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net/publication/221676900

Avaliação do comportamento de poços de grande diâmetro para fins de


infraestrutura subterrânea

Thesis · December 2011


DOI: 10.13140/2.1.3160.2889

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Tiago Dias
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE POÇOS DE GRANDE


DIÂMETRO PARA FINS DE INFRAESTRUTURA
SUBTERRÂNEA

TIAGO GERHEIM SOUZA DIAS

ORIENTADOR: ANDRÉ PACHECO DE ASSIS

MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL 2 EM GEOTECNIA

BRASÍLIA / DF: DEZEMBRO/2011


UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE POÇOS DE GRANDE


DIÂMETRO PARA FINS DE INFRAESTRUTURA
SUBTERRÂNEA

TIAGO GERHEIM SOUZA DIAS

MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E


AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL.

APROVADA POR:

_________________________________________
ANDRÉ PACHECO DE ASSIS, PhD (Universidade de Brasília)
(ORIENTADOR)

_________________________________________
MÁRCIO MUNIZ DE FARIAS, PhD (Universidade de Brasília)
(EXAMINADOR INTERNO)

_________________________________________
GABRIEL JAIME ZAPATA, MSc (Universidade de Brasília)
(EXAMINADOR EXTERNO)

DATA: BRASÍLIA/DF, 14 de DEZEMBRO de 2011.

ii
FICHA CATALOGRÁFICA

DIAS, TIAGO GERHEIM SOUZA


Avaliação do Comportamento de Poços de Grande Diâmetro para fins de Infraestrutura
Subterrânea.
[Distrito Federal] 2011
xix, 167p., 297mm (ENC/FT/UnB, Bacharel, Engenharia Civil, 2011)
Monografia de Projeto Final - Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.
1. Poços de Grande Diâmetro 2. Infraestruturas Subterrâneas
3. Modelagem Numérica 4. CESAR LCPC
I. ENC/FT/UnB II. Título (Série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DIAS, T.G.S. (2011). Avaliação do Comportamento de Poços de Grande Diâmetro para fins de
Infraestrutura Subterrânea. Monografia de Projeto Final, Publicação G.PF-002AA/2011,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 167 p.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Tiago Gerheim Souza Dias

TÍTULO DA MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL: Avaliação do Comportamento de Poços de


Grande Diâmetro para fins de Infraestrutura Subterrânea
GRAU / ANO: Bacharel em Engenharia Civil / 2011

É concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta monografia de


Projeto Final e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta monografia de
Projeto Final pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.

________________________________
Tiago Gerheim Souza Dias
(61) 8115-4074 / tgsdias@gmail.com
SQS 109 Bloco “E” Apartamento 511
70372-050 – Brasília/DF – Brasil

iii
Dedicatória
Meu pai (in memorian), que me carregou nos ombros, mas não pôde me ver caminhar com os
próprios pés.

Minha mãe que teve a coragem de me deixar cair até que eu visse como é bom estar de pé.

Minha família, que tudo me deu, à distância e em presença, nos dias bons e quando nem uma
palavra precisava ser dita.

Meus amigos, que sempre estiveram comigo dia após dia, nos 1825 dias em que estive na UnB.

Finalmente à Universidade de Brasília, que integra esta cidade, tem nos seus alunos uma força além
de suas dimensões, e que foi meu segundo lar nestes 5 anos.
Obrigado

Agradecimentos
A orientação do Professor André Pacheco de Assis, que pelo seu conhecimento, didática e
companheirismo, me ajudou a tornar este projeto possível.

A todos os meus professores, que doaram seu tempo e conhecimento a mim e a meus colegas,
espero que eu tenha conseguido lhes retribuir com o respeito e a dedicação aos estudos que eles
mereceram.

Ao PET – Programa de Educação Tutorial, e ao ex-tutor Prof.Ricardo Silveira Bernardes, do qual


fui bolsista e sou muito grato pelos princípios de atividade que me foram passados pelo grupo.

Ao Prof. Marcio Muniz de Farias, que me orientou em um PIBIC – Programa Institucional


Brasileiro de Iniciação Científica durante o ano de 2008 e me transmitiu lições importantes sobre a
criação de trabalhos científicos e pesquisas em engenharia.

E finalmente ao Prof. Manoel Porfírio Cordão Neto, que sempre esteve disponível para transmitir
seu conhecimento, sem limitá-lo ao necessário nem ao convencional e é hoje, juntamente ao Prof.
Márcio e ao Prof. André, a razão de eu ter encontrado meu caminho na Engenharia Geotécnica.

iv
A capacidade de fazer não exime
ninguém da responsabilidade de
refletir sobre o que faz.

v
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE POÇOS DE GRANDE
DIÂMETRO PARA FINS DE INFRAESTRUTURA
SUBTERRÂNEA – RESUMO

Em frente à crescente demanda por soluções de utilização do espaço subterrâneo nas grandes
cidades, cada vez mais os acessos a estas estruturas devem se inserir no meio urbano. Dentre estas
estruturas estão principalmente infraestruturas de transporte de massa subterrâneas, como o metrô.
Os métodos convencionais de construção de estações de metrô se baseiam em escavações, que
comportem as dimensões da estação, com a criação de taludes entre a cota da estação e a superfície.
Os poços escavados pelo método NATM vêm sendo adaptados à instalação de estações de metrô
com um significativo aumento de seu diâmetro e um consequente avanço em suas avaliações de
projeto. Entretanto ainda não é claro o comportamento esperado destas estruturas assim como sua
interação com estruturas lindeiras, como os túneis que podem estar presentes em seu alinhamento.
Este projeto visa à avaliação do comportamento de poços de grande diâmetro em análises
tridimensionais pelo pacote de elementos finitos CESAR-LCPC. Serão procedidas análises de
tensão deformação com o intuito de quantificar o comportamento da estrutura do poço, assim como
as alterações de tensão no maciço cincunvizinho causadas pela sua implantação.

vi
Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

1.1. O MEIO URBANO E O ESPAÇO SUBTERRÂNEO ............................................................. 1

1.2. TÚNEIS E ACESSOS ÀS ESTRUTURAS SUBTERRÂNEAS ............................................. 2

1.3. ACESSOS DO TIPO POÇOS .................................................................................................. 3

1.4. OBJETIVOS E ESCOPO DO PROJETO................................................................................. 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 7

2.1. MÉTODOS CONSTRUTIVOS DE POÇOS ............................................................................ 7

2.1.1. RAISE BORING ................................................................................................................... 7

2.1.2. PAREDE DIAFRAGMA ...................................................................................................... 8

2.1.3. ESTACAS SECANTES ........................................................................................................ 9

2.1.4. ESCAVAÇÃO NATM ........................................................................................................ 10

2.1.5. TRATAMENTOS DO MACIÇO ....................................................................................... 11

2.2. ASPECTOS CONSTRUTIVOS DE POÇOS ......................................................................... 12

2.2.1. ELEMENTOS ESTRUTURAIS ......................................................................................... 13

2.2.2. SEQUÊNCIA EXECUTIVA .............................................................................................. 16

2.3. MODELAGEM NUMÉRICA DE POÇOS ............................................................................ 17

2.3.1. ESTAÇÃO SALGUEIROS – METRÔ DO PORTO – PORTUGAL ................................ 17

2.3.2. ESTAÇÃO VILA PRUDENTE – METRÔ DE SÃO PAULO – BRASIL ........................ 20

2.3.3. ESTAÇÕES AMEIXOEIXA E BAIXA CHIADO – METRÔ DE LISBOA – PORTUGAL


24

2.4. CONCRETO PROJETADO EM ESCAVAÇÕES ................................................................. 25

3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS .............................................................................................. 29

3.1. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO DE POÇOS ................................................................... 29

3.1.1. POSIÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO ................................................................................ 29

3.1.2. GEOLOGIA LOCAL .......................................................................................................... 29

vii
3.1.3. FASES DA OBRA .............................................................................................................. 31

3.2. MÉTODOS DE CÁLCULO DE POÇOS ............................................................................... 32

3.2.1. AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DE SUPORTE ............................................................. 32

3.2.2. AVALIAÇÃO DO MACIÇO ESCAVADO....................................................................... 34

3.2.3. AVALIAÇÃO CONJUNTA – MACIÇO E ESTRUTURA DE SUPORTE ...................... 35

3.3. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ............................................................................. 36

3.3.1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 36

3.3.2. MALHA DE ELEMENTOS FINITOS ............................................................................... 37

3.3.3. CONDIÇÕES DE CONTORNO......................................................................................... 38

3.3.4. COMPOSIÇÃO E RESOLUÇÃO DO SISTEMA ............................................................. 39

3.4. MODELOS CONSTITUTIVOS ............................................................................................. 41

3.4.1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 41

3.4.2. MODELO LINEAR ELÁSTICO ........................................................................................ 41

3.4.3. CONCEITO DE PLASTIFICAÇÃO .................................................................................. 42

3.4.4. MODELO LINEAR ELÁSTICO PERFEITAMENTE PLÁSTICO SOB O CRITÉRIO DE


RUPTURA DE MOHR-COULOMB ................................................................................................ 43

3.5. SOFTWARE CESAR-LCPC .................................................................................................. 45

3.5.1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 45

3.5.2. DEFINIÇÃO GEOMÉTRICA E DISCRETIZAÇÃO DA MALHA ................................. 45

3.5.3. CRIAÇÃO DA MALHA, TIPOS DE ELEMENTOS E FUNCIONALIDADES .............. 47

3.5.4. MODELAGEM POR FASES ............................................................................................. 49

3.5.5. PARÂMETROS GEOMECÂNICOS ................................................................................. 51

3.5.6. CONDIÇÕES DE CONTORNO E CARREGAMENTOS................................................. 53

3.5.7. AJUSTES DE CÁLCULO .................................................................................................. 55

3.5.8. PÓS-PROCESSAMENTO – VISUALIZAÇÃO DE RESULTADOS ............................... 55

4. METODOLOGIA ................................................................................................................... 57

4.1. PARÂMETROS E CONSTRUÇÃO DO MODELO ............................................................. 57

4.1.1. GEOMETRIA BASE .......................................................................................................... 57


viii
4.1.2. MODELO GEOMECÂNICO ............................................................................................. 58

4.1.3. MODELOS POR EXTRUSÃO........................................................................................... 58

4.1.4. MODELOS POR MACRO-BLOCOS ................................................................................ 60

4.2. MODELOS DE ANÁLISE GERAL....................................................................................... 63

4.2.1. PARCIALIZAÇÃO DA ESCAVAÇÃO............................................................................. 64

4.2.2. INCLINAÇÃO DA LITOLOGIA ....................................................................................... 64

4.3. MODELOS DE ANÁLISE ESPECÍFICA ............................................................................. 65

4.4. PROCESSAMENTO .............................................................................................................. 66

4.5. DIFICULDADES, ERROS E CONSIDERAÇÕES ............................................................... 68

4.5.1. NÓS DESCONEXOS.......................................................................................................... 68

4.5.2. SOBREPOSIÇÃO DE ARESTAS ...................................................................................... 69

5. RESULTADOS ....................................................................................................................... 71

5.1. LITOLOGIA HORIZONTAL ................................................................................................ 71

5.1.1. ESCAVAÇÃO PLENA – AVANÇOS DE 2 METROS ..................................................... 72

5.1.2. ESCAVAÇÃO PLENA – AVANÇOS DE 4 METROS ..................................................... 76

5.1.3. ESCAVAÇÃO PLENA – AVANÇOS DE 8 METROS ..................................................... 81

5.1.4. ESCAVAÇÃO PARCIALIZADA – AVANÇOS DE 2 METROS .................................... 85

5.1.5. ESCAVAÇÃO PARCIALIZADA – AVANÇOS DE 4 METROS .................................... 91

5.1.6. ESCAVAÇÃO PARCIALIZADA – AVANÇOS DE 8 METROS .................................... 96

5.2. LITOLOGIA INCLINADA .................................................................................................. 101

5.2.1. LITOLOGIA INCLINADA – ESCAVAÇÃO PLENA .................................................... 101

5.2.2. LITOLOGIA INCLINADA – ESCAVAÇÃO PARCIALIZADA ................................... 110

5.3. ANÁLISES CONSTRUTIVAS ............................................................................................ 118

5.3.1. SOLUÇÃO AVALIADA .................................................................................................. 119

6. ANÁLISE.............................................................................................................................. 121

6.1. ANÁLISES 3D ..................................................................................................................... 121

6.1.1. RECALQUE VERTICAL ................................................................................................. 122


ix
6.1.2. DESLOCAMENTO NA DIREÇÃO X ............................................................................. 123

6.1.3. NORMA DO VETOR DE DESLOCAMENTOS ............................................................. 123

6.1.4. NORMA DO DESLOCAMENTO PLÁSTICO ............................................................... 124

6.1.5. TENSÃO PRINCIPAL MAIOR ....................................................................................... 125

6.1.6. TENSÃO PRINCIPAL MAIOR NO REVESTIMENTO ................................................. 125

6.1.7. VETORES DE DESLOCAMENTO ................................................................................. 126

6.2. LITOLOGIA HORIZONTAL .............................................................................................. 127

6.2.1. RECALQUES SUPERFICIAIS ........................................................................................ 127

6.2.2. CONVERGÊNCIA ........................................................................................................... 130

6.2.3. TENSÃO PRINCIPAL MAIOR ....................................................................................... 132

6.2.4. TENSÃO PRINCIPAL MENOR ...................................................................................... 135

6.2.5. TENSÃO HORIZONTAL ................................................................................................ 137

6.2.6. COEFICIENTE DE EMPUXO HORIZONTAL .............................................................. 140

6.2.7. TRAJETÓRIAS DE TENSÕES........................................................................................ 142

6.3. LITOLOGIA INCLINADA .................................................................................................. 147

6.3.1. DESLOCAMENTO VERTICAL...................................................................................... 147

6.3.2. CONVERGÊNCIA ........................................................................................................... 148

6.3.3. TENSÃO PRINCIPAL MAIOR ....................................................................................... 149

6.3.4. TENSÃO PRINCIPAL MENOR ...................................................................................... 153

6.3.5. COEFICIENTES DE EMPUXO HORIZONTAL ............................................................ 157

6.3.6. TENSÕES NA ESTRUTURA DE SUPORTE ................................................................. 160

6.4. RIGIDEZ DA SEÇÃO INICIAL .......................................................................................... 162

7. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 165

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................................................. 167

x
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 – Propriedades do concreto projetado .............................................................................. 28

Tabela 4.1 – Parâmetros geomecânicos ............................................................................................. 58


Tabela 4.2 – Tipos de seções analisadas ............................................................................................ 64
Tabela 4.3 – Tipos de seções avaliadas.............................................................................................. 65
Tabela 4.4 – Seção de investigação ................................................................................................... 66
Tabela 4.5 – Tempos de processamento ............................................................................................ 67

xi
Lista de Figuras
Figura 1.1 – Estações convencionais e estações NATM ..................................................................... 3
Figura 1.2 – Poço de ventilação ........................................................................................................... 4

Figura 2.1 – Equipamento para escavação do tipo raise boring .......................................................... 7


Figura 2.2 – Clam shell e fresa de escavação ...................................................................................... 8
Figura 2.3 – Estacas secantes ............................................................................................................. 10
Figura 2.4 – Escavação de um poço em NATM ................................................................................ 11
Figura 2.5 – Concepções: circular simples; elíptica dupla; circular tripla ......................................... 12
Figura 2.6 – Elementos construtivos de um poço (CAMPANHÃ & FRANÇA 2008) ..................... 13
Figura 2.7 – Estação vila prudente – escavação e projeto concluído ................................................. 13
Figura 2.8 – Início e fim das escavações ........................................................................................... 17
Figura 2.9 – Geologia local (G7-aterro; G6-solo residual; G5-granito alterado; G4-granito) ........... 18
Figura 2.10 – Malha deformada ......................................................................................................... 18
Figura 2.11 – Malha construída e malha deformada .......................................................................... 19
Figura 2.12 – Escavação do poço sul e escavação concluída ............................................................ 21
Figura 2.13 – Geologia local (At-aterro; 2Ag1-argila siltosa mole; 4Ar1-areia fina e média argilosa;
4Ag1-argila siltosa pouco arenosa; 4Ag2-argila arenosa; S2-solo residual de alteração; R2/R3-rocha
alterada) .............................................................................................................................................. 22
Figura 2.14 – Fases de construção na malha de elementos finitos .................................................... 22
Figura 2.15 – Deslocamentos horizontais e bacia de recalques modelada de medida ....................... 23
Figura 2.16 – Layout da estação e perfil de escavação ...................................................................... 24
Figura 2.17 – Geologia local .............................................................................................................. 24
Figura 2.18 – Resultados de deslocamentos horizontais e verticais .................................................. 25
Figura 2.19 – Concreto projetado em escavações subterrâneas ......................................................... 27
Figura 2.20 – Concreto projetado em escavações superficiais .......................................................... 27

Figura 3.1 – Exemplo de possível deposição geológica .................................................................... 30


Figura 3.2 – Seções transversais ........................................................................................................ 30
Figura 3.3 – Tipos de parcializações radiais ...................................................................................... 31
Figura 3.4 – Tensões in situ ............................................................................................................... 33
Figura 3.5 – Carregamento juntamente com as molas de Winkler .................................................... 34
Figura 3.6 – Elemento finito bidimensional de quatro nós ................................................................ 36
Figura 3.7 – Elemento finito de quatro nós ........................................................................................ 37

xii
Figura 3.8 – Compatibilização de malha ........................................................................................... 38
Figura 3.9 – Tipos de condições de contorno .................................................................................... 39
Figura 3.10 – Modelo linear elástico ................................................................................................. 42
Figura 3.11 – Conceito de plastificação ............................................................................................. 43
Figura 3.12 – Envoltória de Mohr-Coulomb ..................................................................................... 44
Figura 3.13 – Critério de mohr-coulomb em 3 dimensões ................................................................ 44
Figura 3.14 – Janela de inserção de pontos ........................................................................................ 45
Figura 3.15 – Arestas dos elementos ................................................................................................. 46
Figura 3.16 – Região volumétrica ...................................................................................................... 46
Figura 3.17 – Opções de densidade de malha .................................................................................... 47
Figura 3.18 – Diferenças entre os tipos de elementos........................................................................ 48
Figura 3.19 – Malhas por diferentes funções de interpolação ........................................................... 48
Figura 3.20 – Janela de operações de translação e rotação ................................................................ 49
Figura 3.21 – Malha por método de extrusão .................................................................................... 49
Figura 3.22 – Janela de tipos de fases ................................................................................................ 50
Figura 3.23 – Opções de ativação e desativação de elementos .......................................................... 50
Figura 3.24 – Janela de tensões geostáticas ....................................................................................... 51
Figura 3.25 – Janela das opções de elementos volumétricos ............................................................. 51
Figura 3.26 – Janela de modelos constitutivos de elementos volumétricos....................................... 52
Figura 3.27 – Janela das opções de elementos superficiais ............................................................... 53
Figura 3.28 – Janela de propriedades geométricas de elementos superficiais ................................... 53
Figura 3.29 – Janela de modelos constitutivos de elementos superficiais ......................................... 53
Figura 3.30 – Opção de forças de escavação ..................................................................................... 54
Figura 3.31 – Forças de reação de elementos escavados ................................................................... 54
Figura 3.32 – Janela de inserção do parâmetro λ ............................................................................... 54
Figura 3.33 – Opção de forças de gravidade ...................................................................................... 55
Figura 3.34 – Janela de ajustes de cálculo ......................................................................................... 55
Figura 3.35 – Opções de visualização de resultados .......................................................................... 56

Figura 4.1 – Geometria base (unidades em metros)........................................................................... 57


Figura 4.2 – Densidade variável de nós ............................................................................................. 59
Figura 4.3 – Modelo gerado por extrusão .......................................................................................... 60
Figura 4.4 – Detalhe das arestas do modelo....................................................................................... 61
Figura 4.5 – Geometria final da discretização ................................................................................... 61
Figura 4.6 – Arestas e volumes de modelos do tipo macroblocos ..................................................... 62

xiii
Figura 4.7 – Modelo gerado por macroblocos ................................................................................... 62
Figura 4.8 – Detalhe da malha de elementos escavados .................................................................... 63
Figura 4.9 – Configuração do notebook............................................................................................. 67
Figura 4.10 – Detalhe dos nós desconexos ........................................................................................ 68
Figura 4.11 – Erro por nós desconexos .............................................................................................. 68
Figura 4.12 – Geometria sem sobreposição de arestas ...................................................................... 69
Figura 4.13 – Geometria com sobreposição de arestas ...................................................................... 69
Figura 4.14 – Número de nós com sobreposição de arestas .............................................................. 70

Figura 5.1 – Seções de análise ........................................................................................................... 71


Figura 5.2 – 360.2M – Deslocamento vertical HS1 e HS2 ................................................................ 72
Figura 5.3 – 360.2M – Convergência V1 e V2 .................................................................................. 73
Figura 5.4 – 360.2M – Tensão principal maior HI1 e HI2 ................................................................ 74
Figura 5.5 – 360.2M – Tensão principal menor HI1 e HI2 ............................................................... 75
Figura 5.6 – 360.2M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2 ............................................................... 75
Figura 5.7 – 360.2M – Zonas de Deformação Plástica ...................................................................... 76
Figura 5.8 – 360.4M – Deslocamento vertical HS1 e HS2 ................................................................ 77
Figura 5.9 – 360.4M – Convergência V1 e V2 .................................................................................. 78
Figura 5.10 – 360.4M – Tensão principal maior HI1 e HI2 .............................................................. 79
Figura 5.11– 360.4M – Tensão principal menor HI1 e HI2 .............................................................. 80
Figura 5.12 – 360.4M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2 ............................................................. 80
Figura 5.13 – 360.4M – Zonas de deformação plástica ..................................................................... 81
Figura 5.14 – 360.8M – Deslocamento vertical HS1 e HS2 .............................................................. 81
Figura 5.15 – 360.8M – Convergência V1......................................................................................... 82
Figura 5.16 – 360.8M – Tensão principal maior HI1 e HI2 .............................................................. 83
Figura 5.17 – 360.8M – Tensão principal menor HI1 e HI2 ............................................................. 84
Figura 5.18 – 360.8M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2 ............................................................. 84
Figura 5.19 – 360.8M – Zonas de deformação plástica ..................................................................... 85
Figura 5.20 – 180.2M – Deslocamento vertical HS1 ......................................................................... 85
Figura 5.21 – 180.2M – Deslocamento vertical HS2 ......................................................................... 86
Figura 5.22 – 180.2M – Convergência V1 e V2 ................................................................................ 87
Figura 5.23 – 180.2M – Tensão principal maior HI1 ........................................................................ 88
Figura 5.24 – 180.2M – Tensão principal maior HI2 ........................................................................ 88
Figura 5.25 – 180.2M – Tensão principal menor HI1 ....................................................................... 89
Figura 5.26 – 180.2M – Tensão principal menor HI2 ....................................................................... 89

xiv
Figura 5.27 – 180.2M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2 ............................................................. 90
Figura 5.28 – 180.2M – Zonas de Deformação Plástica .................................................................... 90
Figura 5.29– 180.4M – Deslocamento vertical HS1 .......................................................................... 91
Figura 5.30– 180.4M – Deslocamento vertical HS2 .......................................................................... 91
Figura 5.31– 180.4M – Convergência V1 e V2 ................................................................................. 92
Figura 5.32 – 180.4M – Tensão principal maior HI1 ........................................................................ 93
Figura 5.33– 180.4M – Tensão principal maior HI2 ......................................................................... 93
Figura 5.34 – 180.4M – Tensão principal menor HI1 ....................................................................... 94
Figura 5.35– 180.4M – Tensão principal menor HI2 ........................................................................ 94
Figura 5.36 – 180.4M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2 ............................................................. 95
Figura 5.37 – 180.4M – Zonas de deformação plástica ..................................................................... 95
Figura 5.38 – 180.8M – Deslocamento vertical HS1 ......................................................................... 96
Figura 5.39 – 180.8M – Deslocamento vertical HS2 ......................................................................... 96
Figura 5.40 – 180.8M – Convergência V1 e V2 ................................................................................ 97
Figura 5.41 – 180.8M – Tensão principal maior HI1 ........................................................................ 98
Figura 5.42 – 180.8M – Tensão principal maior HI2 ........................................................................ 98
Figura 5.43 – 180.8M – Tensão principal menor HI1 ....................................................................... 99
Figura 5.44 – 180.8M – Tensão principal menor HI2 ....................................................................... 99
Figura 5.45 – 180.8M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2 ........................................................... 100
Figura 5.46 – 180.8M – Zonas de deformação plástica ................................................................... 100
Figura 5.47 – Seções de análise ....................................................................................................... 101
Figura 5.48 – INC.360 – Deslocamento vertical HS1 ..................................................................... 102
Figura 5.49 – INC.360 – Deslocamento vertical HS2 ..................................................................... 103
Figura 5.50 – INC.360 – Deslocamento vertical HS3 ..................................................................... 103
Figura 5.51 – INC.360 – Convergência V1 ..................................................................................... 104
Figura 5.52 – INC.360 – Tensão principal maior HI1 ..................................................................... 105
Figura 5.53 – INC.360 – Tensão principal maior HI2 ..................................................................... 106
Figura 5.54 – INC.360 – Tensão principal maior HI3 ..................................................................... 106
Figura 5.55 – INC.360 – Tensão principal menor HI1 .................................................................... 107
Figura 5.56 – INC.360 – Tensão principal menor HI2 .................................................................... 107
Figura 5.57 – INC.360 – Tensão principal menor HI3 .................................................................... 108
Figura 5.58 – INC.360 – Coeficientes de empuxo horizontal HI1 e HI2 ........................................ 109
Figura 5.59 – INC.360 – Geometria proporcionalmente deformada ............................................... 110
Figura 5.60 – INC.180 – Deslocamento vertical HS1 ..................................................................... 110
Figura 5.61 – INC.180 – Deslocamento vertical HS2 ..................................................................... 111

xv
Figura 5.62 – INC.180 – Deslocamento vertical HS3 ..................................................................... 112
Figura 5.63 – INC.180 – Convergência V1 e V2............................................................................. 113
Figura 5.64 – INC.180 – Tensão principal maior HI1 ..................................................................... 113
Figura 5.65 – INC.180 – Tensão principal maior HI2 ..................................................................... 114
Figura 5.66 – INC.180 – Tensão principal maior HI3 ..................................................................... 114
Figura 5.67 – INC.180 – Tensão principal menor HI1 .................................................................... 115
Figura 5.68 – INC.180 – Tensão principal menor HI2 .................................................................... 116
Figura 5.69 – INC.180 – Tensão principal menor HI3 .................................................................... 116
Figura 5.70 – INC.180 – Coeficientes de empuxo horizontal HI1 e HI3 ........................................ 117
Figura 5.71 – INC.180 – Geometria proporcionalmente deformada ............................................... 118
Figura 5.72 – EVAL.180 – Deslocamentos verticais HS1 .............................................................. 119
Figura 5.73 – EVAL.180 – Convergência V1 ................................................................................. 120

Figura 6.1 – 180.2M e 360.8M 3D – Recalque vertical................................................................... 122


Figura 6.2 – 180.2M e 360.8M 3D – Deslocamento em X .............................................................. 123
Figura 6.3 – 180.2M e 360.8M 3D– Norma do vetor de deslocamentos ......................................... 124
Figura 6.4 – 180.2M e 360.8M 3D– Norma do vetor de deslocamentos plásticos .......................... 124
Figura 6.5 – 180.2M e 360.8M 3D– Tensão principal maior .......................................................... 125
Figura 6.6 – 180.2M e 360.8M 3D– Tensão principal maior no revestimento ................................ 126
Figura 6.7 – 180.2M e 360.8M 3D– Vetores de deslocamento ....................................................... 127
Figura 6.8 – Deslocamento vertical por HS1 ................................................................................... 128
Figura 6.9 – 180,360.2M – Deslocamento vertical por HS1 ........................................................... 129
Figura 6.10 – 180,360.4M – Deslocamento vertical por HS1 ......................................................... 129
Figura 6.11 – Convergência por V1 e V2 ........................................................................................ 130
Figura 6.12 – 180,360.2M – Convergência por V1 e V2................................................................. 131
Figura 6.13 – 180,360.4M – Convergência por V1 e V2................................................................. 132
Figura 6.14 – Tensão principal maior por HI1 – Escavação aos 40m ............................................. 133
Figura 6.15 – Tensão principal maior por HI2 – Escavação aos 40m ............................................. 134
Figura 6.16 – Tensão principal maior por HI1 – Escavação aos 32m ............................................. 134
Figura 6.17 – Tensão principal maior por HI2 – Escavação aos 32m ............................................. 135
Figura 6.18 – Tensão principal menor por HI1 ................................................................................ 136
Figura 6.19 – Tensão principal menor por HI2 ................................................................................ 137
Figura 6.20 – Seção de análise e coeficientes de empuxo ............................................................... 138
Figura 6.21 – Tensões ao longo da profundidade antes da escavação ............................................. 138
Figura 6.22 – Tensões ao longo da profundidade o final da escavação ........................................... 139

xvi
Figura 6.23 – Tensão e fator de segurança local ao longo da profundidade .................................... 140
Figura 6.24 – Coeficiente de empuxo horizontal X ......................................................................... 141
Figura 6.25 – Coeficiente de empuxo horizontal Y ......................................................................... 142
Figura 6.26 – Pontos de análise da trajetória de tensões .................................................................. 143
Figura 6.27 – TT – Estado de tensões inicial ................................................................................... 144
Figura 6.28 – TT – Estado de tensões ao primeiro avanço .............................................................. 145
Figura 6.29 – TT – Estado de tensões ao segundo avanço .............................................................. 145
Figura 6.30 – TT – Estado de tensões ao terceiro avanço................................................................ 146
Figura 6.31 – TT – Estado de tensões ao final da escavação ........................................................... 147
Figura 6.32 – Deslocamento vertical HS1 ....................................................................................... 148
Figura 6.33 – Convergência V1 e V2 .............................................................................................. 149
Figura 6.34 – Tensão principal maior HI1 aos 29 m de escavação ................................................. 150
Figura 6.35 – Tensão principal maior HI2 aos 29 m de escavação ................................................. 151
Figura 6.36 – Tensão principal maior HI3 aos 29 m de escavação ................................................. 151
Figura 6.37 – Tensão principal maior HI1 aos 40 m de escavação ................................................. 152
Figura 6.38 – Tensão principal maior HI2 aos 40 m de escavação ................................................. 153
Figura 6.39 – Tensão principal maior HI3 aos 40 m de escavação ................................................. 153
Figura 6.40 – Tensão principal menor HI1 aos 29 m de escavação................................................. 154
Figura 6.41 – Tensão principal menor HI2 aos 29 m de escavação ................................................. 155
Figura 6.42 – Tensão principal menor HI3 aos 29 m de escavação ................................................. 155
Figura 6.43 – Tensão principal menor HI1 aos 40 m de escavação ................................................. 156
Figura 6.44 – Tensão principal menor HI2 aos 40 m de escavação ................................................. 157
Figura 6.45 – Tensão principal menor HI3 aos 40 m de escavação................................................. 157
Figura 6.46 – Coeficiente de empuxo horizontal HI1 ...................................................................... 158
Figura 6.47 – Coeficiente de empuxo horizontal HI2 ...................................................................... 159
Figura 6.48 – Coeficiente de empuxo horizontal HI3 ...................................................................... 159
Figura 6.49 – Tensão principal maior no revestimento ................................................................... 160
Figura 6.50 – Tensão principal menor no revestimento................................................................... 161
Figura 6.51 – Deslocamento vertical HS1 ....................................................................................... 162
Figura 6.52 – Convergência V1 e V2 .............................................................................................. 163
Figura 6.53 – Seções de plastificação .............................................................................................. 163

xvii
Lista de Símbolos e Abreviações
Γ Condição de contorno
Γ1 Condição de contorno essencial
Γ2 Condição de contorno natural
𝛿∗ Deslocamento virtual
∆𝛿 Vetor de incremento de deslocamentos do elemento.
∆𝛿 ∗ Vetor de incremento deslocamentos virtuais
∆𝜀 Vetor de incremento de deformações do elemento
∆𝜀 ∗ Vetor de incremento de deformações virtuais
𝜈 Coeficiente de Poisson
𝜎 Tensão confinante
𝜎 Vetor de tensões no elemento
∆𝜎 Vetor de incremento de tensões
𝜏 Tensão de cisalhamento
𝜙 Ângulo de atrito
𝐵 Matriz deslocamento-deformação
𝑐 Coesão
𝐷 Matriz constitutiva
𝐸 Módulo de Elasticidade
𝐹𝑒𝑥𝑡 Forças externas
𝐹𝑖𝑛𝑡 Forças internas
Δ𝐹 Vetor de incremento de forças externas
𝑘0 Coeficiente de empuxo em repouso
𝑘a Coeficiente de empuxo ativo
𝑘p Coeficiente de empuxo passivo
𝑘ℎ Coeficiente horizontal da mola de Winkler
𝑘𝑣 Coeficiente vertical da mola de Winkler
LCPC France's Laboratoire Central des Ponts et Chaussées
𝑁𝑖 (𝑥, 𝑦) Função de forma do nó “i” avaliada na coordenada x,y
𝑃ℎ Força horizontal resultante de uma mola de Winkler
𝑃𝑣 Força vertical resultante de uma mola de Winkler
𝑢 𝑥, 𝑦 Parâmetro interno ao elemento, no ponto de coordenada x,y
𝑢𝑖 Parâmetro qualquer no nó “i”

xviii
𝑤 Deslocamento vertical

xix
1. INTRODUÇÃO
Este capítulo visa apresentar os principais aspectos da utilização do espaço subterrâneo, o túnel
como um ambiente subterrâneo assim como os tipos de acesso da superfície a este ambiente. Dentro
dos tipos de acesso entra-se no mérito dos poços de grande diâmetro e as avaliações desta estrutura,
e da sua interação com o túnel, que serão desenvolvidas neste projeto.

1.1. O MEIO URBANO E O ESPAÇO SUBTERRÂNEO

A utilização do espaço subterrâneo vem ganhando destaque crescente com o desenvolvimento do


meio urbano, visto que a utilização do espaço de superfície possui uma importância e um valor
agregado cada vez maiores. Sendo assim o espaço subterrâneo tende a ser utilizado como meio para
implantação de infraestrutura de transporte e de abastecimento geral, como linhas de transmissão e
dutos de abastecimento de água e redes de esgoto.

Em relação às estruturas de abastecimento de água e esgoto, sua implantação tende a ser mais
superficial, para fácil acesso e manutenção. Sendo assim normalmente aplicam-se técnicas de cut-
and-cover com a instalação de manilhas de concreto. Mas mesmo esta infraestrutura tende a ser
construída com técnicas subterrâneas em metrópoles. Já as linhas de transmissão que
tradicionalmente são instalação em postes sobre a superfície, modernamente estão sendo
transferidas para o subterrâneo pela escavação mecanizada e não tripulada de microtúneis.

Contudo, um dos maiores gargalos do funcionamento de uma cidade atualmente é a locomoção de


pessoas e bens, que com a dimensão que as cidades alcançaram nos últimos 50 anos, tornaram-se
um verdadeiro desafio de engenharia e planejamento. Este desafio reside tanto na estrutura de um
sistema de transporte eficiente quanto no espaço físico que o volume de automóveis demanda, tanto
para seu deslocamento quanto para o estacionamento destes veículos.

As estruturas subterrâneas apresentam algumas características que são utilizadas na concepção das
estruturas. Certos ambientes devem ser preferencialmente isolados, tanto por questões de segurança,
como no caso de armazenamento de produtos com contaminantes, ou por questões de conforto,
como o isolamento acústico de uma casa de shows.

O isolamento de proteção química, radioativa ou biológica assim como o isolamento acústico


podem ser proporcionados por estruturas subterrâneas, fazendo uso das propriedades do maciço

1
rochoso de inserção da estrutura. A estanqueidade compatível com as necessidades de isolamento
de produtos altamente contaminantes pode ser obtida com maciços rochosos não fraturados.
Descontinuidade de maciços fraturados e/ou a densidade da rocha sã em relação à velocidade de
propagação das ondas sonoras bloqueia a intensidade acústica.

Outro possível isolamento proporcionado por estruturas subterrâneas é a proteção contra terremotos.
A rigidez de uma estrutura inserida em um maciço rochoso faz com que elas sejam menos
susceptível aos efeitos de terremotos do que uma estrutura de superfície.

O espaço demandado para o trânsito de veículos nas grandes cidades ocupa uma região da
superfície que permeia as edificações segmentando as vias para o tráfego de pedestres, criando
poluição sonora e emissão de gases diretamente na atmosfera. Se este espaço fosse redirecionado ao
subterrâneo, seria possível a criação de vias não segmentadas para o tráfego de pedestres na
superfície assim como o isolamento acústico e o direcionamento dos gases emitidos para um
sistema de filtros antes da liberação para a atmosfera.

Alinhamentos de rodovias e ferrovias por vezes permeiam por regiões de topografia acidentada e/ou
montanhosa, principalmente em locais de geologia mais nova, como o continente americano. O
contorno destas montanhas, que pode ser necessário tanto em mesmo nível como com variação para
atingir um local mais elevado ou rebaixado, pode ser realizado de forma mais eficiente por túneis
dentro destas montanhas. A ligação direta por dentro de uma montanha além de proporcionar uma
conexão mais curta do que um trecho circundante, evita o impacto da implantação deste trecho,
cortes, aterros e a segmentação do terreno natural pela implantação da via.

As possibilidades de instalações subterrâneas são muito variáveis, e não cabe a este trabalho uma
descrição mais aprofundada. Como outros exemplos de estruturas subterrâneas podem-se citar as
minas de exploração de minérios, como ouro e ferro, e os depósitos de material nuclear, que
utilizam tanto do isolamento da radiação quanto da capacidade térmica do maciço rochoso.

1.2. TÚNEIS E ACESSOS ÀS ESTRUTURAS SUBTERRÂNEAS

A principal estrutura de utilização do espaço subterrâneo para transporte de pessoas é o túnel, que
genericamente é uma escavação subterrânea horizontalizada, com dois portais de acesso e uma
dimensão muito superior as outras duas. Como citado, parte da estrutura de um túnel é composta

2
por seus portais, que podem ser alinhados com o túnel, como no caso de um emboque em uma
montanha, ou verticalizados, iniciando-se a partir da superfície até a profundidade do túnel.

Em meio urbano, o portal verticalizado é a estrutura que mais se adéqua a necessidade de acesso das
pessoas às estruturas subterrâneas, pelos mais diversos pontos da superfície, possibilitando a
integração do transporte urbano com os vários polos atrativos de locomoção. Dentre os possíveis
portais verticalizados, tem-se as estações de acesso convencionais e as estações NATM, mostrados
na Figura 1.1.

Figura 1.1 – Estações convencionais e estações NATM

As estações de acesso convencional são realizadas por escavação a partir da superfície, com a
formação de taludes laterais para estabilidade da escavação e para acesso de equipamentos. A
geometria escavada tende a englobar a geometria da estação final, adicionando a área necessária
para a estabilização dos taludes laterais e das vias de acesso de equipamentos.

Estações de acesso do tipo NATM (poços) têm a geometria da sua escavação regida pelos
princípios de redistribuição de tensões e utilização do maciço como estrutura de suporte. Sendo
assim, a estrutura da estação deve se encaixar na geometria concebida da escavação, normalmente
circular ou elíptica, podendo ser concebida com uma ou vários círculos ou elipses secantes. Dentre
os acessos do tipo poços são conhecidos três tipos de escavação possíveis: NATM; Parede
Diafragma e Escavação Ascendente (Raise Boring).

1.3. ACESSOS DO TIPO POÇOS

Os poços de escavação sequencial são também conhecidos como poços NATM (NATM shafts), pois
utilizam os princípios do método homônimo para escavação de túneis, onde o maciço atua,

3
parcialmente ou totalmente, como estrutura de suporte da escavação. Esta atuação se dá pela natural
redistribuição de tensões no maciço em forma de arco após a escavação, também conhecido como
efeito silo.

Os poços podem possuir as mais diversas funções em uma estrutura subterrânea. Sua utilização foi
iniciada como dutos de ventilação para a manutenção do ar em estruturas subterrâneas como túneis
de metrô. A Figura 1.2 mostra um exemplo de um poço de ventilação em um túnel. Poços desta
dimensão podem ser escavados pela técnica de raise boring e possuem até cerca de 10 m de
diâmetro.

Figura 1.2 – Poço de ventilação

Com a dimensão de um poço de ventilação, podem-se instalar equipamentos para o emboque da


escavação de um túnel. A ausência de escoramento desta escavação facilita o acesso dos
equipamentos e o trânsito dos materiais retirados da escavação.

Finalmente, com o avanço das técnicas de escavação foi possível a escavação de poços com
diâmetros mais significativos, utilizando a escavação para a instalação das estruturas permanentes
como um acesso à estrutura subterrânea do tipo estação de metrô. Como já citado este tipo de
escavação para estas instalações é vantajoso pelo menor impacto à superfície e pela vantagem
estrutural da redistribuição de esforços de uma estrutura circular.

1.4. OBJETIVOS E ESCOPO DO PROJETO

O projeto pretende avaliar o comportamento de poços de grande diâmetro em uma análise


paramétrica de diferenças geológicas e construtivas da estrutura. Em termos gerais pretende-se
avaliar aspectos da escavação, como recalque superficial e convergência da escavação, e aspectos
4
do maciço circundante, como distribuição de tensões ao redor da escavação. Para isto o projeto foi
dividido em sete capítulos como segue:

O capítulo 1 visa introduzir uma visão geral sobre escavações subterrâneas e os tipos de acesso a
essas estruturas assim como a importância destas estruturas para o conceito atual de gerenciamento
das cidades.

O capítulo 2 discorre sobre a revisão bibliográfica sobre os métodos construtivos de poços,


características específicas de poços de grande diâmetro assim como exemplos de dimensionamentos
e simulações numéricas já realizadas em estruturas deste tipo.

O capítulo 3 apresenta a fundamentação teórica, que aborda os métodos de cálculo e as


considerações de projeto para a estrutura de poços de grande diâmetro. Foram avaliados também os
elementos relativos às simulações numéricas, apresentando superficialmente o método dos
elementos finitos e os modelos constitutivos que serão utilizados para modelagem dos materiais.
Também são abordados conceitos básicos do software CESAR LCPC v4.0, com a apresentação dos
modos gerais de inserção de dados e o módulo de análise mecânica que será utilizado, assim como
as ferramentas específicas para a modelagem de escavações.

O capítulo 4 discorre sobre a metodologia para o desenvolvimento do projeto, os modelos que


foram simulados assim como as dificuldades e os detalhes para a utilização do software CESAR-
LCPC. São apresentados os parâmetros de cálculo assim como o método de obtenção dos resultados
das simulações.

O capítulo 5 apresenta os resultados chave de cada modelo simulado, são apresentados gráficos bi
dimensionais com a avaliação dos parâmetros escolhidos de acordo com o avanço da escavação de
cada modelo.

O capítulo 6 faz uma análise comparativa entre os diversos modelos analisados e seus resultados
quando do final da escavação do poço. Esta análise busca traçar a diretrizes básicas da influência
dos principais parâmetros avaliados com os resultados em questão.

O capítulo 7 apresenta a conclusão do trabalho com os principais detalhes do comportamento de


poços de grande diâmetro que foram obtidos e observados pelo desenvolvimento do projeto e das
simulações numéricas.

5
Finalmente são apresentadas as referência bibliográficas utilizadas para o desenvolvimento deste
projeto.

6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A revisão bibliográfica discorre sobre os métodos construtivos de poços e túneis, características
específicas de poços de grande diâmetro assim como exemplos de dimensionamentos e simulações
numéricas já realizadas em estruturas deste tipo.

2.1. MÉTODOS CONSTRUTIVOS DE POÇOS

Os métodos de escavação de um poço podem ser adaptados sob as condições do maciço e os tipos
de equipamentos e técnicas disponíveis à realização do projeto. São três os principais métodos
utilizados para a escavação de um poço. A técnica raise boring, a utilização de uma parede
diafragma e a técnica NATM. Cada método apresenta suas limitações e vantagens para cada tipo de
poço, entretanto a tendência atual tem levado a escolha da solução NATM para poços de grande
diâmetro para estações de metrô.

2.1.1. RAISE BORING

Uma técnica utilizada em mineração que pode ser adaptada à escavação de poços é a escavação
ascendente, conhecida como raise boring. A técnica tem como princípio a possibilidade de acesso à
zona subterrânea do poço, ou seja, o túnel abaixo do poço já deve estar escavado. Com um furo
piloto de pequeno diâmetro a partir da superfície é introduzido um eixo de torque no maciço até o
fundo da futura zona escavada. Pelo acesso subterrâneo é fixada ao eixo de torque uma cabeça
cortante que será puxada de forma ascensional e rotativa até a superfície, escavando assim o poço.
A Figura 2.1 mostra um exemplo do equipamento para escavação ascendente.

Figura 2.1 – Equipamento para escavação do tipo raise boring

7
Esta técnica é utilizada somente em rochas brandas pela limitação da capacidade de corte em
relação ao torque proporcionado pelo equipamento, sendo assim sua utilização é limitada pelas
condições geológicas da região escavada. Este limitante não chega a ser significativo no caso de
acessos a túneis rasos, pois em muitos casos o perfil de escavação não chega a permear por rocha
competente. Em rochas duras, o alargamento do furo pode ser pela técnica de escavação a fogo.

A maior limitação deste método para a escavação de um poço está no diâmetro escavado. Os
equipamentos atuais permitem a escavação de um perfil circular de até 6 m de diâmetro, muito
inferior ao diâmetro necessário às instalações de uma estação de metrô. Sendo assim esta técnica se
limita à escavação de poços para ventilação e emboque de túneis.

2.1.2. PAREDE DIAFRAGMA

Outro método de escavação utilizado para poços, de pequeno e grande diâmetro, é a escavação e
concretagem de uma parede diafragma utilizada como suporte primário da escavação. O método
prevê a escavação de segmentos pelo alinhamento da futura escavação pela utilização de clam shell
ou fresa de escavação. A clam shell é utilizada em solos e rochas muito intemperizadas pois sua
escavação é feita pela cravação de pás que se fecham retirando o material escavado. Já a fresa de
escavação pode permear por estratos mais competentes até uma rocha média, pois possui cabeças de
corte que permitem a quebra destes materiais. A Figura 2.2 mostra estes equipamentos.

Figura 2.2 – Clam shell e fresa de escavação

A escavação dos segmentos pode ser estabilizada pela utilização de lama bentonítica para contenção
contra desmoronamentos locais e restrição do fluxo d’água para a escavação. É necessário que a
escavação vá até alguns metros abaixo da cota de assentamento da escavação do poço.

8
Este comprimento que ficará ancorado quando for realizada a escavação é conhecido como ficha,
esta estrutura proporciona não só estabilidade local da escavação como também estabilidade global
do poço.

A concretagem destes segmentos escavados é feita de baixo para cima, após a descida, se
necessário, da armadura. Caso seja utilizada lama bentonítica, a lama deve ser sugada da escavação
na mesma taxa de bombeamento do concreto. Este tipo de concretagem resulta normalmente em um
a superfície irregular e que pode conter alguns trechos contaminados por desmoronamentos locais
de solo da parede de escavação. Quando da escavação do poço, deve-se avaliar esta superfície e
proceder com a execução do revestimento secundário de acordo com a parede diafragma. Pode-se
também utilizar elementos pré-moldados de concreto como parede final da escavação.

A geometria resultante de um poço circular construído por parede diafragma é um conjunto de


segmentos retos, que devem se adequar à geometria circular. Entretanto, os poços em questão
possuem diâmetros de cerca de 30 m, o que implica em um perímetro de cerca de 200 m, que por
escavações com clam shell com segmentos de 2 m resultará em cerca de 100 segmentos, o que
resulta em uma geometria quase completamente circular.

2.1.3. ESTACAS SECANTES

Em algumas regiões o uso de lama bentonítica em escavações é restringido pelos impactos causados
pela disposição deste material. Neste caso pode ser conveniente a utilização de estacas secantes
armadas, que não necessitam de lama bentonítica em seu processo executivo.

Este método prevê a execução de estacas circulares que são escavadas por ferramentas do tipo
hélice, com concretagem ascendente após a descida da armadura. As estacas são posicionadas no
alinhamento da escavação de forma que suas seções sejam secantes umas as outras, gerando uma
superfície final como na Figura 2.3.

9
Figura 2.3 – Estacas secantes

2.1.4. ESCAVAÇÃO NATM

O método mais aplicado à construção de túneis no século XX é denominado New Austrian


Tunelling Method (NATM) e recebe este nome pois foi desenvolvido na Áustria na década de 50. O
procedimento executivo do método NATM é normalmente chamado de método de escavação
sequencial. A escavação sequencial aplicada na construção de túneis foi adaptada para a construção
de poços resguardando várias semelhanças.

Assim como em túneis o processo se baseia no avanço sequencial da escavação com subsequente
aplicação, se necessária, de um elemento de suporte. Esta instalação deve, preferencialmente, ser
realizada no tempo ótimo entre o avanço das deformações do maciço e a resposta de resistência do
elemento de suporte. Este intervalo de tempo é calculado para a atuação direta do maciço na
redistribuição de tensões, gerando um nível de deformação admissível para a estrutura, reduzindo
assim a espessura e a capacidade de carga necessárias para a estrutura de suporte.

O método NATM é muito flexível em relação às condições locais, não apresenta limitação de
tamanho e é aplicado sob as mais diversas condições geológicas. No caso de poços de grande
diâmetro deve-se considerar a compatibilização entre os avanços de escavação e a praça de trabalho
das máquinas que dão procedimento a escavação, pois o próprio procedimento retira a base de apoio
dos equipamentos. A Figura 2.4 mostra uma escavação de um poço pelo método NATM.

10
Figura 2.4 – Escavação de um poço em NATM

2.1.5. TRATAMENTOS DO MACIÇO

Como poços são estruturas previstas para permitir o acesso a obras subterrâneas pela superfície, seu
perfil de escavação normalmente permeia por geologias bastante alteradas. Se o maciço escavado
não possuir características geomecânicas, tais que seja possível sua escavação pelas dimensões
construtivas avaliadas, deve-se prever técnicas de tratamento do maciço para aumentar sua
resistência e permitir sua escavação. Normalmente as piores condições do maciço apresentam-se
próximo à superfície, com isso pode-se realizar o tratamento somente sobre um perfil específico ou
por toda a profundidade de escavação. Alguns exemplos de tratamento são as colunas verticais de
jet-grouting, as parede diafragma plástica e as estacas secantes;

No caso da escavação inserir-se em rocha, pode ser necessária a estabilização de blocos soltos com
a utilização cordoalhas ancoradas na forma de tirantes ou chumbadores. Tirantes realizam a
ancoragem ativa dos blocos pela aplicação de uma carga de pretensão após a ancoragem.
Chumbadores realizam a ancoragem passiva dos blocos, sendo solicitados somente em caso de
movimento do bloco dentro do maciço. A ancoragem destes elementos pode ser garantida pelo
próprio atrito mecânico com o maciço ou pela utilização de resinas.

Os tirantes e/ou chumbadores têm a função não somente de garantir a estabilidade de grandes
blocos soltos no contorno da escavação, mas também de manter o confinamento no entorno do
11
poço, evitando assim, que ocorra alívio das descontinuidades que pode vir a ocasionar uma
instabilidade progressiva e global de todo o poço.

2.2. ASPECTOS CONSTRUTIVOS DE POÇOS

Entende-se por poços de grande diâmetro as escavações verticais que não podem ser executadas
com equipamentos de perfuração convencionais como perfuratrizes e/ou lanças rotativas. Assim
como em túneis, a estrutura de um poço de grande diâmetro se baseia nos princípios modernos de
túneis. Considera-se o maciço a principal estrutura do sistema de suporte pela sua capacidade
natural de redistribuição de tensões, que é complementada, quando necessário, por um revestimento
estrutural (CAMPANHÃ & FRANÇA, 2008).

Estas estruturas possuem simplicidade executiva e custo altamente competitivos em relação a obras
de utilização similar como valas estroncadas. Algumas concepções geométricas já executadas estão
dispostas na Figura 2.5.

Figura 2.5 – Concepções: circular simples; elíptica dupla; circular tripla

O layout básico de um poço assim como seus principais elementos estruturais, que serão descritos a
seguir, estão dispostos na Figura 2.6.

12
Figura 2.6 – Elementos construtivos de um poço (CAMPANHÃ & FRANÇA 2008)

2.2.1. ELEMENTOS ESTRUTURAIS

Serão descritos os principais elementos estruturais aplicados a um poço de grande diâmetro segundo
CAMPANHÃ & FRANÇA (2008). Ressalta-se que dependendo dos critérios de projeto um poço de
grande diâmetro pode prescindir de alguns destes elementos assim como necessitar de outras
estruturas auxiliares para sua estabilidade, tanto em fase de construção quando durante seu tempo
de operação. Um exemplo de um poço de grande diâmetro utilizado como estação de metrô durante
sua construção e em operação está na Figura 2.7.

Figura 2.7 – Estação vila prudente – escavação e projeto concluído

Previamente à escavação é comum a execução da viga de borda, que garante a rigidez da parte
superior do poço e resiste às sobrecargas de superfície do tráfego de equipamentos. A viga de borda
é normalmente executada em concreto armado moldado in loco, pois o mesmo adapta-se à forma
circular da estrutura. Caso avalie-se que o conjunto maciço-revestimento possui competência
13
suficiente para suportar aos esforços que seriam designados à viga, pode-se prescindir deste
elemento estrutural.

Para iniciar a escavação são executados os primeiros avanços verticais de escavação. A escavação é
seguida da aplicação do suporte primário, cuja função é garantir a estabilidade do poço durante a
construção, até que o revestimento final (definitivo) seja executado. O suporte primário é executado
em concreto projetado, normalmente com reforço de malha de aço. As espessuras usuais de
concreto projetado variam de 20 a 60 cm (em maciços de solo) e de 5 a 20 cm (em maciços
rochosos). Devido à geometria circular (ou muito próxima à circular), os esforços solicitantes na
estrutura do suporte primário são primordialmente de compressão.

Normalmente a escavação do poço se dá com o lençol freático rebaixado, por poços de


bombeamento, ou com a pressão hidráulica em seu contorno aliviada, por geodrenos radiais e/ou
ponteiras a vácuo. Em função disso, é comum que o suporte primário seja dimensionado
desconsiderando os empuxos hidráulicos, considerando apenas as solicitações de empuxo do
maciço e sobrecargas na superfície.

Algumas condições locais podem levar ao dimensionamento do suporte primário considerando o


empuxo d’água. Nesta situação também podem ser necessários tratamentos do maciço junto ao
contorno da escavação para que se possa garantir sua estabilidade entre a escavação e a aplicação do
suporte primário.

Isto pode ser necessário em regiões onde o lençol freático está contaminado, sendo assim, o
bombeamento traria este material à superfície e traria ao construtor o ônus de seu tratamento e
disposição adequados. Outra possível situação que inviabiliza o rebaixamento do lençol é a
ocorrência de uma disposição geológica, normalmente de argilas moles, que ao sofrerem alívio das
poropressões incorreriam em recalques significativos. Com isto o rebaixamento do lençol
ocasionaria danos às estruturas de superfície, fator de alta ponderação nos grandes centros urbanos,
locais onde poços são normalmente empregados.

Tendo atingido a cota de escavação é normal a execução de uma laje de fundo em brita para a
regularização grosseira da superfície e a criação de um colchão drenante. Este colchão deve ser
capaz de direcionar os volumes de água dos drenos e de infiltração na parede e no fundo de
escavação, que, durante a construção do poço, devem ser direcionados até um poço provisório de
bombeamento.

14
Após esta camada é executada a laje de trabalho, que melhora a regularização da superfície e
melhora as condições de trabalho para tráfego de pessoas e equipamentos auxiliares à construção.
Em sequência é executada a laje estrutural que possibilita o fechamento inferior do poço, e serve
como base de apoio para as diversas estruturas internas que compõem o poço. A laje estrutural deve
ser dimensionada para resistir às solicitações hidrostáticas.

Para o dimensionamento da laje de fundo deve ser avaliado o problema de flutuação, que ocorre
quando a subpressão atuante na laje de fundo é maior do que o peso próprio da estrutura do poço.
Uma solução é igualar a subpressão ao peso desta laje, dimensionando-a com uma espessura
adequada, entretanto essa solução muitas vezes é onerosa, pelos serviços adicionais de escavação e
concretagem desta espessura adicional. Outra possível solução é a concepção de um encaixe da laje
na parte inferior do revestimento, de tal forma que os esforços na laje sejam transmitidos ao
revestimento e, através deste, transmitidos ao maciço, mobilizando o atrito no contato do
revestimento com o maciço.

Para a fase de operação é necessária a execução de um revestimento permanente cuja função é


garantir a estabilidade do poço durante a vida útil da obra (50 a 100 anos). O revestimento
secundário (ou definitivo) é dimensionado para resistir aos esforços do maciço, sobrecargas e
solicitação hidrostática relativa ao posicionamento do lençol freático em sua cota original.
Normalmente o revestimento secundário é feito em concreto armado moldado in loco e em seu
dimensionamento normalmente desconsidera-se completamente a contribuição do suporte primário.
Em países com atividade sísmica, o revestimento secundário também é dimensionado para resistir
às solicitações de sismo.

Como já citado, em fase de operação o poço é dimensionado para resistir à situação natural de nível
d’água do terreno. Para tal deve ser dimensionado um sistema de impermeabilização do
revestimento secundário para minimizar as infiltrações na estrutura final do poço, aumentando a
vida útil do revestimento secundário e diminuindo o fluxo de água para dentro da estrutura.
Normalmente a impermeabilização é realizada com manta de PVC instalada entre o suporte
primário e o revestimento secundário. Atrás da manta, junto ao suporte primário é aplicado um
geotêxtil para dar proteção mecânica à manta de PVC. Atualmente tem sido empregada também
impermeabilização projetada, diretamente sobre o suporte primário.

15
2.2.2. SEQUÊNCIA EXECUTIVA

Neste tópico serão descritas as principais etapas de execução de um poço de grande diâmetro
escavado pela técnica NATM.

Inicia-se pela locação da obra com demarcação das áreas de escavação e de estruturas auxiliares à
construção. Caso forem previstos tratamentos ao maciço prévios à escavação devem ser realizados
pela superfície de modo a que se atinjam os critérios de resistência de projeto.

Caso seja prevista uma viga de borda, deve-se escavar uma vala para a disposição de suas formas e
preparação da armadura e concretagem. Deve ser previsto um sistema de solidarização da viga com
o revestimento do poço, normalmente feito em telas metálicas para ajuste á geometria do poço.

O primeiro passo de escavação expõe a face interna da viga de borda, onde pode-se verificar a
integridade das fôrmas e qualidade da superfície acabada da viga. A partir deste nível a escavação é
realizada até que atinja a cota de assentamento do poço.

O procedimento de escavação pode ser realizado sob diversos layouts de acordo com as condições
do maciço e do equipamento de escavação. Uma opção comum é a escavação da parte central do
poço em avanços de cerca de 1 m, sendo a parte lateral não escavada um apoio para os
equipamentos de escavação. Após a escavação do centro do poço, são retirados os taludes laterais,
em lances de cerca de 30º, com aplicação imediata de concreto projetado com 3 cm de espessura.
Sobre esta primeira camada de concreto projetado é instalada uma tela metálica que é sobreposta
por sucessivas camadas de 5 cm de concreto projeto até que se atinja a espessura de projeto. Em
alguns casos prevê-se a instalação de outra camada de tela metálica, que é instalada sobre uma
espessura de concreto projetado pouco inferior a espessura de projeto, sobrepondo-a com 3 cm de
concreto projetado. A retirada dos taludes laterais é realizada sequencialmente pelos lances de 30º
até que se retire toda a circunferência do poço. O procedimento de escavação é repetido em lances
verticais de cerca de 1 m até que se atinja a cota de projeto, onde se inicia a execução da laje de
fundo e das estruturas já descritas.

16
2.3. MODELAGEM NUMÉRICA DE POÇOS

2.3.1. ESTAÇÃO SALGUEIROS – METRÔ DO PORTO – PORTUGAL

FRANÇA et al. (2006) descrevem a estação salgueiros do metrô da cidade do Porto em Portugal. O
projeto da estação utiliza o método de escavação sequencial vertical para a construção de duas
elipses com profundidade de 22 m, e dimensões máximas de 40 e 28 m (Figura 2.8). Previamente à
escavação foram construídos dois pilares de 3,3 m de diâmetro na intersecção das elipses unidos por
uma viga com seção de 2x1,6 m. Os pilares foram escavados prevendo uma ficha de 6 m abaixo da
cota final de escavação do poço.

Figura 2.8 – Início e fim das escavações

O avanço da escavação se deu por avanços verticais de 1,8 m e desenvolvimento radial de 12 m por
um período de 5 meses, removendo um volume total de 55000 m³. A geologia local era constituída
basicamente por solos residuais de granito sobrepostos por um aterro com espessura média de 2 m
(Figura 2.9). Pelos 24 m de profundidade da escavação o solo residual apresenta-se sobre diversos
graus de alteração até cerca de 20 m de profundidade onde o granito já se encontra são, sendo o
poço apoiado em rocha classificada como branda a dura. O nível d’água se encontra a
aproximadamente 4 m de profundidade

Juntamente à escavação foi executado concreto projetado com espessura variável com a
profundidade como a seguir: 30 cm entre 0 e 6,6 m; 45 cm entre 6,6 e 10 m e 60 cm entre 10 e 22
m.

17
Figura 2.9 – Geologia local (G7-aterro; G6-solo residual; G5-granito alterado; G4-granito)

FRANÇA et al. (2004) descrevem a simulação numérica do problema por representação do maciço
por molas de Winkler acopladas à estrutura de suporte de concreto projetado. A simulação foi
realizada pelo software STRAP por modelagem tridimensional em elementos finitos. Foram
utilizados elementos laminares para a estrutura de suporte e elementos de barra para a estrutura dos
poços e da viga.

Foram simuladas duas fases de carregamento. A fase provisória com o suporte primário de
espessura variável e o maciço no estado seco e a fase permanente com o revestimento definitivo
com espessura constante de 0,6 m, os apoios representando as lajes da estrutura da estação e o nível
d’água original como pressão hidrostática. O resultado entre a malha inicial e a malha deformada
está na Figura 2.10.

Figura 2.10 – Malha deformada

FRANÇA et al. (2006) descrevem a simulação numérica do problema por representação conjunta
do maciço e das estruturas de suporte por uma malha tridimensional de elementos finitos. A

18
simulação foi realizada através do software FEMIX desenvolvido pela Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto.

Foi suposta uma horizontalização das supostas camadas de solo descritas em FRANÇA et al.
(2004). Os materiais geotécnicos foram descritos segundo um modelo linear elástico perfeitamente-
plástico com o critério de ruptura de Mohr-Coulomb. Já os elementos estruturais foram descritos
segundo um modelo linear elástico. Foram simuladas 63 fases de cálculo com o intuito da
modelagem mais condizente possível com a realidade dos avanços da obra.

Assim como no exemplo anterior foram descritas duas fases de carregamento, fase provisória e fase
permanente, com as mesmas combinações de carga já citadas. A malha de elementos finitos está na
Figura 2.11.

Figura 2.11 – Malha construída e malha deformada

Em relação aos resultados discutiram-se algumas observações pertinentes ao dimensionamento da


estrutura, destacando a importância do pórtico de travamento, composto pelos pilares e pela viga na
sustentação global da estação, principalmente durante a fase provisória.

Ainda em relação ao pórtico estrutural observou-se que a flecha da viga calculada pelo modelo foi
menor do que a flecha medida em campo. Justifica-se esta discrepância considerando que não
poderiam ser desconsiderados os efeitos de segunda ordem em uma estrutura com este nível de
solicitações. Essa simplificação implica tanto na subestimação direta das deformações quanto na
superestimação da rigidez dos pilares, que têm sua rigidez atenuada por fissuração decorrente de
significativas deformações.

Os deslocamentos do maciço e da estrutura de suporte calculados pela modelagem apresentaram-se


compatíveis com os valores in situ na direção vertical, pelo eixo do poço.

19
Em medições realizadas na face de escavação e no revestimento observou-se que os valores
calculados foram em geral indicadores de convergência da escavação, porém, inferiores aos valores
aferidos em campo.

A diferença entre os resultados pode ser justificada pelo modelo constitutivo utilizado na
representação dos elementos estruturais, que não prevê o estado de plastificação, estado este que
pode ter ocorrido principalmente na zona do revestimento adjacente aos pilares pela elevada
deformação desta zona.

Na região específica no topo da escavação, os valores calculados pelo modelo apresentaram-se


qualitativamente díspares das deformações observadas in situ. Enquanto o modelo prevê a
convergência desta seção, com o consequente encurtamento da viga de travamento, in situ
observou-se o alongamento desta viga, indicando divergência desta seção de escavação.

Em medições realizadas por inclinômetros distantes cerca de 2 m da escavação observou-se que as


deformações são variáveis com a profundidade, atingindo valores máximos a cerca de metade da
profundidade total da escavação. Tal comportamento não é observado nos resultados da
modelagem, que prevê uma deformação horizontal uniforme com a profundidade.

2.3.2. ESTAÇÃO VILA PRUDENTE – METRÔ DE SÃO PAULO – BRASIL

CECÍLIO JR. et al.(2010) descrevem estudos à nível de projeto executivo da estação Vila Prudente
do metrô da cidade de São Paulo. A estação foi concebida com dois poços secantes de geometria
circular com 42 m de diâmetro e 29 m de profundidade totalizando um volume total de escavação
de cerca de 72500 m³. Os poços são denominados Poço Sul e Poço Norte, têm em seu eixo de
secante o reforço de três níveis de vigas de travamento, e funcionam como salas de operação e
plataformas de embarque. Imagens da escavação do poço sul e da escavação concluída estão na
Figura 2.12.

20
Figura 2.12 – Escavação do poço sul e escavação concluída

A escavação iniciou-se pelo poço Sul, pois a geologia naquela região era mais desfavorável, logo,
seu travamento com o suporte primário aumenta a segurança da obra. Procedeu-se com a instalação
de suporte primário em concreto projetado, sistema de impermeabilização com manta termoplástica
de PVC e revestimento secundário de concreto moldado. O perfil geológico local, caracterizado
principalmente pela inclinação dos substratos, presença de matéria orgânica em pequena
profundidade e nível d’água bastante elevado, é bastante desfavorável.

Novamente em face do perfil geológico desfavorável foram executadas paredes plásticas de Coullis
ao redor da escavação, tanto para minimizar os recalques por adensamento quanto para evitar a
propagação da contaminação do solo diagnosticada na região.

Com as estruturas de revestimento e travamento do poço sul realizadas iniciou-se a escavação do


Poço Norte com demolição do revestimento do poço sul na zona de secância dos poços. Prevê-se
que a estrutura inacabada do poço norte, trabalhando como um anel aberto transfira carga à
estrutura definitiva do poço sul. Uma seção da geologia local está na Figura 2.13.

21
Figura 2.13 – Geologia local (At-aterro; 2Ag1-argila siltosa mole; 4Ar1-areia fina e média argilosa;
4Ag1-argila siltosa pouco arenosa; 4Ag2-argila arenosa; S2-solo residual de alteração; R2/R3-rocha
alterada)

A simulação numérica foi realizada por representação conjunta do maciço e das estruturas de
suporte com uma malha tridimensional de elementos finitos. A simulação foi realizada através do
software PLAXIS 3D Foundation.

Os materiais geotécnicos foram descritos segundo um modelo linear elástico perfeitamente-plástico


com o critério de ruptura de Mohr-Coulomb, como foi previsto um sistema de rebaixamento do
lençol freático o maciço foi considerado drenado. As tensões iniciais foram impostas por campo de
tensão considerando a tensão vertical advinda da aceleração da gravidade sobre o peso próprio do
material e a tensão horizontal avaliada pelo coeficiente de empuxo em repouso 𝐾0 .

Foram simuladas 64 fases de cálculo com o intuito da modelagem mais condizente possível com a
realidade de escavação e enrijecimento das estruturas de suporte. A malha de elementos finitos em
duas fases de carregamento está na Figura 2.14.

Figura 2.14 – Fases de construção na malha de elementos finitos


22
Em relação aos resultados discutiram-se as diferenças entre as previsões do modelo numérico em
relação aos valores aferidos por instrumentação em campo. Ressalta-se que o modelo foi capaz de
representar as diferenças geológicas entre os Poços sul e norte, indicando recalques mais acentuados
na região do poço Sul.

Em relação aos recalques superficiais o modelo prevê um levantamento com o início da escavação
que não foi verificado em campo, onde ocorreram recalques desde o início das escavações.
Justifica-se esta discrepância pela deficiência em superestimação de deformações advindas de
trajetórias de descarregamento do modelo constitutivo utilizado. Em campo ocorreu uma tendência
a acentuados níveis de recalque na zona oeste do poço sul, não prevista no modelo numérico, que
pode ter ocorrido por comprometimento do marco superficial de referência.

Em relação aos deslocamentos horizontais do maciço ao longo da profundidade foram identificadas


duas zonas de discrepância. Próximo à superfície o modelo indica baixos níveis de deformação
enquanto em campo foram detectados os maiores níveis de deformação nesta região. Justifica-se
esta discrepância pela influência do trânsito de equipamentos não considerado no modelo. Já em
profundidade o modelo prevê níveis de deformação mais elevados do que os aferido em campo,
porém com comportamento qualitativo similar. Justifica-se esta discrepância pela possível
subestimação dos módulos de deformabilidade e novamente pela deficiência do modelo constitutivo
em trajetórias de descarregamento. Alguns resultados da simulação estão na Figura 2.15.

Figura 2.15 – Deslocamentos horizontais e bacia de recalques modelada de medida

23
2.3.3. ESTAÇÕES AMEIXOEIXA E BAIXA CHIADO – METRÔ DE LISBOA –
PORTUGAL

KUWAJIMA et. al. (2004) descrevem as estações Ameixoeira e Baixa Chiado do metrô da cidade
de Lisboa em Portugal. O projeto das duas estações é muito similar e prevê a construção de um
poço com 40 m de diâmetro e 31 m de profundidade escavados por avanços verticais de 1,8 m. O
poço, com geometria circular, tem a finalidade de alojar escadas, elevadores, mezanino e
plataformas de embarque. A planta de situação e um perfil do poço estão na Figura 2.16.

Figura 2.16 – Layout da estação e perfil de escavação

A escavação se deu por avanços verticais de 1,8 m com instalação de suporte primário em concreto
projetado. Com o aumento da profundidade e consequentemente das tensões no maciço, o
revestimento demanda uma espessura maior, sendo variável com a profundidade. A geologia local é
descrita por um perfil geológico disposto na Figura 2.17.

Figura 2.17 – Geologia local

24
A simulação numérica foi realizada por representação conjunta do maciço e das estruturas de
suporte com uma malha tridimensional de elementos finitos. A simulação foi realizada pelo
software TOCHNOG. Foi suposta uma horizontalização das camadas de solo para a construção do
modelo.

Todos os materiais foram descritos segundo um modelo linear elástico, como foi previsto um
sistema de rebaixamento do lençol freático o maciço foi considerado drenado. As tensões iniciais
foram calculadas por introdução de forças de corpo na malha de elementos finitos. Em relação aos
resultados discutiram-se as diferenças entre os resultados das duas estações e entre as previsões do
modelo numérico em relação aos valores aferidos por instrumentação em campo. A Figura 2.18
ilustra resultados das simulações numéricas

Figura 2.18 – Resultados de deslocamentos horizontais e verticais

2.4. CONCRETO PROJETADO EM ESCAVAÇÕES

O concreto projetado atua na concepção de uma escavação como uma estrutura de suporte
superficial que gera uma tensão confinante contrária ao efeito instabilizador do maciço. Este
método construtivo se adéqua muito bem ao conceito do NATM, pois pode ter seu tempo de
endurecimento (pega) controlado para que se obtenha a tensão confinante o mais próximo possível
do tempo ótimo de instalação da estrutura de suporte. Outras propriedades compatíveis com a
utilização do concreto projetado como estrutura de suporte são citadas a seguir (FOÁ & ASSIS,
2002):
 Boa aderência ao maciço recém escavado
 Alta resistência a baixas idades
 Flexibilidade adequada às deformações impostas pelo maciço
 Estanqueidade
25
 Durabilidade
 Dispensa escoramentos, formas e posicionamento de armaduras.

A NBR 14026 (ABNT, 2001) define o concreto projetado como “Concreto com dimensão máxima
do agregado maior ou igual a 9,5 mm, transportado através de tubulação e projetado sob pressão, a
elevada velocidade sobre uma superfície, sendo compactado simultaneamente”

O concreto projetado muitas vezes se utiliza de aditivos e reforços para aumentar sua resistência a
esforços cortantes. Dois exemplos são o concreto projetado reforçado com tela metálica e o
concreto projetado reforçado com fibras de aço (SFRS).

A compactação dinâmica do concreto projetado assim como sua composição e distribuição


granulométrica finais dependem intimamente do processo de projeção utilizado, os principais
processos são descritos a seguir:
 Via seca (dry mix) – A mistura seca de agregados e cimento é adicionada a bomba de projeção
e é conduzida por ar comprimido por meio de um mangote até o bico de projeção, onde é
adicionada água à mistura.
 Via semi-úmida – A mistura seca de agregados e cimento é adicionada a bomba de projeção e
é conduzida por ar comprimido por um mangote até o anel umidificador que adiciona água a
mistura antes do bico de projeção. É considerado um caso especial da via seca.
 Via úmida (wet mix) – A mistura completa de agregados, cimento e água é adicionada à
bomba de projeção, aonde é conduzida para até o bico de projeção por ar comprimido, cuja
pressão é regulada de acordo com a velocidade de projeção.

A Figura 2.19 e Figura 2.20 mostram a utilização de concreto projetado em escavações subterrâneas
e superficiais respectivamente.

26
Figura 2.19 – Concreto projetado em escavações subterrâneas

Figura 2.20 – Concreto projetado em escavações superficiais

As principais diferenças entre concreto projetado por via úmida e por via seca estão na Tabela 2.1.
27
Tabela 2.1 – Propriedades do concreto projetado
VIA SECA VIA ÚMIDA
EQUIPAMENTO
Investimento Alto Baixo
Nº de Equipamentos Maior Menor
Manutenção Simples Complexa
Operação Manual Preferencialmente robótica
Desgaste Maior Menor
Velocidade do Jato Maior Menor
MISTURA
Local Usina ou campo Usina
Homogeneidade Menor Maior
Desempenho em função da umidade
Varia Não varia
da areia
Processo em função do slump Não interfere Interfere
PRODUÇÃO
Manual - 2 à 20 m³/h
Produtividade Manual - Até 5m³/h
Mecanizada - Até 20 m³/h
Transporte - distância Maior Menor
REFLEXÃO
Parede Vertical - 15 a 40%
Índice Baixa - menor que 10%
Teto - 20 a 50 %
Bolsões de Material Refletivo Ocorre Não ocorre
Perda de Agregado - Variação do
Considerável Pouco
Traço
PROPRIEDADES
Resistência Alta Baixa - menor que 10%
Fator água cimento Baixo Alto
Homogeneidade Baixa Alta
Dependência da Mão de Obra Alta Baixa
Adesão Maior Menor
Compactação Maior Menor
Utilização Geral Túneis e Minas
ADITIVOS
Utilização Optativa Necessária
Betoneira - em Pó
Meio Líquidos, raramente em pó
Bico de Injeção - Líquido
POEIRA & NÉVOA
Alta - dificuldade do
Ocorrência Baixa à Média
trabalho
Ventilação Obrigatória Em caso de aditivo tóxico
Visibilidade Baixa Média

28
3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Neste capítulo serão apresentados os possíveis métodos de cálculo e análise de um poço de grande
diâmetro e de um túnel em estado plano de deformação. Assim como as considerações básicas de
projeto de cada estrutura aliadas as suas implicações no comportamento da estrutura em análise.

3.1. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO DE POÇOS

O projeto de um poço deve avaliar alguns condicionantes de projeto que definem critérios de
dimensionamento e execução. Tendo escolhido um método construtivo os principais condicionantes
são a posição do nível freático, a geologia local.

3.1.1. POSIÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO

No caso de execução do suporte primário por parede diafragma a posição do lençol freático em
relação à escavação definirá a necessidade da utilização de lama bentonítica para que não haja fluxo
d’água para o interior da escavação.

No caso de uma escavação pelo método NATM a posição do lençol freático definirá a necessidade
de sistemas de rebaixamento do lençol freático. O rebaixamento deve proporcionar um nível
freático abaixo da cota final de escavação do poço, de forma que todo o maciço escavado encontre-
se seco e o suporte primário possa ser dimensionado sem a avaliação das pressões hidráulicas.

3.1.2. GEOLOGIA LOCAL

A formação dos solos está ligada à sua matriz formadora, sua deposição e sobreposição,
movimentações de massas de solo, movimentações tectônicas, metamorfismo e intemperismo. Estes
fatores criam um perfil litológico dos diferentes tipos de solo que não é homogêneo, simétrico ou
regular. O complexo histórico de movimentações (tectônicas, adensamento por sobreposição de
camadas subjacentes e eventos extremos) e deposições (aluvionares-rios, coluvionares-gravidade)
forma um perfil geológico normalmente complexo e não uniforme.

Esta variabilidade interfere diretamente no dimensionamento da estrutura de suporte do poço, visto


que os esforços horizontais impostos pela massa de solo serão desuniformes e poderão causar o
aparecimento de esforços que não estavam previstos na concepção ideal de um poço circular que
trabalha sob um carregamento distribuído de forma a não gerar momentos fletores. Sendo assim, a
definição precisa da inclinação e espessura das camadas litológicas, assim como a determinação de
29
seu grau de intemperismo, deve ser representada da forma mais realista possível no modelo
utilizado para o dimensionamento da estrutura.

Um exemplo do efeito de um carregamento não uniforme pode ser exemplificado por uma situação
de deposição em mergulho de solo demonstrada na Figura 3.1.

Figura 3.1 – Exemplo de possível deposição geológica

Considerando duas seções distintas é visível na Figura 3.2 a diferença de carregamento na seção
transversal do poço.

Figura 3.2 – Seções transversais

Os parâmetros geomecânicos de resistência do solo escavado são de grande importância na


definição da sequência de avanços de escavação, no que se refere tanto à altura escavada a cada
etapa quanto à parcialização da escavação e tempo ideal de aplicação do suporte primário. A
parcialização é definida como o número de faixas em que um avanço de escavação será dividido. A
Figura 3.3 mostra um exemplo de parcializações com seis e doze faixas.

30
Figura 3.3 – Tipos de parcializações radiais

3.1.3. FASES DA OBRA

As fases da obra são construção e operação.

A fase de construção é definida pelo período de tempo em que a obra está sob condições
controladas de projeto e sob contínua mudança de forma e movimentação do maciço. Um aspecto
claro desta fase é a necessidade de controle do nível freático da escavação, pois dependendo da
permeabilidade do maciço escavado, a infiltração de água no sentido do poço inviabilizaria sua
construção, logo, é feito o rebaixamento do lençol freático por poços de bombeamento ao redor da
escavação, poços estes que podem ser utilizados como sondagens geológicas do maciço.

Os carregamentos desta fase de projeto também se distinguem claramente dos carregamentos de


operação, o maquinário permanente e móvel do canteiro, assim como o depósito de insumos da
construção na superfície do maciço geram esforços que devem ser avaliados considerando a
estrutura de suporte (maciço e/ou estrutura de suporte), sua resistência recém estabelecida, tanto
pela estabilização do maciço quanto pela cura da estrutura de suporte.

A fase de operação corresponde à maior parte da vida útil da estrutura e deve ser dimensionada para
tal, considerando que após a escavação do poço, nele será instalada uma estrutura para sua
funcionalidade, por exemplo, toda a estrutura de uma estação de metrô ou de um sistema de
ventilação. A estrutura como um todo apresentará uma rigidez muito superior à estrutura provisória
de suporte da fase de construção.

Nesta fase, portanto, não há mais um controle ativo do nível freático ao redor da estrutura, sendo
assim, o dimensionamento do revestimento definitivo do poço deve avaliar o empuxo de água em
sua superfície assim como o efeito do contato da estrutura com o fluído, que pode ou não causar
intemperismo à face do revestimento.
31
Neste ponto vale ressaltar que, pelo longo período de permanência desta fase da obra, alguns
eventos/fatores desconsiderados no dimensionamento da fase de construção, por seu alto tempo de
recorrência em relação ao tempo de permanência desta fase, deverão ser contabilizados na fase de
operação, entre eles a ocorrência de sismos, elevação do nível freático por chuvas intensas, cargas
acidentais advindas da operação não regular da obra subterrânea principal etc.

3.2. MÉTODOS DE CÁLCULO DE POÇOS

A seguir serão apresentados os principais tipos de métodos de cálculo utilizados para poços. Os
métodos são descritos em relação aos elementos estruturais que são avaliados no método. A
formulação matemática de cada método não cabe ao escopo deste projeto, entretanto a concepção
de cada tipo de análise foi descrita.

Vale ressaltar que no caso de estruturas subterrâneas, principalmente em baixa profundidade, o


problema pode apresentar configurações geométricas, de combinação de materiais e fases de
carregamento complexas. Sendo assim a utilização de fórmulas empíricas é limitada, pois sua
formulação normalmente faz uso de hipóteses simplificadoras e/ou condições de contorno de
situações menos complexas. Em face a este problema é necessária uma abordagem numérica que
pode discretizar o problema e avaliar a solução de forma interativa, resultando em um valor
condizente com a complexidade do problema.

3.2.1. AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DE SUPORTE

A análise da estrutura de suporte por meio da modelagem de uma casca prevê a análise
bidimensional de uma seção transversal perpendicular ao eixo de simetria do poço ou a análise
tridimensional do revestimento, com sua espessura construtiva e os carregamentos existentes.

A modelagem desta seção inclui dois tipos de carregamento, as tensões in situ do solo, advindas das
tensões horizontais existentes antes da escavação do poço e as tensões advindas da redistribuição de
tensões resultantes da escavação. Um esquema desta configuração está na Figura 3.4.

32
Figura 3.4 – Tensões in situ

Juntamente com este carregamento devem-se prever os carregamentos resultantes das deformações
do solo. Um modelo discreto de representação do carregamento correspondente de maciços de solo
sob estruturas, muito utilizado em análise de fundações, é o método de Winkler proposto por Emil
Winkler em 1867 para o estudo de fundações de estradas de ferro.

Neste modelo o solo pode ser representado por molas com resposta linear ou não linear. A proposta
original de molas com resposta linear estabelece um coeficiente k que relaciona as tensões exercidas
pelo solo com os deslocamentos nele estabelecidos. Esta relação pode ser estabelecida tanto em face
das deformações horizontais 𝑘ℎ quando das verticais 𝑘𝑣 , sendo assim as tensões serão expressas
por:

𝑃𝑣 = 𝑘𝑣 . 𝑤 (3.1)

𝑃ℎ = 𝑘ℎ . 𝑢 (3.2)

Já o modelo para resposta não linear das molas de Winkler se baseia em curvas que relacionam as
tensões com as correspondentes deformações.

Para a análise de poços, a corrente atual baseia-se no estudo Ring and Spring Model for Tunnel
Liner Design (Evison, 1988), que analisou modelos de apoio elástico e concluiu que sob a
convergência de um túnel de considerável profundidade, em um solo elástico sob um campo
uniforme de tensões que o valor 𝑘ℎ , expresso radialmente em relação ao centro do túnel é dado por:

33
1 𝐸
𝑘 = 1+𝜈 . 𝑅 (3.3)

Onde:
R Raio médio da estação
E Módulo de elasticidade do solo
ν Coeficiente de Poisson

Sendo assim, a estrutura completa de análise deve representar a estrutura de suporte, as tensões de
solo in situ e os dispositivos de modelagem da reação do solo à deformação. O esquema da estrutura
completa está na Figura 3.5.

Figura 3.5 – Carregamento juntamente com as molas de Winkler

Pode-se também modelar o carregamento do solo sob a estrutura de suporte por toda sua
profundidade, em análise 3D, com cada estrato de solo representado por um conjunto de molas,
cada qual com seus parâmetros geomecânicos correspondentes.

A resolução deste sistema consiste na solução do sistema de carregamento e rigidezes das molas,
chegando aos esforços sob a casca e por fim uma análise do estado de tensões impostos pelos
esforços comparados as tensões resistentes do elemento estrutural de suporte.

3.2.2. AVALIAÇÃO DO MACIÇO ESCAVADO

A análise de um poço baseado na modelagem do maciço é uma análise puramente geotécnica em


que são analisados os estados de tensão do solo durante e após a escavação, avaliando a

34
possibilidade de execução assim como o nível de deformações aceitáveis sem colapso e as tensões
que serão transmitidas a estrutura de suporte instalada.

Tendo-se confirmado a exequibilidade da estrutura e sua não-ruptura, são comparadas as tensões


impostas pelo maciço com as tensões resistentes previstas da estrutura de suporte.

Neste tipo de análise as avaliações do modelo constitutivo assim como do modelo de ruptura do
solo são de grande relevância para os resultados obtidos, principalmente em níveis de deformação e
zonas de plastificação do solo.

3.2.3. AVALIAÇÃO CONJUNTA – MACIÇO E ESTRUTURA DE SUPORTE

A análise integrada prevê a modelagem de todos os elementos da estrutura de um poço com suas
respectivas propriedades mecânica. Sendo assim esta análise demandaria a introdução de todos os
dados de elasticidade e resistência tanto do solo do maciço escavado como da estrutura de suporte
do poço, assim como a avaliação da interação entre estas duas estruturas.

Em relação à interação entre o maciço e a estrutura de suporte existem basicamente dois modelos de
comportamento, No-Slip e Full-Slip. O modelo No-Slip prevê que não ocorrem deslocamentos
relativos no sentido tangencial entre o solo e a estrutura de suporte, ou seja, a tensão de
cisalhamento mobilizada máximo não supera a tensão de cisalhamento resistente na interface. Já o
modelo Full-Slip avalia que a tensão de cisalhamento resistente na interface é considerada nula,
sendo assim, o movimento relativo no sentido tangencial entre o solo e a estrutura de suporte pode
ocorrer livremente.

Alguns autores descrevem o comportamento real desta interação como mais próximo ao modelo
No-Slip baseados na relação de que rugosidade da superfície exterior associada ao contato pleno do
solo com a estrutura acarreta em uma tensão de cisalhamento mobilizada que tende a ser
relativamente pequena, especialmente com o alívio de tensões e deslocamentos advindos do tempo
de instalação da estrutura de suporte.

35
3.3. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

3.3.1. INTRODUÇÃO

Com a possibilidade de previsão do comportamento dos materiais pela utilização de modelos físico-
matemáticos a engenharia moderna tem evoluído dos métodos empírico-observacionais para
avaliações matemáticas do comportamento das estruturas. Este tipo de avaliação permite a execução
de um projeto baseado em modelos de comportamento que são validados por análises
experimentais, isso implica em um menor tempo de execução de um projeto, assim como economia
na concepção de um projeto mais realista do comportamento da estrutura em face às solicitações.

O método dos elementos finitos baseia-se na divisão de uma geometria contínua em um conjunto
discretizado de elementos, chamados elementos finitos. Cada elemento possui um conjunto de
propriedades relacionadas ao fenômeno a ser modelado pelo método, e tal conjunto é único em um
elemento, ou seja, não se podem combinar dois materiais com propriedades distintas em um único
elemento.

Cada tipo de fenômeno é modelado por um conjunto de equações diferenciais parciais que deve ser
satisfeito para cada elemento finito. Após a montagem do sistema local para resolução das equações
é montada uma matriz global que agrupa os sistemas de equações das resoluções de cada elemento,
compatibilizando assim os resultados nos nós.

O método dos elementos finitos possibilita a resolução de qualquer sistema de equações diferenciais
parciais, dentre as possibilidades o sistema é utilizado principalmente para a resolução de problemas
mecânicos, termodinâmicos e hidráulicos. Caso a análise combine a influência de um ou mais
destes problemas em uma análise ela é dita acoplada, por exemplo, a avaliação mecânica do
comportamento do solo em face de fenômenos de fluxo hidráulico.

Um elemento finito é delimitado por seu nós, que são os pontos onde são solucionadas as equações
diferenciais parciais. Um exemplo de um elemento finito plano de quatro nós está na Figura 3.6.

Figura 3.6 – Elemento finito bidimensional de quatro nós


36
3.3.2. MALHA DE ELEMENTOS FINITOS

Como já citado, o processamento matemático no método dos elementos finitos concentra-se em


avaliações pontuais nos nós dos elementos que são compatibilizadas em relação à malha global de
elementos finitos. A avaliação de qualquer variável na região interna ao elemento, por exemplo, em
um ponto de coordenadas x,y, é realizada por interpolação ponderada dos valores dos parâmetros
obtidos nos nós, ou seja, uma média ponderada dos pesos de cada nó no valor resultante no ponto
x,y. Para avaliação de um parâmetro qualquer “u” em um elemento finito bidimensional de quatro
nós (Figura 3.7) têm-se:

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑢1 . 𝑁1 𝑥, 𝑦 + 𝑢2 . 𝑁2 𝑥, 𝑦 + 𝑢3 . 𝑁3 𝑥, 𝑦 + 𝑢4 . 𝑁4 𝑥, 𝑦 (3.4)

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑢𝑖 . 𝑁𝑖 𝑥, 𝑦 (3.5)
Onde:
𝑢 𝑥, 𝑦 : Parâmetro interno ao elemento, no ponto de coordenada x,y
𝑢𝑖 : Parâmetro no nó “i”
𝑁𝑖 (𝑥, 𝑦): Função de forma do nó “i” avaliada na coordenada x,y

Figura 3.7 – Elemento finito de quatro nós

A função N de cada nó, para cada ponto (x,y) interno ao elemento, é conhecida como função de
forma ou função interpoladora. Cada tipo de elemento possui uma função de forma que relaciona os
pesos de cada nó em função do número de nós do elemento. Funções de forma, por sua concepção,
possuem algumas propriedades básicas que devem ser seguidas.

No caso específico de análises tensão-deformação, é necessária à resolução do problema da


conversão de medidas de deslocamento em medidas de deformação. Isto é feito através da matriz
𝐵 pela expressão:

∆𝜀 = 𝐵 × ∆𝛿 (3.6)

37
Onde:
∆𝜀 Vetor de incremento de deformações do elemento
𝐵 Matriz deslocamento-deformação, que relaciona-se ao tipo do elemento finito utilizado
∆𝛿 Vetor de incremento de deslocamentos do elemento.

Um ponto importante na concepção de uma malha de elementos finitos é a compatibilização dos


nós. Todos os elementos adjacentes devem possuir seus nós congruentes nas arestas em comum.

Figura 3.8 – Compatibilização de malha

No exemplo da Figura 3.8, pode-se visualizar que no caso (a) ocorre, em uma aresta comum aos
elementos, um nó que não pertence a um elemento. Isto não pode ocorrer em uma malha de
elementos finitos, pois os cálculos realizados naquele nó não poderiam ser compatibilizados de
forma global, pois o elemento adjacente não possui este nó em uma delimitação. Os casos (b) e (c)
são duas possíveis adequações da malha.

Em relação às funções de forma que são aplicadas aos nós, as equações são somadas no caso de nós
pertencentes à mais de um elemento. Este ponto permite visualizar como elementos de diferentes
tipos são avaliados conjuntamente em relação à malha global. Neste trabalho esta avaliação é de
principal valia na combinação de elementos de volume, representando o maciço escavado, com
elementos de placa, representando o revestimento em concreto projetado.

3.3.3. CONDIÇÕES DE CONTORNO

As condições de contorno são divididas em dois grupos distintos, essenciais e naturais,


exemplificados na Figura 3.9.

Condição de contorno essencial Γ1 : Este tipo de condição foi descrita pelo matemático alemão
Johann Dirichlet e é aplicada a uma equação diferencial ordinária especificando os valores que a
solução deve ter no contorno do domínio. Em problemas mecânicos, condições de contorno

38
essenciais são deslocamentos. Mesmo que o problema seja auto-equilibrado os algoritmos de
elementos finitos necessitam de um ponto de referência do deslocamento da malha.

Condição de contorno natural Γ2 : Este tipo de condição foi descrita pelo matemático alemão Carl
Neumann e é aplicada a uma equação diferencial ordinária especificando os valores que a derivada
da solução deve ter no contorno do domínio. Em problemas mecânicos, condições de contorno
naturais são as forças e tensões.

Para a resolução do sistema, duas propriedades comuns aos dois tipos de condição de contorno
devem ser obedecidas.

Γ1 ∩ Γ2 = 0  Esta condição implica que não se deve sobrepor a imposição de forças e


deslocamentos a um mesmo nó, pois uma das condições já implica naturalmente na obtenção da
outra, não sendo necessária assim a resolução do sistema neste ponto.

Γ = Γ1 + Γ2  Esta condição implica que todos os nós do problema possuem um dos dois tipos de
condição de contorno, mesmo se esta condição assumir valor nulo. Nos algoritmos normalmente
utilizados caso não seja especificada condição de contorno a algum nó, a condição é assumida com
valor nulo.

Figura 3.9 – Tipos de condições de contorno

3.3.4. COMPOSIÇÃO E RESOLUÇÃO DO SISTEMA

Tendo definido todas as etapas do pré-processamento é possível avaliar o método de composição do


sistema a ser resolvido no processamento. Um princípio básico para a avaliação da resolução do
sistema é o teorema dos trabalhos virtuais, enunciado pela seguinte expressão “Se um corpo rígido
está em equilíbrio, o trabalho realizado pelas forças externas e pelas forças internas ao longo de
deslocamentos virtuais é nulo.” Isto se traduz pela expressão:
39
𝐹𝑒𝑥𝑡 . 𝛿 ∗ = 𝐹𝑖𝑛𝑡 . 𝛿 ∗ (3.7)

Esta equação (3.11) pode ser expandida na forma de:


∆𝛿 ∗ 𝑇
Δ𝐹 = ∆𝜀 ∗ 𝑇
∆𝜎 𝑑𝑉 (3.8)
Onde:
∆𝛿 ∗ Vetor de incremento deslocamentos virtuais
Δ𝐹 Vetor de incremento de forças externas
∆𝜀 ∗ Vetor de incremento de deformações virtuais
∆𝜎 Vetor de incremento de tensões

Como já foi avaliado os incrementos de deslocamento serão relacionados aos incrementos de


deformação pela Equação 3.6. O modelo utilizado para definição do comportamento mecânico do
material definirá a relação entre as tensões e deformações expressa pela expressão:

∆𝜎 = 𝐷 Δ𝜀 (3.9)
Onde:
∆𝜎 Vetor de incremento das tensões
𝐷 Matriz constitutiva
∆𝜀 Vetor de incremento de deformações

Com isso a Equação 3.8 pode ser escrita na forma da expressão:

∆𝛿 ∗ 𝑇
Δ𝐹 = ∆𝛿 ∗ 𝑇
𝐵 𝑇
𝐷 Δ𝜀 𝑑𝑉 (3.10)

Aplicando novamente a Equação 3.6 e retirando-se o termo dos deslocamentos virtuais da Equação
3.10 temos:

𝑇 𝑇
Δ𝐹 = 𝐵 𝐷 𝐵 ∆𝛿 𝑑𝑉 = 𝐵 𝐷 𝐵 𝑑𝑉 ∆𝛿 (3.11)

A Equação 3.11 pode ser resumida por:

Δ𝐹 = 𝐾 ∆𝛿 (3.12)

Esta equação matricial pode ser resolvida, obtendo-se os deslocamentos e a partir dele as tensões e
deformações pelas Equações 3.6 e 3.9 já citadas.
40
Na definição da malha de elementos finitos o tipo de elemento escolhido definirá as matrizes 𝑁 e
𝐵 . Pelas relações constitutivas dos fenômenos sob análise e os parâmetros definidos para os
materiais define-se a matriz 𝐷 .

O processamento do software deve gerar para cada elemento finito uma matriz [𝐾], conhecida
como matriz de rigidez, expressa por:

𝑇
𝐾 = 𝐵 𝐷 𝐵 𝑑𝑉 (3.13)

A matriz [𝐾] de cada elemento finito será composta em uma matriz [𝐾] global do sistema.

3.4. MODELOS CONSTITUTIVOS

3.4.1. INTRODUÇÃO

Os materiais geotécnicos, solos e rochas, possuem um comportamento mecânico dependente de


vários fatores, entre eles: origem pedológica, granulometria, condição de carregamento in situ,
presença de água, entre outros. A engenharia geotécnica deve ser capaz de prever o comportamento
destes materiais sob as situações de carregamento de sua utilização em obras de engenharia. Para tal
são criados modelos de comportamento dos materiais, que sob a égide mecânica, relacionam as
tensões impostas com as deformações no material.

3.4.2. MODELO LINEAR ELÁSTICO

Os primeiros modelos constitutivos previam um comportamento linear elástico para o solo, ou seja,
a razão entre os incrementos de tensão e os incrementos de deformação é constante tanto no
carregamento quando no descarregamento do solo, sem ocorrência de deformações permanentes.
Este modelo pode ser descrito pela lei de Hooke, proposta pelo físico inglês Robert Hooke em 1660,
que pode ser em sua forma matricial pode ser descrita pelas expressões:

Δ𝜎 = 𝐷 × ∆𝜀 (3.14)

41
(3.15)

Graficamente o modelo linear elástico é representado pela Figura 3.10.

Figura 3.10 – Modelo linear elástico

3.4.3. CONCEITO DE PLASTIFICAÇÃO

A evolução das observações do comportamento dos materiais introduziu o conceito de plastificação,


marcado pela ocorrência de deformações plásticas, ou seja, deformações irreversíveis, mesmo sob
processo de descarregamento. Este fenômeno normalmente ocorre como uma acentuada inflexão da
curva tensão-deformação, caso esta inflexão resulte em um patamar de plastificação o modelo é dito
de plastificação perfeita e implica que a partir de certo estado de tensão ocorrem incrementos de
deformação sem nenhum acréscimo das tensões. Isto pode ser avaliado como a máxima capacidade
de tensão do material, pois sua constituição não possibilita estados de tensão superiores ao dito
patamar de plastificação. A trajetória de tensões correspondente a esta descrição está na Figura
3.11.

42
Figura 3.11 – Conceito de plastificação

Este modelo prevê a ocorrência de deformações permanentes, ou seja, se a trajetória de


carregamento atingir o nível de tensão do patamar de plastificação o material continuará a deformar
sob um estado de tensões constante. Se em algum ponto o estado de tensões for alterado por uma
trajetória de descarregamento, a relação entre tensão e deformação seguirá paralela à relação de
carregamento, defasada de uma deformação que, mesmo tendo atingido o nível de tensões nulo,
permanecerá permanentemente no sólido.

Tendo atingido o estado de tensões onde se dá o processo de plastificação, a evolução das


deformações a partir deste ponto pode ser descrita por vários métodos. Todos estes métodos visam
limitar a possibilidade de ocorrência de deformações indefinidas nos sólidos, sem a imposição de
um limite físico para que haja a ocorrência de descontinuidade. Este limite físico é um critério de
ruptura que também é imposto por cada método de análise. Dentre os principais métodos estão:
Tresca, Von Mises, Mohr-Coulomb e Drucker-Prager.

Este trabalho será focado no critério de ruptura de Mohr-Coulomb que será atribuído aos materiais
geotécnicos atribuídos aos elementos das análises em elementos finitos.

3.4.4. MODELO LINEAR ELÁSTICO PERFEITAMENTE PLÁSTICO SOB O


CRITÉRIO DE RUPTURA DE MOHR-COULOMB

O modelo linear elástico perfeitamente plástico sob o critério de ruptura de Mohr-Coulomb é


correntemente chamado somente de Modelo de Mohr Coulomb. Seu desenvolvimento é atribuído a
combinação de critérios de ruptura propostos por Christian Mohr, engenheiro civil alemão, e
Charles Coulomb, físico francês.

Mohr descreveu que um sólido não atinge ruptura enquanto seu estado de tensões estiver no interior
de uma envoltória determinada experimentalmente no plano de tensão cisalhante por tensão
43
confinante. Coulomb propôs que a máxima tensão de cisalhamento de um material, avaliada em
termos de 𝑐 e 𝜙 que são parâmetros do material, é dada por:

𝜏 = 𝑐 + 𝜎. tan⁡𝜙 (3.16)

O critério de Mohr-Coulomb combina as duas propostas de forma que os resultados experimentais


que definem a envoltória proposta por Mohr são alinhados segundo o critério de ruptura proposto
por Coulomb. A representação deste critério é exposta na Figura 3.12.

Figura 3.12 – Envoltória de Mohr-Coulomb

A avaliação do critério de ruptura de vários estados distintos de tensão pode ser feito por um gráfico
tridimensional com os eixos correspondentes às tensões principais (𝜎1 , 𝜎2 , 𝜎3 ). Neste espaço a
envoltória de Mohr-Coulomb é representada por um tronco de uma pirâmide hexagonal, como na
Figura 3.13. O eixo desta superfície é coincidente com a diagonal espacial onde 𝜎1 = 𝜎2 = 𝜎3 .

Figura 3.13 – Critério de mohr-coulomb em 3 dimensões

44
3.5. SOFTWARE CESAR-LCPC

3.5.1. INTRODUÇÃO

O software CESAR-LCPC vêm sendo desenvolvido a mais de 20 anos pelo Laboratório Central de
Pontes e Estradas da França (Laboratoire Central des Ponts et Chaussées – LCPC) onde foi
concebido, desenvolvido e validado em praticamente todos os aspectos computacionais de
estruturas de engenharia civil.

O software é um pacote de elementos finitos em 2D e 3D dedicado à solução de problemas em


engenharia civil, dentre suas principais vantagens estão um poderoso algoritmo de criação de
malhas, uma grande variedade de leis constitutivas e uma extensa biblioteca de elementos.

Em engenharia geotécnica as principais aplicações e soluções são:


 Projeto de estruturas subterrâneas, túneis, minas, escavações profundas e soluções de
armazenamento.
 Projeto de fundações superficiais e profundas com análises de recalque e ruptura e com a
vantagem de possibilitar a análise da interação solo-estrutura.
 Projeto de estruturas de pavimentos e aterros.
 Análise de estabilidade de taludes, aterros e cortes, taludes reforçados e estruturas de
contenção.
 Análise de percolação, rebaixamento de nível freático e adensamento.

3.5.2. DEFINIÇÃO GEOMÉTRICA E DISCRETIZAÇÃO DA MALHA

A definição da geometria do problema no software se inicia pela inserção de pontos por suas
coordenadas em relação a um referencial triaxial X,Y,Z. A janela de inserção de pontos está na
Figura 3.14.

Figura 3.14 – Janela de inserção de pontos

45
Com referência a estes pontos podem ser criados segmentos de retas, círculos e elipses, que serão as
arestas das regiões volumétricas do problema. Com a combinação destes elementos deve-se realizar
a construção geométrica de sólidos tridimensionais como no exemplo da Figura 3.15.

Figura 3.15 – Arestas dos elementos

Tendo definido as arestas de referência para o problema o software é redirecionado à outra seção
onde são definidas regiões limitadas pelas arestas, estas regiões pode ser superficiais ou
volumétricas. As regiões superficiais são criadas pela seleção das arestas coplanares que compõe a
região. As regiões volumétricas possuem três opções de geometria, podem ser regiões tetraédricas,
pentaédricas ou hexaédricas, compostas respectivamente de seis, nove e doze arestas. Na Figura
3.16 está exposta uma região volumétrica hexaédrica criada com doze arestas, onde ressalta-se que
é possível a criação de regiões volumétricas com base em arestas curvas, criadas com base em
círculos.

Figura 3.16 – Região volumétrica

Criadas as regiões volumétricas e superficiais o software é redirecionado à outra seção, onde se


inicia a definição do nível de discretização da malha pela definição do número de nós em cada
aresta do modelo. Este nível, descrito como densidade pelo software, pode ter distribuição
constante, baseada no número de nós ou na dimensão das arestas, ou variável pelo comprimento da
aresta sob definição.

46
A definição pelo número de nós é selecionada pelo ícone da Figura 3.17a e prevê a determinação
entre 1 e 20 nós por aresta, de forma que o número de pontos escolhidos serão igualmente
espaçados pela aresta. A definição variável pelo comprimento, selecionada pelo ícone da Figura
3.17b, pode ser definida pela combinação de dois entre quatro parâmetros da divisão, entre eles:
comprimento inicial, comprimento final, número de divisões e razão da progressão geométrica. A
definição na dimensão da aresta entre nós, selecionada pelo ícone da Figura 3.17c, é realizada pela
simples definição do tamanho em metros do trecho.

Figura 3.17 – Opções de densidade de malha

3.5.3. CRIAÇÃO DA MALHA, TIPOS DE ELEMENTOS E FUNCIONALIDADES

Tendo definido a densidade de nós de elementos finitos para todas as arestas das regiões
volumétricas e superficiais pode-se iniciar o processo de criação da malha de elementos finitos.

As regiões volumétricas têm sua malha criada por uma ferramenta específica que cria a malha
baseada na densidade já definida das arestas e no tipo de interpolação escolhida. O software permite
a criação de elementos finitos com interpolação linear ou quadrática. Estes tipos de interpolação
interferem nas já citadas funções de forma do elemento, as dimensões dos elementos criados não
são afetadas por esta opção. É importante ressaltar que a malha só é criada em regiões volumétricas
que tenham sido criadas e suas densidades de nós por aresta tenham sido definidas nas fases de
inserção de dados já citadas.

As regiões superficiais têm sua malha criada por outra ferramenta que também se baseia nas
definições de densidades das arestas já realizadas e na escolha de três opções: tipo de interpolação
do elemento, o tipo do elemento e a função de criação de malha. O tipo de interpolação, como já foi
comentado, não altera a geometria e dimensões do elemento e sim as funções de forma para
interpolação de valores internos a partir de valores calculados nos nós. Já o tipo de elemento e a
função de malha alteram a geometria e dimensões dos elementos da malha criada.

Entre os tipos de elemento o software permite a opção de elementos quadrangulares, triangulares ou


a tipo que o software julgar melhor, tendo o usuário determinado a opção “no preference”. Vale
ressaltar que em casos onde não seja possível a criação de malhas com elemento quadrangulares,
47
mesmo que o usuário escolha esta opção, o software criará a malha com elementos triangulares. A
Figura 3.18 ilustra a diferença entre duas malhas com os dois tipos de elementos.

Figura 3.18 – Diferenças entre os tipos de elementos

As funções de criação de malha são do tipo linear, quadrática ou cúbica. Para cada ponto “P” a uma
distância “d” de um segmento de aresta de comprimento “λ” definido entre dois pontos de
densidade, o algoritmo de criação de malha definirá o tamanho do elemento finito (ρ) ao redor deste
ponto por uma função do tipo:

1
𝜌 𝑃 = 𝑓 𝜆, 𝑑 𝑁 (3.17)

Onde o expoente “N” é o índice definido pelo tipo de função escolhido, sendo N=1 para o tipo
linear, N=2 para o tipo quadrático e N=3 para o tipo cúbico. Na prática observa-se que a malha
resultante de uma interpolação com N=3 possui elementos menores, ou seja, uma malha mais
discretizada, ao redor de pequenas arestas. Na Figura 3.19 estão três malhas criadas com as funções
linear, quadrática e cúbica.

Figura 3.19 – Malhas por diferentes funções de interpolação

Tendo definido a malha de uma região superficial é possível transformá-la em uma região
volumétrica por extrusão e rotação desta superfície. Isso é possível pela utilização da ferramenta
“Extrude” que define sequências de operações de translação, rotação ou uma combinação das duas

48
operações, como mostrado na Figura 3.20. A operação de translação é definida por distâncias ao
longo do referencial triaxial XYZ pelas quais o elemento superficial será transladado. A operação
de rotação define um eixo de rotação por coordenadas XYZ de dois pontos e o ângulo de rotação
que o elemento superficial será rotacionado em torno deste eixo.

Figura 3.20 – Janela de operações de translação e rotação

Tendo definido as operação deve-se definir o número de elementos que serão gerados ao longo da
ligação entre a superfície original e a superfície na nova posição após translação e/ou rotação.

Figura 3.21 – Malha por método de extrusão

No caso da Figura 3.21 a superfície foi transformada em um sólido por extrusão da face pelo eixo X
criando cinco e dez elementos na ligação entre as faces.

3.5.4. MODELAGEM POR FASES

Até o momento o problema foi completamente definido em termos de geometria e malha de


elementos finitos. Desta fase em diante o software se baseia em fases de análise e perfis de
parâmetros geomecânicos, condições de contorno e carregamentos para cada fase.

A definição de fases está associada à definição do módulo de cálculo do software, como já citado
este software possui módulos para avaliação de diferentes fenômenos. No caso deste projeto será
utilizado o módulo de domínio estático denominado “MCNL” que é descrito por solucionar

49
problemas mecânicos com comportamento não linear. Outra seleção que deve ser feita é o tipo de
inicialização da etapa, que no caso é considerada uma análise por fases. As janelas de definição
destas opções no software estão na Figura 3.22.

Figura 3.22 – Janela de tipos de fases

Tendo definido o tipo de análise que será realizada é possível a ativação e desativação de
elementos. Esta função é utilizada em caso de construção e/ou escavação de aterros. Se um
elemento é desativado ele não possui propriedades ativas, logo não terá seus nós incluídos na
análise de compatibilidade global da malha. A ativação e desativação de elementos é selecionada
pelas Figura 3.23a e 3.23b respectivamente.

Figura 3.23 – Opções de ativação e desativação de elementos

Outra definição de uma análise por fases, que deve ser realizada somente na primeira etapa, é a
imposição das tensões iniciais no modelo. O software prevê tanto a possibilidade de tensões iniciais
nulas, pela opção “Zero stresses”, quanto a possibilidade de imposição de um campo de tensões
geostáticas. As tensões geostáticas são previstas para casos de camadas horizontais onde as tensões
verticais são avaliadas pelo peso próprio do material sobrejacente e as tensões horizontais pelos
coeficientes de empuxo em repouso nas direções do plano horizontal. A Figura 3.24 expõe a janela
de inserção de dados para cálculo das tensões geostáticas no software.

50
Figura 3.24 – Janela de tensões geostáticas

3.5.5. PARÂMETROS GEOMECÂNICOS

Definidos os elementos que estão inativo/ativos na análise, procede-se para a definição dos
parâmetros dos elementos ativos. São diversos os modelos constitutivos que podem ser definidos
para cada tipo de elemento. Serão descritos somente os modelos que serão utilizados neste projeto.

 Elementos Volumétricos – Maciço Geotécnico


Em relação aos elementos volumétricos só devem ser definidos o modelo constitutivo do material
do elemento e os parâmetros correspondentes a cada modelo. A Figura 3.25 expõe a janela de
seleção dos elementos volumétricos e os tipos de propriedades para inserção de dados.

Figura 3.25 – Janela das opções de elementos volumétricos

No caso deste projeto o modelo constitutivo utilizado é nomeado “Mohr Coulomb without
hardening”, o termo de não endurecimento está associado à já definido conceito de plastificação
perfeita. A Figura 3.26 expõe o quadro de inserção dos parâmetros para o modelo constitutivo
“Mohr Coulomb without hardening” no software. A seguir são descritos os seis parâmetros
geotécnicos do modelo escolhido.

51
Figura 3.26 – Janela de modelos constitutivos de elementos volumétricos

𝜌 – Densidade (kg/m³)  Razão entre a massa e o volume do solo em seu estado natural.
𝐸 – Módulo de Elasticidade (kN/m² - kPa)  Razão entre a tensão e a deformação do trecho linear
das trajetórias e carregamento e descarregamento.
𝜐 – Coeficiente de Poisson (adimensional)  Razão entre a deformação na direção perpendicular à
direção de aplicação de uma carga e a deformação sob a direção de aplicação da carga.
𝑐 – Coesão (kN/m² - kPa)  Parâmetro constante da envoltória de Mohr-Coulomb e que representa
a adesão das partículas de solo, definido como a tensão cisalhante de ruptura do material sob tensão
confinante nula.
𝜙 – Ângulo de Atrito (graus)  Parâmetro cuja tangente é a inclinação da envoltória de Mohr-
Coulomb e que representa o atrito interno entre as partículas de solo. Em materiais puramente
arenosos este ângulo pode ser visualizado como o ângulo de estabilidade de um talude de material
depositado.
𝜓 – Ângulo de Dilatância (graus)  Parâmetro que representa o fenômeno da dilatância. Este
fenômeno se dá pelo rearranjo, sob cisalhamento, das partículas de solo e consequente variação do
volume ocupado por este material. No caso de um solo em estado solto, o cisalhamento provoca o
encaixe das partículas, que reduz o volume ocupado pelo solo. No caso de um solo em estado
denso, o cisalhamento provoca uma sobreposição de partículas que se encontravam em encaixe, o
que aumenta o volume ocupado pelo solo.

 Elementos de Casca – Concreto Projetado


Em relação aos elementos de casca devem ser definidos dois conjuntos de parâmetros, geométricos
e mecânicos, sendo os mecânicos correspondentes ao modelo constitutivo do material e os
parâmetros correspondentes a cada modelo. A Figura 3.27 expõe a janela de seleção dos elementos
de casca e os tipos de propriedades para inserção de dados.

52
Figura 3.27 – Janela das opções de elementos superficiais

O único parâmetro geométrico de um elemento de casca é a definição de sua espessura, que deve
ser inserida na unidade metros. A janela na qual se insere esta propriedade está na Figura 3.28.

Figura 3.28 – Janela de propriedades geométricas de elementos superficiais

Em relação ao modelo constitutivo o software CESAR-LCPC só prevê a atribuição do modelo


linear elástico isotrópico. A Figura 3.29 expõe o quadro de inserção dos parâmetros para o modelo
constitutivo “Linear isotropic elasticity” no software. Os parâmetros geotécnicos do modelo: 𝜌, 𝐸 e
𝜐 sãos os mesmos descritos para os elementos volumétricos.

Figura 3.29 – Janela de modelos constitutivos de elementos superficiais

3.5.6. CONDIÇÕES DE CONTORNO E CARREGAMENTOS

Como já foi descrito no capítulo de elementos finitos as condições de contorno de um elemento


mecânico essenciais à resolução de uma modelagem são as restrições ao deslocamento. O software
permite impor as restrições sob o conjunto triaxial de eixos XYZ.

As condições de contorno naturais de um problema mecânico os carregamentos. Em uma


modelagem de escavação os principais carregamentos são as forças de escavação. A Figura 3.30
expõe o ícone para ativação deste tipo de carregamento
53
Figura 3.30 – Opção de forças de escavação

O procedimento aplicado neste projeto para a modelagem das escavações prevê a desativação dos
elementos que representam o solo escavado. Com a desativação, o sistema fica desequilibrado, visto
que as forças de reação destes elementos não estão mais presentes. Como demonstrado na Figura
3.31, as forças de reação dos elementos escavados devem ser aplicadas à face de escavação para
equilíbrio do problema.

Figura 3.31 – Forças de reação de elementos escavados

Para simular o efeito da escavação deve-se anular a aplicação destas forças. Contudo é interessante
que esta anulação se dê em fases, tanto para que se simule o avanço da escavação quanto para que
seja possível determinar o nível de carregamento que o maciço deve absorver e o restante que será
absorvido com a ativação do elemento de casca que representa o suporte primário. O percentual
desta carga que é retirado em cada fase é estimado pelo parâmetro 𝜆, que é definido entre 0 e 1 e
representa a fração da carga aplicada em cada fase. A Figura 3.32 expõe o quadro para inserção
deste parâmetro no software.

Figura 3.32 – Janela de inserção do parâmetro λ

Deve-se avaliar que o somatório dos parâmetros 𝜆 aplicados em todas as fases de uma determinada
escavação deve ser igual à unidade, anulando totalmente a carga que representa os elementos antes
de sua desativação.

54
O efeito do peso próprio do material não é descrito como uma condição de contorno. Sendo assim,
este carregamento é aplicado no software pela atribuição de uma força gravitacional à massa dos
elementos, calculada pela densidade especificada e o volume de cada elemento. Caso algum
elemento seja ativado, ele naturalmente apresenta rigidez, entretanto, para que seu peso próprio seja
ativado, deve-se aplicar uma força gravitacional a seus elementos. A Figura 3.33 expõe o ícone de
ativação destas forças.

Figura 3.33 – Opção de forças de gravidade

3.5.7. AJUSTES DE CÁLCULO

O último passo para que se proceda ao cálculo do problema é o ajuste dos parâmetros de cálculo do
software. Na janela exposta na Figura 3.34 é possível visualizar-se os principais pontos de ajuste,
como o número de incrementos, o número de interações por incremento e a tolerância de
convergência dos resultados. Uma opção que será utilizada neste processo é a “Displacement
Initialisation” que após todos os cálculos de uma fase, anula dos deslocamentos desta fase para o
início da próxima fase. Esta opção é de grande valia entre as fases de imposição das tensões in situ
por forças de corpo e o início da escavação.

Figura 3.34 – Janela de ajustes de cálculo

3.5.8. PÓS-PROCESSAMENTO – VISUALIZAÇÃO DE RESULTADOS

Tendo sido realizados os cálculos do problema, é possível a visualização dos resultados por quatro
tipos de visualização. Dentre estes quatro tipos temos três exibições pela malha como um todo e
uma visualização em forma de gráfico bidimensional da distribuição de parâmetros em relação a um
conjunto de nós da malha.

55
A exibição dos resultados pela malha pode ser realizada por três tipos de visualização. O gráfico
escalar plota tridimensionalmente na malha isolinhas de algum parâmetro escolhido. A Figura 3.35
exibe alguns destes possíveis parâmetros.

Figura 3.35 – Opções de visualização de resultados

Os gráficos do tipo vetorial e tensorial plotam índices em cada um dos nós da malha tridimensional.
O vetorial exibe os vetores de deformação tridimensional e o tensorial exibe uma cruzeta que exibe
a razão entre as tensões principais maior e menor.

A exibição por forma de gráfico permite a seleção de pontos aleatórios, ou alinhados sobre uma
reta, e a formação de um gráfico de um parâmetro escolhido em função do posicionamento destes
pontos.

56
4. METODOLOGIA
Este capítulo descreve os procedimentos adotados para a construção da análise do problema
proposto assim como os procedimentos de análise adotados para os resultados obtidos pelas
simulações numéricas.

4.1. PARÂMETROS E CONSTRUÇÃO DO MODELO

Como primeiro passo para a simulação numérica deve-se determinar a geometria do problema e
seus parâmetros de análise, ou seja, o input do problema. Ressalta-se que todos os dados de entrada
foram determinados para este estudo sem nenhuma relação com estruturas reais de poços de grande
diâmetro.

4.1.1. GEOMETRIA BASE

A geometria da seção escavada prevê um poço de seção circular, diâmetro de 20 m e profundidade


de 40 m. Os modelos de análise geral que serão simulados englobam dois grandes arranjos
geométricos correspondentes à litologia em simulação.

A primeira seção possui camadas horizontalizadas de 6, 10 e 14 m que se localizam perpendiculares


à seção geratriz do poço. A segunda seção prevê camadas inclinadas de aproximadamente 26,56º,
este ângulo foi encolhido por possuir a função tangente no valor de 0,5, o que implica que pela
largura de 20 m do poço. Assim, a diferença de altura seria de 10 m, o que facilita a determinação
dos pontos e a criação dos blocos geométricos. Os perfis litológicos de escavação estão na Figura
4.1.

Figura 4.1 – Geometria base (unidades em metros)

57
4.1.2. MODELO GEOMECÂNICO

Para a análise mecânica do problema foram assumidos parâmetros geomecânicos para cada litologia
já apresentada na descrição geométrica do problema assim como para a camada de concreto
projetado a ser aplicada na face de escavação. Os parâmetros estão dispostos na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Parâmetros geomecânicos


Material Aterro Solo Residual Saprólito Rocha Concreto Projetado
Modelo Mohr Coulomb Linear Elástico
ρ (kg/m³) 1.700 1.900 2.000 2.400 2.500
E (MPa) 15 100 500 2.500 10.000
ν 0,3 0,3 0,3 0,25 0,2
c (kPa) 5 14 40 250
-
φ (graus) 28 28 33 35

O software CESAR-LCPC só possui o modelo constitutivo linear elástico para elementos de placa,
sendo assim esta era a única opção para modelagem da camada de concreto projetado. Esta
limitação implica em que a camada de concreto projetado não sofrerá plastificação e têm a
capacidade de absorção infinita de tensões, com a ocorrência de deformações correspondentes.

Os demais parâmetros adotados são valores correntes para os níveis de intemperização da rocha
matriz disposta a partir de 30 m de profundidade. Este perfil litológico foi escolhido por representar
a diversidade de materiais que a escavação de um poço deve permear, principalmente em grandes
centros urbanos. Diferentemente de túneis, que por vezes são escavados quase que totalmente em
rocha sã.

4.1.3. MODELOS POR EXTRUSÃO

Os modelos gerados por extrusão possibilitam uma construção mais simples de blocos paralelos.
Em termos práticos este tipo de geração é utilizado quando as litologias são horizontalizadas. A
partir de um plano com certa malha superficial são criados elementos volumétricos por extrusão, a
partir das facetas dos elementos superficiais. Como já dito a malha de elementos finitos deve ser
determinada já na superfície a ser extrudada.

Com o intuito de otimizar o número de nós e consequentemente o tempo de processamento foi


utilizada uma ferramenta de densidade variável de nós ao longo das arestas, com isso tem-se uma

58
maior densidade de nós próximo à escavação e isso vai decrescendo a medida em que a malha se
afasta da escavação como pode ser visualizado na Figura 4.2.

Figura 4.2 – Densidade variável de nós

A discretização da malha no sentido de extrusão será determinada pelo número de trechos de cada
avanço, ou seja, quando da criação de um macrobloco com determinada espessura, em quantas
partes deve ser segmentada esta espessura. Como o modelo gerado previa avanços mínimos de 2 m
determinou-se que os trechos de segmentação de cada macrobloco deveriam também possuir 2 m.

Tendo atingido a cota do fundo da futura escavação a discretização da malha foi menor, com um
bloco de 10 m em dois trechos, o que gerou elementos finitos com 5 m de espessura, e em seguida
um bloco de 50 m em cinco trechos, totalizando assim os 100 m de profundidade da malha de
elementos finitos. As fases de geração e a malha completa podem ser visualizadas na Figura 4.3.

59
Figura 4.3 – Modelo gerado por extrusão

4.1.4. MODELOS POR MACRO-BLOCOS

Os modelos gerados por macro-blocos permitem a modelagem de seções geométricas mais


complexas, não necessariamente horizontalizadas, como no caso dos modelos gerados por extrusão.
Entretanto a criação destes macro-blocos é consideravelmente mais complexa, pois envolve a
determinação de todas as arestas de cada um dos blocos.

O software CESAR-LCPC permite a criação de macro-blocos com 6, 9 e 12 arestas somente. Isto


implica que um grupo de elementos com oito arestas deve ser subdividido em sólidos tais que suas
arestas se encontrem exatamente entre 6, 9 ou 12. Como exemplo têm-se o macrobloco de uma
seção escavada do poço com uma divisão litológica inclinada, exposto na Figura 4.4. Observa-se
que cada trecho (superior e inferior) possui cinco arestas, sendo assim procede-se a divisão pelo
trecho central o que implica que o ponto onde o segmento central intercepta a divisão litológica seja
também dividido horizontalmente.

Esta divisão ainda não é viável pois o trecho superior da direta da litologia superior ainda possui
sete nós, sendo assim deve-se dividir o retângulo da seção central de corte e espelhar toda esta
divisão para o resto da geometria.

60
Figura 4.4 – Detalhe das arestas do modelo

A único arranjo geométrico viável encontrado é o apresentado à direita da Figura 4.4. Um quarto
deste arranjo é apresentado na Figura 4.5 para que se entendam os sólidos que foram criados nesta
discretização dos sólidos

Figura 4.5 – Geometria final da discretização

Tendo passado por estas dificuldades de criação dos macroblocos foi determinada a geometria das
seções de litologia inclinada. Como esta seção não é perfeitamente simétrica, não é possível a
simulação de ¼ da seção como no modelo de litologias horizontais, sendo assim foi necessária a
construção de ½ seção, valendo-se de uma seção de simetria.

Sendo assim o modelo deve ser maior, o que acarretaria em um maior número de elementos e
implicaria em tempos ainda maiores de processamento, sendo assim, a malha de elementos finitos
teve que ser ainda mais otimizada para manter o número de nós por volta de 30 mil. Como a
litologia inclinada permeia por cerca de 200 m do centro do poço, foi criada uma malha com 500 m
de comprimento, 100 m de largura e 100 m de altura, sendo estas duas menores dimensões iguais ao
modelo com litologias horizontais. A disposição das arestas do modelo assim como uma
organização geral dos macroblocos está na Figura 4.6.

61
Figura 4.6 – Arestas e volumes de modelos do tipo macroblocos

Deve-se ressaltar a facilidade gerada pela possibilidade de determinação de cores para os


macroblocos, pois dentre as ferramentas de seleção também é possível a seleção dos elementos por
cores, o que facilita a visualização e separação dos blocos em casos como o mostrado, onde
visualmente ocorre a sobreposição dos elementos.

O método de definição da densidade de nós em cada aresta mais utilizado foi o de densidade
constante, as arestas que definiam a profundidade de escavação do poço foram discretizadas e
trechos de 2 m. As demais foram avaliadas de forma que produzissem um mínimo de elementos
sem criar uma malha grosseira. O resultado final da malha de elementos finitos está na Figura 4.7 e
na Figura 4.8.

Figura 4.7 – Modelo gerado por macroblocos

62
Figura 4.8 – Detalhe da malha de elementos escavados

4.2. MODELOS DE ANÁLISE GERAL

Os modelos de análise geral, como foram chamados, foram avaliados com o intuito de traçar
diretrizes básicas do comportamento da escavação de poços. Sendo assim foram avaliadas dois
conjuntos de modelos, com objetivos distintos.

O primeiro conjunto de modelos pretende avaliar a influência geral da parcialização da escavação,


sendo avaliada pela combinação de dois tipos de parcialização:
a. Parcialização radial, que prevê o número de trechos angulares que um avanço vertical será
dividido.
b. Parcialização vertical, que prevê a profundidade de cada avanço vertical.

O segundo conjunto de modelos pretende avaliar o efeito de uma hipótese simplificadora muito
adotada, a horizontalização das litologias locais. Tendo avaliado o efeito das parcializações verticais
na escavação de um poço, este conjunto de modelos fixa esta variável, em avanços de cerca de 5 m.
Com isso, a avaliação da inclinação das litologia foi avaliada por dois pares de modelos, um com
litologia inclinada e um com litologia horizontalizada, sendo que ambos possuem os mesmos
avanços verticais. Cada um dos pares possui um modelo com parcialização radial de 360º (avanço
pleno) e um modelo com parcialização radial de 180º (avanço em 2 trechos). Esta última variação
de parcialização foi mantida, pois pode-se verificar a possível escolha do primeiro trecho de
parcialização em relação ao material que este trecho irá escavar em face ao material que o segundo
trecho irá escavar.

63
4.2.1. PARCIALIZAÇÃO DA ESCAVAÇÃO

Como já citado o primeiro conjunto de modelos pretende avaliar a influência da parcialização das
seções de escavação por variação dos avanços verticais e da parcialização radial destes avanços.
Para tal foram avaliados seis modelos, combinando três tipos de avanço vertical (2, 4 e 8 m) e dois
tipos de parcialização radial (360° e 180°). Vale ressaltar que todos estes modelos foram criados por
extrusão e se valem de duas seções de simetria, pois suas litologias são horizontalizadas, sendo
assim só foi simulado ¼ da seção real do poço. A ilustração destes modelos de análise está na
Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Tipos de seções analisadas


Avanços (m)
Parcialização Radial
2 4 8

360º

180°

4.2.2. INCLINAÇÃO DA LITOLOGIA

O segundo conjunto de modelos pretende avaliar a influência da inclinação das litologias. Para tal
foram avaliados quatro modelos, dois com litologia inclinada e variação das parcializações radiais e
dois com litologia horizontal e variação das parcializações radiais. A ilustração dos modelos de
litologia inclinada avaliados está na Tabela 4.3.

64
Tabela 4.3 – Tipos de seções avaliadas

Parcialização Radial Avanços (m)

360º

180°

4.3. MODELOS DE ANÁLISE ESPECÍFICA

Os modelos de análise específica, como foram chamados, foram projetados para a avaliação de
alguns resultados obtidos durante as análises dos modelos de análise geral. Foi detectada a alta
influência do primeiro avanço vertical nos recalques superficiais totais da escavação, sendo assim
foi avaliada a relação entre o enrijecimento da seção de escavação inicial e os recalques totais.

Tal análise foi feita com base no modelo de avanços verticais de 4 m e seção de escavação plena
(360º), no primeiro modelo dito Solução Regular, 4 m de solo foram escavados com aplicação do
concreto projetado em sequência, seguidos de mais dois avanços de 4 m sob este mesmo
procedimento, totalizando 12 m de escavação.

O modelo dito Solução Avaliada ativa a camada de concreto dos primeiros 4 m da escavação antes
da aplicação das forças de escavação, o que representaria não um concreto projetado mais algum
tipo de concreto moldado in loco ou enrijecimento da seção de escavação. Após esta ativação são
65
aplicadas as forças de escavação e segue-se por mais dois avanços de 4 m sob o procedimento
padrão da solução regular, totalizando os 12 m de escavação modelados. Um esquema destas duas
soluções está na Tabela 4.4

Tabela 4.4 – Seção de investigação

Solução Regular

1. Escavação
2. Aplicação do
Concreto
Projetado

Solução Avaliada

1. Concreto
moldado antes
da escavação
2. Escavação.

4.4. PROCESSAMENTO

Até hoje simulações tridimensionais têm seu uso limitado pelo elevado tempo de processamento de
seus modelos. O elevado número de nós e o grau das equações de compatibilidade cria matrizes de
resolução um tanto complexas o que demanda um tempo significativo de processamento.

Em média neste projeto foram construídos modelos contendo cerca de 30 mil nós, o que gerava um
tempo de processamento médio geral de uma hora por fase de simulação. O tempo de simulação de
uma fase em si não se apresenta como um considerável complicador, entretanto, simulações
numéricas tridimensionais são muito utilizadas justamente por serem capazes de avaliar o efeito de
uma determinada força pontual ou linear em um corpo tridimensional e avaliar a evolução deste
efeito.
66
Isto pode ser facilmente entendido na modelagem da escavação de um túnel, onde pode-se avaliar
efeitos da frente de escavação após sua passagem e antes de sua chegada. Isso faz com que o
problema modelado normalmente possua várias fases de cálculo com uma sequência de incrementos
de carga e/ou de escavação/desativação de elementos. Neste projeto as simulações mais
simplificadas possuíram cerca de vinte fases, e chegaram até ao máximo de 82 fases de cálculo o
que implicou em cerca de quatro dias de simulação.

Os tempos de simulação supracitados são diretamente dependentes da capacidade de processamento


do computador aonde as simulações são executadas, os tempos citados são relacionados a um
computador com configuração expressa na Figura 4.9.

Figura 4.9 – Configuração do notebook

Vale ressaltar que a versão do software CESAR-LCPC utilizada não possui código de paralelização
do processamento, ou seja, a tendência atual de computadores para uso pessoal de múltiplos núcleos
e clock de processamento não tão alta quanto computadores de cinco anos atrás não implica em um
processamento mais ágil com este software, pois seus códigos serão processados em somente um
dos múltiplos núcleos sob o limite de velocidade deste único núcleo em questão.
Os tempos de processamento dos modelos estão dispostos na Figura 4.5.

Tabela 4.5 – Tempos de processamento


Avanços Verticais Nº de Nº de
LITOLOGIA Parcialização Radial Tempo (horas)
(m) Nós Fases
360º 12 9
8
180º 22 20
360º 22 20
4
180º 42 30
HORIZONTAL 30.432
360º 42 30
2
180º 82 43
360º 18 17
180º 34 26
5
360º 18 17
INCLINADA 23.919
180º 34 26

67
4.5. DIFICULDADES, ERROS E CONSIDERAÇÕES

4.5.1. NÓS DESCONEXOS

Por vezes uma falha do software cria problemas na criação da malha de elementos finitos. Este
problema ocorre desde a criação das arestas no primeiro estágio de inserção de dados no programa,
entretanto, só é detectada quando da criação da malha de elementos. A falha reside na criação das
arestas por determinação da conexão dos limites das arestas com pontos já criados por meio de
cliques do mouse as marcas visuais dos pontos. Esta determinação visual por vezes incorre em
falhas na determinação exata das coordenadas das extremidades das arestas, gerando arestas que
aparentam conectadas aos pontos determinados, mas que de fato não estão. Um detalhe deste
problema está na Figura 4.10.

Figura 4.10 – Detalhe dos nós desconexos

Esta falha só é detectada com um nível muito intenso de zoom sobre o ponto desconexo. Quando da
criação dos macroblocos e da definição da densidade de malha de cada aresta a falha não é
detectada, entretanto, quando da criação da malha de elementos ocorrem falhas (Figura 4.11).

Figura 4.11 – Erro por nós desconexos

68
4.5.2. SOBREPOSIÇÃO DE ARESTAS

Em prol de minimizar o número de blocos (superficiais ou volumétricos) criados é possível


sobrepor um conjunto de linhas congruentes de comprimentos distintos, porém isso gera alguns
problemas que serão citados. No exemplo da Figura 4.12 a criação de dois blocos na seção de
escavação implicaria na subdivisão dos blocos do maciço circundante, pois a criação da estrutura
escavada em dois trechos segmentaria o círculo em um ponto intermediário que deveria ser ligado à
outro ponto nos blocos do maciço circundante.

Figura 4.12 – Geometria sem sobreposição de arestas

Uma possível solução seria a criação de duas linhas congruentes na seção escavada, uma
segmentada à 45º para construção dos blocos da escavação e uma plena por cima da anterior. Deve-
se ressaltar que isto só é possível em geometrias circulares se os cossenos diretores do ponto de
segmentação em relação à origem forem números reais. Alguns ângulos possuem cossenos de valor
irracional, e neste caso, a determinação do ponto fica aliada a algum tipo de erro pela precisão
limitada da inserção da coordenada, isso cria uma desconexão entre as duas arestas, que não será
visível, mais gerará falhas no processamento dos resultados do modelo. Detalhes desta sobreposição
estão na Figura 4.13.

Figura 4.13 – Geometria com sobreposição de arestas

69
Considerando que foi possível a criação de um ponto segmentando um segmento de círculo que
possuísse cossenos diretores com valores racionais, a etapa seguinte de determinação da densidade
das malhas por nós torna-se um tanto problemática quando da sobreposição de duas arestas. O
principal método para a criação da malha prevê a determinação de um número constante de nós para
uma determinada aresta, entretanto o software não é capaz de reconhecer a sobreposição de duas
arestas e realizar a compatibilização destes nós, sendo assim no exemplo a seguir onde são inseridos
seis nós por aresta, na aresta contínua serão inseridos seis nós igualmente espaçados, quando na
aresta segmentada serão inseridos seis nós por segmento, o que gerará um total de doze nós.
Detalhes desta sobreposição de nós estão na Figura 4.14.

Figura 4.14 – Número de nós com sobreposição de arestas

Se forem mapeados os pontos de sobreposição de arestas e sua compatibilização manual for feita
este problema é anulado, entretanto isto pode ser uma fonte de erros sistemáticos na geração da
malha de elementos finitos e pode não ser facilmente resolvido uma vez que é ativado como padrão
o espelhamento da densidade de malha de uma aresta, ou seja, o software interpreta a ação de
discretização em uma aresta e compatibiliza esta discretização com o resto da malha, podendo
inclusive modificar uma compatibilização específica de duas arestas sobrepostas que já havia sido
realizada.

70
5. RESULTADOS
Este capítulo visa apresentar os resultados de cada um dos doze modelos simulados, apresentando
análises básicas de cada modelo e comportamentos gerais da escavação de um poço.

5.1. LITOLOGIA HORIZONTAL

Para uma análise geral da escavação de um poço foram simulados seis modelos com a mesma
disposição geológica horizontalizada e diferentes combinações de avanços verticais e parcializações
radiais de escavação. Os resultados são avaliados por seções de análise, que foram nomeadas de
acordo com a Figura 5.1.

Figura 5.1 – Seções de análise

A nomenclatura adotada teve a intenção de criar um sistema abreviado de descrição das seções, o
índice “H” corresponde a seções horizontais enquanto o índice “V” corresponde a seções verticais.
O índice “S” representa seções horizontais superiores, ou seja, determinadas na superfície do
maciço, já o índice “I” representa seções horizontais inferiores, ou seja, seções determinadas à 40 m
de profundidade no maciço. A numeração das seções se deu de forma que os índices “1”
correspondem a seções na região do primeiro avanço de escavação de seções parcializadas, os
índices “2” correspondem a seções na região do segundo avanço e os índices 3 correspondem a
seções na bissetriz das seções 1 e 2.

71
Os gráficos 2D serão nomeados de acordo com o modelo a que se referem, esta nomenclatura
também visa abreviar a descrição dos modelos. O índice “360.2M” representa modelos com avanço
de escavação pleno (360) e avanços verticais de 2m (2M). Sob esta mesma lógica pode-se
determinar que gráficos nomeados por “180.4M” representam resultados do modelo de avanço
parcializado de 180º e avanço vertical de 4 m.

5.1.1. ESCAVAÇÃO PLENA – AVANÇOS DE 2 METROS

O primeiro modelo avaliado prevê avanços de escavação plenos, ou seja, por toda a área escavada, e
com avanços verticais de 2 m, totalizando 20 avanços pelos 40 m de profundidade do poço. Os
resultados serão focados em deslocamentos verticais pelas seções HS1 e HS2, convergência pelas
seções V1 e V2, tensão principal maior e menor pelas seções HI1 e HI2, coeficientes de empuxo
horizontais pelas seções HI1 e HI2 e perfil de deformações plásticas pelo poço. Todos os gráficos
dispõem de várias curvas cuja legenda representa a profundidade do nível de escavação. Os
deslocamentos verticais são apresentados na Figura 5.2.

Deslocamento Vertical HS1,2


2

1
2
Recalque (mm)

0
4
-1 8
-2 16
24
-3
32
-4
40
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.2 – 360.2M – Deslocamento vertical HS1 e HS2

A convenção adotada prevê que valores positivos corresponderão à elevação da seção, enquanto que
valores negativos corresponderão a rebaixamento, ou seja, recalque da seção de análise.

Verifica-se na Figura 5.2 que quando o poço foi completamente escavado obteve-se como resultado
um recalque máximo de 3,8 mm. Com o avanço da escavação há uma tendência ao levantamento da
região limítrofe da escavação até a cota de escavação de 4 m. Este fenômeno se dá, pois ocorre

72
alívio de tensões efetivas no material circundante à escavação, o que gera uma tendência à
expansão, esta expansão atingiu valores de 1,5 mm. A partir dos 16 m de escavação este efeito
ainda está presente, porém, a tendência de convergência da escavação, que movimenta o maciço no
sentido de fechamento do poço, tende a afetar o estado de tensões do solo de forma a anular este
efeito de alívio e causar recalque superficial. Percebe-se que entre os 16 e os 40 m de escavação, os
recalques diferem muito pouco. A convergência da escavação pode ser analisada pela Figura 5.3.

Convergência V1 Convergência V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4
0 0

5 2 5 2
4 4
Profundidade (m)

10 10
8 8
Profundidade (m)

15 16 15 16

20 24 20 24
32 32
25 25
40 40
30 30

35 35

40 40

Figura 5.3 – 360.2M – Convergência V1 e V2

Pela Figura 5.3 observa-se uma tendência à convergência desde o primeiro avanço de escavação. A
magnitude da convergência é sempre crescente com a profundidade, assim como a região em que a
convergência é evidente tende a se aprofundar com o aprofundamento da escavação do poço. Na
seção de 40 m de escavação observa-se que a maior convergência ocorre aos 5 m e aos 12 m de
profundidade, com valores entre 5 e 6 mm. Os menores pontos de convergência ocorreram entre os
limites das litologias (6 m, 16 m e 30 m).

Deve-se ressaltar que pela profundidade ocorrem duas variações antagônicas em termos da
convergência. Enquanto as tensões que geram as deformações de convergência aumentam com a
profundidade, o material sob esta tensão se torna menos deformável, pois a sequência de litologias
modelada prevê materiais progressivamente menos deformáveis. O que os resultados indicam é que
o ganho de rigidez dos materiais foi mais evidente do que o aumento das tensões, pois as

73
deformações abaixo dos 30 m, onde a litologia prevê uma rocha com alto módulo de elasticidade,
foram consideravelmente menores do que pelas outras litologias mais superficiais.

A seguir é avaliado o comportamento da tensão principal maior com os avanços de escavação pela
Figura 5.4

Sigma 1 HI1,2
800
Tensão Principal Maior (kPa)

780
760 0
740 2
720
4
700
680 8
660 16
640
620 24
600 32
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.4 – 360.2M – Tensão principal maior HI1 e HI2

Observa-se um progressivo alívio de tensão na seção inferior do poço com o avanço de escavação,
chegando até a 79% da tensão geostática, porém este comportamento se altera com a instalação de
concreto projetado na região desta seção no fundo do poço. Tal comportamento é alterado pelo
arqueamento de tensões para a estrutura mais rígida do concreto, o que gera a concentração de
tensões da curva de referência às tensões quando da escavação na cota -40 m, mostrada no gráfico
da Figura 5.4

O comportamento da tensão principal menor é semelhante ao da tensão principal maior, ocorre


alívio das tensões com o progressivo avanço da escavação até o ponto de instalação do concreto
projetado na seção de análise, quando ocorre arqueamento de tensões para a estrutura rígida do
concreto. O comportamento da tensão principal menor pode ser observado na Figura 5.5. O
percentual de alívio foi ainda maior quando da análise da tensão principal menor. Quando a
escavação estava na cota -32 m as tensões eram cerca de 70% da tensão geostática.

74
Sigma 3 - HI1,2
270
Tensão Principal Menor (kPa)

260
0
250
240 2
230 4
220 8
210
16
200
190 24
180 32
0 15 30 45 60 75 90 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.5 – 360.2M – Tensão principal menor HI1 e HI2

Ainda em uma análise do comportamento das tensões em relação ao avanço da escavação deve-se
avaliar o comportamento dos coeficientes de empuxo horizontais, k0h e k0H, definidos como a razão
entre as tensões horizontais (x ou y) e a tensão vertical (z). O perfil destes parâmetros está na Figura
5.6.

Coeficientes de Empuxo - HI1,2


0,550
0,525
360.2M-x
Coeficientes de Empuxo

0,500
0,475
0,450 360.2M-y
0,425
0,400
0,375
0,350
0,325
0,300
0 10 20 30 40 50 60
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.6 – 360.2M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2

Observa-se que a relação entre a tensão horizontal e a vertical tende a aumentar nas proximidades
da escavação, chegando até 167% do coeficiente original em uma direção e 124% na outra.

75
A seguir é apresentado o perfil de deformações plásticas no poço completamente escavado. Na
Figura 5.7 estão presentes as vistas esquerda, direita e superior das isolinhas de deformação
plástica. Observa-se um perfil de deformações plásticas mais acentuado nos primeiros 6 m de
escavação. Isto será avaliado no capítulo de análises. Pela vista superior temos uma visão da
disposição das deformações pelo plano perpendicular ao eixo do poço.

Figura 5.7 – 360.2M – Zonas de Deformação Plástica

5.1.2. ESCAVAÇÃO PLENA – AVANÇOS DE 4 METROS

O segundo modelo avaliado prevê avanços de escavação plenos, e com avanços verticais de 4 m,
totalizando dez avanços pelos 40 m de profundidade do poço. Os resultados serão focados em
deslocamentos verticais pelas seções HS1 e HS2, convergência pelas seções V1 e V2, tensão
principal maior e menor pelas seções HI1 e HI2, coeficientes de empuxo horizontais pelas seções
HI1 e HI2 e perfil de deformações plásticas pelo poço. Todos os gráficos dispõem de várias curvas
cuja legenda representa a profundidade do nível de escavação. Os deslocamentos verticais são
apresentados na Figura 5.8.

76
Deslocamento Vertical HS1,2
0
-5
Recalque (mm)

-10 4
-15 8
-20 16
-25 24
-30 32
-35 40
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.8 – 360.4M – Deslocamento vertical HS1 e HS2

Verifica-se na Figura 5.8 que quando o poço foi completamente escavado obteve-se como resultado
um recalque máximo de 33,8 mm. Pelo avanço da escavação a mobilização do estado de tensões
gera uma tendência ao recalque e a convergência da região limítrofe da escavação, que movimenta
o maciço no sentido de fechamento do poço. Este comportamento é basicamente o mesmo da seção
com avanços de 2 m, entretanto desde o primeiro avanço de escavação a mobilização de tensões é
mais efetiva no sentido de recalques do que de levantamento superficial por alívio de tensões.
Novamente observa-se que os recalques a partir dos 16 m são praticamente os mesmos do final da
escavação. O perfil de convergência da escavação pode ser analisado pela Figura 5.9.

77
Convergência V1 Convergência V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 0 2 4 6 8 10 12 14 16
0 0

5 4 5 4
10 8 10 8

profundidade (m)
Profundidade (m)

16 16
15 15
24 24
20 20
32 32
25 40 25 40

30 30

35 35

40 40

Figura 5.9 – 360.4M – Convergência V1 e V2

Pela Figura 5.9 observa-se uma tendência à convergência desde o primeiro avanço de escavação. A
magnitude da convergência é sempre crescente com a profundidade, assim como a região em que a
convergência é evidente tende a se aprofundar juntamente com o aprofundamento da escavação do
poço. Na seção de 40 m de escavação observa-se que a maior convergência ocorre aos 6 m e aos 14
m de profundidade, com valores em torno dos 15 mm.

O comportamento da escavação em relação à dualidade entre aumento das tensões e aumento da


rigidez do material é o mesmo da seção com avanços de 2 m. O ganho de rigidez dos materiais foi
mais evidente do que o aumento das tensões, pois as deformações abaixo dos 30 m foram
consideravelmente menores do que pelas outras litologias mais superficiais.

A seguir é avaliado o comportamento da tensão principal maior com os avanços de escavação pela
Figura 5.10.

78
Sigma 1 HI1,2
800
780
Tensão Principal Maior (kPa)

760
0
740
720 4
700 8
680
16
660
640 24
620 32
600
40
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.10 – 360.4M – Tensão principal maior HI1 e HI2

Observa-se um progressivo alívio de tensão na seção inferior do poço com o avanço de escavação,
chegando a alívios de até 18%, porém este comportamento se altera com a instalação de concreto
projetado na região desta seção no fundo do poço. Tal comportamento é alterado pelo arqueamento
de tensões para a estrutura mais rígida do concreto, o que gera a concentração de tensões mostrada
no gráfico da Figura 5.10.

O comportamento da tensão principal menor é semelhante ao da tensão principal maior, ocorre


alívio das tensões com o progressivo avanço dá escavação até o ponto de instalação do concreto
projetado na seção de análise, quando ocorre arqueamento de tensões para a estrutura rígida do
concreto. O alívio destas tensões é novamente superior ao da tensão principal maior, chega até a
28%. O comportamento da tensão principal menor pode ser observado na Figura 5.11.

79
Sigma 3 - HI1,2
270
Tensão Principal Menor (kPa)

260
250 0
240 4
230 8
220 16
210
24
200
32
190
40
0 15 30 45 60 75 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.11– 360.4M – Tensão principal menor HI1 e HI2

Ainda em uma análise do comportamento das tensões em relação ao avanço da escavação deve-se
avaliar o comportamento dos coeficientes de empuxo horizontais, k0h e k0H, definidos como a razão
entre as tensões horizontais (x ou y) e a tensão vertical (z). O perfil destes parâmetros está na Figura
5.12. Observa-se que novamente há uma tendência a valores superiores aos originais, antes da
escavação, chegou-se até 159% em uma direção e 124% na outra.

Coeficientes de Empuxo - HI1,2


0,550
0,525
360.4M-x
Coeficientes de Empuxo

0,500
0,475
0,450 360.4M-y
0,425
0,400
0,375
0,350
0,325
0,300
0 10 20 30 40 50 60
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.12 – 360.4M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2

A seguir é apresentado o perfil de deformações plásticas no poço completamente escavado. Na


Figura 5.13 estão presentes as vistas esquerda, direita e superior das isolinhas de deformação

80
plástica. Observa-se um perfil de deformações plásticas mais acentuado nos primeiros 6 m de
escavação. Isto será avaliado no capítulo de análises. Pela vista superior temos uma visão da
disposição das deformações pelo plano perpendicular ao eixo do poço.

Figura 5.13 – 360.4M – Zonas de deformação plástica

5.1.3. ESCAVAÇÃO PLENA – AVANÇOS DE 8 METROS

O terceiro modelo avaliado prevê avanços de escavação plenos, ou seja, por toda a área escavada, e
com avanços verticais de 8 m, totalizando cinco avanços pelos 40 m de profundidade do poço. Os
resultados serão focados em deslocamentos verticais pelas seções HS1 e HS2, convergência pelas
seções V1 e V2, tensão principal maior e menor pelas seções HI1 e HI2, coeficientes de empuxo
horizontais pelas seções HI1 e HI2 e perfil de deformações plásticas pelo poço. Todos os gráficos
dispõem de várias curvas cuja legenda representa a profundidade do nível de escavação. Os
deslocamentos verticais são apresentados na Figura 5.14.

Deslocamento Vertical HS1,2


0
-10
-20
-30
Recalque (mm)

-40 8
-50
-60 16
-70 24
-80
-90 32
-100 40
-110
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.14 – 360.8M – Deslocamento vertical HS1 e HS2

81
Verifica-se na Figura 5.14 que quando o poço foi completamente escavado obteve-se como
resultado um recalque máximo de 106 mm. Pelo avanço da escavação a mobilização do estado de
tensões gera uma tendência ao recalque e a convergência da região limítrofe da escavação, que
movimenta o maciço no sentido de fechamento do poço. Este comportamento é basicamente o
mesmo da seção com avanços de 2 m, entretanto desde o primeiro avanço de escavação a
mobilização de tensões é mais efetiva no sentido de recalques do que de levantamento superficial
por alívio de tensões. O perfil de convergência da escavação pode ser analisado pela Figura 5.15.

Convergência V1 Convergência V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
-1 10 21 32 43 54 65 76 0 10 20 30 40 50 60 70 80
0 0

5 5

10 8 10 8
16 16
Profundidade (m)

Profundidade (m)

15 15
24 24

20 32 20 32
40 40
25 25

30 30

35 35

40 40

Figura 5.15 – 360.8M – Convergência V1

Pela Figura 5.15 observa-se uma tendência à convergência desde o primeiro avanço de escavação.
A magnitude da convergência é sempre crescente com a profundidade, assim como a região em que
a convergência é evidente tende a se aprofundar juntamente com o aprofundamento da escavação do
poço. Na seção de 40 m de escavação observa-se que a maior convergência ocorre aos 3 m e aos 12
m de profundidade.

O comportamento da escavação em relação à dualidade entre aumento das tensões e aumento da


rigidez do material é o mesmo da seção com avanços de 2 m, o ganho de rigidez dos materiais foi

82
mais evidente do que o aumento das tensões, pois as deformações abaixo dos 30 m foram
consideravelmente menores do que pelas outras litologias mais superficiais.

A seguir é avaliado o comportamento da tensão principal maior com os avanços de escavação pela
Figura 5.16.

Sigma 1 HI1,2
800
780
Tensão Principal Maior (kPa)

760
740 0
720
8
700
680 16
660 24
640
620 32
600 40
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.16 – 360.8M – Tensão principal maior HI1 e HI2

Observa-se um progressivo alívio de tensão na seção inferior do poço com o avanço de escavação,
porém este comportamento se altera com a instalação de concreto projetado na região desta seção
no fundo do poço. Tal comportamento é alterado pelo arqueamento de tensões para a estrutura mais
rígida do concreto, o que gera a concentração de tensões mostrada no gráfico da Figura 5.16.

O comportamento da tensão principal menor é semelhante ao da tensão principal maior, ocorre


alívio das tensões com o progressivo avanço dá escavação até o ponto de instalação do concreto
projetado na seção de análise, quando ocorre arqueamento de tensões para a estrutura rígida do
concreto. O comportamento da tensão principal menor pode ser observado na Figura 5.17.

83
Sigma 3 - HI1,2
270
Tensão Principal Menor (kPa)

260
250
0
240
8
230
220 16

210 24
200 32
190 40
0 15 30 45 60 75 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.17 – 360.8M – Tensão principal menor HI1 e HI2

Ainda em uma análise do comportamento das tensões em relação ao avanço da escavação deve-se
avaliar o comportamento dos coeficientes de empuxo horizontais, k0h e k0H, definidos como a razão
entre as tensões horizontais (x ou y) e a tensão vertical (z). O perfil destes parâmetros está na Figura
5.18.

Coeficientes de Empuxo - HI1,2


0,550
0,525
360.8M-x
Coeficientes de Empuxo

0,500
0,475
0,450 360.8M-y
0,425
0,400
0,375
0,350
0,325
0,300
0 10 20 30 40 50 60
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.18 – 360.8M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2

A seguir é apresentado o perfil de deformações plásticas no poço completamente escavado. Na


Figura 5.19 estão presentes as vistas esquerda, direita e superior das isolinhas de deformação
plástica. Observa-se um perfil de deformações plásticas mais acentuado nos primeiros 6 m de

84
escavação. Isto será avaliado no capítulo de análises. Pela vista superior temos uma visão da
disposição das deformações pelo plano perpendicular ao eixo do poço.

Figura 5.19 – 360.8M – Zonas de deformação plástica

5.1.4. ESCAVAÇÃO PARCIALIZADA – AVANÇOS DE 2 METROS

O quarto modelo avaliado, primeiro modelo com parcialização radial da escavação, prevê avanços
de escavação de 180º, ou seja, a seção escavada é dividida em quatro fatias, sendo cada conjunto de
fatias opostas escavado de uma vez, e com avanços verticais de 2 m, totalizando quarenta avanços
pelos 40 m de profundidade do poço. Os resultados serão focados em deslocamentos verticais pelas
seções HS1 e HS2, convergência pelas seções V1 e V2, tensão principal maior e menor pelas seções
HI1 e HI2, coeficientes de empuxo horizontais pelas seções HI1 e HI2 e perfil de deformações
plásticas pelo poço. Todos os gráficos dispõem de várias curvas cuja legenda representa a
profundidade do nível de escavação. Os deslocamentos verticais são apresentados na Figura 5.20 e
na Figura 5.21.

Deslocamento Vertical HS1


2,0
1,5 2E
1,0
2D
0,5
Recalque (mm)

0,0 4E
-0,5 4D
-1,0
8D
-1,5
-2,0 16D
-2,5 24D
-3,0
32D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
40D
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.20 – 180.2M – Deslocamento vertical HS1


85
Deslocamento Vertical HS2
2,0
1,5 2E
1,0
2D
0,5
Recalque (mm)

0,0 4E
-0,5 4D
-1,0
8D
-1,5
-2,0 16D
-2,5 24D
-3,0
32D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
40D
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.21 – 180.2M – Deslocamento vertical HS2

Verifica-se na Figura 5.20 e na Figura 5.21 que quando o poço foi completamente escavado obteve-
se como resultado um recalque máximo de 2,9 mm. Pelo avanço da escavação há uma tendência a
levantamento da região limítrofe da escavação até a cota de escavação de 4 m. Este fenômeno se dá,
pois ocorre alívio de tensões efetivas no material circundante à escavação, o que gera uma tendência
à expansão. A partir dos 16 m este efeito ainda está presente, porém, a tendência à convergência da
escavação, que movimenta o maciço no sentido de fechamento do poço, tende a afetar o estado de
tensões do solo de forma a anular este efeito de alívio e causar recalque superficial. Esta
convergência da escavação pode ser analisada pela Figura 5.22.

86
Convergência V1 Convergência V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
-1 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
0 2E 0 2E

5 2D 5 2D
4E 4E
10 10
4D 4D

Profundidade (m)
Profundidade (m)

15 8D 15 8D

20 16D 20 16D
24D 24D
25 25
32D 32D
30 40D 30 40D

35 35

40 40

Figura 5.22 – 180.2M – Convergência V1 e V2

Pela Figura 5.22 observa-se uma tendência à convergência desde o primeiro avanço de escavação.
A magnitude da convergência é sempre crescente com a profundidade, assim como a região em que
a convergência é evidente tende a se aprofundar juntamente com o aprofundamento da escavação do
poço. Na seção de 40 m de escavação observa-se que a maior convergência ocorre aos 5 m e aos 12
m de profundidade. Na seção parcializada observa-se uma leve tendência à abertura do poço na
superfície, esta abertura esteve em torno dos 0,8 mm.

O comportamento da escavação em relação à dualidade entre aumento das tensões e aumento da


rigidez do material continua o mesmo, o ganho de rigidez dos materiais foi mais evidente do que o
aumento das tensões.

A seguir é avaliado o comportamento da tensão principal maior com os avanços de escavação pela
Figura 5.23 e pela Figura 5.24.

87
Sigma 1 HI1
800
0
780
Tensão Principal Maior (kPa)

760 2E
740 2D
720
4E
700
680 4D
660 8D
640
620 16D
600 24D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 32D
Distância da Parede do Poço (m) 40D

Figura 5.23 – 180.2M – Tensão principal maior HI1

Sigma 1 HI2
800
0
780
Tensão Principal Maior (kPa)

760 2E
740 2D
720
4E
700
680 4D
660 8D
640
620 16D
600 24D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 32D
Distância da Parede do Poço (m) 40D

Figura 5.24 – 180.2M – Tensão principal maior HI2

Observa-se um progressivo alívio de tensão na seção inferior do poço com o avanço de escavação,
porém este comportamento se altera com a instalação de concreto projetado na região desta seção
no fundo do poço. Tal comportamento é alterado pelo arqueamento de tensões para a estrutura mais
rígida do concreto, o que gera a concentração de tensões mostrada nos gráficos da Figura 5.23 e da
Figura 5.24. Cabe observar que este arqueamento é significativamente menor do que na seção com
avanços plenos de escavação.

88
O comportamento da tensão principal menor é semelhante ao da tensão principal maior, ocorre
alívio das tensões com o progressivo avanço dá escavação até o ponto de instalação do concreto
projetado na seção de análise, quando ocorre arqueamento de tensões para a estrutura rígida do
concreto. O comportamento da tensão principal menor pode ser observado na Figura 5.25 e na
Figura 5.26.

Sigma 3 - HI1
270
Tensão Principal Menor (kPa)

260 0
250 2E
240
2D
230
220 4E
210 4D
200 8
190
16
180
24
0 15 30 45 60 75 90
32
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.25 – 180.2M – Tensão principal menor HI1

Sigma 3 - HI2
270
Tensão Principal Menor (kPa)

250 0
230
2E
210
190 2D
170 4E
150
130 4D
110 8
90
16
70
24
0 15 30 45 60 75 90
32
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.26 – 180.2M – Tensão principal menor HI2


Ainda em uma análise do comportamento das tensões em relação ao avanço da escavação deve-se
avaliar o comportamento dos coeficientes de empuxo horizontais, k0h e k0H, definidos como a razão

89
entre as tensões horizontais (x ou y) e a tensão vertical (z). O perfil destes parâmetros está na Figura
5.27.

Coeficientes de Empuxo - HI1,2


0,550
0,525 180.2M-x-HI1
Coeficientes de Empuxo

0,500
180.2M-y-HI1
0,475
0,450 180.2M-x-HI2
0,425 180.2M-y-HI2
0,400
0,375
0,350
0,325
0,300
0,275
0 10 20 30 40 50 60
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.27 – 180.2M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2

A seguir é apresentado o perfil de deformações plásticas no poço completamente escavado. Na


Figura 5.28 estão presentes as vistas esquerda, direita e superior das isolinhas de deformação
plástica. Observa-se um perfil de deformações plásticas mais acentuado nos primeiros 6 m de
escavação e na seção que é escavada por último em cada avanço vertical, este comportamento será
explicado no capítulo de análises. Isto será avaliado no capítulo de análises. Pela vista superior
temos uma visão da disposição das deformações pelo plano perpendicular ao eixo do poço.

Figura 5.28 – 180.2M – Zonas de Deformação Plástica

90
5.1.5. ESCAVAÇÃO PARCIALIZADA – AVANÇOS DE 4 METROS

O quinto modelo avaliado prevê avanços de escavação de 180º e com avanços verticais de 4 m,
totalizando vinte avanços pelos 40 m de profundidade do poço. Os resultados serão focados em
deslocamentos verticais pelas seções HS1 e HS2, convergência pelas seções V1 e V2, tensão
principal maior e menor pelas seções HI1 e HI2, coeficientes de empuxo horizontais pelas seções
HI1 e HI2 e perfil de deformações plásticas pelo poço. Todos os gráficos dispõem de várias curvas
cuja legenda representa a profundidade do nível de escavação. Os deslocamentos verticais são
apresentados na Figura 5.29 e na Figura 5.30.

Deslocamento Vertical HS1


0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

0 4E
4D
-5
8E
Recalque (mm)

-10
8D
-15 16D
-20 24D
32D
-25
40D
-30
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.29– 180.4M – Deslocamento vertical HS1

Deslocamento Vertical HS2


0

-5 4E
Recalque (mm)

-10 4D
8E
-15
8D
-20
16D
-25 24D
-30 32D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 40D
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.30– 180.4M – Deslocamento vertical HS2

91
Verifica-se na Figura 5.29 e na Figura 5.30 que quando o poço foi completamente escavado obteve-
se como resultado um recalque máximo de 29,5 mm. Pelo avanço da escavação a mobilização do
estado de tensões gera uma tendência ao recalque e a convergência da região limítrofe da
escavação, que movimenta o maciço no sentido de fechamento do poço. Este comportamento é
basicamente o mesmo da seção com avanços de dois metros, entretanto desde o primeiro avanço de
escavação a mobilização de tensões é mais efetiva no sentido de recalques do que de levantamento
superficial por alívio de tensões. O perfil de convergência da escavação pode ser analisada pela
Figura 5.31.

Convergência V1 Convergência V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 0 2 4 6 8 10 12 14 16
0 0
4E 4E
5 4D 5 4D
10 8E 10 8E
Profundidade (m)
Profundidade (m)

8D 8D
15 15
16D 16D
20 20
24D 24D
25 32D 25 32D
40D 40D
30 30

35 35

40 40

Figura 5.31– 180.4M – Convergência V1 e V2

Pela Figura 5.31 observa-se uma tendência à convergência desde o primeiro avanço de escavação.
A magnitude da convergência é sempre crescente com a profundidade, assim como a região em que
a convergência é evidente tende a se aprofundar juntamente com o aprofundamento da escavação do
poço. Na seção de 40 m de escavação observa-se que a maior convergência ocorre aos 5 m e aos 12
m de profundidade.

O comportamento da escavação em relação à dualidade entre aumento das tensões e aumento da


rigidez do material continua o mesmo, o ganho de rigidez dos materiais foi mais evidente do que o
aumento das tensões.

92
A seguir é avaliado o comportamento da tensão principal maior com os avanços de escavação pela
Figura 5.32 e pela Figura 5.33.

Sigma 1 HI1
800
Tensão Principal Maior (kPa)

780 0
760
4E
740
720 4D
700 8E
680
8D
660
640 16D
620 24D
600
32D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
40D
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.32 – 180.4M – Tensão principal maior HI1

Sigma 1 HI2
800
780
Tensão Principal Maior (kPa)

0
760
4E
740
720 4D
700 8E
680
8D
660
640 16D
620 24D
600
32D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
40D
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.33– 180.4M – Tensão principal maior HI2

Observa-se um progressivo alívio de tensão na seção inferior do poço com o avanço de escavação,
porém este comportamento se altera com a instalação de concreto projetado na região desta seção
no fundo do poço. Tal comportamento é alterado pelo arqueamento de tensões para a estrutura mais
rígida do concreto, o que gera a concentração de tensões mostrada nos gráficos da Figura 5.32 e da

93
Figura 5.33. Cabe observar que este arqueamento é significativamente menor do que na seção com
avanços plenos de escavação.

O comportamento da tensão principal menor é semelhante ao da tensão principal maior, ocorre


alívio das tensões com o progressivo avanço dá escavação até o ponto de instalação do concreto
projetado na seção de análise, quando ocorre arqueamento de tensões para a estrutura rígida do
concreto. O comportamento da tensão principal menor pode ser observado na Figura 5.34 e na
Figura 5.35.

Sigma 3 - HI1
270
Tensão Principal Menor (kPa)

260 0
250 4E
240 4D
230 8E
220 8D
210
16
200
24
190
32
0 15 30 45 60 75 90
40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.34 – 180.4M – Tensão principal menor HI1

Sigma 3 - HI2
270
Tensão Principal Menor (kPa)

250 0
230 4E
210
4D
190
170 8E
150 8D
130 16
110
24
90
32
0 15 30 45 60 75 90
40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.35– 180.4M – Tensão principal menor HI2

94
Ainda em uma análise do comportamento das tensões em relação ao avanço da escavação deve-se
avaliar o comportamento dos coeficientes de empuxo horizontais, k0h e k0H, definidos como a razão
entre as tensões horizontais (x ou y) e a tensão vertical (z). O perfil destes parâmetros está na Figura
5.36.

Coeficientes de Empuxo - HI1,2


0,525
0,500 180.4M-x-HI1
Coeficientes de Empuxo

0,475
180.4M-y-HI1
0,450
0,425 180.4M-x-HI2
0,400 180.4M-y-HI2
0,375
0,350
0,325
0,300
0,275
0,250
0 10 20 30 40 50 60
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.36 – 180.4M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2

A seguir é apresentado o perfil de deformações plásticas no poço completamente escavado. Na


Figura 5.37 estão presentes as vistas esquerda, direita e superior das isolinhas de deformação
plástica. Observa-se um perfil de deformações plásticas mais acentuado nos primeiros 6 metros de
escavação e na seção que é escavada por último em cada avanço vertical, este comportamento será
explicado no capítulo de análises. Isto será avaliado no capítulo de análises. Pela vista superior
temos uma visão da disposição das deformações pelo plano perpendicular ao eixo do poço.

Figura 5.37 – 180.4M – Zonas de deformação plástica

95
5.1.6. ESCAVAÇÃO PARCIALIZADA – AVANÇOS DE 8 METROS

O sexto e último modelo avaliado nesta seção prevê avanços de escavação de 180º e com avanços
verticais de oito metros, totalizando dez avanços pelos quarenta metros de profundidade do poço.
Os resultados serão focados em deslocamentos verticais pelas seções HS1 e HS2, convergência
pelas seções V1 e V2, tensão principal maior e menor pelas seções HI1 e HI2, coeficientes de
empuxo horizontais pelas seções HI1 e HI2 e perfil de deformações plásticas pelo poço. Todos os
gráficos dispõem de várias curvas cuja legenda representa a profundidade do nível de escavação. Os
deslocamentos verticais são apresentados na Figura 5.38 e Figura 5.39.

Deslocamento Vertical HS1


0

-20
8E
Recalque (mm)

-40
8D
-60 16E
-80 16D
24D
-100
32D
-120
40D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.38 – 180.8M – Deslocamento vertical HS1

Deslocamento Vertical HS2


-10
-30
8E
Recalque (mm)

-50
8D
-70
16E
-90
16D
-110
24D
-130
32D
-150
40D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.39 – 180.8M – Deslocamento vertical HS2

96
Verifica-se na Figura 5.38 e na Figura 5.39 que quando o poço foi completamente escavado obteve-
se como resultado um recalque máximo de 109 mm. Pelo avanço da escavação a mobilização do
estado de tensões gera uma tendência ao recalque e a convergência da região limítrofe da
escavação, que movimenta o maciço no sentido de fechamento do poço. Este comportamento é
basicamente o mesmo da seção com avanços de 2 m, entretanto desde o primeiro avanço de
escavação a mobilização de tensões é mais efetiva no sentido de recalques do que de levantamento
superficial por alívio de tensões. O perfil de convergência da escavação pode ser analisado pela
Figura 5.40.

Convergência V1 Convergência V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
-1 10 21 32 43 54 65 76 0 50 100
0 0

5 8E 5 8E
8D 8D
10 10
16E 16E
Profundidade (m)

Profundidade (m)

15 16D 15 16D

20 24D 20 24D
32D 32D
25 25
40D 40D
30 30

35 35

40 40

Figura 5.40 – 180.8M – Convergência V1 e V2

Pela Figura 5.40 observa-se uma tendência à convergência desde o primeiro avanço de escavação.
A magnitude da convergência é sempre crescente com a profundidade, assim como a região em que
a convergência é evidente tende a se aprofundar juntamente com o aprofundamento da escavação do
poço. Na seção de 40 m de escavação observa-se que a maior convergência ocorre aos 5 m e aos 12
m de profundidade.

O comportamento da escavação em relação à dualidade entre aumento das tensões e aumento da


rigidez do material continua o mesmo, o ganho de rigidez dos materiais foi mais evidente do que o
aumento das tensões.

97
A seguir é avaliado o comportamento da tensão principal maior com os avanços de escavação pela
Figura 5.41e pela Figura 5.42.

Sigma 1 HI1
800
Tensão Principal Maior (kPa)

780
760 0
740 8E
720
8D
700
680 16E
660 16D
640
620 24D
600 32D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 40D
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.41 – 180.8M – Tensão principal maior HI1

Sigma 1 HI2
800
780
Tensão Principal Maior (kPa)

760 0
740 8E
720
8D
700
680 16E
660 16D
640
620 24D
600 32D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 40D
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.42 – 180.8M – Tensão principal maior HI2

Observa-se um progressivo alívio de tensão na seção inferior do poço com o avanço de escavação,
porém este comportamento se altera com a instalação de concreto projetado na região desta seção
no fundo do poço. Tal comportamento é alterado pelo arqueamento de tensões para a estrutura mais
rígida do concreto, o que gera a concentração de tensões mostrada nos gráficos da Figura 5.41 e da
Figura 5.42.

98
O comportamento da tensão principal menor é semelhante ao da tensão principal maior, ocorre
alívio das tensões com o progressivo avanço dá escavação até o ponto de instalação do concreto
projetado na seção de análise, quando ocorre arqueamento de tensões para a estrutura rígida do
concreto. O comportamento da tensão principal menor pode ser observado na Figura 5.43 e na
Figura 5.44.

Sigma 3 - HI1
270
Tensão Principal Menor (kPa)

260
0
250
8E
240
8D
230
220 16E

210 16D
200 24
190 32
0 15 30 45 60 75 90 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.43 – 180.8M – Tensão principal menor HI1

Sigma 3 - HI2
270
Tensão Principal Menor (kPa)

250
0
230
210 8E
190 8D
170 16E
150
16D
130
110 24
90 32
0 15 30 45 60 75 90 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.44 – 180.8M – Tensão principal menor HI2

Ainda em uma análise do comportamento das tensões em relação ao avanço da escavação deve-se
avaliar o comportamento dos coeficientes de empuxo horizontais, k0h e k0H, definidos como a razão

99
entre as tensões horizontais (x ou y) e a tensão vertical (z). O perfil destes parâmetros está na Figura
5.45.

Coeficientes de Empuxo - HI1,2


0,525
0,500 180.8M-x-HI1
Coeficientes de Empuxo

0,475
180.8M-y-HI1
0,450
0,425 180.8M-x-HI2
0,400 180.8M-y-HI2
0,375
0,350
0,325
0,300
0,275
0,250
0 10 20 30 40 50 60
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.45 – 180.8M – Coeficientes de empuxo HI1 e HI2

A seguir é apresentado o perfil de deformações plásticas no poço completamente escavado. Na


Figura 5.46 estão presentes as vistas esquerda, direita e superior das isolinhas de deformação
plástica. Observa-se um perfil de deformações plásticas mais acentuado nos primeiros 6 m de
escavação e na seção que é escavada por último em cada avanço vertical, este comportamento será
explicado no capítulo de análises. Isto será avaliado no capítulo de análises. Pela vista superior
temos uma visão da disposição das deformações pelo plano perpendicular ao eixo do poço.

Figura 5.46 – 180.8M – Zonas de deformação plástica

100
5.2. LITOLOGIA INCLINADA

Para uma análise da influência da inclinação das litologias foram simulados quatro modelos de
análise. Os resultados são avaliados por seções de análise, que foram nomeadas de acordo com a
Figura 5.47.

Figura 5.47 – Seções de análise

Por adaptação à geometria inclinada, os avanços deste modelo foram os seguintes: quatro avanços
de 5 m, um avanço de 4 m, dois avanços de 5 m e um avanço de 6 m totalizando os 40 m de
profundidade do poço. Para que não houvesse diferenças em relação à comparação com o modelo
de geologia horizontalizada, foram criados modelos de geologia horizontalizada com esta mesma
sequência de avanços. Seus resultados foram muito semelhantes aos apresentados no tópico anterior
nos modelos de avanço de 4 m. Sendo assim os resultados destes modelos não serão apresentados
neste capítulo, tendo em vista que eles só foram criados como meio de comparação aos modelos de
geologia inclinada, e só serão dispostos em análise comparativa no Capítulo 6.

Tendo em vista esta questão só serão apresentados os resultados de dois dos quatro modelos
simulados, o com parcialização radial de 360º e o com parcialização radial de 180º.

5.2.1. LITOLOGIA INCLINADA – ESCAVAÇÃO PLENA

O primeiro modelo avaliado prevê avanços de escavação plenos, ou seja, por toda a área escavada, e
com os oito avanços verticais já citados (5-5-5-5-4-5-5-6) totalizando oito avanços pelos 40 m de
profundidade do poço. Os resultados serão focados em deslocamentos verticais pelas seções HS1,
101
HS2 e HS3, convergência pelas seções V1 e V2, tensão principal maior e menor pelas seções HI1,
HI2 e HI3, coeficientes de empuxo horizontais pelas seções HI1, HI2 e HI3 e perfil de deformações
plásticas pelo poço. Todos os gráficos dispõem de várias curvas cuja legenda representa a
profundidade do nível de escavação. Os deslocamentos verticais são apresentados na Figura 5.48.

Deslocamento Vertical - HS1


0,0

-2,0
Recalque (mm)

-4,0 5
-6,0 10

-8,0 20
29
-10,0
40
-12,0
0 40 80 120 160 200 240
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.48 – INC.360 – Deslocamento vertical HS1

Verifica-se na Figura 5.48 que quando o poço foi completamente escavado obteve-se como
resultado na seção HS1 um recalque máximo de 11,6 mm. Pelo avanço da escavação a mobilização
do estado de tensões gera uma tendência ao recalque e a convergência da região limítrofe da
escavação, que movimenta o maciço no sentido de fechamento do poço. A medida que a seção se
afasta da parede do poço os recalques tendem a se anular com a ocorrência de flutuações entre
recalques e levantamentos superficiais.

102
Deslocamento Vertical - HS2
2,0
1,8
1,6
Recalque (mm)

1,4
1,2 5
1,0 10
0,8
0,6 20
0,4 29
0,2
40
0,0
0 40 80 120 160 200 240
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.49 – INC.360 – Deslocamento vertical HS2

Na seção HS2, analisada na Figura 5.49, o comportamento já é completamente diferente, a seção


tem tendência clara ao levantamento do nível do terreno, atingindo um valor máximo de 1,7 mm.
Este comportamento não é simplesmente explicado pelo alívio de tensões desta seção, em referência
seguinte será analisado que o modo de deslocamento global da escavação é muito diferente da seção
com litologias horizontais, tendo em vista o comportamento integrado da dinâmica das litologias
associada ao estado de tensões provocado pela escavação.

Deslocamento Vertical - HS3


1,5
1,0
0,5
Recalque (mm)

5
0,0
10
-0,5
20
-1,0
29
-1,5
40
-2,0
0 15 30 45 60 75 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.50 – INC.360 – Deslocamento vertical HS3

103
Já na seção HS3, avaliada na Figura 5.50, o comportamento integra as duas seções anteriores,
quando dos primeiros avanços da escavação a tendência geral é de levantamento do terreno, até
cerca de 1,4 mm, quando a cota da escavação se aprofunda a tendência varia para recalques do
terreno, até o nível de 2,0 mm.

O perfil de convergência da escavação pode ser analisado pela Figura 5.51. A análise destes
gráficos releva o tipo de deslocamento que a escavação está submetida, enquanto na seção V1 o
comportamento é de predominante convergência da escavação, na seção V2 ocorre um equilíbrio
entre convergência e abertura nos primeiros 20 m, com estabilização do movimento entre 20 e 40 m
de profundidade.

Convergência V1 Convergência V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 -2 -1 0 1 2
0 0

5 5
5 5
10 10
10 10
Profundidade (m)

Profundidade (m)

15 20 15 20

20 29 20 29
40 40
25 25

30 30

35 35

40 40

Figura 5.51 – INC.360 – Convergência V1

A seguir é avaliado o comportamento da tensão principal maior com os avanços de escavação pela
Figura 5.52, pela Figura 5.53 e pela Figura 5.54.

104
Sigma 1 - HI1
800
Tensão Principal Maior (kPa)

760
0
720
5
680 10
20
640
29
600 40
0 40 80 120 160 200 240
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.52 – INC.360 – Tensão principal maior HI1

A análise da tensão principal maior deve ser feita seção a seção, pois em cada uma das seções (HI1,
HI2 e HI3) o comportamento das tensões mesmo antes da escavação é diferente. Observa-se um
perfil entorno dos 680 kPa para a seção HI1 (Figura 5.52), este valor chega até a ser 12% menor
quando da escavação na cota -29 m. Assim como nos modelos de litologia horizontalizada quando
ocorre a instalação do concreto projetado na seção de análise o perfil dos resultados se altera pela
concentração de tensões para esta estrutura mais rígida.

A análise da seção HI2 pode ser avaliada pela Figura 5.53. O comportamento geral é muito
semelhante, entretanto as tensões são mais elevadas, chegando a 940 kPa antes da escavação.
Quando da escavação na cota -29 m esta tensão chega a ser 20% menor, ou seja, o alívio percentual
de tensão entre uma seção e outra também é diferente. Quando da instalação do concreto projetado
o mesmo comportamento ocorreu.

105
Sigma 1 - HI2
960
Tensão Principal Maior (kPa)

940
920
900
0
880
860 5
840
10
820
800 20
780
29
760
740 40
0 40 80 120 160 200 240
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.53 – INC.360 – Tensão principal maior HI2

A seção HI3 (Figura 5.54) apresenta resultados de perfil semelhante à seção HS2, porém com uma
faixa de tensões menor. A tensão principal maior antes da escavação estava em torno dos 810 kPa.
Quando da escavação na cota -29 m este valor é 15% menor, um alívio intermediário entre as
seções HI1 e HI2.

Sigma 1 - HI3
810
Tensão Principal Maior (kPa)

790
0
770
5
750
10
730
20
710 29
690 40
0 15 30 45 60 75 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.54 – INC.360 – Tensão principal maior HI3

O comportamento da tensão principal menor será avaliado pela Figura 5.55, Figura 5.56 e Figura
5.57.

106
Sigma 3 - HI1
310
Tensão Principal Menor (kPa)

290
270
0
250
5
230
210 10

190 20
170 29
150 40
0 40 80 120 160 200 240
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.55 – INC.360 – Tensão principal menor HI1

Novamente a análise da tensão principal menor deve ser feita seção a seção, pois não só o perfil de
tensões após a escavação é diferente, ele o é também antes da escavação. Na seção HI1 (Figura
5.55) as tensões seguiam em torno dos 280 kPa, porém com tendência crescente a medida que se
afasta da parede do poço. Este valor chega a ser 43% menor do que antes da escavação.

Sigma 3 - HI2
330
Tensão Principal Menor (kPa)

310
290
270 0
250 5
230 10
210
20
190
170 29
150 40
0 40 80 120 160 200 240
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.56 – INC.360 – Tensão principal menor HI2

O comportamento da tensão principal menor na seção HI2 (Figura 5.56) apresenta um perfil mais
regular, com tensões antes da escavação em torno dos 310 kPa e chegando ao valor de alívio
máximo 47% menor do que antes da escavação.

107
Sigma 3 - HI3
310
Tensão Principal Menor (kPa)

290

270 0
5
250
10
230
20
210 29
190 40
0 15 30 45 60 75 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.57 – INC.360 – Tensão principal menor HI3

A seção HI3 (Figura 5.57) apresentou perfil semelhante à seção HI2, porém com tensões
ligeiramente menores do que a seção anterior. As tensões antes da escavação estavam pelos 295 kPa
e chegaram ao valor de alívio máximo 40% menor do que antes da escavação.

O comportamento da tensão principal menor, neste caso, não foi o mesmo da tensão principal
maior, ocorre alívio das tensões com o progressivo avanço dá escavação mesmo com a instalação
do concreto projetado na seção analisada.

Ainda em uma análise do comportamento das tensões em relação ao avanço da escavação deve-se
avaliar o comportamento dos coeficientes de empuxo horizontais, k0h e k0H, definidos como a razão
entre as tensões horizontais (x ou y) e a tensão vertical (z). O perfil destes parâmetros está na Figura
5.58.

108
Coeficientes de Empuxo Horizontal
0,65
0,60
Empuxo Horizontal

0,55
0,50
K0x-HI1
0,45
0,40 K0y-HI1

0,35 K0y-HI2
0,30 K0x-HI2
0,25
0 40 80 120 160 200 240
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.58 – INC.360 – Coeficientes de empuxo horizontal HI1 e HI2

Pelo gráfico pode-se visualizar que em termos de perfil de valores, o par de curvas da mesma seção
de análise apresenta um comportamento semelhante. As curvas associadas à seção HI1
apresentaram valores na parede do poço de 0,4 e 0,62 para os empuxos nas direções y e x
respectivamente. Estes valores decresceram e depois voltaram a subir à medida que a seção se
afasta da escavação, chegando a valores de 0,55 e 0,45 para os empuxos nas direções y e x
respectivamente, ou seja, o empuxo na direção y que era menor na parede do poço chega a superara
o empuxo na direção x à medida que a seção se afasta da escavação.

As curvas associadas à seção HI2 apresentaram valores mais constantes, 0,52 e 0,33 para as
direções x e y respectivamente. O valor para a direção y permaneceu praticamente constante ao
longo da seção enquanto o valor para a direção x decresceu até estabilizar em 0,4, ainda superior ao
coeficiente na direção y.

Finalmente foi avaliada a deformação global da escavação, tendo em vista os resultados de


deformação já apresentados, procurou-se entender à dinâmica de movimentação do maciço sob esta
escavação. Pela avaliação da malha deformada juntamente com os vetores de deformação percebe-
se pela Figura 5.59 que a escavação não só gera recalque superficial e convergência da abertura,
todo o modo de movimentação da estrutura é afetado pela geologia inclinada. Neste caso o material
mais fraco se apresentava em maior intensidade no lado esquerdo da imagem apresentada, e é
visível que grande parte das deformações da estrutura se deram neste sentido.

109
Figura 5.59 – INC.360 – Geometria proporcionalmente deformada

5.2.2. LITOLOGIA INCLINADA – ESCAVAÇÃO PARCIALIZADA

O segundo modelo avaliado prevê avanços de escavação de 180º e com os oito avanços verticais já
citados (5-5-5-5-4-5-5-6) totalizando dezesseis avanços pelos 40 m de profundidade do poço. Os
resultados serão focados em deslocamentos verticais pelas seções HS1, HS2 e HS3, convergência
pelas seções V1 e V2, tensão principal maior e menor pelas seções HI1, HI2 e HI3, coeficientes de
empuxo horizontais pelas seções HI1 e HI2 e perfil de deslocamentos do poço. Todos os gráficos
dispõem de várias curvas cuja legenda representa a profundidade do nível de escavação. Os
deslocamentos verticais são apresentados na Figura 5.60.

Deslocamento Vertical - HS1


0

-2 5E
Recalque (mm)

-4 5D
-6 10E

-8 10D
20
-10
29
-12
40
0 40 80 120 160 200 240
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.60 – INC.180 – Deslocamento vertical HS1

110
Verifica-se na Figura 5.60 que quando o poço foi completamente escavado obteve-se como
resultado na seção HS1 um recalque máximo de 11,3 mm. Pelo avanço da escavação a mobilização
do estado de tensões gera uma tendência ao recalque e a convergência da região limítrofe da
escavação, que movimenta o maciço no sentido de fechamento do poço. A medida que a seção se
afasta da parede do poço os recalques tendem a se anular com a ocorrência de flutuações entre
recalques e levantamentos da seção.

Deslocamento Vertical - HS2


1,9
1,7
1,5
5E
Recalque (mm)

1,3
1,1 5D
0,9 10E
0,7
0,5 10D
0,3 20
0,1
29
-0,1
40
0 40 80 120 160 200 240
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.61 – INC.180 – Deslocamento vertical HS2

Na seção HS2, analisada na Figura 5.61, o comportamento já é completamente diferente, a seção


tem tendência clara ao levantamento do nível do terreno, atingindo um valor máximo de 1,9 mm.
Este comportamento não é simplesmente explicado pelo alívio de tensões desta seção, em referência
seguinte será analisado que o modo de deslocamento global da escavação é muito diferente da seção
com litologias horizontais e isto gera uma análise com um foco muito mais global do que local,
tendo em vista o comportamento integrado da dinâmica das litologias associada ao estado de
tensões provocado pela escavação.

111
Deslocamento Vertical - HS3
1,0

0,5
5E
Recalque (mm)

0,0 5D
10E
-0,5
10D
-1,0 20
29
-1,5
40
0 15 30 45 60 75 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.62 – INC.180 – Deslocamento vertical HS3

Já na seção HS3 (Figura 5.62) o comportamento integra as duas seções anteriores, quando dos
primeiros avanços da escavação a tendência geral é de levantamento do terreno, até cerca de 0,6
mm, quando a cota da escavação se aprofunda a tendência varia para recalques do terreno, até o
nível de 1,3 mm.

O perfil de convergência da escavação pode ser analisado pela Figura 5.63. A análise destes
gráficos releva o tipo de deslocamento que a escavação está submetida, enquanto na seção V1 o
comportamento é de predominante convergência da escavação, na seção V2 ocorre um equilíbrio
entre convergência e abertura nos primeiros 20 m, com estabilização do movimento entre 20 e 40 m
de profundidade.

112
Convergência V1 Convergência V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
-2 2 6 10 14 18 -2 -1 0 1 2 3
0 0
5E 5E
5 5
5D 5D
10 10
10E 10E
Profundidade (m)

Profundidade (m)
15 10D 15 10D

20 20 20 20
29 29
25 25
40 40
30 30

35 35

40 40

Figura 5.63 – INC.180 – Convergência V1 e V2

A seguir é avaliado o comportamento da tensão principal maior com os avanços de escavação pela
Figura 5.64, pela Figura 5.65 e pela Figura 5.66.

Sigma 1 - HI1
800
Tensão Principal Maior (kPa)

750 0
5E
700
5D
650 10E
10D
600
20
550 29
0 40 80 120 160 200 240 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.64 – INC.180 – Tensão principal maior HI1

A análise da tensão principal maior deve ser feita seção a seção, pois em cada uma das seções (HI1,
HI2 e HI3) o comportamento das tensões mesmo antes da escavação é diferente. Observa-se um

113
perfil entorno dos 680 kPa para a seção HI1 (Figura 5.64) , este valor chega até a ser 20% menor
quando da escavação na cota -40 m. Na cota -29 m este alívio é de 13%.

Sigma 1 - HI2
950
Tensão Principal Maior (kPa)

925
0
900
5E
875
5D
850
825 10E

800 10D
775 20
750 29
0 40 80 120 160 200 240 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.65 – INC.180 – Tensão principal maior HI2

A análise da seção HI2 pode ser avaliada pela Figura 5.65. O comportamento geral é muito
semelhante, entretanto as tensões são mais elevadas, chegando a 940 kPa antes da escavação.
Quando da escavação na cota -29m esta tensão chega a ser 20% menor, ou seja, o alívio percentual
de tensão entre uma seção e outra também é diferente. Quando da instalação do concreto projetado
ocorreu o arqueamento, porém muito menos significativo do que nos modelos já apresentados.

Sigma 1 - HI3
820
Tensão Principal Maior (kPa)

800 0

780 5E
5D
760
10E
740
10D
720 20
700 29
0 15 30 45 60 75 90 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.66 – INC.180 – Tensão principal maior HI3

114
A seção HI3 (Figura 5.66) apresenta resultados de perfil semelhante à seção HS2, porém com uma
faixa de tensões menor. A tensão principal maior antes da escavação estava em torno dos 810 kPa.
Quando da escavação na cota -29 m este valor é 13% menor, alívio muito semelhante ao da seção
HI1.

Observa-se em todas as seções um progressivo alívio de tensão na seção inferior do poço com o
avanço de escavação. Na seção HI1 não foi observado o fenômeno de arqueamento de tensões, e
nas outras seções este fenômenos foi muito menos pronunciado do que em todos os modelos que já
foram apresentados.

O comportamento da tensão principal menor será avaliado pela Figura 5.67, Figura 5.68 e Figura
5.69.

Sigma 3 - HI1
310
Tensão Principal Menor (kPa)

290
0
270
5E
250
5D
230
210 10E

190 10D
170 20
150 29
0 40 80 120 160 200 240 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.67 – INC.180 – Tensão principal menor HI1

Novamente a análise da tensão principal menor deve ser feita seção a seção, pois não só o perfil de
tensões após a escavação é diferente, ele o é também antes da escavação. Na seção HI1 (Figura
5.67) as tensões seguiam em torno dos 280 kPa, porém com tendência crescente a medida que se
afasta da parede do poço. Este valor chega a ser 40% menor do que antes da escavação.

115
Sigma 3 - HI2
330
Tensão Principal Menor (kPa)

310
0
290
270 5E
250 5D
230 10E
210
10D
190
170 20
150 29
0 40 80 120 160 200 240 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.68 – INC.180 – Tensão principal menor HI2

O comportamento da tensão principal menor na seção HI2 (Figura 5.68) apresenta um perfil mais
regular, com tensões antes da escavação em torno dos 310 kPa e chegando ao valor de alívio
máximo 45% menor do que antes da escavação.

Sigma 3 - HI3
310
Tensão Principal Menor (kPa)

290 0

270 5E
5D
250
10E
230
10D
210 20
190 29
0 15 30 45 60 75 90 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.69 – INC.180 – Tensão principal menor HI3

A seção HI3 (Figura 5.69) apresentou perfil semelhante à seção HI2, porém com tensões
ligeiramente menores do que a seção anterior. As tensões antes da escavação estavam pelos 295 kPa
e chegaram ao valor de alívio máximo 32% menor do que antes da escavação.

116
O comportamento da tensão principal menor foi muito semelhante ao da tensão principal maior,
ocorre alívio das tensões com o progressivo avanço dá escavação mesmo com a instalação do
concreto projetado na seção analisada.

Ainda em uma análise do comportamento das tensões em relação ao avanço da escavação deve-se
avaliar o comportamento dos coeficientes de empuxo horizontais, k0h e k0H, definidos como a razão
entre as tensões horizontais (x ou y) e a tensão vertical (z). O perfil destes parâmetros está na Figura
5.70.

Coeficientes de Empuxo Horizontal


0,65
0,60
Empuxo Horizontal

0,55
0,50
K0x-HI1
0,45
0,40 K0y-HI1

0,35 K0y-HI2
0,30 K0x-HI2
0,25
0 40 80 120 160 200 240
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.70 – INC.180 – Coeficientes de empuxo horizontal HI1 e HI3

Pelo gráfico pode-se visualizar que em termos de perfil de valores, o par de curvas da mesma seção
de análise apresenta um comportamento semelhante. As curvas associadas à seção HI1
apresentaram valores na parede do poço de 0,4 e 0,62 para os empuxos nas direções y e x
respectivamente. Estes valores decresceram e depois voltaram a subir à medida que a seção se
afasta da escavação, chegando a valores de 0,55 e 0,45 para os empuxos nas direções y e x
respectivamente, ou seja, o empuxo na direção y que era menor na parede do poço chega a superara
o empuxo na direção x à medida que a seção se afasta da escavação.

As curvas associadas à seção HI2 apresentaram valores mais constantes, 0,52 e 0,33 para as
direções x e y respectivamente. O valor para a direção y permaneceu praticamente constante ao
longo da seção enquanto o valor para a direção x decresceu até estabilizar em 0,4, ainda superior ao
coeficiente na direção y.

117
Finalmente foi avaliada a deformação global da escavação, tendo em vista os resultados de
deformação já apresentados, procurou-se entender à dinâmica de movimentação do maciço sob esta
escavação. Pela avaliação da malha deformada juntamente com os vetores de deformação percebe-
se pela Figura 5.71 que a escavação não só gera recalque superficial e convergência da abertura,
todo o modo de movimentação da estrutura é afetado pela geologia inclinada. Neste caso o material
mais fraco se apresentava em maior intensidade no lado esquerdo da imagem apresentada, e é
visível que grande parte das deformações da estrutura se deram neste sentido.

Figura 5.71 – INC.180 – Geometria proporcionalmente deformada

5.3. ANÁLISES CONSTRUTIVAS

Como já citado a análise de modelos de análise específica fez-se pela avaliação de duas soluções,
como os resultados da solução tradicional já foram apresentados em tópicos anteriores, serão
apresentados somente os resultados da solução avaliada em termos de deslocamentos, pois este é o
foco principal desta análise, e os resultados da solução tradicional serão dispostos de forma
comparativa no capítulo de análises. As seções de análise são equivalentes as apresentadas na
Figura 5.1 do tópico 5.1.

118
5.3.1. SOLUÇÃO AVALIADA

Os resultados de deslocamentos verticais na seção HS1 estão dispostos na Figura 5.72.

Deslocamentos Verticais - HS1


3
2
1
0 4A
Recalques (mm)

-1 0 15 30 45 60 75 90 4B
-2 8A

-3 8B

-4 12A

-5 12B

-6
-7
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 5.72 – EVAL.180 – Deslocamentos verticais HS1

Verifica-se na Figura 5.72 que quando o poço foi completamente escavado obteve-se como
resultado um recalque máximo de 7 mm. Pelo avanço da escavação há uma tendência a
levantamento da região limítrofe da escavação até a cota de escavação de 4 m. Este fenômeno se dá,
pois ocorre alívio de tensões efetivas no material circundante à escavação, o que gera uma tendência
à expansão. A partir dos 8 m este efeito ainda está presente, porém, a tendência à convergência da
escavação, que movimenta o maciço no sentido de fechamento do poço, tende a afetar o estado de
tensões do solo de forma a anular este efeito de alívio e causar recalque superficial. Esta
convergência da escavação pode ser analisada pela Figura 5.73.

119
Convergência - V1
Convergência (mm)
0 2 4 6 8 10 12 14
0

5 4A
Profundidade (m)

4B
10
8
15
12
20

25

30

Figura 5.73 – EVAL.180 – Convergência V1

Observa-se que nesta seção, quando da instalação do concreto projetado não houveram
deslocamentos. Os deslocamentos surgiram desde o primeiro avanço de escavação e prosseguiram
até um máximo de 13,3 mm.

120
6. ANÁLISE
Este capítulo visa combinar os resultados apresentados no Capítulo 5 de forma a traçar diretrizes de
comportamento da escavação com a alteração dos parâmetros de escavação.

6.1. ANÁLISES 3D

Neste trabalho a exibição e análise dos resultados se deram por meio de gráficos 2D dos valores dos
parâmetros obtidos pela distância ao longo de seções de análise. O porquê disto se deve à
complexidade de análise de resultados 3D, onde os valores de resultados em um conjunto de pontos
tridimensional requerem métodos de exibição destes valores em gráficos também tridimensionais,
que no caso do software CESAR-LCPC podem ser obtidos pelo traçado de isolinhas de valores de
um determinado parâmetro.

Como já foi descrito, o método dos elementos finitos é um método aproximado que faz uso de
várias ferramentas de solução numérica para a resolução de problemas complexos. Sob esta
condição um modelo 3D com milhares de nós e vários elementos está sujeito a dificuldades de
ajuste ideal da malha de elementos. Sendo assim, é possível que ocorram alguns elementos
deformados ou com alguma falha que gere valores irreais e muito superiores naquele ponto. Isto não
é um problema se ocorrer fora da zona de análise principal e em uma região limitada e isolada da
malha.

Entretanto em uma avaliação 3D dos resultados por isolinhas de valores estas ocorrências se tornam
particularmente prejudiciais à visualização dos resultados. Como será observado o programa tende á
classificar os valores dos resultados entre um limite inferior e um limite superior com dez
subdivisões de mesma amplitude. A amplitude dos valores dentre cada sub-intervalo é normalizada
pelo valor daquele intervalo que será representado por uma determinada cor na escala do desenho.
No caso citado de uma concentração de tensões muito elevada isto pode gerar uma diferença entre
os limites inferior e superior que acarrete em sub-intervalos com amplitude muito grande, tão
grande a ponto de normalizar todos os resultados da região de interesse por um só grupo de valores,
o que não permitiria a visualização dos resultados daquela região sob a precisão desejada.

Para exemplificar este tipo de comparação serão analisados os dois casos mais extremos analisados
com litologia horizontal:
1. Escavação plena e avanços de 8 m

121
2. Escavação parcializada em 180º e avanços de 2 m
Pode-se assim visualizar o impacto geral da parcialização da escavação nos resultados obtidos.

6.1.1. RECALQUE VERTICAL

A primeira comparação avaliada refere-se aos recalques verticais ocorridos ao final da escavação
dos 40 m do poço, onde os valores positivos representam elevação e os negativos representam
recalque. Serão desconsiderados os valores positivos na base do poço, que serão compensados
construtivamente até que se atinja uma cota de projeto de 40 m. Com isso pode-se avaliar
pontualmente os recalques máximos, de 2,45 mm para a seção mais parcializada e de 108 mm para
a seção menos parcializada. É evidente o quão mais representativa é a mudança no estado de
tensões, que gera deslocamentos mais acentuados, em uma escavação cujas etapas retiram uma
maior massa de solo por vez.

Entretanto a análise 3D permite não só avaliar os valores pontuais mais, como maior benefício de
sua análise, uma visualização do perfil destes resultados em relação ao maciço como um todo.
Sendo assim vê-se como a concentração de recalques na seção menos parcializada é muito maior do
que na seção mais parcializada, na qual também ocorre concentração de recalques na superfície da
escavação, mais de maneira substancialmente menos pronunciada. Todos estes resultados estão na
Figura 6.1.

Figura 6.1 – 180.2M e 360.8M 3D – Recalque vertical

122
6.1.2. DESLOCAMENTO NA DIREÇÃO X

Já em análise dos deslocamentos na direção X a diferença é basicamente a mesma, a seção de maior


avanço sequencial tende a gerar uma concentração de deslocamentos na superfície, o que na seção
de menor avanço se dá de forma mais distribuída ao longo da seção, exibindo mais de um ponto de
concentração. Por análise dos valores máximos obteve-se 5,8 mm para a seção mais parcializada e
78,5 mm para a seção menos parcializada. Os resultados estão apresentados na Figura 6.2.

Figura 6.2 – 180.2M e 360.8M 3D – Deslocamento em X

6.1.3. NORMA DO VETOR DE DESLOCAMENTOS

Como combinação das duas análises anteriores tem-se a possibilidade de avaliar o deslocamento
total da escavação, avaliada pelo módulo do vetor de deslocamentos, ou seja, o comprimento deste
vetor, independente de sua direção. A análise revela, como já havia sido discutido, o potencial de
distribuição dos deslocamentos advindo da parcialização da escavação, em contraste com a alta
concentração local destes deslocamentos quando do menor nível de parcialização. Estes resultados
estão dispostos na Figura 6.3.

123
Figura 6.3 – 180.2M e 360.8M 3D– Norma do vetor de deslocamentos

6.1.4. NORMA DO DESLOCAMENTO PLÁSTICO

Em conclusão, as análises por isolinhas de deslocamento têm-se o módulo do vetor de


deslocamentos plásticos, ou seja, os deslocamentos causados por níveis de tensão correspondentes
ao máximo de resistência do material, em outras palavras, o deslocamento ocorrido após o material
ter disponibilizado toda a sua resistência e, pelo modelo de Mohr-Coulomb utilizado, ter sofrido
plastificação perfeita (sem endurecimento ou amolecimento).

Os perfis revelam que a parcialização da escavação não só distribui mais uniformemente as


deformações pela seção, quanto que as deformações plásticas, diretamente associadas aos níveis de
tensões correspondentes às máximas resistências dos materiais, são menores. Os resultados estão na
Figura 6.4.

Figura 6.4 – 180.2M e 360.8M 3D– Norma do vetor de deslocamentos plásticos


124
6.1.5. TENSÃO PRINCIPAL MAIOR

Já em uma análise de tensões vê-se que o nível de tensões final da seção escavada é praticamente o
mesmo entre as seções de maior e menor parcialização. Os resultados estão na Figura 6.5.

Figura 6.5 – 180.2M e 360.8M 3D– Tensão principal maior

Então se pode ressaltar o porquê dos níveis de deformação serem tão diferentes entre os dois
modelos enquanto as tensões finais são praticamente iguais. Isto será melhor avaliado quando da
análise da concentração de tensões nos modelos com parcialização radial de 180º, todavia vale
ressaltar que este fenômeno está diretamente ligado à trajetória de tensões da região escavada
quando dos avanços da escavação. Partindo de um mesmo estado de tensão e sofrendo um certo
acréscimo total, um ponto que sofra este acréscimo em incrementos distintos que somados resultem
neste acréscimo total pode ter um comportamento diferente de um ponto que sofra este acréscimo
em uma só etapa. Isto se dá pois um conjunto de incrementos pode seguir uma trajetória que não
intercepte a envoltória de resistência, enquanto outro conjunto de incrementos pode seguir uma
trajetória contrária, mesmo que os pontos inicial e final destas trajetórias sejam os mesmo.

6.1.6. TENSÃO PRINCIPAL MAIOR NO REVESTIMENTO

Já uma análise das tensões no revestimento, que pelo modelo adotado, é ativado após 100% dos
deslocamentos daquela seção de escavação terem ocorrido pelo alívio de tensões da escavação,
revela um comportamento distinto entre as duas seções. Os resultados estão na Figura 6.6.

125
Figura 6.6 – 180.2M e 360.8M 3D– Tensão principal maior no revestimento

Observa-se que a seção com maior parcialização, e como já citado, menor deformação, apresenta
um estado de tensões mais elevado, tanto de compressão (-) quando de tração (+). Isto pode ser
entendido pela possibilidade de arqueamento de tensões para o maciço. Na seção parcializada a
primeira seção escavada está confinada pelo material que ainda não foi escavado, isto permite que
esta seção descarregue tensão para este material e apresente um menor relaxamento de tensões até a
aplicação do concreto projetado. Quando da aplicação do concreto projetado e subsequente
escavação do material confinante, as tensões que estavam no material escavado são transferidas
para o concreto projetado, liberando estas tensões e realocando no concreto.

Já a seção de escavação plena não possui este mecanismo de arqueamento, quando da aplicação do
concreto projetado todas as tensões já foram transferidas ao seu estado final de equilíbrio pela
redistribuição de tensões em anel fechado.

6.1.7. VETORES DE DESLOCAMENTO

Uma análise de deslocamentos da escavação que não por meio de isolinhas de resultados é a
visualização dos vetores espaciais de deslocamento. Esta visualização está na Figura 6.7.

126
Figura 6.7 – 180.2M e 360.8M 3D– Vetores de deslocamento

Os resultados revelam um comportamento semelhante ao avaliado no Item 6.1.3. Enquanto o


modelo menos parcializado apresenta uma acentuada concentração de deslocamentos na região
mais superficial da escavação o modelo mais parcializado apresenta uma distribuição mais uniforme
destes deslocamentos ao longo da seção escavada.

6.2. LITOLOGIA HORIZONTAL

A análise comparativa dos seis modelos avaliados com litologia horizontal pretende possibilitar
uma análise direta das influências das parcializações radiais e verticais em resultados chave como
deslocamentos verticais, convergências, tensões principais e coeficientes de empuxo horizontais.

6.2.1. RECALQUES SUPERFICIAIS

Neste tópico foi analisado como a parcialização das seções influencia nos recalques superficiais
ocorridos ao final da escavação completa do poço. O gráfico exposto na Figura 6.8 exibe os valores
de recalque vertical ao final da escavação dos 40 m do poço dos seis modelos analisados.

127
Deslocamento Vertical - HS1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
0

-20 360.2m
360.4m
Recalque (mm)

-40
360.8m
-60
180.2m
-80 180.4m

-100 180.8m

-120
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.8 – Deslocamento vertical por HS1

É evidente que a diferença entre modelos com variação de avanço vertical (8, 4 e 2 m) é muito
maior do que entre modelos com o mesmo avanço vertical e variação da parcialização radial (360 e
180º). Em termos gerais quanto maior o volume de solo retirado em uma fase de escavação, maiores
os recalques causados. A ordem de grandeza destes valores pode ser avaliada entre os conjuntos de
gráficos com o mesmo avanço vertical, cerca de 4 mm para o avanço de 2 m, 32 mm para o avanço
de 4 m e 108 mm para o avanço de 8 m. A evolução dos valores não é uma relação linear com a
grandeza dos avanços de escavação. Este estudo não busca traçar uma relação deste tipo, e sim
avaliar os modos de comportamento de uma escavação vertical circular e os principais fatores que
influenciam o estado final da escavação.

Se se pretende avaliar a diferença nos recalques finais de seções com o mesmo avanço vertical mais
com parcialização radial diferente é conveniente que se isolem estes dois gráficos para que a escala
de exibição possibilite a visualização destas diferenças. Isto pode ser visto na Figura 6.9 e Figura
6.10. O gráfico com o avanço de 8 m não foi novamente plotado, pois sua escala seria a mesma da
Figura 6.8 já mostrada.

128
Deslocamento Vertical - HS1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
1,0
0,5
0,0
-0,5
Recalque (mm)

-1,0 360.2m
-1,5
180.2m
-2,0
-2,5
-3,0
-3,5
-4,0
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.9 – 180,360.2M – Deslocamento vertical por HS1

Deslocamento Vertical - HS1


0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
1
-4
-9
Recalque (mm)

-14
360.4m
-19
180.4m
-24
-29
-34
-39
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.10 – 180,360.4M – Deslocamento vertical por HS1

Observa-se que de fato ocorrem diferenças entre os modelos com parcialização de 360 e 180º. Pela
lógica já apresentada do volume de solo retirado por avanço de escavação, a seção com
parcialização de 180º provoca menos recalque do que as seções de escavação plena. Entretanto esta
diferença tende a ser mais pronunciada quando menores forem os avanços de escavação vertical.
Em termos de porcentagem observa-se que para o avanço de 2 m, os recalques da seção parcializada
foram 30% menores do que os de escavação plena, e este valor se reduz para 15% e 3% para os
avanços de 4 e 8 m, respectivamente. Sendo assim deve-se avaliar se, para os avanços verticais de

129
escavação previstos, a parcialização radial de fato será de alguma valia que não pela logística
construtiva.

6.2.2. CONVERGÊNCIA

Neste tópico foi analisado como a parcialização das seções influencia nos deslocamentos de
convergência da seção escavada, ao longo da profundidade, ocorridos ao final da escavação
completa do poço. O gráfico exposto na Figura 6.11 exibe os valores de convergência ao final da
escavação dos 40 m do poço dos seis modelos analisados.

Convergência - V1 Convergência - V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
0 20 40 60 80 0 40 80 120
0 0

5 360.2m 5 360.2m
10 360.4m 10 360.4m
Profundidade (m)

Profundidade (m)

360.8m 360.8m
15 15
180.2m 180.2m
20 20
180.4m 180.4m
25 180.8m 25 180.8m

30 30

35 35

40 40

Figura 6.11 – Convergência por V1 e V2

Novamente observa-se que a diferença entre modelos com variação de avanço vertical (8, 4 e 2 m) é
muito maior do que entre modelos com o mesmo avanço vertical e variação da parcialização radial
(360 e 180º). A ordem de grandeza destes valores de convergência pode ser avaliada entre os
conjuntos de gráficos com o mesmo avanço vertical, cerca de 5 mm para o avanço de 2 m, 12 mm
para o avanço de 4 m e 70 mm para o avanço de 8 m.

Se pretende-se avaliar a diferença na convergência de seções com o mesmo avanço vertical, mas
com parcialização radial diferente, é conveniente que se isolem estes dois gráficos para que a escala
de exibição possibilite a visualização destas diferenças. Isto pode ser visto na Figura 6.12 e Figura

130
6.13. O gráfico com o avanço de oito metros não foi novamente plotado, pois sua escala seria a
mesma da Figura 6.11 já mostrada.

Convergência - V1 Convergência - V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
0 2 4 6 0 2 4 6 8 10
0 0

5 5

10 10
Profundidade (m)

Profundidade (m)
360.2m 360.2m
15 15
180.2m 180.2m
20 20

25 25

30 30

35 35

40 40

Figura 6.12 – 180,360.2M – Convergência por V1 e V2

A análise da seção com avanços verticais de 2 m revela que, em alguns casos a parcialização radial
em mais divisões pode não ser indutora de menores deslocamentos finais. Na seção V1, seção por
onde se inicia o avanço de escavação pela seção parcializada a 180º, os deslocamentos foram muito
similares aos do modelo com avanço pleno de escavação. Já na seção V2, seção onde se completa a
abertura do vão pleno de escavação no modelo de escavação parcializada, os deslocamentos da
seção com parcialização de 180º foram superiores aos do modelo de escavação plena, em alguns
casos em até 100%. Este fenômeno se deve ao arqueamento de tensões que ocorre da seção do lado
de V2 para à seção onde já está instalado o concreto projetado, ao lado de V1. Esta trajetória de
descarregamento gera plastificação da seção V2, consequentemente maiores deslocamentos
plásticos e totais são gerados nesta seção.

131
Convergência - V1 Convergência - V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
0 0

5 5

10 10
Profundidade (m)

Profundidade (m)
360.4m 360.4m
15 15
180.4m 180.4m
20 20

25 25

30 30

35 35

40 40

Figura 6.13 – 180,360.4M – Convergência por V1 e V2

Na seção com avanços verticais de 4 m o comportamento das seções V2 e V1 foi bastante similar,
mostrando que o efeito da parcialização radial foi praticamente desprezível em relação ao efeito da
profundidade de cada avanço vertical.

6.2.3. TENSÃO PRINCIPAL MAIOR

Foram traçadas as curvas correspondentes à tensão principal maior quando da escavação aos 40 m
de profundidade, ou seja, com o poço completamente escavado. Os valores foram avaliados por
duas seções de análise HI1 e HI2, de posição já marcada anteriormente. Os gráficos estão na Figura
6.14 e Figura 6.15.

132
Tensão Principal Maior - HI1 (-40m)
1650
Tensão Principal Maior (kPa)

1550
1450
1350 360.2m
1250
360.4m
1150
1050 360.8m
950 180.2m
850
750 180.4m
650 180.8m
0 5 10 15 20 25 30
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.14 – Tensão principal maior por HI1 – Escavação aos 40m

Vê-se no gráfico pela seção HI1 (Figura 6.14) que o resultado das tensões não se apresenta muito
variável com as diferentes parcializações. A exceção dos modelos com parcialização radial de 180º
e avanços verticais de 2 e 4 m, todos os outros modelos apresentaram arqueamento de tensões para
o concreto projetado com valores máximos entre 1350 kPa para os modelos com avanços verticais
de 2 m e 1650 kPa para os modelos com avanços verticais de 4 m. Este resultado demonstra que o
efeito das parcializações se dá majoritariamente nos deslocamentos finais, e as tensões resultantes
tendem a se equilibrar em um resultado final praticamente homogêneo entre os diversos modelos.

Pelo gráfico pela seção HI2 (Figura 6.15) observa-se que o comportamento foi semelhante, desta
vez com exceção somente do modelo com parcialização radial de 180º e avanço vertical de 2 m.
Entre os modelos com comportamento similar o resultado final da tensão máxima também variou
entre 1350 kPa para modelos com avanços verticais de 2 m e 1650 kPa para os modelos com
avanços verticais de 8 m.

133
Tensão Principal Maior - HI2 (-40m)
1650
Tensão Principal Maior (kPa)

1550
1450
1350 360.2m
1250
360.4m
1150
1050 360.8m
950 180.2m
850
750 180.4m
650 180.8m
0 5 10 15 20 25 30
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.15 – Tensão principal maior por HI2 – Escavação aos 40m

Com o intuito de analisar os alívios de tensão gerados pela escavação, antes da instalação e
arqueamento de tensões para o concreto projetado, foi avaliada a tensão principal maior pelas
seções HI1 e HI2 quando da escavação na cota -32 m. Os gráficos estão na Figura 6.16 e Figura
6.17.

Tensão Principal Maior - HI1 (-32m)


800
Tensão Principal Maior (kPa)

780
760
740 360.2m
720 360.4m
700
360.8m
680
180.2m
660
640 180.4m
620 180.8m
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.16 – Tensão principal maior por HI1 – Escavação aos 32m

Vê-se novamente que a parcialização da escavação não têm um efeito significativo nas tensões
resultantes da escavação. Os resultados variaram entre 640 e 660 kPa, o que representa um alívio de
18% em relação as tensões antes da escavação.

134
Tensão Principal Maior - HI2 (-32m)
800
Tensão Principal Maior (kPa)

780
760
740 360.2m
720 360.4m
700
360.8m
680
180.2m
660
640 180.4m
620 180.8m
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.17 – Tensão principal maior por HI2 – Escavação aos 32m

Os resultados da seção HI2 revelam um comportamento muito semelhante ao da seção HI1, as


tensões variaram entre 640 e 660 kPa e tiveram um perfil homogêneo entre os diversos modelos
avaliados.

6.2.4. TENSÃO PRINCIPAL MENOR

Também foi avaliado o comportamento da tensão principal menor resultante ao final da escavação
(cota -40 m) dos diversos modelos avaliados. O perfil geral não se apresentou tão homogêneo
quando o da tensão principal maior. As curvas agruparam-se principalmente entre os dois modelos
de mesmo avanço vertical, demonstrando mais uma vez a maior importância desta parcialização em
comparação à parcialização radial.

135
Tensão Principal Menor - HI1
380
Tensão Principal Menor (kPa)

360
340
1802M
320
1804M
300
280 1808M

260 3602M
240 3604M
220 3608M
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.18 – Tensão principal menor por HI1

Como se vê pela Figura 6.18 pela seção HI1 houve aumento da tensão principal maior, em relação à
tensão antes da escavação, entre até 5 m da parede do poço. Entre 5 e 35 m houve uma redução
desta tensão em relação à tensão antes da escavação do poço, normalizando-se acima de 35 m de
distância da parede do poço.

Os valores máximos da tensão principal menor foram tão maiores quanto maior era o avanço
vertical do modelo, apresentando grande variação entre os modelos com avanço de 2 m e os
modelos com avanço de 4 e 8 m.

Pela seção HI2 o perfil de resultados também não foi homogêneo como o da tensão principal maior.
Entretanto os resultados agruparam-se não entre modelos de mesmo parcialização vertical, mas
entre modelos de mesma parcialização radial. Enquanto os modelos de avanço pleno tiveram
incremento da tensão principal menor em relação à tensão antes da escavação, os modelos de seção
parcializada tiveram redução desta tensão em relação à tensão antes da escavação. Os resultados
desta seção estão na Figura 6.19.

136
Tensão Principal Menor - HI2
380
Tensão Principal Menor (kPa)

330

280 1802M
1804M
230
1808M
180
3602M
130 3604M
80 3608M
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.19 – Tensão principal menor por HI2

O comportamento entre cada grupo de modelos também foi antagônico. Enquanto nos modelos de
seção plena, que sofreram acréscimo de tensão, o acréscimo é tão maior quanto maior o avanço
vertical de escavação, nos modelos de seção parcializada o alívio de tensões é tão maior quanto
menor é o avanço vertical de escavação.

6.2.5. TENSÃO HORIZONTAL

Em relação às tensões horizontais foi avaliada sua concordância com as envoltórias e empuxo ativo
e passivo pela teoria de Rankine onde o empuxo é definido por:

𝜎ℎ 𝑎,𝑝 = 𝜎3 . 𝑘𝑎,𝑝 ± 2. 𝑐. 𝑘𝑎,𝑝 (6.1)

Onde:
𝜎ℎ 𝑎,𝑝 Tensão horizontal ativa, passiva

𝑘𝑎,𝑝 Coeficiente de empuxo ativo, passivo


c Coesão

O coeficiente de empuxo passivo foi calculado pela expressão:

1+𝑠𝑒𝑛 (𝜙 )
𝑘𝑝 = (6.2)
1−𝑠𝑒𝑛 (𝜙 )

137
Lembrando que pela própria definição da teoria de Rankine o coeficiente de empuxo ativo é o
inverso do coeficiente de empuxo passivo. Com isso os valores dos coeficientes de empuxo em
repouso (k0), ativo (ka) e passivo (kp) foram calculados e estão dispostos ao longo da profundidade
na Figura 6.20 juntamente com a seção de análise considerada.

Coeficientes de Empuxo
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
0
5
10
Profundidade (m)

Ka
15
Kp
20
K0
25
30
35
40

Figura 6.20 – Seção de análise e coeficientes de empuxo

Sendo assim foi avaliada a distribuição das tensões principais maior e menor ao longo da
profundidade em duas fases do modelo de avanço de 4 m e parcialização de 360º, antes da
escavação e ao final da escavação. O resultado antes da escavação está na Figura 6.21.

Tensões ao Longo da Profundidade (0m)


-250 250 750 1250 1750 2250
0
5
10 Sh - Kp
Profundidade (m)

15 Sh - Ka
20 S1

25 S3

30
35
40

Figura 6.21 – Tensões ao longo da profundidade antes da escavação

138
Vê-se que as tensões principais maior e menor estão dentro das envoltórias da teoria de Rankine.
Ao final da escavação vê-se um comportamento bem menos homogêneo, como pode-se visualizar
na Figura 6.22.

Tensões ao Longo da Profundidade (-40m)


-250 250 750 1250 1750 2250
0
5
10 Sh - Kp
Profundidade (m)

15 S1
20 S3

25 Sh - Ka

30
35
40

Figura 6.22 – Tensões ao longo da profundidade o final da escavação

Ao final da escavação a distribuição das envoltórias ativa e passiva é muito mais variável,
consequência da dependência das mesmas com a tensão principal menor. As tensões principais
maior e menor ainda encontram-se dentro das envoltórias, entretanto, em alguns pontos ocorre uma
proximidade bastante acentuada entre o estado de tensões e a envoltória.

Esta análise pode ser combinada com uma avaliação dos fatores de segurança locais avaliados pela
tensão desvio local e a envoltória de Mohr-Couloumb em termos de tensão principal e tensão
desvio. Este resultado está disposto na Figura 6.23.

139
Tensões ao Longo da Profundidade Fslocal
-250 250 750 1250 1750 2250 1 3 5 7
0 0

5 5

10 10
Profundidade (m)

15 15

20 20

25 25

30 30

35 35

40 40

Sh - Kp S1 S3 Sh - Ka Fslocal

Figura 6.23 – Tensão e fator de segurança local ao longo da profundidade

Vê-se que os pontos mais significativos representam uma tendência à ruptura pela envoltória
passiva, com baixo fator de segurança notadamente ás profundidades de: 27, 30 e 38 m.

6.2.6. COEFICIENTE DE EMPUXO HORIZONTAL

Outra análise em termo de tensões consiste nas curvas dos coeficientes de empuxo horizontais, que
relacionam as tensões horizontais (direções x e y) com a tensão vertical (direção z). Este parâmetro
é utilizado no pré-dimensionamento de túneis. Os resultados expressos na Figura 6.24 e na Figura
Figura 6.25 mostram os coeficientes de empuxo nas direções x e y quando da escavação total do
poço.

140
Coeficiente de Empuxo - x
0,550
0,525
Coeficiente de Empuxo

0,500
0,475 180.2M-x
0,450
180.4M-x
0,425
0,400 180.8M-x
0,375 360.2M-x
0,350
0,325 360.4M-x
0,300 360.8M-x
0 10 20 30 40 50 60
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.24 – Coeficiente de empuxo horizontal X

Na direção X, independente na seção de escavação plena e direção normal ao plano de simetria da


primeira seção de escavação nos modelos de parcialização radial de 180º, observa-se que a
influência da parcialização radial foi muito mais significativa do que a magnitude dos avanços
verticais. As curvas de resultados agruparam-se entre os modelos que possuem a mesma
parcialização radial.

Os modelos com avanços pleno apresentaram coeficiente de empuxo horizontal superior ao valor
antes da escavação do poço até 6 m de distância da face do poço, atingindo valores máximos na
ordem de 0,525. Entre 6 e 40 m de distância da escavação o coeficiente foi ligeiramente inferior ao
original, com valores mínimos na ordem de 0,31.

Os modelos com parcialização radial de 180º apresentaram coeficiente de empuxo horizontal


superior ao valor antes da escavação, atingindo este valor à cerca de 40 m da escavação do poço.
Estes modelos apresentaram valores máximos da ordem de 0,4, inferior aos valores máximos dos
modelos de seção plena.

141
Coeficiente de Empuxo - y
0,550
0,525
Coeficiente de Empuxo

0,500
0,475 180.2M-y
0,450
180.4M-y
0,425
0,400 180.8M-y
0,375 360.2M-y
0,350
0,325 360.4M-y
0,300 360.8M-y
0 10 20 30 40 50 60
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.25 – Coeficiente de empuxo horizontal Y

Na direção Y, independente na seção de escavação plena e direção normal ao plano de simetria da


segunda seção de escavação nos modelos de parcialização radial de 180º, vê-se finalmente que a
influência da parcialização radial foi muito mais significativa do que a magnitude dos avanços
verticais. As curvas de resultados agruparam-se entre os modelos que possuem a mesma
parcialização radial.

Os modelos com avanços pleno apresentaram coeficiente de empuxo horizontal superior ao valor
antes da escavação do poço até 5 m de distância da face do poço, atingindo valores máximos na
ordem de 0,5. Entre 5 e 40 m de distância da escavação o coeficiente foi ligeiramente inferior ao
original, com valores mínimos na ordem de 3,1.

Os modelos com parcialização radial de 180º apresentaram coeficiente de empuxo horizontal


superior ao valor antes da escavação, atingindo este valor à cerca de 40 m da escavação do poço.
Estes modelos apresentaram valores máximos da ordem de 0,4, inferior aos valores máximos dos
modelos de seção plena.

6.2.7. TRAJETÓRIAS DE TENSÕES

Em busca de uma explicação para o fenômeno observado nas seções de parcialização de 180º, onde
o maciço circundante á segunda seção de escavação apresentava plastificação mais acentuada que o
maciço ao redor da primeira seção de escavação, foram analisadas as trajetórias de tensões de dois
pontos identificados na Figura 6.26.

142
Figura 6.26 – Pontos de análise da trajetória de tensões

Os pontos avaliados foram inseridos à 1 m de profundidade e cerca de 1 m inseridos no maciço a


partir da parede da escavação. As trajetórias de tensão foram avaliadas a partir dos índices de tensão
média e tensão desvio de Cambridge, pelas expressões:

𝜎1 +𝜎2 +𝜎3
𝑝= (6.3)
3

1 2 2 2
𝑞= 𝜎1 − 𝜎2 + 𝜎2 − 𝜎3 + 𝜎3 − 𝜎1 (6.4)
2

Ao mesmo tempo foram avaliados os círculos de Mohr das seções de análise considerando as
tensões principais maior e menor. O estado de tensões inicial está representado na Figura 6.27.

143
Figura 6.27 – TT – Estado de tensões inicial

Vê-se que o estado de tensões nos dois pontos é o mesmo e encontra-se abaixo das envoltórias de
ruptura. Foram analisadas as envoltórias do modelo de parcialização radial de 180º e de avanço
vertical de 4 m, o primeiro avanço de escavação e seu respectivo estado de tensões está na Figura
6.28.

144
Figura 6.28 – TT – Estado de tensões ao primeiro avanço

Observa-se que a escavação da primeira seção gera plastificação da zona circundante á escavação,
observado no perfil de plastificação e na sobreposição da envoltória de ruptura no plano p-q. Esta
escavação também altera o estado de tensões ao redor da segunda seção de escavação,
principalmente por uma redução da tensão média. O resultado do segundo avanço de escavação está
na Figura 6.29.

Figura 6.29 – TT – Estado de tensões ao segundo avanço

145
Neste avanço de escavação o comportamento se inverte, enquanto ao redor da primeira seção de
escavação o estado de tensões se altera muito pouco, ao redor da segunda seção de escavação o
estado de tensões tende à ruptura pelo contato com a envoltória nos planos p-q e σ-τ. Já é possível
visualizar que o perfil de plastificação desta segunda seção de escavação é mais acentuado que o da
primeira seção.

A análise deste fenômeno baseada somente nos estados de tensão revela que quando da escavação
da segunda seção está já se apresenta em um estado de tensão menos favorável do que a primeira
seção quando da sua escavação. Isto se deve à alteração do estado de tensões daquela região pela
escavação da primeira seção.

Quando se observam os perfis de plastificação das seções também é possível visualizar que o
material confinante da segunda seção da escavação já se encontra plastificado quando do final da
escavação da primeira seção, ou seja, o material confinante já perdeu rigidez e permite um nível
maior de deformação a frente da segunda seção de escavação sob o estado de tensões daquela região
do que o material confinante, não plastificado, da primeira seção de escavação.

Considerando estes fenômenos entende-se a observação de que a primeira seção escavada apresenta
um perfil de plastificação reduzido em relação à segunda seção de escavação, quando de uma
escavação parcializada radialmente à 180º.

Figura 6.30 – TT – Estado de tensões ao terceiro avanço

146
Os resultados do terceiro avanço de escavação dispostos na Figura 6.30 revelam como a variação
dos estados de tensão varia a cada fase da escavação e tende a ser cada vez menor, nos pontos
superficiais escolhidos, com o aumento da profundidade da escavação. Finalmente apresenta-se o
estado final de tensões, com a trajetória de tensões de toda a escavação, os círculos de Mohr finais e
a seção de plastificação na Figura 6.31.

Figura 6.31 – TT – Estado de tensões ao final da escavação

6.3. LITOLOGIA INCLINADA

A análise comparativa dos dois modelos avaliados com litologia inclinada com os dois modelos
com litologia horizontalizada que possuem os mesmo níveis de avanços verticais pretende
possibilitar uma análise direta das influências que a inclinação da uma litologia no modelo
geomecânico, ou a sua simplificação por uma hipótese simplificadora de litologias horizontalizadas,
pode gerar em alguns resultados chave como deslocamentos verticais, convergências, tensões
principais e coeficientes de empuxo horizontais e no modo de ruptura global da estrutura, que pode
ser completamente diferente de uma estrutura de litologias horizontalizadas como apresentado no
Item 6.2.

6.3.1. DESLOCAMENTO VERTICAL

Neste tópico foi analisada a influencia da disposição litológica nos recalques superficiais ocorridos
ao final da escavação completa do poço. O gráfico exposto na Figura 6.32 exibe os valores de
recalque vertical ao final da escavação dos 40 m do poço dos quatro modelos analisados.

147
Deslocamento Vertical - Seção HS1
0

-10
Recalque (mm)

-20
INC.180
-30
INC.360
-40 HOR.180
HOR.360
-50

-60
0 15 30 45 60 75 90
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.32 – Deslocamento vertical HS1

Por esta seção HS1 avaliada percebe-se a diferença entre os dois modelos analisados, mesmo sob os
mesmo avanços verticais de escavação. Enquanto o modelo inclinado apresentou recalques na
ordem de 10 mm o modelo de litologia horizontalizada apresentou recalques na ordem de 55 mm.
Novamente a influencia da parcialização radial foi muito menor do que a da outras variáveis.

6.3.2. CONVERGÊNCIA

Neste tópico foi analisada a influencia da disposição litológica na convergência da seção de


escavação ocorrida ao final da escavação completa do poço. O gráfico exposto na Figura 6.33
Figura 6.32 exibe os valores de convergência ao final da escavação dos 40 m do poço dos quatro
modelos analisados.

148
Convergência - V1 Convergência - V2
Convergência (mm) Convergência (mm)
-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40
0 0

5 5

10 10
Profundidade (m)

Profundidade (m)
15 15

20 20

25 25

30 30

35 35

40 40

INC.360 INC.180 INC.360 INC.180


HOR.360 HOR.180 HOR.360 HOR.180

Figura 6.33 – Convergência V1 e V2

Novamente é possível avaliar como o modo de deslocamento da seção escavada é completamente


diferente com a variação da disposição litológica, enquanto a seção V1 apresenta fechamento da
seção para os dois tipos de modelos, a seção V2 apresenta fechamento somente nos modelos de
litologia horizontalizada enquanto os modelos inclinados apresentam variação em torno da
convergência nula.

6.3.3. TENSÃO PRINCIPAL MAIOR

A análise da tensão principal maior se deu em duas fases, uma que pretende avaliar o
comportamento de alívio de tensões causado pela escavação, antes da ativação do concreto
projetado que gera arqueamento e concentração de tensões na parede de escavação. O primeiro
grupo de curvas está nas Figura 6.34, Figura 6.35 e Figura 6.36. Em cada gráfico estão dispostas
seis curvas, três para o modelo de litologia inclinada e três para o modelo de litologia
horizontalizada. Dentre cada modelo temos a curva da tensão principal maior antes da escavação e
duas curvas que representam a tensão principal maior ao final de 29 m de escavação em modelos de
avanço pleno e de seção parcializada.

149
Tensão Principal Maior (-29m) - HI1
800
Tensão Principal Maior (kPa)

780
760
740 INC
720
INC.180
700
680 INC.360
660 HOR
640
620 HOR.180
600 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.34 – Tensão principal maior HI1 aos 29 m de escavação

Pela Figura 6.34 observa-se que na seção HI1, nos dois tipos de modelos houve um significativo
alívio de tensões até 30 m da parede do poço. No modelo de litologia horizontalizada este alívio
chegou a 16%, enquanto no modelo de litologia inclinada o alívio foi de 24%. De forma geral o
modelo de litologia horizontalizada apresentou um estado de tensões mais intenso que o de litologia
inclinada.

Já na Figura 6.35 observa-se o oposto, o estado de tensões do modelo de litologia inclinada é mais
intenso que o de litologia horizontalizada. Em termos de alívio de tensões o horizontalizado
apresentou alívio de 18% enquanto o inclinado apresentou alívio de 12%, comportamento também
antagônico ao da seção HI1, onde o modelo de litologia inclinada apresentou alívio de tensões
percentual superior ao modelo de litologia horizontalizada.

150
Tensão Principal Maior (-29m) - HI2
950
Tensão Principal Maior (kPa)

900

850 INC
INC.180
800
INC.360
750
HOR
700 HOR.180
650 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.35 – Tensão principal maior HI2 aos 29 m de escavação

Na Figura 6.36 que avalia a tensão principal maior na seção HI3, as tensões antes da escavação são
praticamente iguais. O alívio, entretanto foi um pouco diferente, enquanto o modelo de litologia
inclinada apresentou 14% de alívio, o horizontalizado apresentou 17%.

Tensão Principal Maior (-29m) - HI3


820
Tensão Principal Maior (kPa)

800
780
INC
760
INC.180
740
720 INC.360

700 HOR
680 HOR.180
660 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.36 – Tensão principal maior HI3 aos 29 m de escavação

O que este ponto demonstra é que o comportamento da escavação em termos de alívio de tensões é
muito semelhante, entretanto a tensão geostática original do maciço que é escavado é
significativamente diferente, tanto quantitativamente quanto qualitativamente ao longo das seções
analisadas.

151
Outra análise da tensão principal maior envolve o cômputo desta tensão ao final da escavação, onde
ocorre arqueamento de tensões para o concreto projetado da seção. Estes resultados foram avaliados
pelas seções HI1, HI2 e HI3, e estão dispostos na Figura 6.37, Figura 6.38 e Figura 6.39.

Tensão Principal Maior (-40m) - HI1


1500
Tensão Principal Maior (kPa)

1400
1300
1200 INC
1100
INC.180
1000
900 INC.360
800 HOR
700
600 HOR.180
500 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.37 – Tensão principal maior HI1 aos 40 m de escavação

Pela seção HI1 (Figura 6.37) observa-se que todos os modelos apresentaram comportamento
diferente. O modelo horizontalizado parcializado apresentou o maior arqueamento de tensões com
valor máximo na ordem de 1500 kPa, já o de seção plena também apresentou arqueamento, porém
com valor máximo 1080 kPa, bem menor que o modelo com seção parcializada. Entre os modelos
com litologia inclinada o comportamento foi também qualitativamente distinto, enquanto o modelo
com seção plena apresentou arqueamento até 1080 kPa, e o modelo com seção parcializada não
apresentou recalque, permanecendo sob a tendência de alívio de tensões até cerca de 550 kPa.

Pela seção HI2 (Figura 6.38), o modelo com litologia inclinada e seção parcializada novamente não
apresentou arqueamento de tensões, apresentando alívio de tensões até cerca de 800 kPa. Os outros
modelos todos apresentaram arqueamento, os horizontalizados apresentaram os mesmos valores da
seção HI1 enquanto o modelo de litologia inclinada apresentou arqueamento até o valor máximo de
1200 kPa.

152
Tensão Principal Maior (-40m) - HI2
1550
Tensão Principal Maior (kPa)

1450
1350
INC
1250
INC.180
1150
1050 INC.360

950 HOR
850 HOR.180
750 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.38 – Tensão principal maior HI2 aos 40 m de escavação

A seção HI3 (Figura 6.39) apresenta o mesmo perfil qualitativo das seções anteriores. Os modelos
horizontalizados continuam constantes enquanto os de litologia inclinada apresentam alívio até 700
kPa, para o modelo de seção parcializada, e arqueamento até 1080 kPa para o modelo de seção
plena.

Tensão Principal Maior (-40m) - HI3


1500
Tensão Principal Maior (kPa)

1400
1300
INC
1200
INC.180
1100
1000 INC.360

900 HOR
800 HOR.180
700 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.39 – Tensão principal maior HI3 aos 40 m de escavação

6.3.4. TENSÃO PRINCIPAL MENOR

A análise da tensão principal menor se deu de forma semelhante à tensão principal maior. O
primeiro grupo de curvas está na Figura 6.40, Figura 6.41 e Figura 6.42.

153
Tensão Principal Menor (-29m) - HI1
300
Tensão Principal Menor (kPa)

280
260 INC
240 INC.180
220 INC.360
200 HOR
180 HOR.180
160 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.40 – Tensão principal menor HI1 aos 29 m de escavação

Pela Figura 6.40 observa-se que na seção HI1, nos modelos de litologia horizontal, houve alteração
do estado de tensões até 50 m da parede do poço, nos modelos de litologia inclinada as alterações
tornam-se insignificantes a partir dos 15 m da parede do poço. No modelo de litologia
horizontalizada o alívio de tensões chegou a 17%, enquanto no modelo de litologia inclinada o
alívio foi de 16%.

Já na Figura 6.41 observa-se que o alívio de tensões do modelo horizontalizado pela seção HI2 foi
de 17% enquanto o inclinado apresentou alívio de 23%.

Finalmente na Figura 6.42, que avalia a tensão principal maior na seção HI3, o alívio pelo modelo
de litologia inclinada foi de 8% enquanto o horizontalizado apresentou 17%.

154
Tensão Principal Menor (-29m) - HI2
320
Tensão Principal Menor (kPa)

310
300
290
INC
280
270 INC.180
260
INC.360
250
240 HOR
230
HOR.180
220
210 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.41 – Tensão principal menor HI2 aos 29 m de escavação

Tensão Principal Menor (-29m) - HI3


300
Tensão Principal Menor (kPa)

290
280
270 INC
260 INC.180
250
INC.360
240
HOR
230
220 HOR.180
210 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.42 – Tensão principal menor HI3 aos 29 m de escavação

O que este ponto demonstra é que o comportamento da escavação em termos de alívio de tensões é
muito semelhante, entretanto a tensão geostática original do maciço que é escavado é
significativamente diferente, tanto quantitativamente quanto qualitativamente ao longo das seções
analisadas.

Outra análise da tensão principal maior envolve o cômputo desta tensão ao final da escavação, onde
ocorre arqueamento de tensões para o concreto projetado da seção. Estes resultados foram avaliados
pelas seções HI1, HI2 e HI3, e estão dispostos na Figura 6.43, Figura 6.44 e Figura 6.45.

155
Tensão Principal Menor (-40m) - HI1
360
345
Tensão Principal Menor (kPa)

330
315
300 INC
285
270 INC.180
255
240 INC.360
225
210 HOR
195
180 HOR.180
165
150 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.43 – Tensão principal menor HI1 aos 40 m de escavação

Pela seção HI1 (Figura 6.43) observa-se que todos os modelos agruparam-se qualitativamente entre
os de litologia horizontalizada e os de litologia inclinada. Os modelos de litologia horizontalizada
apresentaram arqueamento de tensões com valor máximo na ordem de 340 kPa. Já os modelos de
litologia inclinada não apresentaram arqueamento e permaneceram na tendência de alívio até cerca
de 165 kPa.

O mesmo ocorreu pela seção HI2 (Figura 6.44), os modelos de litologia horizontalizada
apresentaram arqueamento até valor máximo de 340 kPa enquanto os modelos de litologia inclinada
apresentaram alívio de tensões até 165 kPa

Finalmente na seção HI3 (Figura 6.45) somente um dos modelos apresentou arqueamento, o modelo
horizontalizado de escavação plena, até valor máximo de 360 kPa. Os outros modelos apresentaram
alívio de tensões até 110 kPa para o modelo horizontalizado e até 200 kPa para o modelo inclinado.

156
Tensão Principal Menor (-40m) - HI2
360
Tensão Principal Menor (kPa)

340
320
300 INC
280
INC.180
260
240 INC.360
220 HOR
200
180 HOR.180
160 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.44 – Tensão principal menor HI2 aos 40 m de escavação

Tensão Principal Menor (-40m) - HI3


375
Tensão Principal Menor (kPa)

350
325
300
INC
275
250 INC.180
225
INC.360
200
175 HOR
150
HOR.180
125
100 HOR.360
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.45 – Tensão principal menor HI3 aos 40 m de escavação

6.3.5. COEFICIENTES DE EMPUXO HORIZONTAL

Em última análise do comportamento das tensões entre modelos de litologia inclinada e modelos de
litologia horizontalizada, foram avaliados os coeficientes de empuxo horizontal nas direções x e y
pelas seções HI1, HI2 e HI3. Os resultados estão dispostos na Figura 6.46, Figura 6.47 e Figura
6.48.

157
Coeficientes de Empuxo Horizontal - HI1
0,60
0,55
Coeficiente de Empuxo

0,50
0,45
INC-X
0,40
0,35 INC-Y

0,30 HOR-X
0,25 HOR-Y
0,20
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.46 – Coeficiente de empuxo horizontal HI1

Pela seção HI1 (Figura 6.46) observa-se que a diferença entre os coeficientes nas direções X e Y é
bem superior no modelo de litologia inclinada do que no modelo horizontalizado, assim como o
valor máximo do coeficiente de empuxo. Enquanto o modelo de litologia inclinada apresenta
coeficiente de empuxo máximo no valor de 0,6 o modelo de litologia horizontalizada apresenta
valor máximo de 0,48, sendo que o inclinado apresenta este pico na direção X enquanto o horizontal
o faz na direção Y.

Outro ponto marcante é o comportamento do coeficiente na medida em que a seção se afasta da


escavação, enquanto o modelo horizontalizado tende a igualar os coeficientes de empuxo horizontal
em torno de 0,33 o modelo inclinado mantem valores distintos entre as direções X e Y,
respectivamente em 0,41 e 0,35.

158
Coeficientes de Empuxo Horizontal - HI2
0,60
0,55
Coeficiente de Empuxo

0,50
0,45
INC-X
0,40
0,35 INC-Y

0,30 HOR-X
0,25 HOR-Y
0,20
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.47 – Coeficiente de empuxo horizontal HI2

Pela seção HI2 (Figura 6.47) o perfil de valores dos coeficientes de empuxo apresenta-se um pouco
mais uniforme, porém com as mesmas diferenças da seção HI1. O valor máximo encontrado é do
modelo inclinado e enquanto o modelo horizontalizado tende a igualar os coeficientes a medida em
que a seção se afasta da escavação o modelo inclinado mantem valores distintos entre as duas
direções, 0,40 na direção X e 0,38 na direção Y.

Coeficientes de Empuxo Horizontal - HI3


0,60
0,55
Coeficiente de Empuxo

0,50
0,45
INC-X
0,40
0,35 INC-Y

0,30 HOR-X
0,25 HOR-Y
0,20
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância da Parede do Poço (m)

Figura 6.48 – Coeficiente de empuxo horizontal HI3

159
A seção HI3 (Figura 6.48) também apresenta o mesmo perfil de comportamento, a única grande
diferença é que o valor máximo dos coeficientes, que se apresenta no modelo inclinado, não é na
direção X como nas outras seções e sim na direção Y.

6.3.6. TENSÕES NA ESTRUTURA DE SUPORTE

Nesta seção serão avaliadas as tensões resultantes na estrutura de suporte dos modelos
horizontalizado e inclinado. Estas tensões foram avaliadas em termos das tensões principais maior
e menor. As isolinhas da tensão principal maior estão dispostas na Figura 6.49.

Figura 6.49 – Tensão principal maior no revestimento

Lembrando novamente que a convenção mecânica utilizada prevê valores negativos para
compressão e positivos para tração, sendo assim observa-se que na faixa de compressão temos cerca
de 265 MPa de tensão no modelo horizontalizado numa região mais superficial do suporte enquanto
o modelo inclinado apresenta apenas 6 MPa de tensão de forma distribuída pelo suporte, com
exceção de um ponto de concentração que chega a 92 MPa que foi interpretado como uma falha
numérica nesta região da malha de elementos finitos.

160
Já na faixa de tração tem-se que o modelo horizontalizado apresenta tensão de 64 MPa de forma
distribuída pelo suporte enquanto o modelo inclinado apresenta tensão de 170MPa, porém somente
na mesma zona de concentração interpretada como uma falha numérica, sendo assim avalia-se que
o modelo inclinado não apresenta tração.

Os resultados da tensão principal menor estão na Figura 6.50.

Figura 6.50 – Tensão principal menor no revestimento

Os resultados da tensão principal menor revelam-se consideravelmente mais uniformes do que os da


tensão principal maior. O modelo horizontalizado apresenta uma tensão de compressão na faixa de
90 kPa enquanto o modelo inclinado apresenta tensão de tração na faixa de 300 kPa.

A explicação dos resultados pode ser aliada aos resultados já apresentados para o modelo de
litologias inclinadas, enquanto no modelo horizontalizado as tensões tendem a se distribuir de forma
igualitária pela seção de escavação, gerando um avanço de arqueamentos que vai sendo rompido e
transferido para a estrutura de suporte, no modelo inclinado isto não se apresenta. A disposição
litológica inclinada dificulta o arqueamento de tensões progressivo e uniforme, aliviando
praticamente todas as tensões do maciço diretamente na escavação, transferindo pouca tensão para a

161
estrutura de suporte, porém causando um nível de deformações mais errático e complexo do que no
modelo de litologias horizontalizadas.

6.4. RIGIDEZ DA SEÇÃO INICIAL

A análise comparativa dos dois modelos avaliados, um com uma escavação convencional e outro
com a ativação de uma seção rígida antes do primeiro avanço de escavação e com as escavações
seguintes pelo método convencional, pretende discutir um comportamento exibido em todos os
modelos horizontalizados, em que grande parte dos recalques totais da escavação ocorria quando
dos primeiros avanços de escavação.

Esta análise pretendeu avaliar se uma possível solução para o combate de grande parte dos
recalques superficiais não poderia ser um reforço somente da camada mais superficial, logo na
seção de escavação, e que com o avanço das escavações com subsequente aplicação de concreto
projetado, isso poderia ser entendido como um reforço das seções imediatamente anteriores à
próxima escavação, e com isso a seção estaria sempre pré-reforçada e tenderia à menores recalques
ao final da escavação.

Deslocamentos Verticais - HS1


Distância da Parede do Poço (m)
0 15 30 45 60 75 90

-5
Recalques (mm)

-10

-15

-20

-25

-30

Figura 6.51 – Deslocamento vertical HS1

Observa-se pela Figura 6.51 que a solução proposta, com o reforço somente do primeiro avanço de
escavação e em seguida uma sequencia normal de escavação, possibilitou uma redução de 74% dos
recalques finais da escavação.
162
Convergência
Convergência (mm)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0

5
N-V1
Profundidade (m)

10 N-V2
M-V1
15
M-V2

20

25

30

Figura 6.52 – Convergência V1 e V2

Já em análise dos deslocamentos horizontais de convergência da escavação (Figura 6.52) os


resultados dos deslocamentos máximos foram praticamente os mesmo, porém o modelo com a
seção reforçada não teve grande convergência na região do primeiro avanço de escavação.

Figura 6.53 – Seções de plastificação

Uma análise do módulo dos deslocamentos plásticos (Figura 6.53) revela que a seção com reforço
apresentou um perfil mais moderado de plastificação, porém com concentração de deformações no
meio da segunda camada de concreto projetado, aos 6 m de profundidade. Já a seção convencional

163
apresentou uma distribuição mais homogênea dos deslocamentos, entretanto sua abrangência foi
mais significativa do que os deslocamentos da seção modificada.

Estes resultados avaliam a importância da viga de borda, citada nos capítulos de revisão
bibliográfica como uma solução para homogeneização dos deslocamentos superficiais e para
reforço da seção de borda de trabalho de máquinas e equipamentos. Com estes resultados ressalta-se
a questão de que esta viga pode reduzir significativamente o perfil dos recalques superficiais
quando da escavação do poço.

164
7. CONCLUSÃO
Este projeto visou demonstrar a complexidade das estruturas de acesso a obras subterrâneas do tipo
poços de grande diâmetro. Isto foi abordado por uma avaliação de seus métodos construtivos,
métodos de cálculo e considerações de projeto. Com isso foi proposto um modelo básico de análise
que não teve o objetivo de avaliar todas as condicionantes de projeto, mais sim promover uma
análise paramétrica de alguns parâmetros construtivos e avaliar a sua influência em resultados de
tensões e deformações da estrutura e do maciço circundante. Isto foi avaliado por uma modelagem
tri dimensional em elementos finitos através do software CESAR-LCPC.

Toda a metodologia de desenvolvimento de análises mecânica no software foi discutida, assim


como os problemas encontrados, detalhes de modelagem e tempo de processamento. Este último
fator é diretamente ligado com o equipamento de processamento disponível e sua capacidade
compatível com os códigos de processamento do software, de toda forma este fator é muito
importante pela barreira ainda existente na concepção de previsões numéricas por análise tri
dimensional. Enquanto o tempo de modelagem é superior, porém não consideravelmente, a
modelagem bi dimensional, o tempo de processamento sim pode torna-se impraticável para
aplicações correntes de engenharia, como o exemplo citado de três dias de processamento para a
avaliação de um modelo.

Pela seção de escavação os principais resultados focaram-se nos deslocamentos finais da estrutura,
tanto na superfície do terreno como na convergência da escavação. Os recalques superficiais
variaram entre 4 e 108 mm pelos modelos avaliados, a influência dos avanços de escavação vertical
foi muito mais evidente do que a influência da segmentação radial da escavação. Outra observação
se deu pela ocorrência de soerguimento da superfície quando de avanços pequenos de escavação e
pelos primeiros avanços de escavação. Comportamento similar foi observado quando da análise da
convergência da escavação pela profundidade do poço, os valores variaram entre 5 e 70 mm pelos
modelos avaliados, novamente a influência do avanço vertical foi muito mais pronunciada e houve
uma leve tendência a abertura da escavação em alguns modelos.

Quando da análise em litologias inclinadas houve uma grande variação dos resultados, a
movimentação do maciço não opera simplesmente pelo recalque e fechamento da escavação, a
diferença litológica e consequentemente de resistência dos materiais confinantes pela seção
transversal do poço cria um movimento diferencial, na tendência de movimento para os materiais
menos resistentes.

165
Outra grande análise avaliou os efeitos da escavação do poço no maciço circundante, e
consequentemente sua influência em qualquer estrutura que venha a ser construída neste maciço,
por exemplo, um túnel. Esta análise focou-se na distribuição de tensões pelo maciço escavado e o
que foi observado é que, de forma geral, a sequencia de escavação, vertical ou radial, influencia
muito pouco na distribuição final de tensões e que todos os resultados apresentavam grande
influência da escavação até 1,5 diâmetros da face escavada, tornando esta região crítica para
qualquer análise de estruturas a serem instaladas nesta região, por exemplo, túneis que terão seu
emboque realizado pelo poço.

Por fim, com base nos resultados obtidos das avaliações anteriores, foram avaliadas as
consequências do enrijecimento da seção superior de escavação antes da abertura do poço. Um
resultado de recalque superficial 74% menor possibilitou a consideração de que, em casos críticos
de restrições a estruturas lindeiras, o tratamento do maciço não necessariamente deve abordar toda a
profundidade do poço, um enrijecimento superficial pode já ser suficiente para os resultados
pretendidos.

De forma geral não era o objetivo traçar correlações de dimensionamento para poços de grande
diâmetro, pelo contrário, o que se espera é possibilitar uma avaliação da complexidade da estrutura,
da determinante influência geológica do perfil de escavação e finalmente dos avanços de escavação
construtivos para o resultado final e consequentemente para o dimensionamento da estrutura de um
poço. As vantagens construtivas e técnicas da redistribuição de tensões de uma estrutura circular
não podem induzir os projetistas a uma subavaliação dos condicionantes de projeto e de suas
implicações na previsibilidade de no dimensionamento da estrutura.

Por todas estas conclusões são recomendados os seguintes estudos para futuras pesquisas:
a. Avaliação do efeito de sobrecargas superficiais no maciço circundante ao poço.
b. Avaliação paramétrica da variação entre o diâmetro do poço e os efeitos no maciço
circundante.
c. Discretização da geometria da curvatura de emboque de um túnel pela face de um poço para
diferentes relações entre o diâmetro das duas estruturas.
d. Avaliação da variação no estado de tensões no maciço circundante ao poço pela escavação
de um túnel nesta região.
e. Detalhamento da variação no dimensionamento de um túnel na região de modificação da
tensão em repouso.

166
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1997). Concreto Projetado –
Especificações. NBR 14026/1997

 CAMPANHÃ, C.A.; FRANÇA, P.T. (2008). Poços de Grande Diâmetro, II Congresso


Brasileiro de Túneis e Estruturas Subterrâneas, São Paulo, 20p.

 CECÍLIO JR., M.O.; FRANÇA, P.T.; SILVA, M.A.A.P.; MATSUI, M.M. (2010), Estação Vila
Prudente do Metrô de São Paulo: Análise Numérica Tridimensional dos Poços de Grande
Diâmetro. Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, Gramado,
2010.

 EVISON, S.E. A Ring and Spring Model Tunnel Liner Design. Edmonton, Alberta:
University of Alberta, 1988.

 FOÁ, S.B.; ASSIS, A P. (2002). Concreto Projetado para Túneis. Apostila, Departamento de
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 FERREIRA, D.A.; CELESTINO, T.B. (2004), Modelos Estruturais para Estudo do


Comportamento Mecânico do Concreto Projetado como Suporte de Túneis. Iº Congresso
Brasileiro de Túneis e Estruturas Subterrâneas, São Paulo, 2004.

 FRANÇA, P.T.; FRANCO, S.; ANDRADE, J.C.; CAMPANHÃ, C.A. (2004), Estação
Salgueiros em poço no Metro do Porto: modelagem e segurança. 9º Congresso Nacional de
Geotecnia, Aveiro, Abril. 2004. Vol.II, Pag 172-183.

 FRANÇA, P.T.; SOUZA, J.A.; PEDRO, A.; TABORDA, D.; GOMES, A. T. (2006). Estação
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