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TEMA 4 - Procedimientos

Principais fatores intervenientes nas medidas de resistividade


elétrica superficial do concreto – Estado-da-Arte
Julia Wippich Lencioni1,a, Maryangela Geimba de Lima2,b
1,2
Instituto Tecnológico de Aeronáutica – Praça Marechal Eduardo Gomes, 50 – Vila das
Acácias – São José dos Campos – São Paulo – Brasil – CEP: 12.228-900
a b
lencioni@ita.br , magdlima@ita.br

Palavras-chave: concreto, resistividade elétrica superficial, fatores intervenientes,


estado-da-arte

Resumo
A resistividade elétrica é uma característica dos materiais em geral. O
concreto, quando saturado em água, comporta-se como um semicondutor, com
resistividade elétrica da ordem de 10.m, enquanto que seco pode ser
considerado um isolante elétrico com resistividade da ordem de 106 .m. A
importância da resistividade elétrica do concreto reside no fato de que esta
propriedade, juntamente com o acesso de oxigênio, controla o processo
eletroquímico que gera o fenômeno da corrosão das armaduras imersas no
concreto. A resistividade elétrica está relacionada aos principais estágios da
vida útil de uma estrutura (períodos de iniciação e propagação da corrosão das
armaduras) e considera-se existir uma relação entre a resistividade do concreto
e a velocidade de corrosão do aço após a sua despassivação. Alguns fatores,
intrínsecos ou extrínsecos ao concreto, afetam as medidas de resistividade
elétrica, principalmente quando se trata da resistividade elétrica superficial do
material, podendo resultar em falsos valores baixos ou altos, que levam a
interpretações errôneas quanto ao estado de uma estrutura, se em corrosão
ativa ou não do aço. Este trabalho apresenta um estado-da-arte sobre os
principais fatores intervenientes nas medidas de resistividade elétrica
superficial do concreto realizadas com o método dos 4 pontos (Wenner), tais
como: relação a/c, agregados, carbonatação, temperatura, parâmetros
geométricos, e outros.

Introdução
A resistividade elétrica, uma propriedade dos materiais em geral e que
pode ser definida como o inverso da condutividade da corrente elétrica, é uma
propriedade que tem significativa importância na durabilidade das estruturas de
concreto armado. Sua importância encontra-se no fato de que, juntamente com
o acesso de oxigênio, controla o processo eletroquímico que gera o fenômeno
da corrosão das armaduras imersas no concreto. Sendo a corrosão das
armaduras uma das manifestações patológicas mais freqüentemente
observadas nas estruturas de concreto, vem daí a importância em se estudar

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parâmetros relacionados a esse fenômeno. Por conta disso, a resistividade
elétrica do concreto é objeto de estudo de pesquisas no Brasil e no mundo.
Apesar de sua reconhecida importância, inexiste no Brasil uma norma
regulamentadora dos ensaios de resistividade elétrica superficial do concreto.
Atualmente, apenas os ensaios referentes à resistividade elétrica volumétrica
são normalizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
através da norma NBR9204/1985: Concreto endurecido – Determinação da
resistividade elétrica-volumétrica [1]. Ensaios referentes à resistividade elétrica
superficial do concreto são realizados com base em normas/recomendações
estrangeiras, fazendo com que cada profissional/pesquisador tenha que adotar
métodos de ensaio e critérios de avaliação estrangeiros e justificar suas
escolhas ou desenvolver seus próprios métodos de análise. Por consequencia,
inexiste uma uniformidade nos procedimentos adotados. Buscar pontos em
comum entre diversas metodologias de ensaio e avaliação contribui com a
definição de parâmetros que podem vir a estabelecer um padrão nacional.
Com base no exposto, este trabalho tem por objetivo principal
apresentar o estado da arte dos parâmetros que mais comumente influenciam
as medidas de resistividade elétrica superficial do concreto. Inicialmente, são
apresentados alguns conceitos relacionados à resistividade elétrica superficial
do concreto, sendo posteriormente relacionados parâmetros que de alguma
forma exercem influência nas medidas dessa propriedade. Em seguida, esse
parâmetros são brevemente discutidos, consideram-se que a influência de
alguns deles pode ser evitada ou até mesmo reduzida.
Este trabalho é parte integrante da tese do Doutorado da Engenheira
Civil MSc Julia Wippich Lencioni, intitulada “Estudos da resistividade elétrica
superficial do concreto”, em desenvolvimento no Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA – Brasil), sob a orientação da Profª Drª Maryangela Geimba
de Lima. Estudos como o aqui apresentado, visam elencar e definir parâmetros
que venham a contribuir com uma possível elaboração de um texto de norma
nacional para ensaios de resistividade elétrica superficial do concreto.

A resistividade elétrica do concreto e sua relação com a corrosão das


armaduras
A resistividade elétrica superficial do concreto pode ser medida de várias
formas, sendo mais conhecido o método dos “quatro pontos”, similar ao
método de Wenner originalmente empregado na determinação da resistividade
elétrica dos solos e descrito na norma ASTM G57 - Standard Method for Field
Measurement of Soil Resistivity Using the Wenner Four-Electrode Method [2].
Conforme Cascudo [3], atualmente esse método apresenta adaptações para
aplicação em concreto por meio de equipamentos comerciais, que apresentam
como vantagem a possibilidade do uso in situ e o fato de serem totalmente não
destrutivos, já que tais equipamentos apenas encostam-se à superfície do
concreto, obtendo-se rapidamente as medidas desejadas.
Conforme descrito por Gowers e Millard [4], quatro contatos espaçados
a igual distância são colocados sobre a superfície de concreto e uma pequena
corrente alternada (I) é aplicada entre os contatos externos. A diferença de
potencial (V) resultante entre os dois contatos internos é medida pelos
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equipamentos. A Figura 1 a seguir traz um esquema apresentado pelos
Autores para o funcionamento da técnica de Wenner, empregada atualmente
nos equipamentos comerciais para medida de resistividade elétrica superficial,
mostrando, inclusive, as linhas de corrente que são geradas e que devem ser
consideradas quando verificadas as dimensões mínimas de um elemento de
concreto a ser avaliado, de forma a se evitar a fuga de corrente.

Figura 1: Técnica de Wenner para as medidas de resistividade elétrica


superficial do concreto. (Traduzido de: [4]).

Esta técnica é considerada totalmente não destrutiva pelo fato de que os


eletrodos do equipamento são apenas encostados na superfície do concreto,
realizando-se rapidamente as leituras da resistividade elétrica superficial do
material.
A resistividade elétrica do concreto, de acordo com Helene [8] é uma
propriedade de interesse no estudo da cinética do processo de corrosão
eletroquímica das armaduras. Devido à natureza eletroquímica do processo de
corrosão, espera-se uma relação entre a resistividade do concreto e a
velocidade de corrosão do aço após a despassivação, já que a mobilidade
iônica entre as regiões anódica e catódica é um fator de controle da velocidade
com que as reações irão se processar [9]. Em uma dada estrutura, áreas com
baixa resistividade elétrica terão uma taxa de corrosão relativamente alta após
a despassivação [5].

Fatores intervenientes nas medidas de resistividade elétrica superficial do


concreto
A seguir, são relacionados alguns dos fatores intervenientes nas
medidas de resistividade elétrica superficial do concreto.

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• Relação água/cimento
A relação água/cimento é um dos parâmetros mais importantes para o
desempenho do concreto. Este parâmetro influencia consideravelmente a
estrutura porosa da pasta de cimento, especificamente no volume total de
poros e na quantidade de poros de maiores diâmetros. Assim, quanto maior a
relação água/cimento, maior o volume de poros e maior é a probabilidade de
existirem poros com maiores diâmetros e interconectados e, portanto, menor
será a resistividade elétrica [9].
Quanto maior a relação a/c, maior será a porosidade e permeabilidade
de um concreto e, a princípio, menor será sua resistividade elétrica [10].
Em um trabalho publicado em 1979, Woelfl e Lauer [11] relataram
resultados de um estudo no qual verificaram, dentre outras questões, a
influência da relação a/c na resistividade elétrica do concreto. Nesse estudo,
foram empregadas 3 relações a/c - 0,4, 0,5 e 0,6 – mantendo-se constante
uma relação agregado/aglomerante (a/a) igual a 2. A mistura empregando a
relação a/c = 0,5 foi tomada como sendo a mistura de referência. Os
pesquisadores concluíram que os resultados de seus experimentos mostraram
que a resistividade elétrica do concreto diminui com o aumento da relação a/c.
Isso ocorre porque a concentração de íons na água livre, que é o principal
condutor de eletricidade no interior do concreto, está diretamente relacionada à
quantidade de água empregada na mistura [11].

• Agregados
O concreto pode ser considerado como um compósito de partículas de
agregado de vários tamanhos imersos em uma pasta de cimento Portland [12].
Segundo Gowers e Millard [4], quando empregada a técnica de Wenner para
monitoração da resistividade elétrica, assume-se que o material monitorado
seja homogêneo. Entretanto, as partículas de agregado do concreto
apresentam, geralmente, uma resistividade elétrica muito mais elevada que a
da pasta de cimento, o que faz com que grande parte da corrente seja
conduzida através da pasta. Assim, a resistividade elétrica do concreto,
segundo Santos [9], é muito mais sensível às alterações das características da
pasta de cimento do que às mudanças no tipo de agregado.
Entretanto, a resistividade elétrica do concreto tende a aumentar com o
aumento da quantidade de agregado utilizado. Segundo Monfore [13 apud 9], a
presença de agregados, partículas praticamente não-condutoras, entre a matriz
de concreto, causa a obstrução da passagem de corrente elétrica, fazendo com
que o comprimento efetivo da trajetória a ser percorrida pela corrente seja
maior do que a dimensão do material na direção da corrente. Assim, quanto
maior for o teor de agregados, maior será o seu efeito de obstrução e maior
será a resistividade.

• Hidrataçao do cimento
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A resistividade aumenta com a idade do concreto, o que significa
progresso na hidratação do cimento.
Com base no exposto por Whitington et al [12], uma vez que a
quantidade de água evaporável em uma pasta de cimento comum varia de
60%, no momento da mistura, a 20% após hidratação completa do cimento, a
condutividade elétrica do concreto, ou ao inverso, sua resistividade, é função
do tempo (ou idade) do concreto. Estudos apresentados por Woelf e Lauer [11]
apresentaram um aumento significativo da resistividade elétrica aos 23 dias
para corpos de prova curados ao ar quando comparados com corpos de prova
submetidos a cura úmida. Esse aumento é devido à evaporação da água livre,
que é condutora de corrente pelo concreto.

• Temperatura
Polder at al [14] afirmam que mudanças de temperatura exercem
alterações importantes na resistividade do concreto. A umidade relativa
constante, uma temperatura elevada provoca a queda da resistividade e vice-
versa. De acordo com os referidos autores, isso é causado por mudanças na
mobilidade iônica na solução dos poros e por mudanças na interação íon-sólido
com a pasta de cimento.
Em seus estudos, Al-Abdul-Hadi [15] verificou a influência da variação
da temperatura em um concreto de relação a/c = 0,5, avaliando o
comportamento da resistividade desse concreto a 20ºC, 40ºC, 60ºC e 80ºC. Foi
verificado que para uma variação de temperatura entre 20ºC e 80ºC a
resistividade do concreto a 80ºC correspondia a cerca de apenas 46% da
resistividade a 20ºC. Para a temperatura de 40ºC, houve uma queda de cerca
de 34% no valor da resistividade em relação ao valor a 20ºC.
De acordo com Polder at al [14], através de uma recomendação técnica
da International Union of Labroratories and Experts in Construction Materials,
Systems and Structures – RILEM, a correção dos dados de resistividade em
função da variação da temperatura é algo complexo. Os próprios autores
apresentam um modelo matemático, baseado na equação de Arrhenius, que
emprega um fator empírico com uma faixa de variação muito elevada (de 1500
a 4500). Tanto a composição do concreto quanto a umidade podem influenciar
a resistividade e sua dependência com a temperatura. De forma simplificada,
os Autores colocam que pode ser assumido que dentro de uma variação de
0ºC a 40ºC, a resistividade dobra quando há uma queda de 20ºC, podendo-se
assumir também que uma variação de 3% a 5% ocorre para cada grau de
temperatura.

• Carbonatação
Segundo Millard [16], a carbonatação gera a precipitação de carbonato
de cálcio pelos poros, o que provoca o endurecimento da superfície do
concreto, havendo um aumento significativo da resistividade elétrica na
superfície.

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Quando exposto a condições de molhagem suficientes, a taxa de
corrosão do aço no concreto carbonatado pode ser elevada, seguindo a
correlação existente entre o inverso da resistividade e a taxa de corrosão [14].
Além disso, segundo Polder at al [14], a carbonatação reduz a
concentração dos íons no líquido dos poros, responsáveis pela condução da
corrente. Isso pode ocasionar o aumento da resistividade elétrica do concreto.

• Íons Cloreto
O efeito dos íons Cloreto na resistividade elétrica do concreto é algo
contraditório. Alguns autores afirmam ser insignificante a ação dos Cloretos
sobre a resistividade elétrica; outros afirmam ocorrer uma redução significativa
da resistividade elétrica com o aumento do teor desses íons no interior do
concreto.
Segundo Polder et al [14], em uma determinada estrutura existente,
áreas mais permeáveis apresentam uma baixa resistividade e uma elevada
penetração aos íons Cloreto. Para um concreto não carbonatado, o efeito da
penetração dos íons Cloreto na resistividade é relativamente pequeno.
Hunkeler [17] expõe que o pH da solução de Ca(OH)2 diminui com o
aumento do conteúdo de NaCl, havendo a redução também dos conteúdos dos
íons Ca2+ e OH- do concreto. Para uma solução de 2,5 molar de NaCl, ocorre a
redução do pH para cerca de 12. Tendências similares são observadas para
soluções de KOH + NaOH. Desta forma, o aumento da condutividade (ou a
redução da resistividade) com o aumento do conteúdo de íons Cloreto ocorre
simultaneamente à redução da concentração de íons OH- na água contida nos
poros do concreto.

• Teor de umidade
O grau de saturação na rede de poros capilares do concreto varia em
função das condições atmosféricas do ambiente no qual está exposto. As
alterações na umidade relativa e a ocorrência de chuvas podem alterar o
conteúdo de umidade do concreto [18 apud 9]. Considerando que a passagem
de corrente pelo concreto depende do teor de eletrólito contido em seus poros,
alterações no teor de umidade da matriz acarretarão em alterações na
resistividade elétrica do concreto.
A umidade relativa é um parâmetro decisivo para o grau de saturação
dos poros, que por sua vez controla a resistividade elétrica do concreto de
cobertura e desta forma limita a transferência de carga elétrica entre áreas
anódicas e catódicas do aço. Assim, quanto mais saturados estiverem os poros
do concreto, menor será a resistividade elétrica e mais elevada, a princípio, a
velocidade de corrosão [10].

• Adições minerais

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As adições minerais, tais como cinza volante, sílica ativa e escória de
alto-forno, e os filers, materiais inertes de pequenas dimensões, exercem
influência na resistividade elétrica do concreto, pois, segundo informações
apresentadas por Santos [9], provocam o refinamento dos poros da matriz, por
ação química e/ou física, e diminuem a concentração iônica da solução. Sendo
assim, o concreto com adições minerais apresenta uma maior resistividade
elétrica quando em comparação com um concreto convencional. A
densificação da matriz e o aumento da quantidade de poros de menores
diâmetros [...] dificultam a condução da corrente através do concreto e,
portanto, aumentam a resistividade elétrica [9].

• Presença da armadura
A armadura conduz corrente muito melhor do que o concreto e irá
provocar alterações na homogeneidade do fluxo de corrente. Leituras
realizadas sobre as barras resultam em falsas medidas de resistividade
elétrica. Mesmo que apenas um dos quatro eletrodos esteja próximo à barra, o
fluxo de corrente não será ideal, e resultados errôneos poderão ser produzidos.
Neste caso, a leitura resultante poderá ser um falso valor baixo ou alto,
dependendo de qual eletrodo estiver próximo à barra [14].

• Parâmetros geométricos
Gowers e Millard [4] apresentaram um estudo segundo o qual alguns
parâmetros geométricos devem ser tomados como referência para que se
tenha precisão nas leituras efetuadas com os equipamentos para leitura da
resistividade elétrica superficial dos concretos. As dimensões mínimas que os
elementos de concreto deveriam apresentar para que não ocorresse o
fenômeno de fuga de corrente foram investigadas. Na Figura 2 é apresentado o
esquema dos parâmetros geométricos cuja adoção é recomendada por esses
autores.

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Figura 2: Recomendações de parâmetros geométricos para ensaios de
resistividade elétrica superficial (traduzido e adaptado de [4]).

Discussão
Diversos são os parâmetros que influenciam nas medidas de
resistividade elétrica superficial do concreto, sendo apenas alguns deles
apresentados neste trabalho. Entretanto, o efeito de muitos desses parâmetros
pode ser evitado com medidas simples, que podem ser tomadas tanto em
campo quanto em ambiente de laboratório.

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O efeito da hidratação do cimento pode ser evitado estabelecendo-se
idades para ensaio no concreto. Estudos prévios permitem definir idades a
partir da qual a hidratação do cimento possa ser considerada relativamente
estável e não mais um fator determinante na evolução da resistividade elétrica.
Concretos novos apresentam grande variação nos valores da resistividade
elétrica superficial.
O efeito da presença da armadura pode ser evitado nos ensaios de
resistividade elétrica superficial empregando-se um equipamento próprio para
detecção de metais no concreto, facilmente encontrado no mercado. É
necessário evitar medidas sobre a barra e também a certa proximidade dela.
Estudos realizados pelas autoras deste trabalho sugerem 4 cm como uma
distância segura para a tomada de medidas paralelas à armadura. No caso de
medidas tomadas sobre a barra, Gowers e Millard [4] afirmam que erros
significativos podem ser evitados se o espaçamento entre os contatos
(eletrodos) do equipamento empregado na técnica de Wenner estiverem
espaçados entre si o equivalente a 2/3 do cobrimento da armadura.
A carbonatação oferece ao concreto uma camada superficial de
resistividade distinta do restante da massa, geralmente de resistividade
superior. Gowers e Millard [4] expõem que, quando há a presença de uma fina
camada de concreto carbonatado, a espessura dessa camada deve ser medida
e deve ser empregado um espaçamento entre eletrodos equivalente a 8 vezes
essa espessura, de forma a garantir que seja medida a resistividade do
concreto abaixo dessa camada. Quando a camada carbonatada excede o
cobrimento da armadura, a resistividade da camada carbonatada deve ser
considerada como a resistividade que irá influenciar na corrosão da armadura.
O teor de umidade superficial de um concreto pode ser alterado pela
incidência de chuvas ou pelo umedecimento excessivo da superfície durante a
realização das medidas, alterando a resistividade elétrica superficial. É
conveniente evitar realizar medidas de resistividade elétrica superficial logo
após a ocorrência de chuvas e também evitar a molhagem excessiva da
superfície do elemento monitorado – a molhagem da superfície deve ser
realizada no momento do ensaio, e feita com a ajuda dos próprios eletrodos,
que geralmente contam com esponjas ou plugues de madeira que devem ser
umedecidos a cada medida.
As recomendações apresentadas por Gowers e Millard [4] quando a
geometria doe elemento a ser monitorado (Figura 2) são extremamente válidas
para se evitar a fuga de corrente do equipamento empregado na monitoração
da resistividade elétrica superficial e evitar erros significativos nas leituras.
Essas recomendações também sugerem medidas mínimas para a distância
entre eletrodos de forma a se minimizar o efeito dos agregados, do aço e de
camadas com resistividades distintas (como no caso da carbonatação, por
exemplo).

Considerações finais
Os ensaios de resistividade elétrica superficial do concreto são uma
ferramenta bastante útil no controle e monitoração da corrosão das armaduras,

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além de serem de fácil execução, tanto em campo quanto em laboratório. Além
disso, permitem correlacionar seus resultados com outras características do
concreto, como por exemplo, permeabilidade a íons.
Os parâmetros apresentados neste trabalho como sendo de
interferência nas medidas de resistividade elétrica superficial - relação água/
cimento, agregados, hidratação do cimento, temperatura, carbonatação, íons
Cloreto, teor de umidade, adições minerais, presença da armadura, parâmetros
geométricos – não são os únicos parâmetros que influenciam os resultados dos
ensaios, mas são os mais comuns, tanto em ensaios de laboratório quanto de
campo. Conhecê-los e evitá-los permite a obtenção de resultados mais
confiáveis, com um mínimo de interferências. As interferências podem fornecer
falsos resultados e influenciar na análise das reais condições de uma estrutura
quanto à probabilidade de corrosão das armaduras imersas no concreto.
Acima da importância de evitar os parâmetros que influenciam
negativamente nas leituras de resistividade elétrica superficial, considera-se
que está a necessidade de saber trabalhar com a existência dessas
influências, as quais nem sempre podem ser totalmente evitadas na prática,
em função da geometria das peças, sua localização, condições de trabalho,
etc. Considera-se necessário que sejam desenvolvidos mecanismos de
correção dos valores obtidos nos ensaios, a serem utilizados quando for
inevitável a realização das medidas de resistividade elétrica superficial sob
condições adversas, que não permitam a eliminação das influências.

Agradecimentos

As autoras agradecem ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e à


Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES),
pela bolsa de estudos concedida à doutoranda Julia Wippich Lencioni, à
Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) e ao Programa
Iberoamericano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (CYTED).

Referências
[1] Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR9204:1985 - Concreto
endurecido – Determinação da resistividade elétrica-volumétrica. ABNT, Rio de
Janeiro, (1985).

[2] ASTM International: G57-06 - Standard Test Method for Field Measurement
of Soil Resistivity Using the Wenner Four-Electrode Method. ASTM, West
Conshohocken.

[3] O. Cascudo, in: Concreto – Ensino, Pesquisa e Realizações, editado por G.


C. Isaia. IBRACON, São Paulo, Vol. 1, (2005), p. 713-751

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[4] K. R. Gowers; S. G. Millard: Measurement of concrete resistivity for
assessment of corrosion severity of steel using wenner technique. ACI
Materials Journal, n. 96-M66, (1999), p. 536-541.

[5] R. B. Polder: Test methods for on site measurement of resistivity of concrete


– a RILEM TC -154 technical recommendation. Construction and Building
Materials, n. 15, (2001), p.125-131.

[6] K. Tuutti: Corosion of steel in concrete. Swedish Cement and Concrete


Institute , Stockholm, (1982), 469p.

[7] C. Andrade; C. Alonso: Progress on design and residual life calculation with
regard to rebar corrosion of reinforced concrete. In: Techniques to assess the
corrosion activity of steel reinforced concrete structures. ASTM Publication,
West Conshohocken, (1996), p. 23-40.

[8] P. R. L. Helene: Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de


concreto armado. Tese (Livre Docente). Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, São Paulo, (1993), 231p.

[9] L. Santos: Avaliação da resistividade elétrica do concreto como parâmetro


para a previsão da iniciação da corrosão induzida por cloretos em estruturas de
concreto. Dissertação (Mestrado em Estruturas e Engenharia Civil).
Univeridade de Brasília, Brasília, (2006), 161p.

[10] A. G. Abreu: Efeito das adições minerais na resistividade elétrica de


concretos convencionais. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil).
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, (1998), 142p..

[11] G. A. Woelf; K. Lauer: The electrical resistivity of concrete with emphasis


on the use of electrical resistance for measuring moisture content. Cement,
Concrete and Aggregates, Vol. 1, n. 2 (1979), p.64-67.

[12] H. W. Whittington et al. The conduction of electricity through concrete.


Magazine of Concrete Research, Vol 33, n. 114, (1981), p. 48-60.

[13] G. E. Monfore: The electrical resistivity of concrete. Journal of the PCA


Research and Development Laboratories. Vol. 10, n. 2 (1968), p. 35-48.

[14] R. Polder et al: Rilem TC 154-EMC: Electrochemical techniques for


measuring metallic corrosion. Materials and Structures. Vol. 33, (2000), p. 603-
611.

[15] S. S. Al-Abdul-Hadi: Electrical resistivity of concrete in relation to corrosion


of reinforcement. Tese (Master of Science in Civil Engineering). King Fahd
University of Petroleum & Minerals, Arábia Saudita, (1982), 288p.
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[16] S. G. Millard: Reinforced concrete resistivity measurement techniques.
Proceedings of Institute if Civil Engineers. Vol. 91, parte 2, (1991), p. 71-88.

[17] F. Hunkeler: The resistivity of pore water solution – a decisive parameter of


rebar corrosion and repair methods. Construction and Building Materials. Vol.
10, n. 5, (1996), p. 381-389.

[18] M. Castellote et al. Standardization, to reference of 25°C of Electrical


resistivity for mortars and concretes in saturated or isolated conditions. ACI
Materials Journal. Vol. 99, n. 2 (2002), p. 119-128.

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