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Argumenta que a aptidão do português para esse desenvolvimento estável, possível graças
à escravidão, primeiramente do indígena, posteriormente negra, deve-se
ao hibridismo resultante de seu passado histórico de “povo indefinido entre a Europa e a
África”. Freire se refere, no caso, à invasão moura da península ibérica.
Trata-se de uma das perspectivas componentes da tese da cultura étnicaem que mostra a
anterioridade dos elementos de caráter cultural sobre os raciais e climáticos. Assim, mesmo
em um clima desfavorável ao homem agrícola europeu, o português estabelece uma sociedade
estável graças à sua adaptabilidade:
Em lugar de deixar-se levar pelo clima, contentando-se com uma colonização baseada na
pura extração local de riqueza mineral, vegetal ou animal, o português teve de deslocar
seus esforços para a criação local de riqueza. Criou uma sociedade assentada na
agricultura, resultando na permanência do colono na terra. Mesmo porque aqui não se
encontrava riqueza disponível com liquidez próxima de moedas metálicas de ouro, prata ou
cobre, como ocorreu na América espanhola.
1. a mistura de raças,
2. a agricultura latifundiária e
3. a escravidão.
Não é o caso de se indagar qual foi o papel da casta dos guerreiros e dacasta dos sábios-
sacerdotes na submissão dos párias cativos, seja nativos, seja africanos? E da casta dos
comerciantes-traficantes? Toda a glória dessa colonização é atribuída à casta dos
aristocratas-latifundiários?!
Não se nega aqui o papel do clã: conjunto de famílias que se presumem ou são descendentes
de ancestrais comuns. As dinastias, isto é, a sequência de indivíduos que ocupam
determinação função, cargo ou posto de poder, de forma hereditária, até hoje é visível nas
sucessões políticas brasileiras.
Enquanto para a maioria dos autores anteriores a Freire o caráter do povo brasileiro seria
resultante da mestiçagem, definindo-se pela tristeza, preguiça, luxúria, ou seja, por heranças
das “raças inferiores”, a tese de Casa Grande & Senzala é que os traços de fraqueza física, a
debilidade e a aparente preguiça têm origem social e cultural e não racial. Explicam-se pela
subnutrição e pela doença, ao contrário do que sugere o “racismo científico”.
Gilberto Freire amplia esse debate, aplicando-o à organização política. As bases culturais
justificam que construa sua explicação sobre o autoritarismo assentado em razões de caráter
cultural e não político. Reconstruindo as relações entre senhor branco/negra escrava,
sinhozinho/moleque, sinhá/mucama, mostra que são marcadas pelo sadismo dos primeiros e
o masoquismo dos segundos!
É aceitável seu argumento de que o sadismo revela “o simples e puro [sic] gosto de mando,
característico de todo brasileiro nascido ou criado em Casa Grande de engenho”, tese que
extrapola para o mundo político das dinastias dos “senhores-de-engenho”. Mas daí para a
contrapartida do masoquismo é um salto-mortal: justifica o gosto popular pela dominação,
pois “no íntimo, o que o grosso do que se pode chamar de ‘povo brasileiro’ ainda goza é a
pressão sobre ele de um governo másculo e corajosamente autocrático”!
Para Gilberto Freire, a vida política brasileira se equilibra entre duas místicas:
de outro lado, pelo contato, através das elites, com a Ciência, com a técnica e com o
pensamento adiantado da Europa”.
Esta dualidade, segundo Gilberto Freire, não deveria criar oposições, pois a formação
brasileira tem disso “um processo de equilíbrio de antagonismos”!
Quis? Quid? Ubi? Quibus auxilliis? Cur? Quomodo? Quando? [Quem? O que? Onde? Por
que meios? Por que? Como? Quando?]. Este seria o método correto para circunstanciar essa
ideia: a pessoa, o fato, o lugar, os meios, os motivos, o modo, o tempo.
Demonstra a face conservadora dele ao defender que os velhos oligarcas brasileiros ainda
detinham uma sabedoria que lhes permitiu organizar a sociedade de modo a evitar rupturas
que afetassem o equilíbrio social! Naquela conjuntura, em que foi publicado o livro
(1933), estes coronéis nordestinos estavam, momentaneamente, alijados da direção política,
porém Gilberto Freire defende que deveriam estar presentes na nova configuração do
poder para orientar o processo de desenvolvimento urbano-industrial. Era um reaça!
Kowarick, Lúcio. Trabalho e Vadiagem: A origem do trabalho livre no Brasil O livro busca
colher no curso da história social brasileira aquilo que a sociologia dos anos 60/70 estudou
sob o conceito de “marginalidade”, e que, na sociedade escravocrata, não cabia nem entre os
senhores, nem entre os escravos. Os marginalizados eram denominados pela ideologia
dominante, nas primeiras décadas do século XX, como o “populacho”, a “ralé”, a “malta”. As
condições atuais de trabalho no Brasil dão indícios das práticas patronais dessa época, por
isso, atualmente, esses “resíduos sociais” trabalham para resolver os graves problemas sócio-
econômicos que afetam o povo brasileiro.
A partir desse ponto, o autor contextualiza a transição do trabalho escravo para o trabalho
livre no Brasil, que resultou em complexos fenômenos sociais.
Registra que o trabalhador livre nacional, mesmo após a proibição do Tráfico Negreiro, só é
convocado para realizar tarefas secundárias e degradadas, inclusive recebendo um tratamento
análogo ao dispensado ao escravo.
Podemos citar:
A transformação cultural – os indivíduos sem a posse dos meios materiais de vida, então
precisariam e estariam dispostos a trabalhar para os outros.
Após o fim do tráfico negreiro, em 1850, cada região buscou solucionar o problema do
trabalho de uma maneira. Especificamente em São Paulo, com o desenvolvimento da cultura
cafeeira, o trabalho escravo continuou dominante até bem próximo à Abolição. Os livres e
libertos, com desprezível participação no processo produtivo, eram considerados pelos
grandes proprietários como vadios, portanto desclassificados para o trabalho.
A imigração foi a solução mais adequada para a formação do capitalismo em São Paulo, pois,
de outra forma, seria necessário mobilizar o desacreditado segmento nacional.
São Paulo era o centro da dinâmica econômica do país, e estava á frente da produção
industrial do Brasil durante as duas primeiras décadas do século XX. A massa de livres nunca
deixou de crescer (desde o século XVI) na região e se somou ao contingente de imigrantes,
que chegou às vésperas da Abolição. Inclusive, após a Abolição jamais houve falta de mão-
de-obra nos cafezais, como também no processo de industrialização.
Capítulo I
Com a introdução do açúcar no século XVI criou-se um sistema produtivo que, além de
atividade extrativa e temporária, significava uma exploração permanente, e que necessitava de
uma grande quantidade de mão-de-obra e conjeturava a concentração de recursos produtivos.
O intento era gerar excedentes, que se transformavam em fundo de acumulação primitiva de
capital, assim mantendo a expansão capitalista dos centros metropolitanos.
O assalariamento em massa era impossível, pois, ao se repartir a terra por meio de concessões
e grandes glebas de terras, e se controlar o comércio pelo monopólio colonial, obstruiu-se
qualquer forma de produção que não se adaptasse ao processo de acumulação primitiva
direcionado à dinamização dos centros metropolitanos.
Mesmo após o número de livres e libertos já muito superior ao de escravos, era inviável o
assalariamento, pois esse contingente poderia usar sua liberdade para reproduzir-se
autonomamente, e não se transformar em mercadoria para a empresa colonial. O trabalho
escravo era mais vantajoso, visto que as jornadas de trabalho eram longas e o nível de
subsistência era rebaixado.
O escravismo nas Américas: era uma expressão colonial do capitalismo europeu; era parte
integrante e dinamizadora do capitalismo europeu em desenvolvimento.
Continuou durante o século XIX nos cafezais, em decorrência da formação social gerada na
colônia, estruturada no comando de senhores, portanto impedindo formas capitalistas de
produção.
Após três séculos de existência, o sistema colonial não adquiriu mecanismo estável e
crescente, afinal excluía as atividades que não se conectassem com o setor exportador, se
antepondo às atividades produtivas que não fossem a produção de artigos tropicais, e ainda
desclassificava os produtores que não usassem a mão-de-obra escrava.
No final do século XVIII havia quase 3 milhões de habitantes no Brasil, sendo que quase
metade era constituída por livres e libertos. Os negros libertos, brancos, índios, bem como os
grupos produzidos pela miscigenação dessas três raças: mulatos, cafuzos e mamelucos,
viviam de rudimentar atividade de subsistência, sem nenhuma, ou quase nenhuma, relação
com a produção agroexportadora.
O regime de trabalho escravo excluía aqueles que, sendo livres, não conseguiam ser senhores.
Por exemplo, os agregados ou moradores das fazendas que desempenhavam serviços
intermitentes combinados a uma prática de subsistência. Estes eram inteiramente dependentes
da grande propriedade, e a sobrevivência era inconstante, pois, tão logo os interesses dos
senhores o exigissem, eram expulsos ou expropriados dos locais onde, marginalmente,
desenvolviam uma cultura de subsistência.
Tropeiros.
Carreiros.
Vendeiros.
Quanto aos vinculados às propriedades de terra, com a utilização de toda espécie de violência
para reprodução de dominação, exerciam tarefas como:
Vigilância e Captura.
Desmatamento.
O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão. Era considerado, nas vésperas
da Lei Áurea, como um “país sem povo”. Isso por que, entre senhores e escravos havia grande
massa de pessoas destituídas de propriedade e de instrumentos produtivos, por conseqüência
sem função econômica estável e precisa.
No século XIX o café provocou nova realidade à economia, afinal com o desenvolvimento do
capitalismo industrial (principalmente na Inglaterra), era impossível manter o monopólio
implícito ao sistema colonial. Logo o capitalismo avança no Brasil.
Todavia, a mão-de-obra livre continuou sendo excluída, e persistia o trabalho escravo, não
obstante trouxe sérias conseqüências à constituição do mercado livre no Brasil.
Capítulo II
Após 1815, devido à nova situação política do país, independente, e com a reorganização do
comércio internacional, as exportações brasileiras continuam em dificuldades.
Quando aumentaram as exportações e a cotação do mercado mundial, com a alta nos preços
internacionais, a situação foi favorável para o café, durante várias décadas do século XIX.
1. Construção de ferrovias.
3. Empreendimentos bancários.
Dos quase 4 milhões de habitantes no Brasil em 1823, 70% eram de livres e libertos.
No sistema cafeeiro houve evolução do estoque de cativos, pois a alta lucratividade do café
possibilitou a compra de escravos de outras regiões do país, com a proibição do tráfico
negreiro. Isso por que o preço dos escravos subiu.
Em 1872 – 1 milhão e 500 mil escravos para uma população de 9 milhões e 500 mil
pessoas.
No Rio de Janeiro, as províncias cafeeiras aumentaram de 148 para 294 mil. Quanto ao
número de livres e libertos:
Na província de São Paulo, o aumento de estoque de escravos foi de 388 mil. Quanto ao
número de livres e libertos:
o Em 1823: 90% dos 280 mil habitantes.
Nas duas regiões o aumento no número de livres e libertos se dava por conta da alforria de
cativos, como também pela imigração dos mesmos de outras regiões do país. Afinal na época
a imigração internacional era pouco volumosa.
Percebe-se, portanto, que com o café essas regiões se tornaram os novos eixos da dinâmica
produtiva do país, portanto sendo também o novo centro de atração de livres e de alocação de
escravos.
O trabalho cativo pode não ter sido o mais lucrativo, mas era a única solução que viabilizava a
presença permanente de numeroso contingente de mão-de-obra para seguir o processo
produtivo. Porquanto livres e libertos pudessem batalhar pela própria subsistência, a
submissão do trabalho só poderia ser obtida pela compra de mão-de-obra cativa. Porém, ao
mesmo tempo em que o escravo era um elemento do sistema produtivo que fornecia as bases
materiais de sua expansão, também emperrava o desenvolvimento capitalista, visto que o
essencial seria a compra da força de trabalho e não do trabalhador.
Portanto, era um sistema econômico que destruía seus próprios trabalhadores, figurando uma
perda de recursos.
Com o agravante da proibição de Tráfico Negreiro, que aumentou o preço dos cativos (no
mercado interno), as margens de lucro se mantinham com o aumento da exploração do
trabalho. Assim, a ordem escravocrata contaminou as relações de trabalho, influenciando a
percepção dos livres com relação ao trabalho disciplinado e regular, como também dos
proprietários de terra sobre a utilização de mão-de-obra livre. Os livres e libertos continuavam
sendo considerados imprestáveis para trabalhar, e ainda deviam lealdade e subserviência aos
senhores.
A evolução do estoque de cativos, após 1850, decresce em regiões como o Nordeste, em razão
dos fluxos que saem para a região cafeeira. No entanto, em São Paulo e Minas Gerais
aumenta. Isso evidencia como cada região e setor econômico enfrentou o problema de mão-
de-obra, 35 anos antes da Abolição. Óbvio que a qualidade do solo, onde o plantio se
deslocava constantemente para áreas virgens, propiciava a alta lucratividade da economia
cafeeira.
O homem livre e pobre não acumulava bens, vivia numa economia de subsistência, portanto
uma sobrevivência incipiente e instável, estigmatizado como desclassificado social. Esse
desestimulo para o trabalho disciplinado e regular impedia o desenvolvimento de profissões.
Somente o artesanato perdura, com a produção interna, e encarada como uma atividade
socialmente desprestigiada e sem futuro econômico, afinal não gerava excedente, e estava
atrelada à economia de subsistência.
Uma sociedade dicotomizada e excludente, que cria senzala e gera crescente número de livres
e libertos, ao mesmo tempo. Transformando os últimos em desclassificados da sociedade, uma
vasta mão-de-obra historicamente marginalizada.
Este capitulo nos apresenta de que forma ocorreu a colonização de Portugal no Brasil,
e em como a colonização Espanhola e Portuguesa se diferenciam. E de como foi importante a
construção das cidades como forma de dominação e de que forma elas se organizavam no
processo de colonização. É discutido no texto que Portugal na construção das cidades não
investiu em militarismo, nem criação de grandes centros e economia, diferente da Espanha.
Que sempre se situava em localidades terras altas e no interior do continente. Por outro lado
Portugal colonizou o litoral, pois mantinha uma conexão marítima, pois as coisas produzidas
no Brasil chegariam mais facilmente em Portugal.
Então somente no terceiro século de domino de Portugal que temos a emigração além
da faixa litorânea. Isso se deve a descoberta de ouro das Gerais. Foi a partir desse
descobrimento que Portugal começou a colocar ordem na colônia, para obter os benefícios da
extração de ouro. Portugal ainda foi beneficiado com a sorte que na faixa litorânea de norte a
sul tinha uma família de indígenas que falavam a mesma língua.
É importante ressaltar que a colonização Portuguesa mas se pareceu com uma
feitorização do que colonização. Pois o que faziam somente era exploração das terras nunca
pensando em uma construção de uma sociedade. Admitiram-se estrangeiros no país, somente
se dispusessem a trabalhar e pagar impostos.
A igreja foi aliada de Portugal para contenção da sociedade, mas sempre havia um
embate entre a coroa e o clero. As virtudes do catolicismo passados a diante pela igreja
católica teve influência na formação da sociedade brasileira.
Introdução
Sentido da Colonização
No capitulo o sentido da colonização começa que todo povo tem sua evolução em
certo sentido. Que estes sentidos podem variar de acordo com acontecimentos estranhos,
transformações internas de equilíbrio e estrutura. Portugal tonar-se um país marítimo, no
sentido exploratório para a comercialização. Pois a partir dessas explorações procurando
novas rotas que Portugal “encontrou” a américa. Os povos da Europa nunca estiveram
interessados em povoar as américas e sim o comercio os interessava. Logo tinha um desprezo
pelos territórios. Portugal foi o pioneiro a entender que é necessário povoar e organizar a
produção. No texto deixa claro que os colonos ingleses tinham em mente a descoberta de um
novo continente não para a exploração e sim para construir um novo mundo uma nova
sociedade, que lhe oferecessem garantias que o continente de origem não lhes dava mais.
Seno por motivos religiosos ou econômicos procuravam um abrigo. Pois a área tropical e
subtropical da américa terá um rumo diferente. Em outro momento do texto fala-se que no
Brasil ao trabalhador branco não lhe foi ensinado nada, pois a população de Portugal era em
grande parte insuficiente, ficando então como dirigente e grande proprietário rural no Brasil.
Encontraram populações indígenas que puderam explorar como trabalhadores. Foram
percursores a escravidão de negros africanos e dominação de territórios que os favorecia.
Sempre retardatários comparados aos ingleses. Logo a colonização dos tópicos torna-se uma
grande empresa comercial de exploração dos recursos naturais em um território e esses
recursos aproveitados pelo comercio europeu.
Organização Social