO SÓLIDO DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO:


CLASSIFICAÇÃO E ESTIMATIVAS DE GERAÇÃO

O resíduo sólido de construção e demolição é responsável por um grande impacto


ambiental, e é freqüentemente disposto de maneira clandestina, em terrenos baldios e outras
áreas públicas, ou em bota fora e aterros, tendo sua potencialidade desperdiçada.

Apesar desta prática ainda ser presente na maioria dos centros urbanos, pode-se dizer
que nos últimos anos ela tem diminuído, em decorrência principalmente do avanço nas
políticas de gerenciamento de resíduos sólidos, como a criação da Resolução nº. 307 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2002), que estabelece diretrizes, critérios
e procedimentos para a gestão destes resíduos, classificando-os em quatro diferentes classes.

Estimativas de geração anual destes resíduos apontam índices mundiais variáveis. De


acordo com (JOHN, 2000: 29), EUA, Japão e Alemanha apresentam alguns dos maiores
índices. Para o Brasil (ÂNGULO et al., 2004: 2) indica 68,5 milhões de toneladas por ano.

(PINTO, 1999: 49), aponta para o Brasil, uma porcentagem destes resíduos em torno
de 50% do volume total de resíduos sólidos produzidos pelos grandes centros urbanos.
Merecem, pois, uma atenção especial quanto ao seu manejo e disposição.

Página | 104
Em recente pesquisa realizada por (ROCHA & SPOSTO, 2005: 9), foi apontado à
geração de cerca de 5.500 ton/dia de resíduos sólidos de construção e demolição no Distrito
Federal - DF. Ainda, em amostras coletadas em 14 canteiros de obras de Brasília, constatou-se
a ocorrência de 85% de resíduos recicláveis (30% de classe A e 55% de classe B).

Observa-se que a quantidade destes resíduos é elevada, requerendo um manejo


ambientalmente adequado, com alternativas para a sua redução, reutilização e reciclagem. Isto
pode ser viabilizado pela criação de um sistema eficiente de gestão municipal, incluindo a
coleta seletiva em canteiros de obra e a oficialização de áreas adequadas para a disposição e
reciclagem dos resíduos.

O Distrito Federal conta atualmente com duas mini-usinas de beneficiamento destes


resíduos, uma situada no Aterro do Jóquei, na via Estrutural, e a outra na cidade de Ceilândia.
Somente a mini-usina situada no aterro do Jóquei, porém, está em funcionamento, e sua
capacidade de produção é baixa, utilizada quase que somente para correções do terreno e
pavimentação dentro do próprio aterro.

O resíduo da construção apresenta um grande potencial de uso, principalmente em se


tratando do resíduo de Classe A. Para a viabilização da sua reciclagem, porém, são
necessários:  mais investimentos em pesquisas nesta área, programas de coleta e gestão
adequadas, principalmente nas grandes capitais (maiores geradoras) e construção de usinas de
reciclagem em todo o Brasil (conforme já é feito em cidades como Santo André-SP e Belo
Horizonte - MG).

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12.1.3. PESQUISAS REALIZADAS NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UNB

As instituições de pesquisa têm uma contribuição importante a dar, ressaltando-se a


importância de abordagens interdisciplinares, nas áreas de economia, ciências sociais,
engenharia, ciências ambientais e arquitetura, com pesquisas nas áreas de educação ambiental,
gestão, reaproveitamento e reciclagem de resíduos, entre outras.

Com relação à gestão, aponta-se o Projeto de Gerenciamento de Resíduos Sólidos em


Canteiro de Obras, que vem sendo realizado em parceria com a Universidade de Brasília –
UnB (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Departamento de Engenharia Civil e
Ambiental) e o setor produtivo (empresas construtoras) em Brasília. Este projeto, na sua
primeira fase, contou com o apoio do Sebrae-DF, Sinduscon-DF e várias outras instituições,
sendo que foi apresentado um piloto para o Distrito Federal e Goiânia, contemplando planos
de redução de resíduos, reutilização e reciclagem. Observou-se que os principais resultados
deste projeto para as empresas construtoras foram: redução de custo devido o menor numero
de caçambas necessárias à coleta em canteiro, melhoria da organização e limpeza da obra e
contribuição da empresa com a educação ambiental de sua mão de obra, entre outros
(BLUMENSCHEIN & SPOSTO, 2003).

Sobre pesquisas de reciclagem, ressalta-se a potencialidade destes resíduos para a


produção de novos materiais e componentes para habitações e infra-estrutura, como placas de
piso, blocos de vedação, argamassas, meio-fio, etc. A UnB já iniciou pesquisas nesta área,
sendo que a primeira fase do projeto tratou da caracterização e quantificação dos resíduos em
Brasília, e a segunda fase, de desenvolvimento de componentes, será iniciada no mês de
março. Observa-se que o entulho de construção (classe A) tem um grande potencial para a
construção de habitações de interesse social, realizadas por meio de autoconstrução,
permitindo economia de matéria-prima e de energia, por meio do uso de materiais e
componentes reciclados, ao invés de materiais mais nobres.
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12.1.4. A RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E A GERAÇÃO
DE EMPREGO E RENDA

Muito se tem ouvido falar em sustentabilidade nos dias atuais, e embora a maior parte
das abordagens, até agora, tenha privilegiado o impacto no meio-ambiente (biodiversidade,
nível de tolerância da natureza e dos recursos), esta começa a mudar (ou a ser ampliada),
especialmente nos países não-desenvolvidos, entre eles o Brasil, devido à necessidade de
priorização também de aspectos econômicos, sociais e culturais.

Quanto à reciclagem, do ponto de vista econômico, segundo (CALDERONI, 2003:


319), não reciclar significa deixar de auferir rendimentos da ordem de bilhões de reais todos
os anos. Segundo o mesmo autor, a economia de matéria-prima constitui o principal fator de
economia, seguida da economia de energia elétrica.

E do ponto de vista social, a tecnologia de reciclagem é apontada como uma das


alternativas para a geração de emprego e renda.  O resultado é que além da economia de
matéria-prima e energia na produção de novos agregados, o uso e a reciclagem de resíduos da
construção e demolição proporcionam novas oportunidades de emprego para uma parcela da
população que freqüentemente é excluída, que passa a se organizar em grupos e efetivamente
a gerar renda, tanto na coleta (catadores) quanto em cooperativas de reciclagem (na produção
de novos materiais e componentes). É inegável, portanto, o benefício trazido para a indústria,
sucateiros, carrinheiros e catadores em geral.

Em Brasília algumas iniciativas, particularmente parcerias entre secretarias


governamentais e a iniciativa privada, têm sido tomadas para minimizar os danos causados
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pelos seus resíduos. Estas iniciativas, ainda em estágio inicial, buscam a adequação das
atividades de coleta, transporte e disposição dos resíduos urbanos, além de inúmeros
benefícios sociais, ambientais, econômicos, políticos e de direitos humanos, e apesar de serem
muito importantes, são ainda insuficientes para a resolução do problema, que requer em
caráter de urgência o desenvolvimento e a implantação de um plano integrado de resíduos
sólidos para a cidade de Brasília e Distrito Federal, tendo em vista a integração de todos os
agentes envolvidos no processo.

Página | 108
13. BIBLIOGRAFIA

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos


sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, INTERNATIONAL


ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. NBRISO 14001: Sistemas de gestão
ambiental - Especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 1996.

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15112: Resíduos


da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e triagem - Diretrizes
para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 2004.

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15113: Resíduos


sólidos da construção civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto,

Página | 109
implantação e operação. Rio de Janeiro, 2004.

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15114: Resíduos


sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e
operação. Rio de Janeiro, 2004.

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15115: Agregados


reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Execução de camadas de
pavimentação - Procedimentos. Rio de Janeiro, 2004.

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15116: Agregados


reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Utilização em pavimentação e
preparo de concreto sem função estrutural - Requisitos. Rio de Janeiro, 2004.

 BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, CONSELHO NACIONAL DO

MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002.


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Página | 116
Página | 117
ANEXO

TABELA 17 - RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM ARGAMASSAS

Página | 118
TABELA 18 - RESISTÉNCIA À COMPRESSÃO E À TRAÇÃO EM ARGAMASSAS

TABELA 19 - VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM CONCRETO EM FUNÇÃO DO CONSUMO


DO CIMENTO

Página | 119
TABELA 20 - VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM CONCRETO

Página | 120

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