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A Importância das Relações Pais e Filhos na Construção da Identidade
Cristã
Curso Online sobre
Autor: Raquel Dias Lomeu | Publicado na Edição de: Setembro de 2012
Distúrbios de
Categoria: Psicologia da Família Avalie este Artigo:
Aprendizagem
Todo indivíduo, desde o nascimento necessita ser cuidado, e isso acontece geralmente
dentro de uma família. É dentro da família que ele se sentirá cuidado, amado, querido, por
mais conflitos que enfrentem uma determinada família,é ali que começará seu
desenvolvimento.
Últimos Artigos Publicados:
Soifer (1982, p. 23), define a família como: A Atuação do Psicólogo Diante das Dificuldades
de Acessibilidade do Deficiente Físico
[...] estrutura social básica, com entrejogo diferenciado de papéis, integrada por pessoas O Monstro e a Transmissão da Violência
que convivem por tempo prolongado, em uma inter-relação recíproca com a cultura e a O Professor de Psicologia e Suas Motivações
sociedade, dentro da qual se vai desenvolvendo a criatura humana, premida pela
A Vivência dos Profissionais de Saúde com o
necessidade de limitar a situação narcísica e transformar-se em um adulto capaz [...] Processo Morte e Morrer e suas Implicações na
Percepção de tal Fenômeno
A família é a responsável pela estruturação de cada indivíduo, onde ele nasce, cresce e se Analise Crítica do Filme “Anjos Do Sol”
desenvolve psíquica e emocionalmente, formando sua identidade e personalidade, portanto, O Mito de Quíron: Nuances e Prática no
Processo Psicoterápico – um Estudo de Caso na
o objetivo da família é educar os filhos para a vida. Soifer (1982) ainda salienta que à medida Teoria Analítica
que o desenvolvimento acontece, a criança aprende a respeitar, amar e ser solidária, em A Ausência dos Pais na Vida Escolar das
contraponto aprende a lidar com os sentimentos de ódio, inveja, rivalidades e ciúmes Crianças de Ensino Fundamental
originados dos conflitos infantis, consolidando-se a identidade da família na sociedade. Transtorno do Pânico: implicações e
tratamento
Durante o desenvolvimento são observadas algumas influências que podem definir a
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maneira de ser de cada indivíduo, construindo assim, sua identidade enquanto ser humano.
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Segundo Winnicott (1988), um indivíduo começa a existir quando é concebido
Psicologado!
mentalmente, ou seja, quando os pais manifestam o desejo, não apenas consciente de
conceber. A partir desse desejo pode-se dizer que a identidade começa a formar-se. A mãe é Cadastre seu e-mail para receber nossos boletins
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a primeira a introduzir a criança no mundo e através das sensações essa criança vai
conhecendo o que a rodeia, tendo a possibilidade de relacionamento com os outros. Nome:
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A partir do nascimento do bebê a ligação necessária ao desenvolvimento deste, pode
ativar nos pais fantasias e desejos narcísicos advindos de conflitos não elaborados do Email:
passado destes. Muitas vezes as dificuldades na interação da mãe e seu bebê, podem ser
indicativos destes problemas não elaborados. Quando estes conflitos inconscientes invadem Cadastrar
o bebê ainda em formação, pode vir a comprometê-lo ou até mesmo impedi-lo de
desenvolver-se para se tornar um indivíduo autônomo.
Assim a noção de identidade sugere que o sujeito precisa de outro para se desenvolver,
para adquirir atitudes, valores e princípios que vão norteá-lo em sua vida adulta e social e à
medida que a criança cresce e se desenvolve ela vai se tornado uma pessoa diferenciada dos
pais, adquirindo com a ajuda deles, certa autonomia, num processo de identificação
(KUSNETZOFF, 1982).
De acordo com Papalia (2006) a adolescência é uma fase repleta de mudanças em que o
pequeno jovem começa a descobrir quem é e o que quer ser. Para crescer e entrar no
mundo dos adultos, o adolescente precisa, aos poucos, ir se separando dos pais o que, às
vezes é insuportável para certos pais, pois estes deixam de ser as pessoas mais importantes
do mundo para se tornarem “velhos caretas”. Nesse momento é comum que o adolescente
busque grupos com os quais possa se identificar. Papalia (2006) explica a importância da
influencia do grupo na vida dos adolescentes,
Mas isso não quer dizer que a família perdeu a importância na vida dele, pelo contrário é
nessa fase que eles mais precisam do apoio da família, pois são os pais que dirão o que eles
podem ou não fazer. Ferrari (2000) afirma:
Sendo assim, o bom relacionamento entre pais e filhos é fundamental para a formação
de uma identidade saudável, mesmo que na fase da adolescência os ensinamentos dos pais
pareçam não ter importância para eles, nesse sentido é preciso que os pais os
compreendam. Os pais que transmitem afeto, atenção e orientação, respeitando as escolhas
do filho, estarão reforçando sua auto-estima, fazendo com que se sintam valorizados e
seguros para enfrentar os desafios do mundo real.
“[...] o indivíduo [...] se descobre totalmente dependente de algo que lhe é superior. [...] O
sagrado é o criador, a origem da vida, a fonte da força. [...] Sente-se dominado e
envolvido por algo que dele dispõe e sobre ele impõe normas de comportamento que não
podem ser transgredidas [...]” (ALVES, 1999, p. 62).
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O homem na sociedade é dono de si mesmo e de muitas coisas, ele domina o mundo
com suas invenções tecnológicas, mas no mundo sagrado ele se apresenta como servo para
servir ao Senhor Supremo da criação, ele se torna totalmente submisso.
Temos hoje no Brasil uma diversidade de religiões e pessoas que defendem com afinco
cada um a sua, discutem, brigam e tentam convencer o próximo a seguir o seu caminho. Os
ideais são passados de geração a geração e aceitos de forma inquestionável, estando eles
certos ou não, tendo como recompensa para o cristão um sentimento de fortaleza diante do
sofrimento, isto é, mesmo nas piores situações da vida sente-se forte para vencê-las graças à
força que vem de Deus. Assim, muitas vezes a religião torna-se o clamor daqueles que sofrem
e almeja tranquilizar sua alma aflita, ou seja, o que deveria ser prazeroso se torna uma troca –
adora-se a Deus para receber Dele o favor.
Sendo assim, todos são possuidores da verdade, isto é “vale tudo”, não existe mais um
padrão de exposição da realidade, é o fim da proibição. Esses novos conceitos colocados
diariamente afrontam os princípios cristãos despertando nos pais a insegurança de que não
vão conseguir incutir no filho os ensinamentos bíblicos.
Desde cedo, filhos de pais cristãos começam a aprender que o Homem foi criado à
imagem e semelhança de Deus e a obediência a Ele vem em primeiro lugar.
Quando falamos em educação de filhos cristãos entramos num dos principais problemas
das famílias hoje em dia. “Ser criado numa família cristã e ensinado nas igrejas cristãs não
garante que nossos filhos irão adotar a fé cristã” (MCDOWELL, 1994, p. 91). Enquanto as
crianças são pequenas, são direcionadas e fazem o que os pais querem. À medida que
crescem esses pais começam a entrar em conflitos, pois o crescimento e desenvolvimento
causam mudanças e com as mudanças vem às crises. A primeira crise que se apresenta é a
crise de autoridade, os pais acham que por deterem o total poder sobre o filho deve-se fazer
obedecer e muitas vezes exercem o autoritarismo, prejudicando assim, o aprendizado.
Alguns comportamentos são compreendidos pelos pais como rebeldia, fazendo-os agir de
forma errônea buscando assegurar sua autoridade mostrando “quem é que manda”.
Segundo McDowell, (1994) é preciso estabelecer um relacionamento real antes de estabelecer
as regras para que estas não induzam a rebelião e não prejudiquem a autoimagem e
autoestima do adolescente.
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sobre ela e comunicá-la com precisão aos seus filhos. Assim sendo, uma comunhão familiar é
fundamental para o aprendizado sobre os fundamentos bíblicos sem pressão.
Discussão e Conclusão
Este trabalho buscou investigar possíveis ligações entre relações familiares e construção
de identidade cristã. A revisão literária indicou que a família é o berço do desenvolvimento
psíquico e, por conta disso, responsável pela transmissão de valores, costumes e conceitos
acerca da vida (Soifer, 1982). Neste processo de transmissão, estão contidas fantasias,
medos, anseios, crenças diversas, enfim, que são, na realidade, fruto de uma integração de
costumes e valores, em partes pertencentes a uma figura paterna e, em partes, advindas de
uma figura materna.
Assim, é possível compreender que valores ligados à religião também serão transmitidos,
e tais valores estarão, também, ligados à vivência religiosa dos pais. Se o objetivo da família é
o de educar e formar o indivíduo, tal processo dar-se-á com base na formação que os pais
deste tiveram anteriormente com seus familiares e responsáveis. O desenvolvimento da
personalidade de um indivíduo, assim, está diretamente envolvido com as relações
estabelecidas entre ele e seus familiares, e tais relações serão, então, determinantes também
no processo da construção de sua identidade cristã, bem como no desenvolvimento de sua
personalidade (Papalia, 2006).
Muitos pais por não confiarem em si mesmos como instrutores da palavra de Deus,
acabam agindo precipitadamente com castigos, chingamentos, instigando a ira em seus
filhos. Em outro momento buscam respostas prontas para a educação dos filhos,
demonstrando a incerteza de que são realmente capazes de instruir o filho como diz em
Provérbios 22:6 : “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho,
não se desviará dele”, e que também podem fazê-lo através de seu exemplo como servos de
Deus, ao contrário disso confirmam o tempo todo a sensação de não serem pais bons o
suficiente para encaminhar e caminhar com o filho nesse ensinamento. A dúvida é a mesma
para todos, como fazer com que os filhos saibam diferenciar o “verdadeiro certo” do
“verdadeiro errado”, para realizarem escolhas certas, se eles – os pais, não conseguem
entender as escolhas que fizeram? Assim fica difícil caminhar com o filho. Considerando o que
diz McDowell, (1994) os filhos precisam ter convicções sólidas sobre a verdade para não
aceitar facilmente as falsificações e fazerem escolhas erradas, trazendo assim sofrimento
para a família.
É possível perceber que grande parte dos conflitos nos relacionamentos com os filhos
são gerados pela incompreensão de qual o verdadeiro papel de pais cristãos na formação
dos filhos. Em virtude de uma má interpretação de passagens bíblicas, surge a fantasia de
que tudo é pecado, inclusive os conflitos vividos pela adolescência, não podendo enfrentá-la
como um elemento importante no desenvolvimento do filho para o processo de tornar-se
adulto.
Existe uma expectativa de uma educação cristã pautada em normas e valores cristãos,
mas nem sempre o que é ensinado pelos pais é vivido pelos filhos, pois o inconsciente dos
pais influencia a experiência consciente dos filhos e o que o filho aprende é através daquilo
que não foi dito, mas foi sentido como verdade pela criança, levando os pais a colocar em
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dúvida sua própria fé. Exemplo disso é uma filha de pastor, criada com muito amor e carinho,
na sã doutrina, sendo o orgulho dos pais por sua conduta, quando começou a namorar um
jogador de futebol, fez sexo com ele logo no início do relacionamento e em pouco tempo
dormira com toda a equipe de futebol, quando questionada o motivo de tal comportamento
ela disse: “Eu queria me sentir amada. Nunca durava muito e sentia-me infeliz depois, mas
pelo menos por breves momentos sentia como se alguém me amasse”. O pai ficou chocado
com essa resposta, conta MCDOWELL (1994).
É fundamental que os pais não percam de vista os seus valores, os seus princípios, as
suas crenças, estejam seguros do que buscam enquanto seres, enquanto sentido de vida,
enquanto seu papel nesse mundo e que criem seus filhos com amor, respeito e
compreensão, respeitando seus próprios limites e história de vida.
Referências:
O Mito Familiar
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