O réu X foi denunciado como incurso no art. 157, § 2º, II, c.c. o art. 2000, caput, do Código Penal, porque, no dia ___/___/___, por volta de ___ horas, na Rodovia ____, nesta Cidade e Comarca, juntamente com o co- denunciado Y, com o qual agiu em concurso e com unidade de desígnios, subtraiu para si, mediante grave ameaça exercida contra A e B, R$ 18,00 (dezoito reais) em dinheiro, pertencentes à Viação G Ltda. Segundo se apurou, os denunciados ingressaram no coletivo de propriedade da mencionada empresa, simulando porte de arma de fogo, possibilitando que X dominasse o cobrador e retirasse o dinheiro da gaveta, enquanto Y rendia o motorista. Logo após o crime, foram presos em flagrante. Recebida a denúncia (fls.), foi o réu X citado (fls.), teve a sua revelia decretada (fls.), mas foi posteriormente preso e interrogado (fls.). Houve desmembramento do processo em relação ao co-réu Y, razão pela qual as presentes alegações somente dizem respeito a X. Intimado para oferecimento da Defesa Prévia, seu Defensor quedou-se inerte após o tríduo legal (fls.). Dos autos constam ainda: interrogatório do co-réu Y (fls.) e o depoimento de três testemunhas de acusação (fls.) e das duas vítimas da grave ameaça (fls.). Superada a fase do art. 4000000 do CPP, sem requerimentos das partes (fls.), vieram os autos para as presentes alegações finais, exclusivamente quanto ao imputado X. A ação penal procede. O réu foi preso em flagrante (fls.) e em seu poder foi apreendida parte da res (fls.). Quanto à autoria, é indiscutível, uma vez que o motorista afirmou peremptoriamente em Juízo: "Reconheço o réu como sendo um dos autores do roubo descrito na denúncia. Ele e seu comparsa entraram juntos no ônibus. Este (X) aproximou-se de mim e anunciou o assalto, colocando a mão sob a camisa, fazendo menção de estar armado. Eu acreditei que, de fato, estivesse com arma de fogo" (fls.). No mesmo sentido o depoimento do cobrador (fls.). Também confirmaram os fatos descritos na denúncia, as demais testemunhas de acusação (fls.). Desse modo, a prova testemunhal foi unânime em apontar sua participação no crime narrado na denúncia, bem como em confirmar a causa de aumento do concurso de agentes. De ressaltar que as testemunhas e vítimas não conheciam o acusado e, portanto, não tinham qualquer motivo para incriminá-lo gratuitamente. A condenação é, por conseguinte, de rigor. A pena deverá ser fixada acima do mínimo legal, tendo em vista os maus antecedentes (fls.), pelo crime de tentativa de estupro e absolvido por insuficiência de provas. Tal modalidade de absolvição é tida pelo Pretório Excelso como indicativa de vida pregressa censurável, e merece apenamento com maior rigor (nesse sentido: STF, RTJ 114/563). Por esse mesmo motivo, o regime inicial deverá ser o fechado, pois não faz jus ao semi-aberto, à luz do art. 5000 do Código Penal, tendo em vista ainda a temibilidade social revelada pela prática delituosa.
A ANGÚSTIA DE DECIDIR E O JUIZ DAS GARANTIAS NO PROJETO DE REFORMA DO CPP: UMA IMPORTANTE CONTRIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE PARA O DIREITO - Denise Luz e Leon Murelli Silveira