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Fadiga
A grande maioria das estruturas de engenharia está sujeita a cargas que são de
um modo geral variáveis no tempo, embora muitas vezes sejamos levados a crer
que o carregamento seja estático, em uma primeira observação.
Carregamento Cíclico – Cargas
Variáveis
Cargas variáveis: Qualquer solicitação que se
repete num intervalo de tempo qualquer.
Tem-se 2 casos:
Cargas alternadas
Cargas pulsantes
Cargas Variáveis
Carregamento Cíclico – Cargas
Variáveis
Tensão média:
max min
m
2
Tensão variável:
max min
v
2
Ou ainda:
max m v min m v
Carregamento Cíclico - Fadiga
Os componentes mecânicos estão submetidos a
esforços que variam com o tempo.
Estes esforços podem provocar a falha através
da fadiga no material.
A falha por fadiga consiste na nucleação e
posterior propagação de trincas.
Geralmente esta falha ocorre com tensões
atuantes inferiores ao limite de resistência ao
escoamento do material.
Carregamento Cíclico - Fadiga
Mecanismo de falhas por fadiga:
As trincas de fadiga iniciam na grande maioria dos casos na
superfície do componente.
Estas trincas podem ser nucleadas durante o serviço ou
podem estar presentes no material usado na fabricação.
As trincas iniciam em imperfeições ou descontinuidades do
material, ou seja, em locais onde haja concentrações de
tensões.
Existem três estágios básicos:
Nucleação
Propagação estável da trinca
Fratura brusca devido à propagação instável da trinca.
Carregamento Cíclico - Fadiga
Seção transversal de uma peça com evolução da
fratura por fadiga
Carregamento Cíclico - Fadiga
Existem basicamente três metodologias distintas
para o dimensionamento à fadiga de um
componente:
Fadiga controlada por tensão (ou fadiga de alto
ciclo)
Fadiga controlada por deformação (ou fadiga de
baixo ciclo)
Mecânica de fratura aplicada à fadiga.
Fadiga controlada por tensão
Baseia-se nas curvas S-N (ou curvas de Wöhler) do
componente.
Esta metodologia é bastante adequada quando as
seguintes condições são verificadas:
A tensão atuante é inferior ao limite de resistência de
escoamento do material, ou seja, σEXT < σ0,2.
A vida prevista é longa. Em geral N>103 ciclos;
A amplitude dos Esforços é previsível;
Exemplos: Eixos, engrenagens, molas;
A vida necessária ao componente deve ser calculada ou
avaliada.
Fadiga controlada por tensão
Exemplo: Determinação da vida de um virabrequim de automóvel:
Vida esperada do carro ≈ 150.000 km;
Raio do Pneu ≈ 290 mm;
Comprimento =π.580= 1822,12mm = 1822X10-6 km;
1 Rotação pneu 1822X10-6 km
n Rotações pneu 1 km
n = 549 rpm/km.
Para N=150.000 km n= 549x150.000 = 8,2x107 Rotações
Relação típica: nENT/nSAIDA=3x1
nVIRABREQUIM = 2,5x108 Rotações
A95 = 0,005 x b x h
Limite de resistência à fadiga
3) Fator de Acabamento Superficial (CS)
Determinado pelo processo de fabricação
Limite de resistência à fadiga
4) Fator de Correção da Temperatura (CT)
CT = 1,0 Para T ≤ 450 0C
CT = 1 – 0,0058(T-450) Para 450 ≤ T ≤ 550 0C
- Fator de
sensibilidade
ao entalhe
Efeito de Entalhes
Tensões multiaxiais
Calcular as tensões equivalentes alternadas
(σeqa) e médias (σeqm) através da equação de von
Mises:
Tensões multiaxiais
HISTÓRICO DE FRATURAS
CATASTRÓFICAS
1876 Ashtabula, Michigan: Ponte de ferro-fundido
de 23 m de altura que desaba quando da
passagem de um trem com 159 pessoas a bordo.
92 mortos (48 irreconhecíveis). Ruptura por
fadiga e falha de projeto.
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HISTÓRICO DE FRATURAS
CATASTRÓFICAS
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HISTÓRICO DE FRATURAS
CATASTRÓFICAS
1919 Boston: Tanque de ferro-fundido de uma
destilaria de álcool com 9000000 lts de melaço se
rompe. Uma onda de 5 metros de altura de
melaço se forma, viajando a uma velocidade de
35 Km/h por aproximadamente duas quadras.
150 pessoas feridas e 21 mortas. As causas da
ruptura teriam sido sobrecarga e problemas
construtivos do tanque. Foi um dos primeiros
casos na história em que a companhia
responsável teve que pagar indenizações pelas
mortes e danos. 30
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CATASTRÓFICAS
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HISTÓRICO DE FRATURAS
CATASTRÓFICAS
1944 Cleveland: Ruptura de um tanque de gás
natural liquefeito. Com a ruptura, houve a
vaporização do gás que se incendiou, causando
uma gigantesca bola de fogo. Uma milha
quadrada foi completamente destruída, deixando
79 casas, 2 fábricas, 217 carros destruídos. 131
pessoas mortas, 300 feridas
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CATASTRÓFICAS
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HISTÓRICO DE FRATURAS
CATASTRÓFICAS
1942-52: Ruptura dos navios Liberty-ships. Os Liberty ships
eram navios de carga, usados na II guerra mundial.
Tornaram-se lendários por terem sido projetados para
fabricação em série, de modo a agilizar o tempo construtivo
(2700 foram construídos, sendo que no final da guerra o
tempo médio de construção era 5 dias) e também por terem
sido pioneiros no uso da solda substituindo rebites.
No início 30% deles afundaram com ruptura catastrófica (no
final da guerra a taxa caiu para 5%). As causas das rupturas
foram a inexistência de barreiras a propagação das trincas,
como o fim das chapas, existentes no caso de cascos
rebitados; falta de experiência dos soldadares (não havia
tempo hábil para treiná-los em função da guerra) e uso de 34
metais de baixa tenacidade.
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CATASTRÓFICAS
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CATASTRÓFICAS
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CATASTRÓFICAS
Tem-se início então as primeiras investigações
sistemáticas patrocinadas pela American Bureau
of Shipping, onde conclui-se que a fratura
catastrófica era relacionada a 3 fatores: má
qualidade do aço, concentradores de tensão e
soldas defeituosas.
Surge, em 1947, primeira norma restritiva quanto
a composição química dos aços empregados na
construção naval .
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HISTÓRICO DE FRATURAS
CATASTRÓFICAS
1953-54: Queda de 3 aviões Comets (de Havilland 106
Comet). Ele foi o primeiro avião a jato comercial,
introduzido em 1949 e colocado em operação em 1952 .
Posteriormente descobriu-se que as quedas ocorreram
por propagação de trincas que se originaram nas
proximidades dos cantos das janelas – quadradas – do
avião (na verdade no furo de um rebite), e que se
propagavam por fadiga causada pela
pressurização/despressurização da cabine. Após a
descoberta, nenhum avião pressurizado usaria janelas
sem cantos arredondados.
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CATASTRÓFICAS
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CATASTRÓFICAS
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CATASTRÓFICAS
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HISTÓRICO DE FRATURAS
CATASTRÓFICAS
1962 Melbourne: Ponte King bridge rompe sem carga.
Causa da ruptura: metal de baixa qualidade, falha de
projeto.
1967 Point Pleasant, W. Virginia: Ponte Silver Bridge
ligando o estado W. Virginia a Ohio. Vão central tinha
mais de 130 metros. Em lugar de cabos, a ponte era
suspensa por correntes ligadas por pinos. Um dos elos de
corrente se rompeu por clivagem devido ao clima frio e
sobrecarga, causando a ruptura dútil de um dos pinos.
Com a ruptura de uma das correntes, toda a estrutura
colapsou, causando a morte de 46 pessoas. A ruptura foi
causada por microtrincas que cresceram por fadiga e
corrosão combinados. 42
HISTÓRICO DE FRATURAS
CATASTRÓFICAS
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CATASTRÓFICAS
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HISTÓRICO DE FRATURAS
CATASTRÓFICAS
O desastre da ponte Silver bridge tornou-se um
marco pois foi a primeira estrutura civil a ter o
colapso investigado com aplicação dos conceitos
modernos da mecânica da fratura.
Conforme Kanninen e Popelar, o National Bureau
Standars (NBS) estimou que as perdas anuais
diretas e indiretas na economia americana devido
à fratura (em 1982) chegavam a 120 bilhões de
dólares/ano e que em torno de 35 bilhões de
dólares poderiam ser economizados se
conhecimentos de mecânica da fratura fossem 45
aplicados.
Exercícios
1) Considere uma peça de secção transversal quadrada
de lado = a. Esta peça está submetida às forças axiais
que variam de –2 kN até 12 kN. O material desta peça foi
fabricado com um aço com:
Limite de escoamento σ0,2 = 600 MPa;
Limite de resistência à tração σR = 920 MPa;
Estime o valor da resistência à fadiga desta peça. Explique
o valor de cada fator de correção utilizado para esta
estimativa.
1.1) Determine o lado (a) desta peça para que ela tenha
vida infinita. Considere fator de segurança S = 1,5.
1.2) Considere o lado (a) igual a 90% do valor calculado no
item anterior. Determine a vida da peça com este novo lado.
Considere fator de segurança S = 1,5.
Exercícios
2) Considere o eixo abaixo, o qual está submetido a uma força de 6.800 N.
Este eixo terá uma rotação de 850 rpm.
Selecione um material para este eixo. Estime o limite de resistência à fadiga
para vida infinita (Se).
Determine os esforços atuantes. Faça o diagrama de momentos fletores.
Determine os valores dos momentos atuantes nos pontos: B – C – E;
Determine as tensões atuantes nestes pontos. Determine o ponto crítico, ou
seja, aquele em que atua o valor máximo da tensão.
Determine se o eixo terá vida infinita. Justifique! Se não tiver, determine a
vida do eixo.
Exercícios
3) Considere a viga de seção transversal quadrada ou retangular da
figura abaixo. Sobre a extremidade desta viga atuará uma massa (M).
Esta massa poderá variar ciclicamente entre zero e 100 kg.
Selecione um material para esta viga.
Estime o limite de resistência à fadiga para vida infinita (Se).
Determine as dimensões desta viga para que ela tenha vida
infinita.
Quais seriam as dimensões, se a vida fosse igual a 4x104 ciclos?
Referências
Fadiga
Referência Bibliográfica:
NORTON, Robert L. Projeto de máquinas uma
abordagem integrada. 2. Porto Alegre Bookman 2011
ISBN 9788560031313.
Shigley, J. E., Mischke, C.R. e Budynas, R.G., Projeto
de Engenharia Mecânica, Bookman, Porto Alegre, 7a
Ed., 2005.
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