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CONCEITO DE PESSOA HUMANA

Origem da palavra

De acordo com os estudos lingüísticos, o vocábulo “pessoa” origina-se da língua etrusca. O


termo grego “prosopon” em (“paneh” em hebraico; “persona” em latim) significa máscara, figura,
personagem de teatro, papel representado por um ator.
 Era a máscara que o autor usava, servindo para identificar a personagem.
 A palavra passou para a língua portuguesa em 1267.
 A partir de seu sentido original, a pessoa designa a identidade do sujeito que atua.

Definição de pessoa humana

A pessoa humana é o sujeito pleno, livre, consciente e único, capaz de pensar, sentir,
relacionar e agir no mundo.
Constitui o ser humano racional e livre, definido pela sua dimensão de sujeito moral e
espiritual, plenamente consciente do bem e do mal, autônomo e responsável.
A pessoa traz traços bem peculiares do indivíduo da espécie humana, mas distinto dos
indivíduos das espécies animais, que se encontram essencialmente subordinadas ao bem geral do
grupo.
Tem todas as faculdades necessárias para viver: inteligência, vontade, liberdade, sentimentos,
imaginação, memória, percepção e ação.

Concepção clássica de pessoa humana

No pensamento clássico, pessoa foi definida como substância individual de natureza


racional.
Esse conceito foi dado pelo pensador romano Severino Boécio (470-525), que foi cônsul e
primeiro ministro do rei ostrogodo Teodorico.
Sua contribuição influenciou toda a antropologia filosófica e teológica dos últimos dois mil
anos.
Quando se fala de substância individual, quer dizer que toda a pessoa humana é única e
distinta, com características singulares, irredutíveis, intransferíveis e concretas.
É diferente de outros seres, com algo próprio e incomunicável.
Ao destacar a natureza racional, significa que a pessoa humana é dotada de razão, capaz de
compreender as coisas, de se comunicar e de se relacionar com os outros.
A razão humana é a faculdade que tem a função de perceber, analisar, refletir, resumir,
comparar, julgar, formular, estudar e apreender.

Visão moderna

Em nossos dias, sem negar os elementos da definição clássica, os pensadores sublinham com
preferência o aspecto dialogal da pessoa humana: ser de relação.
Trata-se de uma concepção antropológica que vem da filosofia humanista e personalista (E.
Mounier, M. Buber, E. Brunner, E. Levinas).
O pensamento atual concebe a pessoa como ser de relação.
Toda a pessoa é ser de comunhão e de diálogo, que é um “eu” que se relaciona com um “tu” e
ambos formam um “nós”.
Todo ser humano se desenvolve como pessoa em todas suas dimensões, isto é, em seu
relacionamento com Deus, com os outros, consigo mesmo e com o mundo.
A pessoa não só é um ser em diálogo intelectual e racional, mas de compenetração no amor. A
base da pessoa humana é o amor, que dá sentido à sua existência e a abre para a convivência com os
outros.
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O amor é a atitude ou a atividade na qual um sujeito particular encontra sua realização plena
como pessoa. Os pensadores atuais insistem que a sociedade pressupõe a existência e o valor da
pessoa humana. Não existe contraposição entre os dois conceitos, mas um exige o outro. A
sociedade deve respeitar a dignidade e os direitos das pessoas humanas que a compõem.

Visão da antropologia teológica

1. Imagem de Deus

Na visão da antropologia teológica, a pessoa humana é concebida como imagem e


semelhança de Deus.
A pessoa é criatura de Deus, criado à sua imagem e semelhança, dotado de corpo, mente e
alma, tendo vida dependente do Criador. A pessoa humana é um projeto divino, idealizado perfeito
pelo Pai.
Danificado pela falha livre do pecado, Deus o renovou em Jesus Cristo, Filho de Deus feito
homem. Como filho de Deus em Cristo, o ser humano é chamado à comunhão com a Trindade
Santíssima, participando de sua felicidade.

2. Ser inteligente, livre e responsável

De acordo com a antropologia teológica, a pessoa é ser inteligente, livre e responsável, que
assume seu papel de sujeito de sua própria identidade e agente da construção da sociedade. O ser
humano é a consciência do universo, é responsável por transformar a natureza com ordem, respeito
e equilíbrio. A pessoa humana é chamada a ser agente de transformação da história.
O ser humano é convocado por vocação a viver em solidariedade e comunhão, auxiliando
assim na implantação do Reino de felicidade.

3. Dignidade e igualdade do ser humano

A Igreja proclama a igualdade e a dignidade do ser humano, sem nenhuma distinção


fundamental. A Igreja professa que todo o homem e toda a mulher têm em si a nobreza inviolável
que eles próprios devem respeitar. A Igreja valoriza a vida humana como um valor incomparável.
Por isso, a Igreja censura, denuncia e combate todas as formas de violação da integridade das
pessoas, reprovando quando as pessoas se tornam objeto das pesquisas científicas, do consumismo,
da política, da economia, do erotismo e da magia.

4. Ser corporal e espiritual

A pessoa humana é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual (Gn. 2.7). A unidade da
alma e do corpo é tão profunda que se deve considerar a alma a forma do corpo, isto é, é graças a
alma que o corpo, que é material, torna-se humano e vivo. Na pessoa humana, o corpo e a alma
formam uma única natureza.
O corpo humano participa da dignidade da imagem de Deus porque está destinado a ser
templo do Espírito Santo e a ressuscitar no último dia. A alma que é o princípio espiritual que
anima o ser humano, não vem dos pais, mas é criada diretamente por Deus no momento da
concepção humana, sendo imortal.

5. Igualdade entre homem e mulher

Na antropologia teológica, o homem e a mulher são iguais em dignidade de pessoas (Gn.


2.23). O homem e a mulher foram criados por Deus numa igual dignidade como pessoas humanas
(Gn. 1.27). Deus os criou numa recíproca complementaridade como homem e mulher, pois os quis
um para o outro, para uma comunhão de pessoas (Gn. 2.18). Juntos, o homem e a mulher são
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chamados a transmitir a vida humana, formando no matrimônio uma unidade profunda, e a dominar
a terra como intendentes de Deus (Gn. 1.28; 2.24). Cada gênero, ser homem e ser mulher, reflete
atributos característicos da sabedoria e bondade de Deus.

6. Pessoa humana, dotada de consciência moral.

Como ser moral, a pessoa humana tem a capacidade para distinguir entre o bem e o mal
(consciência moral). A pessoa humana é dotada de consciência moral, que a leva a ter o senso
daquilo que é certo ou errado. Pela sua consciência moral, o ser humano é capaz de saber o que
deve ser e fazer. Por isso, é chamado a agir de acordo com os critérios de verdade e de bem, de
justiça e de solidariedade. A consciência moral da pessoa influencia e dirige sua conduta humana no
dia-a-dia.

7. Pessoa humana, ser livre.

A pessoa humana é um ser livre. Todo o ser humano, e somente ele, é um ser moral, uma vez
que está chamado a assumir e a construir a sua própria existência.
É um ser livre e responsável, pois tem a capacidade para tomar suas próprias decisões e
responder por elas. Só a pessoa humana é sujeito de moralidade. Só ela é capaz de fazer ações
morais.

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