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Resumo
O presente artigo problematiza a gestão escolar atual a partir do processo de
democratização na década de 1980, explicitando como a concepção de democratização
daquele período foi desconstruída na década de 1990 e como, hoje, início do século
XXI, o modelo de gestão vigente não contempla a perspectiva de gestão democrática
(conjunto de atividades que envolvem a participação, a descentralização, a autonomia
e o poder local), mas um postulado de gestão compartilhada, a qual se sustenta pela
*Doutorado em Edu-
hierarquização, pela participação tutelada, pelo controle verticalizado das decisões cação pela PUC São Paulo
e pela automanutenção da escola. Para fundamentar essa perspectiva teórica, o (2001) e pós-doutorado
artigo busca ainda, por um campo, verificar qual é o conceito historicamente criado pela UNICAMP (2012)
em torno da democracia e no campo empírico, como na escola dirigentes escolares
têm articulado um conceito e construído uma prática em torno de processos dito
democratizadores.
P
1
Desenvolvido a partir
roblematizar o projeto de gestão escolar atual requer a compreensão do trabalho intitulado
“Gestão democrática: a
da concepção de gestão democrática e de opções teóricas e políticas decomposição do con-
cretizado”, de minha
para superar um modelo, que julgamos ser inoperante ao projeto de autoria, apresentado e
emancipação humana, pois condicionado a um propósito burocrático e conservador publicado nos anais do
XV Encontro Nacional
arraigado nas políticas educacionais do tempo presente. Tanto Karl Marx (2004) quanto de Didática e Prática de
Ensino, em Belo Hori-
Mikhail Bakunin (2003) afirmam que, quando queremos superar um projeto, é porque zonte, em 2010.
já temos outro substitutivo. É a partir dessa tese que buscamos desenvolver o trabalho
que ora socializamos com os leitores.
Marx assevera que a humanidade só apresenta problemas que é capaz de
resolver, o que indica que o problema só surge quando as condições objetivas para a sua
resolução ou já existiam ou estavam sendo construídas. Outro autor, contemporâneo
de Marx, porém de correntes filosóficas e políticas distintas, mas ambos defensores
dos preceitos de libertação do homem, Bakunin, por sua vez, afirma que ninguém
pode querer destruir um projeto sem ter ao menos uma ideia remota, verdadeira ou
falsa, da ordem das coisas que deveria suceder ao projeto em disputa.
Os dois autores, com essas assertivas, mostram que a questão não está na
aparência, mas em sua essência. Para compreendermos o problema temos que observar
a essência do objeto e, assim, desvelarmos a sua aparência. É dessa forma que, ao
compreender o problema, podemos construir projetos para a sua superação.
Isto indica a necessidade de realizarmos a abstração do projeto atual e termos
a concepção do que queremos superar, buscando algo para colocar em seu lugar. Isto
faz parte do movimento histórico, no qual os homens e as mulheres se fazem sujeitos
da história ou se sujeitam a ela, observando-a ou atuando para a sua transformação.
si, postulados conflituais. Ou seja, a gestão democrática não pode ser reduzida a uma
dimensão instituída, ela é sempre instituinte e instituída ao mesmo tempo.
Decorre daí os seus princípios: participação, descentralização e autonomia. Tais
princípios são basilares para a concretização da democratização, o que indica uma
relação de poder, a socialização do poder, a participação no poder. Descentralização
só se realiza pelos elementos instituintes e instituídos: participação e autonomia.
Recorremos ao pressuposto de que só se efetiva aquilo que é possível, o que nos leva
a um outro plano.
plano real, pela dimensão do plano das necessidades de cada um e pela dimensão dos
campos da formação e do trabalho.
Para a apreensão do plano real, basta analisar os avanços e conquistas políticas
e sociais que resultam da participação. Na escola, os responsáveis por alunos sentem-
se coparticipantes na tomada de decisões e têm contribuído para que a organização
da escola se aproxime de questões sociais e culturais que afetam o bairro? Tem sido
melhor a qualidade da escola pública? Enfim, há paulatino rompimento da rigidez
hierárquica da escola, no que diz respeito ao centralismo das decisões?
No que diz respeito ao plano das necessidades, são levadas em conta as
necessidades da comunidade e dos alunos, ou as demandas de necessidades são
constituídas do exterior, ou seja, dos órgãos centrais para as escolas e alunos?
Mas a escola não é só isto6. Questões organizativas, administrativas, curriculares, 6
Por escola estamos
etc, formam uma ordenação complexa (TRAGTENBERG, 1982). A escola se organiza entendendo uma articu-
lação entre vários ele-
pela autonomia ou pelas condições burocratizadas que conservam ela em si. mentos: estrutura e re-
cursos físicos, aspectos
A escola a dministrativos, peda-
gógicos e financeiros; pro-
fissionalização do docente;
[...] é forjadora dos membros de que esta necessita; ela é quem ‘produz’ participação comunitária;
os seres sociais; é a escola quem cuida das gerações mais jovens, relação ensino-aprendi-
notadamente quando a família não pode exercer a parte que lhe cabe zagem; atividades discen-
nesse papel, por ter de garantir produção de toda a riqueza social; tes, etc. Isto dá uma ideia
éa instituição escolar a responsável pela socialização das informações da escola como orga-
e ideologias que cimentam todo o constructo social; é o espaço nização complexa.
escolar que é responsável pela transmissão dos saberes produzidos e
acumulados pela sociedade etc. (LOMBARDI, 2010, p. 19).
[...] assim como para se endireitar uma vara que se encontra torta não
basta coloca-la na posição correta, mas, é necessário curva-la do lado
oposto, assim também, no embate ideológico não basta anunciar a
concepção correta para que os desvios sejam corrigidos; é necessário
abalar as certezas, desautorizar o senso comum. E para isso nada melhor
do que demonstrar a falsidade daquilo que é tido como obviamente
verdadeiro demonstrando ao mesmo tempo a verdade daquilo que é
tido como obviamente falso. (SAVIANI, 1983, p. 63).
A partir desta ideia, ou temos uma vara teimosa, ou não curvarmos a vara
o suficiente para que ela tomasse prumo. Ela, a vara, continua colada ao setor
da hierarquização verticalizada, e, mesmo às vezes, com novas formas, com novos
formatos, com novas vestimentas, como a formatação mais recente de organização
Horizontalizada. Pois a democratização ainda depende basicamente da vontade
daqueles que estão no staff, no poder. Não há, portanto, um modelo participativo
2. A tese em construção
Além disto, a “escola passa a ser encarada como uma empresa de prestação
de serviços, disputando espaço no mercado educacional.” (NEVES, 2002, p. 164).
Qual o problema? Situa-se justamente na discussão que ora fazemos. Trata-se de
mercantilizar o público, transformar o espaço público em privado. E o espaço público
é, por excelência, o espaço que possibilita a democratização das tomadas de decisão.
A questão é que existe na educação uma contenção de participação, ou um
controle da democratização, no sentido de que a participação não seja substancial ou
política, mas instrumental, regulada, portanto, por leis, por critérios de seletividade e
objetividade. Desta forma não há ou não pode haver determinação política por parte
dos membros da comunidade escolar.
Não há como relativizar tal argumento, mas problematizar a partir das práticas
dos sujeitos escolares é o que faremos adiante.
intrumentalizadores da gestão democrática escolar: CE, ED e PPP, tornando-se bastante GELs, pois estes não têm
se comportado atuando
comum e aceitável a legalidade dos canais legítimos de participação11, bem como a no campo político, ou
seja, no campo da GED,
naturalização de sua obrigatoriedade. mas como horizonte das
necessidades do custeio
escolar.
Isto foi rompido quando um “professor jovem, vindo de uma grande cidade (...) fincou
raízes em nossa cidade e deu início a uma nova era na educação (...). A linha dura,
austera, deu lugar a uma nova realidade, onde já se podia opinar e até se manifestar”.
As mudanças ocorrem, neste caso, como se fossem milagres. Trata-se de um processo
que depende sempre de uma liderança, um condutor, um administrador.
Tais mudanças não transformam objetivamente a escola, pois dependem de
alguém para mantê-las. Essa focalização em um sujeito/liderança não patrocina cultura
democrática. Da mesma forma que tais ocorrências são mantidas – sem o sujeito
mantenedor em breve espaço de tempo desaparecem no ar, ficando somente na
memória o quanto diretor ciclano ou diretor fulano eram bons, dadivosos.
A democratização do Estado carece de democratização dos sujeitos que
compõem o Aparelho de Estado. O que requer a politização desse pessoal, o engajamento
com as causas populares, o que poderia se traduzir, por exemplo, nas eleições de
diretores, um dos elementos presentes nos princípios da GED. Entretanto, conforme nos
alerta Poulantzas, “Essas medidas não são inócuas, mas tornam-se secundárias diante
do problema mais fundamental, que é o da transformação do Estado em suas relações
com as massas populares.” (1985, p. 181). Ou seja, independentemente da forma como
esses sujeitos ascendem ao cargo, o Estado continua autocrático e estes sujeitos
serão reprodutores desta autocracia, a não ser que um movimento transformador
da sociedade pressione esses sujeitos a implementarem relações transformadoras
nas escolas. A questão não é traduzir de dentro para fora as transformações. Elas
ocorrem de fora para dentro, pois a burocracia estatal e dos seus aparelhos são exímias
reprodutoras das relações de dependência, ou, como alerta Poulantzas (1985, p. 179),
são “a constituição do cimento interno dos aparelhos de Estado e da unidade de seu
pessoal.”.
Ou seja, os processos de gestão democrática implementados até o momento
não romperam com o modelo autocrático de gestão global da educação, condição
necessária para a democratização local. Afinal, mesmo “a escola possuindo colegiado,
APM, processo de escolha de diretor, ainda deparamos com entraves dos órgãos
superiores que ainda concentram o poder de decisão, o que dificulta a autonomia da
instituição em colocar em prática os objetivos e metas do PPP” – GE G –.
O modelo burocrático, subsidiado pela hierarquização de poder de mando
e obediência ainda predomina nas escolas. Para o GE –I –: “na instituição em que
trabalhamos a gestão democrática ainda não conta com a participação dos servidores
na tomada de decisões, não há momentos de discussão e reflexão sobre o desempenho
da instituição. Não há preocupação com o nível de participação dos servidores.
Na maioriadas vezes, as informações em benefício dos servidores que deveriam se
divulgadas amplamente, se restringem a ‘uns poucos’”.
A base de uma gestão participativa é a socialização e transparência
de informações. Na circulação de informações os sujeitos têm elementos para
Configura-se esta quarta questão nos “elementos que definem a gestão escolar
enquanto gestão democrática”. Respondendo a essa problematização, os educadores
caracterizam que a gestão democrática se fundamenta em preceitos coletivos,
participativos e nos aspectos políticos. “Somente com ações coletivas a comunidade se
organiza para cobrar dos poderes públicos a manutenção da escola” – GE A –.
Destaque-se o trecho como algo que representa um ato revolucionário:
cobrar a manutenção da escola! Algo cada vez mais raro, pois a lógica normalizada,
estabelecida pelo poder público, tem sido buscar na comunidade esse reparo.
Mas, contrariando a ideia inicial, os mesmos educadores afirmam: “Constituindo
fundamentalmente a busca de autonomia, ajudas financeiras, angariando recursos,
firmando parcerias e compromissos de mútua ajuda.” Recaem, portanto, no extremo,
juntando-se às vozes, em coro, daqueles que, quando tratam da educação, buscam
adequar a comunidade e a direção escolar para fazerem o melhor possível, sugerindo
as parcerias com empresas privadas ou organizações não governamentais.
Isto demonstra a dificuldade de sair de um campo local e limitado e extenuar
as causas que se localizam nos modelos de políticas educacionais implantadas nos
últimos anos, caracterizadas pela seletividade e criteriosidade de sua focalização, ou
seja, na restrição orçamentária, e, portanto, em objetividades que indicam um grau
elevado de busca de otimização de resultados. As causas, portanto, localizam-se em
responsabilização parcial por parte do governo e em um abandono quase que geral
de potencialidade e materialidade sobre a educação, daí a consequência: má qualidade
generalizada.
A ideia de gestão democrática oscila entre a sua operacionalidade instrumental,
na qual os participantes devem buscar contribuir com a manutenção da escola, e entre
um modelo solidário, no qual a “Gestão democrática implica participação intensa e
constante dos diferentes segmentos sociais nos processos decisórios, no compartilhar
as responsabilidades, na articulação de interesses, na transparência das ações em
mobilizações e no compromisso social, no controle coletivo” – GE E –.
Entretanto, as razões mobilizadoras da gestão democrática são situações
culturais, não apenas em um mundo que aprofunda divisões entre países centrais
e periféricos, mas no interior de uma mesma nação e de um mesmo setor social.
(SEMERARO, 2002).
Entendê-la como instrumento universal e panacéico nos leva a determinadas
formas de lutas. Porém, enquanto processo e movimento dialético, histórico, fruto das
manifestações e práticas dos homens, faz com que tenhamos horizontes distintos. Isto
que tratamos, a respeito das concepções, configurações e interpretações dos termos,
também é apontado por Semeraro ao afirmar que de “acordo com a época e os grupos
no poder, a democracia e os conceitos que a acompanham (igualdade, poder do povo,
liberdade, república, cidadania, participação, eleições, representação, etc.) vieram
assumindo interpretações diferentes.” (semeraro, 2002, p. 213).
Daí a importância de analisar o conceito, situando-o historicamente, como este
fornece elementos para a escola (educação formal) e como o grupo de educadores –
GE – entendem a democracia.
Gestão democrática não é nada daquilo que pressupõe uma idealização
progressiva de autonomia e poder decisório. O que temos concretamente não tem sido
uma prática emancipatória, mas uma centralização de decisões substantivas, enquanto
o supérfluo fica para ser “decidido” pelo que aprendemos a chamar de comunidade
escolar. Essa nomenclatura é outro equívoco, pois os pais, responsáveis por alunos,
alunos, professores, supervisores, orientadores, inspetores escolar, diretores, vice-
diretores, bedéis, cozinheiras, serventes e outros mais, não têm identidade coletiva.
Têm necessidades diferenciadas e, portanto, não formam uma comunidade, formam
grupos distintos, que se organizam num mínimo necessário para sobreviverem na
organização escolar.
Os exemplos trabalhados mostram o concreto, o realizado. Gestão escolar
democrática é muito mais do que fiscalizar a escola, contribuir financeiramente, cuidar
de alunos no intervalo, ajudar na feitura da merenda, ajudar a pintar, varrer, cuidar da
escola; ajudar no reforço da merenda muito mais do que cabe aos amigos, conterrâneos,
pais, filhos, enfim, amigos da escola...
Abstract
This article discusses the current school management from the process of democratization
in the 1980s, explaining that the conception of democratization in that period was
deconstructed in the 1990s and, today, in the beginning of the 21st century, the existing
management model does not consider the prospect of democratic management (a set
of activities involving participation, decentralization, autonomy, and the local power), but
considers a postulate of shared management, which is supported by hierarchization, tutored
participation, vertical control of decisions and self-maintenance of schools. To support
this theoretical perspective, this article also seeks to check what the concept historically
created around democracy is and, in the empirical field, verify how school leaders have
been articulating a concept and built a practice around so-called democratizing processes.
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