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como uma forma integrada que desenvolve uma compreensão digna que favorece a
construção do conhecimento, para que possamos usá-las em busca de alternativas atuais em
nosso mundo virtual, como uma árvore sistêmica. Neste sentido, Capra (1982), refere-se a
uma árvore que flui em múltiplas direções e que é integradora, em todos os seus níveis,
entrando em harmonia que sustenta um funcionamento do todo. Um equilíbrio que precisamos
estabelecer em nossa história, para subjugar este mundo linear e recuperar as certezas que
perdemos: “Não basta o homem ter felicidade no contexto existente. Ele quer questionar o
próprio contexto, o valor da maneira como viver, o descobrir um novo valor, um fugidio
‘mais’” (Zohar, 2000, p.36).
Com as tecnologias que se encontram hoje em nosso contexto, podemos fazer coisas
surpreendentes em todo e qualquer lugar em um espaço virtual que não nos separa por
distâncias, barreiras ou coisa qualquer.
Precisamos usá-las para ajudar a propagar um conhecimento e para interpretar a
realidade, representá-la, trocar experiências e intervir no mundo de forma consciente. A partir
da frase “O conhecimento humano pertence ao mundo”, do filme “Ameaça Virtual”, é que
pensamos em como programas computacionais, e outros meios tecnológicos permitirão uma
contribuição significativa para as nossas vidas e a vida do nosso planeta. Tendo a educação
junto com as tecnologias encontraremos um novo caminho para atingir uma visão humanista e
reflexiva com base em princípios espirituais, científicos, éticos, políticos e sociais a alcançar o
que pesquisadores como, Edgar Morim, Ubiratam de Ambrósio e Basarob Nicolescu e outros
propõem um diálogo das ciências com a religião e a literatura, arte e experiência humana,
assim como a transdisciplinariedade que não é nenhum modelo de ciência ou algum
modismo, mas sim um caminho viável para a construção do conhecimento global. Precisamos
usar a tecnologia para transpor o que perpassa as disciplinas e ciências, para propormos outras
visões e um “conhecimento aberto”.
Assim como este estado de espírito que precisamos assimilar, criaremos uma rede com
conexões que se cruzem como um todo.
Com essa visão cósmica da realidade poderemos alimentar o espírito de nossos alunos
para atuarem de maneira a construir uma relação do homem com o mundo em um movimento,
unindo-os às mudanças. Superando os segmentos lineares que a história nos narra em uma
crônica de conhecimento acumulado, a qual Mariotti (2000, p. 157) critica muito bem, “[…]
aprendemos a ser repetitivos e a crer que se o homem não se modifica os nossos problemas
também não mudarão[…]”, “[…] a história se repete, como se ele não fosse um reflexo da
mesmice que está em nós”.
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A história serve como orientação para, não cairmos em ações repetitivas dentro do
modelo cartesiano. É através da Tecnologia de Informação e Comunicação que podemos
oferecer as mudanças que propomos para que possam diversificar sua compreensão das
representações que descobrirão na sua complexidade através das diferentes linguagens que
são usadas por cada um dos recursos tecnológicos, eles, não são apenas instrumentos a serem
utilizados por alunos e professores; são muito mais que um aspecto mecanizado.
Não podemos tratar um computador como uma ferramenta para digitação, a Internet só
para pesquisa e vídeos que esclarecem fatos e ilustram nossas aulas. Devemos é desafiar
nosso pensamento cognitivo, único de cada indivíduo a superar este espaço no qual atuam,
porque o homem é o autor determinado pelo meio e também determinante da sua própria
história, criando uma realidade virtual em suas metáforas ou insights, que são traduzidas para
o ambiente social através da linguagem. Como escreveu Maturana (2000, p. 230), para o qual
“[...] os comportamentos lingüísticos humanos são, de fato, condutas que ocorrem num
domínio de acoplamento estrutural antogênico que nós seres humanos, estabelecemos e
mantemos como resultado de nossas antogenias coletivas”.
O importante é observar como nossa estrutura vai acolher as interações com a
realidade virtual que nos integram, porque não estaremos mais à frente de um computador,
mas sim dentro de um novo espaço em uma interação homem-máquina.
se vêem em uma armadilha, não mais de uma sociedade de seus segmentos, mas sim de
dogmatismo”.
Para tratarmos de “conhecimento” precisamos navegar na história da humanidade, uma
vez que este não é novo mas sempre andou de passos juntos com as sociedades. Em algumas
delas o conhecimento era tido como algo sagrado que imperava respeito. Contudo na Idade
Moderna, o conhecimento ganhou maior proporção, estabelecendo um espaço oficial
representado pelas ciências. E após a revolução industrial, a crítica social imperou com o
conhecimento sob a ótica do capitalismo.
Atualmente vemos uma grande disseminação da palavra conhecimento, como se ela
nunca tivesse existido antes. “Novos conhecimentos”, “sociedade do conhecimento”, “árvore
do conhecimento”, “conhecimento tecnológico”, “conhecimento em rede”, “conhecimento
moderno”. Com isto o mercado de trabalho saiu na frente e abre suas vistas para o conceito de
“competência” e de “conhecimento”, que “passam a ganhar destaques, aspectos relacionados
ao comportamento, às atitudes, às posturas do trabalhador” Bianchetti (2001, p. 21). Hoje,
para uma empresa, o que vale é o conhecimento, a capacidade de aprendizagem, a troca de
informação, a própria criatividade. Segundo Moraes, (1997, p. 76) “o conhecimento do objeto
depende do que ocorre dentro do sujeito de seus processos internos […]”, assim sendo, o
conhecimento depende de cada indivíduo. Somos responsáveis pela nossa competência neste
século XXI, chamado de “era do conhecimento”, que Bianchetti aborda muito bem em seu
livro “Da chave de fenda ao laptop”, onde hoje estamos fadados à confluência de saberes que
garantam a polifuncionalidade para um bom desempenho em qualquer instituição privada ou
pública, a qual funcionam nos parâmetros de integração e flexibilidade.
Paul Virilio (1999) já nos chamou a atenção para o efeito “dogmatismo” dessa nova era,
na qual vem imperando as Tecnologias de Informação e Comunicação, pragmatizando o
conhecimento neste momento histórico, aonde o futuro já chegou, e está virando presente,
precisamos nos voltar para o que Robert Kurz nos mostra a respeito da sociedade do
conhecimento, para que esta esteja sendo mais abordada para o sinônimo de “sociedade da
informação” do que de conhecimento, pois se o temos é graças a muita informação que as
novas TIC nos proporcionam.
Mas que tipo de conhecimento é esse? Só troca de informações, algo estático,
acabado, já pronto? Ou uma propaganda repetitiva, ou ainda uma mensagem recebida pelo
celular ou mesmo pelo correio eletrônico? Se isso podemos chamar de conhecimento, estamos
fadados à sociedade do status quo e não a sociedade da “era do conhecimento”.
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ciberespaço como uma maneira de entender esse mundo digital e vê-lo como uma tentativa de
construir um espaço tecnológico onde a espiritualidade está em alta. Quando os viventes do
ciberespaço promovem seu reino de liberdade, um paraíso cheio de dados da alma, “os sonhos
de uma sociedade nunca ocorrem num vácuo. As fantasias que uma cultura alimenta sobre o
futuro e as idéias que forma sobre o que poderia ser possível ou desejável são sempre reflexos
da época e da sociedade particular” (Werthein, 2001, p. 16). O que a autora sugere é uma
espiritualização do ambiente ciber, como parte de nossa história, um padrão cultural muito
mais amplo do qual até então estamos acostumados a ver no reducionismo cartesiano.
É nesse espaço de tempo, que vivemos onde nenhuma instituição governamental ou
não, pode garantir o controle das informações disponíveis em rede. Cada fornecedor ou
usuário é de certa forma o responsável pelo funcionamento da rede; trata-se de um espaço
mais público que privado, que vem sendo incorporado ao nosso cotidiano, numa avalanche de
informações que alguns vêem como “lixo tecnológico”, bem como a ausência de um espaço
controlado em uma ordem. E vale lembrar um pouco de Max Weber que apóia seus estudos
na pesquisa histórica, a qual para ele é fundamental para a compreensão da sociedade.
Segundo Weber o papel do indivíduo é importante no destino da história, cuja sua liberdade é
ameaçada pela burocratização, que restringe o espaço de participação e ação dos indivíduos
devido à institucionalização, havendo uma elite que detém o poder e o controle. Com as TIC
uma coletividade e o próprio indivíduo se manifestam; constrói com sua seleção uma
realidade virtual própria em sua estrutura, fazendo sumir aquela institucionalização que a
burocracia nos fez incorporar e aceitar como algo convalidado em nós.
Mesmo assim, as TIC vão construindo seus espaços na sociedade, a qual o sistema de
poder acaba oficializando, e as coisas relacionadas, as novas tecnologias acabam sendo
aceitas. Sem falar que hoje, as inovações tecnológicas oferecem aos internautas, instrumentos
para que ele próprio construa o seu espaço virtual apropriado a sua ordem pessoal. E
lembrando que a rede é onde todos se relacionam e aprendem o que necessitam saber. Ela
não vai pensar ou agir por você, cabe ao indivíduo interagir e pensar com a rede.
Um grande desafio está presente em nossa sociedade; é uma espécie de nova estrutura
dimensional, que une as pessoas com o universo. Estágios pelos quais a sociedade passou,
são narrados pela história, como o da cultura oral, que teve a sua totalidade mediada pela
memória. Mais tarde chegou a escrita, que criou um espaço mais nobre em um universo mais
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amplo, e a quem diga que a escrita é o portal da liberdade, ela é uma riqueza que a sociedade
possui através dela manifestamos os nossos ideais, e registramos os acontecimentos da nossa
história. Foi com a invenção da imprensa que a escrita passou a propagar-se, e com o livro
ficou mais fácil de produzir, manejar e apropriar-se dessa tecnologia, e tornou-se uma espécie
de mídia acessível a todos. Hoje com o empenho e o avanço da tecnologia o que vemos é o
computador tornando-se um instrumento massificado com um valor econômico
suficientemente baixo, sendo mais acessível às pessoas.
Esta nova estrutura dimensional proporcionada pelas tecnologias de informação e
comunicação que compreendemos melhor através dos estudos de Pierre Lévy. Para este
autor, comunicação e ação são sinônimos, e a pouca diferença que há entre elas está nas
representações que a comunicação permite criar, pois com ela os interlocutores interagem
com as mensagens que são como informações congeladas, sejam elas imagens ou escritas.
Portanto agora a comunicação é ativa, pode transformar e ser transformada e
compartilhada entre os interlocutores.
“Os diagramas sistêmicos reduzem a informação a um dado inerte e descrevem a
comunicação como um processo unidimensional de transporte e decodificação. Entretanto, as
mensagens e seus significados se alteram ao deslocarem-se de um autor ao outro na rede, e de
um momento a outro do processo de comunicação” (Lévy, 1993, p.22).
Parafraseando Lévy, a comunicação possui como primeira função a transmissão de
informação, dando sentido à mensagem; ou seja, o jogo da comunicação consiste em, através
de mensagens, ajustar e transformar o contexto. A informação é apenas uma imagem
congelada, de uma configuração da comunicação em um determinado instante;
exemplificando, podemos considerar a informação como um lance no jogo da comunicação.
Com as Tecnologias de Informação e Comunicação podemos efetivar nossa existência,
porque temos uma liberdade condicionada por nossa especificidade, não como o universo
mantido pela ciência, e pelas políticas dominadoras, mas uma espécie de universo, que ganha
um corpo, uma rede que é tecida por cada um que dela participar.
Esta é a dimensão proporcionada pelas TIC. Neste sentido Dertouzos (1997) observa a
ascensão que tiveram, pois surgiram repentinamente e em pouco tempo atingiram milhões de
pessoas e entre elas cada um de nós e o que está acontecendo e o quê acontecerá no futuro
tem sua origem no princípio da tecnologia e do reduzido número de pioneiros que dela
faziam uso.
E para entender onde estamos e as ocorrências que as novas tecnologias estão
proporcionando, temos que conhecer bem este momento histórico que escrevemos a cada
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suspiro, pensamento e ação e que nos orienta para onde vamos, e é em livros futuristas como
o de Michio Kaku, “Visões do Futuro”, bem como documentários “Nanovisões”; TV escola e
filmes como “Matrix”, “2001 a Odisséia no Espaço” e “Inteligência artificial”, entre outros
que podemos prever o que nos espera. Claro prever o futuro é coisa de futurista, mas
conhecer ficção, é orientar-se pelo que existe, prevendo o que poderá existir, pois a cada dia
novas descobertas tecnológicas são mostradas e aceitas pela sociedade.
É com descobertas e invenções que as TIC vão conquistando espaço e se massificando
e junto com a educação, proporcionando um melhor desenvolvimento da sociedade, com o
objetivo de superar problemas circunstâncias que atingem a saúde, a habitação, a segurança, o
emprego entre outros. A tecnologia deve ser desmistificada, e se estabelecer em fatores de
cunho humanitário, onde a união do mundo físico e espiritual sejam proporcionadores de uma
nova realidade. Para tanto, devemos seguir exemplos como os do final da Idade Média,
quando tanto a realidade física quanto a espiritual andavam juntas em representações deixadas
através de monumentos por artistas como Dante e Giotto, que Margaret Werthein (2001)
destaca em seu livro como uma “realidade virtual” da época. A autora ainda aborda as
maravilhas da Capela Arena em Pádua e a Basílica de Assis, que são nada menos que
maravilhas tecnológicas. Assim as TIC não serão definidas somente pelo produto da razão,
como fez-se o Iluminismo no século XVII e XVIII, período em que a raiz do ser humano se
projetava unicamente na razão.
“No passado podíamos apenas nos maravilhar ante o precioso fenômeno chamado
inteligência, no futuro seremos capazes de manipulá-los segundo nosso desejo” (Kaku, 2001,
p. 23).
Caminhamos juntos para um futuro majestoso, onde seremos donos da nossa liberdade
que depende de uma auto-organização da complexidade que encontramos nos efeitos das
coisas que nos rodeiam. Através da realidade tecnológica vamos entender a complexidade das
coisas para então modificarmos nossa visão do mundo.
Temos em nossas mãos uma grande aliada, a Internet, uma rede com liberdade de
expressão, que não é dominada pelo poder que tem uma estrutura caótica e que nos
proporciona um espaço de liberdade. Poderemos talvez, com o uso do computador
evoluirmos, para uma vida artificial, que é construída pelo homem que Rosney (1997) define
como um estudo dos organismos de redes bionuméticas, construídas pelo homem enquanto
objeto e simulados por um computador.
Assim remeto novamente a Kaku (2001), que vê no século XXI o novo, a criatividade,
a imaginação, a invenção e as novas tecnologias como elementos estratégicos e como chaves
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para essa nova etapa da humanidade, sem esquecermos o que vem impulsionando toda a
criação compreendida em nossa história e principalmente a do século XX que deu um grande
impulso quando, os novos paradigmas epistemológicos surgiram na física, na biologia e na
informática.
Surgirão obstáculos na construção dessa nova estrutura social, mas temos a história
como aliada e que nos mostra cada salto que damos para as transformações sociais, além dela
podemos contar com as TIC, que proporciona uma adaptação acessível a todos, embora exista
uma desigual interação desse sistema.
Para que isso aconteça, precisamos fazer uso da educação em conjunto com a
tecnologia para educar nossa sociedade, preparando-a para essa nova dimensão de mundo que
estamos vivendo. Dertouzos (1997), aborda que esse novo mundo da informação está
diretamente ligado a questões de organização e transmissão de informações e na construção
de conhecimento, que utiliza instrumentos como e-mail, trabalho em grupo, ensino a
distância, enfim todos os fatores que mediam relações entre professores e alunos.
Devemos estruturar esse novo espaço para que ninguém fique de fora de todo esse
processo, portanto devemos levantar métodos que nos possibilite incluir a todos nessa nova
era de construção. Fazer do uso da tecnologia um compromisso ético é importante, não quer
dizer que devemos ensinar todos a trabalhar com o computador, isso é muito pouco, diante de
tudo o que essa ferramenta pode nos proporcionar. Outros horizontes devem ser criados para
superar o esmo, desenvolvendo uma interação mais contextualizada. Um ambiente
tecnológico é muito rico, a autonomia, a interatividade, a curiosidade e a criatividade são
fatores proporcionados pelas tecnologias, cabe-nos agora é saber fazer uso de todo esse
universo.
Devemos sair dessa abordagem conservadora que ainda é muito vista na educação atual,
para superar problemas que irão aparecer; para tanto devemos criar bons projetos que
possibilitem aos nossos alunos, superarem os problemas e as dificuldades do amanhã. Para
que isso aconteça devemos partir do conhecimento e aprendizagem dos nossos alunos e deixar
que eles nos façam compartilhar de suas curiosidades, descobertas e invenções, tudo isso
poderá parecer tumulto mas não será, apenas daremos liberdade para que coloquem através da
ação a sua criatividade.
O que veremos é magnífico, e compreende o que Morin (2001, p. 11) relata: “uma
educação que se dirige à totalidade aberta do ser humano e não apenas a um de seus
componentes”. Assim, esse novo movimento da educação depende de todo o corpo escolar e
não só de uma figura isolada nesse processo que já conhecemos muito bem, e que é
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No Brasil, o MEC junto com o Proinfo, desenvolveu núcleos tecnológicos para fornecer
consultoria tecnológica para as escolas, através do programa “Informática na Escola”. Os
próprios NTEs ajudam a formar esta rede, porque estes estão espalhados por todo o país,
formando multiplicadores que atingem os professores que envolvem os alunos. A cada
instante essa rede aumenta, e a figura do professor nesse processo é muito importante além de
ser influenciado pela TIC, ele também transformará sua forma de atuação, e as palavras
D’Ambrósio (1999, p. 39), mostram essa nova forma de educar quando afirma que o trabalho
do educador é “[...] estimular cada indivíduo para atingir sua potencialidade criativa além de
estimular e facilitar a ação comum [...]”. A criatividade e a ação, junto com a prática comum,
formam um conjunto que vem sendo o responsável pela revolução no ciclo do conhecimento.
Esta rede proporciona o desenvolvimento de comunidades virtuais de aprendizagem
que formam uma reunião de pessoas em interação, debatendo idéias que abordam mais a
aprendizagem do que o ensino, uma vez que esta não sustenta uma hierarquia e sim uma rede.
Para a educação entrar em consonância com essa nova visão do mundo como relata Moraes
(1997, p. 112) com uma sociedade vivenciando o futuro, precisamos criar ambientes
pedagógicos que extrapolem e busquem novos paradigmas para o entendimento da condição
humana, preparando o cidadão para o cultivo de valores humanitários, ecológicos e
espirituais. Para isso precisamos de novos métodos e critérios diferentes dos que estamos
acostumados a ver nas escolas.
Transformar o ato de ensinar em aprender, este é um das formas para estabelecer ao
longo do tempo e espaço essa nova epistemologia do sistema educacional. E tem como outro
fator o professor como mediador não sendo mais o único dono do conhecimento. A metáfora
de rede é muito importante onde cada nó faz a diferença: uma leitura criativa; novas reações
de cada um dos envolvido. Temos que nos reeducar, já que estamos em um processo de
mudanças, e não podemos esquecer que “o foco de nosso estudo é o homem, como individuo
imerso numa realidade natural e social” (D’Ambrósio, 1997 p. 26).
O século XXI começou muito antes do que imaginamos. Foi com as grandes
transformações nas ciências que vimos a sua chegada, evolução que vem ocorrendo na
medicina, biologia, física, economia e tecnologia manifestando mudanças em todos os
segmentos de nossa sociedade.
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núcleos de EAD da UDESC, onde a aluna Ana Rita deixa registrado o seu depoimento:
“Ensino à distância é você ter oportunidade de fazer um curso em casa, assistindo aulas
através da TV, apostilas, módulos e desenvolver o potencial de cada um, de estudar individual
ou em grupos sem ter um professor diretamente”.
Nesse depoimento podemos sentir como este sistema aberto pode ser transformado
como Moraes (1997, p. 99) coloca, em “algo inerente a cada sujeito e que depende da ação, da
interação e da transação entre sujeito e objeto, indivíduo e meio”. Este movimento fica mais
autêntico, quando perguntamos para a mesma aluna “se o ensino a distância vai influenciar as
concepções sobre a relação professor aluno”, e ela respondeu que: “Vai e muito, pois vem ao
encontro das idéias e experiências que estão ascendidas dentro de cada universitário, vem dar
um banho de conhecimento já adormecido”.
Assim nos mostrou uma recuperação da educação em seu depoimento muito além do
que estamos acostumados a observar no ensino regular, como só transmissão de saberes.
Estamos concretizando um novo ambiente que Marina Subirats (apud Imbernón, 2000, p.
202), diz que precisamos empreender seriamente um debate sobre as novas funções dessa
tarefa da educação para socialmente transformar esse momento de modo patente, de critérios
e normas de comportamento para um sistema de valores e crenças que sustentam as pessoas
em sua vida social e pessoal.
Maria Izabel Pinheiro Gonçalves também aluna do curso de Pedagogia à Distância nos
relata que com o ensino à distância “mais pessoas conseguirão adquirir os conhecimentos
superiores com mais facilidades, permite aos estudantes aprender com mais segurança”,
sabemos o que a Maria Izabel quis dizer com mais segurança, pois eles interagem com
descobertas e conhecimentos sem medo, porque é na ação do nosso cotidiano que
descobrimos os resultados levantados pelo grupo semanalmente. Essa nova atitude
educacional em que as ações vão promover a compreensão, e para elas serem feitas devem
ser autônomas para tomar decisões , desenvolvendo novas propostas de trabalho em educação,
em parceria com as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (Valente, 1999). E o
papel do professor não é mais de transmissão de conhecimento estático, seu papel é de
facilitador, supervisor e consultor do aluno no processo de aprendizagem.
“A educação enxuta será realizada em ambientes alternativos e a escola, como é hoje,
será fossilizada definitivamente” (Valente, 1999, p. 46).
O depoimento da aluna Rute Neia Gonçalves Passold mostra a mudança quando diz
“pois antes o professor dava-me o assunto “pronto”, somente para mim complementar, e
agora eu vou em busca do meu próprio conhecimento”. Em seu depoimento fica claro que a
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aluno do Ensino à Distância é o construtor do seu próprio conhecimento, que pode fazer uma
reflexão das teorias que pesquisa com sua prática. Portanto ele vai pensar no que está fazendo
e com a “rede” levar sua reflexão para um espaço muito maior, usando o espaço virtual da
informática, fazendo uso do Ensino à Distância e de ferramentas tecnológicas, podemos
possibilitar o que D’Ambrósio (1999) relata , “Democratizar o saber”.
“Pergunta-se: Então acabamos com as aulas? claro que não, mas cada aula deve ser uma
oportunidade única de se ouvir o que não está nos livros, o que não está gravado em áudio ou
em vídeo e que não é repetido” (D’Ambrósio, 1999, p. 100).
A relação do ensino a distância não se estabelece somente na relação professor aluno.
Algo muito mais amplo, atinge um universo bem maior, desde os diretamente envolvidos até
os que de uma forma ou de outra são influenciados e privilegiados pelo sistema, podemos
levantar alguns fatores que fazem a diferença da Educação à Distância da Educação
Tradicional:
• A liberdade de horário;
• Atinge um universo sem fronteiras;
• Troca de experiências, que proporciona conhecer pessoas por todo o espaço
virtual;
• Pessoas com dificuldades físicas e especiais podem participar;
• A postura de professor muda para a de professor mediador;
• Usuários e alunos têm liberdade de expressão;
• Cada participante exerce sua ação consciente e reconhece a realidade que se
encontra e que constrói.
Esses são alguns dos fatores que efetivam essa nova modalidade educacional. Nesse
momento da era da “sociedade do conhecimento”, vejo a importância como atribuição da
educação o uso muito mais eficaz da escrita e da leitura, hoje base para uma educação mais
desenvolvida com o apoio tecnológico. Com isso estamos abrindo o caminho para cada aluno
conquistar sua liberdade, tornando-se autônomo situado como ser consciente das coordenadas
concretas no qual vive (Sacristãn apud Imbernón., 2000, p. 50).
Precisamos sim de utopias, que profetizam uma sociedade ideal, mas é no conjunto das
transformações que sustenta um reconhecimento que estamos efetivando neste novo momento
da história humana e social que prega a construção de conhecimento e a possibilidade da
libertação do homem. E a educação é o grande foco para que o sucesso dessa nova era venha
ao encontro da vida. Esse novo modelo enquanto for consciente e dirigido como se comentou
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Entertainment Co., a Time Warner Company.