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Este texto começou a ser escrito na época em que o autor foi professor no
Departamento de Engenharia de Estruturas (SET), Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, com o objetivo de atender a disciplina SET 409 –
Estruturas de Concreto Armado I.
Este trabalho considera nas análises os conceitos e termos apresentados na
ABNT NBR 6118:2014.
Muitos alunos de graduação por meio de bolsas de monitoria, de iniciação
científica, e alunos de pós-graduação participantes do PAE – Plano de
Aperfeiçoamento de Ensino, na Escola de Engenharia de São Carlos – USP,
contribuíram em várias fases de elaboração dos capítulos. A todos o autor agradece.
Ao final dos capítulos são apresentadas as referências bibliográficas
consultadas e, também, sugeridas para melhorar o conhecimento do aluno de
Engenharia Civil.
O autor é Engenheiro Civil, formado pela Faculdade de Engenharia de Barretos
(1975); Mestre em Engenharia Civil – Estruturas (1983) e Doutor em Engenharia Civil –
Estruturas (1990), ambos pelo Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
Foi professor no Departamento de Engenharia de Estruturas na EESC – USP
desde agosto de 1981 até maio de 2015.
Foi professor na Faculdade de Engenharia de Barretos no período de abril de
1977 a junho de 1981.
Lecionou, também, na Faculdade de Ciências Tecnológicas, curso de
Engenharia Civil, PUC Campinas, Faculdade de Engenharia Civil de Alfenas e
Faculdade de Engenharia de Passos.
Este texto tem sido revisado e, mesmo assim, erros podem ter sido cometidos,
pelos quais o autor pede desculpas.
Sumário
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Histórico 1
1.1.1 Generalidades 1
1.2 Importância do estudo das estruturas de concreto 4
1.3 Materiais constituintes das estruturas de concreto 4
1.3.1 Concreto simples 5
1.3.2 Concreto armado 6
1.3.3 Concreto protendido 7
1.3.4 A família das estruturas de concreto 7
1.4 Estruturas de concreto – vantagens e desvantagens 8
1.5 Normas técnicas para projeto e construções de concreto 10
Referências Bibliográficas 11
2 DEFORMABILIDADE DO CONCRETO 13
2.1 Considerações iniciais 13
2.2 Estrutura interna do concreto 14
2.3 Retração e expansão 17
2.3.1 Causas da retração e da expansão 17
2.3.2 Fatores que influem na retração 18
2.4 Deformações causadas por ações externas 19
2.4.1 Deformação imediata 19
2.4.2 Fluência 19
2.4.3 Relaxação 20
2.4.4 Deformações recuperáveis e deformação residual 21
2.5 Critérios para cálculo da retração e fluência 21
2.5.1 Preâmbulo 21
2.5.2 Deformações do concreto 22
2.5.2.1 Considerações iniciais 22
2.5.2.2 Fluência do concreto 22
2.5.2.3 Retração do concreto 27
2.5.2.4 Idade e espessura fictícias 29
2.5.2.5 Deformação total do concreto 30
2.5.3 Deformações na armadura 31
2.6 Exemplo de cálculo de deformações 32
Referências Bibliográficas 32
1.1.1 GENERALIDADES
O cimento armado, na época assim conhecido, foi usado pela primeira vez na
França, no ano de 1849, quando Lambot construiu um pequeno barco, que foi
mostrado na exposição de Paris em 1855. A França, confiando na data da origem do
concreto armado, comemorou o seu centenário em 1949. De acordo com historiadores
o barco encontra-se no museu de Brignoles (França).
No Brasil diz-se que o material com o qual o barco de Lambot foi construído é a
argamassa armada, material constituído por um compósito de agregado miúdo (areia) e
pasta de cimento (cimento e água), com uma armação feita com fios de aço de
pequeno diâmetro. A Escola de Engenharia de São Carlos – USP, por intermédio de
professores e pesquisadores do Departamento de Engenharia de Estruturas, teve
participação ativa e intensa no desenvolvimento do material argamassa armada, como
pode ser visto no trabalho de, entre outros, Hanai (1981).
François Coignet, na França, em 1861 obteve uma patente para a construção de
elementos de cimento armado.
Joseph Monier, também na França, horticultor e paisagista, construiu em 1861,
vasos para plantas usando argamassa armada (cimento armado). Em 1867 ele obtém
sua primeira patente para construção de vasos de cimento armado, requerendo outras
patentes para a construção de tubos e reservatórios (1868), placas (1869) e pontes
(1873).
Ward, em 1873, em Nova Iorque (EUA), construiu uma casa em concreto armado,
que de acordo com os historiadores existe até os dias atuais.
Thaddeus Hyatt, advogado, também americano, motivado por uma série de
ensaios experimentais com elementos de concreto armado iniciados em 1850, obtém
em 1877 patente para a construção de um sistema de vigas de concreto e aço, com as
barras nas posições corretas para absorver as tensões de tração oriundas das ações
de momento fletor e força cortante (estribos e barras dobradas).
São apresentadas, a seguir, outros feitos e datas importantes do desenvolvimento
na fase pioneira do concreto armado:
1880 – Hennebique, na França constrói a primeira laje armada com barras de aço
de seção circular;
1884 e 1885 – Empresas alemãs, entre elas Wayss e Freytag, adquirem as
patentes de Monier para uso em construções na Alemanha e na Áustria;
1886 – Koenen, na Alemanha, escreve a primeira publicação a respeito do tema
concreto armado;
1888 – Döhring, também na Alemanha, registra a primeira patente acerca do uso
da protensão em placas e vigas de pequenas dimensões;
1892 – Hennebique registra patente da primeira viga com armação semelhante as
usadas atualmente, isto é, com barras longitudinais para absorver as tensões de tração
oriundas da ação de momento fletor e estribos para absorver as tensões de tração por
conta da ação de força cortante;
1897 – Rabut, na França, inicia o primeiro curso a respeito de estruturas de
concreto armado, na “École des Ponts et Chaussées”;
1902 – Mörsch, engenheiro da firma Wayss e Freytag, publica a primeira edição
de seu livro, apresentando resultados de pesquisas acerca de elementos estruturais
em concreto armado e tornando-se um dos contribuintes para o conhecimento do
comportamento e progresso das estruturas em concreto armado;
1904 – Na Alemanha é escrita a primeira norma técnica a respeito de projeto e
construção de estruturas de concreto armado.
Analisando as datas dos principais eventos do início do concreto armado, pode-se
notar que na última década do século XIX, ocorreu um grande desenvolvimento no
conhecimento e, por consequência, na utilização de estruturas de concreto armado que
continuou no início do século XX. Construções de grande porte foram realizadas,
podendo-se destacar uma delas que foi projetada e construída por Hennebique, que
Capítulo I - Introdução 3
marcou época por muitos anos e foi recorde no gênero: a Ponte Del Risorgimento, em
1911, em Roma, com 100 m de vão, com sistema estrutural constituído por um arco
bastante abatido, com relação flecha/vão de 1/10.
Se, na formulação inicial das teorias fundamentais do concreto armado, o Brasil
não apresentou contribuições, face ao avanço tecnológico das nações citadas, pode-se
afirmar que, nas aplicações do material, soube, com arrojo e criatividade, projetar e
construir obras significativas, sendo a engenharia de estruturas brasileira reconhecida
internacionalmente e respeitada.
A origem do concreto armado no Brasil, de acordo com os estudos e análises
feitas pelo Engenheiro Civil e Doutor em Engenharia Augusto Carlos de Vasconcelos,
inicialmente publicado em Modesto dos Santos (1983), com o título “Histórico do
Concreto Armado”, foi com François Hennebique, que já havia sido o primeiro na
Europa a posicionar corretamente a armação em um elemento estrutural, prevendo
barras dobradas, ancoradas na região comprimida de vigas, com a finalidade de
absorverem as tensões de tração por causa da ação de força cortante.
A primeira obra no Brasil foi uma ponte de 9 m de vão, construída no Rio de
Janeiro, em 1908, com mão de obra do empreiteiro Echeverria, com projeto estrutural
de Hennebique.
Riedlinger, cidadão alemão, técnico de nível médio, fundou no Rio de Janeiro em
1912, a Companhia Construtora de Concreto Armado, tendo construído obras
importantes. Em 1913 a firma alemã Wayss e Freytag monta uma filial no Rio de
Janeiro que, posteriormente, adquire a firma de Riedlinger, sendo que este passa a
ocupar o cargo de “engenheiro chefe”. A empresa com essa incorporação contratou, no
mercado internacional, diversos mestres de obras que transferiram suas experiências
para técnicos nacionais.
Um dos primeiros brasileiros que tiveram sua formação fortemente influenciada
por Riedlinger foi Emílio Henrique Baumgart, que além de formar numerosos
profissionais, deixou um imenso acervo de obras importantes, com diversos recordes
mundiais em tamanho e originalidade.
Exemplo de obra importante projetada por Baumgart é a ponte sobre o Rio do
Peixe, em 1928, construída entre os municípios de Joaçara e Herval do Oeste, no
Estado de Santa Catarina, inicialmente denominada Ponte do Herval e, posteriormente,
Ponte Emílio Baumgart. Foi recorde mundial de dimensão do vão para viga reta em
concreto armado com 68 m e construída por processo original na época e hoje
conhecido como processo dos balanços sucessivos. A ponte foi tombada pelo
patrimônio histórico nacional, pelo que representou de pioneirismo para a Engenharia
do Brasil. Infelizmente, por causa das fortes chuvas do verão do ano de 1983 e, com a
consequente enchente do Rio do Peixe, a famosa ponte teve perda de apoio para as
suas estruturas de fundações e, portanto, foi levada pela águas, perdendo-se assim um
patrimônio histórico.
Obra de destaque do notável Engenheiro Baumgart, nascido em Blumenau – SC,
foi o Edifício “A Noite”, construído no Rio de Janeiro, no período entre 1928 e 1930,
com 22 andares, tendo sido na época o edifício mais alto em concreto armado no
mundo.
Muitos outros engenheiros brasileiros merecem destaque por suas obras, entre eles
podem ser citados: Paulo Rodrigues Fragoso, projetista da estrutura em concreto do
Pavilhão de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, sendo que a cobertura em casca de
concreto protendida teve a participação do Laboratório de Estruturas – EESC – USP,
na pessoa do Professor Dante Ângelo Osvaldo Martinelli, nas medidas das
deformações dos cabos de protensão (a cobertura não existe mais por causa de um
incêndio); Antonio Alves Noronha, projeto da estrutura do Estádio do Maracanã (o
primeiro), Rio de Janeiro – RJ; Joaquim Cardoso, projetista dos edifícios da região da
4 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
Dimensões
4,8 a 9,5 9,5 a 19 19 a 25 25 a 30 50 a 76 76 a 100
(mm)
Figura 1.1 - Viga com barras sem aderência Figura 1.2 - Viga com barras com aderência
Capítulo I - Introdução 7
Com o advento dos aditivos e adições, que melhoram certas propriedades das
estruturas de concreto, pode-se obter os concretos de alta resistência com a adição de
sílica ativa e redução do fator a/c por causa dos aditivos superplastificantes.
Quando se procura um concreto resistente a abrasão ou resistente a sulfatos, o
que se espera é que ele tenha um desempenho diferente do que um concreto comum,
independente do valor da resistência, então eles podem ser chamados de concretos de
alto desempenho.
Se os concretos têm resistências características menores do que 50 MPa eles
são ditos de pequena resistência. Essa definição é de acordo com normas da ABNT.
Ao se adotarem em um projeto elementos estruturais de pequena espessura, não
é possível usar na mistura do concreto agregados graúdos e nem barras e fios de
grandes diâmetros. Portanto, é necessário adotar fios de pequeno diâmetro,
normalmente em forma de telas soldadas, que é posicionada ao longo da alma do
8 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
Brasileira Registrada (NBR), esta sigla é seguida pelo número de registro e do ano de
publicação, separado por dois pontos (:), por exemplo como a já citada a ABNT NBR
6118:2014.
As atividades de projetos e construção são, portanto, regidas por normas
técnicas, que na maioria dos casos são explicitadas em contratos de prestação de
serviços e norteiam todas as atividades econômicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, L.M. Cálculo de concreto armado. 2v. São Paulo, LMS, 1983 (v.1), primeira
edição publicada no ano de 1976, 1981 (v.2).
pelo agregado miúdo (que passa na peneira de malha 4,8 mm) envolvido pela matriz
de pasta de cimento (figura 2.2).
O cimento que constitui a pasta é um pó cinza composto de partículas angulares
com dimensões que variam de 1 μm a 50 μm.
As propriedades referentes à deformabilidade do concreto decorrem
essencialmente da constituição da matriz pasta de cimento, cuja heterogeneidade é
condicionada pelas reações de hidratação do cimento.
Na pasta de cimento endurecida encontram-se uma rede capilar, preenchida por
água e por ar, poros cheios de ar e hidrogel rígido com dimensões entre 10 μ a 100 μ.
A parcela de água fixada quimicamente An é denominada água não evaporável, a
qual sofre uma contração de volume de cerca de 25% do volume original. Esse
fenômeno de retração química provoca o aparecimento de poros cheios de ar, cujo
volume é em torno de 7,5% do volume total da pasta endurecida.
Para a reação química de hidratação do cimento, seria suficiente uma relação
água/cimento (a/c), em massa, da ordem de a/c = 0,28. A trabalhabilidade do concreto,
no entanto, exige muito mais, resultando usualmente fatores a/c entre 0,45 a 0,60. É
possível considerar-se o uso de aditivo superplastificantes que permitem reduzir o fator
água/cimento, obtendo-se boa trabalhabilidade.
Uma parte do excesso de água é fixada por adsorção aos micro-cristais (ligações
físico-químicas), resultando um hidrogel rígido de estrutura muito complexa. Essa
parcela de água adsorvida constitui a chamada água evaporável Ae, pois pode ser
removida em estufa a 105 °C.
O restante da água de amassamento, chamada de água capilar Ac, permanece
dispersa na matriz de hidrogel rígido, formando uma rede capilar. Essa água capilar
pode evaporar, em função do equilíbrio higrométrico da massa de concreto com o meio
ambiente, produzindo-se forças capilares equivalentes a uma compressão isotrópica da
massa do concreto (ver figura 2.2).
b- quantidade de cimento
c- água de amassamento
e- umidade ambiente
g- temperatura do ambiente
h- idade do concreto
O aumento da resistência do concreto com o tempo dificulta a retração.
Capítulo 2 - Deformabilidade do concreto 19
i- quantidade de armadura
a- deformação imediata – que são as que ocorrem quando se aplica uma força,
correspondendo ao comportamento do concreto associado a um sólido
verdadeiro;
2.4.2 FLUÊNCIA
cada vez mais finos, aumentando a tensão capilar e provocando deformação lenta
(fluência).
Os efeitos da fluência (deformações) são mais intensos ao se aplicar a ação,
tendendo para um valor limite ao longo do tempo. A figura 2.5 mostra o comportamento
de um elemento estrutural submetido a uma força de compressão no instante t0 sendo
que a tensão relativa a esta força é mantida constante com o passar do tempo.
Analisando a figura 2.4 pode-se definir as seguintes grandezas:
εcc fluência;
2.4.3 RELAXAÇÃO
[2.02]
c
c
c
d
c
f
t0
t
[2.03]
c
c
c
c
s
sendo que:
t0
= Ec
t0
/
E
t0
ct
c
i
ckj
εcc (t) = [σc (t0) / Eci,28] φ (t, t0) é a deformação por fluência, no intervalo de tempo
(t, t0), com Eci28 calculado pela mesma equação para j = 28 dias;
a- Generalidades
[2.04]
c
c
c
c
a
c
c
f
c
c
d
ou seja:
1
[2.05]
c
,
t
o
t
c
c
com:
[2.06]
a
sendo que:
b.1) a deformação por fluência εcc varia linearmente com a tensão aplicada;
c- Valor da fluência
t
,
t0
t
,
t0
c
︵ ︶
Ec
c
c
[2.07]
c
c
a
c
c
d
c
c
f
2
8
com Ec28, módulo de deformação tangente inicial para j = 28 dias, que deve ser
obtido segundo ensaio estabelecido na ABNT NBR 8522:2008. Quando não forem
realizados ensaios e não existirem dados mais precisos a respeito do concreto adotado
no projeto, podem-se utilizar os valores da Tabela 3.8.
O coeficiente de fluência φ(t,t0), válido também para a tração, é calculado por:
(t, t 0 ) a f f t f t 0 d d [2.08]
sendo que:
f (t )
a 0,8 1 c 0 , para concretos de classes C20 a C45 [2.09]
fc ( t )
f (t )
a 1,4 1 c 0 , para concretos de classes C50 a C60 [2.10]
fc ( t )
sendo que:
fc (t 0 )
[2.11]
fc (t )
fckj fck
fcd 1 [2.12]
c c
fc
/j
fc
1
e
x
p
s
1
2
8
/
t
1
/
2
[2.13]
adotando-se:
Essa verificação precisa ser feita aos t dias, para as forças aplicadas até essa
data.
Ainda deve ser feita a verificação para a totalidade das cargas aplicadas aos 28
dias.
Nesse caso, o controle da resistência à compressão do concreto deve ser feito
em duas datas: aos t dias e aos 28 dias, de forma a confirmar os valores de fckj e fck
adotados no projeto.
A equação 2.12 que relaciona as resistências características do concreto aos 28
dias (fck) e aos j dias (fckj) pode ser escrita como:
f cf c
fc
β1
k
j
j
fc
[2.14]
k
fc 0
1 ( t 0 ) [2.15]
fc
f cf c
t
︵
︶
[2.16]
1
fc ( t 0 ) 1( t 0 )
[2.17]
fc ( t ) 1( t )
φf = φ1c φ2c é o valor final do coeficiente de deformação lenta irreversível para
concretos de classes C20 a C45;
φf = 0,45 φ1c φ2c é o valor final do coeficiente de deformação lenta irreversível
para concretos de classes C50 a C90;
42 hfic
2c [2.18]
20 hfic
26 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
sendo que:
hfic é a espessura fictícia, em centímetros (ver item 2.5.2.4b);
t t 0 20
d ( t ) [2.19]
t t 0 70
t 2 +At+B
βf (t)= [2.20]
t 2 +Ct+D
sendo:
A
4
2
h
3
5
0
h
5
8
8
h
1
1
3
3
B
7
6
8
h
3
.
0
6
0
h
+
3
.
2
3
4
h
2
3
3
[2.21]
C
2
0
0
h
1
3
h
1
.
0
9
0
h
1
8
3
3
D
7
.
5
7
9
h
3
1
.
9
1
6
h
3
.
5
3
4
3
h
1
.
9
3
1
3
︲
h é a espessura fictícia, em metros. Para valores de h fora do intervalo
0
,
0
5
h
1
,
6
a- Hipóteses básicas
[
t
t0
]
[2.22]
c
s
c
s
sendo que:
[2.23]
c
s
1
s
2
s
i
c
0
8
[2.24]
2
s
i
c
sendo:
de 5 cm a 9 cm e 40% U 90%.
Os valores de 1c e 1s para U 90% e abatimento entre 0 cm e 4 cm são 25%
3)
t0
t0
3
2
A
1 t0
0 3
1 t0
0 2
1 t0
0
t
[2.25]
s
1
0
1
0
1
0
sendo:
A
4
0
B
1
1
6
h
-
2
8
2
h
+
2
2
0
h
4
,
8
3
︲
C
2
,
5
h
8
,
8
h
4
0
,
7
3
︲ [2.26]
Capítulo 2 - Deformabilidade do concreto 29
7
5
h
5
8
5
h
4
9
6
h
6
,
8
3
2
︲
1
6
9
h
8
8
h
5
8
4
h
3
9
h
0
,
8
;
4
2
t
3
t é o tempo, em dias ( ).
a- Idade fictícia
nos demais casos, quando não houver cura a vapor, a idade a considerar é a idade
fictícia dada por:
Ti
1 0
0
t
te
3
[2.27]
f
,
i
i
sendo que:
c
ua
[2.28]
i
c
sendo que:
c (t 0 ) c (t 0 ) t
c 1 ( ,t 0 )
c (t) (t,t 0 ) cs (t,t 0 ) d
E c (t 0 ) E c 28 t 0
E c E c 28
[2.30]
1 (t,t 0 ) 1 (t,t 0 )
c (t) c (t 0 ) cs (t,t 0 ) c (t,t 0 ) [2.31]
Ec (t 0 ) Ec28 Ec (t 0 ) Ec 28
sendo que:
s (t 0 ) s ( t 0 )
s (t ) (t , t 0 ) [2.32]
Es Es
sendo que:
[σs (t0) / Es] (t, t0) é a deformação por fluência, ocorrida no intervalo de tempo
(t,t0) e considerada sempre que σs (t0) > 0,5 fptk.
s ( t 0 ) s ( t 0 ) s ( t, t 0 )
s (t ) ( t, t 0 ) 1 (t, t 0 ) [2.33]
Es Es Es
sendo:
s (t, t0) é a variação total de tensão na armadura, no intervalo (t, t0).
2.6.1 EXEMPLO 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NEVILLE, A.M. – Propriedades do concreto. São Paulo, Editora Pini Ltda., 1997.
Capítulo 2 - Deformabilidade do concreto 33
Resistência do concreto
Resistência
Parâmetros do das fases Parâmetros do carregamento
corpo-de prova componentes
Tipo de tensão
Dimensões Velocidade de aplicação da
tensão
Geometria
Estado de umidade
K1
fc [3.01]
K a2 / c
sendo,
K1 e K2 = constantes empíricas.
Na figura 3.2, elaborada por Neville (1997), é mostrada a forma geral da curva que
representa a dependência entre a relação a/c e a resistência à compressão do concreto.
Analisando a figura citada observa-se que com aumento da relação a/c há diminuição da
resistência do concreto, levando-se em conta, também, a intensidade de adensamento
do material fresco.
de-prova rompido, notando-se que ocorreu a ruptura do agregado graúdo, o que define
um concreto de alta resistência. A resistência desse corpo-de-prova resultou da ordem
de 50 MPa.
pratos da máquina de ensaio. Assim, é preciso deixar a face plana, o que pode ser
conseguido por usinagem em torno, interposição de um elemento de neoprene, ou
regularização com enxofre. Todos esses procedimentos interferem nos resultados.
Além disso, nos contatos entre as faces superior e inferior do corpo-de-prova,
surgem forças de atrito horizontais que modificam as distribuições de tensões nas faces,
influindo nos resultados, como mostra a figura 3.6. Como alternativa, entre as faces dos
corpos-de-prova e os pratos da máquina são interpostos elementos metálicos
semelhantes a escovas para dissipar as forças de atrito.
Figura 3.6 - Deformação (a) e atrito entre os pratos (b) no ensaio à compressão de
corpo-de-prova cilíndrico
fc Lim
ite d
e
20 n.
rupt
n.
ura
t = 2 mi
mi
C
t=
D
0,8
dias
t=3
Def. Lenta
A B
0,6
in.
m
0
10
t=
)
as
0,4 (%
di
ta
len
70
ão
aç
rm
fo
de t = duração do carregamento
0,2 de
ite
Lim
( 0 /00)
1 2 3 4 5 6 7 8 c
0,9
0,8
0,7 f cm
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
Frequência
Freq. Relativa f c (MPa)
Freq. Relativa
Intervalo
f
'c
característica à compressão do concreto ( ).
A adoção de uma resistência característica à compressão do concreto, com um
quantil definido, foi também considerada em virtude da dispersão dos resultados de dois
concretos com dosagens diferentes, porém com mesmo valor de resistência média. Os
resultados das resistências dos corpos-de-prova são mais confiáveis para o concreto
com dosagem que apresentou menor dispersão em torno do valor médio, como é o caso
do concreto B da figura 3.10a. Ao adotar-se a ideia de resistência característica à
compressão do concreto com quantil definido, evita-se adotar valores maiores para o
coeficiente de minoração da resistência do concreto quando a dosagem apresentar
resultados mais dispersos em relação ao valor médio.
A resistência caraterística à compressão do concreto (fck) é definida, conforme
figura 3.10b, considerando a idade convencional do concreto de 28 dias, com desvio
padrão (s) e coeficiente de variação () da série de valores, pela equação 3.02.
Concreto A
f c (MPa) f c (MPa)
f cm 5% f ck f cm
1,65 . s
a) b)
Figura 3.10 - Diagramas de distribuição normal
2
1 n fci fcm
= [3.04]
n i1 fcm
f ci
fcm i1
[3.05]
n
Resistência
Classe de resistência
característica à
Grupo II
compressão (MPa)
C55 55
C60 60
C70 70
C80 80
C90 90
C100 100
Os concretos devem ser classificados por sua massa específica em normal (C),
leve (CL) ou pesado (CD), seguida de sua classe de resistência (conforme Tabela 3.4)
e de sua classe de consistência (conforme Tabela 3.5, ou de eventual classe especial
de consistência, e, no caso de concreto auto adensável o que indica a ABNT NBR 15823-
1:2010).
Conforme a ABNT NBR 8953:2015, especificar um concreto como ‘C30 S100’
significa indicar no projeto um concreto de densidade normal (com massa variando entre
2000 kg/m3 e 2800 kg/m3), com resistência característica à compressão (fck) de 30 MPa,
e com consistência (S) correspondente a um abatimento de 100 mm. A consistência é
determinada por ensaio do concreto fresco usando a fôrma tronco cônica de acordo com
norma brasileira pertinente.
(MPa) (MPa)
c c
60 60
50 f = 50 MPa 50 f = 50 MPa
c c
40 f = 40 MPa 40 f = 40 MPa
c c
30 30
f = 25 MPa fc= 25 MPa
c
20 f = 20 MPa 20 f = 20 MPa
c c
10 10
1 2 3 4 5 6 ( 0 /00) 1 2 3 4 5 6 ( 0 /00)
c c
Figura 3.11 - Ensaios com deformação Figura 3.12 - Ensaios com veloci-
constante dade de aplicação de força
constante
[3.08]
c
u
︵ ︶
=
2
,
6
+
3
5
‰ [3.09]
c
u
‰
A justificativa para que as normas considerem cu 3,5‰ , para concreto classe I,
pode ser encontrada em Modesto dos Santos (1983), que analisa trabalhos de Rasch e
Rüsch. Estes autores, após análise experimental, indicam que para as seções
retangulares (figura 3.13a) os valores dos encurtamentos de ruptura (εc) ficam entre
3,0‰ e 3,5‰, nos casos da profundidade da linha neutra variando entre
aproximadamente zero (x = 0) e a altura útil da seção transversal (x = d).
No caso de seção transversal de largura (bw) variável, diminuindo a profundidade
da linha neutra (x) para a borda mais comprimida (figura 3.13c), as deformações de
ruptura do concreto podem atingir valor próximos de 5‰.
52 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
c ~= 3,5%º
2%º < c< 3,5%º
c ~= 5%º
x
x
x
a) b) c)
Tabela 3.6 - Valores de εc2 e εcu dos concretos indicados na ABNT NBR 6118:2014
Classe de
C20 C60 C30 C35 C40 C45 C50 C55 C60 C70 C80 C90
resistência
C a r r e g a m e n to N o v o C a r r e g a m e n to
fc / 3
D e s c a r r e g a m e n to +
cpl
ce c
to t
Nas estruturas de concreto armado parte das ações são de longa duração, por
exemplo, as ações relativas aos pesos próprios dos materiais concreto, pisos e
revestimentos, alvenarias etc. O comportamento de corpos-de-prova de concreto
submetidos a ações de longa duração foi estudado no item 3.1.6.
Os diagramas tensão – deformação mostrados nas figuras 3.11 e 3.12 são os
diagramas reais observados em ensaios de corpos-de-prova e refletem os
comportamentos do material concreto, para as várias resistências, e com as condições
de aplicação das ações.
Para os dimensionamentos das seções transversais dos elementos estruturais,
submetidos aos esforços solicitantes calculados com as hipóteses da Mecânica das
Estruturas, há que se considerar diagrama tensão – deformação teórico que represente
o comportamento do material concreto com sua equação constitutiva.
A ABNT NBR 6118:2014 indica o diagrama tensão – deformação na compressão
para os concretos especificados na ABNT NBR 8953:2015. Esse diagrama (figura 3.15)
é um modelo teórico do comportamento do concreto à compressão, que pode ser
considerado na análise (projeto) de estruturas de concreto armado.
54 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
f c1
fc
k,
4
[3.10]
d
c
O coeficiente 0,85 leva em conta três outros coeficientes como a seguir se expõe.
Fusco (1989) indica que, para representar a diferença entre a resistência do
concreto da estrutura e a resistência medida nos corpos-de-prova de controle,
proveniente da influência das placas da prensa da máquina de ensaios dos corpos-de-
prova, utiliza-se um coeficiente de redução de valor igual a 0,95.
Admitindo-se que as ações nas estruturas permanecem por longos períodos de
tempo, a resistência do concreto fica reduzida pelo coeficiente 0,75 da resistência
potencial que poderia ser atingida com longos períodos de maturação. Este fenômeno é
conhecido como “efeito Rüsch” por ter sido estudado pelo engenheiro e pesquisador
alemão Hubert Rüsch, conforme analisado no item 3.1.6.
Por fim, quando se utilizam cimentos de endurecimento normal, tem-se um
acréscimo de resistência, obtido depois dos 28 dias até se atingir alguns anos de idade,
da ordem de 20%.
Em resumo, pode-se agrupar esses três coeficientes que representam esses
fenômenos em um único coeficiente de modificação (kmod), o qual irá representar a
relação entre a resistência à compressão do concreto nas condições reais de ações na
estrutura. Assim, tem-se: k mod = k1 k 2 k 3 = 0,95 0,75 1,2 = 0,85 .
A tabela 3.7 indica os valores de n a considerado nas equações da figura 3.16 para
os concretos indicados na ABNT NBR 6118:2014.
Capítulo 3 - Propriedades mecânicas do concreto 55
A figura 3.16 mostra os diagramas tensão – deformação para alguns dos concretos
especificados pela ABNT NBR 6118:2014. Sugere-se ao leitor elaborar os diagramas
para os demais concretos.
cd (MPa)
60
50
Tensão de Cálculo ‐ MPa
40 C25
C30
30 C40
C50
20 C70
C90
10
0 c (‰)
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
Deformação ‐ ‰
Figura 3.16 - Diagramas tensão – deformação para os concretos indicados
3.3.1 PREÂMBULO
centrada. Sempre ocorrem excentricidades não previstas, fazendo com que o corpo-de-
prova fique solicitado à flexo-tração.
Por isso, outros tipos de ensaios foram desenvolvidos para determinar de modo
indireto a resistência à tração do concreto, como o ensaio à compressão diametral de
corpos-de-prova cilíndricos e o ensaio à flexão de corpos-de-prova prismáticos.
A resistência à tração direta (fct) pode ser determinada por meio das resistências
à tração indireta por compressão diametral (fct,sp) ou por flexão (fct,f), que podem ser
obtidas por ensaios realizados segundo os critérios indicados na ABNT NBR 7222:1994
e na ABNT NBR 12142:1991, respectivamente. A ABNT NBR 6118:2014 indica que a
resistência à tração direta fct pode ser considerada igual a 0,9 fct,sp ou 0,7 fct,f, quando não
forem feitos ensaios experimentais.
9 cm
A
15 cm
Ft Ft
A
9 cm
9 cm
30 cm
Corte AA
60 cm
Ft
fct = [3.11]
A ct
sendo:
e as forças cortantes nas seções são praticamente iguais a zero, considerando-se que
só ocorrem forças cortantes por ação do peso próprio do corpo-de-prova que é de
pequena intensidade.
F/2 F/2
cc cc
LN LN
LN LN
15
fct
20 20 20 15 ct ~ 2fct
5 60 5
c c
70 cm
F b
fc
=f
h
[3.12]
t
,
Nos casos em que a ruptura ocorre em seção transversal entre os planos de ação
das forças concentradas, e pela equação 3.13,
3 b
F h
a 2
fc
=f
[3.13]
t
,
pesquisador brasileiro Fernando Luiz Lobo Carneiro no ano de 1943. Esse ensaio
constituiu-se em processo adotado também por códigos de outros países.
O ensaio é feito com corpo-de-prova cilíndrico de 15 cm de diâmetro por 30 cm de
altura que também é usado para determinar a resistência à compressão. Submetendo-o
à ação de forças de compressão linearmente distribuídas e diametralmente opostas,
conforme figura 3.19, surgem tensões de tração perpendiculares ao plano de ação da
força. A distribuição dessas tensões é praticamente uniforme na região central (figura
3.19) e é calculada por:
2 π
F d
fc
=
[3.14]
t ,
s
p
sendo:
F Tração Compressão
1 +
2
h
F 1
d 0,1d 2
[3.17]
t
m
fctk,inf (MPa) 1,55 1,80 2,03 2,25 2,46 2,66 2,85 2,90 3,01 3,21 3,39 3,54
fctk,sup MPa) 2,87 3,33 3,77 4,17 4,56 4,93 5,29 5,38 5,59 5,96 6,29 6,58
fct,m (MPa) 2,21 2,56 2,90 3,21 3,51 3,80 4,07 4,14 4,30 4,59 4,84 5,06
A ABNT NBR 6118:2014 indica que o módulo de elasticidade (Eci) deve ser obtido
de acordo com o método de ensaio estabelecido na ABNT NBR 8522:2003, sendo
considerado nesta Norma o módulo de deformação tangente inicial, obtido aos 28 dias
de idade.
Quando não forem realizados ensaios, pode-se estimar o valor do módulo de
elasticidade inicial usando as equações 3.19 e 3.20:
1/3
f
Eci = 21,5 10 E ck 1,25
3
[3.20]
10
sendo:
sendo que:
sendo:
fck
i = 0,8 0,2 1,0 [3.22]
80
62 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
A Tabela 3.10 apresenta valores estimados arredondados que podem ser usados no
projeto estrutural.
Eci (GPa) 25 28 31 33 35 38 40 41 42 43 45 47
Ecs (GPa) 21 24 27 29 32 34 37 38 40 42 45 47
αi 0,85 0,86 0,88 0,89 0,90 0,91 0,93 0,94 0,95 0,98 1,00 1,00
︵︶
E
t
E
k
,
j
︵︶ [3.23]
fc
c
i
c
i
k
︵︶
E
t
E
k
,
j
︵︶ [3.24]
fc
c
i
c
i
k
sendo que:
A ABNT NBR 6118:2014 indica que para tensões de compressão menores que 0,5
fc e tensões de tração menores que fct, o coeficiente de Poisson pode ser tomado como
igual a 0,2 e o módulo de elasticidade transversal Gc igual a Ecs/2,4.
Nas estruturas, em muitas situações, o concreto está sujeito a tensões que atuam
simultaneamente em várias direções. Enquanto uma propriedade inerente ao material,
como medida na prática, a resistência do concreto também é uma função do estado de
Capítulo 3 - Propriedades mecânicas do concreto 63
tensões atuantes no elemento. Nas vigas, por exemplo, na maioria das seções o
concreto está submetido às tensões normais e tangenciais. Sabe-se que qualquer estado
de tensões em um corpo pode ser reduzido a um outro composto por três tensões
normais 1, 2 e 3, com 1 2 3 denominadas tensões principais, em que se
considera > 0 para a tração e < 0 para a compressão. Essas tensões são
perpendiculares entre si e atuam sobre um cubo elementar orientado convenientemente
nesse corpo.
O estudo da resistência do concreto submetido a estados de solicitações triaxiais
ou biaxiais tem aplicabilidade direta nas peças estruturais de concreto armado. Citam-
se, por exemplo, a diminuição de resistência à compressão na solicitação biaxial de
compressão-tração nas mesas comprimidas de vigas T e o acréscimo de resistência à
compressão em pilares cintados ou em colunas metálicas preenchidas com concreto.
Nestes dois últimos exemplos, é importante notar que o concreto, confinado pelos
estribos em pilares cintados e pelo tubo metálico em pilares mistos, não tem sua
resistência aumentada, e sim a do elemento estrutural.
Da análise do comportamento do concreto para estados triaxiais observa-se que a
resistência axial cresce com a pressão de confinamento, apresentando propriedades de
fragilidade plástica.
Fusco (1976) indica que a ruptura do concreto no estado múltiplo de tensões pode
ocorrer de dois modos: por separação ou por deslizamento.
A ruptura por separação é uma ruptura por tração. Apresenta uma superfície de
fratura nítida e tangente em cada ponto ao plano onde atua a tensão principal maior 1.
Admite-se que a ruptura por separação ocorra sempre que as três tensões
principais forem de tração, ou quando uma delas for de compressão e não superar, em
valor absoluto, cerca de três a cinco vezes a maior tensão de tração 1.
A envoltória, que serve de base para as prescrições da ABNT NBR 6118:2014,
referentes aos estados múltiplos de tensões, foi proposta por Langendonck (1944). É
uma envoltória do tipo Coulomb-Mohr como a mostrada na figura 3.21. O emprego da
envoltória de Coulomb-Mohr, de modo geral, restringe-se aos casos em que a tensão
principal 3 é de compressão e a outra, 1, é de tração ou nula. Esses casos são os mais
importantes na verificação da segurança de elementos estruturais.
Quando as tensões principais 1 e 3 forem ambas de compressão, será necessário
o emprego da envoltória de Mohr. No entanto, ainda são encontradas dificuldades
apreciáveis na realização de ensaios adequados para a solução desse problema. Na
literatura, são encontrados, para esses casos, valores muito dispersos para a resistência
do concreto. É provável que essa dispersão seja motivada pela dificuldade de obtenção
de um estado bem definido de tensões normais em mais de uma direção, sem a
interferência de tensões causadas pelo atrito entre os topos do corpo-de-prova e os
apoios da máquina de ensaio.
A
Ruptura por deslizamento
fc
C
c
E
fc ft
Tração + 2 / fc
- 1 / fc -0,2 + 1 / fc
Força aplicada
-0,4
por meio de
escovas de aço
2 -0,6
2
-0,8
1
1 1
-1,0
2
-1,15
-1,2
-1,25
-1,4
Compressão - 2 / fc
σ 3 σ 2 σ1 [3.25]
σ 1 fctk [3.26]
σ 3 fck 4σ 1 [3.27]
Referências Bibliográficas
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 318 – 02: Comitte 318. Building Code
Requirement for Structural Concrete, Detroit, 2002.
______. NBR 8953:2015 Concreto para fins estruturais – Classificação pela massa
específica, por grupos de resistência e consistência. Classificação. Rio de Janeiro, 2015.
FUSCO, P.B. O cálculo de concreto armado em regime de ruptura. São Paulo, Simpósio
EPUSP sobre estruturas de concreto, 1989.
MODESTO DOS SANTOS, L. Cálculo de concreto armado. 2v. São Paulo, LMS, 1983
(v.1), 1981 (v.2).
MONTOYA, P. J.; MESEGUER, A. & CABRE, M. Hormigon Armado. 14. ed. Basada
em EHE ajustada al Código Modelo y al Eurocódigo. Barcelona: Gustavo Gili, 2000.
barras – são os produtos de diâmetro nominal () igual ou maior do que 6,3 mm,
obtidos exclusivamente por laminação a quente sem processo posterior de
deformação mecânica, e, de acordo com o valor característico da resistência de
escoamento são classificadas nas categorias CA-25 e CA-50;
fios – são os diâmetros nominais iguais ou menor do que 10,0 mm, obtidos a
partir do fio-máquina por trefilação ou laminação a frio, por exemplo, estiramento,
e, de acordo com o valor característico da resistência de escoamento são
classificados na categoria CA-60.
Os fios de aço encruados a frio por tração são da categoria CA-60 e no diagrama
tensão – deformação não apresentam deformação constante relativa a resistência de
escoamento (fy). A resistência de escoamento, para os fios deste aço CA-60 é
determinada geometricamente pelo traçado de um segmento de reta, paralelo à reta
definida pelo trecho elástico do diagrama e com origem na deformação igual a 0,2%
(2 ‰), que é considerada como deformação residual, conforme figura 4.2b.
A ABNT NBR 7480:2007 indica que a resistência ao escoamento de barras e fios
de aço pode ser também calculada pelo valor da tensão sob ação de força
correspondente à deformação de 0,5% (5‰). Em caso de divergência vale o valor da
resistência ao escoamento determinado para a deformação residual de 0,2% (2‰).
Os fios de aço são encruados por tração quando, após laminação a quente e
resfriado, são submetidos a uma trefilação a frio que, ao passarem na fieira, ficam
submetidos a uma força de compressão diametral e a uma força de tração, ocorrendo
uma modificação da estrutura interna do aço, gerando, em conseqüência aumento de
resistência e com deformações não proporcionais às tensões.
Os fios de aço encruados por torção são obtidos por meio de aplicação de uma
força de tração e, simultaneamente, o fio-máquina é torcido.
Os fios encruados por compressão são obtidos pelas aplicações de forças de
compressão radiais, gerando deformações na superfície e produzindo uma modificação
na posição interna dos elementos e com conseqüente alongamento do fio ao longo do
eixo longitudinal.
Figura 4.2 - Diagramas típicos dos aços categorias CA-25 e CA-50 (a) e CA-60 (b)
Capítulo 4 - Propriedades mecânicas das barras de aço 73
4.4.1 Preâmbulo
Tabela 4.1 - Propriedades geométricas de fios e barras de aço [ABNT NBR 7480:2007]
Massa e tolerância por unidade
Diâmetro Variação nominal
de comprimento
nominal (mm)
Massa Máxima variação
Área da Perímetro
nominal permitida para
Fios Barras seção (mm²) (mm)
(kg/m) massa nominal
2,4 - 0,036 ±6% 4,5 7,5
3,4 - 0,071 ±6% 9,1 10,7
3,8 - 0,089 ±6% 11,3 11,9
4,2 - 0,109 ±6% 13,9 13,2
4,6 - 0,130 ±6% 16,6 14,5
5,0 - 0,154 ±6% 19,6 15,7
5,5 - 0,187 ±6% 23,8 17,3
6,0 - 0,222 ±6% 28,3 18,8
- 6,3 0,245 ±7% 31,2 19,8
6,4 - 0,253 ±6% 32,2 20,1
7,0 - 0,302 ±6% 38,5 22,0
8,0 8,0 0,395 ±6% 50,3 25,1
9,5 - 0,558 ±6% 70,9 29,8
10,0 10,0 0,617 ±6% 78,5 31,4
- 12,5 0,963 ±6% 122,7 39,3
- 16,0 1,578 ±5% 201,1 50,3
- 20,0 2,466 ±5% 314,2 62,8
- 22,0 2,984 ±4% 380,1 69,1
- 25,0 3,853 ±4% 490,9 78,5
- 32,0 6,313 ±4% 804,2 100,5
- 40,0 9,865 ±4% 1256,6 125,7
Tabela 4.2 - Propriedades mecânicas de fios e barras de aço [ABNT NBR 7480:2007]
C Ensaio de
Ensaio de tração (valores mínimos) Aderência
A dobramento a 1800
T
Resistência Limite Alongamento Diâmetro de pino Coeficiente
E
característica de em 10 de
G
de resistência conformação
O (mm)
escoamento superficial()
R
mínimo para
I
fy (MPa) fst (MPa) (%) < 20 20 10mm
A
CA-25 250 1,20 fy 18 2 4 1,0
CA-50 500 1,10 fy 8 4 6 1,5
CA-60 600 1,05 fy 5 5 - 1,5
A norma citada indica que no caso de barra com diâmetro igual ou maior do que
32mm da categoria CA-50 o diâmetro de dobramento precisa ser igual a 8.
Para os fios de aço da categoria CA-60 o limite de resistência mínimo é de
660MPa.
A tabela 4.2 indica que para diâmetros menores do que 10mm o coeficiente de
conformação superficial mínimo é igual a 1,0 (ABNT NBR 7480:2007).
4.4.4 Propriedades das barras e fios de aço com relação a aderência
Como já dito a existência do material concreto armado decorre da aderência
existente entre o concreto e as barras e fios de aço. Conforme será estudado no
capítulo 10 a aderência pode ser dividida qualitativamente em aderência por adesão,
aderência por atrito e aderência mecânica.
A adesão se dá por causa das ligações físicas e químicas nas interfaces dos dois
materiais durante as reações de pega do cimento.
O atrito é notado ao se aplicar uma força de tração em uma barra de aço em um
prisma de concreto convenientemente vinculado. A força de atrito depende do
coeficiente de atrito entre os dois materiais, que é função do coeficiente de rugosidade
superficial da barra, e decorre da pressão transversal que o concreto exerce na barra.
A aderência mecânica é em virtude da existência de nervuras na superfície da
barra. As barras lisas de aço categoria CA-25 também apresentam aderência mecânica
por causa das imperfeições geradas no processo de laminação da barra.
A resistência de aderência, de acordo com a ABNT NBR 6118:2014, é
quantificada pelo coeficiente de conformação superficial da barra (1), por um
coeficiente (2) que considera a posição da barra no elemento estrutural (zonas de boa
e de má aderência) e por um terceiro coeficiente (3) para considerar diâmetros
maiores do que 32,0mm. O produto desses três coeficientes é multiplicado pela
resistência de cálculo à tração do concreto, conforme será estudado no capítulo 10.
De acordo com a ABNT NBR 6118:2014 a conformação superficial é medida pelo
coeficiente 1, cujo valor está relacionado ao coeficiente de conformação superficial b
como estabelecido na tabela 4.3.
Tabela 4.3 - Relação entre 1 e b
Coeficiente de conformação superficial
Tipo de superfície b 1
[ABNT NBR 7480:2007] [ABNT NBR 6118:2014]
Lisa CA-25 1,0 1,00
Entalhada CA-60 1,5 1,40
Nervurada CA-50 1,5 2,25
76 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
ss (MPa)
fyk
fyd
Es eS (‰)
eyd euk = 10‰
Figura 4.3 - Diagrama tensão - deformação para aços de armaduras passivas
fyk f
fyd yk [4.01]
f 1,15
1
0
m
m
/
m
‰ [4.02]
s
t
u
d
fyk
fyk 522
435
fyk
217
Figura 4.4 - Diagramas tensão - deformação para os aços da ABNT NBR 7480:2007
Quando as barras da armadura do elemento estrutural estiverem comprimidas,
para o cálculo das tensões, é preciso considerar as deformações últimas no concreto,
conforme indicado na equação 3.6, para concretos com resistências características à
compressão menores ou iguais a 50 MPa, e equação 3.7 no caso de concretos com
resistências características à compressão entre 55 MPa e 90 MPa.
Assim se o elemento estrutural for só comprimido, a deformação a considerar
para as barras de aço é igual a deformação de ruptura do concreto conforme equações
3.6 e 3.7, em função das resistências características do concreto à compressão.
No caso de barras comprimidas em elementos estruturais submetidos à ação
exclusiva de momento fletor (vigas) ou submetidos a flexo-compressão (pilares
submetidos à ação de força normal e momento fletor) a deformação a considerar nas
barras comprimidas depende do diagrama de deformações da seção transversal.
Os aços CA-25 e CA-50, que atendam aos valores mínimos de fyk/fstk e εuk
indicados na ABNT NBR 7480:2007, podem ser considerados como de alta ductilidade.
Os aços CA-60 que obedeçam também às especificações dessa Norma podem ser
considerados como de ductilidade normal.
Em ensaios de dobramento a 180°, realizados de acordo com a ABNT NBR
6153:1988 e utilizando os diâmetros de pinos indicados na ABNT NBR 7480:2007, não
pode ocorrer ruptura ou fissuração.
Para que um aço seja considerado soldável, sua composição deve obedecer aos
limites estabelecidos na ABNT NBR 8965:1985.
A emenda de barras de aço soldada precisa ser ensaiada à tração conforme o
indicado na ABNT NBR 8548:1984. A força de ruptura mínima, medida na barra
soldada, precisa satisfazer as condições estabelecidas na ABNT NBR 7480:2007 e o
alongamento sob ação de força tem que ser tal que não comprometa a dutilidade da
armadura. O alongamento plástico total medido na barra soldada precisa atender um
mínimo de 2%.
Nas verificações de segurança dos elementos estruturais submetidos a ações
cíclicas, caso das pontes, viadutos, vigas destinadas a receber pontes rolantes em
edifícios industriais etc., há necessidade de se verificar a fadiga da armadura. A ABNT
NBR 6118:2014 tem um capítulo próprio com os critérios de verificação da fadiga em
elementos estruturais.
As tabelas A.1 e A.-2 foram preparadas a partir da tabela 4.1 para facilitar o uso
em projeto de elementos estruturais em concreto armado, pois ás áreas das barras das
armaduras são determinadas em centímetros quadrados (cm2).
78 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
4.5.1 Preâmbulo
Os Estados Limites Últimos dos elementos estruturais são atingidos por ruptura
do concreto e/ou por deformação plástica excessiva da armadura (barras ou fios de
aço), ou por instabilidade (caso de barras comprimidas e flexo-comprimidas).
As barras e fios de aço têm a finalidade de absorver as forças de tração que, junto
com as forças resultantes de compressão no concreto, equilibram o momento fletor
solicitantes, por exemplo, nas seções transversais de vigas e lajes de concreto armado.
As vigas e lajes além de solicitadas por momento fletor, que geram tensões
normais, também são solicitadas por força cortante, que geram tensões tangenciais.
O concreto tem resistência adequada em relação às tensões de compressão e
pequena resistência à tração. Assim, é necessário, nas regiões tracionadas dos
elementos estruturais, alojar barras ou fios de aço, com áreas convenientemente
calculadas para absorver as tensões de tração.
Como bem sabe o leitor as regiões dos elementos estruturais tracionadas e
comprimidas são definidas no diagrama de momentos fletores em vigas e pórticos, e
pelas curvas de isomomentos nas lajes.
No caso de seções transversais de vigas solicitadas por força cortante as tensões
de tração são absorvidas pelos estribos, que são armaduras em forma poligonal
alojados na seção transversal.
As lajes dos edifícios são placas, isto é são elementos estruturais bidimensionais
(duas das dimensões – os lados são maiores do que a altura - espessura) sendo que a
força atuante é perpendicular ao plano médio. Os esforços solicitantes são calculados
pela Teoria das Placas Elásticas e são: momentos fletores, forças cortantes e
momentos torçores.
Programas computacionais elaboradas para a análise estrutural das lajes
fornecem esses esforços solicitantes.
Os momentos fletores solicitam a laje nas duas direções paralelas aos lados,
assim as armaduras são dispostas paralelas aos lados, como pode ser visto na figura
4.6. Na figura 4.6a observa-se o trabalho dos ferreiros colocando as barras da
armadura da laje. Notam-se também as fôrmas dos tramos de pilares instaladas, as
barras das armaduras longitudinais dos pilares que, depois da concretagem do
pavimento em destaque, serão emendadas com as barras do tramo seguinte.
Figura 4.6 - Posições das barras das armaduras em laje maciça de concreto armado
Cortesia dos Engenheiros Adriano Gradella Robazza e Valter Mattos Junior,
AVR Engenharia, São Carlos - SP.
80 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Os elementos estruturais são solicitados a flexão simples quando agem nas suas
seções transversais tensões normais geradas pelo momento fletor e tensões
tangenciais causadas pela ação da força cortante. Quando a força cortante não
ocorrer, pensando em um elemento estrutural linear submetido à ação exclusiva de
momento fletor, a flexão é dita pura.
A flexão é composta quando se tem as solicitações de força normal, momento
fletor e força cortante, sendo que o plano de ação do momento fletor é paralelo a um
dos lados quando a seção transversal é retangular. A força pode ser de compressão
(pilares) ou de tração (tirantes).
A flexão composta pode ser ainda normal ou oblíqua: normal quando o plano de
ação do momento fletor é paralelo a um dos lados da seção transversal, segundo um
dos eixos principais de inércia; oblíqua quando os planos de ações dos momentos
fletores não são paralelos aos lados da seção transversal, não contendo os eixos
principais de inércia.
O leitor sabe determinar os esforços solicitantes (momento fletor, força cortante,
força normal e momento torçor) em estruturas lineares (vigas e pilares) desde que se
conheçam as ações que agem nas barras, os momentos de inércia da seção
transversal, o módulo de elasticidade do material, as áreas das seções transversais e
os comprimentos das barras (comprimentos efetivos dos tramos das vigas e
comprimentos equivalentes dos tramos de pilares).
82 Capítulo 5 - Análise do comportamento de elementos estruturais de concreto armado solicitados por momento fletor
5.2.1 PREÂMBULO
400
MS
_
VS
O protótipo de viga foi dimensionado para que a ruína ocorresse por escoamento
das barras de aço da armadura e não por ruptura à compressão do concreto, em face
desta ser uma ruína frágil. A ruína por escoamento das barras da armadura ocorre com
fissuração intensa e sem ruptura do concreto na região comprimida, assim, em uma
estrutura real, é possível perceber patologias por causa das fissuras e dos
deslocamentos (flechas).
A figura 5.2 mostra os desenhos da seção longitudinal (figura 5.2a) e seção
transversal (figura 5.2b) da viga protótipo. Apresentam, ainda, os detalhes das barras
das armaduras longitudinais (3 6,3 mm) junto da face comprimida, que são barras de
montagem, para que os estribos não saiam das suas posições durante a concretagem,
e 3 12,5 mm na face tracionada) e transversais (estribos constituídos por 2 barras de
diâmetro ( ) 6,3 mm posicionados a cada 15 cm) com a finalidade de absorver as
tensões de tração oriundas da solicitação por força cortante. Essas barras são da
categoria CA-50.
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 85
N2 - 3 Ø 6,3mm
N1 - 3 Ø 12,5mm
a) Seção Longitudinal
3 3
N2
N3
30
18
N1
3 3
8 8 N3 - Ø 6,3mm
2,25
4
20
b) Seção Transversal
Figura 5.2 - Detalhamento das barras das armaduras da viga de concreto armado
[Takeya, 2007]
O protótipo de viga de concreto armado foi moldado com concreto tal que a
dosagem em massa (peso) foi 1:2,7:3,7:a/c = 0,6, relativas às quantidades de cimento,
areia, pedra britada e fator água/cimento, respectivamente. As resistências médias
foram obtidas por ensaios de corpos-de-prova cilíndricos de 15 cm de diâmetro e 30 cm
de altura. Para determinar a dosagem do concreto as resistências estimadas foram de
25 MPa aos sete dias e 30 MPa aos 28 dias de idade.
A figura 5.3 mostra a proposta de instalação da viga no pórtico de aço para o
ensaio, as vinculações do pórtico na laje de reação, os macacos hidráulicos, apoiados
em prismas de concreto armado, e, as células de carga para medidas das forças
aplicadas.
Pórtico de aço
Apoio de neoprene
Célula
de carga
Macaco
hidráulico
A B
Transdutor
de
deslocamento
a) Seção Longitudinal
Extensômetros
no concreto
Extensômetros
no estribo
Extensômetros na
armadura
longitudinal
50
40
Força aplicada (kN)
30
Experimental
Teórico
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Flecha (mm)
50
40
1
Força aplicada (kN)
2
30 3
Média
Teórico
20
0
0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000
6
Deformação (x10 )
Figura 5.8 - Diagrama força aplicada na viga – deformações nas barras da armadura
longitudinal [Takeya, 2007]
90 Capítulo 5 - Análise do comportamento de elementos estruturais de concreto armado solicitados por momento fletor
50
40
0
-2.500 -2.000 -1.500 -1.000 -500 0
6
Deformação (x10 )
40
Força aplicada (kN)
30
1
2
Média
20 Teórico - modelo I
Teórico - modelo II
0
-250 0 250 500 750 1.000 1.250 1.500
Deformação (x106)
Figura 5.10 - Diagrama força aplicada na viga – deformações nos estribos verticais
[Takeya, 2007]
Com acréscimos nas intensidades da forças (Fi) há, portanto, aumento dos
módulos dos momentos fletores, e, as regiões entre fissuras apresentam novas
fissuras, pois as tensões de tração são maiores do que a resistência à tração do
concreto. A figura 5.11a mostra que as fissuras anteriormente formadas têm seus
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 91
Estádio III – etapa do comportamento da viga em que ocorre a ruína por ruptura
do concreto.
Figura 5.11 - Vistas das regiões central, esquerda e direita da viga depois da ruína
Takeya, 2007]
As observações feitas nas várias etapas dos ensaios e considerando a figura 5.11
é possível desenhar a figura 5.12. Nas primeiras etapas de aplicação das forças as
fissuras ocorrem nas seções transversais entre aquelas em que as forças concentradas
atuam; as fissuras apresentam pequenas aberturas e profundidades (figura 5.12a).
Aumentando-se as intensidades das forças as aberturas e as profundidades aumentam
de tamanhos, e, fissuras começam a surgir nas seções transversais contidas entre as
de aplicação das forças e os apoios. Estas fissuras são inclinadas em relação ao eixo
da viga, em virtude da solicitação das forças cortantes (figura 5.12b). Em etapas
seguintes as fissura aumentam em quantidade, aberturas e profundidades até a etapa
do ensaio próxima da etapa de ruína (figura 5.12c).
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 93
F F
a)
F F
b)
F F
c)
Figura 5.12 - Desenhos das fissuras observadas nas várias etapas do ensaio
[Takeya, 2007]
5.3.1 PREÂMBULO
Conforme estudado na seção 5.2 foram analisadas as várias situações que uma
viga de concreto armado pode apresentar em face da intensidade do momento fletor.
Também influem as dimensões da seção transversal da viga, largura (bw) e altura (h),
por vezes estas medidas são adotadas para compatibilizar o projeto estrutural com o
projeto arquitetônico. Assim, qualquer um dos estádios pode ocorrer nas várias seções
transversais da viga que se analisa na fase de projeto.
Por causa das intensidades dos momentos fletores nas várias seções
transversais da viga (figura 5.1), estas seções podem apresentar deformações e
tensões de acordo com os 3 estádios analisados. As seções transversais da região
central da viga podem apresentar situações de iminência de ruína por ruptura do
concreto (Estádio III) e, nas regiões próximas dos apoios, as seções transversais
podem estar em situação de Estádio I em virtude das deformações e tensões serem de
pequenas intensidades, conforme diagrama de momentos fletores da figura 5.1.
Os projetos das vigas, como também dos outros elementos estruturais, precisam
atender as hipóteses dos estados limites últimos (de ruína) quanto às condições de
segurança estrutural, conforme será estudado no capítulo 5.
Também precisam ser atendidas as condições dos estados limites de serviço que,
no caso de elementos fletidos de concreto armado são: ELS-F – estado-limite de
formação de fissuras, sendo que com as hipóteses do Estádio Ib calcula-se o módulo
do momento de fissuração; ELS-DEF – estado-limite de deformação excessiva, as
hipóteses do Estádio II permitem os cálculos dos deslocamentos; e, ELS-W – estado-
limite de aberturas de fissuras, que são verificadas com base nas hipóteses do Estádio
II. Lembra-se que de acordo com a ABNT NBR 6118:2014 as verificações dos estados
limites de serviço se fazem com as hipóteses dos estádios I e II.
Assim, é de suma importância o estudo das hipóteses dos estádios de
comportamento de uma viga de concreto armado conforme analisado na seção 5.2.
94 Capítulo 5 - Análise do comportamento de elementos estruturais de concreto armado solicitados por momento fletor
A st
st é a taxa geométrica das barras da armadura de tração;
Ac
A sc
sc é a taxa geométrica das barras da armadura de compressão;
Ac
Asw Rcc
MS x1
d h z
Rst
Estádio Ia Estádio Ib
Figura 5.13 - Viga de concreto armado solicitada por momento fletor variável
5.3.2.1 Estádio I
5.3.2.2 Estádio II
MR
R st A st st [5.02]
z
sendo que:
1
z d x , no caso de distribuição triangular de tensões de compressão.
3
Nas etapas do ensaio da viga da seção 5.2 e na análise teórica feita na seção
5.3.2 é possível associar o momento resistente da viga (MR) com a curvatura da viga
(θ), calculada com a posição deformada, segundo figura 5.14b.
Analisando o diagrama de deformações pode-se escrever:
98 Capítulo 5 - Análise do comportamento de elementos estruturais de concreto armado solicitados por momento fletor
tg [5.03]
u
sendo que:
st
[5.04]
dx
CC
[5.05]
x
MR
Mu
E
D 0
MS MS
Mser C x
L.N
.
h-x
Mr B
A ct
O 0
a) b)
Figura 5.14 - Diagrama momento resistente (MR) – curvatura ( ) de uma viga de
concreto armado [adaptada de desenho de Orler e Donini (2007)]
fc
ruptura do concreto comprimido ( ) é iminente.
c
c
Lembra-se que, na análise do equilíbrio tem-se que MS = MR, ou seja, o momento
fletor solicitante tem que ser igual ao momento resistente. As forças resultantes das
tensões nas barras da armadura e na região comprimida do concreto também são
iguais (Rst = Rcc).
5.4.1 PREÂMBULO
MS
y y [5.06]
I
sendo que:
A cc,hom
d h
_
MS
A cc,equ e A sc [5.07]
A ct,equ α e A st [5.08]
sc
cc,equ [5.09]
e
σ st
σ ct,equ [5.10]
αe
sendo:
do estádio II; sendo Es = 210 GPa e Ecs indicado na tabela 3.8, na verificação do
estado-limite de deformação – ELS-DEF;
1
5
Amaral (1973) indica que sendo εcy a deformação e σcy a tensão em um ponto do
concreto na seção transversal que dista yc da linha neutra, pode-se escrever a equação
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 103
cy E c cy [5.11]
Analogamente, pode ser escrita a equação 5.12 com relação às áreas das barras,
relacionando a tensão com a deformação, ou seja:
sy E s sy [5.12]
sy E s sy
[5.13]
cy E c cy
sy sy
e [5.14]
cy cy
sy cy sy ys
[5.15]
ys yc cy yc
sy ys sy 1 cy
e [5.16]
cy yc e ys yc
sy
cy [5.17]
e
área desta seção é igual a relação entre os módulos (αe) multiplicada pela área da
seção real ( A c b w h ) no caso de seção retangular.
Assim, podem-se usar as equações deduzidas com os critérios da Resistência
dos Materiais (Mecânica dos Sólidos) para cálculo das tensões em situação de serviço
dos elementos estruturais.
dA zero [5.18]
MS MR [5.19]
cy dA c A st st zero [5.20]
cy st
y c dA c A st e y s zero [5.21]
yc e ys
y c dA c e A st y s zero [5.22]
profundidades da linha neutra (x). Nota-se no segundo membro da equação 5.22 que a
área das barras da armadura está multiplicada pela relação entre os módulos de
elasticidade das barras de aço e o do concreto, ou seja, o calculo da profundidade da
linha neutra é feito considerando a seção homogeneizada.
Como foi visto nas hipóteses do Método Clássico de análise estrutural, em que se
considera material homogêneo, elástico e linear, a posição da linha neutra pode ser
calculada considerando que o centro de gravidade da seção homogeneizada, portanto,
o momento estático da seção transversal em relação à linha neutra é igual a zero
(SLN = zero).
Lembra-se que o momento estático de uma área em relação a um eixo de
referência, neste caso a posição da linha neutra no Estádio I, é calculado pelo produto
da área da seção transversal do elemento – concreto ou barras de aço e da distância
do centro geométrico desta área até o eixo de referência.
Neste caso de vigas de seção transversal retangular (figura 5.16) com
deformações e tensões semelhantes as do Estádio I, a equação 5.22 (usando a
equação 5.23) permite calcular a profundidade da linha neutra (xI).
xI b
b w xI α e A sc x I d' α e A st (d x I ) w h x I (h x I ) 0
2 2
[5.23]
resultando:
b w x I2 b
α e A sc x I d' α e A st (d x I ) w h x I 0
2
[5.24]
2 2
sendo:
106 Capítulo 5 - Análise do comportamento de elementos estruturais de concreto armado solicitados por momento fletor
cc cc
A sc
sc sc
d'c
Rsc
xI MS Rcc
MS
d h
L.N.
Rct
Rst
bw d't st st
A st ct
ct < fct
Figura 5.16 - Viga de seção retangular – Estádio I
x I2
2
3I
II
b
xI
xI
d
2
'
w1
2
w
s
c
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 107
h 1
xI
h
xI
2
3
h
xI
d
xI
2
w
2
[5.25]
s
t
resultando:
b w x I3 b w (h xI )3
α e A sc ( x I d' )2 α e A st d xI
2
II [5.26]
3 3
Rst
bw d't st
A st
Figura 5.17 - Viga de seção retangular – Estádio II
b w x II2
α e A sc x II d' α e A st (d x II ) 0 [5.27]
2
sendo:
b w x II3 x
(b w x II ) ( II )2 α e A sc ( x II d' )2 α e A st d x II
2
III [5.28]
12 2
b w x II3
e A sc ( x II d' )2 e A st d x II
2
III [5.29]
3
e MSd,ser
st (d x II ) [5.30]
III
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 109
cc
A sc cc ~= f c
sc
d'c
Rsc
x III
MS Rcc
L.N.
d h
MS
Rst
bw d't st
A st
Figura 5.18 - Viga de seção retangular – Estádio III
α fct Ic
Mr [5.31]
yt
sendo:
1,5 fct Ic
Mr [5.32]
yt
sendo:
b h3
Ic [5.33]
12
h
yt [5.34]
2
5.7.1 PROJETO 1
d = 71 cm;
h = 75 cm;
VT01 ( 25x75 )
ESC.1:50
44 N1 Ø 5 C/16 25 N2
10
23
6
N1 N3
65
N6
N5 6
P01 A VT02 P02
N8
20 380 20 280 20 N7
N9
N4
CORTE AA
N2 - 2 Ø 6,3 (715)
ESC.1:20
20
N3 - 4 Ø 8 (715)
N1 - 44 Ø 5 (195)
177,5
2,5
N4 - 1 Ø 16 (300) 70
170
137,5
N5 - 1 Ø 16 (375)
205
97,5
N6 - 1 Ø 16 (455)
245
67,5
N7 - 1 Ø 16 (525)
285
2,5 N8 - 1 Ø 16 (662) 19
DETALHAMENTO
19 N9 - 5 Ø 16 (753) 19 ESC. 1:50, 1:20
715
5.7.2 PROJETO 2
b fc
A sc
d'c
h fc
d h
MS bw
h ft
A st d't
b ft
a) b) c) d) e)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
_____ NBR 8681:2003 Ações e segurança nas estruturas. Rio de Janeiro, ABNT, 2003.
_____ NBR 8953:1992. Concreto para fins estruturais – classificação por grupos de
resistência. Rio de Janeiro, ABNT, 1992.
Considere-se a seção transversal da viga da figura 6.1 que está solicitada à ação
do momento fletor de maior intensidade e para esta seção verificam-se as condições de
segurança com as hipóteses do estado-limite último. Entende-se que se os valores das
resistências e deformações últimas dos materiais - concreto e barras de aço - forem
atingidas sob ação do momento fletor solicitante, o elemento estrutural apresenta uma
situação de ruína, ou seja, deixa de cumprir a sua finalidade estrutural. A ruína pode se
dar de modo real, por desintegração de uma seção transversal formando um mecanismo
hipoestático, no caso de viga biapoiada, ou de modo convencional, quando as
resistências e as deformações do concreto e das barras de aço atingirem valores
convencionais definidos por normas, aquém dos valores últimos reais.
Na figura 6.1 nota-se que a viga é apoiada sobre os pilares, sem ligação monolítica
entre os elementos estruturais, pois há a colocação sobre os pilares de aparelhos de
apoio (por exemplo, de neoprene), que permitem os giros e o deslocamento horizontal
da viga, os pilares considerados rígidos não permitem deslocamentos verticais dos
apoios.
O objetivo deste capítulo é escrever as equações que representam as condições
de equilíbrio de uma seção transversal e, por meio delas, determinar a sua capacidade
resistente quando solicitada por momento fletor. Com as equações deduzidas e
mediante análise das indicações da ABNT NBR 6118:2014 desenvolve-se rotina de
projeto de vigas de concreto armado sob solicitação de momento fletor.
a borda comprimida) e a força de tração formam o binário interno que gera o momento
resistente de cálculo (MRd).
V01 (bw x h)
h
V02 MSd
P01 FSk P02 bw
a b
l
(g+q)1 (g+q)2
MSk
MSd
MSd
VSd FSd
gc gs
Dimensionamento f cd f yd
Verificação da Segurança M Sd
gf
A figura 6.3 mostra uma seção transversal retangular de viga de concreto armado
solicitada por momento fletor de cálculo (MSd), com intensidade máxima no tramo,
conforme figura 6.1. São desenhados, também, os diagramas de deformações, de
118 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
fc
parábola-retângulo da figura 3.15 com tensão de cálculo ( ) igual a , sendo que
c
d
d
fcd é calculado pela equação 3.10.
[6.02]
λ
sendo x igual a medida da profundidade da linha neutra e o parâmetro pode ser
adotado igual a:
λ
0
,
8
5 0
0
λ
0
,
8
k4
0
e, nas situações em que a tensão é constante atuante até a altura y pode ser
considerada igual a:
fc
fc
no caso contrário.
c
d
[6.06]
fc
5 0
0
0
,
8
5
1
,
0
k2
0
estudado no capítulo 3.
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 119
e.- as tensões nas barras de aço das armaduras podem ser obtidas a partir dos
diagramas indicados na figura 4.4 e a resistência de cálculo ao escoamento é
determinada com a equação 4.01.
ecc
d´ scd scd
R Sc
y/2
x Rcc y/2
L.N. (1-l) .x
d h
MSd
MSd
d´ RSt
sSt
bw eSt
ASt
Como as forças resultantes das tensões normais (figura 6.3) têm que estar em
equilíbrio pode-se escrever a equação 6.09.
Rcc R sc R st [6.09]
d
d
'
[6.10]
S
d
c
c
s
c
A área de concreto comprimido (Acc) pode ser calculada pela equação 6.11,
considerando o diagrama retangular de tensões (ver figura 6.3), e, substituindo a altura
(y) deste diagrama pela equação 6.02, vem:
A
b
λ
x
[6.11]
c
c
[6.12]
c
c
c
c
c
d
[6.13]
s
c
s
c
s
c
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 121
A
σ
s
t
[6.14]
s
t
s
t
fc
Substituindo a equação 6.11 na equação 6.12 e fazendo conforme
c
d
d
equação 6.05, obtém-se:
R
b
λ
x
fc
[6.15]
c
c
A equação 6.15 pode ser escrita como segue (6.16), multiplicando-se o segundo
membro por d/d.
d d
R
b
λ
x
fc
[6.16]
c
c
Considerando:
x d
[6.17]
x
b
d
λ
βx
fc
[6.18]
c
c
fc
A
σ
[6.19]
w
s
c
s
c
s
t
s
t
que é a equação que relaciona a força resultante das tensões no concreto, a força
resultante das tensões nas barras da armadura comprimida e a força resultante das
tensões nas barras da armadura tracionada. As forças resultantes nas barras estão
escritas em função das suas áreas e das respectivas tensões. A força no concreto foi
escrita considerando a resistência de cálculo à compressão do concreto, a largura da
alma da viga (bw), a altura útil (d) e a posição relativa da linha neutra (x).
Substituindo as equações 6.2, 6,13, 6.17 e 6.18 na equação 6.10, vem:
M
b
d
λ
βx
fc
1
0
,
5
λ
βx
A
σs
d
d
'
2
S
d
s
c
[6.20]
ε sx
ε sd
c
t
x
d
[6.21]
'
Multiplicando membro a membro a equação 6.21 por 1/(1/d) e substituindo x/d por
βx, conforme equação 6.17, tem-se a equação 6.22:
ε cβ
εs x
εs
c
tβ
d
'd
1
[6.22]
β
x
Neste caso de seção retangular solicitada por momento fletor de cálculo (flexão
simples) no estado-limite último (ELU), a deformação na borda comprimida da seção
εc
transversal não pode ser maior do que a deformação última ( ) conforme equações 3.8
u
e 3.9 indicadas para concretos das classes até C50 (grupo I de resistência) e para as
classes C50 até C90 (grupo de resistência), respectivamente. A tabela 3.6 apresenta o
valor da deformação última para os concretos normalizados.
Supondo que as dimensões das seções transversais são conhecidas (pois, na fase
de anteprojeto das estruturas de concreto é feito o pré-dimensionamento das dimensões
das seções transversais dos elementos estruturais), têm-se duas equações de equilíbrio
(6.19 e 6.20) e duas equações (6.22) que relacionam as deformações, totalizando quatro
equações. As incógnitas são: x (x), Asc, Ast, st, sc. As duas últimas são dependentes
das deformações nas barras comprimidas (sc) e nas barras tracionadas (st), lembra-se
que os diagramas tensão-deformação das barras de aço são conhecidos como estudado
no capítulo 4.
Assim, têm-se cinco (5) incógnitas e quatro (4) equações.
Para se verificar a segurança da seção transversal, ou seja, determinar se o
momento resistente de cálculo (MRd) é maior ou igual que o momento fletor solicitante de
cálculo (MSd) é necessário adotar uma das incógnitas. Conhecendo-se as deformações
e, portanto, as tensões, ficam para serem determinadas a posição da linha neutra e as
áreas das armaduras (duas). Como solução pode ser adotada a posição relativa da linha
neutra que, para isto, precisa garantir as condições de segurança da seção transversal
e, assim, determinar as duas incógnitas que são as áreas das armaduras.
3
,
5
(equação 3.08)
u
‰
9 1
0 0
- 0
fc
4
︵ ︶
=
2
,
6
+
3
5
,
0
k
‰ (equação 3.09)
c
u
‰
1
0
(equação 4.02)
u
b.- deformação plástica das barras tracionadas, variando entre yd e 10‰ com
simultânea ruptura do concreto (εcu), definindo o domínio 3;
c.- ruptura do concreto (εcu), com deformação nas barras de aço menor do que yd
e maior do que zero, sendo este o domínio 4.
O projetista pode, portanto, adotar qualquer uma das infinitas condições possíveis
para a medida da profundidade da linha neutra, em qualquer um dos domínios de
deformações. A decisão de projeto a ser tomada é no sentido de atender outros
parâmetros, tais como, as dimensões da seção transversal inicialmente adotadas na fase
de anteprojeto, de menor consumo de material e de altura da viga compatível com as
alturas da demais vigas do projeto. É preciso atentar para o fato da ABNT NBR
6118:2014 limitar a profundidade relativa da linha neutra (βx) aos valores indicados nas
equações 6.26 e 6.27.
Analisando as infinitas posições que a linha neutra pode ocupar (figura 6.4), para
garantir o equilíbrio da seção transversal e, portanto, a segurança com relação ao
estado-limite último, percebe-se que no:
domínio 2 - as barras de aço apresentam deformação última convencional (st)
igual a 10‰ e a deformação na borda comprimida (cc) pode ter valores maiores
que zero e menores que εcu, ou seja, as deformações na borda comprimida não
atingem a deformação ultima convencional no concreto (ver figura 6.4). Neste caso
de domínio 2 a capacidade resistente do concreto fica pouco aproveitada;
domínio 3 - para qualquer posição da linha neutra a deformação na borda
comprimida (cc) é adotada igual a deformação última (εcu) e as deformações nas
barras podem variar entre a deformação de escoamento (yd) e a última
εy
1
0
s
d
6.3.5.1 Limites para os valores da linha neutra nos três domínios de deformações
u
εc
εs
[6.23]
t
c
u
[6.24]
2
3
1
0
c
u
c
u
εy
[6.25]
3
4
c
u
x 23
3 x 34 4
2
d h
ss ss ss
f yd f yd f yd
x d
0
,
3
5
Nos casos de estruturas constituídas por vigas com continuidade com os pilares,
em pórticos, por exemplo, ou vigas contínuas, a ABNT NBR 6118:2014 indica que
quando for efetuada uma redistribuição, reduzindo-se um momento fletor de MSk para
MSk, em uma determinada seção transversal, e isto é feito nas seções transversais dos
apoios, a relação entre o coeficiente de redistribuição e a posição relativa da linha
neutra x = x/d nesta seção, para o momento reduzido MSk, pode ser calculada por:
x d
0
,
4 5
4
1
,
2
x d
0
,
5 5
6
1
,
2
x
para concretos com 50 MPa < fck ≤ 90 MPa; [6.29]
0,75 em qualquer outro caso (p. e., estruturas de nós fixos). [6.31]
Pode ser adotada redistribuição fora dos limites estabelecidos na ABNT NBR
6118:2014, desde que a estrutura seja calculada mediante o emprego de análise não-
linear ou de análise plástica, com verificação explícita da capacidade de rotação de
rótulas plásticas.
Nas deduções das equações que retratam o equilíbrio de uma seção transversal
retangular de elemento estrutural fletido solicitada por momento fletor de cálculo (MSd),
consideraram-se barras da armadura comprimida com área Asc, cuja tensão depende da
deformação sc que, por sua vez, depende do diagrama de deformações e da
profundidade da linha neutra (x). Com a deformação sc determinada pode-se calcular,
considerando o diagrama tensão-deformação das barras da armadura, a tensão (sc) e
verificar o equilíbrio.
Porém, a adoção de barras comprimidas só é necessária quando houver
necessidade de diminuir a profundidade da linha neutra.
Assim, tem-se um momento fletor resistente limite (MRd,lim) que se for maior que o
momento fletor solicitante (MSd) a viga não necessita de armadura comprimida (armadura
dupla) para o equilíbrio da seção transversal.
Para escrever a equação com qual se determina o momento resistente de cálculo
limite (MRd,lim), na equação 6.20 faz-se a área da armadura comprida igual a zero (Asc=0)
e consideram-se as profundidades relativas da linha neutra (βx) limite conforme
equações 6.26 e 6.27, isto significa adotar:
[6.32]
x
x
,
l
i
m
que é o limite da profundidade relativa da linha neutra (x,lim) para a qual é possível
garantir dutilidade suficiente à viga.
Escreve-se, portanto, a equação 6.33 com a qual se calcula o módulo do momento
resistente de cálculo limite (MRd,lim).
M
b
d
λ
βx
fc
1
0
,
5
λ
βx
2
[6.33]
R
d
,
l
i
m
,
l
i
m
,
l
i
m
0
,
2
5
1
b
d
fc
2
[6.34]
R
d
,
l
i
m
que permite calcular o momento fletor resistente limite para os casos de estruturas
projetadas com concretos do grupo I das classes C25 a C50.
Para os concretos do grupo II, classes C55, C60, C70, C80 e C90, e de acordo com
0
,
3
5
indicados na tabela 6.1, podem ser escritas as equações 6.35, 6.36, 6.37, 6.38 e 6.39
com as quais de calculam os momentos resistentes de cálculo limites (MRd,lim):
0
,
7
7
4
4
b
d
2
(em kNcm) [6.35]
R
d
,
l
i
m
w
b.- concreto classe C60:
M
0
,
7
9
4
2
b
d
2
(em kNcm) [6.36]
R
d
,
l
i
m
0
,
8
7
2
3
b
d
2
0
,
9
1
5
3
b
d
2
0
,
9
3
9
8
b
d
2
Nota-se nas equações 6.34 a 6.39 que o valor de MRd,lim depende das dimensões
da seção transversal bw e h (pois, depende de d), em centímetros. Na equação 6.34, o
momento fletor resistente mínimo depende da resistência de cálculo à compressão do
concreto (fcd) considerada em kN/cm2, como também nas equações 6.35 a 6.39.
6.6.1 EXEMPLO 1
Calcular o módulo do momento fletor resistente de cálculo limite para uma viga com
espessura (bw) igual 20 cm, altura (h) adotada igual a 45 cm, altura útil (d) igual a 41 cm,
concreto de resistência característica à compressão de 30 MPa (C30).
Substituindo na equação 6.34 e considerando fcd = fck/1,4 = 30/1,4 = 21,43 MPa =
2,14 kN/cm2, resulta:
M
0
,
2
5
1
2
0
4
1
2
,
1
4
1
8
.
0
5
9
k
N
c
m
1
8
0
,
6
k
N
m
2
R
d
,
l
i
m
2
[6.40]
t
4
0
,
8
8
c
m
e, assim, a medida da altura útil adotada igual a 41 cm, e agora avaliada, está
adequada, pois 40,88 cm é aproximadamente igual a 41 cm.
6.6.2 EXEMPLO 2
Calcular o momento fletor resistente de cálculo limite para uma viga com espessura
(bw) igual 20 cm, altura (h) adotada igual a 45 cm, altura útil (d) igual a 41 cm, concreto
de resistência característica à compressão de 70 MPa (C70).
Substituindo na equação 6.36 e considerando fcd = fck/1,4 = 70/1,4 = 50,0 MPa =
5,0 kN/cm2, resulta:
M
0
,
1
7
4
5
2
0
4
1
5
,
0
=
2
9
.
3
3
3
,
4
5
k
N
c
m
=
2
9
3
,
3
k
N
m
2
R
d
,
l
i
m
Quando a viga for solicitada por momento fletor de cálculo tal que:
M Sd MRd,lim [6.41]
tem-se caso de flexão simples com armadura simples, pois não há necessidade de
considerar a área de armadura comprimida para garantir o equilíbrio da seção
transversal;
e, quando
tem-se caso de flexão simples com armadura dupla, pois há necessidade desta
para o equilíbrio da viga considerando o valor limite da profundidade da linha neutra
tendo com relação a dutilidade.
Como alternativa à solução com armadura dupla pode-se aumentar as dimensões
da seção transversal, largura (bw) e/ou a altura (h). Em alguns projetos não é possível
aumentar a altura (h), por imposições arquitetônicas.
6.7.1 PREÂMBULO
sendo:
I cy t
W
[6.44]
0
Os valores de min estabelecidos nesta tabela pressupõem o uso de aço CA-50, d/h = 0,8 e c = 1,4 e s = 1,15. Caso esses fatores
sejam diferentes, min deve ser recalculado.
132 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
Nesse caso, a determinação dos esforços solicitantes tem que considerar de modo
rigoroso todas as combinações possíveis de carregamento, assim como os efeitos de
temperatura, deformações diferidas e recalques de apoio. É preciso ter ainda especial
cuidado com o diâmetro e espaçamento das armaduras de limitação de fissuração.
6.7.2.2 Área total de armadura
A soma das áreas das barras das armaduras tracionadas (Ast) e comprimidas (Asc),
calculada na seção transversal fora da região das emendas das barras, não pode ter
valor maior do que 4%, sendo Ac a área da seção transversal da viga, conforme equação
6.45.
ρ
4
%
A
[6.45]
s
t
s
c
5
,
0
c
m
/
m
2
1
c
,
a
l
m
a
ou seja, essa área é igual a 0,10% da área da seção transversal da alma da viga.
Não é necessário dispor de armadura de pele de área maior do que 5,0 cm2/m em
cada face.
As barras que compõem a armadura de pele precisam ser das categorias CA-50
ou CA-60. O espaçamento entre as barras não pode ser maior do que um terço da
medida da altura útil (d/3) e 20 cm, o menor valor entre estes. As áreas das barras das
armaduras de tração e compressão, calculadas no dimensionamento, não podem ser
computadas no cálculo da área da armadura de pele. As barras da armadura de pele
tem que ser convenientemente ancoradas.
20 mm = 2 cm;
20 mm = 2 cm;
Nos projetos as larguras das vigas são previamente pré-dimensionadas com 12 cm,
que é a medida mínima indicada na ABNT NBR 6118:2014 (bw,min = 12 cm), observando
detalhes arquitetônicos tais como dimensões das paredes de alvenaria e compatibilidade
com o projeto geral. Também, em função da intensidade do momento fletor o número de
barras pode ser tal que não permita o alojamento de todas as barras em uma única
camada, precisando, portanto, serem alojadas em várias camadas. Isso acarreta
mudança na posição da altura útil (d) inicialmente adotada fato que exige verificação
específica como estudado neste capítulo.
Para alojar corretamente as barras em uma camada com as condições indicadas
anteriormente é preciso que a largura da viga (bw) seja compatível com os diâmetros e
quantidades de barras, espaçamentos horizontais (ah) e com o cobrimento especificado
para a classe de agressividade ambiental, conforme indicado na figura 6.5.
Asc ou As,mon
c
h =h
f laje
L.N.
CG
d
.
100
av
CG
c
.
A st > A bw
st, min <
10 h
100 c lon ah lon ah lon ah lon c
. . . . . . .
est est
bw
Det. I .
das barras (c), lembrando que o cobrimento é sempre medido a partir da face do
elemento estrutural até a barra mais próxima, no caso o estribo.
Assim, para alojar um número (n) de barras em uma única camada tem-se:
b
2
c
2
nb
nb
1
ah
︵
︶ [6.47]
w
a
r
a
r
ou seja:
b
2
c
2
nb
nb
ah
ah
[6.48]
w
a
r
a
r
2
c
2 ah
ah
nb
w
[6.49]
a
r
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 135
Como o objetivo é determinar a altura útil (d) e a área das barras da armadura de
tração (Ast), considerando que a área de armadura de compressão é adotada igual a
zero, ou seja, não se pretende contar com a contribuição desta para absorver as tensões
de compressão, são usadas as equações 6.19 e 6.20 com Rsc igual a zero, o que significa
considerar Asc = zero.
Lembrando o balanceamento do número de equações e incógnitas, faz-se
necessário adotar uma das incógnitas para dimensionar a viga.
Pode ser adotado, portanto, a posição relativa da linha neutra igual ao valor limite
indicado pela ABNT NBR 6118:2014 que é βx,lim = 0,45 (equação 6.26) para concretos
das classes C20 a C50, assim têm-se a garantia da dutilidade pelo controle da
profundidade da linha neutra.
Considerando a força uniformemente distribuída g + q = 10 kN/m e viga biapoiada
o módulo do momento fletor atuante na seção de meio de vão, máximo neste caso, é
g
q
/
8
2
dado por igual a 80 kNm. Para verificar o estado-limite último é preciso
determinar o momento fletor solicitante de cálculo calculado por
M
1
,
4
8
0
1
1
2
k
N
m
S
d
1
0
,
5
0
,
8
0
,
4
5
2
1
,
(equação 6.20)
portanto, resulta:
d
=
3
3
c
m
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 137
Com a equação 6.19 pode-se calcular a área das barras da armadura longitudinal
de tração assim, substituindo-se os dados do projeto, tem-se:
3
,
0 4
2
0
3
3
0
,
8
0
,
4
5
0
,
8
5
A
4
3
,
5
1
,
(equação 6.19)
s
t
ou seja:
A
9
,
9
5
c
m
2
s
t
Adotando barras de CA-50 de diâmetro 16 mm, com área unitária igual a 2,01
cm2, a área efetiva das barras da armadura resulta:
A
1
0
,
0
5
c
m
2
s
t
,
e
f
3
3
,
0
2
,
5
0
,
5
3
6
,
8
c
m
2
(equação 6.40)
t
VT (bw x h)
c
d h
P02 M Sd
P01
c
c
l =8m 20
C30
g+q CA-50
MSk
MSd
MSd
VSd
VSd
I cy t
I ch 2
W
4
.
5
6
3
,
3
c
m
3
0
fc
1
,
3
0
,
3
3
0
3
,
7
7
M
P
a
0
,
3
8
k
N
/
c
m
2 /
3
0
,
8
4
.
5
6
3
,
3
0
,
3
8
2
.
9
2
0
,
5
k
N
c
m
2
9
,
2
k
N
m
M
1
1
2
k
N
m
R
d
,
m
i
n
S
d
2
.
9
2
0
,
5
R
1
8
,
5
R
d
,
m
i
n
c
t
resultando:
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 139
1
1
8
,
2
4
k
N
c
t
A área de armadura mínima para absorver essa força de tração é calculada por:
1
1
8
,
2
4
A
2
,
7
c
m
2
4
3
,
5
s
t
,
m
í
n
1
0
,
0
5
c
m
2
Como a área das barras da armadura efetiva é igual a e área de
s
t
,
e
f
A
2
,
7
c
m
2
armadura mínima resultou igual a que é menor que a área calculada.
s
t
,
m
í
n
É necessário verificar a taxa de armadura mínima (ρmin) que tem que ser maior do
que 0,15%.
Assim, tem-se:
A A
1
0
,
0
5
2
,
7 3
1
,
3
6
%
0
,
3
6
%
0
,
1
5
%
s
,
e
f
2
0
3
7
2
0
7
s
,
c
d
/
h
3
3
/
3
7
0
,
8
9
Neste exemplo tem-se que a relação entre d e h é e, portanto,
não é possível considerar-se a taxa mínima indicada na tabela 6.3.
Analisando a viga do exemplo 1 ela tem vão efetivo de 8,0 m, com a profundidade
relativa da linha neutra escolhida igual ao limite indicado pela ABNT NBR 6118:2014,
0
,
4
5
isto é , pois o concreto é da classe C30, resultou altura (h) igual a 37 cm. Na
x
fase de anteprojeto considera-se a altura (h) próxima de 1/10 da medida do vão efetivo,
para que as condições dos estados-limites de serviço (fissuração e deslocamento) sejam
verificadas, conforme analisado no capítulo 13. Considerando esse critério a viga do
exemplo 1 teria que ter 80 cm de altura.
Embora as condições de segurança, com relação aos estado-limite último de ruína
por ação de momento fletor, tenham sido verificadas a viga pode não ter verificadas as
condições de segurança com relação aos estados-limites de serviço, portanto, a viga do
exemplo 1 não pode ser construída. Como alternativa de projeto se faz necessário
considerar uma altura (h) maior que a calculada.
A seguir apresenta-se o projeto da viga do exemplo 1 considerando-a com altura
(h) igual a 80 cm.
cálculo (MSd) igual a 112 kNm e, analisando as equações 6.19 e 6.20 observa-se que
uma das incógnitas é a profundidade relativa da linha neutra (βx), assim substituindo-se
na equação 6.20 os dados da viga e considerando-se d = 76 cm, avaliado de acordo com
a equação 6.40 vem:
3
,
0 4
1
1
.
2
0
0
2
0
7
6
0
,
8
0
,
8
5
1
0
,
5
0
,
8
2
1
,
(equação 6.20)
x
2
,
4
3
x
1
esta resposta se constitui em um absurdo físico, pois como pode ser visto na figura
6.4, neste caso de flexão simples, com a seção transversal solicitada por momento fletor
solicitante de cálculo, a profundidade relativa da linha neutra tem que ser maior do que
zero e menor do que um, isto é:
z
e
r
o
1
,
0
x
e,
0
,
0
7
x
2
que é a raiz aceita, e, observando-se a figura 6.4 essa posição relativa da linha
neutra fica contida na situação de domínio 2.
Para o cálculo da área das barras longitudinais de tração considera-se a equação
6.19, entendendo que a área das barras da armadura longitudinal de compressão (Asc)
é igual a zero e que a tensão na armadura longitudinal de tração é igual a 43,5 MPa,
conforme pode ser visto na figura 6.4.
Portanto, tem-se:
3
,
0 4
2
0
7
6
0
,
8
0
,
0
7
0
,
8
5
A
4
3
,
5
1
,
(equação 6.19)
s
resultando:
A
3
,
5
6
c
m
2
s
t
I cy t
I ch 2
W
2
1
.
3
3
3
,
3
c
m
3
0
fc
1
,
3
0
,
3
3
0
3
,
7
7
M
P
a
0
,
3
8
k
N
/
c
m
2 /
3
0
,
8
2
1
.
3
3
3
,
3
0
,
3
8
6
.
4
8
5
,
3
k
N
c
m
6
4
,
8
5
k
N
m
M
1
1
2
k
N
m
R
d
,
m
i
n
S
d
para absorver as tensões de tração que ocorrem pela ação do momento fletor de cálculo.
4
,
0
2
c
m
2
A área efetiva das barras da armadura longitudinal é
s
t
,
e
f
Analisando os exemplos 1 e 2 de dimensionamento de vigas pode-se observar que:
0
,
4
5
- no primeiro exemplo que se calculou altura útil (d) e se escolheu
x
,
l
i
m
a altura total resultou igual a 37 cm e a área efetiva da armadura longitudinal de tração
foi igual a 10,05 cm2 (5 16,0 mm), porém, o projeto desta viga não é adequado, pois
se for construída a viga pode apresentar aberturas de fissuras e deslocamentos (flechas)
além dos limites indicados na ABNT NBR 6118:2014; o volume de concreto da viga é
0
,
2
0
0
,
3
7
8
,
2
0
0
,
6
1
m
3
igual a ;
0
,
2
0
0
,
8
0
8
,
2
0
1
,
3
1
m
3
16,0 mm); e, volume de concreto igual a ;
6.10.3 EXEMPLOS 3, 4 e 5
vigas foram calculadas com a equação 6.39, depois de alojadas as barras na seção
transversal e calculadas as medidas de seus centros geométricos. Foram adotados
estribos de fios CA-60 de diâmetro ( ) de 5,0 mm e cobrimento das armaduras de 2,5
t
cm.
Os resultados dos projetos das vigas 1, 3, 4 e 5 são apresentados na tabela 6.4.
Tabela 6.4 - Exemplos de dimensionamento das vigas 1, 3, 4 e 5
bw = 20 cm, C30, CA-50
A
E
x
n
s
,
e
f
A
armadura longitudinal de tração ( ) considerando igual a zero.
s
t
s
c
Substituindo os dados do projeto na equação 6.20 e lembrando que no caso de
concreto classe de resistência C30 λ = 0,8 e αc = 0,85 tem-se:
3
,
0 4
4
4
.
8
0
0
2
0
7
1
0
,
8
βx
0
,
8
5
1
0
,
5
0
,
8
βx
2
1
,
(equação 6.20)
x
1
e,
0
,
3
6
x
2
que é a raiz aceita, e, observando-se a figura 6.4 essa posição relativa da linha
neutra fica contida na situação de domínio 3, e é menor do que 0,45.
A medida da profundidade da linha neutra mede, neste exemplo de projeto da viga
6, é:
x 7
0
,
3
6
(equação 6.17)
x
2
portanto,
x
0
,
3
6
7
1
2
5
,
6
c
m
A
Substituindo-se os dados do projeto na equação 6.19, com Asc igual a zero, calcula-
se a área da armadura longitudinal de tração, assim tem-se:
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 143
3
,
0 4
2
0
7
1
0
,
8
0
,
3
6
0
,
8
5
A
4
3
,
5
1
,
(equação 6.19)
s
t
resultando:
A
1
7
,
1
2
c
m
2
s
t
M
6.10.4.3 Cálculo do módulo do momento resistente mínimo ( )
R
d
,
m
i
n
A intensidade do momento resistente mínimo é calculada de acordo com a equação
6.43, a seguir indicada:
I cy t
I ch 2
W
1
8
.
7
5
0
c
m
3
0
fc
1
,
3
0
,
3
3
0
3
,
7
7
M
P
a
0
,
3
8
k
N
/
c
m
2 /
3
0
,
8
1
8
.
7
5
0
0
,
3
8
5
.
7
0
0
k
N
c
m
5
7
,
0
0
k
N
m
M
4
4
8
k
N
m
R
d
,
m
i
n
S
d
1
8
,
0
9
c
m
2
20 mm = 2 cm;
1
,
2
1
,
9
2
,
3
c
m
.
Portanto, a maior medida para a distância horizontal (ah) entre as barras é igual a
2,3 cm.
As distâncias mínimas verticais (av) entre as barras longitudinais podem ser
calculados com as expressões indicadas na seção 6.8, resultando:
20 mm = 2 cm;
.
Assim, a maior medida para a distância vertical (av) é igual a 2,0 cm.
A quantidade de barras que podem ser alojadas em uma camada, junto a face
inferior da viga, adotando-se como estribos fios de CA-60 de diâmetro 5,0 mm, é
t
calculada com a equação 6.49 resultando:
2
0
2
2
,
5 ,
2 2
0
,
5
2
,
3
nb
4
,
2
1
6
,
3
(equação 6.49)
a
r
1
,
6 2
4
2
,
0
1
2
,
5
0
,
5
3
2
,
0
1
2
,
5
0
,
5
1
,
6
2
,
0
︵ ︶
︵ ︶
1
,
6 2
2
2
,
0
1
2
,
5
0
,
5
1
,
6
2
,
0
1
,
6
2
,
0
9
2
,
0
1
y
︵ ︶
C
G
portanto:
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 145
6
,
6
c
m
C
G
A altura útil efetiva (def) é calculada por:
de
h
y
7
5
,
0
6
,
6
6
8
,
4
c
m
f
C
G
Lembra-se que a altura útil adotado (dado) foi igual a 71 cm e a altura efetiva (def) é
igual a 69,6 cm, portanto erro de 1,04%.
Conforme estudado no item 6.9, figura 6.5, a distância do centro geométrico das
barras da armadura longitudinal de tração até o plano tangente a primeira camada não
1
0
%
h
pode distar mais do que .
Portanto, neste exemplo de projeto tem-se:
7 1
5 0
6
,
6
2
,
5
0
,
5
3
,
6
c
m
7
,
5
c
m
A ABNT NBR 6118:2014 indica que no caso de vigas com alturas (h) maior do que
60 cm é necessário dispor de barras ou fios na alma de área calculada com a equação
6.46, indicada na seção 6.7.2.3. Com os dados do projeto desta viga 6 tem-se:
0
,
1 0
0 0
A
2
0
7
5
1
,
5
0
c
m
2
1
(equação 6.46)
s
,
p
e
l
e
Essa área tem que ser distribuída junto a cada face da viga.
Considerando fios de aço CA-60 de 5,0 mm de diâmetro pode-se calcular o número
de fios que serão necessários em cada face. Lembrando que a área de fios de 5,0 mm
é igual a 0,20 cm2, resulta:
1
,
5
7
,
5
0
,
2
0
4
,
8
0
,
3
1
V T 0 6 (2 0 x 7 5 ) 20 N2
26
P01 P02
N3 N3
75
20 780 20
N5 N4
53 N 1 c / 15 cm
1,6
1,6
2,0
1,6
2,0
N 2 - 2 ø 1 0 m m (8 1 5 c m ) N6
2,5
0,5
2 ,5 2 ,5
1 ,6 1 ,6
1 ,6
1 ,6
0 ,5 0 ,5
N 3 - 2 x 5 ø 6 ,3 m m (8 1 5 c m ) 2 ,5 2 ,5
15
N4 - 2 ø 16 m m ( ) - 3ª cam ada
N5 - 3 ø 16 m m ( ) - 2ª cam ada
70
20 N 6 - 4 ø 1 6 m m (8 5 5 c m ) 20
815
N 1 - 5 3 ø 5 (1 8 0 c m )
Para este exemplo 7 considera-se que a altura (h) da viga não pode ser maior do
que 80 cm, para atender as indicações do projeto arquitetônico, ou seja distância de piso-
a-piso igual a 290 cm. Adotam-se concreto C30 e aço CA-50.
O projeto da viga 7 (mesmos dados da viga 5, da tabela 6.4) considera o vão efetivo
() de 8m e uma força uniformemente distribuída g + q = 60 kN/m. O momento fletor
solicitante de cálculo é igual a 672 kNm e pede-se calcular a área das barras da armadura
longitudinal tracionada (Ast). Considera-se que as barras posicionadas junto a borda
comprimida (Asc) não são necessárias para determinação do momento resistente de
cálculo.
É necessário avaliar a medida da altura útil (d), pois a altura (h) é conhecida
(adotada igual a 80 cm). Portanto, para avaliar a altura útil (d) pode-se considerar que a
viga 7 terá área de barras da armadura tracionada maior do que a obtida no exemplo 5.
A altura útil (d) pode ser avaliada como sendo igual a 73 cm.
Substituindo os dados do projeto na equação 6.20 obtém-se, com Asc igual a zero:
3
,
0 4
6
7
.
2
0
0
2
0
7
3
0
,
8
0
,
8
5
1
0
,
5
0
,
8
βx
2
1
,
(equação 6.20)
x
0
,
5
6
x
1
x
2
148 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
A segunda raiz
0
,
4
5
0
,
5
6
1
x
2
x
4
,
4
a
também não pode ser aceita, pois é maior que o limite indicado na ABNT NBR
6118:2014, pois a viga, se construída não terá dutilidade adequada.
0
,
5
6
A área efetiva das barras da armadura tracionada, calculada com , a título
x
2
2
de exemplo, resulta igual a 28,14 cm , representada por 14 16,0 mm, sendo a taxa de
armadura longitudinal de tração (ρs) igual 1,76%.
Como solução possível, se não puder aumentar a altura (h) da viga, por causa de
limites arquitetônicos, e a largura (bw), pode-se adotar dimensionamento com armadura
dupla.
Como visto o aumento do momento fletor solicitante de cálculo (MSd) exige, para
que a segurança da viga submetida a flexão simples fique garantida, que o momento
resistente de cálculo (MRd) também aumente; isto é, ocorrem os aumentos da altura da
A
projetos de edifícios há restrição na altura de vigas por causa das condições do projeto
arquitetônico, por exemplo distância de piso-a-piso e medida do pé-direito.
Faz-se, portanto, necessário a introdução de barras da armadura de compressão
para garantir o atendimento de valores menores da posição da linha neutra (x), que
estejam nos domínios 2 ou 3, o que faz com que os elementos estruturais tenham ruína
por ruptura frágil do concreto.
É possível adotar barras posicionadas próximas da borda comprimida submetidas
a uma força resultante de compressão que, junto com a resultante de compressão no
concreto, alteram a capacidade resistente da seção transversal. Essa alteração se dá
pelo aumento da resultante total de compressão, agora constituída por duas forças e
pelo aumento da força nas barras da armadura de tração por causa do aumento das
deformações e, consequentemente, pelo aumento da tensão. O braço de alavanca, que
é neste caso a distância entre o centro geométrico das barras da armadura de tração e
o ponto da seção que contém a resultante das forças resultantes de compressão no
concreto e de compressão nas barras junto a face comprimida da viga, também aumenta.
A profundidade relativa da linha neutra (βx) é adotada igual aos limites indicados na
ABNT NBR 6118:2014 com a finalidade de garantir a dutilidade da viga. Os valores da
profundidade relativa da linha neutra limite (x,lim) são os indicados pelas equações 6.26
e 6.27, respectivamente para os concretos das classes até C50 e de C55 a C90.
A rotina de projeto quando é necessário usar armadura dupla é mostrada a seguir.
A rotina que a seguir se expõe é para dimensionar uma viga de concreto armado
com armadura dupla e usando as equações de equilíbrio deduzidas anteriormente.
Com a equação 6.18 calcula-se a força resultante de compressão no concreto com
βx = βx,lim:
R
b
d
λ
βx
fc
(equação 6.18) [6.50]
c
c
,
l
i
m
d
Considerando a equação 6.20 e substituindo-a na equação 6.50, pode se escrever:
R
d
[
1
0
,
5
λ
βx
]m
R
σ
S
d
c
c
,
l
i
d
d
[6.51]
s
c
s
c
s
c
'
Lembrando que a equação 6.9 representa o equilíbrio das forças resultantes nas
barras da armadura de tração, no concreto comprimido e nas barras da armadura de
compressão, escreve-se:
R st R cc R sc (equação 6.9)
R st
A st = [6.52]
σ st
R sc
A sc = [6.53]
σ sc
Solução I: Adotar uma relação entre Ast e Asc, por exemplo. Asc = 0,5 Ast, o que
significa considerar a proporcionalidade entre as forças resultantes nas armaduras, isto
é Rsc = 0,5 Rst.
6.11.3 EXEMPLO 8
Considerando a equação 6.34 com a qual de calcula o momento limite (MRd,lim) para
concreto classe C30 e barras de aço da categoria CA-50. Substituindo os dados do
exemplo 8 na equação 6.34 tem-se:
3
,
0 4
M
0
,
2
5
1
2
0
7
3
5
7
.
3
2
4
,
8
k
N
c
m
5
7
3
,
3
k
N
m
2
1
,
(equação 6.34)
R
d
,
l
i
m
que é menor que o momento fletor solicitante de cálculo MSd = 672 kNm, indicando,
portanto, que a seção transversal retangular com largura (bw) igual a 20 cm e altura (h)
igual a 80 cm, não é suficiente para resistir ao momento fletor de cálculo com armadura
simples.
A solução para este exemplo pode ser a Solução II (item 6.11.2), pois a altura útil
(d) é conhecida ou pode ser avaliada.
Os módulos das forças resultantes são calculados a seguir.
Considerando a equação 6.50 e substituindo-se os valores conhecido resulta para
módulo da força Rcc, resulta:
3
,
0 4
R
2
0
7
3
0
,
8
0
,
4
5
0
,
8
5
9
5
7
,
3
4
k
N
1
,
(equação 6.50)
c
c
1
4
3
,
3
9
k
N
s
c
s
c
s
c
(equação 6.51)
Considerando a equação 6.09 determina-se o módulo da força resultante nas
barras da armadura de tração:
R
9
5
7
,
3
4
1
4
3
,
3
9
1
.
1
0
0
,
7
3
k
N
(equação 6.09)
s
t
c
c
s
c
Para os cálculos das áreas das barras das armaduras é preciso determinar as
tensões às quais as barras estarão submetidas considerando o estado-limite último:
- nas barras da armadura tracionada:
fy
4
3
,
5
k
N
/
c
m
2
s
t
c,
0
,
4
5
3
,
0
0
,
4
5
3
0
4
,
0
(equação 6.22)
Portanto:
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 151
3
,
0
7
s
c
‰
E, portanto, a tensão nas barras da amadura comprimida (figura 6.9) pode ser
adotada:
σs
fy
4
3
5
M
P
a
4
3
,
5
k
N
/
c
m
2
c
s
c
0,628 x 73
3,5
4
ss (MPa)
f yd
73
2,07 3,07
3
,
3
0
c
m
2
4
3
,
5
s
c
0
,
2
1
%
2
0
8
0
c
2
5
,
3
c
m
2
4
3
,
5
s
t
1
,
5
8
%
0
,
1
5
%
2
0
8
0
t
A ABNT NBR 6118:2014 indica que a soma das taxas das barras das armaduras
ρ
1
,
5
8
%
0
,
2
1
%
s
c
que ocorre neste caso da viga 8, portanto este quesito fica verificado.
152 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
1
,
7
9
%
- Viga 8 com consideração de armadura comprimida (Asc): .
s
t
s
c
Percebe-se, portanto, que em termos econômicos, nos exemplos das vigas 7 e 8,
as taxas resultaram praticamente iguais, porém há melhor aproveitamento das
resistências dos materiais.
b
d
λ
βx
fc
[
1
0
,
5
λ
βx
]
2
(equação 6.20)
S
d
d
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 153
b
d
1
kc
wM
λ
fc
[
β
0
,
5
λ
βx
]
[6.55]
2
S
d
c
x
Em problemas do primeiro tipo que se conhece a espessura (bw), a altura útil (d) e
o módulo do momento fletor solicitante MSd, é possível montar uma tabela de valores de
kc em função da resistência de cálculo à compressão do concreto (fcd) e da posição
relativa da linha neutra (βx).
A equação 6.20 e, por conseguinte, a equação 6.55, por considerar as dimensões
da viga e a resistência à compressão do concreto, permite fazer a verificação de
segurança da seção transversal com relação à ruptura do concreto.
É preciso verificar também a resistência da seção transversal com relação a
resistência ao escoamento das barras da armadura de tração. Ao se usarem as
equações de equilíbrio, o cálculo da área da amadura longitudinal de tração foi feito com
a equação 6.20 fazendo-se Asc igual a zero.
Para cálculo da área das barras da armadura usando tabelas é preciso deduzir
outra equação (6.56), observando na figura 6.3 que se pode montar a equação de
equilíbrio do momento fletor solicitante de cálculo com os momentos das forças
resultantes internas, considerando para pólo de cálculo dos momentos o ponto de
atuação da força resultante de compressão no concreto (Rcc).
Assim procedendo pode-se escrever:
λ
x
M
A
σ
2
[6.56]
S
d
s
t
s
t
A
σ
d
[
1
0
,
5
λ
β
]x
[6.57]
S
d
s
t
s
t
ks
s
t
σs
[
1
,
5
λ
βx
]
[6.58]
t
S
d
Para os concretos da grupo I, ou seja concretos C20, C25, C30, C35, C40, C45,
C50, considerando os valores de λ (equação 6.02) e αc (equação 6.07), ou estes valores
indicados na tabela 6.1, pode-se escrever as equações 6.55 e 6.58 dos seguintes modos:
b
d
1
kc
w
M
0
,
6
8
fc
[
β
0
,
4
βx
]
S
d
d
x
154 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
A M
d
1 0
ks
s
t
σs
[
1
,
4
βx
]
(equação 6.58) [6.60]
t
S
d
Nessas equações têm-se: MSd em kNcm e bw e d em cm.
Em problemas do primeiro tipo que se conhece a espessura (bw), a altura útil (d) e
o módulo do momento fletor solicitante MSd, é possível montar uma tabela de valores de
kc (Tabela A-3) em função da resistência de cálculo à compressão do concreto (fcd) e da
posição relativa da linha neutra (βx). Na mesma tabela encontram-se os valores de ks em
função da tensão de tração σst e βx.
Sugere-se ao leitor que refaça os exemplos do item 6.5.10, agora utilizando as
tabelas e compare os resultados pelos dois processos.
kc
wM
2
,
5
6
6
3
5
[
β
0
,
3
9
4
βx
]
S
d
x
A M
d
1 0
ks
s
t
σs
[
1
,
3
9
4
βx
]
S
d
kc
w M
2
,
6
1
4
4
6
[
β
0
,
3
7
7
5
βx
]
S
d
x
A M
d
1 ,
ks
s
t
σs
[
1
0
3
7
7
5
βx
]
S
d
kc
w
M
2
,
8
6
8
7
5
[
β
0
,
3
7
5
βx
]
S
d
x
A M
d
1 0
ks
s
t
σs
[
1
,
3
7
5
βx
]
S
d
kc
w M
2
,
9
9
5
2
9
[
β
0
,
3
6
2
5
βx
]
S
d
x
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 155
A M
d
1 0
ks
s
t
σs
[
1
,
3
6
2
5
βx
]
(equação 6.58) [6.68]
S
d
e.- Concreto da classe C90
b
d
1
kc
w
M
2
,
8
5
6
[
β
0
,
3
5
βx
]
(equação 6.55) [6.69]
2
S
d
x
A M
d
1 0
ks
s
t
σs
[
1
,
3
5
βx
]
(equação 6.58) [6.70]
t
S
d
Como já visto quando MSd > MRd,lim é possível adotar armadura dupla como solução
para o equilíbrio da seção transversal nas situações em que βx > βx,lim.
Para organizar tabelas que possibilitem o dimensionamento de seções submetidas
à flexão simples com armadura dupla, faz-se o artifício de considerar uma seção
transversal em concreto armado submetida a um momento fletor de cálculo igual ao
momento de cálculo resistente limite - MRd,lim (seção 1) e, uma seção fictícia constituída
por barras de aço posicionadas junto as faces tracionada e comprimida (seção 2), como
mostra a figura 6.10.
A sc A sc
d` cd = c. fcd
x y = .x
h d = +
st
A st A st1 A st2
Análise da seção 1:
Considera-se que a seção 1 contribui com o equilíbrio com valor de momento igual
a:
βx
,
l
i
m
bw d2
MS1d MRd,lim [6.72]
k c,lim
Considerando kc = kc,lim determina-se na tabela A-3 (concretos das classes C20 até
C50) e tabela A-5 (concretos das classes C55 a C90) o valor de ks que possibilita o
cálculo da área da armadura Ast1 pela equação 6.70.
MRd,lim
A st1 k s,lim [6.73]
d
Análise da seção 2:
O valor do momento que precisa ser absorvido pela seção 2 fictícia é dado por:
Lembrando que:
x = x,lim [6.76]
σ st = f yd [6.77]
σ sc = f(ε sc ) [6.78]
1 MS2d M
A st2 k s2 S2d [6.80]
fyd [d d' ] [d d' ]
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 157
1 MS2d MS2d
A sc k sc [6.83]
σ sc [d d' ] [d d' ]
R
d
,
l
i
m
Essa indicação é válida para concretos do grupo I e barras de aço CA-50. Ela foi
estudada por Pfeil (1978) e Clímaco (2016), com base em sugestões de normas russas.
Quando o limite citado for ultrapassado é necessário pensar em alternativas como
aumentar a altura ou a largura da viga.
Lembrar que há necessidade de verificar o estado-limite de deformações
excessivas – ELS-DEF, ou seja há que se verificar a flecha da viga.
Sugere-se ao leitor fazer o exemplo do item 6.11.3 usando as tabelas tipo k
transcritas no Anexo e analisar os resultados obtidos.
que a viga de seção T tem maior inércia do que a viga de seção retangular quando se
considera só a alma trabalhando. A viga T apresenta menor área de barras tracionadas
quando comparada com a viga retangular, quando sob ações do mesmo momento fletor
de cálculo, e com a mesma largura da alma (bw) e altura (h).
Todos as seções transversais de vigas podem ser tratadas como viga T, desde que
as faces comprimidas de lajes e vigas coincidam. A ocorrência de vigas retangulares
isoladas é usual nas construções pré-fabricadas, quando os tipos de ligações podem não
permitir a consideração de viga T.
Quando as vigas são solicitadas por esforços solicitantes de flexão as lajes
adjacentes a elas contribuem na rigidez do sistema viga-laje, desde que estas estejam
localizadas na zona comprimida pelo momento fletor. Esse ganho de rigidez da viga
considerando as lajes como parte de sua seção transversal ocorre em virtude do
aumento na área de concreto resistente, pois está, agora, é composta pelo retângulo da
própria viga acima da linha neutra com as contribuições das lajes.
A figura 6.11 apresenta parte de uma viga contínua deformada por flexão com
solicitações de momento fletor e força cortante, inclusive mostrando a fissuração por
tensões normais, percebendo-se que nas regiões dos apoios da viga (pilares) as mesas
estão submetidas a forças resultantes de tração e na região de meio de vão a mesa está
submetida a força resultante de compressão. Como a região superior da viga está
submetida a tensões de compressão e as regiões das lajes que ligam a viga também
estão comprimidas justifica as suas considerações na capacidade resistente da viga.
a) b) c)
Figura 6.11 - Análise das seções transversais de viga contínua [MacGregor, 1992]
Zona comprimida
Zona comprimida
Zona comprimida
Linha neutra
Linha neutra
Linha neutra
Zona tracionada
Zona tracionada Zona tracionada
Pode-se ver na figura 6.12 que a seção transversal, de acordo com as hipóteses
adotadas, permanece plana após a deformação tanto para o caso de viga T como de
viga retangular.
A ABNT NBR 6118:2014 indica critérios para a determinação da largura
colaborante de vigas de seção calculada em função das dimensões das lajes que se
apóiam na viga em análise. Esses critérios são descritos a seguir.
A largura colaborante bf é igual à largura da alma da viga (bw) acrescida de no
máximo 10% da distância (a) entre pontos de momento fletor nulo, para cada lado da
viga em que houver laje colaborante.
A distância "a" pode ser estimada, em função do comprimento do tramo
considerado, como se apresenta a seguir:
A figura 6.15 mostra as propriedades geométricas de uma seção T, que para efeito
de dimensionamento se considera apenas a largura da flange (bf), também chamada de
largura colaborante, a espessura da laje (hf), a altura útil (d) e a altura (h).
A espessura da flange (hf) é a própria espessura da(s) laje(s) maciça(s) apoiada(s)
na viga, determinadas com critérios próprios de resistência e de utilização, ou sejam
deformações (deslocamentos) e fissuração
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 161
bf
hf
Mesa
h d
Alma
bw As
Analisando a figura 6.12 a linha neutra pode ficar na mesa (figura 6.12b) ou na alma
(figura 6.12a) dependendo da intensidade do momento fletor e das dimensões da viga
de seção T.
A distribuição de tensões de compressão no concreto tem a forma parábola -
retângulo, da figura 6.3, com altura (x) do diagrama, que é a medida da profundidade da
linha neutra. Quando, por facilidade, se adota o diagrama retangular de tensões, para
que a resultante de compressão fique com o mesmo valor, a altura deste diagrama é
y
λ
x
.
Nos casos de vigas de seção T em que somente a mesa, ou parte dela, de
espessura igual a espessura da laje (hf), está comprimida, ou seja, sem participação da
parte da alma abaixo da face inferior da laje, a viga de seção T é dimensionada como
viga de seção retangular com bw = bf, pois:
y
λ
x
hf
[6.84]
x
βx (equação 6.17)
d
[6.85]
[6.86]
x
f
1
/
λ
hf
a ︵ ︶ .
Na equação 6.86 λ tem os valores indicados nas equações 6.03 e 6.04, quando se
adota concreto do grupo I ou do grupo II, respectivamente.
162 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
Nos casos em que a linha neutra está contida na alma da viga T o dimensionamento
é feito considerando a viga como de seção T adaptando as expressões já estudadas
para uso das tabelas tipo k.
A primeira verificação a fazer é com relação à posição da linha neutra para saber
se o tratamento é de viga de seção T ou viga de seção retangular, pois as rotinas de
dimensionamento são diferentes. Essa verificação é feita calculando a posição relativa
da linha neutra (x) que é comparada com a da posição relativa da espessura da mesa
(xf).
bf
hf scd
L. N. y
R cc
d h
R st
bw
A st A st
b f d2
k *c [6.87]
MSd
L. N.
d h
R st
bw
As As0 As1
A seção 0 é uma seção de alma fictícia de largura (bf – bw) e de banzos paralelos
sendo o comprimido com espessura igual a altura da laje (hf) e tracionado representado
pela área das barras da armadura necessária para equilibrar o momento fletor solicitante
de cálculo MSd0.
Assim, o primeiro passo é determinar:
bw0 bf bw [6.88]
βx
(equação 6.86)
,
f
(b f b w ) d2
MSd0 [6.89]
k cf
MSd0
A st0 k sf . [6.90]
d
Com a equação 6.59 (para concretos das classes C20 a C50) e equações 6.61,
6.63, 6.65, 6.67 e 6.69 (para concretos das classes C55 a C90) calcula-se o valor de kc
para a seção retangular, seção 1.
b w d2
kc [6.92]
MSd1
se for menor do que βx1,lim ( ) tem-se caso de seção retangular submetida a flexão
,
l
i
m
Nos casos de projetos de vigas de seção T em que a posição relativa da linha neutra
(βx) resultar maior que o valor limite (βx,lim), tem-se uma situação em que a seção
retangular (seção 1) está submetida à flexão simples com armadura dupla. Para o
dimensionamento, segue-se a rotina estudada para seção retangular submetida à flexão
simples com armadura dupla, conforme item 6.12.2.
O objetivo destes exemplos é aplicar a rotina para cálculo das áreas das barras da
armadura para a viga considerada de seção T. Os dados para o projeto são: espessura
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 165
da alma (bw) igual a 25 cm, altura da viga (h) igual a 80 cm, largura da mesa (bf) igual a
80 cm e espessura da mesa (hf) igual a 10 cm, concreto C25 e aço CA-50, submetida a
momento fletor solicitante característico (MSk) indicado em cada caso. A figura 6.18
apresenta os dados geométricos da viga T.
A altura útil (d), que é a distância do centro geométrico das barras da armadura
longitudinal de tração, precisa ser avaliada considerando: classe de agressividade
ambiental II, de agressividade moderada - região urbana, para, de acordo com a ABNT
NBR 6118:2014, determinarem-se os cobrimentos das armaduras igual a 3 cm, neste
exemplo sem redução de ∆c, os espaçamentos vertical e horizontal entre as barras para
que ocorra passagem de concreto durante o lançamento e conveniente adensamento.
As distâncias entre as barras medidas na horizontal precisa ser o maior valor entre
2 cm, o diâmetro da barra longitudinal e 1,2 vez o diâmetro da pedra britada usada no
concreto, normalmente pedra britada número 1 que tem 1,9 cm de diâmetro aparente.
Para o espaçamento vertical são consideradas as duas primeiras indicações e a última
é considerada 0,5 vez o diâmetro aparente da pedra britada. Essas indicações são da
ABNT NBR 6118:2014.
VT (bw x h) 80 cm
c
75 80 cm
P02 M Sd
P01
c
c
l =8 m 25
C25; CA-50
g+q
MSk
MSd
MSd
VSd
VSd
Assim, esperando que a área das barras da armadura a ser calculada possa ser
alojada em uma única camada, posicionada junto a face inferior da viga, a distância do
centro geométrico das barras até a face inferior da viga, conforme equação 6.95:
d
'
c
2
[6.95]
t
resultando:
1,6
d' 3,0 0,5
2
166 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
d
'
4
,
3
c
m
b f d2 80 752
k *c 10,7 (equação 6.87)
MSd 1,4 30.000
Na tabela A-3 determina-se a posição relativa da linha neutra para concreto C25 e
k c* = 10,7, resultando:
10
β x, f 0,17 (equação 6.85)
0,8 75
Como,
x 0,08 x, f 0,17
0
,
0
2
4
1
3
,
4
c
m
2
5
(equação 6.60)
s
t
Considerando que a área de uma barra de diâmetro 16,0 mm é igual a 2,01 cm2
(Tabela A-1) a viga precisa de 7 barras de 16,0, com área efetiva (Ast,efe) de 14,07 cm2.
Capítulo 6 - Dimensionamento de elementos estruturais solicitados por ação de momento fletor – ELU 167
A ABNT NBR 6118:2014 indica que as vigas precisam ter área de armadura efetiva
maior que a área mínima calculada para o momento fletor de cálculo mínimo determinado
pela equação 6.43 (item 6.7.2.1).
Esta viga é considerada como de seção T e, portanto, tem que ser calculada a
medida do centro geométrico da seção transversal em relação a face inferior da viga, o
momento de inércia e a resistência característica à tração com o valor superior (equação
3.16).
Assim, tem-se:
De acordo com a figura 6.18 pode-se escrever a equação com a qual se calcula a
posição do centro geométrico da seção transversal, ou seja o momento estático da seção
é igual a soma dos momentos estáticos da mesa comprimida e da alma, todos em
relação a fibra mais tracionada.
Ss
e
ç
ã
o
,
f
t
m
e
s
a
,
f
t
a
l
m
a
,
f
t
8
0
2
5
1
0
7
5
2
5
8
0
4
0
portanto:
yt
4
7
,
6
c
m
2
5 1
8 2
0
3
3
I
8
0
2
5
1
0
4
7
,
6
5
,
0
2
5
8
0
4
7
,
6
4
0
︵ ︶
2
︵
︶ ︵ ︶ ︵ ︶
ou seja:
I
2
.
1
8
4
.
8
8
8
c
m
4
=
1
,
3
0
,
3
f
1
,
3
0
,
3
2
5
3
,
3
3
M
P
a
2c /
3
2 /
3
t k
,
s
u
p
2
.
1 4
8 7
5
.
8 6
8
8
M
0
,
8
W
fc
0
,
8
0
,
3
3
1
5
.
1
5
4
,
3
k
N
c
m
1
5
4
,
5
4
k
N
m
,
R
d
,
m
i
n
t k
,
s
u
p
e.- cálculo da área de armadura mínima
2 3
M
1
5
.
1
5
4
,
3
R
3
2
,
4
4
7
,
6
R
d
,
m
i
n
c
t
resultando:
R
2
8
4
,
1
6
k
N
c
t
A área de armadura mínima para absorver essa força de tração é calculada por:
2
8
4
,
1
6
A
6
,
5
c
m
2
4
3
,
5
s
t
,
m
í
n
Essa área mínima de armadura (6,5 cm2) é menor a área calculada (13,4 cm2) e
menor que a área efetiva (14,07 cm2).
A taxa de armadura longitudinal efetiva de armadura de tração é calculada por:
A Ac
1
4
,
0
7
0
,
0
0
5
5
2
0
,
5
5
%
s
t
8
0
2
5
1
0
2
5
8
0
s
t
c
1
,
4
6
9
0
9
6
6
k
N
m
S
d
O cálculo do valor k c* , para se verificar se a seção pode ser analisada como seção
T ou seção retangular, é feito pela equação 6.87 considerando bw = bf, resultando:
80 75 2
k
*
c 4,7 (equação 6.87)
96.600
β x 0,20
O valor de βx,f = 0,17 já foi determinado no exemplo 1 (item 6.13.3.1), sendo que βx
= 0,20 é, portanto, maior que esse valor da posição relativa da linha neutra. E, assim, a
seção transversal precisa ser dimensionada com os critérios de seção T.
O cálculo da área da seção transversal das barras da armadura longitudinal de
tração é feita com a rotina do item 6.13.2.2.
bf
b
8
0
2
5
5
5
c
m
(equação 6.88)
w
0
A posição relativa da linha neutra para a seção 0 é calculada pela equação 6.86:
h fλ
1 8
0 7
y
hf
1
0
c
m
βx
βx
0
,
1
7
d
0
,
5
(equação 6.86)
,
f
Na tabela A-3 para concreto C25 e aço CA-50 determinam-se os valores de kcf e
βx
βx
0
,
1
7
k cf 5,2 k sf 0,025
interpolan do
7 5
5
2
2 2
M
bf
b
8
0
2
5
5
9
.
4
9
5
k
N
c
m
5
9
4
,
9
5
k
N
m
︵ ︶ ︵ ︶
kc
S
d
0
5
9
4 7
.
9 5
5
A
ks
.f
0
,
0
2
5
1
9
,
8
c
m
2
Sd
d
0
s
t
0
O momento fletor de cálculo (MSd1) que a seção retangular precisa absorver é dado
por:
M
9
6
.
6
0
0
5
9
.
4
9
5
3
7
.
1
0
5
k
N
c
m
S
d
1
A rotina para determinação da área de armadura para a seção 1, como não poderia
ser diferente, é a mesma que a estudada para viga de seção retangular de largura bw e
altura h.
170 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
b w d2 25 752
kc 3,8 k s 0,025 β x 0,24
MSd1 37.105
O valor de βx = 0,24 é menor do que o valor de βx,lim = 0,45, o que verifica a condição
de dutilidade da viga, definindo situação de flexão simples com armadura simples.
A área de armadura As1, resulta:
M
3
7
1 7
.
0 5
5
A
ks
0
,
0
2
5
1
2
,
4
c
m
2
S
d
1
d
s
t
1
1
9
,
8
1
2
,
4
3
2
,
2
c
m
2
s
t
s
t
0
s
t
1
Essa área de armadura pode ser representada por 16 ϕ 16 mm com área efetiva
A
3
2
,
1
6
c
m
2
de barras da armadura de .
s
e
f
Sugere-se que o leitor faça o projeto da viga com o valor do momento fletor
característico MSk = 890 kNm.
Referência Bibliográfica
Estudo complementar
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Editora Pini Ltda,
1994.
SANTOS, L.M. Cálculo de concreto armado. 2v. São Paulo, LMS, 1983 (v.1), 1981
(v.2).
MONTOYA, P.J.; MESEGUER, A.; CABRE, M. Hormigon Armado 14.a Edición Basada
em EHE ajustada al Código Modelo y al Eurocódigo. Barcelona, Gustavo Gili, 2000.
7
DIMENSIONAMENTO DE
ELEMENTOS ESTRUTURAIS
LINEARES SOLICITADOS POR
FLEXO-COMPRESSÃO NORMAL –
ELU
7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS (25 de janeiro de 2017)
Nos casos de elementos estruturais lineares solicitados por força normal, momento
fletor e força cortante diz-se que o elemento está submetido a um estado de flexão
composta. A verificação de segurança da seção transversal quanto à força cortante é
feita separadamente, conforme estudado no capítulo 9. Portanto, é preciso analisar as
resistências de seções transversais solicitadas a flexo-compressão normal, com ação de
momento fletor cujo plano contém um dos eixos centrais de inércia da seção transversal,
e a flexão composta oblíqua, situação em que os planos de ações dos momentos fletores
não contém os eixos centrais de inércia da seção transversal.
O Boletim Técnico número 92, editado em 1967 pela Associação Brasileira de
Cimento Portland, define:
iguais que as resistências de cálculo Rd. No caso de seção transversal solicitada por
força normal e momentos fletores solicitantes de cálculo a verificação da segurança é
feita considerando as equações 7.01.
M
γ [7.01]
S
d
x
S
k
x
R
d
x
M
M
γ
S
d
y
S
k
y
R
d
y
c
u
Considerando a barra solicitada por força normal (NSd) e momento fletor (MSd)
indicada na figura 7.3, analisa-se a resistência da seção transversal retangular com
relação ao estado-limite último. A ruína convencional de uma barra de concreto armado
considerando as hipóteses dos estados-limites últimos pode ocorrer do mesmo modo
que o analisado para seção solicitada por momento fletor, como estudado no capítulo 6.
178 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
Nos casos práticos pode-se ter elementos estruturais solicitados por forças normais
de tração (caso de tirantes) e de compressão (caso de pilares), e, estas forças normais
atuando junto com momentos fletores, caso de pilares de pórticos.
Em face das intensidades da força normal (de tração ou de compressão) e do
momento fletor pode-se ter seções transversais com as seguintes situações, em relação
a solicitação das barras das armaduras:
Na figura 7.3 Asc2 (ou Ast2) é a área das barras comprimidas por ação exclusiva
de MSd e Ast1 (ou Asc1) é a área das barras tracionadas por ação exclusiva de MSd. A
força normal de compressão é considerada positiva (caso típico de pilares) e negativa
nos casos de tirantes.
Figura 7.3 - Seção transversal retangular de barra solicitada por força normal e
momento fletor
A formulação aqui apresentada foi desenvolvida por Lauro Modesto dos Santos
(1983), tomando por base trabalho de Jayme Ferreira da Silva Junior (1971).
No âmbito da EESC – USP, Departamento de Engenharia de Estruturas, encontra-
se o trabalho de VENTURINI (1987), que analisou o problema e construiu ábacos para
dimensionamento de seções retangulares solicitadas à flexão reta, com distribuições de
barras simétricas e laterais simétricas.
A formulação foi estudada também por PINHEIRO e AMARAL (2006) com a
finalidade de construção de ábacos para o dimensionamento das barras das armaduras
bilaterais simétricas. Aqui, neste capítulo 7, faz-se a mesma sequência adotada por
esses autores, adaptando-a.
das barras da armadura, com deformação última igual a 10‰, conforme estudado no
item 4.4.5.
Figura 7.4 - Barra de seção retangular solicitada por força normal de tração e
momento fletor – caso de duas armaduras tracionadas
x d' [7.02]
x d'
x [7.03]
d d
a.- reta a
as deformações nas barras da armadura tracionada são iguais a 10‰ e, por tanto,
as tensões são iguais à resistência de escoamento de cálculo das barras (fyd), e, a
medida da profundidade da linha neutra tende para menos infinito ( x );
b.- domínio 1
a medida da profundidade da linha neutra (x) varia entre um número que tende para
menos infinito ( x ) a zero inclusive, ou seja, x zero , e, portanto, a
εs
1
0
fy
as tensões nestas barras são menores ou iguais a resistência ao escoamento (
s
t
2
d
).
A equação de equilíbrio das forças normais é escrita conforme 7.04.
N
A
fy
σ
[7.04]
S
d
s
t
1
s
t
2
s
t
2
A equação 7.05 que considera o equilíbrio do momento fletor solicitante de cálculo
e os momentos das forças de tração nas barras das armaduras foi escrita considerando
para polo o ponto que contem o centro geométrico da seção transversal, conforme figura
7.4.
h 2
M
A
fy
d
' [7.05]
S
d
s
t
1
s
t
2
s
t
2
ε sx
t
2
t
1
d
d
[7.06]
'
Por meio da equação 7.06 é possível calcular a deformação nas barras menos
εs
εs
tracionadas ( ) em função das deformações das barras mais tracionadas ( ), a
t
2
t
1
tensão nessas barras pode se calculada por meio do diagrama tensão-deformação em
função da categoria das barras, conforme figura 4.4.
d' x d [7.08]
d' d
x 1 [7.09]
d d
Figura 7.5 - Barra de seção retangular solicitada por força normal e momento fletor –
caso de uma armadura tracionada e outra comprimida
A equação 7.10 representa o equilíbrio das forças resultantes das tensões nos
materiais concreto e barras de aço e a força normal solicitante de cálculo.
N
[7.10]
S
d
c
c
s
c
s
t
hx
y
σ
hx
λ
x
αc
fc
hx
λ
x
αc
fc
hx
d
λ
βx
αc
fc
[7.11]
c
c
c
d
d
R
A
σ
[7.12]
s
c
s
c
s
c
R
A
σs
[7.13]
s
t
s
t
hx
d
λ
βx
αc
fc
A
σs
A
σs
[7.14]
S
d
s
c
s
t
h 2
y 2
h 2
M
d
'
[7.15]
S
d
c
c
s
c
s
t
h x2
h 2
M
hx
d
λ
βx
αc
fc
0
,
5
λ
βx
A
σ
A
σ
d
'
2
d
[7.16]
S
d
s
c
s
c
s
t
s
t
ε sx
ε sd
c
t
x
d
[7.17]
'
εs
εs
c
tβ
1
d
[7.18]
'
βx
x
x
d
βx
,
3
4
Figura 7.6 - Barra de seção retangular solicitada por força normal de compressão e
momento fletor – caso de duas armaduras comprimidas
[7.19]
1 x [7.20]
A ruína convencional (ELU) pode ocorrer com deformações relativas aos domínios
4a, 5 e reta b.
As medidas das profundidades da linha neutra (x) e as relativas ( x ) podem ser
escolhidas de acordo com o indicado a seguir.
a.- domínio 4a
h yd
d
x
hy
1
βx
[7.21]
b.- domínio 5
h yd
→
∞
βx
→
∞
hy
[7.22]
εs
εs
εc
[7.23]
c
c
1
c
2
2
184 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
Assim, a deformação no concreto ( cc ) tem que ser igual a εc2 na fibra que dista
εc
εc
hy
/
εc
medida a partir da borda mais comprimida.
u
u
As áreas das barras das armaduras são iguais.
As equações de equilíbrio são escritas de acordo com duas possibilidades de
medidas da profundidade da linha neutra (x):
y
hy
λ
x
hy
x
1
,
2
5
hy
a.- < [7.24]
y
hy
λ
x
hy
x
1
,
2
5
hy
b.- = [7.25]
a.- domínios 4a e 5a ( )
N
hx
d
λ
βx
αc
fc
σs
σs
[7.26]
S
d
s
c
2
c
2
s
c
1
c
1
h
h 2
M
hx
d
λ
βx
αc
fc
λ
βx
d
'
2
2
d
[7.27]
S
d
s
c
2
s
c
2
s
c
1
s
c
1
x
1
,
2
5
h
hx
h
αc
fc
σs
σs
[7.28]
S
d
s
c
2
c
2
s
c
1
c
1
h 2
M
σs
d
'
[7.29]
S
d
s
c
2
c
2
s
c
1
s
c
1
a.- domínio 4a
ε cx
ε sx
ε sx
c
c
2d
c
1d
[7.30]
'
ε cβ
εs
ε sβ x
c
c
2
c
1
1
d
[7.31]
'
βx
d
b.- domínio 5
εc
ε sx
ε sx
cx
c
2d
c
1d
[7.32]
'
εs
ε sβ x
c
c
2
c
1
1
d
[7.33]
' d
βx
x
c.- reta b
x
→
∞
εs
εs
εc
[7.34]
c
c
1
c
2
e, portanto,
4
2
0
M
P
a
4
2
,
0
k
N
/
c
m
2
[7.35]
s
1
s
2
s
d
Esses valores das tensões são válidos para aço CA-50 e concretos até C50.
Neste caso de seção transversal com duas armaduras comprimidas o
dimensionamento econômico se dá com deformações relativas à reta b ou considerando
a área das barras menos comprimidas (Asc1) igual a zero.
7.3.4.1 Exemplo 1 - Elemento estrutural solicitado por força de tração suposta centrada
Figura 7.7 - Seção transversal retangular de elemento estrutural solicitado por força
normal de tração suposta centrada
4
3
,
5
A
4
3
,
5
(equação 7.04)
s
t
1
s
t
2
Resultando, portanto:
A
8
,
0
c
m
2
s
t
1
Que pode ser representada por 4 ϕ 16,0 mm dispostas em cada quina do elemento
estrutural, com área efetiva das barras igual a 8,04 cm2, ou por 10 ϕ 10,0 mm distribuídas
no perímetro do estribo, conforme figura 7.7. A área efetiva das barras da armadura é
igual a 7,9 cm2, ou seja 1,02% menor do que a área calculada, sem prejuízo da
segurança.
7.3.4.2 Exemplo 2 - Elemento estrutural solicitado por força de tração e momento fletor
Figura 7.8 - Seção transversal retangular de elemento estrutural solicitado por força
normal de tração e momento fletor
Capítulo 7 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por flexo-compressão normal – ELU 187
M N
1 5
0 0
0 0
e
0
,
2
m
2
0
,
0
c
m
S
k
S
k
A distância do centro geométrico até os centros geométricos das barras da
armadura é calculado por:
h 2
6 2
0
d
4
2
6
,
0
c
m
'
4
3
,
5
A
4
3
,
5
(equação 7.04)
s
t
1
s
t
2
6 2
0
1
,
4
1
0
.
0
0
0
4
3
,
5
A
4
3
,
5
(equação 7.05)
s
t
1
s
t
2
1
4
,
2
c
m
2
s
t
1
Essa área pode ser representada por 7 ϕ 16,0 mm com área efetiva de 14,07 cm2,
com um erro insignificante para menos em relação a área de armadura calculada.
A
1
,
9
c
m
2
s
t
2
Essa área pode ser representada por 2 ϕ 12,5 mm com área efetiva de 2,46 cm2.
A figura 7.8 mostra as barras da armadura posicionadas na seção transversal.
Neste exemplo de projeto não é possível determinar a medida da profundidade da
linha neutra, portanto a situação de deformação é indeterminado.
7.3.4.3 Exemplo 3 - Elemento estrutural solicitado por força de tração e momento fletor
1 5
3 0
0 0
e
0
,
2
6
m
2
6
,
0
c
m
S
k
S
k
188 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
Figura 7.9 - Seção transversal retangular de elemento estrutural solicitado por força
normal de tração e momento fletor
4
3
,
5
A
4
3
,
5
(equação 7.04)
s
t
1
s
t
2
6 2
0
1
,
4
1
3
.
0
0
0
4
3
,
5
A
4
3
,
5
(equação 7.05)
s
t
1
s
t
2
1
6
,
0
c
m
2
s
t
1
e
A
z
e
r
o
s
t
2
A área de 16,0 cm2 pode ser representada por 8 ϕ 16,0 mm com área efetiva de
16,08 cm2, ou por 5 ϕ 20,0 mm com área efetiva igual a 15,70 cm2.
7.3.4.4 Exemplo 4 - Elemento estrutural solicitado por força de tração e momento fletor
1 5
4 0
0 0
e
0
,
2
8
m
2
8
,
0
c
m
S
k
S
k
Capítulo 7 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por flexo-compressão normal – ELU 189
Figura 7.10 - Seção transversal retangular de elemento estrutural solicitado por força
normal de tração e momento fletor
1
6
,
7
c
m
2
4
3
,
5
1
,
(equação 7.14)
s
t
1
3
,
0 4
6 5
0 6
6 2
0
1
,
4
1
4
.
0
0
0
2
5
5
6
0
,
8
βx
0
,
8
5
0
,
5
0
,
8
βx
4
3
,
5
2
1
,
s
t
1
(equação 7.16)
1
6
,
6
c
m
2
s
t
1
e
A
z
e
r
o
,
por hipótese.
s
t
2
A área de 16,6 cm2 pode ser representada por 9 ϕ 16,0 mm com área efetiva de
18,09 cm2.
190 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
5 .
0 5
e
0
,
0
2
m
2
0
,
0
c
m
S
k
2
0
0
S
k
A
iguais as áreas das barras das armaduras, isto é, .
s
c
1
s
c
2
Figura 7.11 - Seção transversal retangular de elemento estrutural solicitado por força
normal de compressão e momento fletor
4
2
,
0
A
4
2
,
0
1
,
(equação 7.28)
s
c
2
s
c
1
6 2
0
1
,
4
5
.
0
0
0
4
2
A
4
2
(equação 7.29)
s
c
2
s
c
1
1
2
,
4
c
m
2
s
c
1
e
A
5
,
9
c
m
2
s
c
2
Capítulo 7 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por flexo-compressão normal – ELU 191
A área de 12,4 cm2 pode ser representada por 6 ϕ 16,0 mm com área efetiva de
12,06 cm2 e a área de 5,9 cm2 por 3 ϕ 16,0 mm resultando 6,03 cm2.
S
d
hx
fc
[7.36]
y
d
M h
μd
S2y
d
hx
fc
[7.37]
d
Msky = 70 kNm;
N h
1
,
4
9
0
0
0
,
7
7
S
d
3
0,
,
hx
fc
1
9
4
0
1
4
M h
1
,
4
7
.
0
0
0
0
,
1
5
S 2y
d
y
3
0,
,
hx
fc
d
y
1
9
4
0
2
d
1
4
d
4 4
'
0
,
1
0
hy
0
,
7
7
μd
0
,
1
5
e, considerando , e d’/h = 0,10, no ábaco da figura 7.13
d
determina-se:
ω
0
,
3
6
3
0 .
,
15
A
ω
A
fc
0
,
3
6
1
9
4
0
1
3
,
4
8
c
m
2
01
1
4
s
1
,
5
1
3
,
4 2
8
6
,
7
4
c
m
2
s
Considerando barras de aço de diâmetro 16,0 mm com área igual a 2,01 cm2 têm-
se 4 barras de aço de 16,0 mm por face com área efetiva de 8,04 cm2.
A figura 7.12b mostra o arranjo das barras da armadura longitudinal na seção
transversal.
Para uso da ábaco foi considerado hx = b e hy = h.
194 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
Figura 7.13 - Ábaco para cálculo da área das barras da armadura considerada
simétrica, para aço categoria CA-50 - Ábaco A – 2, Venturini (1987)
Capítulo 7 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por flexo-compressão normal – ELU 195
Figura 7.14 - Ábaco para cálculo da área das barras da armadura simétricas em duas
direções, para aço categoria CA-50 - Ábaco A – 34, Venturini (1987)
196 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MODESTO DOS SANTOS, L. Cálculo de concreto armado. 2v. São Paulo, LMS, 1983
(v.1), 1981 (v.2).
n
N
d
x
d
y
+
A
σs
=
[8.01]
S
d
R
d
s
i
i
d
A
i
=
1
c
d
c
c
n
M
e
=
M
X
d
x
d
y
+ i
A
σ
X
[8.02]
S
x
d
S
d
x
R
x
d
c
d
s
i
s
i
d
s
i
A
c
c
=
1
n
M
ey
=
M
Y
d
x
d
y
+ i
A
σ
Ys
[8.03]
S
y
d
S
d
R
y
d
c
d
s
i
s
i
d
i
A
c
c
=
1
sendo que:
Figura 8.1 - Seção transversal qualquer de elemento estrutural solicitada por força
excêntrica em relação aos eixos principais [Fusco (1981)]
N
S
d
A
fc
[8.04]
d
d
MSxd e
dx d x [8.05]
A c hx fcd hx
MSyd ey
dy d [8.06]
A c hy fcd hy
f yf c
A A
ω
d
s
[8.07]
c
d
A
hx
hy
Sendo que
e As é a área total das barras da armadura longitudinal,
c
1
.
5
5
0
k
N
S
d
M
1
.
5
5
0
7
,
5
1
1
.
6
2
5
,
0
k
N
c
m
1
1
6
,
2
5
k
N
m
S
x
d
M
1
.
5
5
0
2
0
,
0
3
1
.
0
0
0
,
0
k
N
c
m
3
1
0
,
0
0
k
N
m
S
y
d
4 6
'y
0
,
0
7
hy d
4 3
'x
0
,
1
3
hx
1
.
5 6
5 0
021
0
,
4
8
S
d
.
54
A
fc
d
3
0
c
M h
1
1
.
6
2
5
0
,
1
2
S
x
d
2
,
54
A
fc
x
d
3
0
6
0
3
0
c
1
,
M h
3
1
.
0
0
0
0
,
1
6
S
y
d
2
,
54
A
fc
y
d
3
0
6
0
6
0
c
1
,
0
,
0
5
d
/
hy
0
,
1
0
d
/ /
hx hx
0
,
1
0
d
/
hx
0
,
1
5
'y
'y
'x 'x
'x
( e ) e 16a ( e ), pois
d
/
0
,
0
7
0
,
1
2
'y
d
igual a 0,48, sendo que também há necessidade de interpolação.
Assim, tem-se:
0
,
1 0
2 ,
0
,
1
6
0
,
4
0
a.- Considerando e no ábaco da figura 13a para
x
d
y
d
d
6
0
0
,
5
8
0
,
4
9
obtém-se e para encontra-se ; entendendo que o valor de
d
0
,
4
8
0
,
5
4
é aproximadamente igual a 0,50, calcula-se o valor de .
d
0
,
1 0
2 ,
0
,
1
6
0
,
4
0
b.- Para e no ábaco da figura 14a para obtém-se
x
d
y
d
d
0
,
6
0
6
0
0
,
6
9
0
,
4
8
e para encontra-se ; entendendo que o valor de
d
d
0
,
6
5
é aproximadamente igual a 0,50, calcula-se o valor de .
0,65, resultando .
A área das barras da armadura longitudinal é calculada por:
1 fy
2
,
5 4
15
A
A
fc
0
,
6
0
3
0
6
0
4
4
,
3
6
c
m
2
01
1
,
s
1
,
5
20
hy = 60
x
7,5
h x = 30
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MODESTO DOS SANTOS, L. Cálculo de concreto armado. 2v. São Paulo, LMS,
1983 (v.1), 1981 (v.2).
PINHEIRO, L.M. & BARALDI, L.T.; PORÉM, M.E. Concreto armado: ábacos para
flexão oblíqua. São Carlos, EESC-USP, 1994.
as barras de aço às tensões de tração (embora, desde que tenham forma adequada,
resistam, também, tensões de compressão).
Os modelos de bielas e tirantes, quando aplicados às vigas, são usualmente
denominados modelos de treliça. A figura 9.1b apresenta um modelo de treliça para uma
viga simplesmente apoiada, submetida a uma ação uniformemente distribuída. Nessa
treliça fictícia, que substitui a viga real, o banzo superior é a zona comprimida de
concreto, o banzo inferior representa a armadura longitudinal de tração, as diagonais
comprimidas são as zonas situadas entre duas fissuras e as diagonais tracionadas, os
estribos ou as barras dobradas. No modelo teórico da figura 9.1b, as diagonais
tracionadas, que ligam os banzos da treliça, são constituídas por estribos verticais.
O Professor Lobo Carneiro, em texto escrito em 1964 dizia que: "A chamada treliça
clássica de Ritter-Mörsch foi uma das concepções mais fecundas na história do concreto
armado. Há mais de meio século tem sido à base do dimensionamento das armaduras
transversais - estribos e barras inclinadas - das vigas de concreto armado, e está muito
longe de ser abandonada ou considerada superada. As pesquisas sugerem apenas
modificações ou complementações na teoria, mantendo, no entanto, o seu aspecto
fundamental: a analogia entre a viga de concreto armado, depois de fissurada, e a
treliça".
O funcionamento como treliça ocorre em virtude da intensa fissuração da viga nas
proximidades do estado limite último convencional. Como as diagonais comprimidas são
delimitadas pelas fissuras, o ângulo de inclinação das bielas é dado pela inclinação
das fissuras. A inclinação das diagonais tracionadas é indicada pelo ângulo , sendo
90 o quando se adotam estribos verticais (figura 9.1b).
FSd
D B D B D
Rótula Pilar
(apoio em neoprene)
a)
b) Tirantes
Bielas
oriundas da força cortante. Esse modelo, hoje designado por Analogia Clássica da
Treliça, foi baseado nas seguintes hipóteses:
- as fissuras e, portanto, as bielas que ficam entre elas, têm inclinação < 45o, nos
trechos mais solicitados pela força cortante.
bf
bw
(alm a espessa)
bw 1 a 1
=valores elevados
bf 5 2
30 38
(alm a fina)
bw 1 a 1
=valores baixos
bf 12 6
38 45
Isso ocorre porque a diagonal comprimida está engastada na região de ligação com
o banzo comprimido, além do fato das diagonais serem muito mais rígidas que os
montantes tracionados (tirantes). Assim, a parcela de força cortante absorvida pela
armadura transversal é tanto menor ( menor) quanto maior for a largura da alma (bielas
mais rígidas).
Nos elementos de concreto armado submetidos às forças cortantes, além do
modelo de treliça, outros esquemas alternativos são capazes de transmitir as tensões
internas de uma seção transversal à outra. Nas vigas com armadura transversal, a
participação desses esquemas alternativos na resistência pode ser apenas secundária.
Entretanto, nas lajes sem armadura de cisalhamento, eles são responsáveis pela própria
resistência do elemento estrutural à força cortante.
Os esquemas alternativos principais são o efeito de arco, o engrenamento dos
agregados e o efeito de pino da armadura longitudinal. O engrenamento dos agregados
ocorre ao longo das fissuras do concreto, possibilitando a transmissão de forças oblíquas
por meio das próprias fissuras (figura 9.3a).
Em virtude da maior rigidez das barras de aço em relação ao concreto, as barras
das armaduras longitudinais funcionam como pinos de ligação que solidarizam as partes
da viga de concreto separadas pelas fissuras (figura 9.3b).
Fusco (1984) comenta que somente a viga de alma muito fina (bw/bf = 1/6) mobiliza
o esquema resistente de treliça desde o início da aplicação das ações. As vigas de alma
mais espessa somente apresentam tensões diagonais coerentes com o esquema de
treliça nos estágios em que as ações são de maior intensidade. Concluem-se, desse
modo, que nessas vigas funcionam preliminarmente os esquemas resistentes
alternativos, cuja colaboração diminui progressivamente, à medida que ocorre a
fissuração da peça. A resistência da peça decorre, portanto, da conjunção dos efeitos e
dos esquemas alternativos descritos.
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 213
a.- Ruína força cortante-compressão (figura 9.4a): este tipo de ruína é típico de
peças superarmadas transversalmente, nas quais ocorre ruptura do concreto das bielas
antes que as barras ou fios da armadura transversal entre em escoamento. A ruína é
frágil e sem aviso prévio. A segurança é garantida considerando que a resistência da
214 Capítulo 9 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por força cortante
diagonal comprimida seja maior que a tensão atuante relativa à força cortante solicitante
de cálculo.
b.- Ruína força cortante-tração (figura 9.4b): modo de ruína típico de peças
subarmadas transversalmente, isto é, aquelas em que as barras ou fios transversais
(estribos) escoam. Nesse caso ocorrem grandes deformações na armadura transversal
e fissuração excessiva no concreto. Garante-se a segurança desse tipo de ruína pelo
emprego de armadura transversal em quantidade suficiente.
a)
b)
c)
c.- Ruína força cortante-flexão (figura 9.4c): ocorre quando as fissuras diagonais de
cisalhamento cortam uma parte do banzo comprimido da peça. A diminuição da
espessura deste banzo pode provocar a ruptura do concreto. A seção de ruptura
usualmente se localiza nas proximidades de forças concentradas elevadas. A segurança
nesse caso é garantida por meio de dimensionamento e detalhamento adequados da
viga à flexão.
d.- Ruína por flexão da armadura longitudinal (figura 9.4d): decorre de deficiências
localizadas da armadura longitudinal de tração que impedem o funcionamento como
treliça. A atenção aos critérios de arranjo das armaduras, principalmente no que se refere
ao espaçamento e à ancoragem dos estribos, garante a segurança contra esse tipo de
ruína.
O efeito de arco ocorre nas regiões D próximas aos apoios, para onde as forças
(concentradas ou distribuídas) são transferidas por um campo de tensões de
compressão em forma de arco (figura 9.5a). Simplificadamente pode-se substituir esse
arco por uma biela (diagonal comprimida) com ângulo de inclinação 1 (figura 9.5b),
diferente da inclinação das outras bielas. Nas vigas usuais, o efeito de arco pode
absorver então uma parcela das ações atuantes. Essa parcela depende da esbeltez da
viga e do tipo e posição da ação. Leonhardt & Mönnig (1977) dizem que esse efeito
provoca um aumento da resistência ao cisalhamento em vigas rígidas, em que
2 / h 8 , e quando atua força próxima ao apoio (a/h 2) , sendo “a” a distância do
centro teórico do apoio até o eixo que contem o centro da força. A transferência direta
de parte da ação para os apoios provoca um alívio nos montantes tracionados da treliça,
resultando em uma diminuição da área da armadura transversal necessária. Contudo,
ressalta-se que o arco precisa se apoiar em um banzo tracionado bastante rígido (sem
diminuição da área da armadura longitudinal). Schafer & Schlaich (1988) sugerem a
equação 9.01 para o cálculo da inclinação dessa biela inclinada:
a1 cotgθ
cotgθ1 = + [9.01]
2z 2
sendo,
a1
a) b)
Para uma aplicação direta dos modelos, o Boletim CEB 198 (1990) apresenta uma
proposta para o equacionamento do problema. Uma força concentrada aplicada a uma
distância a arco / 2 do apoio é absorvida pela biela em arco (figura 9.6a). Isso também
216 Capítulo 9 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por força cortante
ocorre para a ação distribuída posicionada no trecho de viga de comprimento arco medido
a partir do apoio (figura 9.6b). O comprimento arco pode ser calculado pela equação 9.02:
Fd arco
a
b)
a)
a1
Fd
a
R cc 2
R st
2
c)
Figura 9.6 - Parcela das ações absorvidas pelo efeito de arco (CM - CEB-FIP, 1990)
1
FS
FS
e [9.03]
s
t
2
c
c
2
s
t
2
a
r
c
o
0
,
2
5
1
FS
[9.04]
s
t
3
a
r
c
o
Fd a Fd
a
R st3
tra ção
a) com pressão b)
Fd
a
Fd
R st3
c) d)
a)
b)
c) M Sd
N Sd
Zs
VSd
d)
Figura 9.8 - Modelos para vigas com banzos paralelos (CM - CEB-FIP, 1990)
z d h
bw
a) a taxa mecânica de armadura transversal não pode ser menor que 0,2, isto é:
f yf c
A s
ω
0
,
2
k
ss
w
b
e
n
[9.05]
s
w
t
m
ou seja, a equação 9.05 pode ser escrita como (9.06):
A sw f
ρsw 0,2 ctm senα [9.06]
bw s fyk
f ck2/3
fctm = 1,4 (em MPa) [9.07]
10
b) a inclinação dos estribos () em relação ao eixo da peça precisa ser no mínimo
igual a 45o e a inclinação das barras dobradas, no mínimo 30o;
VSd
R cw = [9.08]
sen θ
sendo que,
A tensão na diagonal comprimida pode ser calculada pela equação 9.09, pois, a
área desta diagonal é igual à medida da largura do elemento estrutural (bw) multiplicada
pela medida do segmento HI .
R cw
σ cw = [9.09]
b w z (cotg θ + cotg α) sen θ
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 221
VSd
σ cw = [9.10]
b w z (cotg θ + cotg α) sen 2 θ
0
,
7
σ
0
,
7
0
,
8
5
fc
[9.12]
c
w
c
d
v
2
z 0,9 d ; [9.13]
fck
αv 2 1 (em MPa); [9.14]
250
Tabela 9.1 - Valores de αv2 para os concretos indicados na ABNT NBR 6118:2014
Classe de
C20 C25 C30 C35 C40 C45 C55 C50 C60 C70 C80 C90
resistência
αv2 0,92 0,90 0,88 0,86 0,84 0,82 0,78 0,80 0,76 0,72 0,68 0,64
VSd VRd2 ; e,
0
,
5
4
fc
b
d
s
e
n
θ
c
o
t
g
α
c
o
t
g
θ
2
︵ ︶ [9.15]
d
2
v
2
VS
VR
0
,
2
7
fc
b
d
[9.16]
d
d
2
v
2
w
A equação 9.16 é a indicada na ABNT NBR 6118:2014 para a verificação da
compressão da diagonal comprimida quando se adota o Modelo de Cálculo I.
Vsw
senα = [9.17]
R sw
sendo,
Rsw a força resultante das tensões nas barras da armadura transversal no trecho
de medida z (cotg cotg ) , conforme figuras 9.10a e 9.10b;
Vsw a componente, que atua na direção da força VSd, da força resultante das
tensões nas barras da armadura transversal no trecho de medida z (cotg cotg ) , de
acordo com as figuras 9.10a e 9.10b.
1 2
E A G C
Rcc Rcc
I
z
Rcw Rsw
θ θ α
Rst Rst
F B H D
z cotg z cotg
z cotg + cotg
A
Rcc Rcc
z
NSd Estribos
zs
θ αα
Rst Rst
B s
z cotg + cotg
θ
VSd
Rcw
F B H
Vsw Rsw
Rsw
α
Rst
Rst θ α
B H
z
cotg + cotg
2
z (cotg θ + cotg α)
número de barras = nb [9.20]
s
0
,
9
d
A sw,1estrib o
Vsw fywd 0,9 d (cotg θ + cotg α) sen [9.22]
s
que é a equação indicada na ABNT NBR 6118:2014 para cálculo da área das
barras da armadura transversal quando se adota o Modelo II de dimensionamento sendo
que, neste modelo, o ângulo de inclinação das diagonais comprimidas (θ) e das barras
(α) podem ser escolhidos livremente.
No caso do Modelo I no qual se adota θ = 450 a equação 7.22 pode ser escrita
como:
A sw,1estribo
Vsw fywd 0,9 d (sen + cos ) [9.23]
s
Analisando a parte da viga indicada na figura 9.10a, entre as seções 1-1 e 2-2, há
uma tensão de tração σct que atua perpendicularmente a diagonal comprimida AB, em
toda a extensão, conforme figura 9.11. A tensão de tração é causada pela força Vcw,
considerada vertical, como a força cortante solicitante de cálculo VSd, e, sendo Rct a
resultante das tensões de tração, pode-se escrever a equação 9.25, deduzida tendo em
vista o equilíbrio destas forças indicado no polígono de forças da figura 9.11.
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 225
Vcw
cos [9.25]
R ct
z 0,9 d
AB [9.26]
sen sen
1 2
Borda comprimida A
Rcc Rcc
Asw d h z θ V
cw
σct Rct
θ
Rst Rst
B
Borda tracionada
Ast
bw
Figura 9.11 - Fissura inclinada por solicitação de momento fletor e força cortante -
cálculo da força Vcw de tração resistida pelo concreto
R ct
ct [9.27]
b w AB
[Mangini, 2000] da força Vcw calculada pela equação 9.28, tendo sido adotado pela norma
67%.
A ABNT NBR 6118:2014 indica que a força Vc0 é calculada pela equação 9.29,
quando o ângulo θ de inclinação da diagonal comprimida é adotado igual a 45o (Modelo
I), assim:
sendo,
fctk,inf
fctd [9.30]
c
Os valores de fctk,inf, de acordo com a ABNT NBR 6118:2014, são calculados com
as equações 3.15, 3.17 (para concretos da classe I) e 3.18 (para concretos da classe II).
Para o Modelo I de cálculo da armadura transversal (θ = 450) o valor de Vc é
determinado como segue:
Vc Vc 0 1 M0 / MSd,máx 2 Vc 0 na flexo-compressão;
sendo que,
MSd,máx é o momento fletor de cálculo, máximo no trecho em análise, que pode ser
tomado como o de maior valor no semitramo considerado (para esse cálculo não se
consideram os momentos isostáticos de protensão, apenas os hiperestáticos);
Vc
q
u
a
n
d
o
VS
Vc
;
1
0
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 227
O equilíbrio das forças verticais indica que a força cortante solicitante de cálculo
VSd na seção 1-1 é igual à força resultante das tensões de tração nos estribos inclinados
(Rsw), no trecho de medida 2 ( z / 2) (cot g cot g) sen , projetada na vertical segundo
o ângulo α, conforme figura 9.10d, obtendo-se:
Trabalhando a equação 9.34, resulta a equação 9.35 com a qual se calcula o valor
da força resultante nas barras da armadura longitudinal tracionada, considerando os
efeitos do momento fletor e da força cortante:
c
o
t
g
︵ ︶
[9.37]
Vsw
cotg θ cotg α [9.38]
A sw,1estribo
f ywd 0,9 d sen
s
A equação 9.38 pode ser escrita como indicado na equação 9.39, pois se
multiplicou e se dividiu a primeira parcela do segundo membro por sen cos .
Comparando a equação 9.40 com a equação 9.23, com a qual se calcula o valor
da resultante das tensões de tração nos estribos quando se considera o modelo I (
45 0 ), percebe-se que as expressões entre colchetes escritas nos denominadores da
equação 9.39 é a parcela Vsw da equação 9.23 e, portanto, igual ao primeiro membro da
equação 7.40. Quando se analisou a treliça clássica de Mörsch não se considerou a
contribuição do concreto por meio dos mecanismos alternativos de resistência (Vc) e,
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 229
VSd 1
cotg θ ( sen cos ) cotg α [9.41]
VSd Vc sen
A expressão entre parêntesis multiplicada por ( 1 / sen ) pode ser escrita como (
1 cotg ) resultando:
VSd
cotg θ (1 cotg ) cotg α [9.42]
VSd Vc
1 VSd
a d (1 cotg ) cotg α cotg [9.43]
2 VSd Vc
VSd,máx
a d (1 cotg ) cotg d [9.44]
2 ( VSd,máx Vc )
sendo:
a
d
|
Vs
|
|
Vc
|
, no caso de
d
,
m
á
x
1 2
=
︶
S
d
,
m
a
x
S
d
R
VS
c
o
t
g
θ
-
c
o
t
g
α
︵ [9.45]
s
d
,
c
o
r
z
A sw f
sw 0,2 ctm (equação 9.06) [9.46]
b w s sen fywk
bw
5mm t (bw em milímetros) [9.47]
10
Quando a barra que compõe o estribo for lisa o diâmetro não pode ser superior a
12 mm.
No caso de estribos formados por telas soldadas, o diâmetro mínimo pode ser
reduzido para 4,2 mm, desde que sejam tomadas precauções contra a corrosão da
armadura.
O espaçamento mínimo entre estribos, medido na direção do eixo longitudinal do
elemento estrutural, precisa ser suficiente para permitir a passagem do vibrador,
garantindo um bom adensamento da massa. O espaçamento máximo tem que atender
às seguintes condições:
s
e
VS
0
,
6
7
VR
e
n
t
ã
o
s
0
,
6
d
3
0
0
m
m
3
0
c
m
[9.48]
d
d
2
m
á
x
s
e
VS
0
,
6
7
VR
e
n
t
ã
o
s
0
,
3
d
2
0
0
m
m
2
0
c
m
[9.49]
d
d
2
m
á
x
VS
0
,
2
0
VR
e
n
t
ã
o
s
d
8
0
0
m
m
8
0
c
m
[9.50]
d
d
2
t
,
m
á
x
s
e
VS
0
,
2
0
VR
e
n
t
ã
o
s
0
,
6
d
3
5
0
m
m
3
5
c
m
[9.51]
d
d
2
t
,
m
á
x
9.6.3.1 Ancoragem
0
,
6
d
1
c
o
t
g
︵ ︶
[9.52]
m
á
x
Lembra-se que as barras dobradas são adotadas nos casos de projeto de viga em
que se quer que as partes longitudinais da barras absorvam as tensões de tração
ocorridas por ação do momento fletor positivo, e, absorva, também, na parte inclinada
em relação ao eixo horizontal, normalmente de 45o, as tensões de tração ocorridas por
ação da força cortante.
A sw f
sw 0,2 ctm (equação 9.46)
s b w senα fywk
sendo:
232 Capítulo 9 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por força cortante
A tabela 9.2 apresenta os valores das taxas de armadura mínima (ρsw,mín) para os
aços CA-50 e CA-60 (ABNT NBR 7480:2007) e para os concretos das classes de
resistências dos Grupos I e II indicados na ABNT NBR 8953:2015.
Retomando a equação 9.24, pode-se escrever:
Considerado que se quer determinar uma equação para cálculo da força cortante
resistente de cálculo relativa à área de armadura transversal mínima, pode-se fazer
VRd3=VRd,min e, portanto, Vsw,min, ou seja a força resistida pela armadura transversal
também é a mínima.
Assim:
A sw,mín,1estri bo
Vsw ,mín f ywd 0,9 d (sen + cos ) (equação 9.23)
s
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 233
Essa equação pode ser escrita, considerando o ângulo de inclinação dos estribos
em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural de 90o, e, multiplicando por 0,1
para compatibilizar as unidades de tensão, como:
A sw,mín
Vsw,mín 0,9 f ywd 0,1 b w d (em kN) [9.56]
bw s
5
0
0
fy
4
3
5
M
P
a
k1
,
5
1
,
1
5
[9.58]
w
d
6
0
0
fy
5
2
2
M
P
a
k1
,
5
1
,
1
5
[9.59]
w
d
fy
4
3
5
M
P
a
Essa resistência tem que atender o valor limite, isto é w
, com a
d
finalidade de controlar a fissuração por ação de força cortante.
Assim, a equação 9.57 pode ser escrita, no caso de se adotar no projeto barras
de aço CA-50 ou fios de aço CA-60:
resultando:
A sw,mín
sw,mín [9.63]
s bw
ou seja:
A sw,mín b 100
sw,mín w (em cm2/m) [9.64]
s n n 1
sendo,
bw é a espessura da viga;
VR
0
,
2
7
fc
b
d
0
,
1
d
2
v
2
f c1
VR
VR
0
,
2
7
1
0
,
1
b
d
b
d
k5
k4
0
,
d
2
c
u
Nas verificações das resistências das diagonais comprimidas junto aos apoios a
ABNT NBR 6118:2014 indica que se considere a força cortante de cálculo no apoio (VSd,
apoio).
Tabela 9.2 - Valores de τc, ρsw,min (CA-50 e CA-60) e τcu para dimensionamento
de vigas submetidas à solicitação de força cortante
Cálculo da área de armadura transversal em vigas
Força cortante
Força cortante resistente mínima
resistente última
Classe de Contribuição do Taxa geométrica mínima de Contribuição do
resistência do concreto armadura transversal concreto
concreto
ρsw,mín (%)
τc (kN/cm2) τcu (kN/cm2)
CA-50 CA-60
C20 0,0663 0,0884 0,0737 0,3549
C25 0,0769 0,1026 0,0855 0,4339
C30 0,0869 0,1159 0,0965 0,5091
Grupo I
VSd VRd3 c b w d
A sw,1estrib o
bw s
f ywd 0,9 0,1 b w d [9.67]
A ABNT NBR 6118:2014 indica que nas regiões dos apoios de vigas considera-se,
para o cálculo das áreas das armaduras transversais (estribos) as forças cortantes de
236 Capítulo 9 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por força cortante
cálculo solicitantes nas respectivas faces dos apoios (VSd,face do apoio), as reduções
possíveis dos módulos das forças são as indicadas no item 9.3.
A equação 9.68 é considerada para o cálculo da área de armadura transversal
quando se adotam barras de aço CA-50 ou fios de aço CA-60, conforme a ABNT NBR
6118:2014 que limita a resistência de escoamento de cálculo dos estribos (fywd) a 435
MPa, e com c indicada na tabela 9.2.
A limitação da resistência de escoamento de cálculo para os estribos é em virtude
de controlar de modo indireto as aberturas das fissuras por solicitação de força cortante.
Com a equação 9.68 determina-se a taxa geométrica de armadura transversal,
pois no projeto de vigas se conhece o valor da força cortante solicitante de cálculo (VSd)
e as dimensões da seção transversal da viga, largura bw e a altura h (e, portanto, a altura
útil d). Conhecido o valor da taxa ρsw, que tem que ser maior do que ρsw,mín, pois VSd é
maior do que VRd,mín, calcula-se a área de estribos com a equação 9.69.
A sw b 100
ρ sw w (em cm2/m) [9.69]
sn n 1
Sendo as,cal (ou as,mín) a área dos estribos calculada pela equação 9.69, a s,1 a
área de uma barra ou fio de aço, e 100/s o número de estribos em 1 m, pode-se escrever
a equação 9.70.
100
as,cal as,1 [9.70]
scal
a s,1
scal 100 [9.71]
a s,cal
100
número de estribos [9.72]
sado
100
a s,efe a s,1 (cm2/m) [9.73]
s ado
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 237
9.8.1.1 Preâmbulo
R
d
,
l
i
m
MSd MRd,lim .
O cálculo se faz com a rotina já estudada no capítulo 6. Para concreto C30 e barras
de aço CA-50 o valor de k c ,lim é igual a 1,5 (tabela A-3). Adotando, inicialmente, altura
útil igual a 45 cm, pois pode-se avaliar o diâmetro dos estribos de fios de aço CA-60 com
5 mm e a distância do centro geométrico das barras da armadura longitudinal em relação
ao plano tangente à primeira camada destas, ou seja:
d
5
0
2
,
5
0
,
5
2
,
0
4
5
c
m
b k
d
2
0 1
4 ,
5
2
2
M
2
7
.
0
0
0
k
N
c
m
2
7
0
k
N
m
5
R
d
,
l
i
m
c
,
l
i
m
E, sendo o momento solicitante de cálculo calculado por:
M
1
,
4
1
5
7
,
5
2
2
0
,
5
k
N
m
M
2
7
0
k
N
m
S
d
S
k
R
d
,
l
i
m
Sendo que MSd é menor do que MRrd a área das barras da armadura longitudinal de
tração é calculada com a rotina de armadura simples.
0
,
0
8
6
9
3
9
,
1
5
2
0
4
5
1
1
2
,
2
k
N
(equação 9.62)
d
,
m
í
n
De acordo com o diagrama de força cortante, junto aos apoios têm-se regiões com
estribos calculados para a força VSd reduzida (item 9.3), e, na outra região os estribos
têm a área mínima de armadura transversal.
f c1
VR
VR
0
,
2
7
1
0
,
1
b
d
b
d
k5
k4
0
,
(equação 9.66)
d
,
u
d
2
c
u
Com cu indicado na tabela 9.2 para C30 igual a 0,5091 kN/cm2 resulta:
VR
VR
0
,
5
0
9
1
2
0
4
5
4
5
8
,
2
k
N
d
,
u
d
2
As forças cortantes solicitantes de cálculo nos apoios são iguais a, de acordo com
a figura 9.12:
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 239
VS
1
,
4
VS
1
,
4
1
0
5
,
0
k
N
1
4
7
,
0
k
N
d
,
a
p
o
i
o
k
,
a
p
o
i
o
VR
VR
4
5
8
,
2
k
N
que é menor do que a força cortante resistente última ( ),
d
,
u
d
2
portanto há pequena probabilidade de ocorrer a ruptura da diagonal comprimida.
b w d2 20 45 2
kc 1,84
MSd 22.050
consultando a tabela A-3, para concreto C30 e barras de aço CA-50 obtém-se:
x 0,45 e k s 0,028
x x d 0,45 45 20,3 cm
0
,
4
5
A profundidade relativa da linha neutra resultou igual a é igual ao valor
x
limite indicado na ABNT NBR 6118:2014 para garantia da dutilidade da viga, face a
solicitação de momento fletor.
A área das barras da armadura longitudinal, com ks determinado pela tabela A-3,
resulta:
M d
2
2
.
0 4
5 5
0
A
ks
0
,
0
2
8
1
3
,
7
2
c
m
2
S
d
s
t
Adotando barras de 16,0 mm, com área de cada barra igual a 2,01 cm2, obtém-se
o número de barras necessárias na seção de meio de vão:
13,72
7 16,0 mm
2,01
V01 (20x50)
10
50
P01 P02
40
2
20 580 20
20
600
R 105 105
k
5 Ø t > 5cm
45
g+q 35kN/m
15
M 157,5
Sk 33 Ø 5,0 (130)
V Sk 105 105
M Sd 220,5
131,1
147
V = 112,2kN
Rd,mín
10 10
V = 112,2kN
267,5 Rd,mín
22,5
300
61 229 229 61
0
,
5
1
,
9
0
,
9
5
c
m
calculado de modo idêntico, porém, o terceiro critério fica igual a ,
portanto, o espaçamento mínimo vertical é igual a 2,0 cm.
O espaçamento horizontal entre as barras, segundo o arranjo mostrado no corte
vertical da viga (figura 9.12), é igual a 2,53 cm, portanto maior que 2,3 cm.
A distância do centro geométrico das barras da armadura longitudinal,
considerando como referência a face inferior da viga, resulta igual a 5,34 cm, que permite
calcular a altura útil efetiva por:
de
5
0
,
0
5
,
3
4
4
4
,
6
6
c
m
, ou seja, adota-se defe = 45 cm.
f
e
147 112,2
300 x VRd,mín
e, portanto:
x
2
2
9
c
m
VR
d
,
m
í
n
d
,
d
/
2
42
5
3
0
0
1
0
ou seja,
VS
1
3
1
,
1
k
N
d
,
d
/
2
242 Capítulo 9 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por força cortante
sw 0,15 %
Com a taxa calcula-se a área das barras da armadura transversal com a equação
9.69:
A sw b
ρ sw w 100 (equação 9.69)
( s n) n
obtendo-se:
0
,
1 0
5 0
2 2
0
A
1
0
0
1
,
5
c
m
/
m
2
1
s
w
0
,
0 1
9 0
6 0
5
2 2
0
1
0
0
0
,
9
7
c
m
/
m
s
w
,n
m
í n
(equação 9.64).
2 1
0 0
0
5
m
m
2
0
,
0
m
m
w0
(equação 9.47),
t
ou seja:
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 243
5
,
0
m
m
2
0
,
0
m
m
t
O espaçamento máximo tem que atender às seguintes condições:
s
e
VS
0
,
6
7
VR
e
n
t
ã
o
s
0
,
6
d
3
0
0
m
m
3
0
c
m
(equação 9.48),
d
d
2
m
á
x
s
e
VS
0
,
6
7
VR
e
n
t
ã
o
s
0
,
3
d
2
0
0
m
m
2
0
c
m
(equação 9.49).
d
d
2
m
á
x
Assim:
VS
=
1
3
1
,
1
k
N
<
0
,
6
7
4
5
8
,
2
3
0
7
k
N
d
Portanto,
s
0
,
6
4
5
2
7
c
m
3
0
c
m
m
á
x
1
0
0
1
3
,
3
3
c
m
1
,
(equação 9.71)
a
l
É conveniente adotar número inteiro (ou número com decimal igual a 0,5 cm) para
facilitar o trabalho na obra. Portanto, adotando-se espaçamento igual a 13 cm o número
de estribos, de acordo com a equação 9.72 resulta:
100
número de estribos em 1 metro 7,69
13
0
,
2
0
1
,
5
4
c
m
/
m
2
(equação 9.73)
,
e
f
e
5
c
m
1 2
1 8
1 2
2
1
2
,
5
2
4
2
,
5
5
3
0
,
5
2
3
0
,
5
2
5
1
2
7
,
1
c
m
︵
︶ ︵
︶
e
s
t
244 Capítulo 9 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por força cortante
2
0
,
0
2
2
,
5
2
0
,
5
2
0
,
5
3
0
,
5
1
2
,
5
c
m
comprimento horizontal:
5
0
,
0
2
2
,
5
2
0
,
5
2
0
,
5
3
0
,
5
4
2
,
5
c
m
comprimento vertical:
Os estribos têm cinco dobras e na quina onde estão os ganchos têm-se dois
comprimentos adicionais de medidas iguais a 1/8 de circunferência.
Cálculo não rigoroso do comprimento do estribo pode ser feito considerando:
2
1
5
2
4
5
2
5
1
3
0
c
m
e
s
t
Assim o comprimento de corte dos estribos é adotado igual a 130 cm, conforme
indicado na figura 9.12.
A quantidade de estribos é calculada dividindo-se o comprimento do trecho da viga
em que eles são distribuídos pelo espaçamento e acrescentando-se 1 estribo. No trecho
em que as forças cortantes de cálculo são maiores que a força cortante de cálculo
mínima resulta:
61
5 1 6 estribos
13
No trecho entre as seções transversais onde as forças cortantes são iguais a força
cortante mínima resulta para número dos estribos:
2 229
23 2 21 estribos
20
Nesse cálculo foram subtraídos dois (2) estribos pelo fato de terem sido acrescidos
nas duas regiões de seções transversais com força cortante de cálculo maior que a força
cortante resistente mínima.
A figura 9.12 apresenta o detalhamento dos estribos.
Os comprimentos das barras da armadura longitudinal de tração, calculadas para
absorver a força resultante das tensões de tração por solicitação de MSd, são estudados
no capítulos 10 e 12.
9.8.2 EXEMPLO 2 - VIGA BIAPOIADA COM AÇÕES UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDA
E CONCENTRADA
9.8.2.1 Preâmbulo
A figura 9.13 apresenta a vista longitudinal e o corte transversal de uma viga de
concreto armado solicitada por uma ação uniformemente distribuída, oriunda das
reações de apoio de lajes, da ação de parede de alvenaria e uma força concentrada de
150 kN atuando a 300 cm do centro geométrico do pilar P4, força esta igual à reação de
apoio de viga de concreto armado (V05) que se apóia na viga em análise.
O objetivo desta fase do projeto da viga é calcular as áreas das armaduras
transversais (estribos) considerando concreto classe C30 e aço da categoria CA-50 e
CA-60 (diâmetros de 5,0 mm).
A largura da viga (bw) e altura (h) são iguais a 25 cm e 75 cm, respectivamente.
Em função do alojamento das barras da armadura longitudinal de tração, dos
estribos e dos cobrimentos considerados no dimensionamento a altura útil (d) é adotada
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 245
igual a 71 cm, sendo que depois do detalhamento das barras da armadura longitudinal
de tração precisa ser calculada a altura útil efetiva.
Neste exemplo é feito o dimensionamento das armaduras transversais (estribos).
Este exemplo de viga é analisado na íntegra no capítulo 12.
0
,
0
8
6
9
3
9
,
1
5
2
5
7
1
2
2
1
,
3
k
N
d
,
m
í
n
Em nenhuma seção transversal as forças cortantes solicitantes de cálculo são
maiores do que a força cortante resistente mínima, conforme figura 9.13, portanto em
todas as seções a área da armadura transversal é igual à área mínima.
Considerando a equação 7.66, com cu indicado na tabela 9.2 para concreto C30,
a força cortante resistente última é igual a:
VR
VR
b
d
0
,
5
0
9
1
2
5
7
1
9
0
3
,
7
k
N
d
,
u
d
2
c
,
u
VR
2
2
1
,
3
k
N
d
,
m
í
n
b n
0
,
0 1
9 0
6 0
5
2 2
5
1
0
0
1
0
0
1
,
2
1
c
m
/
m
s
w
,n
m
í n
2
w
︵ ︶
s
w
,
m
í
n
︵ ︶
b 1
2 1
5 0
0
5
m
m
2
5
,
0
m
m
w0
(equação 9.47)
t
V02 (25x75)
V05
10
75
P03 P04
20 380 20 280 20
R v2 = 150 kN 25
g + q = 20kN/m
k k
70,0 70,0
64,3 85,7
VSk 134,3 155,7
x + 400
MSk
+
MSk 377,2
V = 221,3kN
188 Rd,mín
76
VSd
134
218
V = 221,3kN
Rd,mín
10 10
s
e
VS
0
,
6
7
VR
e
n
t
ã
o
s
0
,
6
d
3
0
0
m
m
3
0
c
m
(equação 9.48)
d
2
m
á
x
s
e
VS
0
,
6
7
VR
e
n
t
ã
o
s
0
,
3
d
2
0
0
m
m
2
0
c
m
(equação 9.49)
d
2
m
á
x
Assim:
VS
=
2
1
8
,
0
k
N
<
0
,
6
7
9
0
3
,
7
6
0
5
,
5
k
N
d
Portanto,
s
0
,
6
7
1
4
2
,
6
c
m
m
á
x
porém,
s
3
0
c
m
m
á
x
então;
s
3
0
c
m
m
á
x
1
0
0
1
6
,
5
3
c
m
1
,
a
l
100
número de estribos em 1 metro 6,25
16
0
,
2
0
1
,
2
5
c
m
/
m
2
,
e
f
e
9.8.3.1 Preâmbulo
A figura 9.14 apresenta a vista lateral e o corte transversal de uma viga de concreto
armado submetida a uma ação uniformemente distribuída com intensidade de 25 kN/m
e com uma ação concentrada de 250 kN atuando a 300 cm do centro geométrico do pilar
6, reação da viga V06.
O objetivo desta fase do projeto da viga é calcular as áreas das armaduras
transversais (estribos) considerando concreto da classe C30 e aço da categoria CA-50
e CA-60 (diâmetros de 5,0 mm).
A largura da viga (bw) e altura (h) são iguais a 20 cm e 80 cm, respectivamente.
Em função do alojamento das barras da armadura longitudinal de tração, dos
estribos e dos cobrimentos considerados no dimensionamento a altura útil (d) é adotada
igual a 74 cm, sendo que depois do detalhamento das barras da armadura longitudinal
de tração precisa ser calculada a altura útil efetiva.
Neste exemplo é feito o dimensionamento das armaduras transversais (estribos).
Considerando as ações atuantes na viga, foi verificada a segurança com relação
às tensões normais, para o momento fletor de cálculo de maior intensidade, na seção
em que atua a força concentrada, obtendo-se para área das barras da armadura
longitudinal de tração 34,6 cm2 e área das barras longitudinais de compressão igual a
2,74 cm2, portanto, com solução em armadura dupla, pois MSd > MRd,lim.
3
9
,
1
5
b
d
0
,
0
8
6
9
3
9
,
1
5
2
0
7
4
1
8
4
,
5
k
N
︵ ︶
d
,
m
í
n
s
w
,
m
í
n
VR
b
d
0
,
5
0
9
1
2
0
7
4
7
5
3
,
5
k
N
d
,
u
d
2
c
,
u
9.8.3.4 Seções nas quais a força cortante de cálculo é igual a força cortante resistente
mínima
e, portanto:
x
2
5
1
,
4
c
m
VR
d
,
m
í
n
,
P
0
5
Conforme pode ser observado na figura 9.14 no trecho entre o pilar P06 e a seção
em que atua a força concentrada, as forças cortantes solicitantes de cálculo são maiores
que a força cortante resistente mínima, portanto, neste trecho a taxa de armadura
transversal é calculada com a equação 9.68 e a área dos estribos é calculada com a
equação 9.69.
Esses segmentos estão desenhados no diagrama de força cortante de cálculo
para posterior indicação das armaduras, conforme figura 9.14.
Assim, de acordo com o indicado na ABNT NBR 6118:2014 e item 9.3 deste texto,
não é feita a redução no módulo da força cortante relativa a força concentrada para
cálculo das áreas dos estribos.
No diagrama de forças cortantes de cálculo estão definidas as seções transversais
que estão submetidas às forças maiores que a força cortante mínima e aquelas em que
a força cortante é menor que a mínima, sendo que neste caso a área de armadura
transversal é igual a mínima necessária.
9.8.3.6 Cálculo das áreas das barras (ou fios) da armadura transversal (estribos)
2
0
7
4
︵
︶
s
w
250 Capítulo 9 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por força cortante
0
,
2
4
%
s
w
Com essa taxa calcula-se a área das barras da armadura transversal (estribos
adotados com dois ramos) com a equação 9.72, resultando:
A s
b n
0
,
2 0
4 0
2 2
0
1
0
0
1
0
0
2
,
4
c
m
/
m
2
s
wn
1
s
w
︵ ︶
Observa-se que para o cálculo desta área de armadura poderia ter sido feita a
redução na força cortante de cálculo, considerando a força cortante de cálculo na seção
que dista d/2 da face do apoio P05.
A consideração da força solicitante de cálculo com o módulo reduzido é opcional,
o projetista faz se achar conveniente.
2
0
7
4
︵
︶
s
w
sw 0,33 %
b n
0
,
3 0
3 0
2 2
0
1
0
0
1
0
0
3
,
3
c
m
/
m
2
s
wn
s
w
︵ ︶
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 251
V03 (20x80)
V06
10
80
P05 P06
20 380 20 280 20
R VT03 = 250 kN
20
400 300
P03 P04
Rk
C30
CA-50 e CA-60
g+q 25 kN/m 25 kN/m
d = 74cm
b = 300cm > 2d = 148cm
87,50 87,50
107,14 142,86
V 194,64 94,64 155,36 230,36
Sk
x +
MSk 400
M+
Sk 578,60
272,5
10 V = 184,5kN
Rd,mín
132,5
VSd
10 V = 184,5kN
Rd,mín
217,5
322,5
Ø 8,0 c/15
Ø 8,0 c/20 Ø 5,0 c/20 Ø 8,0 c/15
242 138 30 280
10 10
Para o cálculo da área mínima dos estribos de fios de aço CA-60, a serem
posicionados entre as seções transversais nas quais as forças cortantes solicitantes são
menores do que a força cortante resistente mínima utiliza-se a equação 7.64, resultando:
252 Capítulo 9 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por força cortante
A s
0
,
0 1
9 0
6 0
5
2 2
0
b
/
n
1
0
0
1
0
0
0
,
9
7
c
m
/
m
s
w
,n
m
í n
2
︵ ︶
s
w
,
m
í
n
w
︵ ︶
2 1
0 0
0
5
m
m
2
0
,
0
m
m
w0
(equação 9.47)
t
0
,
6
7
VR
e
n
t
ã
o
s
0
,
6
d
3
0
0
m
m
3
0
c
m
(equação 9.48)
d
d
2
m
á
x
s
e
VS
0
,
6
7
VR
e
n
t
ã
o
s
0
,
3
d
2
0
0
m
m
2
0
c
m
(equação 9.49)
d
d
2
m
á
x
Assim:
VS
=
3
1
9
,
0
k
N
<
0
,
6
7
7
5
3
,
5
k
N
d
Portanto,
s
0
,
6
7
4
4
4
,
4
c
m
m
á
x
Lembra-se que o espaçamento máximo tem que ser menor ou igual a 30 cm.
A tabela 9.3 apresenta as áreas das barras dos estribos necessários nas
armaduras transversais da viga.
(kN) 2
(cm /m) (mm) (cm) (cm2/m)
319,0 3,30 8,0 15 3,33
269,0 2,40 8,0 20 2,50
VSd<VRd,mín 0,97 5,0 20 1,00
As distribuições dos estribos são mostradas na figura 9.14 que ilustra a memória
de cálculo. Os detalhamentos são feitos de modo semelhante ao exemplo 1.
A verificação da necessidade de armadura de suspensão na ligação da viga V03
com a viga V 06 é feita no item 9.2.
9.8.4.1 Preâmbulo
Para a viga V04 da figura 9.15, com uma ação concentrada de 250 kN atuando
em uma seção transversal que dista 130 cm do centro do pilar P08, reação da viga V07,
calculam-se as áreas das barras da armadura transversal considerando concreto classe
Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais 253
C30 e aço categoria CA-50 e CA-60. A ação uniformemente distribuída na viga V04 é
igual a 25 kN/m.
A viga V04 tem as mesmas dimensões da viga V03, do exemplo do item 9.8.3,
inclusive com os módulos das forças aplicadas, porém mudando a posição da viga
apoiada V07, modificando, portanto, os valores das forças cortantes junto aos pilares.
Os valores das forças cortantes resistentes mínima e última são as mesmas
calculadas para a viga V03.
A figura 9.15 apresenta a forma da viga com os desenhos da vista longitudinal e
corte transversal, as intensidades dos esforços solicitantes, o diagrama de forças
cortantes solicitantes de cálculo e as distribuições dos estribos.
A força cortante relativa à força uniformemente distribuída pode ser considerada,
para cálculo da área das barras da armadura transversal, como a força cortante
solicitante de cálculo na seção que dista d/2 das faces dos apoios (P07 e P08).
Analisando o diagrama (não desenhado neste exemplo) de forças cortantes relativas à
ação da força uniformemente distribuída, e considerando a semelhança entre os
triângulos retângulos obtém-se:
Portanto, resulta:
VS
VS
1
0
6
,
1
k
N
1
,
4
8
7
,
5
1
2
2
,
5
k
N
d
,
P
0
7
,
d
/
2
d
,
P
0
8
,
d
/
2
1
,
4
2
0
3
,
6
2
5
0
,
4
k
N
1
,
4
2
0
3
,
6
2
8
5
,
0
k
N
d
,
P
0
8
,
r
e
d
,
f
c
1
0
6
,
1
2
5
0
,
4
3
5
6
,
5
k
N
1
,
4
2
9
1
,
1
4
0
7
,
5
k
N
d
,
P
0
8
,
r
e
d
O módulo da força cortante reduzida de cálculo junto ao pilar P08 é menor que a
força cortante de cálculo na seção transversal que atua a força concentrada (VSd
= 362,0 kN), portanto é com esta força que se calcula a área de estribos que serão
dispostos no trecho entre a ação da força centrada e o pilar P08.
A força cortante solicitante de cálculo, para cálculo da área da armadura
transversal, junto ao pilar P07 resulta:
254 Capítulo 9 - Dimensionamento de elementos estruturais lineares solicitados por força cortante
VS
1
0
6
,
1
1
,
4
4
6
,
4
1
7
1
,
1
k
N
VR
1
8
4
,
5
k
N
d
,
P
0
7
d
,
m
í
n
V04 (20x80)
VT07
10
80
P07 P08
20 550 20 110 20
250 kN
20
570 130
P07 P08
x
M+
Sk
5,36 m
+
MSk 358,60 kNm
187,5 V = 184,5kN
34,3 10 Rd,mín
VSd
12,0
10
V = 184,5kN
Rd,mín
362,0 407,5
força cortante é menor que a mínima, sendo que neste caso a área de armadura é igual
à área mínima necessária.
sw 0,40%
A sw b
ρ sw w 100
( s n) n
obtendo-se:
0
,
4 0
0 0
2 2
0
A
1
0
0
4
,
0
c
m
/
m
2
1
s
w
A área de armadura transversal mínima a ser disposta no trecho entre o pilar P07
e a viga VT 07 é igual a 0,97 cm2/m, conforme exemplo 3. O diâmetro mínimo e máximo
dos estribos é igual a 5,0 mm e 20,0 mm, respectivamente, e como mostrado no exemplo
3. Os espaçamentos máximos entre estribos também são os mesmos.
A tabela 9.4 mostra as áreas dos estribos necessários nas armaduras transversais
da viga.
f
S
I
k
fy
[9.74]
s
,
s
u
s
p
w
d
aI é a distância da face superior da viga VII (viga de apoio) até a face inferior da viga
VI (viga apoiada);
4
3
5
M
P
a
k
.
w
d
s
Viga de
Apoio (II) h/2
h
Viga
Apoiada ( I ) h/2
a) Apoio indireto b wI
h/2
Viga ( I )
Viga (II)
R st = R VI b wII
hI
h I = h II
hI
a) II I b) II I c) II I
hI
aI = hI aI
aI
a I = h II hI h II
d) II I e) II I f) II I
armadura longitudinal junto ao apoio calculada com o critério da ABNT NBR 6118:2014,
sendo que este tópico pode será estudado no capítulo 11.
Havendo necessidade de ganchos nas barras da armadura, é conveniente
posicionar os ganchos a 90° em plano paralelo à face inferior da viga em vez de verticais,
para evitar a tendência de formação de fissuras de flexão na Viga II (figura 9.20). Os
ganchos no plano vertical, porém inclinados, também podem ser adotados no projeto.
O arranjo geral das armaduras recomendado é o mostrado na figura 9.21, sendo
que as barras da armadura de tração da viga I precisam ser posicionadas sobre as barras
da armadura longitudinal de tração da viga II, isto é, na terceira camada de barras da
viga II.
Quando a face inferior da viga apoiada I está abaixo da face inferior da viga
suporte II, conforme figura 9.22a, as barras da armadura de suspensão precisam ser
constituídas por estribos (E1) alojados no trecho de ligação entre as duas vigas e
posicionados conforme figuras 9.22b e 9.22c. A área desta armadura é calculada pela
equação 9.75 sem nenhuma redução e com a força RSIk igual à reação de apoio da viga
I.
f R SIk
A s,sus,I [9.75]
fywd
f R SIk
A s,sus,II 0,5 [9.76]
f ywd
b wII
b
wI
I
hI /2 > b wII /2
Viga de
h
Apoio (II) II
b wI
b) Região de distribuição
h
I
Viga 0,70 A s,susp
Apoiada (I)
b wI
0,30 A s,susp
a) Intersecção entre as vigas
h I /2 > bwII /2
b wII
h I /2 > bwII /2
Viga de b
wI
I
Apoio (II)
h
b wI
II
b) Região de distribuição
0,70 A s,susp
hI
Viga
I
Apoiada (I) bw
0,15 A s,susp
0,15 A s,susp
a) Intersecção entre as vigas
b wI
Viga de
Apoio (II)
Viga
Apoiada (I)
Viga de
Apoio (II) Viga
Viga Apoiada (I)
Apoiada (I)
Viga de
Apoio (II)
a) b)
b wII
II
h
Estribos E2 Estribos E2
h
II Viga
Apoiada ( I )
Viga b wI
Apoiada ( I )
b wI
a) Corte b) Planta
Estribos E2 Estribos E2
Viga de
Apoio (II)
Estribos E2
Viga
Apoiada ( I ) E1
b WI Estribos E1
~15cm ~15cm
Viga II
Viga I
Viga II Viga I
A
a) Esquema Estático
Tração
Compressão
R st = R vI
c) Treliça
b) Detalhe A
b wI
Viga II
0,70 A s,susp
Viga I
h II /2 = b wI /2
b wII
h I /2 = b wII /2 h I /2 = b wII /2
e) Porcentagem da Armadura
d) Região de distribuição
Viga I
Viga II
Viga I Viga II
Não há necessidade de
armadura de suspensão
a) Esquema b) Mecanismo Resistente
2
5
0
k
N
e com força uniformemente distribuída de 25 kN/m, conforme figura
S
k
,
V
T
0
6
9.14.
Como foi estudado no item 9.8.3, exemplo da viga V03, na região de ligação entre
as vigas V03 e V06, é preponderante a área de armadura transversal de maior valor, ou
seja, calculam-se as áreas de estribos e de armadura de suspensão, adotando-se a
maior.
Analisando a figura 9.14 pode-se observar que na região da ligação entre as vigas
têm-se as seguintes armaduras:
1
3
2
,
5
k
N
VR
1
8
4
,
5
k
N
as
1
,
0
c
m
/
m
5
,
0
c
/
2
0
,
0
c
m
2
d
d
,
m
í
n
w
,
m
í
n
,
e
f
e
- à direita da ligação entre as vigas V03 e V06:
VS
2
1
7
,
5
k
N
VR
1
8
4
,
5
k
N
as
3
,
3
c
m
/
m
8
,
0
c
/
1
5
,
0
c
m
2
d
d
,
m
í
n
w
A área de armadura à direita da ligação foi calculada para a força cortante
solicitante de maior valor no trecho de 3,0 m entre a seção de aplicação da força
concentrada e o apoio P06, conforme estudado no item 9.8.3.3b.
Para o cálculo da armadura de suspensão segue-se o que foi estudado em 9.9.1.
As dimensões da seção transversal da viga V06 são a espessura bw = 20 cm e a
altura h = 60 cm. No cálculo da área da armadura transversal de suspensão considera-
se a equação 9.74 sendo que:
RIk = 250 kN, que é a reação da viga V06, considerada apoiada na Viga V03;
aI = 60 cm;
6 8
0 0
1
,
4 4
2 3
5 5
0
A
. I
6
,
0
c
m
2
f
S
I
k
fy
s
,
s
u
s
p
,
V
0
3
w
d
8 2
0
2
8
0
c
m
V2
0
3
;
e a área dos estribos de dois ramos da armadura de suspensão neste trecho é igual
a:
A 2
1 n
1 2
6
0 ,
,
0
,
7
0
,
7
2
,
6
3
c
m
/
m
s
,
s
uh
s
p
,
V
0
3
2
0
8
V2
0
3
resultou igual a 2,63 cm2/m; porém, do lado esquerdo da ligação a área de estribos
relativa à força cortante resultou igual a 1,0 cm2/m, havendo necessidade de se detalhar
até uma seção transversal que dista 40 cm da ligação entre as vigas estribos com área
de no mínimo igual a 2,63 cm2/m. Neste projeto optou-se por adotar a mesma área da
armadura transversal dimensionada para a força cortante junto ao apoio P06 que é
representada por ϕ 8,0 mm a cada 15,0 cm, assim padronizam-se o diâmetro e os
espaçamentos entre os estribos.
A distribuição dessa armadura de suspensão está detalhada na figura 9.14.
Na viga V06 é preciso detalhar armadura de suspensão com área igual a
0,30 A s,susp no trecho de medida 30 cm a partir da ligação entre as vigas V03 e V06, de
acordo com a figura 9.18.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHAFER, K.; SCHLAICH, J. (1988). Consistent design of structural concrete using strut
and tie models. In: COLÓQUIO SOBRE COMPORTAMENTO E PROJETO DE
ESTRUTURAS, 5, PUC/RJ, Rio de Janeiro, 1988. Anais.
10.2 ADERÊNCIA
10.2.1 DEFINIÇÕES
A s' ou montagem
h
P01 P02
B6
a1 a2 B5 h
g +q B4
k k B1
B2 B3
bw
Md
Md / 6
BARRA 1
Md / 6
BARRA 2
Md / 6
BARRA 3
Md / 6
BARRA 4
Md / 6
BARRA 5
Md / 6
BARRA 6
10Ø 10Ø
b b a a
b
OBSERVAÇÃO:
a6 - AS BARRAS 1, 2, 3 e 4
DEVEM CHEGAR ATÉ
BARRA Nº 6 - 1Ø OS APOIOS.
a5
- AS BARRAS 5 e 6 PODEM
SER TIRADAS DE SERVIÇO
BARRA Nº 5 - 1Ø DESDE QUE CONVENIENTE-
MENTE ANCORADAS.
BARRAS 1,2,3,4 - 4Ø
LAJE
b'
VIGA
As
ESTRIBOS
ESTRIBO ADICIONAL
b'
VIGA VIGA
BALDRAME BALDRAME
BLOCO
ESTACAS
b' = COMPRIMENTO DE ANCORAGEM
DE BARRAS COMPRIMIDAS
Ocorre por causa das ligações físico-químicas entre as barras de aço e a pasta de
cimento, e se define por uma resistência de adesão que se opõe à separação dos dois
materiais. Para pequenos deslocamentos relativos entre as barras de aço, sob tensão, e
a massa de concreto que a envolve essa ligação é rompida. A figura 10.3a mostra um
cubo de concreto moldado sobre uma placa de aço; a ligação entre estes dois materiais
se dá pela adesão. Para separá-los há necessidade de se aplicar uma ação representada
pela força Fb1, indicando separação na direção vertical. O mesmo fenômeno ocorre entre
barra horizontal e o concreto que a envolve, por exemplo no caso da barra número 6 da
viga da figura 10.1.
F b1
CO NCRETO
AÇO
F b1
gt g
t
F b2
b
b ) ADERÊNCIA PO R ATRITO
Fb3 F b3
Aderência mecânica
Esta parcela é por causa da conformação superficial das barras e fios de aço que
apresentam nervuras (barras de alta aderência) que funcionam como elementos de
apoio ao concreto, mobilizando tensões de compressão no concreto, que aumenta
Capítulo 10 - Análise da ancoragem por aderência de barras e fios de aço 269
a.- ações - alteram os esforços solicitantes, que por suas vezes modificam os
valores das tensões nas armaduras tracionadas ou comprimidas;
b.- fissuras - as fissuras quando surgem no concreto junto às faces das peças
acarretam um acréscimo de tensões nas barras da armadura aumentando;
c.- ancoragens nos extremos das barras - na seção transversal em que se pode
retirar a barra de serviço, a força atuante deve ser transferida para o concreto por
meio das resistências de aderência;
dx
b
b s b s
Ft Ft < Ftu Ft = Ftu
s
t
,
u
barra.
Considerando-se um elemento infinitesimal dx (Figuras 10.5 e 10.6), no equilíbrio
das forças atuantes na barra e no concreto que a envolve, pode-se escrever a equação
10.01.
A s s
dx b
A s( s+d s)
d
x
A
A
d
A [10.01]
s
t
s
t
s
t
s
t
s
t
s
t
A π
d d
s
t
s
t
x
[10.02]
b
fctk,inf
fctd [10.04]
c
0
para ≥ 32 mm;
3
272 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
a.- com inclinação maior que 45º em relação a horizontal (Figura 10.7a);
c.- para o caso de barra horizontal ou com inclinação menor que 45º com a
horizontal, desde que localizadas no máximo a 30 cm acima da face inferior do
elemento estrutural ou junta de concretagem horizontal mais próxima, quando a
altura for maior do que 30 cm e menor do que 60 cm (Figura 10.7c);
d.- quando a altura do elemento estrutural for maior do que 60cm, a região que dista
30 cm a partir da face inferior (Figura 10.7d);
e.- nos casos de lajes e vigas concretadas simultaneamente, a parte inferior pode
estar em uma região de boa aderência e a superior em região de má e a laje, se
tiver espessura menor do que 30 cm está em uma região de boa aderência,
conforme ilustrado nas figuras 10.7e e 10.7f.
a) b)
II h - 30 II 30
< 45° 30 < h < 60 h > 60
I 30
I < 45° h - 30
c) d)
I II I
h f < 30cm
h < 60cm
I 30 cm
e)
I II I
h f < 30cm
h > 60cm
I h - 30 cm
f)
A ABNT NBR 6118:2014 indica que podem ser utilizadas várias barras
transversais soldadas para a ancoragem de barras, desde que seja seguido o indicado
na figura 10.8:
0
,
6
0
a- diâmetro da barra soldada ;
5
b.- a distância da barra transversal ao ponto de início da ancoragem seja
;
A ABNT NBR 6118:2014 indica que pode ser usada uma barra transversal única soldada
como dispositivo de ancoragem integral da barra, desde que:
- t = barra ancorada;
- não seja maior que 1/6 da menor dimensão do elemento estrutural na região da
ancoragem ou 25 mm;
- a solda de ligação das barras seja feita no sentido longitudinal e transversal das barras,
contornando completamente a área de contato das barras;
1
valor do comprimento de ancoragem básico reto (b), conforme indicado na figura 10.9.
bu
R st
b
[10.05]
s
t
fb
4
[10.06]
d
2
5
d
4
[10.07]
b
Assim que uma barra da armadura longitudinal de uma peça de concreto armado
puder ser retirada de serviço basta assegurar que, à partir da seção onde ela pode ser
retirada, exista um comprimento suplementar (b) que garanta a transferência das
tensões na barra para o concreto.
A ABNT NBR 6118:2014 indica que o comprimento de ancoragem por aderência
2
5
Calcular o comprimento de ancoragem básico sem gancho para uma barra de aço
6
,
3
m
m
3
2
,
0
m
m
Solução:
1 2,25 , pois, se trata de barra de diâmetro ϕ, maior do que 6,3 mm, laminada
com nervuras com a finalidade de melhorar a aderência;
O valor de fctd é calculado pela equação 10.04 e fctk,inf é calculado pelas equações
3.15 e 3.17, pois o concreto é da classe C30 resultando,
fc
1 1
fc
0
,
7
0
,
3
f
0
,
7
0
,
3
3
0
1
,
4
5
M
P
a
t k
,
i
n
f
2c /
3
2
/
3
,
4
td
c
fc
2
,
2
5
1
,
0
0
1
,
0
0
1
,
4
5
3
,
2
6
M
P
a
d
t
d
3
3
4
3
2
b
3
2
,
0
m
m
3
2
,
0
m
m
Solução:
1 2,25 , pois, se trata de barra com diâmetro maior do que 6,3 mm, laminada com
nervuras com a finalidade de melhorar a aderência;
O valor de fctd é calculado pelas equações 10.4 e fctk,inf é calculado pelas equações
3.15 e 3.18, pois o concreto é da classe C70, resultando:
fc
1
fc
0
,
7
2
,
1
2
n
1
+
0
,
1
1
fc
t k
,
i
n
f
︵
︶
t
d
k
c
c
1 1
fc
0
,
7
2
,
1
2
n
1
+
0
,
1
1
7
0
2
,
2
9
M
P
a
︵ ︶
,
4
t
d
fc
2
,
2
5
1
,
0
0
1
,
0
0
2
,
2
9
5
,
1
5
M
P
a
d
t
d
2
1
,
1
1
4
5
,
5
b
b
No caso de a área de armadura efetiva As,ef ser maior que a área de armadura
calculada As,calc, e isto ocorre na maioria das vezes em projetos de elementos estruturais,
pois as barras que compõem a armadura têm diâmetros padronizados, as tensões nas
278 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
f yf b
A A
A A
α
α
d
s,
c
a
l
c
s
,
c
a
l
c
4
[10.08]
b
,
n
e
c
b
,
m
í
n
s
,
e
f
s
,
e
f
A ABNT NBR 6118:2014 introduz na equação 10.08 o coeficiente para considerar
a existência de gancho na extremidade da barra, sendo:
1
,
0
sendo que b,mín é o maior valor entre 0,3 b, 10 e 100 mm.
3
2
m
m
b.- Barras longitudinais com
Quando na seção transversal do elemento estrutural tem pouco espaço, por ser
pequena a sua largura, para alojar as barras da armadura exigidas pelo cálculo de
verificação das tensões normais há necessidade de detalhá-las em forma de feixe de
barras, conforme mostrado na figura 10.10.
Este tipo de detalhamento permite um melhor adensamento do concreto por
facilitar a passagem do concreto e do vibrador. Os diâmetros das agulhas dos vibradores
são de 25 mm, 35 mm, 50 mm, 75 mm, reservando-se o de 100 mm para peças com
grande consumo de concreto por exemplo, os blocos de fundação. Em função das
larguras das vigas escolhe-se o diâmetro da agulha do vibrador a ser usado na obra.
e1 e1 e1
Fusco (1975), sugere que nas estruturas usuais de edifícios a dimensão e1,
mostrada na figura 10.10, deve ser adotada igual ao diâmetro da agulha do vibrador
acrescida de 1 cm. Lembra-se que não é conveniente que, durante o processo de
adensamento do concreto, o vibrador encoste nas barras da armadura, pois é possível
tirá-las da posição por ruptura do arame recozido que as fixa.
Na maioria dos projetos estruturais de edifícios em concreto armado as larguras
das vigas e as menores dimensões dos pilares são definidas em função de exigências
arquitetônicas, não permitindo ao projetista adotar valores compatíveis com a quantidade
de armadura a alojar.
A ABNT NBR 6118:2014 diz que as larguras das vigas e das vigas-parede não
devem ter medidas menores do que 12 cm; 10 cm pode ser adotado desde que cuidados
especiais sejam considerados no projeto e execução. A menor dimensão das seções dos
pilares não deve ser menor do que 19 cm; podem ser adotados valores entre 19 cm e 14
cm desde que os esforços solicitantes finais de cálculo sejam majorados por um
coeficiente n que é adotado em função da dimensão considerada.
Ao adotar detalhamento em feixes, como mostrado na figura 10.10, as barras
ficam posicionadas uma ao lado da outra no caso de feixes de duas barras e, com os
280 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
seus centros formando um triângulo equilátero no caso de feixes de três barras e para
feixes com quatro barras, os seus centros formam um quadrado.
Para o cálculo do comprimento de ancoragem de feixes de barras por aderência
considera-se o feixe como uma barra de diâmetro equivalente igual a:
n
[10.09]
n
e e e
4
b.- em ângulo de 45º (interno), com ponta reta de comprimento não inferior a
(Figura 10.12b);
8
c.- em ângulo reto, com ponta reta de comprimento inferior (Figura 10.12c).
2Ø
4Ø
8Ø
a) b) c)
Figura 10.12 - Tipos de ganchos.
Tabela 10.2 - Diâmetro dos pinos de dobramento (D) [ABNT NBR 6118:2014]
Tipo de aço
Diâmetro
(mm)
CA-25 CA-50 CA-60
2 2
0 0
4 5
5 8
-
1
db
db
Os diâmetros de dobramento (db) para as curvas das barras dobradas devem ser
adotados igual aos indicados na tabela 10.2.
a.- nas vigas - quando não se pode prescindir de barras comprimidas para se
verificar o equilíbrio das tensões normais é necessária a colocação de barras junto a
borda comprimida de viga (armadura dupla);
b.- nos pilares - precisam ser verificadas as ancoragens das barras nas regiões de
emendas por traspasse, no nível dos andares e, nas regiões de ancoragem das
armaduras dos pilares junto aos blocos ou sapatas de fundação (Figura 10.2).
R sc
b'
a.- semi circulares ou em ângulo de 45º (interno), com ponta reta de comprimento
5
1
0
b.- em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a , porém
t
não inferior a 7 cm (este tipo de gancho não deve ser utilizado para barras e fios lisos).
O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser, no mínimo, igual ao
indicado na tabela 10.3.
a.- duas barras soldadas com diâmetro para estribos constituídos por
t
1
1 ou 2 ramos;
284 Concreto armado: análise das resistências das seções transversais de elementos estruturais
1
,
4
b.- uma barra soldada com diâmetro para estribos de 2 ramos.
t
1
t
> 5 mm > 5 mm
2
> >
20 50 mm
t > 0,7 t > 1,4
Pode ser usada uma barra transversal única soldada como dispositivo de
ancoragem integral da barra desde que:
- t = da barra ancorada;
- não pode ser maior que 1/6 da menor dimensão do elemento estrutural na
região da ancoragem ou 25 mm;
2
0
- o espaçamento entre as barras ancoradas não deve ser maior que ;
t
- a solda de ligação das barras deve ser feita no sentido longitudinal e transversal
das barras, contornando completamente a área de contato das barras;
- a solda deve respeitar o prescrito no item 10.6.4.
- traspasse;
- solda;
A ABNT NBR 6118:2014 indica que esse tipo de emenda não é permitido para barras de
bitola maior que 32 mm. Cuidados especiais devem ser tomados na ancoragem e na armadura
de costura dos tirantes e pendurais (elementos estruturais lineares de seção inteiramente
tracionada).
No caso de feixes, o diâmetro do círculo de mesma área, para cada feixe, não deve ser
superior a 45 mm, respeitados os critérios estabelecidos em 10.3.2.
O comprimento da emenda por traspasse ( ) transfere as forças de tração nas
0
t
barras pelo efeito da aderência entre as barras e o concreto que as envolve, conforme
mostrado na figura 10.16. As emendas por traspasse podem ser feitas em ponta reta ou
com qualquer tipo de gancho dos apresentados na figura 10.12. Sempre que possível
deve-se utilizar emendas com extremidades retas, pois, segundo Leonhardt e Mönnig
(1977), os ganchos só devem ser detalhados quando puder ser evitada a ruína por
ruptura do concreto nas regiões dos ganchos.
A força de tração na armadura é transmitida de uma barra para outra por meio de
bielas de concreto inclinadas em relação ao eixo da barra (Figura 10.16).
R st
R st
b
,
n
e
c
01 >02
16 mm 50 % 25 %
Lisa
16 mm 25 % 25 %
[10.10]
0
t
o
t
b
,
n
e
c
0
t
,
m
i
n
sendo que:
1
5
0
,
3
é o maior valor entre , e 200 mm;
0
t
,
m
i
n
o
t
b
α0t é o coeficiente função da porcentagem de barras emendadas na mesma seção
transversal, indicado na tabela 10.5.
4
Quando a distância livre entre barras emendadas for maior do que , ao
comprimento calculado precisa ser acrescida a distância livre entre barras emendadas.
A armadura transversal na emenda deve ser justificada considerado o comportamento
conjunto concreto-aço, atendendo ao estudado no item 10.6.2.3.
[10.11]
0
c
b
,
n
e
c
0
c
,
m
i
n
1
5
0
,
6
- ser capaz de resistir a uma força igual à de uma barra emendada, considerando
os ramos paralelos ao plano da emenda;
- ser constituída por barras fechadas se a distância entre as duas barras mais
1
0
próximas de duas emendas na mesma seção for menor do que , com igual
ao diâmetro da barra emendada;
Devem ser mantidos os critérios estabelecidos para o caso anterior, com pelo
4
menos uma barra de armadura transversal posicionada a além das extremidades
da emenda, conforme figura 10.18b.
1/3 0
1/3 0 4Ø
1/3 0
1/3 0 4Ø
0 0
a) BARRAS TRACIONADAS b) BARRAS COMPRIMIDAS
Podem ser feitas emendas por traspasse em feixes de barras quando, respeitado
o estabelecido em 10.3.2, as barras constituintes do feixe forem emendadas uma de
cada vez, sem que em qualquer seção do feixe emendado resulte mais do que quatro
barras.
As emendas das barras do feixe devem ser separadas entre si 1,3 vez o
comprimento de emenda individual de cada uma.
- por traspasse com pelo menos dois cordões de solda longitudinais, cada um
5
deles com comprimento não inferior a afastados no mínimo (ver figura
10.19;
5
barras emendadas, devendo cada cordão ter comprimento de pelo menos
(ver Figura 10.19).
As emendas por solda podem ser realizadas na totalidade das barras em uma
seção transversal do elemento estrutural.
Devem ser consideradas como na mesma seção as emendas que de centro a
1
5
centro estejam afastadas entre si menos que medidos na direção do eixo da barra.
> 10
60°
> 20
2mm a 3mm
de topo com eletrodo
A
Seção A-A
A
> 5 > 5 > 5 > 0,3
por transpasse
2
2 B
1 Seção B-B
1
2 B
> 5 1 1 > 5 1 > 0,3
Deve prolongar-se pelo menos além do ponto teórico de tensão s nula, não
podendo em nenhum caso ser inferior ao comprimento de ancoragem necessário (
b
,
n
e
c
M
/
z
10.20) do diagrama de forças deslocado (decalado) do comprimento a.
S
d
S
d
Esse diagrama equivale ao diagrama de forças corrigido RSd,cor. Se a barra não
for dobrada, o trecho de ancoragem deve prolongar-se além do ponto B de um
1
0
comprimento no mínimo igual a .
Se a barra for dobrada, o início do dobramento pode coincidir com o ponto B (ver
figura 10.20).
b, nec
a
> 10Ø
A
R Sd B diagrama de força de
tração solicitante RSd,cor
R Sd = MSd/Z
> 10Ø
B
A diagrama de força
a > 10Ø de tração resistente
b, nec b, nec
a variação deste momento fletor deslocado de a, conforme pode ser acompanhado na
figura 10.21.
O comprimento de ancoragem necessário (b,nec) deve ser marcado e
1
0
obrigatoriamente deve ultrapassar do ponto de início de ancoragem da barra de
ordem n-1. Se isso não ocorrer deve-se prolongar o seu comprimento até atingir-se essa
seção.
O procedimento é válido também para as barras posicionadas junto às bordas
superiores das vigas, ou seja aquelas que absorvem momentos fletores de cálculo
convencionados como negativos, em vigas contínuas.
C Md / 6
BARRA 1
D Md / 6
BARRA 2
E Md / 6
BARRA 3
F Md / 6
BARRA 4
G Md / 6
BARRA 5
Md / 6
BARRA 6
B
10 b a a b 10 BARRA 6
b a 5e 5d b
a
BARRA 5
a6
BARRA Nº 6 - 1Ø Diagrama de Md
a5
Diagrama de M d
deslocado de a
BARRA Nº 5 - 1Ø
BARRAS 1,2,3,4 - 4Ø
Para as barras alojadas nas mesas ou lajes, e que façam parte da armadura da
viga, o ponto de interrupção da barra é obtido pelo mesmo processo anterior,
Capítulo 10 - Análise da ancoragem por aderência de barras e fios de aço 293
10.8.4.1 Generalidades
A ABNT NBR 6118:2014 indica que as forças de tração junto aos apoios de vigas
simples ou contínuas devem ser resistidas por armaduras longitudinais que satisfaçam
à mais severa das seguintes condições:
VS
[10.12]
S
d
S
d
sendo que VSd é a força cortante no apoio e NSd é a força de tração eventualmente
existente;
- As,apoio ≥ 1/4 (As,vão) se Mapoio for negativo e de valor absoluto Mapoio > 0,5 Mvão
- 60 mm.
1
0
de ancoragem pode ser igual a , desde que não haja qualquer possibilidade da
ocorrência de momentos positivos nessa região, provocados por situações imprevistas,
particularmente, por efeitos de vento e eventuais recalques. Quando essa possibilidade
existir, as barras devem ser contínuas ou emendadas sobre o apoio.
A figura 10.22 representa uma viga V1 apoiada em outra viga V2 (Figura 10.22d),
e viga V1 considerada apoiada no pilar P1 - figuras 10.22a e 10.22b, cujo diagrama de
momentos fletores também está esboçado (Figura 10.22c). Para se obter o diagrama de
momentos fletores resistentes é necessário deslocá-lo do comprimento a.
No triângulo retângulo ABC da figura 10.22c pode-se escrever:
BC BC
tg VSd [10.13]
AB a
Lembrando que:
dMSd
tg VSd [10.14]
dx
obtém-se:
1 a
R st,apoio a VSd VSd [10.17]
z z
A força de tração Rst na seção central do apoio é calculada pela equação 10.18.
M z
a z
R
VS
S
d
[10.18]
s
t
,
a
p
o
i
o
d
Capítulo 10 - Análise da ancoragem por aderência de barras e fios de aço 295
VS
a
Pode-se considerar z d, pois, o momento fletor de cálculo assume
S
d
d
um valor pequeno e a linha neutra nessa seção está muito próxima da borda comprimida,
obtendo-se para valor de Rst,apoio o indicado na equação 10.19.
a d
R
VS
[10.19]
s
t
,
a
p
o
i
o
A ABNT NBR 6118:2014 indica que a essa equação é preciso acrescentar o efeito
de força normal de tração de cálculo (NSd), conforme equação 10.12. Nos casos usuais
de vigas de edifícios essa força não ocorre, porém, por exemplo, em estruturas de
reservatórios paralelepipédicos, por efeito de força de equilíbrio entre os elementos
estruturais há que considerá-la no dimensionamento.
A área da armadura calculada para ancorar no apoio a força Rst é calculada pela
equação 10.20.
R st
A st,cal,apoio [10.20]
fyd
R st
P1 P1
Rd
b
V1
A B
V2
VSd.a diagrama
C de MSd
a
diagrama
deslocado
b b/3
b,nec
A st,ef ,apoio A st,calc ,apoio [10.21]
b,ef
c b, ef c b, ef
db
8Ø
b b
Rd Rd
Nos casos de projetos de vigas vinculadas a pilares, de tal modo que a medida do
lado (b), na direção do eixo da viga, conforme figura 10.24, é a menor medida dos lados,
a quantidade de barras necessárias ancoradas no apoio, calculadas com a equação
10.21, pode ser grande, prejudicando o arranjo das barras, podendo causar vazios não
preenchidos com concreto (“ninhos de concretagem”) no ato da moldagem.
É possível detalhar as barras em forma de U (grampos), dispostas no plano
horizontal, convenientemente ancoradas, com a finalidade de diminuir o número de
barras longitudinais ancoradas nos apoios de extremidade, conforme figura 10.25b.
Leonhardt e Mönnig (1978) indicam que a adoção dessa armadura no apoio de
extremidade, em vez de ancorar todas as barras longitudinais no apoio, evita a
ocorrência de ruptura do concreto do cobrimento por causa de uma superfície de ruptura
do concreto, conforme figura 10.25a. Os autores sugerem que a armadura complementar
em forma de grampo horizontal tenha diâmetros menores do que o diâmetro das barras
Capítulo 10 - Análise da ancoragem por aderência de barras e fios de aço 297
longitudinais (ϕℓ). Sugere-se que o diâmetro máximo das barras dessa armadura não
seja maior do que 12,5 mm.
Esses grampos têm que abraçar as barras posicionadas nas quinas dos estribos e
ancoradas como indicado na figura 19.25c.
Leonhardt e Mönnig (1978) sugerem que as barras em forma de grampos sejam
inclinadas (figura 10.25b), porém, por questão construtiva, prefere-se posiciona-las
paralelamente ao eixo da viga.
Analisando a figura 9.7, item 9.3, nota-se que essa armadura em forma de grampo
horizontal também tem a finalidade de limitar as aberturas de fissuras causadas pelas
tensões de tração geradas pela solicitação da força cortante junto ao apoio de
extremidade. Analise e detalhe dessa armadura pode ser estudada em Fusco (1994).
[10.22]
s
t
,
e
f
,
a
p
o
i
o
,
g
r
a
m
p
o
s
t
,
c
a
l
c
,
a
p
o
i
o
,
h
o
r
s
t
,
e
f
,
a
p
o
i
o
,
h
o
r
Lembra-se ao leitor que essa área de barras é constituída por grampos de dois
(2) ramos e distribuída em camadas de acordo com a figura 10.25.
As distâncias verticais entre as barras em forma de grampo tem que obedecer os
critérios indicados na seção 6.8b.
Alguns projetistas costumam adotar essa barras em forma de grampos
horizontais ao longo de toda a altura da viga.
10.8.5.3 Viga engastada elasticamente em pilar de extremidade
A consideração de engaste elástico das vigas em pilares de extremidades requer
um estudo conveniente da ancoragem das barras de armadura calculada para absorver
o momento fletor (negativo) atuante na viga.
De acordo com Leonhardt e Mönnig (1977), a transmissão dos momentos fletores
de cálculo da viga para os pilares de extremidade contínuos provoca, na região do nó,
não só forças de tração na direção da diagonal, como também altas tensões de
aderência na armadura tracionada do pilar. Estes dois efeitos têm influência na
capacidade resistente do nó. As tensões de aderência originam-se por causa da
alternância das forças, de tração para compressão, que ocorrem no pilar ao longo da
altura de viga (Figura 10.26).
Leonhardt e Mönnig (1977) dizem que no Estádio II, portanto, seção fissurada, o
tramo inferior do pilar é mais rígido que o superior, sendo que no dimensionamento do
tramo inferior, o momento fletor determinado para a seção não fissurada (Estádio I) deve
ser multiplicado por 1,2. Para o dimensionamento do tramo superior do pilar não se deve
fazer qualquer restrição.
M vig
viga M inf
+ _
_
M sup
compressão 1 tração
tensões de aderência
na barra l. tração
compressão
tração compressão
pilar for toda comprimida (pouca influência do momento fletor transmitido pela viga), as
barras da armadura superior da viga devem ser ancoradas (Figura 10.28) na largura do
pilar.
Nos projetos de vigas usuais de edifícios de andares tipo, em que se pretende fazer
um detalhe único para as vigas tipo, pode-se prever a ancoragem no apoio de
extremidade de tal modo a satisfazer os dois casos indicados nas figuras 10.27 e 10.28.
e < 10cm
e < 10cm
2 h p+ h
2 h p+ h
8Ø
hv hv
35Ø
hp hp
diagrama
deslocado
Md Md
A
A
barra
diagrama barra
deslocado
b 10Ø
b
Figura 10.29 - Diagrama deslocado atinge Figura 10.30 - Diagrama deslocado
a face do apoio não atinge a face do apoio
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Editora Pini Ltda.,
1994.
SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto: concreto armado. Porto Alegre: Globo, 1980. v.1.
11
Dimensionamento de elementos
estruturais solicitados por
momento torçor
11.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS (14 de agosto de 2018)
Essa seção transversal pode não conseguir absorver as tensões tangenciais oriundas
do momento torçor e da força cortante. Portanto, na maioria dos casos, esse efeito é
desprezado, quando não necessário ao equilíbrio da estrutura.
Nas estruturas usuais os efeitos do momento torçor estão acompanhados dos
efeitos de flexão (momento fletor e força cortante). Isto se dá pelo fato de as estruturas
estarem solicitadas por ações inerentes ao fim ao qual a estrutura se destinam.
Para as vigas solicitadas à torção simples muitos ensaios experimentais foram
realizados justificando o modelo teórico para o dimensionamento. Esses resultados
podem ser considerados para vigas solicitadas por ações combinadas de momento fletor
e força cortante.
O efeito das tensões tangenciais oriundas por solicitação de momento torçor
provoca empenamento da seção transversal, isto em virtude dos diferentes
alongamentos longitudinais das fibras. Quando o empenamento não é impedido, este
tipo de torção é chamada de torção livre ou de St. Venant. Com impedimento, o que mais
ocorre na prática das estruturas, pois há ligações entre os elementos estruturais,
originam-se novas tensões longitudinais. Nos casos de seções transversais com rigidez
à torção e por ocorrer a fissuração do concreto, com perda de rigidez, o efeito de coação
por causa do impedimento pode ser muito reduzido. Este efeito gerado pelo impedimento
ao empenamento é considerado com a colocação de uma armadura construtiva
convenientemente detalhada.
A verificação da segurança de vigas de concreto armado solicitadas por tensões
tangenciais oriundas da torção é feita considerando o princípio de que as resistências do
concreto à tração são desprezadas e, portanto, as barras de aço precisam absorver as
tensões de tração. O momento torçor resistente de cálculo (TRd) precisa ficar maior ou
igual ao momento torçor solicitante de cálculo (TSd). O momento torçor característico
(TSk) é, então, majorado pelo coeficiente de majoração das solicitações, que é adotado
igual a 1,4, conforme indicação da ABNT NBR 6118:2014. As resistências dos materiais
são reduzidas dividindo-se as resistências características pelos coeficientes de
minoração ( ).
m
a.- as tensões nas barras das armaduras, calculadas supondo o concreto fissurado
(Estádio II), não podem ultrapassar a resistência de cálculo das barras da armadura
(fyd) limitada a 435 MPa;
Quando as tensões geradas pela torção forem elevadas, em função das ações
atuantes na viga, há necessidade de se verificar as deformações, considerando as
hipóteses do Estádio II - concreto fissurado, pois os deslocamentos podem ser
incompatíveis com o fim ao qual se destina a estrutura. Lembra-se que a rigidez no
Estádio II é bem menor que a rigidez no Estádio I, ou seja, situação esta em que se
considera o concreto não fissurado. Nos casos em que os deslocamentos não forem
satisfeitos há que se modificarem as dimensões da peça.
Como já foi dito os momentos torçores surgem nas estruturas de barras por causa
do efeito de coação, ou seja, em virtude do impedimento às deformações longitudinais.
Esta situação é denominada de torção de compatibilidade. Como exemplos podem ser
citados as vigas de borda dos pavimentos de edifícios, que por causa da ação do
momento atuante no engastamento da laje, tende a provocar o giro na viga. Como a
rigidez à flexão dos pilares se contrapõe a esse giro, aparecem na viga tensões
tangenciais que por sua vez ficam solicitadas por momento torçor.
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 303
m'laje
)
rda
e bo Momento positivo de
ad dimensionamento
Vig
m t( da laje
(laje)
T
Sk
(Viga de borda)
T mt '
Sk m laje
Momento de engastamento
' m'laje
=Momento uniformemente distribuído (mt )
na viga de borda (relativo a unidade de
(Pilar) ' )
comprimento (m t = m laje
Laje
Nervura
Planta
Viga
Elemento em
Concreto Armado
Laje Pilar
Corte transversal
Viga
Elemento em
Concreto Armado
Laje m'
laje
mt
Pilar
Momentos m 'laje e mt
G nerv
g+q
Ações
Nas seções transversais com dupla simetria o centro de cisalhamento coincide com
o centro de gravidade, sendo que o momento torçor é referido a este centro.
A torção simples com empenamento livre produz nas barras um sistema de tensões
principais inclinadas de 45 e 135. Analisando a figura 11.3 percebe-se que as tensões
de tração ocorrem na direção da rotação e as de compressão perpendicular, de acordo
com uma trajetória helicoidal, sendo que os valores máximos das tensões ocorrem nas
faces externas da barra. A figura 11.4 mostra a variação das tensões em seções
transversais retangulares, circular e seção vazada.
TS TS
x
Compressão Tração
Figura 11.3 - Tensões principais em barra cilíndrica solicitadas por momento torçor
[Leonhardt e Mönnig (1977)]
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 305
t t
+ +
+ +
t
- - + -
+ - + +
- -
- -
t
t
+
+
- -
++
-
-
[11.01]
t
k
[11.02]
t
Como já foi dito as deformações das fibras da barra na direção do eixo que surgem
em função das rotações é denominada empenamento. O empenamento de uma barra
de seção retangular sob ação de uma rotação pode ser representado pela figura 11.5.
Este fenômeno fica mais visível se for desenhado um reticulado nas faces do prisma. O
plano da seção transversal, depois do empenamento se transforma em uma superfície
curva tridimensional.
306 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
16 TS d4
d
d3 32
di d
16
4
d
d d i4
TS
32
d 4 d i4
he
2
TS h e d 3m
h e d 2m
dm
4
16 TS a 3 b3
b
a
a b2 16 a 2 b 2
a
TS
a 4,81 0,141 a 4
a3
T
b3 d
b d
2
b
d/b 1,5 2,0 3,0 4,0 6,0 8,0 10,0
d 0,196 0,229 0,263 0,281 0,299 0,307 0,313 0,333
β 4,33 4,07 3,74 3,55 3,35 3,26 3,20 3,00
Fórmula de Bredt
Seção vazada qualquer 4 Ae
s
i t i
he he
TS
he
Ae hs
2 Ae he i
he
Seção retangular vazada 4 bs h s
bs
A e = bs . h s TS 2 1 1
2 b s h s t se bs h e h s h e h s be
TS
d 5,32 0,133 d 4
d3
TS
d 5,41 3
0,130 d 4
d
T
Sistema estático
Ensaios realizados por Leonhardt e Mönnig (1977) justificam que, após iniciado o
processo de fissuração das vigas solicitadas por momento torçor, as fissuras se
desenvolvem em forma de hélice e com ângulo de 135 de inclinação, conforme figura
11.3. A resistência da peça é tal que apenas as paredes fictícias delgadas externas da
seção transversal colaboram, como se a seção transversal fosse vazada. As armaduras
utilizadas no modelo foram constituídas por estribos verticais e barras longitudinais
distribuídas no perímetro dos estribos posicionados na seção transversal. O fato de
apenas as paredes delgadas colaborarem na resistência é justificado ao se analisar os
resultados de ensaios de viga de seção vazada com outra com seção cheia, notando-se
que os diagramas tensão - deformação das barras de aço são semelhantes nos dois
casos. As áreas das seções transversais das armaduras e suas posições foram as
mesmas nos dois modelos.
308 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
R s90
R cw,tor Fissuras
R s90
Rs
Rs
Diagonais comprimidas - Forças R cw,tor
Rs
Rs
Os ângulos de inclinação das diagonais comprimidas (θ) podem variar entre 30° e
45°, a exemplo do que se fez no caso do Modelo II do mecanismo resistente para força
cortante. No Modelo I o ângulo de inclinação (θ) é igual a 45°. Esses modelos foram
estudados no capítulo 9.
As barras da armadura transversal (estribos) podem ter ângulo de inclinação () de
90. Nos casos de elementos estruturais de seção circular solicitados a ação de momento
torçor pode ser conveniente adotar estribos contínuos helicoidais.
A ruína brusca de vigas solicitadas por tensões oriundas da torção precisa ser
evitada e, portanto, há que se prever uma área mínima de armadura, para absorver as
tensões de tração.
A área das barras da armadura é dimensionada de tal modo que, se o elemento
estrutural for à ruína, esta ocorre por escoamento das barras e fios da armadura e não
por ruptura do concreto. Assim procedendo, as fissuras típicas do efeito de torção
aparecem na peça e medidas de proteção precisam ser adotadas.
As tensões de tração precisam ser absorvidas exclusivamente pelas armaduras
convenientemente ancoradas não havendo, portanto, possibilidade de redução como
feita no modelo adotado para verificação da segurança com relação à força cortante.
Leonhardt e Mönnig (1977) indicam que assim deve ser o procedimento, pois no modelo
de treliça tridimensional, adotado como mecanismo interno resistente, não há nenhum
banzo comprimido inclinado, como na treliça plana de Mörsch, conforme estudado no
capítulo 9, adotada como modelo para verificação da segurança de vigas de concreto
armado sem ação de momento torçor.
Para evitar o escoamento das barras da armadura na região das ancoragens, tanto
as barras longitudinais quanto os estribos precisam ser convenientemente ancorados,
com ganchos nas extremidades inclinados de 45o. As barras longitudinais com ganchos
nas extremidades precisam ter comprimentos de ancoragens suficientes para transferir
as tensões de tração para o concreto que as envolve.
4
5
o
concreto, têm inclinação que pode ser arbitrada pelo projetista no intervalo
.
Sempre que a torção for necessária ao equilíbrio do elemento estrutural, precisa
existir armadura destinada a resistir as tensões de tração oriundas da torção. Essa
armadura precisa ser constituída por estribos verticais normais ao eixo do elemento
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 311
f cf y
0
,
2
s
t
m
he
ue
[11.03]
s
w
k
A bw
f cf y
0
,
2
s
w
t
m
s
[11.04]
s
w
w
k
fy
5
0
0
M
P
a
e 11.04 não pode ser maior do que 500 MPa, isto é . A resistência de
w
k
cálculo ao escoamento do aço da armadura ( fywd fyk / s ), a exemplo do que foi indicado
no caso de tensões tangenciais oriundas da força cortante, não pode ser maior do que
435 MPa.
Quando a torção não for necessária ao equilíbrio, caso da torção de compatibilidade
é possível desprezá-la, desde que o elemento estrutural tenha a adequada capacidade
de adaptação plástica e que todos os outros esforços solicitantes sejam calculados sem
considerar os efeitos por ela provocados. Para garantir uma razoável capacidade de
adaptação plástica deve-se respeitar a área de armadura mínima de torção e a força
cortante solicitante de cálculo a:
sendo que:
TRd,3 representa o limite definido pela parcela resistida pelos estribos normais ao
eixo do elemento estrutural;
TRd,4 representa o limite definido pela parcela resistida pelas barras longitudinais,
paralelas ao eixo do elemento estrutural.
312 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
[11.09]
he 2 c 1 [11.10]
sendo que:
2
c1
Quando a relação entre resultar menor que , pode-se adotar
he
A
/
u
b
2
c1
e a área da superfície média da seção celular equivalente Ae definida
w
pelos eixos das armaduras do canto (respeitando o cobrimento exigido para os estribos).
O momento de torção total tem que ser distribuído entre os retângulos conforme
sua rigidez elástica linear. Cada retângulo deve ser verificado isoladamente com a seção
equivalente definida no item 11.4.1.1a. Assim, o momento de torção que cabe ao
retângulo i (TSdi) é calculado com a equação 11.11.
ai b i
3
TSdi TSd [11.11]
ai3 b i
sendo que:
R cw,tor,proj
sen [11.12]
R cw,tor
a
TSd 4 R cw,tor sen 2 R cw,tor sen a [11.13]
2
A força resultante das tensões de compressão na diagonal pode ser calculada com
equação 11.13 na forma da equação 11.14.
1 1 1
R cw,tor TSd [11.14]
2 sen a
Engaste em chapa
de extremidade
A0 (pilar, parede...)
A
tg
co B
a.
E
tg
F
co
a.
D
C
H
a G
Barras Tracionadas
a
Barras Comprimidas
TSd
a)
c)
c)
b)
A B
y
a.cotg
he
Área da
diagonal comprimida
E F
a
he
y
he he
d)
Figura 11.8 - Treliça tridimensional associada a uma viga solicitada por momento
torçor com armadura longitudinal e estribos verticais
[figura adaptada de Leonhardt e Mönnig (1977)]
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 315
R cw,tor
cw,tor [11.16]
a cos he
1 1 1 1 1 1
cw,tor TSd [11.18]
2 sen a a cos he
Considerando:
A e a2 [11.20]
σc
0
,
5
9
σc
0
,
5
9
0
,
8
5
fc
[11.21]
w
,
t
o
r
v
2
v
2
fck
v 2 1 (em MPa); [11.22]
250
TR
0
,
5
0
fc
A
he
s
e
n
2
[11.23]
d
d
2
v
2
e
316 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
4
5
o
;
a
TSd 4 R s90 2 R s90 a [11.24]
2
TS
[11.25]
9
0
R
Nas barras transversais da treliça tridimensional a força resistente de cálculo ( )
9
0
A
fy
s
[11.26]
9
0
9
0
w
d
S9
1 1 a cotg θ
TSd A 90 fywd [11.27]
2 a s
A
TSd TRd3 90 fywd 2 A e cotg θ [11.28]
s
1
1 Ae
1 t
1
0 1
0
1 2
TS
cm 2
9
0
fy
c
o
g
θ
[11.29]
d
m
w
d
Para determinar a equação com a qual se calcula a área das barras da armadura
longitudinal ( A s ) para absorver as tensões de tração longitudinais por solicitação do
momento torçor de cálculo, considera-se o equilíbrio do nó A, na direção longitudinal
conforme figura 11.8b, resultando:
4
R
4
R
c
o
s
[11.30]
s
c
w
,
t
o
r
A
fy
[11.31]
s
w
d
1 cos
A s fywd 2 TSd [11.32]
a sen
1 1 1 cos
A s f ywd 2 TSd [11.33]
4a 4a a sen
A
TSd TRd4 s 2 A e fywd tg [11.34]
ue
318 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
sendo que:
ue é o perímetro de Ae;
fy
fy
4
3
5
M
P
a
k
s
Quando o elemento estrutural solicitado por momento torçor puder ser assimilado
a um perfil aberto de parede fina, o projeto deve contemplar, além da torção uniforme,
também os efeitos da flexo-torção.
A ABNT NBR 6118:2014 diz que no caso geral, a torção uniforme e a flexo-torção
manifestam-se de forma compatibilizada, dividindo entre si o carregamento externo de
forma variável ao longo do elemento estrutural. Considerando a boa capacidade de
adaptação plástica dos elementos estruturais à torção, permite-se desprezar um desses
mecanismos, desde que o considerado não tenha rigidez menor que o desprezado.
Os valores de rigidez devem ser calculados considerando-se os efeitos da
fissuração, podendo ser adotados 0,15 da rigidez elástica no caso da torção uniforme e
0,50 no caso da flexo-torção.
Na falta de cálculo mais preciso, quando o perfil possuir paredes opostas paralelas
ou aproximadamente paralelas (caso de perfis I, C, Z, π e análogos), as quais possam
resistir por flexão diferenciada à solicitação de flexo-torção, a rigidez estrutural desse
perfil, medida por exemplo pelo coeficiente de mola em quilonewltons metro por radiano
(kNm/rad) pode ser calculada pela equação 11.35 (ver figura 11.9):
TSd
r [11.35]
sendo:
a1 a 2
[11.36]
z
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 319
sendo que:
TSd é o momento externo que provoca torção, suposto aplicado no meio do vão;
no cálculo das flechas a1 e a2 deve ser considerada metade da rigidez elástica das
paredes;
sendo:
sendo que:
FSd é a parcela da força transversal total aplicada ao elemento estrutural, que cabe
à parede isolada, sem o efeito da torção;
Nas seções transversais em que o momento torçor atua simultaneamente com momento
fletor as solicitações normais intensas, que reduzem excessivamente a profundidade da
linha neutra, particularmente em vigas de seção celular, o valor de cálculo da tensão
0
,
8
5
fc
Esta tensão principal deve ser calculada como em um estado plano de tensões, a
partir da tensão normal média que age no banzo comprimido de flexão e da tensão
tangencial de torção calculada por:
Td
Td [11.39]
2 A e he
Na combinação de momento torçor com força cortante, o projeto tem que prever
ângulos de inclinação das bielas de concreto coincidentes para os dois esforços
solicitantes.
Quando for utilizado o modelo I para a força cortante, que subentende θ = 45º, esse
tem que ser o valor considerado também para o momento torçor.
A resistência à compressão diagonal do concreto é satisfeita em situações em
atende à equação 11.40.
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 321
VSd T
Sd 1 [11.40]
VRd2 TRd2
sendo que:
A área das barras ou fios de aço da armadura transversal pode ser calculada pela
soma das áreas das barras calculadas separadamente para VSd e TSd.
11.8.1. PREÂMBULO
uma laje em balanço, portanto as barras da armadura principal são posicionadas na face
superior da laje sendo necessária maior espessura do cobrimento das barras (c),
facilitando, assim, o alojamento da armadura. Além disso, a espessura (h) com 12 cm
atende as especificação de medida mínima de 10 cm para lajes maciças em balanço de
acordo com a ABNT NBR 6118:2014. A preocupação ao se adotar a espessura de 10
cm para a laje está em garantir adequado cobrimento das barras da armadura com vistas
à durabilidade da laje, pois as barras da armadura ficam posicionadas junto à face
superior expostas às intempéries, embora seja prevista impermeabilização.
Os esforços solicitantes de cálculo para o dimensionamento precisam ser
multiplicados pelo coeficiente adicional igual a 1,35 indicado para laje maciça com 12
n
cm de espessura, de acordo com a ABNT NBR 6118:2014.
O cobrimento das barras da armadura em laje tem que ser maior do que 2,5 cm
no caso de edificações em ambientes de classe de agressividade ambiental II.
Observa-se que a altura da viga (h) igual a 65 cm não é compatível com a proposta
de altura igual a 1/10 do vão efetivo, pois neste caso há ação de momento torçor de tal
modo que as tensões tangenciais relativas à força cortante se somam com as tensões
tangencias oriundas do momento torçor, conforme analisado no projeto da viga V01
deste exemplo.
São adotados fios de aço da categoria CA-60 para os estribos (diâmetro de 5,0
mm) e barras de aço CA-50 (diâmetros maiores do que 5,0 mm) para as armaduras
longitudinais e transversais e concreto da classe C30.
Quanto aos cobrimentos das barras das armaduras, considerando que a viga será
construída em local com classe de agressividade ambiental II, o cobrimento nominal é
de 3 cm, porém é possível adotar uma redução de 0,5 cm, quando para a construção se
ce
3
,
0
-
0
,
5
2
,
5
c
m
adota rígido controle de construção, portanto , conforme
f
e
P01
50/19
C30
19x65
CA-50
L01 c=2,5cm
h=12
619
L01:q=0,5 kN/cm²
V01
ABNT NBR 6120:1996
19 150
P02
50/19
b.- cálculo dos esforços solicitantes na laje, lembrando que a força cortante
solicitante na laje L01 é igual à força uniformemente distribuída na viga V01, e,
o momento fletor solicitante na laje L01, que traciona a face superior da laje
junto à viga V01, é o momento uniformemente distribuído na viga;
h.- cálculo da área das barras ou fios da armadura transversal para força cortante;
i.- cálculo da área das barras ou fios da armadura transversal para momento
torçor;
j.- cálculo da área das barras da armadura longitudinal para momento torçor;
k.- cálculo da área das barras da armadura longitudinal para momento fletor;
l.- cálculo das áreas finais das barras das armaduras transversal e longitudinal;
324 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
0
,
1
2
2
5
3
,
0
k
N
/
m
2
[11.41]
p
,
l
a
j
e
gp
0
,
0
4
2
1
0
,
8
4
k
N
/
m
2
[11.42]
p
,
a
r
g
,
i
m
p
gp
0
,
0
3
1
3
0
,
3
9
k
N
/
m
2
[11.43]
p
,
i
m
p
,
a
s
f
gp
0
,
0
1
5
1
9
0
,
2
9
k
N
/
m
2
[11.44]
p
,
r
e
v
,
a
r
g
q
0
,
5
k
N
/
m
2
[11.45]
5
,
0
k
N
/
m
2
︵ ︶ [11.46]
l
a
j
e
1 2
9
9
,
5
c
m
w
,
v
i
g
2
[11.47]
0
,
3
hl
0
,
3
1
2
3
,
6
0
c
m
[11.48]
a
j
e
[11.49]
Considerando a laje engastada L01 na viga V01 os esforços solicitantes na laje são
iguais a:
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 325
g
q
5
,
0
1
,
5
3
6
7
,
6
8
k
N
/
m
'x
︵
︶ [11.50]
k
e
f
,
x
5
,
0
1
5 2
,
3
6
2e
2
m
g
q
5
,
9
0
k
N
m
/
m
f
,
x
'
︵ ︶
2
[11.51]
x
k
1
,
4
1
,
3
5
5
,
9
0
1
1
,
1
5
k
N
m
/
m
'
[11.52]
x
d
S
k
A altura útil (d) no caso da laje L01 considerando classe de agressividade ambiental
II (ambiente urbano) e entendendo que a laje será impermeabilizada na face superior,
portanto, com pequeno risco de deterioração da estrutura adota-se, neste projeto,
cobrimento nominal igual ao cobrimento mínimo de 25 mm = 2,5 cm, sem a redução
permitida pela ABNT NBR 6118:2014. Assim a altura útil fica igual a:
0
,
8 2
d
h
cn
1
2
2
,
5
9
,
1
0
c
m
2
[11.53]
o
m
1
0
0
9
2
2
kc
7
,
3
w
1
.
1
1
5
m
[11.55]
x
d
0
,
1
0
9
9
,
0
0
c
m
0
,
1
0
1
.
1 9
1
5
' xd
A
ks
0
,
0
2
4
2
,
9
7
c
m
/
m
'
2
d
s
(equação 6.57 ou tabela A-3)
t
[11.57]
A área mínima das barras da armadura em lajes maciças, de acordo com o indicado
na ABNT NBR 6118:2014, considerando seção retangular e concreto C30, é igual a:
ρ
≥
0
,
6
7
ρs
0
,
6
7
0
,
1
5
0
%
0
,
1
0
%
's
[11.58]
,
m
í
n
Assim, tem-se:
0
,
1 0
0 0
A
ρs
b
h
.
1
0
0
1
2
1
,
2
1
c
m
/
m
'
2
1
[11.59]
s
t
,
m
í
n
,
m
í
n
Portanto, é considerada a área 2,97 cm2/m que é maior que área mínima 1,21
cm2/m.
O espaçamento máximo indicado na ABNT NBR 6118:2014 é a menor medida
2
h
2
1
2
2
4
c
m
[11.60]
Portanto, o diâmetro limite é de 12,5 mm, que é a medida comercial menor do que
15,0 mm.
Escolhendo barras de aço CA-50 de diâmetro 8,0 mm o espaçamento entre as
barras pode ser calculado por:
a sa s
0
,
5 ,
0 7
sc
1
0
0
1
0
0
1
6
,
8
4
c
m
,
1
2
9
(equação 9.71) [11.61]
a
l
,
c
a
l
6
,
2
5
n
ú
m
e
r
o
d
e
b
a
r
r
a
s
p
o
r
m
e
t
r
o
as
6
,
2
5
0
,
5
3
,
1
3
c
m
/
m
2
︵
︶
,
e
f
e
,
1
2 1
0 0
as
,
ss
e
c
0 [11.64]
,
p
r
i
n
as
0
,
9
c
m
/
m
,s
m
í
n
[11.65]
0
,
5
[11.66]
s
,
s
e
c
s
,
m
í
n
Como a área efetiva da armadura principal resultou igual a 3,13 cm2/m tem-se,
considerando a equação 11.64:
as
2 1
0 0
2 1
0 0
as
3
,
1
3
0
,
6
3
c
m
/
m
0
,
9
c
m
/
m
,s
m
í
n
2
0
[11.67]
,
p
r
i
0
,
9
c
m
/
m
,
ss
e
c
[11.68]
[11.69]
0
,
0
9
%
0
,
5
0
,
5
0
,
1
5
0
0
,
0
7
5
%
1
0
0
1
2
[11.70]
s
,
s
e
c
m
í
n
7
,
6
8
k
N
/
m
'x
.
k
1
,
4
1
,
3
5
7
,
6
8
1
4
,
5
2
k
N
/
m
[11.71]
d
328 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
b. Cálculo de Rd
fctk,inf 1 1
Rd 0,25 fctd 0,25 0,25 0,7 fctm 0,25 0,7 0,3 fck2 / 3 [11.73]
c c c
0
,
3
6
2
M
P
a
0
,
0
3
6
2
k
N
/
c
m
2 /
3
2
[11.74]
R
d
c. Cálculo de k
d. Cálculo de 1
na laje L01, sendo 3,13 cm2/m ( 8,0 mm c/16 cm) a área de armadura na direção
m
5
,
9
0
k
N
m
/
m
'
3
,
1
3
0
,
0
0
3
4
8
0
,
0
2
1
b
d
1
0
0
9
[11.76]
1
e. Cálculo de cp
NSd = zero, pois não há força de protensão na laje (ela tem armadura passiva), e,
também, não há força normal atuando na laje.
[
0
,
0
3
6
2
1
,
5
2
1
,
2
4
0
0
,
0
0
3
4
8
0
,
1
5
]p
1
0
0
9
︵ ︶ [11.79]
d
1
c
VR
0
,
0
7
3
7
1
0
0
9
6
6
,
3
3
k
N
e
m
1
m
e
t
r
o
d
e
l
a
r
g
u
r
a
d
e
l
a
j
e
︵ ︶ [11.80]
d
1
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 329
h. Conclusão
vS
1
4
,
5
2
k
N
/
m
6
6
,
3
3
k
N
/
m
Como não há necessidade de dimensionar
d
armadura transversal para absorver as tensões de tração oriundas da força
cortante.
8
,
0
c
/
1
6
c
m
As barras de aço CA-50 representadas por , posicionadas junto à face
superior da laje (armadura negativa, por se tratar de laje em balanço), tem que ser
convenientemente ancoradas junto à viga.
Nas pontas das barras junto à borda livre da laje tem que ter dobras horizontais
com comprimento igual ou maior do que as medidas entre 2 h ou b , sendo que h é a
altura da laje e b é o comprimento necessário de ancoragem, conforme indicado na
ABNT NBR 6118:2014, resultando:
2
h
2
1
2
2
4
c
m
[11.81]
3
3
3
3
0
,
8
2
6
,
4
c
m
[11.82]
b
y
sy
[11.83]
x
sx
[11.84]
330 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
2,5
30 2h ou b
2. h = 2 .12 = 24cm
b = 33 .8 = 26,4cm
adotado
. 30cm
As dist.
N1-45 8,0 c/14 (280)
(150-2.2,5) +1 = 8
164 20
N2 8 5,0 c/19 (614)
7
30
60 8 5,0 c/19
5
14
2,5
0
,
1
9
0
,
6
5
2
5
3
,
0
9
k
N
/
m
[11.85]
p
,
v
i
g
gp
2
,
1
0
3
,
2
6
,
7
2
k
N
/
m
[11.86]
p
,
a
l
v
v
7
,
6
8
k
N
/
m
'x
totalizando, portanto:
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 331
hx
o
u
0
,
3
h
o
u
0
,
3
h
,
P2
0
1
,
P2
0
2
[11.89]
e
f
e,
[11.90]
e
f
C
C
sendo que 0 é a medida do vão livre da viga, isto é a distância entre as faces
internas dos pilares P01 e P02 (ver desenho da forma estrutural – figura 11.10); hx são
as medidas dos lados dos pilares na direção do eixo da viga e h é a altura da viga; e,
é a distância de centro a centro entre os pilares na direção do eixo da viga; assim
C
C
tem-se:
hx
1 2
9
5
8
1
9
,
5
0
o
u
0
,
3
h
0
,
3
6
5
1
9
,
5
0
9
,
5
0
o
u
0
,
3
h
0
,
3
6
5
1
9
,
5
0
,
P2
0
2
e
f
5
8
1
9
,
5
0
9
,
5
0
6
0
0
c
m
[11.91]
e
f
6
0
0
c
m
[11.92]
e
f
c
c
Portanto, o vão efetivo da viga, para cálculo dos esforços solicitantes, é igual a 600
cm.
Lembra-se que entre as medidas da metade da dimensão do pilar na direção do
eixo da viga e 30% da altura da viga, adota-se o menor valor.
1
7
,
4
9 8
6
,
0
2e
︵ ︶
M
7
8
,
7
1
k
N
m
f
[11.93]
S
k
g
q 2
1
7
,
4
9 2
6
,
0
︵ ︶
VS
5
2
,
4
7
k
N
e
f
[11.94]
k
332 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
5
,
9
0 2
6
,
0
'
TS
1
7
,
7
k
N
m
S
k
e
f
2
[11.95]
k
V01 (19x65)
P02 P01 19
28
600 14
3,09
2,10 .3,20 = 6,72 6 8 p/ face
65
60
7,68
17,49 kN/m
8,0 c/14 (160)
3 16
52,47 kN 52,47 kN 2 .14 + 2. 60 + 2g
M Sk =78,71 kN.m 19 19
efe = 581 + 2 + 2
m x' =5,90 kN.m/m
0,3 .65 0,3 .65
efe = 600
17,70 kN TSk 17,70 kN
6118:2014 e no item 6.26, no caso de concreto C30, para garantia da dutilidade da viga.
Esse momento fletor resistente mínimo permite saber se é necessário considerar-se
armadura dupla ( MSd MRd,lim ) ou armadura simples ( MSd MRd,lim ).
O cálculo se faz com a rotina já estudada no capítulo 6. Para concreto C30 e barras
de aço CA-50 o valor de k c,lim é igual a 1,9, conforme tabela A-3 (Anexo).
Adota-se, inicialmente, altura útil igual a 60 cm, pois podem ser avaliados o
diâmetro dos estribos considerando-os com 8,0 mm (a viga tem ação de momento torçor)
e a distância do centro geométrico das barras da armadura longitudinal em relação ao
plano tangente à primeira camada destas, e, o cobrimento das barras igual a 2,5 cm,
tem-se, assim:
1
,
6 2
d
6
5
2
,
5
0
,
8
6
0
,
4
c
m
[11.96]
1
9 1
6 ,
0
2
2
M
3
6
.
0
0
0
k
N
c
m
3
6
0
,
0
k
N
m
w
[11.97]
R
d
,
l
i
m
c
,
l
i
m
sendo:
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 333
1
,
4
7
8
,
7
1
1
1
0
,
1
9
k
N
m
M
3
6
0
,
0
k
N
m
[11.98]
S
d
S
k
R
d
,
l
i
m
assim, a área das barras da armadura longitudinal de tração para absorver a
tensão de tração relativa ao momento fletor é calculada com a rotina de armadura
simples.
s
w
,
m
i
n
c
classe do concreto, neste projeto C30.
0
,
1 1
1 0
5 0
9
VR
3
9
,
1
5
b
d
0
,
0
8
6
9
3
9
,
1
5
1
9
6
0
1
5
0
,
8
k
N
d
,
m
i
n
s
w
,
m
i
n
(equação 9.62) [11.99]
1
,
4
5
2
,
4
7
7
3
,
4
6
k
N
VR
1
5
0
,
8
k
N
[11.100]
d
d
,
m
i
n
VR
b
d
0
,
5
0
9
1
1
9
6
0
5
8
0
,
3
7
k
N
VS
7
3
,
4
6
k
N
[11.101]
d
,
u
d
2
c
u
que é maior que a máxima força cortante solicitante de cálculo (VSd) no tramo da
viga do exemplo, portanto, há pequena probabilidade de ocorrer a ruptura da diagonal
comprimida.
Na combinação de momento torçor com força cortante, o projeto tem que prever
ângulos de inclinação das bielas de concreto (θ coincidentes para os dois esforços
solicitantes.
Adota-se o Modelo I para a verificação da resistência à força cortante, que
subentende o ângulo θ = 45º de inclinação da diagonal comprimida, assim, este ângulo
tem que ser o valor considerado para a verificação de segurança quanto à ação do
momento torçor.
334 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
VSd T
Sd 1 (inequação 11.40) [11.102]
VRd2 TRd2
sendo que:
7
3
,
4
6
k
N
1
,
4
1
7
,
7
0
2
4
,
7
8
k
N
m
A força cortante resistente última VRd2 foi calculada no item 11.8.3.3c e resultou
VR
VR
5
8
0
,
3
7
k
N
igual a
d
2
d
,
u
0
,
5
0
fc
A
he
s
e
n
2
v
2
2
,
1
4
k
N
/
c
m
2
1
,
[11.106]
d
fck 30
v 2 1 1 0,88 (equação 11.22) [11.107]
250 250
1
9
6
5
1
2 1
.
3 6
5 8
he
7
,
3
5
c
m
2
1
9
2
6
5
2
c1
2
4
,
1
8
,
2
c
m
2
,
5
0
,
8
4
,
1
0
c
m
l
o
n
2
[11.110]
e
s
t
Capítulo 11 - Dimensionamento de elementos estruturais fletidos solicitados por momento torçor – ELU 335
Conforme estudado no item 11.4.1.3a a ABNT NBR 6118:2014 indica que se a relação
A
/
u
2
c1
entre resultar menor que , que é o caso deste exemplo de projeto, pois:
A u
7
,
3
5
c
m
2
c1
2
4
,
1
8
,
2
0
c
m
[11.111]
7
,
3
5
c
m
b
2
c1
1
9
2
4
,
1
1
0
,
8
0
c
m
[11.112]
w
A a área da superfície média da seção celular equivalente Ae é definida pelos eixos das
armaduras do canto (respeitando o cobrimento exigido para os estribos).
Neste exemplo tem-se (figura 11.13):
A
2
c1
h
2
c1
1
9
2
4
,
1
6
5
2
4
,
1
1
0
,
8
5
6
,
8
6
1
3
,
4
4
c
m
e
[11.113]
c1
he
vazio
No exemplo
c 1 = 4,1cm
h e = 8,2cm
h
bw = 19cm
h = 65cm
lon= 16,0mm
he
c1
c1 c1
he he
bw
0
,
5
0
0
,
8
8
2
,
1
4
6
1
3
,
4
4
7
,
3
5
1
,
0
4
.
2
5
8
,
2
1
k
N
c
m
4
2
,
5
8
k
N
m
d
2
[11.114]
T ST R
7
3
,
4
6
2
4
,
7
8
0
,
1
3
0
,
5
8
0
,
7
1
1
d
5
8
0
,
3
7
4
2
,
5
8
[11.115]
d
2
d
2
2
4
,
7
8
k
N
m
TR
4
2
,
4
5
k
N
m
(equação 11.06) [11.116]
d
d
2
que indica pequena probabilidade de ocorrer ruptura da diagonal comprimida em
virtude da ação do momento torçor.
Neste projeto de viga tem-se que a força cortante solicitante de cálculo no apoio
(se for calculada a força cortante na seção transversal que coincide com a face do apoio,
esta será menor do que a calculada no apoio) é menor do que a força cortante resistente
de cálculo mínima, isto é:
VS
1
,
4
5
2
,
4
7
7
3
,
4
6
k
N
VR
1
5
0
,
8
k
N
[11.117]
d
d
,
m
i
n
0
,
1 1
1 0
5 0
9
1 2
9
1
0
0
1
,
1
0
c
m
/
m
s
w
,n
m
í n
[11.118]
Essa área é somada com a área de estribos necessários para absorver as tensões
de tração transversais oriundas da ação do momento fletor.
A 90 1 1 1 1 100 cm 2
TSd (equação 11.29) [11.119]
s fywd 2 A e cotg θ 1 m
2
4
,
7
8
k
N
m
[11.120]
d
5 ,
0 1
fy
4
3
,
5
k
N
/
c
m
4
3
,
5
k
N
/
c
m
2
2
1
5
[11.121]
w
d
A
6
1
3
,
4
4
c
m
2
[11.122]
e
1 3
1 2
1 3
1 1
1
0 1
0
2
.
4
7
8
4
,
6
4
c
m
/
m
2
9
0
4
,
5
6
1
,
4
4
,
0
[11.124]
A
TSd TRd4 s 2 A e fywd tg (equação 11.34) [11.125]
ue
resultando:
A s 1 1 1 1 100
TSd (em cm2 / m) [11.126]
ue 2 A e fywd tg 1
2
4
,
8
k
N
m
[11.127]
d
A
6
1
3
,
4
4
c
m
2
[11.128]
e
45 o tg 1,0 [11.129]
1 2
1 3
1 3
1 1
1
0 1
0
2
.
4
8
0
4
,
6
5
c
m
/
m
2
s
︶
6
1
,
4
4
4
,
5
,
0
[11.130]
e
2
c1
1
9
2
4
,
1
1
0
,
8
c
m
[11.131]
,
b
A
4
,
6
5
0
,
1
0
8
0
,
5
0
c
m
2
h
2
c1
6
5
2
4
,
1
5
6
,
8
c
m
[11.133]
,
h
338 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
4
,
6
5
0
,
5
6
8
2
,
6
4
c
m
2
s
,
(por face) [11.134]
h
0
,
1 0
0 0
A
b
h
1
9
6
5
1
,
2
4
c
m
p
o
r
f
a
c
e
2
︵ ︶
1
[11.135]
s
,
p
e
l
e
As distâncias verticais entre as barras da armadura de pele não pode ser maior do
d
/
3
2
0
c
m
que .
11.8.3.10 Cálculo da área das barras da armadura longitudinal para momento fletor
1
,
4
7
8
,
7
1
1
1
0
,
1
9
k
N
m
b w d2 19 602
kc 6,2 [11.136]
MSd 11.019
consultando a Tabela A-3 [Anexa], para concreto C30 e barras de aço CA-50
obtém-se:
d
0
,
1
2
6
0
7
,
2
c
m
[11.138]
x
1
1
.
0 6
1 0
9
A
ks
0
,
0
2
4
4
,
4
1
c
m
2
S
d
[11.139]
s
t
As áreas de armadura mínima para concreto C30 e aço CA-50 são calculadas
pelas equações seguintes, de acordo com o indicado na ABNT NBR 6118:2014:
0
1 1
,
5 0
0 0
0
1 1
,
5 0
0 0
A
b
h
1
9
6
5
1
,
8
5
c
m
2
[11.140]
s
t
,
m
í
n
11.8.3.11 Cálculo das áreas finais das áreas das barras das armaduras
4
,
4
1
0
,
5
0
4
,
9
1
c
m
2
[11.141]
s
t
0
4
,
9
2
c
m
2
[11.142]
s
t
,
e
f
e
3
1
6
,
0
m
m
6
,
0
3
c
m
2
[11.143]
s
t
,
e
f
e
Opta-se, portanto, por três barras de 16,0 mm junto à face tracionada da viga.
0
,
5
0
c
m
2
[11.144]
s
,
b
Na face comprimida esta é a única área de barras necessária, porém estas barras
tem que atender o critério de diâmetro mínimo de barras de porta estribos que tem que
ser no mínimo igual ao diâmetro dos estribos que neste exemplo é 8,0 mm.
Assim, adotam-se duas barras de 8,0 mm com área efetiva de 1,0 cm2.
2
,
6
4
c
m
1
,
2
4
c
m
2
s
,
p
e
l
e
Adotando seis (6) barras de 8,0 mm com área de cada barra igual a 0,50 cm2
obtém-se área efetiva de barras posicionadas junto às faces laterais da viga igual a 3,0
cm2. O detalhamento dessas barras está indicado na figura 11.14.
1
,
1
0
4
,
6
4
5
,
7
4
c
m
/
m
2
[11.146]
s
w
,
m
í
n
9
0
O diâmetro dos estribos tem que satisfazer o indicado na ABNT NBR 6118:2014.
b 1
1 1
9 0
0
5
m
m
1
9
,
0
m
m
w0
[11.147]
t
ou seja:
340 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
5
,
0
m
m
1
6
,
0
m
m
(diâmetros comerciais) [11.148]
t
O espaçamento máximo deve atender às seguintes condições:
VS
7
3
,
4
6
k
N
0
,
6
7
VR
0
,
6
7
5
8
0
,
4
3
8
8
,
9
k
N
[11.149]
d
d
2
então, o espaçamento máximo é:
s
0
,
6
d
0
,
6
6
0
3
6
,
0
c
m
[11.150]
m
á
x
O espaçamento entre os estribos não pode ser maior que o número absoluto
menor do que 30 cm.
Adotando barras de 8,0 mm para os estribos calcula-se o espaçamento entre os
estribos com a equação seguinte.
A As
0
5 ,
,
0 4
sc
1
0
0
1
0
0
8
,
7
1
c
m
s
,
1
5
7
[11.151]
a
l
w
,
t
o
t
É conveniente adotar número inteiro (ou número com decimal igual a 0,5 cm) para
facilitar o trabalho na obra. Portanto, adotando-se espaçamento igual a 8,0 cm o número
de estribos, de acordo com a equação seguinte, resulta:
100
número de estribos em 1 metro 12,5 [11.152]
8
0
,
5
0
6
,
2
5
c
m
/
m
A
5
,
7
4
c
m
/
m
2
[11.153]
,
e
f
e
s
w
,
m
í
n
9
0
5
0
,
8
4
,
0
5
,
0
c
m
[11.154]
e
s
t
[11.155]
V01 (19x65) N4
12
65
N5
53
P02 P01
19 581 19
3N6
2,5 2,5 19
74N3 c/8
N3 - 74 8,0 (160)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SÜSSEKIND, J. C. Curso de Concreto. Volume II. Editora Globo. Porto Alegre, 1985.
12
Exemplos de projetos de vigas
12.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS (19 de setembro de 2016)
ter altura constante, independente das distâncias entre os apoios, com a finalidade de
padronização do escoramento e das fôrmas, o que facilita a construção.
Para o projeto completo de vigas em concreto armado segue-se o seguinte roteiro.
Faz-se o desenho, na escala 1:50, do(s) tramo(s) da viga indicando os nomes dos
apoios e anotando as medidas dos vãos efetivos calculados com os critérios da ABNT
NBR 6118:2014, e, também, podem ser anotadas as medidas dos apoios na direção do
eixo longitudinal (ver figura 12.4). A seção transversal da viga é desenhada na escala
1:20 (ver figura 12.4). As escalas adotadas são função das medidas das folhas de
memória de cálculo, normalmente formato A4, que são quadriculadas para facilitar o
desenho e os cálculos.
A figura 12.1 mostra os critérios da ABNT NBR 6118:2014 para o cálculo dos vãos
efetivos calculados com a equação 12.01.
ef 0 a1 a 2 [12.01]
sendo que a1 é o menor valor entre 0,5 t1 e 0,3 h , a2 é o menor valor entre 0,5 t 2
e 0,3 h e 0 é a medida da distância entre as faces internas dos pilares ou vigas, no
caso de viga apoiada em outra viga.
Figura 12.1 - Vão efetivos dos tramos da viga [ABNT NBR 6118:2014]
e 0 h
[12.02]
e
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 345
Viga
Pilar
h
Viga
gpp b w h c a [12.03]
As intensidades das reações de apoio das lajes são determinadas por ocasião dos
cálculos das forças cortantes na etapa de projeto das lajes. Os valores das reações são
iguais às ações verticais nas vigas.
As reações podem ser determinadas independentemente para as ações atuantes
nas lajes relativas às forças permanentes (g) e variáveis normais (q).
c.- força relativa ao peso próprio da parede de alvenaria (ou outro material)
i+1
hv
hpar
i
hv
d.- força concentrada relativa à ação de viga que se apóia na viga em análise
e.- momento uniformemente distribuído atuante na viga por ação de laje considerada
engastada na viga em estudo
As rotinas para os cálculos das áreas das barras das armaduras longitudinais foram
estudadas no capítulo 6.
Lembra-se que para facilitar o dimensionamento da armadura longitudinal é
conveniente calcular o módulo do momento fletor resistente de cálculo limite (MRd,lim),
pois, comparando-se este com o módulo do momento fletor solicitante de cálculo (MSd)
sabe-se o tipo de armadura longitudinal.
Se MSd é menor que MRd,lim tem-se o caso de flexão simples com armadura simples,
porém, se MSd é maior que MRd,lim há necessidade de se considerar armadura dupla.
Recorda-se que as vigas, que façam parte de pavimento em laje maciças, podem ser
dimensionadas como viga de seção T, nos casos de momentos fletores positivos.
As rotinas para os cálculos das áreas das barras ou fios das armaduras transversais
foram estudadas no capítulo 9.
No caso do dimensionamento da armadura transversal podem ser calculados os
módulos das forças cortantes última (VRd,u) e mínima (VRd,mín), de tal modo que se a força
cortante solicitante de cálculo (VSd) for maior do que a última há necessidade de se
modificarem as dimensões das vigas, aumentando-as, e, quando esta força for menor
que a mínima a armadura transversal tem a área calculada com a taxa de armadura
mínima especificada pela ABNT NBR 6118:2014.
quantidade de barras que precisam ser alojadas junto aos apoios, conforme estudado
no capítulo 10.
Os arranjos das barras ou fios de aço das armaduras precisam ser corretamente
desenhados para que a equipe técnica de obra entenda claramente os diâmetros, as
formas das barras, as suas medidas, os ângulos de dobramento das barras e dos fios, e
as suas posições nas fôrmas para a correta moldagem do elemento estrutural. É preciso
indicar de modo claro as medidas dos cobrimentos das barras da armadura.
Nas folhas de desenhos é preciso constar a resistência característica à compressão
do concreto (fck) que foi adotada no projeto, as categorias das barras e fios de aços, o
grau de agressividade do meio onde a estrutura será construída e a medida do
cobrimento das barras das armaduras. Também se pode indicar o fator água-cimento
(a/c), o consumo mínimo de cimento por metro cúbico e o módulo de elasticidade do
concreto que foi considerado no projeto para que o pessoal técnico de obra possa
monitorar a retirada das escoras e fôrmas fazendo, assim, o controle dos deslocamentos.
A figura 12.4 indica os valores dos esforços solicitantes de cálculo (Sd) que são
iguais aos valores característicos multiplicados pelo coeficiente de majoração das
solicitações S d f S k . Conforme estudado no capítulo 6 viu-se a necessidade de se
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 349
calcularem os valores limites das intensidades dos esforços resistentes de cálculo para
que se possam analisar os critérios de projeto a serem seguidos.
VT01 ( 25x75 )
ESC.1:50
10
65
P01 VT02 P02
20 380 20 280 20
25
R v2 = 150kN CORTE AA
ESC.1:20
400 300 C 30
CA-50
P01 P02
CA-60
g + q = 20kN/m
k k
70,0 70,0
ESFORÇOS SOLICITANTES
Vsk 64,3 85,7
134,3 155,7 DE CÁLCULO: Sd = f .Sk
M sk+ 377,2
Vsd,P01 = 188 kN
Vsd,P02 = 218 kN
VRd,mín =221,3 kN
188
76
Vsd
A sw Ø 5 C/16
1
,
9
b k
d
2
5 1
7 9
1
2
2
M
6
6
.
3
2
8
,
9
5
k
N
c
m
6
6
3
,
2
9
k
N
m
,
[12.05]
R
d
,
l
i
m
c
,
l
i
m
M
5
2
8
,
0
k
N
m
M
6
6
3
,
2
9
k
N
m
Como , a viga pode ser armada
S
d
R
d
,
l
i
m
com armadura longitudinal simples, isto é, não há necessidade de armadura longitudinal
comprimida ( A sc ) posicionada junto a borda comprimida.
A altura útil d foi adotada igual a 71 cm, pois se pode considerar inicialmente as
medidas do cobrimento da armadura, do diâmetro dos estribos e fazer uma avaliação
dos diâmetros das barras da armadura longitudinal de tração.
Portanto, neste exemplo 1, tem-se:
1
,
6 2
d
h
c
d
7
5
2
,
5
0
,
6
3
7
1
,
0
7
c
m
[12.06]
e
s
t
l
o
n
g
da
7
1
c
m
[12.07]
d
o
VR
b
d
0
,
5
0
9
1
2
5
7
1
9
0
3
,
7
k
N
[12.08]
d
,
u
d
2
c
,
u
3
9
,
1
5
b
d
0
,
0
8
6
9
3
9
,
1
5
2
5
7
1
2
2
1
,
3
k
N
d
,
m
í
n
s
w
,
m
í
n
[12.09]
VS
2
1
5
,
2
k
N
VR
2
2
1
,
3
k
N
d
,
m
i
n
b n
0
,
0 1
9 0
6 0
5
2 2
5
1
0
0
1
0
0
1
,
2
1
c
m
m
s
w
,n
m
í n
2
w [12.10]
s
w
,
m
í
n
O diâmetro do estribo tem que respeitar o seguinte critério indicado na ABNT NBR
6118:2014 (inequação 9.47):
bw
5,0 mm t [12.11]
10
250
5,0 mm t 25,0 mm [12.12]
10
Para o cálculo dos espaçamentos entre os estribos é importante lembrar que eles
precisam atender a indicação de espaçamento máximo.
Como a força solicitante de cálculo atende a seguinte condição (equação 9.48):
VR
2
1
5
,
2
k
N
0
,
6
7
VR
6
0
5
,
5
k
N
[12.13]
d
,
m
á
x
d
2
0
,
6
d
0
,
6
7
1
4
2
,
6
c
m
[12.14]
m
á
x
e,
s
3
0
c
m
[12.15]
m
á
x
1 s
0
0
1 s
0
0
as
as
1
,
2
1
0
2
0
s
wn
[12.16]
w
,
c
a
l
,
1
c
a
l
c
a
l
ou seja:
Sendo assim, é possível adotar-se s efe 16,0 cm , resultando para área efetiva de
estribos por meio da equação 9.73:
100
a sw ,efe 0,20 1,25 cm 2 / m [12.18]
16
Se o projetista quiser adotar s efe 16,5 cm , tem-se área efetiva de estribos igual a:
100
a sw ,efe 0,20 1,21 cm 2 m [12.19]
16,5
2
5
7
1
2
2
kc
2
,
4
c
m
/
k
N
2
M
5
2
.
8
0
0
[12.20]
d
MSd 52.800
A st,cal k s 0,0265 19,7 cm2 [12.21]
d 71
Como a viga tem altura (h) maior do que 60 cm, a ABNT NBR 6118:2014 indica a
necessidade de armadura longitudinal de pele, posicionada entre a linha neutra e a
região das barras da armadura longitudinal de tração, com espaçamento não maior que
20 cm e respeitando as condições de verificação de abertura de fissuras. As barras
devem ser de alta aderência 1 2,25 .
Com x 0,33 obtido no item 12.2.2, e lembrando que:
x
x (equação 6.17) [12.22]
d
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 353
0
,
1 0
0 0
A
b
h
2
5
7
5
1
,
9
0
c
m
2
1
1 [12.24]
s
,
p
e
l
e
Considerando barras de diâmetro 8,0 mm de área igual a 0,50 cm2 obtêm-se quatro
barras por face e com área efetiva igual a:
A
2
,
0
c
m
2
[12.25]
s
,
p
e
l
e
,
e
f
2
3
,
7
c
m
[12.26]
,
m
a
x
,
p
e
l
e
ou,
sv
2
0
,
0
c
m
[12.27]
,
m
a
x
,
p
e
l
e
23
L.N.
a
1
c
o
t
g
c
o
t
g
d
7
1
c
m
d
,
m
á
x
2
Vc
(equação 9.44)
, d
m
á
x
[12.28]
7
1
1
2
1
,
5
c
m
2
2
1
5
4
,
3
[12.31]
Assim, como a medida do deslocamento tem que ser menor do que a altura útil (d),
a
d
7
1
c
m
a
R st,apoio VSd (equação 10.19) [12.32]
d
VS
1
8
8
,
0
k
N
A verificação é feita para a força cortante solicitante de cálculo ,
d
atuante na viga na secção que coincide com o centro do pilar P01 (figura 12.4).
Segue-se a rotina estudada no item 10.8.5.1.
A relação entre as medidas do deslocamento e a altura útil d resulta:
a 71
1,0 [12.33]
d 71
a
R st VSd 188 1,0 188,0 kN [12.34]
d
151
80,
8
A
4
,
3
2
c
m
s
t
,
a
p
o
i
o
2
fy
[12.35]
s
t
,
c
a
l
,
a
p
o
i
o
1
5
A área de barras que efetivamente precisa ser ancorada no apoio P01 depende da
largura do apoio na direção da viga ( b1 ); do comprimento de ancoragem reto das barras
da armadura ( b ), em função das resistências do concreto à tração do concreto e das
barras de aço; do fato das barras terem ganchos ( 1 ); e, da área das barras a ancorar
calculada ( A st,cal,apoio ).
A área efetiva de barras junto ao apoio é calculada com a equação 10.21:
b 1
A st,efe,apoio A st,calc,apoio (equação 10.21) [12.36]
b1
que é igual a medida da largura do apoio menos o cobrimento (c) das barras da
armadura;
1 é adotado igual a 0,7 , neste caso de barras de aço com ganchos nas
extremidades;
356 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
3
3
3
3
1
,
6
5
3
,
0
c
m
b
[12.38]
No caso de concreto C30 e barras de aço categoria CA-50, conforme tabela A-8.
4
,
3
2
9
,
1
6
c
m
2
1
7
,
5
[12.39]
s
t
,
e
f
e
,
a
p
o
i
o
Portanto, são necessárias ancorar com gancho a 90º, junto ao pilar P01, cinco (5)
barras de 16,0 mm, pois cada barra tem área de 2,01 cm2, com área efetiva de barras
igual a 10,05 cm 2 .
Foi estudado no item 10.8.4.1 que precisam ser ancoradas nos apoios de
extremidade área de barras maior ou igual a 1/3 da área das barras da armadura
longitudinal de tração, neste caso de viga bi-apoiada, calculada para absorver as tensões
de tração causadas pelo MSd de maior intensidade no vão, ou seja:
20,1
6,7 cm 2 [12.40]
3
2
1
8
,
0
k
N
[12.41]
d
a
R st,cal,apoio VSd 218 1,0 218,0 kN [12.42]
d
R fy
251
10,
8
A
5
,
0
c
m
2
s
t
[12.42]
s
t
,
c
a
l
,
a
p
o
i
o
1
5
53 0,7
A st,efe,apoio 5,0 10,6 cm2 [12.43]
17,5
10,6
5,27 [12.44]
2,01
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 357
assim, precisam ser ancoradas junto ao pilar P02, 6 barras de aço de 16,0 mm com
área efetiva de 12,06 cm2.
Para as barras ancoradas fora dos apoios sem gancho (por uma decisão de projeto)
pode-se considerar a equação, válida para concreto classe C30 e aço categoria CA-50,
conforme equação 10.08.
A A
1
9
,
7
3
3
3
3
1
,
6
5
2
c
m
s
t
,
c
a
l
2
0
,
1
(equação 10.8) [12.45]
b
,
n
e
c
b
,
n
e
c
s
t
,
e
f
e
Para esse cálculo considerou-se: região de boa aderência, por se tratarem de
barras posicionadas junto à face inferior da viga, a relação (menor do que um, neste
caso) entre as áreas das barras calculada e efetiva destinada a absorver as tensões de
tração oriundas do momento fletor solicitante de cálculo de maior intensidade no tramo,
que neste projeto ocorre na seção que dista 4,0m do apoio P01.
O cálculo dos comprimentos das barras longitudinais de tração, que não têm
comprimentos medidos de face-a-face dos apoios descontados os cobrimentos, é feito
considerando o deslocamento (decalagem) do diagrama de momentos fletores
solicitantes de cálculo, ou seja, é desenhado o diagrama deslocado, e, a partir dos pontos
de intersecção dos eixos da barras e o diagrama deslocado promovem-se as marcações
dos comprimentos de ancoragem. Os critérios para a determinação dos comprimentos
de ancoragem retos das barras foram estudados no capítulo 10 e neste exemplo
calculados no item 12.2.6. A figura 12.6 mostra o desenho do diagrama e as distribuições
das barras da armadura longitudinal.
A rotina para essa etapa do projeto de viga é descrita a seguir.
5
6
,
0
k
N
m
[12.46]
358 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
No caso do trecho entre VT02 e o pilar P02 o valor do momento fletor a ser
acrescentado na seção transversal que dista 1,50 m da viga VT02 é igual a:
20 3 2
1,4 31,5 kNm [12.47]
8
5
2
8
k
N
m
solicitante de cálculo, neste exemplo , em segmentos iguais ao número
S
d
de barras da armadura longitudinal, no exemplo 10 barras de 16,0 mm, calculadas para
absorver as tensões longitudinais de tração em virtude do momento fletor solicitante de
cálculo, dispostas junto à face tracionada da viga, entendendo-se que cada barra
absorve 1/10 do momento fletor, ou seja:
528
52,8 kNm [12.48]
10
1
6
,
0
c
m
VT01 ( 25x75 )
ESC.1:50
10
P01 VT02 P02
65
20 380 20 280 20
25
R VT02 =150 kN
20 20
CORTE AA
ESC.1:20
400 300
200 200 150 150
a = 71cm
1 b,nec= 52 cm
2
1,4 . (20.4²
8 )= 56 kN.m
3
1,4 . (20.3²
8 )= 31,5 kN.m
31,5
528
= 52,8 kN.m
10
5
10 Ø 16mm
56 56
M sd 6
Ganchos à 90º:
31,5
7 8 Ø + 2,5 Ø + Ø = 11,5 Ø = 19 cm
10
> 10 Ø
52 71 71 52
> 10 Ø
≥ ≥
1 Ø 16 (300)
170
> 10 Ø
1 Ø 16 (375)
205
1 Ø 16 (455)
245
1 Ø 16 (525)
285
7.o - As barras providas de ganchos nas extremidades, neste caso adotados com
ângulo de 90o em relação aos eixos longitudinais, atendem os critérios estudados no item
10.3.3.2. Os comprimentos verticais dos ganchos podem ser calculados por:
1
6
m
m
1
,
6
c
m
1
,
2
1
,
2
1
9
2
2
,
8
m
m
2
,
2
8
c
m
; ; e, ,
l
o
n
g
a
g
r
- o espaçamento vertical entre as barras ( a v ) é igual ao maior valor entre: 2,0 cm,
1
6
m
m
1
,
6
c
m
0
,
5
0
,
5
1
9
9
,
5
m
m
0
,
9
5
c
m
, , portanto adota-se
l
o
n
a
g
r
Como o espaçamento horizontal (ah) entre barras resultou igual a 2,75 cm que é
maior do que o espaçamento mínimo calculado de 2,3 cm é possível alojar cinco barras
nas primeira e segunda camadas.
Conforme visto no item 12.2.1 deste exemplo, adotou-se 71 cm como altura útil.
Na seção 6.9 analisou-se o que prescreve a ABNT NBR 6118:2014 com relação a
atuação da força resultante das tensões nas barras das armaduras longitudinais de
tração, que pode ser considerada concentrada no centro de gravidade correspondente,
se a distância deste centro ao ponto da seção de armadura mais afastada da linha
neutra, medida normalmente a esta, for menor que 10% da medida da altura da seção
transversal (h). As barras das armaduras laterais de vigas podem ser consideradas no
cálculo dos esforços resistentes, desde que estejam convenientemente ancoradas e
emendadas.
S
i 1
b,i Sb,equi [12.51]
LN
6
2x4Ø8
Estribo Ø 5
Barra de suporte
6
1,6
2,0
1,6
2,5
0,5
10 Ø 16 2,5 2,5
1,6 1,6 1,6
0,5 0,5
1,6 1,6
25-2x2,5-2x0,5-5x1,6
= 2,75 cm > 2,3cm
4
25
Figura 12.7 - Arranjo das barras da armadura longitudinal na seção transversal mais
solicitada
362 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
1,6 1,6
5 2,01 2,5 0,5 5 2,01 2,5 0,5 1,6 2,0 10 2,01 y cg
2 2
[12.52]
resultando:
y CG 5,6 cm [12.53]
h
y
7
5
,
0
5
,
6
6
9
,
4
c
m
[12.54]
f
e
C
G
y CG 5,6 cm [12.55]
7
5
7
,
5
c
m
0
[12.58]
44 N1 Ø 5 C/16 25 N2
A 10
23
6
N1 N3
65
N6
P01 P02 N5 6
A VT02
N8
20 380 20 280 20 N7
N9
N4
CORTE AA
N2 - 2 Ø 6,3 (715)
ESC.1:20
20
N3 - 4 Ø 8 (715)
N1 - 44 Ø 5 (195)
177,5
2,5
N4 - 1 Ø 16 (300) 70
170
137,5
N5 - 1 Ø 16 (375)
205 97,5
N6 - 1 Ø 16 (455)
245
67,5
N7 - 1 Ø 16 (525)
285
2,5 N8 - 1 Ø 16 (662) 19
DETALHAMENTO
19 N9 - 5 Ø 16 (753) 19 ESC. 1:50, 1:20
715
10
50
P01 VT02 P02
20 380 20 280 20
25
R v3 = 150kN CORTE AA
ESC.1:20
g + q = 20kN/m
k k
70,0 70,0
64,3 85,7 ESFORÇOS SOLICITANTES
Vsk 134,3 155,7 DE CÁLCULO: Sd = f .Sk
M sk+ 377,2
Vsd,P01 = 188 kN
76
Vsd
134
VRd,mín = 168,4kN
218
A sw 4 6,3
70
c/20 26
453
5 c/16 13 6,3 c/14
177
kc
1
,
9
Lembrando a rotina estudada no capítulo 6, considerando , em face da
,
l
i
m
posição limite relativa da linha neutra (βx,lim) igual a 0,45, por causa da condição de
dutilidade, quando se adotam concreto C30 e barras de aço da categoria CA-50, bw
= 25 cm e d = 54 cm (h = 60 cm), e, por meio da equação indicada na tabela A-3 (ou
equação 6.33) calcula-se o módulo do momento resistente limite de cálculo conforme
12.59.
b k
d
2
5 1
5 ,
4
2
2
M
3
8
.
3
6
8
,
4
2
k
N
c
m
3
8
3
,
6
8
k
N
m
9
[12.59]
R
d
,
l
i
m
R
d
,
l
i
m
c
,
l
i
m
5
2
8
,
0
k
N
m
M
3
8
3
,
6
8
k
N
Como m
a viga tem que ter armadura
S
d
R
d
,
l
i
m
VR
b
d
0
,
5
0
9
1
2
5
5
4
6
8
7
,
3
k
N
VS
2
1
8
,
0
k
N
[12.60]
d
,
u
d
2
c
,
u
3
9
,
1
5
b
d
0
,
0
8
6
9
3
9
,
1
5
2
5
5
4
1
6
8
,
4
k
N
d
,
m
í
n
s
w
,
m
í
n
[12.61]
366 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
VR
1
5
5
,
9
k
N
resistente mínima de cálculo ( ). As demais seções transversais nas
d
,
m
í
n
quais as forças cortantes solicitantes de cálculo são menores que a força cortante
resistente mínima são armadas com armadura transversal mínima.
3
8
3
,
6
8
k
N
m
3
2
8
,
9
5
k
N
m
para concreto C30 e aço CA-50, o valor de kc é igual a 1,9 e ks é igual a 0,028 (tabela A-
3), resulta:
M
3
8
3 5
.
6 4
8
A
ks
0
,
0
2
8
1
9
,
8
9
c
m
2
S
1
d
d
[12.62]
s
t
1
Recordando o que foi estudado no item 6.12.2 calculam-se as áreas das armaduras
longitudinais de tração e de compressão (item 12.3.2.2) necessárias para o equilíbrio do
momento fletor solicitante de cálculo em uma seção fictícia (sem concreto) igual a:
M
5
2
8
,
0
0
3
8
3
,
6
8
1
4
4
,
3
2
k
N
m
[12.63]
S
2
d
S
d
R
d
,
l
i
m
1 5
4
.
4
3 5
2
A
ks
0
,
0
2
3
6
,
6
7
c
m
2
S
2d
d'
[12.64]
s
t
2
1
9
,
8
9
6
,
6
7
2
6
,
6
6
c
m
2
[12.65]
s
t
s
t
1
s
t
2
2
8
,
2
6
c
m
2
[12.66]
s
t
,
e
f
e
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 367
4 6
' h
0
,
0
7
0
[12.67]
Na tabela A-4 determina-se que ks2 é igual a 0,023, considerando, para esta viga
0
,
4
5
biapoiada, , resulta que a área de armadura comprimida é igual a:
x
x
,
l
i
m
A
6
,
6
7
c
m
2
[12.68]
s
c
s
t
2
Essa área pode ser representada por duas de 10,0 mm e três barras de 16,0 mm.
A área efetiva das barras comprimidas resulta:
A
2
0
,
7
9
3
2
,
0
1
7
,
6
1
c
m
2
[12.69]
s
c
,
e
f
e
0
xP
[12.70]
0
1
portanto,
xP
4
5
,
0
c
m
[12.71]
0
1
3
0
xP
[12.72]
0
2
368 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
portanto,
xP
1
7
8
,
0
c
m
[12.73]
0
2
0
,
0
9
6
5
%
Considerando estribos de dois ramos ( n 2 ), b w 25 , para
s
w
,
m
i
n
concreto C30 e fios de aço CA-60, conforme tabela A-7, obtém-se para área de armadura
transversal mínima:
A s
b n
0
,
0 1
9 0
6 0
5
2 2
5
1
0
0
1
0
0
1
,
2
1
c
m
m
s
w
,n
m
í n
2
w
[12.74]
s
w
,
m
í
n
1
,
2
5
c
m
/
m
2
[12.75]
w
,
e
f
e
,
m
í
n
[12.76]
VS
1
8
5
,
2
k
N
1
8
5
,
2
k
N
]w
2
5
5
4
[12.77]
s
portanto,
0
,
1
3
%
[12.78]
s
w
0
,
1 0
3 0
2 2
5
as
1
0
0
1
,
6
3
c
m
/
m
2
s
w
n
1
[12.79]
w
representada por:
6
,
3
m
m
c
/
1
9
,
0
c
m
[12.80]
1
,
6
6
c
m
/
m
2
[12.81]
w
,
e
f
e
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 369
VS
2
1
5
,
2
k
N
12.3.3.4 Área de armadura transversal para
d
VS
2
1
5
,
2
k
N
A força cortante de cálculo é a solicitante na face do pilar P02,
d
conforme figura 12.9, calculada considerando as semelhanças entre os triângulos
retângulos.
Com a mesma rotina do item anterior, com as equações deduzidas no capítulo 9,
ou as indicadas na tabela A-7, tem-se:
2
1
5
,
2
[
0
,
0
8
6
9
3
9
,
1
5
]w
2
5
5
4
[12.82]
s
portanto,
0
,
1
9
%
[12.83]
s
w
0
,
1 0
9 0
2 2
5
as
1
0
0
2
,
3
8
c
m
/
m
2
s
w
n
1
[12.82]
w
representada por:
6
,
3
m
m
c
/
1
3
,
0
c
m
[12.84]
2
,
4
2
c
m
/
m
2
[12.85]
w
,
e
f
e
2
1
8
,
0
a
d
1
c
o
t
g
α
c
o
t
g
α
5
4
5
8
,
5
c
m
d
,
m
á
x
2
2
1
8
,
0
0
,
0
8
6
9
2
5
5
0
2
Vc
,d
m
á
x
[12.86]
a
sendo que tem que ser menor ou igual do que d, neste caso de Modelo I (
a
d
5
4
c
m
) e, portanto, adota-se:
a
d
5
4
c
m
[12.87]
1
8
8
,
0
k
N
[12.88]
d
a
R st,cal,apoio VSd 188 1,0 188,0 kN [12.89]
d
R fy
15,
801
8
A
4
,
3
2
c
m
2
s
t
[12.90]
s
t
,
c
a
l
,
a
p
o
i
o
1
5
33 2,0 0,7
A st,efe,apoio 4,32 11,4 cm 2 [12.91]
17,5
1
1
,
4
n
ú
m
e
r
o
d
e
b
a
r
r
a
s
a
n
c
o
r
a
d
a
s
n
o
a
p
o
i
o
3
,
6
3
3
,
1
4
[12.92]
assim, precisam ser ancoradas junto ao pilar P01, 4 barras de aço de 20,0 mm com
área efetiva de 12,56 cm2.
2
1
8
,
0
k
N
[12.93]
d
a
R st,cal,apoio VSd 218 1,0 218,0 kN [12.94]
d
R fy
251
10,
8
A
5
,
0
1
c
m
2
s
t
[12.95]
s
t
,
c
a
l
,
a
p
o
i
o
1
5
33 2,0 0,7
A st,efe,apoio 5,01 13,23 cm 2 [12.96]
17,5
1
3
,
2
3
n
ú
m
e
r
o
d
e
b
a
r
r
a
s
a
n
c
o
r
a
d
a
s
n
o
a
p
o
i
o
4
,
2
1
3
,
1
4
[12.97]
portanto, junto ao pilar P02 é preciso ancorar 5 barras de aço de 20,0 mm com área
efetiva de 15,70 cm2.
A s,calc
b,nec α b b,mín (equação 10.8) [12.98]
A s,efe
6
3
c
m
2
8
,
2
6 [12.99]
b
,
n
e
c
6
8
c
m
'b
7
,
6
1
[12.100]
c.- traça-se a reta paralela à linha de fecho contendo o ponto relativo ao momento
fletor resistente de cálculo mínimo, assim, esta reta, nas intersecções com o diagrama
de momentos fletores de cálculo, define dois pontos;
d.- por duas linhas de chamadas perpendiculares à linha de fecho do diagrama
marcam-se dois pontos, a partir dos quais se desenha o diagrama de MS2d;
e.- na seção transversal para a qual se dimensionou as áreas das barras das
armaduras (seção em que atua o máximo momento fletor de cálculo) desenha-se o
segmento de reta de medida MS2d, na face comprimida da viga;
f.- pelos dois pontos definidos pelo procedimento indicado no item d e pelo ponto
que define o momento MS2d desenha-se o diagrama deste momento;
g.- o segmento MS2d é divido segundo as capacidades das barras adotadas para
absorver as tensões de compressão na seção transversal;
h.- os comprimentos de ancoragem são marcados a partir das intersecções dos
eixos das barras com o diagrama de MS2d, lembrando-se que este diagrama não é
deslocado de a (decalagem do diagrama);
i.- pode-se optar por definir barras de mesmo comprimento para facilitar o
detalhamento e construção.
7
,
6
1
1
,
5
8
R
d
2
1
0
,
0
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 373
portanto,
2
9
,
9
6
k
N
m
[12.101]
R
d
2
1
0
,
0
7
,
6
1
6
,
0
3
R
d
3
1
6
,
0
portanto,
M
1
1
4
,
3
6
k
N
m
[12.102]
R
d
3
1
0
,
0
VT02 ( 25x60 )
2 10 (715)
3 16 (270)
b' = 68cm
152
68 68
114,36 3 16 MS2d
144,32 kN.m
29,96 2 10
3
MRd,lim
4
383,68 kN.m
5 31,5
56
31,5
56
6
8
MS2d
144,32 kN.m
9
10
63 54 54 63
20 a = 54cm
2 20 (360) b = 63cm
200 c = 2,5cm
2 20 (530)
300
25 5 20 (765) 25
715
VT02 ( 25x60 )
ESC.1:50
10
N6 N5
50
P01 P02
A
N7
20 380 20 280 20
CORTE AA
N3 - 2 10 (715) ESC.1:20
2,5
N4 - 3 16 (270) (2ª cam.sup.)
152 55
20
N5 - 2 20 (360) N1 - 17 6,3 (160)
200
2,5 20
N6 - 2 20 (530)
300
55
25 N7 - 5 20 (765) 25
715
N1A - 26 5,0 (160)
DETALHAMENTO
ESC. 1:50, 1:20
Este exemplo tem a finalidade de apresentar a rotina de projeto de uma viga que
faz parte de um pórtico plano; a viga tem três apoios (vínculos) em pilares e dois tramos.
Quando se usa no projeto programa computacional para a análise estrutural pode
ser adotado um dos vários modelos indicados na ABNT NBR 6118:2014. Neste exemplo,
como o objetivo é discutir os critérios de cálculo e detalhamento das armaduras, optou-
se por considerar para cálculo dos esforços solicitantes as aproximações permitidas para
estruturas usuais de edifícios, particularmente as indicadas pela norma citada para vigas
contínuas. A análise estrutural adotada neste exemplo é a Análise Linear que considera
comportamento elástico-linear para os materiais.
Os cálculos dos esforços solicitantes podem ser feitos com os processos estudados
nas disciplinas de Mecânica das Estruturas.
Programas computacionais podem ser usados para esse fim, com base nas
considerações da estrutura como pórtico tridimensional ou constituída por vários pórticos
planos. Os modelos de análise estrutural podem ser os indicados na ABNT NBR
6118:2014.
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 375
Essa norma permite adotar, nas determinações dos esforços solicitantes em vigas
e pilares, processo simplificado que considera um pórtico plano constituído pela viga
continua em análise e as metades das medidas dos tramos superior e inferior dos pilares
de extremidade, sendo que a viga é considerada apoiada nos pilares internos.
O modelo simplificado da ABNT NBR 6118:2014 que consta do item “Estruturas
usuais de edifícios - Aproximações permitidas” é escrito a seguir.
Pode ser utilizado o modelo clássico de viga contínua, simplesmente apoiada nos
pilares, para o estudo das cargas verticais, observando-se a necessidade das seguintes
correções adicionais:
a.- não devem ser considerados momentos positivos menores que os que se
obteriam se houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos;
b.- quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio, medida
na direção do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do pilar, não pode
ser considerado momento negativo de valor absoluto menor do que o de
engastamento perfeito nesse apoio;
c.- quando não for realizado o cálculo exato da influência da solidariedade dos
pilares com a viga deve ser considerado, nos apoios externos, momento fletor igual
ao momento de engastamento perfeito multiplicado pelos coeficientes
estabelecidos nas seguintes relações:
r r
inf sup
Meng [12.103]
r r r
vig inf sup
r
sup
Meng [12.104]
r r r
vig inf sup
r
Meng inf [12.105]
r r r
vig inf sup
sendo que:
Pilar
1/2 sup
Viga
Os vãos efetivos dos tramos da viga ( ef ) são calculados com a equação seguinte,
conforme ABNT NBR 6118:2014:
ef 0 a 1 a 2 [12.106]
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 377
sendo:
t1
a1 ao menor valor entre e 0,3 h [12.107]
2
t2
a2 ao menor valor entre e 0,3 h [12.108]
2
h é a altura da viga;
t 1 80
40 cm e 0,3 h 0,3 60 18 cm [12.109]
2 2
portanto,
a 1 18 cm [12.110]
t 2 20
10 cm e 0,3 h 0,3 60 18 cm [12.111]
2 2
analogamente,
a 2 10 cm [12.112]
0
20 480 20 400 20
FORMA / PLANTA
ESC. 1:75
i+2
60
VT03
280
i+1
VT03 60
280
i
VT03
280
e
i-1
CORTE
ESC. 1:75
t 1 20
10 cm e 0,3 h 0,3 60 18 cm [12.114]
2 2
portanto,
a 1 10 cm [12.115]
t 2 20
10 cm e 0,3 h 0,3 60 18 cm [12.116]
2 2
portanto,
a 2 10 cm [12.117]
12.4.1.3 Cálculo dos comprimentos equivalentes dos tramos dos pilares P10 e P12
e 0 h e e [12.119]
sendo:
e (280 60
) 80 300 cm e e 280 cm [12.120]
h VT 03
portanto,
2
8
0
c
m
[12.121]
e
380 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
e (280 60
) 20 240 cm e e 280 cm [12.122]
h VT 03
portanto,
e 240 cm [12.123]
120
120
140
448 420
Figura 12.14 - Modelos de cálculo dos momentos fletores nas extremidades da viga e
nos tramos superiores e inferiores dos pilares
a1.- cálculo das rigidezes dos tramos superior e inferior do pilar P10 em relação a
viga VT03 no andar considerado (nível i), sendo que, de acordo com o modelo estrutural
e figura 12.14, as alturas dos tramos de pilar são iguais às metades dos comprimentos
equivalentes, ou sejam iguais a e,sup / 2 e e,inf / 2 ; no caso de edifícios com pavimentos
tipo os comprimentos equivalentes superior e inferior são iguais. As rigidezes são
calculadas pela equação 124 com o quociente I / multiplicado por 3 para levar em
consideração as condições de vinculações dos tramos de pilares, conforme figura 12.14.
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 381
Isup
rsup rinf 3 [12.124]
e,sup
2
1 20 80 3
rsup 3 18 .286 cm 3 [12.125]
140 12
Ivig
rvig 4 [12.126]
ef ,vig
1 20 60 3
rvig 4 3 .214 cm 3 [12.127]
448 12
1
8
.
2
8
6
1
8
.
2
8 3
6 .
2
M
9
2
,
3
k
N
m
1
1
8
.
2
8
6
1
8
.
2
8
6
2
1
4
[12.128]
v
i
g
,
P
1
0
1 2
8
0 1
2 2
0
3
rs
ri
1
.
3
3
3
c
m
u
p
3
1
0
[12.129]
u
p
n f
e
,
s
u
p
2
Ivig 1 20 603
rvig 4 4 3.429 cm3 [12.130]
vig 420 12
O momento fletor característico na viga junto ao pilar P12, com uma força
5
0
k
N
/
m
3 3
1 0,67 [12.134]
ef ,vig1 4,48
3 3
2 0,71 [12.135]
ef ,vig2 4,20
0,67
1 0,49 [12.136]
0,67 0,71
0,71
2 0,51 [12.137]
0,67 0,71
VT 03 (20x60)
92,3 kN.m 32,2 kN.m
448 420
60 kN/m 50 kN/m
0,49 0,51
-150,5 +110,3 2
x0,5 x0,5 (g+q)
+ 92,3 + 46,2 - 16,1 - 32,2
+ 5,0 + 5,2 8
-
MSk + 92,3 - 99,3 + 99,4 - 32,2
Figura 12.15 - Cálculo dos esforços solicitantes na viga VT03 – Processo de Cross
Para facilitar o cálculo dos módulos dos momentos fletores positivos e das
distâncias das seções transversais em que eles atuam medidas a partir da extremidade
esquerda dos tramos, podem-se usar as equações seguintes, conhecidas da Mecânica
das Estruturas.
a.- distância da seção transversal de maior momento positivo no tramo:
VSk,E
x Mk [12.138]
gq
sendo que VSk,E é o módulo da força cortante solicitante característica junto ao
apoio da esquerda do tramo e g + q é o módulo da força uniformemente distribuída no
tramo.
b.- módulo do momento fletor positivo máximo na seção transversal é calculado
por:
V Sg
2k
M
M
E
2
[12.139]
S
k
S
k
,
E
︵ ︶
2
8 4
0
hx
2
0
c
m
7
0
c
m
p
p
4
[12.140]
,
P
1
1
sendo hx,P11 a medida do lado do pilar P11 na direção da viga, conforme figura
12.13.
Assim, o momento fletor MSk,P11 tem que ser menor que o momento de
engastamento perfeito neste apoio, ou seja:
MSk ,P11 99,4 kNm Meng 150,5 kNm [12.141]
No caso da medida da seção do pilar na direção do eixo da viga ficar maior do que
a distância de piso a piso dividida por 4, sugere-se a aplicação do especificado na no
item 4.1.1 alínea b.
12.4.1.7 Verificação dos módulos dos momentos fletores positivos nos tramos da viga
A ABNT NBR 6118:2014 prescreve que, conforme escrito no item 12.4.1.1a,
quando se adota o modelo clássico de viga contínua, não podem ser considerados
momentos fletores positivos menores que os que se obteriam se houvesse
engastamento perfeito da viga nos apoios internos.
a.- 1º Tramo:
O primeiro tramo da viga está desenhado na figura 12.16, sendo que os momentos
fletores negativos são no apoio junto ao pilar P11 o momento calculado com o modelo
da ABNT NBR 6118:2014 para viga contínua igual a 92,3 kNm e, no apoio junto ao pilar
P11, considerando a viga engatadas (com continuidade junto ao pilar P11) e apoiada
junto ao pilar P10 (tem um momento negativo aplicado na extremidade), o momento é
igual a:
60 4,48 2
M eng ,P11 150 ,5 kNm [12.142]
8
1º Tramo
92,3 kN.m 150,5 kN.m
448
60 kN/m
134,4 134,4
-13,0 +13,0
121,4 147,4 Meng = 60x4,48
2
=150,5 kN.m
8
2,02
30,5
2
Meng = 60x4,48 =100,4 kN.m
12
b.- 2º Tramo:
O segundo tramo da viga (figura 12.17), tem os seguintes momentos atuando: junto
ao pilar P11 o momento de engastamento perfeito considerando-o apoiado no pilar P12,
resultando,
50 4,20 2
M eng ,P11 110,3 kNm [12.143]
8
e, junto ao pilar P12 o momento é igual a 32,2 kNm calculado com o critério da
ABNT NBR 6118:2014.
2º Tramo
110,3 kN.m 32,2 kN.m
420
50 kN/m
105,0 105,0
+18,6 -18,6
2
123,6 86,4 Meng = 50x4,20 =110,3 kN.m
8
2,47
42,5
Como a altura (h) foi pré-dimensionada com 60 cm, a altura útil (d) pode ser
avaliada por:
log 1,6
d h c est 60 2,5 0,63 56 cm [12.144]
2 2
0
,
4
5
determinado com a posição da linha neutra limite , no estado-limite último,
x
conforme tabela A-3. Assim, se o módulo do momento solicitante de cálculo em uma
seção transversal for maior que o momento mínimo há necessidade de armadura dupla.
A equação (tabela A-3) com a qual se calcula esse momento é, considerando
concreto C30 e aço CA-50, o valor de kc,lim é igual a 1,9:
b k
d
2
0 1
5 ,
6
2
2
M
3
3
.
0
1
0
,
5
2
k
N
c
m
3
3
0
,
1
1
k
N
m
w
9
[12.145]
R
d
,
m
í
n
c
,
l
i
m
A área mínima das barras é calculada por 12.146, a título de avaliação, pois a taxa
mínima se refere a relação h/d = 0,8, e neste caso a relação é igual a 0,93. Lembra-se
que o concreto é da classe C30.
0
,
1 1
5 0
0 0
A
b
h
2
0
6
0
1
,
8
0
c
m
2
[12.146]
s
t
,
m
i
n
m
í
n
3
0
M
P
a
5
0
M
P
a
0
,
0 1
9 0
6 0
5
VR
3
9
,
1
5
b
d
0
,
0
8
6
9
3
9
,
1
5
2
0
5
6
1
3
9
,
6
k
N
d
,
m
í
n
s
w
,
m
í
n
w
[12.147]
VR
b
d
0
,
5
0
9
1
2
0
5
6
5
7
0
,
2
k
N
[12.148]
d
,
u
d
2
c
u
VR
5
7
0
,
2
k
N
).
d
2
d
,
u
A sw 0,0965 20
100 0,97 cm 2 /m [12.149]
sn 100 2
Como:
VR
VR
5
7
0
,
2
k
N
[12.150]
d
2
d
,
u
VR
1
3
9
,
6
k
N
0
,
6
7
VR
3
8
2
,
0
k
N
[12.151]
d
,
m
í
n
d
2
0
,
6
d
0
,
6
5
6
3
3
,
6
c
m
[12.152]
a
x
o espaçamento máximo nominal é igual a 30 cm, portanto menor do que 33,6 cm,
ou seja o espaçamento adotado de 20 cm esta de acordo.
Adotando estribos de fios de aço CA-60 de 5,0 mm de diâmetro, com área unitária
de 0,20 cm2, resulta (equação 9.71):
a as
0
,
2 ,
0 7
sc
1
0
0
1
0
0
2
0
,
2
c
m
s
,
1
0
9
[12.153]
a
l
,
c
a
l
100
número de estribos 5 [12.154]
20
n
ú
m
e
r
o
d
e
e
s
t
r
i
b
o
s
p
o
r
m
e
t
r
o
a
5
0
,
2
0
1
,
0
c
m
/
m
2
︵
︶ [12.155]
,
e
f
e
s
,
1
12.4.3.2 Forças cortantes de cálculo maiores que a força cortante resistente mínima
Para cálculo das áreas das armaduras transversais tem que ser consideradas as
forças cortantes solicitantes de cálculo nas faces dos pilares. Observando o diagrama de
forças cortantes de cálculo da figura 12.19 as forças cortantes de cálculo nas face podem
ser calculadas considerando as semelhanças dos triângulos retângulos.
VS
1
7
0
,
9
k
N
a.- Cálculo da área de armadura transversal para
d
1
7
0
,
9
k
N
1
8
2
,
0
k
N
1
8
2
,
0
k
N
2
0
5
6
︵
︶ [12.158]
s
w
ou seja:
1
8
2
,
9
9
7
,
3
3
4
3
.
8
4
8
[12.159]
s
w
resultando:
0
,
2
0
%
[12.160]
s
w
A sw b
a sw sw w 100 (equação 9.69) [12.161]
sn n
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 389
A s
0
,
2 0
0 0
2 2
0
1
0
0
2
,
0
c
m
/
m
2
s
wn
1
[12.162]
0
,
3 0
1 0
sc
1
0
0
1
0
0
1
5
,
5
c
m
s
,
1
2
,
(equação 9.71) [12.163]
a
l
,
c
a
l
6
,
6
7
(equação 9.72) [12.164]
d
o
n
ú
m
e
r
o
d
e
e
s
t
r
i
b
o
s
p
o
r
m
e
t
r
o
a
6
,
6
7
0
,
3
1
2
,
0
7
c
m
/
m
2
︵
︶
,
e
f
e
s
,
1
[12.165]
2
,
0
7
c
m
/
m
2
[12.166]
w
,
e
f
e
VS
1
6
2
,
4
k
N
c.- Cálculo da área de armadura transversal para
d
0,15%, área calculada de armadura transversal ( ) igual a 1,50 cm2/m, que pode
s
w
ser representada pela área efetiva de 1,58 cm2/m, ou seja, ϕ 6,3 mm a cada 20 cm.
Observa-se na figura 12.18 que optou-se por considerar nesse trecho espaçamentos
iguais a 15 cm.
1
2
4
,
6
k
N
área de armadura nesse trecho é igual a área de armadura mínima calculada pela
equação 12.149 e diâmetro e espaçamento dos estribos indicados na equação 12.166.
V sV s
a
1
c
o
t
g
c
o
t
g
d
d
,
m
á
x
Vc
(equação 9.44) [12.167]
, d
m
á
x
Sendo Vc calculado por:
Vc
b
d
0
,
0
8
6
9
2
0
5
6
9
7
,
3
k
N
(equação 9.55) [12.168]
c
a
5
6
5
7
,
3
c
m
2
1
,
4
9
7
,
3
[12.169]
Considerando que o deslocamento do diagrama tem que ter medida menor que a
altura útil (d), resulta, portanto:
a d 56 cm
12.4.6.1 Verificação da área das barras ancoradas no apoio em função da relação entre
os módulos dos momentos fletores negativo e positivo
a.- Área das barras a serem prolongadas junto aos pilares P10 e P11 – Tramo 1:
9
2
,
3
k
N
m
0
,
5
Mv
0
,
5
5
4
,
7
2
7
,
4
k
N
m
[12.172]
a
p
o
i
o
,
P
1
0
ã
o
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 391
Mapoio,P11 99,4 kNm 0,5 Mvão 0,5 54,7 27,4 kNm [12.173]
Então, é preciso considerar nos apoios área de barras positivas iguais a 1/4 da área
das barras necessárias para absorver as forças de tração por causa do momento fletor
atuante na seção mais solicitada (ABNT NBR 6118:2014), resultando:
1 4
1 4
A
3
,
6 1
9 2
0
,
9
2
c
m
2
[12.174]
s
,
a
p
o
i
o
,
P
1
0
s
,
a
p
o
i
o
,
P
1
1
s
,
v
ã
o
,
5
A área efetiva de barras necessárias para absorver as tensões de tração por causa
do máximo momento fletor positivo no tramo igual a 3,69 cm2 está indicada na tabela
12.1 calculada para o momento fletor característico Mk = 54,7 kNm = 5470 kNcm.
Portanto, nos apoios P10 e P11 do primeiro tramo da viga VT03 consideram-se
duas barras de 12,5 mm (As,efe,P10 = 2,46 cm2), embora maior do que 0,92 cm2 essas
duas barras são necessárias para permitir a montagem da armadura da viga, mantendo
as barras ou fios dos estribos na posição correta, pois nessas duas barras eles são
amarrados convenientemente.
Assim:
A
2
,
4
6
c
m
2
1
2
,
5
m
m
2
[12.175]
s
,
a
p
o
i
o
,
P
1
0
s
,
a
p
o
i
o
,
P
1
1
b.- Área das barras a serem prolongadas juntos aos pilares P11 e P12 – Tramo 2:
b1.- Análise dos momentos fletores atuantes nas seções transversais junto aos
pilares P11 e P12 – Tramo 2:
M
3
2
,
2
k
N
m
0
,
5
Mv
0
,
5
4
7
,
0
2
3
,
5
k
N
m
[12.176]
a
p
o
i
o
,
P
1
2
ã
o
Mapoio,P11 99,4 kNm 0,5 Mvão 0,5 47,0 23,5 kNm [12.177]
1
A s,apoio ,P12 A s,apoio ,P11 3 1,23 0,92 cm 2 [11.178]
4
A
2
,
4
6
c
m
2
1
2
,
5
m
m
2
[12.179]
s
,
a
p
o
i
o
,
P
1
2
s
,
a
p
o
i
o
,
P
1
1
Portanto, junto aos pilares P11 e P12, com este critério, são necessárias duas
barras de 12,5 mm para garantir a ancoragem.
12.4.6.2 Verificação da área das barras ancoradas no apoio em função da força cortante
atuante na viga junto aos pilares
a d
5 5
6 6
R
VS
1
8
6
,
0
1
8
6
,
0
k
N
[12.181]
s
t
,
P
0
1
R sd 186 ,0
A s,cal,apoio 4,28 cm 2 [12.182]
f yd 43,5
[12.183]
b
,
e
f
e
sendo que 80 cm é a medida do lado do pilar P10 na direção da viga, 2,5 cm é igual
ao cobrimento das barras da armadura.
A área das barras da armadura efetiva neste apoio é calculada considerando a
equação 10.21 e prevendo ganchos nas extremidades da barras ancoradas no apoios
de extremidade e região de boa aderência, pois as barras são alojadas na face superior
da viga. Assim, tem-se:
1,25
b,nec 33
A s,efe,P10 A s,calc,apoio 0 ,7 4,28 (equação 12.21) [12.184]
b,efet barras
77,5
c / gancho
Assim, ancoram-se no apoio P10 duas barras de 12,5 mm com área efetiva igual a
2,46 cm2 , pois, por questão construtiva são necessárias pelo menos duas barras
posicionadas nas quinas dos estribos.
Analogamente ao que foi feito na alínea a, pilar P10, tem-se para o pilar P12.
56
R Sd 124,6 124,6 kN [12.187]
56
R sd 124,6
A s,cal,P12 2,86 cm 2 [12.188]
f yd 43,5
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 393
Portanto, a área de barras ancoradas no pilar P12 é igual a 4,92 cm2, ou seja quatro
barras de 12,5 mm.
De acordo com o estudado no item 10.8.5.3, figura 10.26, as barras das armaduras
alojadas nas faces superiores dos tramos, junto aos apoios de extremidade, tem os
seguintes comprimentos projetados no plano vertical, desde que se considerem
necessárias as transferências das tensões de tração das barras junto a face superior da
viga para as barras tracionadas dos pilares de extremidade. Este fato ocorre em
situações em que o efeito da força normal é pequeno em relação ao efeito do momento
fletor.
Analisando a tabela 12.1 nota-se que este momento fletor necessita de 2 barras de
6,3 mm e 3 de 16,0 mm. Considerando que as áreas das barras são iguais a:
A
0
,
3
1
c
m
2
[12.196]
s
1
6
,
3
e, portanto:
M
1
2
,
1
k
N
m
[12.200]
S
d
,
2
6
,
3
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 395
VT03 (20x60)
2,5 2,5
2 6,3 (989)
27 935 27
72 56 56 72
1
a
b 1
72 56 2 56 72
2 56 67
139,16
129,22
72 56 3 56 72
3 56 67
56 56
1
45,08
2 Ø 6,3
1
1
65,80
2
76,58
2 3 a = 56 cm
4 b= 33
3
região de boa
23 56 56 23 aderência
12,5 37 56 56 37 12,5
23 >10 27 >10
2,21 2,42
20 2 12,5 (975) 20
935
Figura 12.18 - Cálculo dos comprimentos finais das barras da armadura longitudinal
(cobrimento do diagrama de MSd)
396 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
resultando:
M
1
3
,
0
k
N
m
[12.203]
S
d
,
2
6
,
3
resultando:
5,8
b,nec 48 1,6 67 cm [12.207]
6,65
6,2
b,nec 48 1,6 72 cm [12.208]
6,65
1,9
b,nec 48 1,6 56 cm [12.209]
2,63
3,3
b,nec 33 1,25 37 cm [12.210]
3,69
2,8
b,nec 33 1,25 23 cm [12.211]
4,92
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas 397
VR
1
3
9
,
6
k
N
cortantes de cálculo mínimas ( ) conforme cálculo feito no item
d
,
m
i
n
12.4.3.1a, as medidas dos segmentos de viga em que as forças cortantes solicitantes de
cálculo são maiores que a força mínima, e, os diâmetros e espaçamentos entre os
estribos calculados no item 12.4.3.2.
Os segmentos que medem a região da viga onde a força cortante solicitante de
cálculo é maior que a força mínima são a seguir calculados, considerando as
semelhanças entre os triângulos retângulos formados pelos diagramas e os segmentos
de retas que definem os valores das forças cortantes resistentes mínimas que, neste
VR
1
3
9
,
6
k
N
caso da viga 3, é igual a , calculada considerando concreto C30 e fios
d
,
m
i
n
de aço CA-60.
[12.213]
[12.215]
[12.217]
398 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
186kN
169,4kN VRd,mín=139,6kN
Vsd
124,6kN VRd,mín=139,6kN
190,4kN
62 18 420 10 10 400 10 10
448 420
O detalhamento completo da viga VT03 está no desenho da figura 12.20 e foi feito
de acordo com os procedimentos estudados no exemplo 1 (item 12.2) constando: vista
lateral da viga com as barras desenhadas em verdadeira grandeza, cortes transversais
tantos quantos necessários para esclarecer ao pessoal de obras as posições das barras
nas seções transversais, os números dos pilares que em associação com o desenho de
forma estrutural mostra de modo claro a posição da viga no pavimento.
VT03 ( 20x60 ) ESC.1:50 N4 20 N3
10
16 N1 5 C/20 17 N1 5 C/20
37 371 51 33 380
A C N6 55
50
B
N1 - 33 5 (150)
N8 N10
P10 P11 P12
A B C CORTE AA ESC.1:25
20 60 420 20 400 20
N4 20 N3
N3 - 2 6,3 (989)
15
27 935 27
10
690 120
70 70
N2 - 11 6,3 (150)
N5 20 N3
70
CORTE CC
50
Capítulo 12 - Exemplos de projetos de vigas
N9 N10
400 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
A figura 12.A1 mostra um tramo genérico de viga contínua submetido a uma força
uniformemente distribuída, sem a ação de força concentrada, para o qual se monta a
equação para cálculo dos momentos fletores solicitantes nas seções transversais.
ME (g+q) MD
VE
M x zero [12.A1]
x
VE x ( q g)x M x ME zero [12.A2]
2
ou seja:
x
M x ME ( q g ) x VE x [12.A3]
2
VE
x
q
g
︵
︶ [12.A4]
x
x2
M Sd,x 1,4 132,8 x 1,4 60,0 1,4 92,3 [12.A8]
2
x MSd,x
0,00 -129,22
0,50 -46,76
1,00 14,70
1,50 55,16
2,00 74,62
2,21 76,58
2,50 73,08
3,00 50,54
3,50 7,00
4,00 -57,54
4,48 -139,26
x2
M Sd,x 1,4 121,0 x 1,4 50,0 1,4 99,4 [12.A13]
2
x MSd,x
0,00 -139,16
0,50 -63,21
1,00 -4,76
1,50 36,19
2,00 59,64
2,42 65,80
2,50 65,59
3,00 54,04
3,50 24,99
4,00 -21,56
4,20 -45,08
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A ABNT NBR 6118:2014 indica ainda que no caso das fissuras afetarem a
funcionalidade da estrutura, como por exemplo, no caso da estanqueidade de
reservatórios, devem ser adotados limites menores para as aberturas das fissuras. Para
controles mais efetivos da fissuração nessas estruturas, é conveniente a utilização da
protensão.
Por controle de fissuração quanto à aceitação sensorial, entende-se a situação em
que as fissuras passam a causar desconforto psicológico aos usuários, embora não
representem perda de segurança da estrutura. Limites mais severos de aberturas de
fissuras podem ser estabelecidos com o contratante da construção.
i 4
wk si 45 [13.01]
12,5 i Esi ri
i 3 si
wk si [13.02]
12,5 i Esi fctm
si, i, Esi, ri são definidos para cada área de envolvimento em exame;
sendo:
ri = taxa de armadura passiva ou ativa aderente, que não esteja dentro de bainha,
em relação a área da região de envolvimento (Acri);
M 3 M 3
EIeq Ecs r
Ic 1 r III E cs Ic [13.03]
Ma Ma
sendo:
Ic = momento de inércia da seção bruta de concreto;
III = momento de inércia da seção fissurada de concreto no Estádio II, calculado
com e = Es/Ecs;
Ma = momento fletor na seção crítica do vão considerado, momento máximo no
vão para vigas biapoiadas ou contínuas e momento no apoio para balanços, para
a combinação de ações considerada nessa avaliação;
Mr = momento de fissuração do elemento estrutural, cujo valor deve ser reduzido
à metade no caso de utilização de barras lisas;
Ecs = módulo de elasticidade secante do concreto.
Os deslocamentos limites (flechas) são os indicados na tabela 13.3.
13.4.1.2 Cálculo da flecha diferida no tempo para vigas de concreto armado
A flecha adicional diferida, decorrente das ações de longa duração em função da
fluência, podem ser calculadas de maneira aproximada pela multiplicação da flecha
imediata (ai) pelo fator f calculado com a equação 13.04.
f [13.04]
1 50
sendo:
A
's
b
d
[13.05]
ξ é um coeficiente em função do tempo, que é calculado pela equação 13.06, ou
obtido diretamente na tabela 13.4.
t t 0 [13.06]
sendo:
t 0,68 0,996 t t 0,32 para t 70 meses [13.07]
Total / 350 +
Pavimentos que devem Ginásios e pistas de contraflecha2
permanecer planos boliche Ocorrido após a
construção do piso / 600
De acordo com a
Elementos que Ocorrido após o
recomendação do
suportam equipamentos Laboratórios nivelamento do
fabricante do
sensíveis equipamento
equipamento
Efeitos em
elementos não
Alvenaria, caixilhos e Após a construção / 500 3 ou 10 mm ou
revestimentos da parede = 0,0017rad4
estruturais
Ocorrido após a
Divisórias leves e
caixilhos telescópicos
instalação da / 250 3 ou 25 mm
divisória
Provocado pela
Paredes
ação do vento para
Movimento lateral de H/1700 ou Hi/8505 entre
combinação
edifícios pavimentos6
freqüente
(1=0,30)
Provocado por
Movimentos térmicos
verticais
diferença de / 400 7 ou 15 mm
temperatura
Provocado por
Movimentos térmicos
diferenças de Hi/500
horizontais
temperatura
Ocorrido após
Forros Revestimentos colados
construção do forro / 350
Revestimentos Deslocamento
pendurados ou com ocorrido após a / 175
juntas construção do forro
Deslocamento
Desalinhamento de provocado pelas
Pontes rolantes H/400
trilhos ações decorrentes
na frenação
Efeitos em Afastamento em Se os deslocamentos forem relevantes para o elemento considerado,
elementos relação às hipóteses de seus efeitos sobre as tensões ou sobre a estabilidade da estrutura devem
estruturais cálculo adotadas ser considerados, incorporando-as ao modelo estrutural adotado
Notas:
1
As superfícies devem ser suficientemente inclinadas ou o deslocamento previsto compensado por contraflechas, de
modo a não se ter acúmulo de água.
2
Os deslocamentos podem ser parcialmente compensados pela especificação de contraflechas. Entretanto, a atuação
isolada da contraflecha não pode ocasionar um desvio do plano maior que / 350 .
3
O vão deve ser tomado na direção na qual a parede ou a divisória se desenvolve.
4
Rotação nos elementos que suportam paredes.
5
H é a altura total do edifício e Hi o desnível entre dois pavimentos vizinhos.
6
Este limite aplica-se ao deslocamento lateral entre dois pavimentos consecutivos devido à atuação de ações
horizontais. Não devem ser incluídos os deslocamentos devidos a deformações axiais nos pilares. O limite também se
aplica para o deslocamento vertical relativo das extremidades de lintéis conectados a duas paredes de
contraventamento, quando Hi representa o comprimento do lintel.
7
O valor refere-se à distância entre o pilar externo e o primeiro pilar interno.
Observações: a) Todos os valores limites de deslocamentos supõem elementos de vão suportados em ambas as
extremidades por apoios que não se movem. Quando se tratar de balanços, o vão equivalente a ser considerado deve
ser o dobro do comprimento do balanço. b) Para o caso de elementos de superfície, os limites prescritos consideram
que o valor é o menor vão, exceto em casos de verificação de paredes e divisórias, onde interessa a direção na qual
a parede ou divisória se desenvolve, limitando-se esse valor a duas vezes o vão menor. c) O deslocamento total deve
ser obtido a partir da combinação das ações características ponderadas pelos coeficientes de acompanhamento. d)
Deslocamentos excessivos podem ser parcialmente compensados por contraflechas.
410 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
sendo:
t0
[13.09]
sendo:
Fi = parcelas de ação;
1
O valor da flecha total é calculado multiplicando a flecha imediata por .
f
13.5 EXEMPLO DE PROJETO DE VIGA COM RELAÇÃO AOS ELS
2
2
2
,
9
0
,
4
1
5
4
,
2
2
8
4
,
6
k
N
m
[13.10]
S
d
,
s
e
r
G
,
k
Q
,
k
fct Ic
Mr (equação 5.31) [13.11]
yt
sendo:
b 1
h
2
5 1
7 2
5
3
3
Ic
8
7
8
.
9
0
6
c
m
4
2
[13.13]
fc
fc
O cálculo da resistência à tração, neste caso de ELS-DEF, é feito com ,
t
,
m
conforme estudado no item 5.6, resultando:
fct fct,m 0,3 fck2 / 3 0,3 302 / 3 2,90 MPa 0,290 kN / cm2 [13.14]
fc
fc
O cálculo da resistência à tração, neste caso de ELS-F, é feito com ,
t k
,
i
n
f
conforme estudado no item 5.6, resultando:
fct fctk,inf 0,7 0,3 fck2 / 3 0,7 0,3 302 / 3 2,03 MPa 0,203 kN / cm2 [13.15]
7
.
1
3
6
,
7
k
N
.
c
m
7
1
,
4
k
N
m
3
7
,
5
[13.16]
1
0
.
1
9
5
,
3
k
N
.
c
m
1
0
2
,
0
k
N
m
3
7
,
5
[13.17]
i 4
w si 45 (equação 13.01) [13.18]
12,5 i Esi ri
A A
s
t,
e
f
c
r
Ast = 20,10 cm2 (10 ϕ 16,0 mm)
2
5
1
9
,
4
4
8
5
c
m
2
c
r
r 0,0414
A figura 13.3 foi elaborada considerando o indicado no item 13.4.2 figura 13.1, de
acordo com o prescrito pela ABNT NBR 6118:2014.
A tensão de tração no centro de gravidade das barras da armadura tem que ser
determinada considerando as hipóteses do Estádio II. E, para isto, é preciso calcular a
profundidade da linha neutra no Estádio II (xII) e, depois, o valor do momento de inércia
(III), considerando as equações 5.27 e 5.29, respectivamente.
A posição da linha neutra no Estádio II, com e = 15, é calculada pela equação
5.27, com a área das barras da armadura comprimida igual a zero, pois no
dimensionamento considerando o ELU a profundidade relativa da linha neutra igual a
0,33 (item 12.2.2), com as hipóteses do estado-limite último, ficou aquém do valor limite
0,45, para concreto pertencente a classe I (C30).
A profundidade da linha neutra é calculada com a equação seguinte, com os
dados de projeto da figura 13.3 (seção transversal) e com a altura útil efetiva (def)
calculada em 12.54, item 12.2.9.2 ,resultando:
25 x II2
15 20,1 (69,4 x II ) 0 (equação 5.27) [13.19]
2
portanto,
O momento de inércia no Estádio II, com e = 15, é calculado com a equação 5.29,
e A sc A 's igual a zero, pois no dimensionamento da viga, feito em etapa anterior do
projeto (item 12.2.2), resultou domínio 3 de deformações considerando o
414 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
b x II3
e A s d x II
2
III (equação 5.29) [13.21]
3
25 30,6 3
15 20,1 69,4 30,6 692.662 cm 4
2
III [13.22]
3
1
5 6
2 2
8
.
4 6
6 2
0
σ
[
d
xI
]I
[
6
9
,
4
3
0
,
6
]
2
3
,
9
k
N
/
c
m
2
3
9
M
P
a
2
e
S
d
,
s
e
r
9
.
6
s
,
I
I
[13.23]
2
3
,
9
4 0
w
4
5
0
,
0
9
m
m
0
,
3
m
m
1
2
,
5
2
,
2
5
2
1
.
0
0
0
0
,
4
1
4
[13.24]
k
1
6
,
0
2
3
,
9
3
2
3
,
9
w
0
,
1
6
m
m
0
,
3
m
m
s i
s
i
i5
1
2
,
1
2
,
5
2
,
2
5
2
1
.
0
0
0
0
,
2
9
0
k
i
s
i
c
t
m
[13.25]
ser menor ou igual a (tabela 13.3), de acordo com o critério de aceitação sensorial,
indicada na ABNT NBR 6118:2014. Seguem os cálculos para a determinação da flecha.
Análise de elementos estruturais lineares com relação aos estados-limites serviço – ELS 415
2
2
2
,
9
0
,
3
1
5
4
,
2
2
6
9
,
2
k
N
m
[13.26]
d
,
s
e
r
G
,
k
Q
,
k
O cálculo da rigidez equivalente é feito com a equação 13.03.
O valor do módulo de elasticidade secante é calculado com as equações 3.19,
3.20, 3.21, em função da resistência característica à compressão do concreto, neste caso
concreto da classe C30, assim, tem-se:
E
5
6
0
0
fc
1
,
0
0
,
8
8
5
6
0
0
3
0
2
6
.
9
9
1
,
7
7
M
P
a
2
.
7
0
0
k
N
/
c
m
2
c
s
[13.27]
αE foi adotado igual a 1,0, pois se trata de concreto com agregado graúdo
proveniente de rocha de granito; αi foi adotado igual a 0,88 conforme tabela 3.8.
O módulo de elasticidade também pode ser obtido consultando a tabela 3.8, neste
caso particular.
Para esta verificação de deslocamentos é necessário calcular a posição da linha
neutra (xII) e o momento de inércia (III) no estádio II, determinados com as equações 5.27
e 5.29, respectivamente, e com a relação entre os módulos de elasticidade das barras
de aço e do concreto calculada conforme equação 13.28.
E Ec
2
1
0
.
0
0
0
7
,
7
8
s
2
7
.
0
0
0
[13.28]
e
2
5
x
2I
2I
A
d
xI
7
,
7
8
2
0
,
1
6
9
,
4
xI
w
︵ ︶ ︵ ︶
2
[13.29]
e
s
t
ou seja,
2
5
2 3
3
,
9
3I
3
II
d
xI
7
,
7
8
2
0
,
1
6
9
,
4
2
3
,
9
4
3
7
.
5
0
8
c
m
2
4
I
3
I
[13.31]
b w h3 25 75 3
Ic 878.906 cm 4 [13.32]
12 12
416 Concreto armado: análises das resistências das seções transversais de elementos estruturais
Substituindo 13.17, 13.26, 13.31 e 13.32 na equação 13.03 com a qual se calcula
o produto de inércia equivalente tem-se:
1
0
.
1
9
5
,
3
1
0
.
1
9
5
,
3
3
3
E
I
2
.
7
0
0
8
7
8
.
9
0
6
1
4
3
7
.
5
0
8
2
.
7
0
0
8
7
8
.
9
0
6
2
6
.
9
2
0
,
0
2
6
.
9
2
0
,
0
e
q
[13.33]
Portanto, tem-se:
E
I
1
.
2
4
6
.
0
1
1
.
0
3
7
k
N
c
m
Ec
Ic
2
.
3
7
3
.
0
4
6
.
2
0
0
k
N
c
m
2
2
[13.34]
s
e
q
8
0
0
,
3
7
0
1
0
1
k
N
[13.35]
,
s
e
r
gk
qk
1
4
,
3
0
,
3
5
,
7
1
6
,
0
k
N
/
m
0
,
1
6
k
N
/
c
m
[13.36]
,
s
e
r
fd,ser 4 x x
3 2
Fd,ser a 2 b 2 x
ai 2 1 [13.37]
3 EIeq 24 EIeq
1
0
1
4
0
0
3
0
0
0
,
1
6
7
0
0
4 7
0 0
0 0
4 7
0 0
0 0
4 7
0 0
0 0
3
2
2
ai
3
1
.
2
4
6
.
0
1
1
.
0
3
7
7
0
0
2
4
1
.
2
4
6
.
0
1
1
.
0
3
7
︵ ︶ ︵ ︶
[13.38]
resultando:
ai
0
,
5
6
0
,
3
8
0
,
9
4
c
m
[13.39]
f 1,32 [13.41]
ai
1
0
,
9
4
1
,
0
0
1
,
3
2
2
,
1
8
c
m
2
,
8
c
m
︵ ︶ ︵ ︶
2
5
0
[13.42]
i
n
a
l
Assim, a viga pode ser construída, pois a flecha na situação de serviço, por causa
das deformações, mesmos considerando os efeitos da deformação lenta, não são
maiores que o limite ( /250) indicado na ABNT NBR 6118:2014.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 6118:2014 Projeto de estruturas
de concreto - procedimento, Rio de Janeiro, 2014.
Mollica Junior, S. O uso da tela soldada no combate à fissuração. São Paulo: Instituto
Brasileiro de Telas Soldadas - IBTS, 1979.
Sales, J.J.; Gonçalves, R.M.; Malite, M. Segurança nas estruturas. São Carlos: SET –
EESC – USP, 1993.
ANEXO
TABELAS
Tabela A-1
Propriedades geométricas de barras de aço - CA-25 e CA-50
[Adaptada da ABNT NBR 7480:2007]
Diâmetro Massa Perímetro Área da
Nominal Aproximado Nominal seção
equivalente transversal
(mm) (polegadas) (kg/m) (cm) (cm2)
Tabela A-2
Propriedades geométricas de fios de aço - CA-60
[Adaptada da ABNT NBR 7480:2007]
Diâmetro Massa Área da seção
nominal Nominal Perímetro transversal dos fios
(mm) (kg/m) (cm) (cm2)
As categorias das barras de aço são as indicadas nas normas ABNT NBR 7480:2007 e
ABNT NBR 6118:2014.
Foi adotado diagrama retangular de tensões no concreto, com altura da parte da seção transversal
comprimida igual a y = λ x, sendo λ = 0,8.
A tensão de compressão de cálculo na borda comprimida foi adotada igual a σcd = αc fcd, sendo αc =
0,85.
Os coeficientes de ponderação para os materiais foram adotados: concreto c = 1,4 e barras de aço
s = 1,15.
A condição de dutilidade indica na ABNT NBR 6118:2014 para seções transversais de elementos
estruturais construídos com concreto de classe entre C20 e C50 é:
x y-0,8x
h d = +
st
A st A st1 A st2
MS 2 d MSd MS1d A st A st1 A st 2
S
1
d
c
,
l
i
m
MS1d MS 2d MS 2d
A st1 k s A st 2 k s 2 A sc k sc
d d d' d d'
kc,lim e ks são correspondentes aos valores de xlim = 0,45, Tabela A-3.
x y-0,8x
h d = +
st
A st A st1 A st2
MS 2d MSd MS1d A st A st1 A st 2
S
1
d
c
,
l
i
m
MS1d MS 2d MS 2d
A st1 k s A st 2 k s 2 A sc k sc
d d d' d d'
kc,lim e ks são correspondentes aos valores de xlim = 0,35, Tabela A-5.
VS
0
,
6
7
VR
e
n
t
ã
o
s
0
,
6
d
3
0
c
m
d
d
2
m
á
x
2
5
d
4
b
sendo: = diâmetro da barra; fyd = fyk / s; fbd = 1 2 3 fctd; fctd = fctk,inf / c; fctk,inf = 0,7 fctm;
fc
=
0
,
3
f
2c
/
3
fct,m = 2,12 n (1 + 0,11 fck ) , para concretos das classes C55 a C90;
coeficientes adotados: c = 1,4, s = 1,15, 1 = 1,0 para barras lisas, 1 = 1,4 para barras entalhadas,
1 = 2,25 para barras nervuradas, 2 = 1,0 para situações de boa aderência, 2 = 0,7 para situações de
má aderência, 3 = 1,0 para < 32 mm, 3 = (132 - ) / 100, para > 32mm.
O comprimento de ancoragem necessário é calculado po
b,nec = 1 b (As,cal / As,ef) b,min
sendo: 1 = 1,0 para barras sem gancho; 1 = 0,7 para barras tracionadas com gancho e com
cobrimento no plano normal ao do gancho maior ou igual a 3 ; b,min é o maior valor entre 0,3 b, 10 e
100mm.
O comprimento de ancoragem, para cada resistência do concreto, indicado na linha superior se refere
às barras posicionadas em situação de má aderência e os indicados na linha inferior em situação de
boa aderência.
Nas colunas encontram-se os comprimentos de ancoragem com ganchos e sem ganchos.