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MÓDULO 12 - HELIPORTOS
(versão: 18/10/2006)
1 - Introdução
O grande desenvolvimento verificado atualmente no transporte aéreo através de helicópteros tem como
razões: as facilidades operacionais propiciadas pelo equipamento, os menores requisitos para sua
infra-estrutura, as dificuldades no trânsito das grandes cidades e, até, alguns aspectos de segurança no
transporte de valores ou de pessoal.
Um emprego que se vem realizando mais intensamente nos últimos anos é o das ligações do tipo aeroporto a
centro urbano, objetivando complementar a rapidez do transporte aéreo de passageiros e produtos/serviços.
O potencial do uso de helicópteros é muito grande. Isso pode ser corroborado pelas seguintes afirmações:
nos últimos anos, helicópteros têm sido as principais aeronaves comercializadas no país e, atualmente,
o Brasil dispõe da sétima frota mundial de aeronaves de asa rotativa (como complemento, sabe-se que
em 2005, São Paulo foi, a nível internacional, a segunda cidade em número de helicópteros em
operação. As taxas de crescimento da frota beiram aos 11%, enquanto as referentes às demais
aeronaves oscilam nos 2,6%;
o Brasil possui milhares de cidades e é um país de extensões continentais (segundo especialistas, nos
chamados países do primeiro mundo, toda cidade com mais de 30 mil habitantes tem pelo menos um,
helicóptero, seja para atuar junto à comunidade, seja para patrulhamento, tráfego, busca e salvamento,
manutenção de linhas e redes de energia, transporte de valores, operações da indústria de prospecção
de petróleo, construção de oleodutos, transporte aeromédico, por exemplo); e,
a necessidade futura de prover as unidades de aviação do Exército Brasileiro com aeronaves nacionais
(soberania).
Em 2006 a frota brasileira contou com 1.008 helicópteros registrados sendo mais de dois terços destinados ao
emprego civil. São Paulo (461), Rio de Janeiro (187) e Minas Gerias (101) são os estados brasileiros em que
se concentra 75% da frota nacional. Trata-se da sétima frota mundial, o Japão soma 1.030 helicópteros. Na
ordem crescente seguem Austrália, Reino Unido, França, Canadá e Estados Unidos. Alguns especialistas
preconizam, para economias estáveis, uma relação de 10/1 até 10/2 entre a frota de aeronaves de asa fixa e de
asa rotativa. Hoje temos no Brasil um montante de 11.073 aeronaves de asa fixa.
Em termos de infra-estrutura o Brasil dispõe de 2.498 aeródromos sendo 739 homologados (públicos) e mais
857 helipontos. Destes, 439 em superfície, 304 em estruturas elevadas, 72 em plataformas marítimas e 42 em
navios.
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Fonte: www.anac.gov.br
Os helicópteros podem variar bastante de porte e tipo de utilização. De 1 a 3 assentos disponíveis com
capacidade de carga de 1500 kg até os de capacidade no entorno de 20 pessoas com suporte para carga de 10
toneladas. Modernamente tem-se aeronaves que carregam até 25 toneladas.
Apesar de toda essa potencialidade, nos Estados Unidos, o total de passageiros não ultrapassa a
1% do total transportado na modalidade aérea. Isto se deve ao alto custo do transporte por este
equipamento. Especula-se que a hora de vôo de um monomotor está na faixa dos 30 a 50 dólares,
de uma aeronave de asa fixa (tipo o Bandeirantes) no entorno dos 120 dólares e de um helicóptero
monoturbinado entre 600 a 800 dólares.
2 - Helicópteros
O helicóptero é uma aeronave autopropulsionada que obtém a sua sustentação de uma asa rotativa. Mudanças
na direção de vôo podem ser conseguidas alterando a posição do plano dessa asa rotativa ou aplicando torque
ao rotor de cauda. São vários os tipos de helicópteros, variando o número de rotores, número e tipo de
motores, tamanho e peso. Todos guardam, no entanto, uma característica muito própria: a capacidade de
pairar no ar. É grande também a variação das possíveis velocidades e altitudes de vôo. Seus custos médios
em termos de mil dólares variam conforme a Tabela 2.
As principais dimensões de alguns helicópteros que operam no Brasil estão contidas na Tabela 3.
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Os Estados Unidos possuem uma frota de 6.400 helicópteros militares enquanto a França possui 880, a
Alemanha, 750, a Grã-Bretanha cerca de 660 e a Itália uns 600. Em 2001, no mercado de novas aeronaves
civis 57% com a Eurocopter, 22% com a Bell e 10% com a Agusta Westland. No setor militar a Sikorsky
ficou com 29% do mercado.
3 - Escolha do Local
A localização de um heliporto em área urbana requer considerações de muitos fatores, os mais importantes
são:
Os heliportos podem ser situados a nível do solo ou em estruturas, em terra ou sobre a água. O arranjo físico
é função principalmente das características operacionais dos helicópteros que serão atendidos e do tipo de
apoio que se deseja implementar.
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Segurança Operacional
A principal consideração de segurança para um heliporto repousa na determinação exata dos planos livres de
obstáculos para aproximação e partida. Estes planos devem ser sobre áreas que comportem campos para
pouso de emergência com relação a altitude e performance do equipamento. Esta consideração não é válida
para os multi-motorizados que são capacitados a continuar voando em caso de pane em um dos motores.
Quando possível traçam-se trajetórias de aproximação sobre água ou regiões desocupadas. O objetivo é
prover a trajetória de pontos para pouso de emergência. Deve-se garantir a continuidade destas áreas para
evitar a interrupção das operações no heliporto. É necessário, quando na proximidade de aeroportos,
compatibilizar-se os diversos tipos de operações aeronáuticas.
É importante que as leis de zoneamento de uma cidade ratifique as restrições altimétricas e de uso dos
terrenos no entorno de heliportos. O ruído dos rotores é motivo para restrições de uso. Em áreas urbanas não
é fácil o estabelecimento das áreas para pouso de emergência.
4 - Algumas Definições
Os corredores aéreos de circulação de helicópteros (CH) canalizam o fluxo de tráfego quando implantado
numa Área Terminal (TMA). Suas dimensões são fixadas pelo Departamento de Controle de Espaço Aéreo
(DECEA).
Heliporto é um heliponto público dotado de instalações e facilidades para operação dos helicópteros,
embarque e desembarque de pessoas e cargas.
5 - Dimensionamento de Helipontos
Quanto ao uso podem ser público, privado ou militar. Cada um recebe uma sinalização peculiar. Os
elementos componentes de um heliponto são:
O dimensionamento de cada um elemento é determinado pelo porte do helicóptero que se espera faça uso do
heliponto e do nível de atividade do mesmo.
AT - suas dimensões são, no mínimo, idênticas a maior dimensão do maior helicóptero que vai operar no
heliponto. Essa área deve estar situada no centro da APD. Seu formato será de um quadrado ou, quando a
APD for circular, terá também essa configuração. O dimensionamento estrutural dependerá das solicitações
dinâmicas a que estará sujeito. A declividade máxima da superfície é de 2%.
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APD - deve ter dimensões suficientes a acomodar qualquer dos modelos de helicópteros previstos. O maior
lado (caso de retângulo) ou o raio deve corresponder, no mínimo, a 1,5 vezes a maior dimensão da maior
aeronave. Correções de 15% devem ser impostas para cada 300 m adicional de altitude em que essa área se
localize em relação ao nível do mar. A declividade efetiva máxima é de 3% e não pode, em nenhum trecho,
ser superior a 5%.
AS - esta faixa livre de obstáculos é sempre oportuna, mas não imprescindível. Nos helipontos situados ao
nível do solo é recomendado que haja uma cerca de segurança de 1m de altura, circundando os limites desta
área, objetivando evitar a entrada de animais ou pessoas estranhas. Projeta-se no mínimo 3 m além dos
limites da APD ou 0,25 vêzes a maior dimensão do APD (o que for maior) no caso de operação em condições
meteorológicas visuais (VMC). Para condições IMC, é necessária uma largura de 90 m e uma extensão de 60
m além da APD.
O pátio de estacionamento deve permitir o afastamento mínimo de 3 m entre cada posição de parada e da
aeronave para qualquer obstáculo. Cada posição, em termos de comprimento e largura, deve ter uma
dimensão igual ou superior a maior dimensão do helicóptero. Se houver pistas de rolagem, estas deverão
possuir, no mínimo, 6 m de largura, além de permitir uma distância livre lateral igual a um raio de rotor. Na
Portaria 18, disponível no sítio da ANAC (www.anac.gov.br), constam asinstruções para operação de
helicópteros, a construção e a utilização de helipontos e heliportos.
No caso de helipontos elevados, para projeto, é considerado como atuante em cada perna do trem principal de
pouso uma carga igual a 75% do peso máximo da aeronave, sendo a área de aplicação desta carga igual a
0,09 metros quadrados por pneu ou esqui. Assume-se, assim, que o helicóptero realiza o pouso tocando
simultaneamente os dois trens principais no pavimento. Nas áreas de operação fora da zona de toque, a carga
de projeto é o peso máximo estático da aeronave.
Por motivo de segurança deve ser prevista uma área para situações críticas, denominada de Rejected Take-Off
Area (RTOA). Para o S76, o RTOA corresponde a uma distância de 450 m. Isso pode ser calculado através
de ábacos mostrados nos manuais das aeronaves, com os perfis para pouso e descolagem sob condições de
categoria A ou B.
A largura de uma pista de táxi varia conforme a bitola da maior aeronave em operação (vide Tabela 4).
Na Tabela 5 foram copiadas as recomendações da ICAO em termos de distâncias de separação entre pistas,
objetos e posições de parada dos helicópteros. A unidade empregada é múltiplo do diâmero de rotor da
aeronave de projeto.
Tabela 5 - Separações
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A separação mínima entre o bordo de uma posição de parada e um objeto ou outra posição é de metade da
maior dimensão do helicóptero (isto é, o raio do rotor principal).
As trajetórias para aproximação e partida são escolhidas de maneira a permitir uma operação mais vantajosa.
Elas têm início na borda da APD e estão, na medida do possível, orientadas no sentido contrário ao dos
ventos dominantes. Em helipontos elevados deve-se dar a máxima atenção ao exame das alturas das
edificações vizinhas.
E aconselhável a existência de pelo menos duas trajetórias que devem estar separadas de no mínimo 150
graus. Trajetórias curvas são possíveis, e em muitos casos necessárias, mas devem ser usadas apenas em
condições VFR (visual).
Segundo a Portaria 1.141 de 1987, as superfícies de proteção, alinhadas com as trajetórias de aproximação e
partida, se estendem a partir da AS numa razão de 1:13 (para cada 13 m de afastamento na horizontal, a
superfície se eleva de 1 m) até 245 m de afastamento horizontal e, a partir disso, numa razão de 1:7 até 1.165
m de afastamento. A superfície de transição numa razão de 1:2 até 30 m acima da elevação do heliponto.
7 - Sinalização de Heliponto
O sinal de identificação de área de pouso será uma letra indicadora do tipo de heliponto (público - H, privado
- P ou militar - M) colocada no centro da área de toque, dentro de um triângulo equilátero com o vértice
superior orientado para o norte magnético. Além desse sinal, os helipontos devem apresentar um indicador da
resistência do seu piso (em toneladas). Essa informação é localizada à direita do vértice superior do triângulo,
com a mesma orientação da letra designativa do tipo de heliponto. As frações de toneladas devem ser
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arredondadas para o número inferior mais próximo. A pintura diurna deve ser na cor branca ou amarela, de
preferência fosforescente. Para maior contraste, os contornos das marcações podem ser pintados na cor preta.
Deve-se representar os limites da AT por meio de faixas contínuas, tomando-se cuidado para que não sejam
confundidas com as demais marcações. O indicador de direção do vento deve ser localizado em posição bem
visível e que não esteja sujeito a turbulências ou que represente perigo às manobras dos helicópteros. Deve-se
indicar visualmente, também, a direção dos eixos das superfícies de aproximação e partida. Em APD
retangular será representado pelo maior lado do retângulo. Em configurações quadradas, deve-se utilizar
setas à direita de quem está se aproximando.
O balizamento noturno deve pelo menos destacar os limites da APD e a sinalização dos obstáculos
adjacentes. Outros auxílios luminosos, tais como: sinal luminosos de identificação, luzes indicadoras da
direção de aproximação, luzes indicadoras de zona de toque e luzes indicadoras de ângulo de descida, são de
grande valia mas podem ser dispensadas.
8 - Considerações Finais
Heliportos podem ou não estar inseridos em aeroportos. O maior heliporto do mundo foi construído em Ank
He, no Vietnam do Sul, durante a guerra, com uma área de 2 por 3 km e uma capacidade para 434
helicópteros. O Heliporto de Morgan City, na Louisiana, nos Estados Unidos, acomoda até 48 helicópteros e
serve de base para a operação petrolífera no Golfo do México. No Brasil, o aeroporto de Macaé, administrado
pela Infraero, opera com mais de 20 helicópteros, atendendo a demanda da Petrobrás para a Bacia de
Campos. Especula-se sobre a implantação de um grande heliporto (Farol de São Tomé), na mesma região,
para apoio a essas crescentes operações na área.
Referências
International Civil Aviation Organization (1995). Heliport Manual. Doc 9261-AN/903. 3rd edition.
Ministério da Aeronáutica (1987). Portaria 1.141/GM5. DOU Seção I, de 9 de dezembro de 1987,
Brasília.
Ministério da Aeronáutica (1974). Portaria 18/GM5. De 18 de fevereiro de 1974, Brasília.
International Civil Aviation Organization (1995). Aerodromes.ANNEX 14, Volume 2 (Heliports), 2nd
edition.
http://www.jhelicoptero.com.br.
http://www.aerotecnologia.com.br.
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