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A Industrialização: A Segunda Fase (1840-1895)

Exercício de leitura:

1)a) A segunda fase da industrialização britânica foi baseada nas industrias de bens
de capital, no carvão, no ferro e no aço. A crise do industrialismo têxtil foi a chegada
do carvão e do ferro, a era da construção ferroviária.

b) Ocorria a crescente industrialização do resto do mundo, criando um mercado em


rápido crescimento para os bens de capital que não podiam ser importados em
grande quantidade de outros locais se não da Inglaterra.

2) Em 40 anos, o valor dos bens de capital no total de exportações britânicas passou


de 11% para 27%.

a) Apesar da maioria dos investimentos em ferrovia ter sua origem no fato de existir
muito capital ocioso, algumas justificavam o fato. Ao ligar uma mina de carvão à costa
(Darlington-Stockton), os retornos obtidos com o aumento na venda de carvão
justificariam os investimentos, mesmo que tivesse custos elevados. Demonstrada
essa lucratividade, era natural que mercadores de Liverpool e Manchester, junto de
seus investidores londrinos, percebessem a vantagem de quebrar o monopólio do
transporte fluvial para Lancashire. A maioria do pais no entanto, tinha fácil acesso a
transporte aquático barato.

Havia na Inglaterra uma grande quantidade de capital ocioso, esperando para ser
investida em atividades que gerassem um retorno maior que os títulos públicos. Após
financiar países em guerra ou minas sul americanas se mostrar um fracasso, esse
capital estava pronto para ser direcionado a Inglaterra, onde o retorno era garantido.
Ele vai ser captado pela ferrovia por falta de qualquer outra coisa que tivesse a
mesma capacidade de absorver capital, transformando uma inovação nos transportes
em um programa nacional de investimento.

Os ingleses, com excedentes, não se intimidavam com os altos custos. A atração não
se fazia pelo cálculo de lucro, mas sim pela atração romântica da revolução
tecnológica. Caso não desse muitos lucros, ainda era um meio de mobilizar a
acumulação de capital de todos os tipos para fins industriais e uma nova fonte de
emprego que representou um duradouro estimulo a industria de bens de capital.

Do ponto de vista do investidos individual, as estradas de ferro não passavam de


outra versão de empréstimo aos EUA. Do ponto de vista da economia em conjunto,
ela representava uma solução para a crise da primeira fase do capitalismo britânico.

A estrada de ferro duplicou a produção britânica de ferro entre meados da década de


1830 e 1850. Fora da Inglaterra, a construção de estradas de ferro foi um importante
estimulo a exportação de bens de capital. Elas eram construídas com capital,
materiais e equipamentos britânicos, até mesmo por empreiteiros britânicos.

Essa extraordinária expansão foi reflexo de dois processos paralelos: a


industrialização nos países “adiantados” e a abertura econômica das áreas
subdesenvolvidas. Alemanha e EUA se tornaram economias industrias comparáveis a
Inglaterra, abrindo mercados na América do Norte, do Sul, Rússia, Japão e China. Essa
mudança foi aparantemente benéfica a Inglaterra no início, a qual era a maior
exportadora de produtos industriais e de capital.

Surtiu três conseqüências na orientação da economia britânica:

- Revolução na industria pesada, suprindo a economia com ferrro e aço em


abundância (o aço era até então produzido com métodos antiquados e em
quantidades insignificantes). O carvão necessário para produção de aço foi obtido
através de métodos antigos, aumentando o número de mineiros. Ocorreu a revolução
na produção de aço por métodos mais modernos. Isso foi impulsionado pelas
ferrovias, que começaram a substituir o ferro pelo aço, mas durável, contribuindo para
o aumento na sua produção.

Apesar dessas atividades não requerer muita mão de obra, a expansão dos
transportes, acompanhada pela expansão do ferro, aço e carvão, proporcionou
emprego para trabalhadores desqualificados (população agrícola excedente que
passou a ter melhor remuneração). A ascensão do setor de bens de capital empregou
muita mão de obra qualificada devido ao incremento na indústria mecânica,
construção de máquinas, navios (metalúrgicos).

- A segunda conseqüência foi uma melhora no nível de emprego em geral e uma


transferência em grande escala de mão de obra para ocupações mais bem
remuneradas. Isso explica a melhora no padrão de vida e a redução da tensão social.

- A terceira conseqüência foi o notável aumento da exportação de capital britânico


para o exterior. Grande quantidade de capital britânico estava investida no exterior,
sendo assim, o crescimento de suas propriedades lá poderá se dar através do
reinvestimento dos juros e dividendos que já estavam lá. Essa emigração de capital
representava apenas uma parte do fluxo de lucros e poupanças em busca de
investimento. A transformação no mercado de capital realizada na era das ferrovias
fazia o capital não só buscar bens imóveis e títulos governamentais, mas também
ações industriais. Homens de negócio e financistas viam-se em melhores condições
para levantar capital com investidores desinformados, que buscavam retorno para seu
capital em qualquer área da economia mundial.

A transformação no mercado de capitais (Bolsas de Manchester, Liverpool e Glasgow)


efetuada na época das ferrovias constituíam um meio valioso, mas não essencial,
para mobilizar capital para grandes empreendimentos ou para empresas em partes
remotas do mundo.

Do ponto de vista social, essa transformação provocou o desenvolvimento de uma


classe de capitalistas que viviam da poupança e lucros de duas ou três gerações
anteriores. Títulos e ações de empresas familiares transformadas em “companhias
privadas” forneceram a fonte de sustento de pessoas que já não queriam e não
precisavam se envolver com a administração de empresas e propriedades.

Com as estradas de ferro, a Inglaterra entrou num período de plena industrialização.


Sua economia não se equilibrava em um ou mais setores mais avançados (como fora
o têxtil anteriormente) e agora tinha alicerce na produção de bens de capital, o que
facilitava o advento da tecnologia e da organização moderna. Superou a crise original
do começo da Revolução Industrial e ainda não sentira os efeitos de não ser a única
oficina mecânica do mundo.

Essa economia industrial plenamente industrializada provocou alguns efeitos curiosos,


sendo um deles a disposição dos britânicos em aceitar seu modo de vida
revolucionário como natural ou irreversível.

A Própria Classe dos empregadores não estava inteiramente familiarizada com as


regras do jogo industrial  Os produtores manufatureiros capitalista da primeira fase
da RI julgavam-se uma minoria pioneira que tentava implantar um sistema econômico
num ambiente desfavorável. Eles empregavam uma classe trabalhadora não
habituada a industrialização. Em suma, lutavam para construir suas fábricas com
modesto capital inicial e com lucros reaplicados. Esses empregadores não tinham
muito conhecimento científico e sua base era basicamente empírica. Portanto, não
tinha muito conhecimento da maneira mais racional de dirigir suas empresas.

As regras do jogo industrial rezavam que as transações econômicas deveriam ser


governadas essencialmente pela livre atuação de forças de mercado, o que produziria
melhor resultado para todos. Embora relutassem competir quando não lhes convinha,
os empregadores não julgavam essas condições aplicáveis aos trabalhadores. Esses
achavam-se presos a contratos longos e inflexíveis. Embora soubessem que menores
jornadas e uma menor remuneração aumentaria a produtividade dos trabalhadores,
os empregadores continuavam a não confiar nessa teoria e reduziam os salários ao
mesmo tempo que aumentavam as jornadas, dada a sua busca incessante pelo lucro.

Nessa situação de exploração, os sindicatos eram considerados como fadados ao


fracasso. Dadas essas situações, os trabalhadores se recusavam a aceitar o
capitalismo, sistema econômico que pouco lhes oferecia. Era visto como fenômeno
temporário, nem mesmo a estrada de ferro podia assegurar sua permanência. A
recusa dos trabalhadores ficou evidente em movimentos como o Cartismo, hesitando
em adotar o capitalismo como permanente e em se adaptar a ele.

Década de 1840 -> Essa situação começou a mudar rapidamente, por uma ação local.
Os empregadores começaram a abandonar métodos extensivos de exploração,
acabando com o aumento da jornada e redução de salários.  Lei das Dez Horas, fim
de semana livre, pagamentos por resultados, contratos mais curtos, menor coerção
extra-econômica, supervisão legal das fábricas pela figura dos Inspetores Fabris.

Essas inovações não foram vitórias da racionalidade por si só, mas principalmente
relaxamento de tensão. Os industriais britânicos sentiam-se suficientemente ricos e
confiantes para permitirem mudanças. Os empregadores que defendiam políticas de
salários relativamente altos e apaziguamento dos trabalhadores representavam
empresas tradicionais e prósperas, livres do fantasma da bancarrota.

Década de 1860 -> Essa mudanças tornaram-se mais visíveis, tornando-se oficiais e
formais. A legislação fabril passou a ser levada seriamente para1 fora do setor têxtil e
deixou de lado a falácia de que seu propósito único era proteger as crianças. Até
mesmo no setor têxtil, as mudanças foram aceitas. Os sindicatos foram aceitos como
permanentes e não como componentes nocivos do cenário industrial. Lei de Reforma
de 1867  Aceitou um sistema eleitoral que dependia dos votos da classe
trabalhadora. Não adotou a democracia parlamentar, mas deixou a entender que
aceitariam sua adoção eventual.

Os governantes da Grã-Bretanha, no entanto, não aceitaram muito bem a reforma.


Não fossem as agitações da massa mais pobre eles não teriam cedido tanto. Estavam
dispostos a aceitar a Reforma, pois já não consideravam a classe trabalhadora como
revolucionária.

A sociedade não estava mais dividida entre uma aristocracia de trabalhadores


politicamente moderados, prontos a aceitar o capitalismo, e um proletariado
politicamente instável, desorganizado e carente de liderança, que não oferecesse
maior perigo.

A bastança proporcionada pelas reformas encheu a barriga dos trabalhadores. A


descoberto de que o capitalismo não era uma catástrofe temporária, mas um sistema
permanente que permitia alguma melhoria, alterara o objetivo de suas lutas. Não
havia socialistas que sonhassem com uma nova sociedade. Havia sindicatos que
buscavam explorar as Leis de Economia Política afim de aumentar o salário de seus
membros.

Grande Depressão -> O termo pode ser confundido com o utilizado para definir a crise
de 29 nos EUA, a qual teve um impacto maior sobre a classe trabalhadora. O cenário
da década de 1870 era muito favorável, aparentando que nada daria errado na
economia britânica. A segunda fase, no entanto, gerou suas próprias dificuldades. A
“depressão” simbolizou um periodo de estado de espiríto generalizado de
intranquilidade e temor quanto as perspectivas da economia britânica. Mas quais as
causas disso?

Após o triunfo inicial, a economia estagnava. O boom britânico não se dispunha a


renascer. Preços, lucros e taxa de juros caiam ou permaneciam baixos, em uma queda
prolongada e frustrante que só foi cessar em meados da década de 1890.

Quando a inflação voltou, ela iluminou um mundo diferente. A Alemanha e os EUA


haviam superado a Inglaterra na produção de aço. A Grã-Bretanha deixara de ser a
oficina mecânica do mundo, se tornado a mais fraca das tres maiores potencias
industriais.

A Grande Depressão foi um fenômeno de âmbito mundial, cujos resultados variavam


de pais para pais. Na Alemanha e nos EUA, além de outros recém chegados ao
cenário industrial, o cenário era de avanço extraordinário, não de estagnação. Ela
marca o fim de uma fase do desenvolvimento econômico (fase britânica da
industrialização) e da início a outra.

O surto de prosperidade do meio do século fora proporcionado pela industrialização


nascente das principais economias adiantadas e da abertura de áreas agrícolas ou de
produção primária, antes inexploradas por serem inacessíveis. Nos paises industriais
acontecia uma espécie de extensão da Revolução Industrial Inglesa e de sua
tecnologia. Para os produtores de bens primários, tratava-se da construção de um
sistema global de transporte baseado nas ferrovais e no navio a vapor, capaz de ligar
regiões muito longinquas em um curto espaço de tempo. Esses processos não
provocaram nenhum dano perceptível a Inglaterra no início.

A substancial queda de custos na industria e em bens primários (revolução de


transporte) estava fadada a se fazer sentir como uma queda de preços quando as
novas fábricas estivessem funcionando, as novas ferrovias construidas e as novas
regiões agricolas exploradas. Esse efeito tomou forma numa deflação de 20 anos que
reduziu o nível geral de preços em 1/3, sendo ainda uma depressão persistente. Na
Grã-Bretanha, seus efeitos foram mais sensíveis em certos setores agrícolas, que
tinham importância secundária na economia do país.

Os alimentos baratos começaram a jorras nas áreas urbanizadas da Europa, o


mercado agrícola do país entrou em colapso não só nas areas receptoras, mas
também nas areas concorrentes de produtos ultramarinos.

Ocorreu a revolta de camponeses que ficaram a mercê dos preços


mundiais(descontentamento de fazendeiros populistas na amércia do norte, agitação
mais perigosa do revolucionismo agrário russo). Alguns países começaram a proteger
seus lavradores ao instituirem tarifas aduaneiras.

A agricultura britânica, que havia se especializado na cultura de cereais perdeu


inteiramente sua capacidade competitiva. Sua importância era pequena para obter
proteção e acabou optando por produtos não concorrenciais.

Esse processo fez com que os lucros da primeira fase da industrialização


desaparecessem. A possibilidade de inovações tecnologicas começavam a se esgotar.
As economias velhas e novas enfrentavam um problema com lucros e margens
semelhante a Inglaterra quarenta anos antes. Ao crescer a produção, o mercado
começava a se saturar. Apesar de ter crescido com rapidez, ele não foi suficiente para
acompanhar a produção e capacidade de produção de bens manufaturados.

Os lucros colossais dos pioneiros industriais declinaram, causado pela concorrência


que os fazia abaixar o preço enquanto a fábrica era cada vez mais cara. Os
empresários começaram a procurar uma saída.

A classe operária nas economias industriais juntaram-se a população agricola para


pedir melhorias e reformas como haviam feito na época correspondente da
industrialização britânica. A era da Grande Depressão foi também a era do surgimento
dos partidos proletários socialistas.

Efeitos da Grande Depressão na Inglaterra -> Foi maior e menor que em outros
lugares. A crise agrária afetou o país apenas marginalmente (na verdade, a avalanche
de importações cada vez mais baratas de alimentos e matéria prima teve suas
vantagens). A crise na industria que não passou de um ligeiro tropeço nos outros
paises representou um enorme desastre na Inglaterra.

Isso se deveu ao fato da industria britânica ter se desenvolvido baseada numa


sucessiva expansão de capital no exterior. A construção das ferrovias estava longe de
completar-se na década de 1870 quando ocorrou a suspensão do louco surto
ferroviário daquela época (falta de pagamento por parte dos credores). As
exportações britâncias de capital (dinheiro e mercadorias) foram impactadas tão
negativamente a ponto da grande depressão ter sido definida como “aquilo que
aconteceu quando se acabou de construir as estradas de ferro”.

A crise não foi apenas temporária. Revelou que outros paises tinham condições de
produzir para si mesmos ou até para exportação, fato que era característica essencial
da Inglaterra. Esse país só estava disposto a por em prática um único método para
resolver a situação. Ao contrário de paises como os EUA, França e Alemanha que
adotaram taxas aduaneiras tanto para proteger sua agricultura como indústria, a
Inglaterra se agarrava ao livre comércio. Ela era comprometida com a tecnologia e
organização comercial da primeira fase da industrialização que lhe garantiraram
avançar na revolução indistrial. Só existia uma saída: a conquista econômica de áreas
do mundo até então inexploradas: O Imperialismo.

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