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Estática II

Cálculo Matricial de Estruturas


Parte 2

Hideki Ishitani
Edith S. Tanaka
2 . Equação geral do processo dos deslocamentos
Considere-se a treliça plana da Fig. 1. Os pontos 3 e 4 são apoios fixos. O
carregamento geral (neste caso constituído de cargas - forças - nodais) pode ser
representado pelas 4 componentes P1 , P2 , P3 e P4 , definidas em relação ao SGR (xyz),
conforme mostra a Fig. 13.

P1
1
4
y
P2

3 P3 2 x
P4

Fig. 13
Para o carregamento indicado na Fig. 1, tem-se: P1 = P3 = P4 = 0, e P2 = -100 kN.
Essas componentes Pi podem ser colocadas numa matriz coluna (vetor) [P] :
 P1 
P 
[ P] =   = cargas nodais
2
(17)
 P3 
 
 P4 
Sob o efeito desse carregamento aparecem deslocamentos nodais que podem ser
representados pelos componentes D1, D2, D3 e D4, correspondentes às componentes de
[P] : D1 , na direção e sentido de P1, D2 segundo P2, D3 segundo P3, e D4 segundo P4 ,
Fig. 14.

1’
D2
y

1 D1
4
2’
D4

3 2 D3 x

Fig. 14

2
Esses componentes Di , podem ser agrupados na matriz coluna (vetor) [D] :

 D1 
D 
[ D] =  2  = deslocamentos nodais. (18)
D 3 
 
D 4 
Conforme os valores apresentados na Fig. 2, tem-se:

 0,0267 
− 0,1762 
[ D] =  . (valores em m)
− 0,0267 
 
− 0,0703 

Os componentes Di constituem as incógnitas do processo dos deslocamentos.


Neste caso são 4 incógnitas e, portanto, são necessárias 4 equações para a determinação
desses deslocamentos. Essas equações resultam do equilíbrio de cada nó da estrutura,
segundo as direções dos componentes de deslocamento Di , ou seja, segundo D1 , D2 ,
D3 e D4 . A montagem dessas equações será feita pela superposição dos efeitos
individuais, conforme a "decomposição" estrutural mostrada na Fig. 15.
Representa-se na Fig. 15a as componentes gerais das cargas nodais (vetor [P] ) e os
componentes gerais dos deslocamentos (vetor [D] ); a Fig. 15b apresenta a primeira
parcela da decomposição, apenas com as cargas nodais (sem os deslocamentos nodais,
ou, o que é equivalente, com todos os nós impedidos ); a Fig. 15c, apresenta a segunda
parcela da decomposição só com o efeito do componente de deslocamento D1 ; a
Fig. 15d , só o efeito de D2; a Fig. 15e, só o efeito de D3; e, finalmente, a Fig. 15f
apresenta a última parcela da decomposição, só com o efeito do componente de
deslocamento D4.
Escrevem-se, a seguir, as equações de equilíbrio correspondentes a cada componente de
deslocamento.

2.1. Equação de equilíbrio segundo a direção de D1.

Na Fig. 16, indicam-se as reações parciais R10 , R11 , R12 , R13 e R14,
correspondentes a cada parcela da decomposição proposta.

• Cálculo de R10 , (Fig. 16b)

3
Tem-se: R10 = - P1 (19)

(a) D2 (b)
3 P1 D1 P1


P2
2 D4 P2
4

1 P3 D3 P3
P4 P4

D1
(c) (d)
D2

+ +

(e) (f)

+ + D4

D3

Fig. 15

4
(a) D2 (b)
3 P1 P1 R10
D1

2 D4
4
P2
≡ P2

1 D3 P3
P3
P4 P4

(c) D1 (d)
R11 D2
R12

+ +

(e) (f)
R13 R14

+ + D4

D3

Fig. 16

• Cálculo de R11 (Fig. 16c)


Verifica-se, que as barras 3 e 4 contribuem para essa reação.
A contribuição da barra 3 é a reação p3 devida a d3, conforme mostra a Fig. 17
(note-se que a inclinação desta barra é α = 0 ).

5
// y

d2 = 0 d4 = 0

p1 // x
d1 = 0 3
p3
d3 = D1
p2 p4
Fig. 17

Da expressão (14) tem-se: [p] = [k] . [d] , ou seja:


 p1   k 11 k 12 k 13 k 14   d 1 
p  k   
 2  =  21 k 22 k 23 k 24  ⋅ d 2  .
 p 3  k 31 k 32 k 33 k 34   d 3 
     
p 4  k 41 k 42 k 43 k 44  d 4 
Logo:
p3 = k31.d1 + k32.d2 + k33.d3 + k34.d4

3 3 3
e, como: d1 = d2 = d4 = 0, resulta,

3 3 3
p3 = k33 . d3

3
Sendo d3 = D1, vem :

3 3
p3 = k33.D1,
onde o número interno ao círculo é utilizado para indicar a origem desta parcela
que, neste caso, é a barra 3.
A contribuição da barra 4 é, também, a reação p3 devida a d3, conforme mostra a
Fig. 18.
d4 = 0
// y
p3 d3 = D1

d2 = 0 4
p4
p1 α

d1 = 0 // x
p2
Fig. 18 6
De maneira análoga à barra 3, tem-se:
4 4
p3 = k33 . D1 .

O efeito total será, portanto:


3 4 3 4 3 4
R11 = p3 + p3 = k33 . D1 + k33 . D1 = ( k33 + k33) . D1 .

Definindo:
3 4
K11 = k33 + k33 ,

onde os índices no primeiro membro da equação se referem aos componentes de


deslocamentos nodais D1, indicando o primeiro índice a direção em relação à qual se está
calculando a reação (na estrutura), e o segundo índice, o componente de deslocamento
que está causando esta reação.
Tem-se:
R11 = K11 . D1 (20)

• Cálculo de R12 ( Fig. 16d )

As barras 3 e 4 contribuem na reação R12 .


A contribuição da barra 3 é a reação p3 devida a d4 (Fig. 19), ou seja:

3 3 3
p3 = k34.d4 = k34 . D2 , pois d4 = D2 .

// y

d2 = 0 d4 = D2

p1 // x
d1 = 0 3 d3 = 0
p3
p2 p4

Fig. 19

A contribuição da barra 4 é, também, a reação p3 devida a d4 (Fig. 20) e vale :

4 4 4 4
p3 = k34 . d4 = k34 . D2 .

7
// y
d4 = D2
p3

d3 = 0
d2 = 0 4 p4
p1 α

d1 = 0 // x
p2
Fig. 20

O efeito total será :


3 4 3 4
R12 = p3 + p3 = ( k34 + k34 ) . D2.

Definindo:
3 4
K12 = k34 + k34 ,

vem:

R12 = K12 .D2 (21)

• Cálculo de R13 (Fig. 16e)

Existe a contribuição apenas da barra 4 e, conforme a Fig. 21, é igual à reação p3


devida a d1 = D3 .
d4 = 0
// y p3

d3 = 0
p4
d2 = 0 4
α
p1
// x
p2 d1 = D3

Fig. 21

Assim

4 4 4 4
p3 = k31 . d1 = k31.D3

8
e, definindo:
4
K13 = k31 ,
resulta:
R13 = K13 .D3 . (22)

• Cálculo de R14 (Fig. 16f)

A barra 4 é a única mobilizada e, conforme a Fig. 22, a sua contribuição é dada


pela reação p3 devida a d2 = D4.

d4 = 0
// y
p3
d3 = 0
p4
d2 = D4 4
α

p1 d1 = 0 // x
p2

Fig. 22

Tem-se:
4 4 4
R14 = p3 = k32.d2 = k32.D4 .
Definindo:
4
K14 = k32 ,
vem:
R14 = K14 .D4 . (23)

• Total: nota-se, conforme a Fig. 16, que a soma das parcelas de reação, acima
calculadas, deve ser nula pois não existe vínculo - apoio - segundo esta direção, ou
seja:
R10 + R11 + R12 + R13 + R14 = 0
ou, R11 + R12 + R13 + R14 = – R10 .

9
Substituindo na equação acima, as expressões (19) a (23), vem:

K11.D1 + K12.D2 + K13.D3 + K14.D4 = P1 . (24)

2.2. Equilíbrio do ponto 1 segundo a direção de D2 , (Fig 23)

Analogamente ao ítem anterior, tem-se:

R20 = - P2
3 4
R21 = ( k43 + k43 ) .D1 = K21 .D1
3 4
R22 = ( k44 + k44 ) .D2 = K22 .D2
4
R23 = k41 .D3 = K23 .D3
4
R24 = k42 .D4 = K24 .D4 .

Como
R20 + R21 + R22 + R23 + R24 = 0
vem :
K21.D1 + K22.D2 + K23.D3 + K24.D4 = P2 . (25)

2.3. Equilíbrio do ponto 2 segundo x (direção de D3) , (Fig. 24)


Tem-se:
R30 = -P3
4
R31 = k13.D1 = K31.D1

4
R32 = k14.D2 = K32.D2

4 2 1
R33 = ( k11 + k33 + k33 ) . D3 = K33 .D3

4 2 1
R34 = ( k12 + k34 + k34 ) . D4 = K34 .D4
Ou
K31.D1 + K32.D2 + K33.D3 + K34.D4 = P3 . (26)

10
(a) (b) R20
D2
3 P1 D1 P1


2
P2
D4 P2
4

1 D3 P3
P3 P4
P4

R22
(c) R21 (d)
D2

+ D1
+

(e) R23 (f) R24

+ + D4

D3

Fig. 23

11
(a) D2 (b)
3 P1 D1 P1


2 D4 P2 P2
4

1 P3 D3 P3 R30
P4 P4

(c) (d)
D2

+ D1
+
R31 R32

(e) (f)

+ + D4
R33 R34
D3

Fig. 24

12
(a) D2 (b)
3 P1 D1 P1


P2 R40 P2
2 D4 4

1 P3 D3 P3
P4 P4

(c) (d)
D2

D1
+ R41
+
R42

(e) (f)

R43
+ + D4

D3 R44

Fig. 25

2.4. Equilíbrio do ponto 2 segundo y (direção de D4 ) (Fig. 25)

Tem-se:

R40 = -P4

4
R41 = k23.D1 = K41.D1

4
R42 = k24.D2 = K42. D2
13
4 2 1
R43 = ( k21 + k43 + k43 ) . D3 = K43 .D3

4 2 1
R44 = ( k22 + k44 + k44 ) . D4 = K44 .D4 .
Logo
K41.D1 + K42.D2 + K43.D3 + K44.D4 = P4 . (27)

2.5. Equação final

Reunindo as equações (24), (25), (26) e (27) tem-se:


 K11 ⋅ D1 + K12 ⋅ D 2 + K13 ⋅ D3 + K14 ⋅ D 4 = P1
K ⋅ D + K 22 ⋅ D 2 + K 23 ⋅ D3 + K 24 ⋅ D 4 = P2
 21 1 .
 K 31 ⋅ D1 + K 32 ⋅ D 2 + K 33 ⋅ D3 + K 34 ⋅ D 4 = P3

K 41 ⋅ D1 + K 42 ⋅ D 2 + K 43 ⋅ D3 + K 44 ⋅ D 4 = P4

Definindo:
 K11 K12 K13 K14 
K K 22 K 23 K 24 
[K] =  21 (28)
 K 31 K 32 K 33 K 34 
 
K 41 K 42 K 43 K 44 

[K] = matriz de rigidez (reduzida) da estrutura,


vem:
[K] . [D] = [P] (29)

que é a equação final procurada.

Nesta equação [K] e [P] são conhecidos, sendo [D] a matriz incógnita. De sua
resolução, resultam os deslocamentos nodais, fechando o ciclo de cálculo de estruturas
pelo processo dos deslocamentos.
Os termos da matriz [K] (da estrutura) são obtidos somando-se, adequadamente,
os termos das matrizes [k] (das barras) que compõem a estrutura.
Apesar da equação (29) ter sido deduzida com base na treliça da Fig. 1, ela é
totalmente geral, sendo válida para qualquer treliça plana e, também, como verá mais
adiante, para qualquer estrutura.

14
2.6. Exemplo

Considere-se a treliça da Fig. 1. Os dados relativos às barras estão na tabela do


ítem 1.3.
A matriz de rigidez da barra de treliça no SGR é dada pela expressão (14).
Resultam, assim, os seguintes termos da matriz de rigidez reduzida [K] da estrutura:

- do ítem 2.1 :

3 4 3 4
K11 = k33 + k33 = h.C + h.C2 = 5000 + 5120 = 10120
2

3 4
3 4
K12 = k34 + k34 = h.C.S + h.C.S = 0 + 3840 = 3840

4 4
K13 = k31 = -h.C2 = -5120

4 4
K14 = k32 = -h.C.S = -3840

- do ítem 2.2 :

3 4
3 4
K21 = k43 + k43 = h.C.S + h.C.S = 0 + 3840 = 3840

3 4 3 4
K22 = k44 + k44 = h.S + h.S2 = 0 + 2880 = 2880
2

4 4
K23 = k41 = -h.C.S = -3840

4 4
K24 = k42 = -h.S2 = -2880

- do ítem 2.3 :
4 4
K31 = k13 = -h.C2 = -5120
4 4
K32 = k14 = -h.C.S = -3840

4 2 1 4 2 1
K33 = k11 + k33 + k33 = h.C2 + h.C2 + h.C2
= 5120 + 5120 + 10000 = 20240
15
4 2 1
4 2 1
K34 = k12 + k34 + k34 = h.C.S + h.C.S + h.C.S
= 3840 + -3840 + 0 = 0.

- do ítem 2.4:

4
4
K41 = k23 = -h.C.S = -3840

4 4
K42 = k24 = -h.S2 = -2880

4 2 1
4 2 1
K43 = k21 + k43 + k43 = h.CS + h.C.S + h.C.S
= 3840 + -3840 + 0 = 0

4 2 1 4 2 1
K44 = k22 + k44 + k44 = h.S2 + h.S2 + h.S2
= 2880 + 2880 + 0 = 5760
portanto :
 10120 3840 − 5120 − 3840 
 3840 2880 − 3840 − 2880
[K] =  . (valores em kN/m)
− 5120 − 3840 20240 0 
 
− 3840 − 2880 0 5760 
A matriz das cargas nodais é dada pela equação (17); assim :
 0 
− 100
[P] =  . (valores em kN)
 0 
 
 0 
Resolvendo o sistema de equações [K] . [D] = [P] ,
tem-se :
 0,0267 
 − 0,1762 
[D] =  . (valores em m)
− 0,0267 
 
 − 0,0703

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