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A POSSIBILIDADE DE USO DE HIPERVÍDEO EM AMBIENTES

HIPERMÍDIA DE GEOMETRIA DESCRITIVA

Rafael Zanelato Ledo


UFSC – EGC- Doutorando -Programa de Pós – Graduação em Engenharia e Gestão do
Conhecimento
rafael@ecthus.com.br

Resumo
Por volta dos últimos dez anos viu-se um o aumento das pesquisas e propostas de
ensino de geometria descritiva através de hipermídia. Em geral os ambientes possuem
setores para explicação do conteúdo, experimentação e exercícios. Como a geometria
descritiva possui muitos procedimentos seqüenciais, com demonstração passo a
passo do processo, faz-se uso de explicações em etapas que visam várias operações
como a ilustração da construção bidimensional de objetos 3D. Entende-se que
demonstrar múltiplos procedimentos de construções do mesmo do objeto pode
reforçar o aprendizado alcançando os diferentes estilos cognitivos e de aprendizagem
dos alunos. Neste sentido este artigo ilustra a estruturação de um hipervídeo na Web
voltado para suporte ao ensino de geometria descritiva á distância e presencial.

Palavras-chave: geometria descritiva, hipervídeo ,hipermídia, estilos de


aprendizagem

Abstract / resumen
Nesta parte, os autores devem apresentar o resumo em idioma diferente daquele em
que o artigo foi escrito, dando preferência ao Inglês ou Espanhol.

Keywords: paper, publication, abstract (mínimo de 3 e máximo de 5).

1 Introdução
Há duas décadas têm se observado um esforço, no meio educacional para a
transposição do conteúdo da geometria em geral e especificamente da geometria
descritiva para sistemas hipermídia. O intuito foi explorar as potencialidades da
informática em termos de processamento e armazenamento da informação e a
capacidade de estruturar o seu conteúdo de modo hipertextual.
Numa abordagem inicial os sistemas hipermídia desenvolvidos para a
aprendizagem estavam foram do contexto da Internet. Eram aplicações que rodavam
em laboratórios de informática como suporte ao ensino presencial. Cita-se como
exemplo, o hipermídia para geometria descritiva denominado Visual GD desenvolvido
pelo laboratório HiperLAB/UFSC a partir de pesquisa de Ulbricht (1997) ou
Geometrando para o ensino da geometria plana (PEREIRA et al 2002; LAZARIN
2004).
Com o avanço do uso da Internet, os ambientes hipermídia passam a ser
disponibilizados na Web. Cita-se alguns exemplos, de pesquisas e implementações de
hipermídia para geometria descritiva na Web, como o site Hypergeo1 desenvolvido
pelas professoras Maria Giunta e Vânia Valente da Unesp de São Paulo , o site
Espaço GD2 desenvolvido pelo professor Alvaro Rodrigues da UFRJ e o HyperCAL
GD3 desenvolvido por Tânia L.K. da Silva, Régio P. da Silva, Fábio G. Teixeira e
Fernando B. Bruno da UFRGS.
Muitos ambientes hipermídia na Web utilizavam inicialmente recursos
simplificados de mídia devido à capacidade de conexão. Por causas do tamanho do
arquivo para download, optou-se por um uso prioritário de textos e imagens em
detrimento a áudio e a animações/vídeos. Mas nos últimos anos observa-se o
crescente avanço do uso de mídias que exigem conexões mais rápidas de internet e
recursos de hardware. O uso de animações, de vetores e de realidade virtual aparece
como recurso utilizado nos ambientes hipermídia da atualidade (LIMA et al 2010).
A passagem da geometria descritiva do presencial em sala de aula para a
hipermídia incide numa gama de possibilidades de aprimoramento desta prática de
ensino. Mas não se pode concluir que a hipermídia substitui a situação de sala de aula
O processo de aprendizagem de GD de modo presencial direto com o professor
envolve ambiente, tempos e relações interpessoais diferenciadas. O ensino através de
hipermídia aparece como suporte ao ensino presencial e como linha condutora do
ensino á distância.

1
http://www.faac.unesp.br/pesquisa/hypergeo/index2.htm
2
http://www.eba.ufrj.br/gd/
3
http://www.gd.ufrgs.br/hypercal/Indice.htm
Gonçalves (2005) aponta contribuições que o ensino através do computador
oferece como ausência de bloqueio cogntivo, relacionamento interativo,velocidade de
execução, correção imediata etc... Mas de todas as qualidades listadas por Gonçalves
(2005), este artigo destaca a possibilidade que o computador proporciona de trabalhar
os diferentes estilos cognitivos/estilos de aprendizagem e principalmente a
possibilidade de diferentes modos de resolução de um mesmo problema.

2 Estilos cognitivos e estilos de aprendizagem

Muitas pesquisas e muitos aplicativos são desenvolvidos tendo por base o


conceito primordial que as pessoas pensam e aprendem de modo diferente, portanto
ensinar um grupo de pessoas de modo igual e com mesmo material didático não é o
ideal. Com base neste preceito, psicólogos e educadores desenvolveram várias
teorias descrevendo os vários modos como se captura , processa, armazena e se
recupera informação. Estas características compõem o que se denomina estilo
cognitivo (TRIANTAFILLOU et al 2002).
Já num constructo mais amplo que o estilo cognitivo, que envolve também os
estilos psicológicos e afetivos se estabeleceria o que se denomina como estilos de
aprendizagem (TRIANTAFILLOU et al 2002). Estes estilos de aprendizagem
estabeleceriam uma referência para um projeto de ensino.
A dificuldade de implementação de um projeto de ensino baseado nos estilos de
aprendizagem é que estes envolvem uma grande quantidade de variáveis. Existem
diversos modelos de classificação. Alguns com modelagem do tipo bipolar como o
pensamento serialista versus holista sugerido por Pask (1976) ou o estilo campo
dependente e campo independente de Witkin et al (1977). Outros com mais
variabilidade, como as 4 categorias de aprendizes (convergente, divergente,
assimilador, conciliador) propostos por David Kolb (1976; 1984) ou os 16 tipos de
temperamento do Teste de Keirsey4.
O grande número de variáveis que compõe o processo de aprendizagem fica
explicito pelo modelo Onion feito por Curry (1983) que coletou vários modelos de
outros pesquisadores e dividiu em escalas que vão do processamento da informação á
personalidade e da importância dos estímulos externos até as construções internas do
pensamento. De modo amplo, pode-se dizer que para o sucesso total na
aprendizagem é importante desde a luminosidade do ambiente até o conhecimento
prévio adquirido.
4
http://www.keirsey.com/
Toda esta complexidade descrita sobre os estilos de aprendizagem é para
ressaltar que um sistema hipermídia provavelmente não consiga fazer a adaptação a
um usuário em todas as dimensões possíveis.
Mas estas pesquisas possibilitam listar algumas características importantes que
podem facilitar o entendimento para domínios específicos. Ser extrovertido ou
introvertido pode não fazer diferença para se aprender geometria descritiva, mas o
raciocínio dedutivo e serialista pode fazer a diferença na apreensão rápida e concisa
neste campo de conhecimento.
Todo este conjunto de competências para o entendimento da geometria descritiva
pode ser explorado de modo adaptativo dentro de uma hipermídia. A lógica do
raciocínio dedutivo e a capacidade de abstração podem ser reforçadas ou não pelo
sistema de acordo a característica do usuário.
O computador traz como possibilidade absorver algumas informações pelo aluno,
que tanto pelo tempo, quanto pelo ambiente em sala de aula não tenha sido possível.
Além disso, Montgomery, (1997 apud Silva, 2005a) cita que a personalidade do
professor favorece aqueles alunos com personalidade parecida. Com isso o
computador pode ser o suporte aos alunos que não entenderam uma explicação ou
querem uma explicação diferente ou adicional de um referido tópico.
A possibilidade de apresentar o mesmo conteúdo de várias formas é
potencializada no computador pela sua hipertextualidade. Através da não-linearidade é
possível ler, ouvir e conseqüentemente aprender através de vários caminhos. Essa
capacidade de ter vários percursos pode ser um fator decisivo na apreensão de um
conhecimento.
A informação organizada como hipermídia, através de uma análise abrangente,
sempre produz de alguma maneira algum tipo de adaptação na relação usuário e
conteúdo. Isso ocorre mesmo que não tenha sido criado nenhum tipo estratégia
especifica para avaliar o usuário através de um teste psicométrico, com posterior
apresentação de um conteúdo específico. A adaptação ocorre pelo simples fato de
haver a possibilidade de navegar sobre o conteúdo de maneira não-linear, com
conexões entre tópicos não imaginadas pelo usuário.
Mas é possível explorar vários aspectos na hipermídia além das conexões entre
conteúdos. A hipermídia para geometria descritiva possibilita testar algum tipo de
modelo pedagógico como fez Silva (2005b), criar ambientes de descoberta através da
prática com vetores e aplicação de exercícios. Além destes itens é possível também
diversificar as explicações tendo várias formas de resolver o mesmo problema.
A escolha de apresentar de modos diferentes o mesmo conteúdo pode favorecer
os diferentes estilos de aprendizagem. Pode- se conceber um exercício que explique
um mesmo procedimento com diferentes níveis de lógica buscando atender alunos
com mais dificuldade e mais facilidade no raciocínio dedutivo. Também é possível criar
diferentes apresentações de acordo a capacidade de visão espacial.

3 Hipervídeo

Em geral a hipermídia voltada para a geometria descritiva trabalha com três


campos distintos para o aprendizado do conteúdo. Há uma área para experimentação
livre para desenhar e visualizar as formas para percepção da tridimensionalidade. Há
uma área de exercícios que pode servir de reforço do conteúdo ou avaliação. E há
uma área de exposição da história, conceitos, procedimentos e ilustração da solução
de exercícios.
Na apresentação de conceitos e resolução de exercício se utiliza de textos,
imagens e animação e em alguns casos áudio. Verifica-se ainda um uso considerável
de textos explicativos num tipo de conhecimento que tem forte apelo visual por
envolver a capacitação na representação gráfica.
Entende-se que na ilustração dos diversos procedimentos para construções das
vistas projetadas e proposições geométricas, as animações ou vídeos podem
proporcionar um entendimento direto do que é proposto. Com isso a animação ou
vídeo poderia ter uma função ampliada, dentro da hipermídia, além de um link terminal
que apenas ilustra um aspecto específico.
Para não aparecer somente como um adicional dentro do texto que tem um link
que mostra a animação de um rebatimento durante dez segundos, o vídeo tem que ser
estruturado de modo diferente do vídeo linear tradicional. Uma possibilidade seria
utilizar o que se denomina hipervídeo.
O conceito de hipervídeo é baseado na integração de vídeo em espaços
verdadeiramente hipermidiáticos em que o vídeo tem a capacidade de conter âncoras
de ligações endereçadas no espaço e no tempo, em vez de ser tratado como um nó
terminal. Pode ser também definido como um vídeo com hiperlinks que combinam uma
estrutura informacional não-linear, possibilitando o usuário fazer escolhas baseados
nos conteúdos ou nos seus próprios interesses (CHAMBEL e GUIMARÃES, 2001).
O hipervídeo possuiu estruturação de conteúdos audiovisuais em ambientes
digitais, articulando imagens técnicas com a linguagem da hipermídia e viabilizando
uma nova forma de estruturação discursiva . O hipervídeo tem um funcionamento
muito próximo ao hipertexto (PATROCÍNIO , 2006). Porém, diferente de uma página
da Web, que apresenta vários links simultaneamente no mesmo espaço, as
oportunidades de associação no hipervídeo aparecem e desaparecem à medida que
as seqüências de vídeo são reproduzidas O link assume uma nova dimensão dentro
do espaço do vídeo, a dimensão temporal. Num hipervídeo as seqüências de vídeo
são reproduzidas continuamente enquanto o usuário realiza escolhas que direcionam
o desenvolvimento do fluxo audiovisual (PATROCÍNIO , 2006).

Figura 1: Esquema A: estrutura de links num arranjo tradicional com vídeos ; Esquema B:
Estrutura de links com hipervídeo.

Fonte: Autor

4 Formulação de um Hipervídeo em Geometria Descritiva

A estruturação de um hipervídeo num tópico de geometria descritiva foi baseada


na apresentação da solução de um exercício com diferentes procedimentos

projeção
5 Considerações Finais

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e


documentação – citações em documentos. Rio de Janeiro, 2002. 7p.

____ . NBR 6023: informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de


Janeiro, 2002.

LUNA, Sérgio Vasconcelos de. Planejamento de pesquisa: uma introdução. São


Paulo: EDUC, 2007.

NADOLSKIS, Hendricas. Comunicação redacional atualizada. 8a ed. São Paulo:


Saraiva, 2002.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22a ed. São


Paulo: Cortez, 2002.

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T. Chambel, N. Correia, N. Guimarães, “Hypervideo on the Web: Models and


Techniques for Video Integration”, International Journal of Computers & Applications,
Acta Press, Vol. 23, #2, 2001, pp.90-98.
PATROCÏNIO, Janaina, Hipervídeo. Revista Esecom. UFMG. Brasil , Ano 1, Vol1,
2006.
Pask, G. (1976b). Styles and strategies of learning. British Journal of
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Witkin, H.A., Moore, C.A., Goodenough, D.R., & Cox, P.W. (1977).
Field-dependent and field-independent cognitive styles and their educational
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Triantafillou E., Pomporstis A., Georgiadou E. AES-CS: Adaptive Educational System


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based Education, held in conjunction with AH'2002, Málaga, Spain (2002)

Kolb, D.A. (1976), Learning Style Inventory: Technical Manual, Prentice-Hall,


Englewood Cliffs,NJ.
KOLB, D. A. Experimental Learning. New Jersey: Prentice-Hall, 1984.

Curry L. (1983) An Organisation of Learning Styles Theory and Constructs. ERIC


Document 235 185.

MONTGOMERY, S. Using Myers-Briggs personality types and Kolb’s learning


styles in course planning.

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