You are on page 1of 35

Ciências Ambientais –

Legislação Ambiental

Brasília-DF.
Elaboração

Melina Martha Baumgarten

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
ECOLOGIA............................................................................................................................................. 9

CAPÍTULO 1
MATÉRIA E ENERGIA.................................................................................................................. 9

CAPÍTULO 2
CONCEITOS BÁSICOS DE ECOLOGIA...................................................................................... 14

CAPÍTULO 3
ECOSSISTEMAS....................................................................................................................... 18

CAPÍTULO 4
BIODIVERSIDADE..................................................................................................................... 21

UNIDADE II
PROBLEMÁTICA AMBIENTAL .................................................................................................................. 23

CAPÍTULO 1
BREVE HISTÓRICO SOBRE A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL........................................................... 23

CAPÍTULO 2
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL............................................................................................ 25

CAPÍTULO 3
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O PROTOCOLO DE KYOTO............................................................. 29

CAPÍTULO 4
RESPONSABILIDADE SOCIAL.................................................................................................... 31

CAPÍTULO 5
CONSIDERAÇÕES ÉTICAS........................................................................................................ 33

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 35
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica
impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

6
Introdução
A disciplina Introdução às Ciências Ambientais objetiva formar uma base de conhecimentos
relativos ao meio ambiente. Mais do que nunca, é preciso haver a conscientização
ecológica das comunidades. Daí a importância da Educação Ambiental.

No nosso estudo, durante os fóruns, algumas leituras complementares serão sugeridas.


Sabendo, porém, que este Caderno de Estudos é um guia e não substitui a leitura
nas fontes.

As atividades avaliativas, solicitadas no corpo deste Caderno, devem ser entregues nas
datas combinadas ao longo da disciplina. É necessário que todos os trabalhos contenham
a informação sobre a fonte de pesquisa (livro ou internet).

Objetivos
»» Obter conhecimentos básicos relacionados ao meio ambiente.

»» Conceituar Ecologia, Biodiversidade, Ecossistemas e Fluxo de Energia.

»» Conhecer os princípios gerais de sustentabilidade, qualidade de vida,


racionalidade e ética ambiental, preservação, utilização dos recursos
naturais e a responsabilidade social.

7
8
ECOLOGIA UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Matéria e energia
.

Principais Ideias Abordadas

»» A matéria é feita de elementos e compostos que, por sua vez, são


constituídos de átomos, íons ou moléculas.

»» Quando ocorre uma alteração física ou química, nenhum átomo é


criado ou destruído. Este é o princípio da lei de conservação da matéria.

»» Primeira lei da termodinâmica: não é possível criar ou destruir


energia quando ela é convertida de uma forma para outra em
alterações físicas ou químicas.

»» Segunda lei da termodinâmica: todas as vezes que a energia é


alterada de uma forma para outra, terminamos sempre com menos
energia utilizável do que quando começamos.

Matéria e energia são os componentes do Universo. Pelo menos, a ciência não


encontrou nenhum outro componente até hoje.

A matéria inclui os materiais presentes no Universo: a água, o ar, a rocha e tudo o que é
vivo. Tudo que é sólido, líquido ou gasoso é matéria. Uma boa maneira de obtermos um
conceito para matéria é utilizarmos as propriedades que a descrevem. Uma definição
frequentemente utilizada para matéria é: “matéria é qualquer coisa que tenha massa”.
A massa de uma substância é a medida da quantidade de matéria nela contida. As medidas
de massa são baseadas no quilograma/massa, depositado no Bureau Internacional de
Pesos e Medidas, na França. A massa de uma substância não varia com a temperatura,
pressão ou localização no espaço.

A matéria é feita de elementos químicos, que são as unidades de construção, e de


compostos, que são dois ou mais elementos diferentes unidos em proporções fixas

9
UNIDADE I │ ECOLOGIA

por meio de ligações químicas. Os símbolos químicos representam cada elemento por
uma ou duas letras. Como exemplos: Hidrogênio (H), Carbono (C), Sódio (Na) e assim
por diante. A matéria é formada por átomos (unidade básica da matéria), íons (átomos ou
combinação de átomos carregados eletricamente) e compostos (substâncias que contêm
átomos ou íons de mais de um elemento unidos por ligações químicas). Os compostos são
representados pelas fórmulas químicas, como H2O (água) e C6H12O2 (glicose).

Podemos classificar a matéria como de alta ou baixa qualidade. Tal classificação


depende da sua utilidade para nós como recurso, com base na sua disponibilidade e
concentração. Por exemplo: o carvão é uma matéria de alta qualidade. Pode ser extraído
com facilidade e é concentrado. Por outro lado, a emissão de gases oriundos da queima
de carvão em indústrias é matéria de baixa qualidade, por ser mais difícil de extrair e
mais dispersa que a matéria de alta qualidade.

A matéria pode sofrer alterações químicas e físicas. Nas alterações físicas, as características
químicas não são modificadas. Quando a água muda de estado, por exemplo, não
acontecem alterações na sua composição química. Já em uma alteração química, as
composições químicas são alteradas. Deste modo, quando o carvão é queimado, o
Carbono sólido (C) no carvão combina-se com o gás oxigênio (O2) da atmosfera para
formar o dióxido de carbono (CO2).

Além das alterações físicas e químicas, a matéria também pode sofrer a alteração
nuclear. São três os tipos de alteração nuclear: decaimento radioativo natural, fissão e
fusão nuclear.

Quando ocorre alguma alteração física ou química, nenhum átomo é destruído ou


criado. Este é o princípio da lei da conservação da matéria. Qualquer problema
ambiental envolve este princípio. Tudo o que é descartado num processo industrial, por
exemplo, continua no ambiente de alguma forma.

Um exemplo interessante é o caso do inseticida DDT. Na década de 1960, nos Estados


Unidos, a pesquisadora Rachel Carson publicou um livro que teve grande repercussão,
alertando quanto aos perigos do DDT. O livro tinha como objetivo incentivar as pessoas
a reagirem ao uso abusivo de pesticidas químicos.

Obviamente, os agricultores se opuseram fortemente ao livro na época. Eles argumentaram


que seria economicamente impossível sobreviver à perda na produção devido às pragas
da lavoura sem o uso do inseticida. A autora defendia o uso de controles biológicos
das pragas.

Com o livro, o Senado dos EUA foi levado a proibir quase totalmente a utilização do
DDT. Anos mais tarde, cientistas detectaram a presença da substância nos ursos polares
10
ECOLOGIA │ UNIDADE I

e em baleias em altas latitudes do Hemisfério Norte que estavam muito distantes das
zonas agrícolas onde o pesticida tinha sido utilizado.

Apesar da lei da conservação da matéria, existem maneiras de tornarmos o ambiente um


local mais limpo e converter algumas substâncias químicas potencialmente prejudiciais
em formas físicas ou químicas menos nocivas.

Três fatores determinam a severidade dos efeitos prejudiciais: sua natureza química, sua
concentração e sua persistência. A persistência é a medida de quanto tempo o poluente
permanece no ar, na água, no solo ou no corpo. Neste sentido, eles podem ser classificados
em: poluentes degradáveis ou não persistentes, poluentes biodegradáveis, poluentes
lentamente degradáveis ou persistentes (estes demoram décadas para degradar como,
por exemplo o DDT e a maioria dos plásticos) e poluentes não degradáveis (elementos
tóxicos como mercúrio, chumbo e arsênio).

Energia, o que é?
Não é nada simples definir energia. Ela não tem peso e só pode ser medida quando está
sendo transformada, ou ao ser liberada ou absorvida. Por isso, a energia não possui
unidades físicas próprias, sendo expressa em termos das unidades do trabalho que realiza.
Podemos dizer que energia é a capacidade de realizar trabalho e transferir calor.
Temos energia na forma de energia elétrica, energia mecânica, energia química etc. Esses
tipos de energia podem ser classificados em energia cinética (ou energia de movimento)
e energia potencial (ou energia armazenada).

Além disso, podemos classificar a energia dependendo da sua utilização como recurso.
Neste sentido, ela pode ser de baixa ou de alta qualidade. A energia de baixa qualidade
é dispersa e tem pouca capacidade de realizar trabalho. Um grande rio, por exemplo,
apresenta calor disperso nas moléculas em movimento em uma grande quantidade de
matéria, apresentando desta forma uma temperatura baixa. A energia de alta qualidade
é concentrada e pode realizar trabalho. A eletricidade e a energia química armazenada
no carvão são exemplos de energia de alta qualidade.

Leis da termodinâmica
As leis da termodinâmica governam as transformações físicas e químicas nos sistemas
biológicos. São regras básicas da natureza. A Primeira Lei da Termodinâmica (ou Lei
da Conservação da Energia) diz que: “em todas as alterações físicas ou químicas, a
energia não é criada nem destruída, embora possa ser convertida de uma forma em

11
UNIDADE I │ ECOLOGIA

outra”. Em outras palavras, não podemos obter mais energia de um sistema do que
podemos fornecer.

Apesar de a Primeira Lei da Termodinâmica declarar que não é possível criar nem destruir
energia, quando ligamos uma lanterna com lâmpada incandescente (e de pilha comum) e a
utilizamos até apagar, observamos que algo se perdeu. Perdeu-se justamente a qualidade
da energia, ou seja, a quantidade de energia disponível que pode realizar trabalho útil.
Muitos experimentos mostraram que, quando a energia muda de uma forma para outra,
ocorre uma diminuição na capacidade da energia de realizar trabalho útil. Isso nos leva à
Segunda Lei da Termodinâmica: “quando uma energia muda de uma forma para outra,
alguma quantidade de energia útil sempre se degrada em energia de mais baixa qualidade,
mais dispersa e menos útil”.

No exemplo da lâmpada da lanterna, a energia dos elétrons em movimento flui através


dos filamentos da lâmpada e transforma-se em cerca de 5% de energia útil e 95% de
calor de baixa qualidade que flui no ambiente.

Em sistemas vivos, ao longo das cadeias tróficas, como veremos mais adiante, a energia
do sol é convertida em energia química e depois em energia mecânica. Durante cada
conversão, a energia de alta qualidade é degradada e se dispersa no ambiente na forma
de calor de baixa qualidade.

Por esta razão, entendemos, por meio da Segunda Lei da Termodinâmica, que não
podemos reciclar ou reutilizar energia de alta qualidade para realizar trabalhos úteis.
Uma vez que a energia concentrada em um alimento, num combustível ou num pedaço
de carvão é liberada, degrada-se em calor de baixa qualidade que é disperso no ambiente.

A produtividade de energia é a medida da quantidade de trabalho útil realizada por


uma entrada particular de energia em algum sistema. E existem muitas possibilidades
de se melhorar a eficiência da energia. Estima-se que menos de 20% da energia
utilizada nos Estados Unidos é efetivamente transformada em trabalho útil. Os 84%
restantes são desperdiçados devido à Segunda Lei da Termodinâmica (41%) ou gastos
desnecessariamente (43%) (MILLER JR., 2007).

A lição: uma forma rápida e barata de obter mais energia é não desperdiçar mais
da metade da energia que utilizamos. Pense no que você faz para diminuir este
desperdício. Pequenas atitudes fazem, sim, a diferença!

Ainda segundo Miller Jr. (2007), a economia dos países cresce convertendo os recursos
globais em bens e serviços e gerando resíduos, poluição e calor de baixa qualidade
no ambiente. A maioria dos países industrializados apresenta economias de alta

12
ECOLOGIA │ UNIDADE I

produtividade (e também alto desperdício). Como consequência, o consumo dos


recursos deverá exceder a capacidade de o ambiente diluir e degradar a matéria residual
e absorver o calor residual. Uma maneira de diminuir a velocidade do uso dos recursos
e reduzir o impacto ao ambiente, em uma economia de alta produtividade, é praticar
uma economia de reciclagem e reaproveitamento da matéria. Sem esquecer que as leis
da termodinâmica determinam que a reciclagem e o reaproveitamento dos recursos
requerem sempre a utilização da energia de alta qualidade, que não é reciclável.

Se nós conseguirmos diminuir o desperdício de matéria e energia, incorporarmos um


pouco de simplicidade nas necessidades cotidianas, incentivarmos a reciclagem e o
aproveitamento da matéria e controlarmos o crescimento da população, estaremos no
caminho de uma economia de baixa produtividade e sustentável.

13
CAPÍTULO 2
Conceitos básicos de Ecologia
.

Principais Ideias Abordadas

»» O que é Ecologia?

»» Conceitos de população, comunidade, ecossistema.

»» O que sustenta a vida na Terra?

»» Princípios gerais da Ecologia (RICKLEFS, 1993):

sistemas ecológicos funcionam de acordo com as leis da


termodinâmica;

o meio ambiente físico exerce uma influência controladora na


produtividade dos sistemas ecológicos;

a estrutura e a dinâmica das comunidades ecológicas são


reguladas pelos processos populacionais;

através das gerações, os organismos respondem às mudanças no


meio ambiente pela evolução dentro das populações.

O que é ecologia?
Ecologia (do grego oikos, “casa” ou “lugar para morar”; e logos, “estudo de”) é a Ciência
que estuda como os organismos interagem entre si e com o meio ambiente. Em outras
palavras, podemos dizer que Ecologia é a Ciência que investiga as conexões da natureza.

Níveis de organização
A Unidade Fundamental da Ecologia é o organismo. Um organismo pode ser definido
como qualquer forma de vida. A estrutura e o funcionamento do organismo são
determinados por um conjunto de instruções genéticas herdadas de seus pais e por
influências do meio ambiente nos quais o organismo vive. Todo organismo troca energia
e matéria com seu meio. O seu sucesso depende dele ter um balanço positivo de energia
e matéria que sustentem sua manutenção, seu crescimento e sua reprodução.

Ao longo de suas vidas, os organismos transformam energia e matéria à medida que


metabolizam, crescem e se reproduzem. Deste modo, eles modificam as condições do

14
ECOLOGIA │ UNIDADE I

ambiente, utilizando e controlando a quantidade de recursos, e contribuem para o fluxo


de energia e para a reciclagem de elementos na natureza.

Os organismos se classificam em espécies que são grupos de organismos semelhantes


dentre os quais fluem genes sob condições naturais. Isso significa que todos os
indivíduos normais e fisiologicamente aptos são capazes de procriar com indivíduos
do sexo oposto que pertençam à mesma espécie. Este é o conceito biológico de espécie
e serve bem para a maioria dos animais e para alguns tipos de plantas. Mas para os
organismos nos quais ocorre alguma hibridização, ou onde a reprodução sexual foi
substituída por autofertilização ou partenogênese, o conceito tem que ser substituído
por divisões mais arbitrárias.

Muitos organismos de uma mesma espécie que interagem e ocupam uma área específica
constituem uma população. O conjunto de populações de diferentes espécies de
organismos, vivendo e interagindo em uma mesma área, forma uma comunidade.

Um ecossistema é o resultado da interação entre as comunidades e elementos abióticos


de uma determinada área, funcionando como uma unidade. Os ecossistemas podem variar
de tamanho e podem ser naturais ou artificiais (criados pelo homem, como plantações,
lagos artificiais etc). O conjunto de todos os ecossistemas terrestres forma a biosfera.

O que sustenta a vida na Terra?


A vida na Terra depende principalmente de três fatores interligados: o fluxo de energia
unidirecional de alta qualidade proveniente do Sol, o ciclo da matéria (átomos, íons ou
componentes necessários para a sobrevivência dos organismos vivos) e a gravidade, que
permite que o planeta retenha a sua atmosfera e possibilita o movimento dos elementos
químicos entre o ar, a água, o solo e os organismos nos ciclos da matéria.

A energia solar que chega à Terra é aproximadamente a bilionésima parte da emitida pelo
Sol. Grande parte da radiação solar que consegue atravessar a atmosfera é degradada
em radiação infravermelha. Essa radiação encontra os gases de efeito estufa (vapor de
água, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e ozônio) na troposfera. À medida que
essa radiação interage com as moléculas gasosas, aumenta a energia cinética desses
gases, auxiliando no aquecimento da troposfera e da superfície terrestre. Sem isso a
Terra seria fria demais para que a vida, como conhecemos, existisse.

A Terra favorece a vida. A composição da atmosfera, a variação de temperatura do


nosso planeta, a distância em relação ao sol, o seu tamanho, entre outros fatores,
propiciam a vida na Terra como a conhecemos. A vida no nosso planeta depende
da água. Aliás, por esta razão, os cientistas e a mídia fizeram ampla divulgação

15
UNIDADE I │ ECOLOGIA

da notícia que havia fortes indícios que poderiam significar a presença de água
líquida em Marte.

Evolução biológica e seleção natural


De acordo com evidências científicas, os atributos dos indivíduos mudam ao longo
do tempo mediante um processo chamado evolução. Populações de organismos se
adaptam a mudanças nas condições ambientais e mudam a sua composição genética ao
longo de sucessivas gerações.

Segundo a Teoria da Evolução proposta por Darwin no final do século XIX, todas as espécies
são descendentes de espécies antigas, ancestrais. Essa teoria científica é amplamente
aceita e explica como a vida tem mudado e por que é tão diversificada hoje. Segundo ela
o processo de mudança acontece por meio da seleção natural, que nada mais é do que
a sobrevivência diferencial de indivíduos. Em outras palavras, a seleção natural ocorre
quando alguns indivíduos de uma população apresentam características determinadas
geneticamente que aumentam as suas chances de sobrevivência e sua capacidade de
produzir descendentes com as mesmas características.

Existem três condições necessárias para a evolução de uma população através da seleção
natural. Primeiro, a existência de variabilidade genética para uma característica na
população. Segundo, essa carcterística deve ser hereditária (capaz de ser transmitida de
uma geração para outra). E, por último, deve permitir que os organismos que possuem a
característica vantajosa deixem mais descendentes que os outros membros da população.

Os biólogos utilizam o termo microevolução para descrever pequenas mudanças


genéticas que ocorrem em uma população. E empregam o termo macroevolução para
designar mudanças evolutivas em larga escala e de longo prazo, pelas quais novas
espécies surgem.

O processo de microevolução pode ser resumido da seguinte maneira: os genes sofrem


mutação ao acaso, os indivíduos são selecionados e as populações evoluem.

O gene egoísta de Richard Dawkins.

Algumas palavras sobre ecologia humana


O enorme consumo dos recursos naturais e produção de rejeitos, por parte da nossa espécie
causou principalmente dois problemas interligados de dimensões globais. O primeiro

16
ECOLOGIA │ UNIDADE I

é o impacto das atividades humanas nos sistemas naturais (incluindo a interrupção de


processos ecológicos e a exterminação de espécies). O segundo é a firme deterioração
do meio ambiente humano à medida que nós cruzamos os limites do desenvolvimento
sustentável. A compreensão dos princípios ecológicos é essencial para lidar com
esses problemas.

O homem, muitas vezes, mete os pés pelas mãos na tentativa de resolver os problemas
sem levar em consideração conceitos básicos de Ecologia. Vejamos o exemplo,
comentado por E. Wilson em seu livro “A diversidade da vida”, dos peixes ciclídeos no
lago Vitória. Há vários anos, a Perca do Nilo (uma espécie de peixe de carne saborosa)
foi introduzida neste lago situado no leste da África. Isto foi feito com o propósito bem
intencionado de proporcionar comida adicional para os moradores da região e uma
receita adicional para a balança comercial. O resultado foi a virtual destruição de toda
a pesca do lago. Até a introdução da espécie exótica, o lago Vitória sustentava peixes
endêmicos de várias espécies, em sua maioria ciclídeos (peixes pertencentes à família
Cichlidae, os quais se alimentavam principalmente de plantas e detritos. A Perca do
Nilo é piscívora (come peixes). E como veremos mais adiante, quando comentarmos
sobre o funcionamento do ecossistema, peixes predatórios não podem ser produzidos
numa taxa tão alta quanto as espécies herbívoras. Antes da introdução da Perca do Nilo,
a pesca no lago já estava superexplorada. Contudo, a solução apropriada teria sido um
melhor gerenciamento dos ciclídeos, e nunca a introdução de um predador eficiente
sobre eles.

Com a crise de um desenvolvimento populacional muito rápido e uma


aceleração da deterioração do meio ambiente terrestre, a ecologia
assumiu importância extrema. A administração dos recursos bióticos,
de uma forma que sustente uma razoável qualidade de vida humana,
depende da sábia aplicação de princípios ecológicos, não meramente
para resolver ou prevenir problemas ambientais, mas também para
instruir nossos pensamentos e práticas econômicas, políticas e sociais.
(RICKLEFS).

17
CAPÍTULO 3
Ecossistemas
.

Principais Ideias Abordadas

»» O que acontece com a energia em um ecossistema?

»» O que são solos e como são formados?

»» O que acontece com a matéria em um ecossistema?

Energia no ecossistema
A vida existe na Terra em sistemas terrestres denominados biomas e em zonas de vida
aquática nas águas doces e nos oceanos. As espécies vivem sob condições físicas distintas,
e a sua tolerância em relação às variações do ambiente também variam de espécie para
espécie. Neste sentido, o que determina a abundância e distribuição das espécies é essa
tolerância em relação às características físicas e químicas, além das interações entre as
espécies e a disponibilidade de recursos. Além disso, fatores hídricos também podem
influenciar a ocorrência ou não de determinadas espécies em um ambiente. Muitas
espécies podem não ocorrer em determinadas regiões simplesmente por nunca terem
conseguido chegar lá.

Como vimos, os ecossistemas são o resultado das interações entre as comunidades e


os elementos abióticos de uma área específica. Os fatores abióticos são a quantidade
de energia solar, a temperatura, o ar, o clima, a quantidade de recursos hídricos, as
características do solo etc. Dois fatores de extrema importância na Ecologia são o fluxo
de energia e a circulação de nutrientes nos ecossistemas. Para entender como a energia
e os nutrientes se movimentam através do ecossistema é preciso entender como os
organismos vivem.

Os organismos produzem ou consomem alimentos. Os produtores, também chamados


de autótrofos, fabricam seu próprio alimento utilizando compostos obtidos no meio
ambiente. As plantas verdes são a maioria dos produtores. Transformam a energia
solar em energia química, formando compostos complexos como a glicose através da
fotossíntese. A reação geral da fotossíntese pode ser resumida da seguinte forma:

Dióxido de carbono + água + energia solar  glicose + óxigênio

(6CO2 + 6H2O + energia solar  C6H12O2 + O2)


18
ECOLOGIA │ UNIDADE I

Pelo processo da quimiossíntese, bactérias especializadas são capazes de converter, sem


a luz solar, simples compostos do ambiente em compostos de nutrientes mais complexos.

Os demais organismos do ecossistema são consumidores, também chamados de


heterótrofos, e obtêm energia e nutrientes alimentando-se de outros organismos ou
restos orgânicos. Os decompositores são consumidores especializados que reciclam
matéria orgânica nos ecossistemas. São em sua maioria fungos e bactérias que
decompõem material orgânico morto ou detrito para obter nutrientes. Essa atividade
libera compostos inorgânicos no ambiente que serão utilizados pelos produtores,
completando o ciclo.

Produtores, consumidores e decompositores utilizam a energia química armazenada na


glicose e em outros compostos orgânicos para manter seus processos vitais. Na maioria
das células, essa energia é liberada pela respiração aeróbica, que utiliza o oxigênio
para converter os nutrientes orgânicos novamente em dióxido de carbono e água.
Veja a representação da reação química:

Glicose + oxigênio  dióxido de carbono + água + energia

(C6H12O2 + O2  6CO2 + 6H2O + energia)

Em resumo, o solo e os corpos de água são reservatórios de nutrientes para os produtores.


Os compostos inorgânicos passam de um organismo para o outro à medida que um
organismo se alimenta do outro. Com a morte dos produtores e consumidores, os
decompositores utilizam os detritos como fonte de alimento e os decompõem em
nutrientes inorgânicos, devolvendo-os aos reservatórios da natureza. Essa é a maneira
com que ocorre a circulação dos nutrientes e o fluxo de energia, através dos organismos,
nos ecossistemas.

Existe uma dissipação de energia na forma de calor nesse fluxo de energia, conforme a
Segunda Lei da Termodinâmica. Por esta razão o ecossistema pode ser visto como uma
gigantesca máquina termodinâmica que continuamente dissipa energia em forma de
calor. E assim a vida está organizada, por meio da produção, do consumo e da reciclagem.

A transferência de matéria e energia de um organismo para outro chama-se cadeia


alimentar. Os produtores estão no primeiro nível trófico dessa cadeia, seguidos dos
consumidores primários (herbívoros), depois dos consumidores secundários, e assim
por diante. No final da cadeia estão os decompositores. Uma vez que os ecossistemas
na natureza são complexos e muitas espécies participam de distintas cadeias
alimentares, os organismos formam uma rede de cadeias alimentares denominada
teia alimentar.

19
UNIDADE I │ ECOLOGIA

Os solos
O solo, base de vida na Terra, é formado de uma complexa mistura de rocha erodida,
nutrientes minerais, matéria orgânica em decomposição, ar, água e bilhões de
organismos vivos. O solo é um recurso renovável, entretanto a sua renovação acontece
muito lentamente.

O solo fornece um grande volume de nutrientes necessários para o crescimento das


plantas. Se pararmos para pensar, nós mesmos somos feitos principalmente de nutrientes
que vêm do solo por meio dos alimentos que ingerimos. Além disso, o solo purifica a
água, auxilia na decomposição e na reciclagem de resíduos biodegradáveis e é o principal
componente dos processos de reciclagem e armazenamento de água do planeta.

Um alerta: desde o início da agricultura, as atividades humanas têm ocasionado a


erosão dos solos, o que pode converter esse recurso renovável em não renovável.
Historicamente, civilizações inteiras já desapareceram por terem negligenciado a
superfície do solo que sustentava suas populações.

Ciclos dos nutrientes


Todos os organismos estão interligados por sistemas globais de reciclagem, conhecidos
como ciclos de nutrientes ou ciclos biogeoquímicos. Os nutrientes inorgânicos
circulam pelos ecossistemas na atmosfera, nos oceanos, no solo, nas rochas (litosfera)
e nos organismos vivos. Estes ciclos interligam a vida do passado, presente e futuro.
É interessante nos darmos conta de que alguns dos átomos de carbono que formam
o nosso corpo, por exemplo, podem ter sido parte de uma concha ou de uma folha
no passado.

Os ciclos biogeoquímicos incluem o ciclo do carbono, oxigênio, nitrogênio, fósforo e água.

Faça uma pesquisa sobre os ciclos biogeoquímicos. Pense e dê exemplos de


como o homem afeta estes ciclos.

20
CAPÍTULO 4
Biodiversidade

Você sabe quantas espécies existem no nosso planeta? Esta pergunta ainda não tem
uma resposta precisa. Até os dias de hoje, aproximadamente 1,4 milhões de espécies
vivas foram descritas. Destas, 750 mil são insetos, 41.000 são vertebrados e 250.000
são plantas. No entanto, não sabemos a que porcentagem estas espécies já descritas
equivalem em relação ao número do total de espécies existentes atualmente. E. Wilson,
em seu livro Biodiversidade (1988), estima que o número de espécies existentes
esteja entre 5 e 30 milhões de espécies. Certamente, encontrar e descrever um número
tão grande de espécies requer muito trabalho por parte dos cientistas. Além disso,
muitas espécies irão desaparecer antes mesmo de serem encontradas ou reconhecidas.

As maiores ameaças à diversidade biológica que resultam da atividade humana são:


a destruição, a fragmentação, a degradação do habitat, superexploração das espécies,
introdução de espécies exóticas e o aumento de ocorrência de doenças. Estas ameaças
são causadas pelo uso crescente dos recursos naturais por uma população humana em
expansão exponencial. A grande destruição de comunidades biológicas ocorreu durante
os últimos 150 anos, quando a população humana cresceu de 1 bilhão em 1850, para 2
bilhões em 1930, chegando a 6 bilhões estimados em 1998.

O que é diversidade biológica?


A definição de diversidade biológica dada pelo Fundo Nacional para a Natureza (1989)
é “a riqueza da vida na Terra, os milhões de plantas, animais e micro-organismos, os
genes que eles contêm e os intrincados ecossistemas que eles ajudam a construir no
meio ambiente”. Por esta definição, a diversidade biológica deve ser considerada em três
níveis: no nível das espécies (diversidade de espécies), na variação genética dentro das
espécies (diversidade genética) e no nível das comunidades e ecossistemas (diversidade
ecológica). Todos os níveis da diversidade biológica são necessários para a sobrevivência
das espécies e das comunidades naturais.

Por que conservar a biodiversidade?


Os processos ecológicos garantem a biodiversidade na Terra e estão por trás de todos
os serviços que a natureza nos presta. Mas que serviços são esses? Vamos responder a
esta pergunta utilizando um exemplo aplicado por alguns autores na literatura sobre

21
UNIDADE I │ ECOLOGIA

biodiversidade. Imagine que você tem a oportunidade de ir morar em outro planeta e ter
uma boa vida por lá. Para simplificar, este novo planeta possui atmosfera e clima similar ao
nosso, aqui na Terra. Você está arrumando a sua mudança e agora precisa escolher quais,
entre as milhões de espécies existentes, levará consigo. Sendo pragmático, você começa a
sua lista escolhendo espécies que podem ser diretamente exploradas e que fornecerão
alimentos, fibras, madeira e remédios. Neste ponto, sua lista já pode ter centenas de
espécies. Mas, refletindo um pouco mais, você perceberá que precisa adicionar à sua
lista espécies que garantam a sobrevivência daquelas que você já escolheu. Mas que
espécies são essas? Não há uma resposta para esta pergunta. Ninguém sabe quais e
quantas espécies são necessárias para sustentar a vida humana.

Você poderia tentar outro enfoque para a sua lista de espécies a levar para o planeta
enumerando quais os serviços ambientais que você imagina precisar no seu novo
planeta, tais como: purificação da água, ciclagem de nutrientes, geração e manutenção
da fertilidade do solo, decomposição do lixo, polinização de espécies utilizáveis na
alimentação, controle de pragas e doenças, dispersão de sementes e proteção contra os
raios ultravioletas. Quantas espécies seriam necessárias para garantir esses serviços?
Quantas espécies, por exemplo, são necessárias para a manutenção da fertilidade do
solo? Em um metro quadrado de solo, podemos encontrar espécies de protozoários,
algas, fungos, bactérias, insetos, minhocas, entre outras. Que espécies levar? A esta
altura, parece que o melhor mesmo é continuar aqui na velha e boa Terra…

Desde o início da humanidade, temos utilizado os serviços da natureza. Com o


desenvolvimento do conhecimento e o domínio de novas tecnologias poderíamos nos
perguntar se alguns destes serviços conseguiriam ser substituídos por alternativas
tecnológicas. Atualmente, por exemplo, métodos de purificação da água foram
desenvolvidos e utilizamos agrotóxicos na ausência de controle biológico de pragas.

No entanto, há certamente um limite para isso. Muitos serviços naturais envolvem


complexos ciclos naturais de escala global (como os ciclos biogeoquímicos, por exemplo),
que não podem ser substituídos por tecnologias. Apenas os serviços ambientais derivados
de processos de escala mais limitada podem ser supridos por novas tecnologias.

Um outro aspecto ainda a ser considerado é o custo financeiro de se usar a tecnologia.


No caso da água, por exemplo, se os processos ecológicos envolvidos da purificação
da água forem comprometidos, o tratamento da água passa a ser caro e complexo.
E uma água mais cara significa a exclusão de uma parcela da população ao uso da
água encanada. Imagine os danos à saúde dessa população. Neste sentido, verificamos
a existência de uma ligação entre a conservação da biodiversidade e dos serviços
ambientais com a exclusão social.

22
PROBLEMÁTICA UNIDADE II
AMBIENTAL

CAPÍTULO 1
Breve histórico sobre a problemática
ambiental

Quanto desenvolvimento tecnológico aconteceu nos últimos 300 anos! Inúmeras


descobertas feitas pela ciência geram uma capacidade enorme de produção e controle
de elementos naturais. O homem, assim como qualquer organismo, está sujeito à
seleção natural. Contudo, a diferença está na nossa capacidade de detectar a seleção
sobre nós mesmos e de eliminar (ou, pelo menos, diminuir bastante) essa pressão
seletiva. O homem, com a sua capacidade de raciocínio e consciência, possui uma
enorme capacidade de adaptação. Nossa espécie vive nos mais distintos ambientes do
planeta, sempre modificando o ambiente de modo a satisfazer as nossas necessidades
de vida. No entanto, se não modificarmos a maneira como utilizamos o meio, esse
“avanço”, pode nos levar à extinção.

Ao longo da história, o homem aprendeu a superar suas limitações. Começou a criar


ferramentas que multiplicavam as suas capacidades, ao mesmo tempo em que compreendeu
que a sua sobrevivência era aumentada com a formação de grupos, que organizados
em torno de um objetivo multiplicavam as suas capacidades individuais. Então surgiu
a necessidade da organização das atividades para que os objetivos fossem alcançados.
Deste modo, se desenvolveu um processo de organização do trabalho, ligado à distribuição
de funções e tarefas. Este aumento da capacidade de trabalho do homem gerou impactos
sobre o ambiente. O homem passou a construir bons abrigos, aperfeiçoou os métodos de
caça e pesca e foi modificando lentamente o ambiente por milhares de anos.

As sociedades humanas viviam em constante movimento, caçando animais selvagens


e mudando de um lugar para outro em função das estações do ano, coletando frutos e
grãos para sua alimentação. Por volta de 10.000 anos atrás, os homens começaram a
domesticar animais e plantar sementes, o que permitia colheitas ao longo do ano. Estas
atividades levaram a uma revolução na história da humanidade, a revolução agrícola.

23
UNIDADE II │ PROBLEMÁTICA AMBIENTAL

A revolução agrícola permitiu a fixação das pessoas e o surgimento de pequenas vilas


e cidades. O homem passou a produzir os alimentos que necessitava e aumentou
a divisão do trabalho. As sociedades ficaram mais complexas, com a necessidade de
cooperação entre os indivíduos para a manutenção da qualidade de vida. Nesse momento,
a manutenção ou o aumento da qualidade de vida já se dava em detrimento do
ambiente natural.

Com a agricultura (e o sedentarismo) o homem mudou a relação que tinha com a


natureza, pois a atividade agrícola exige a criação de um meio artificial para o cultivo de
plantas e animais. Surgiu então a sociedade privada.

O aumento das aglomerações humanas aumenta a destruição do ambiente natural


e provoca a adaptação de outros organismos que passam a conviver com os homens
como pragas. Algumas dessas pragas transmitem doenças e, de fato, temos exemplos
de grandes epidemias durante a Idade Média que provocaram a morte de milhões de
pessoas na Europa.

No século XVIII, ocorreu outra grande revolução, a revolução industrial. Ela começou
na Inglaterra e se espalhou pelo mundo com o passar do tempo, provocando alterações
profundas no meio ambiente. Promoveu o crescimento econômico, gerou riquezas e
trouxe uma melhor qualidade de vida às pessoas. Por outro lado, a revolução industrial
trouxe vários problemas ambientais como: altas taxas de concentração populacional,
consumo acelerado dos recursos naturais (muitos deles não renováveis), poluição do
ar, água e solo, desmatamento, entre outros.

Um dos problemas mais visíveis causados pela industrialização é a destinação dos


resíduos gerados na produção, que afetam a saúde do homem e do meio ambiente.
Nas últimas décadas, ocorreram grandes acidentes industriais, e a contaminação
gerada por eles acabou chamando a atenção da opinião pública para a gravidade.
Adicionalmente, o avanço do conhecimento científico, nas mais variadas áreas,
deu suporte para as denúncias dos problemas envolvendo o meio ambiente e a
sustentabilidade. Problemas ambientais tornaram-se assunto global e começou a
formação de uma conscientização dos problemas causados por má gestão.

Atualmente, a preocupação com o meio ambiente faz parte de muitos encontros


internacionais e muitas empresas estão empenhadas em melhorar suas gestões em prol
do meio ambiente.

24
CAPÍTULO 2
Desenvolvimento sustentável

A sustentabilidade é a capacidade dos diversos sistemas da Terra, incluindo as


economias e sistemas culturais humanos de sobreviverem e se adaptarem às
condições ambientais em mudança.

O desenvolvimento sustentável norteia o atual debate sobre a questão ambiental


em qualquer setor das atividades humanas.

Quase todos os ecossistemas naturais alcançam a sustentabilidade de longo


prazo de duas maneiras: utilizam a energia solar (que é renovável) como fonte de
energia e reciclam os nutrientes que os organismos necessitam para sobreviver
e reproduzir. Temos que aprender com a natureza!

Vivemos em uma era exponencial. Atualmente, a população humana está crescendo a


uma taxa de 1,2% ao ano. Entre 1950 e 2005, a população mundial aumentou de 2,5
bilhões para 6,5 bilhões. Estima-se que em 2010 a população humana esteja ente 8 e 10
bilhões de pessoas.

O crescimento econômico é a capacidade de um país em fornecer bens e serviços às


pessoas. Apesar de o crescimento econômico ter se multiplicado por oito de 1950 a
2005, a pobreza assola bilhões de pessoas.

O conceito de desenvolvimento sustentável é complexo e começou a ser formado


a partir da década de 1960. A primeira definição mais elaborada surgiu no relatório
produzido pelo informe Brundtland (Nosso Futuro Comum) da Comissão Mundial
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), que era presidida pela
primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Segundo o relatório, o
desenvolvimento sustentável é “um processo de transformação no qual a exploração
dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico
e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a
fim de atender às necessidades e aspirações humanas”.

O conceito de desenvolvimento sustentável é amplamente utilizado mas existem


diferentes interpretações sobre ele. Para algumas pessoas, alcançar o desenvolvimento
sustentável é obter o crescimento econômico por meio de um manejo mais racional
dos recursos naturais e da utilização de tecnologias mais eficientes e menos poluentes.
Para outras, o desenvolvimento sustentável é antes de tudo um projeto social e político

25
UNIDADE II │ PROBLEMÁTICA AMBIENTAL

para acabar com a pobreza, melhorar a qualidade de vida e satisfazer às necessidades


básicas da humanidade utilizando os recursos naturais de uma maneira sustentável.
Entretanto, é princípio básico do desenvolvimento sustentável, o desenvolvimento que
atende as gerações atuais e futuras. Em outras palavras, deve-se a todo custo utilizar os
recursos de forma que as gerações futuras não sejam prejudicadas.

Da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento


(CNUMAD), também conhecida como ECO-92, resultaram alguns documentos,
entre eles a Agenda 21. Este documento é um programa internacional que estabelece
parâmetros para que se obtenha o desenvolvimento sustentável nas vertentes econômica,
social e ambiental. Posteriormente, outros encontros aconteceram e procuraram
reavaliar e dar diretrizes para a construção de um desenvolvimento sustentável.

O Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável participou da organização


da temática empresa e meio ambiente na ECO-92. O conselho elaborou um documento
sobre o desenvolvimento sustentável voltado para o meio empresarial.

Em 1998, no Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) publica a sua Declaração


de Princípios da Indústria para o Desenvolvimento Sustentável. Observa-se uma maior
intenção, por parte das empresas, de integrar economia e meio ambiente. Ainda que
o desenvolvimento sustentável nas empresas seja mais voltado para a eficiência na
gestão interna e práticas ecoeficientes do que para a conscientização de um amplo
desenvolvimento econômico sustentável, é certamente um grande avanço.

As empresas têm uma grande responsabilidade sobre o esgotamento dos recursos


naturais e são poucas aquelas que assumem uma postura de responsabilidade social
ambiental. A maioria age em resposta a exigências de órgãos governamentais no que
se refere a procedimentos ecologicamente mais eficientes. No entanto, as empresas
geram empregos e produzem muitos produtos que melhoram a nossa qualidade de
vida. O papel das empresas é inegável, e somente com o avanço da adoção de sistemas
de gestão por parte delas teremos a perspectiva de atingirmos um desenvolvimento
minimamente sustentável.

Nos processos industriais, os recursos naturais são utilizados e, devido a ineficiências


internas dos processos, geram resíduos de vários tipos que contaminam o meio
ambiente. Existem diversos fatores externos que provocam uma resposta das empresas
no sentido de diminuir a contaminação: o Estado, por meio de uma legislação coerente
seguida de uma boa fiscalização; a comunidade local, que faz um tipo de fiscalização
informal uma vez que as pessoas que moram perto das indústrias são as primeiras
a sofrer consequências da poluição; os mercados, que podem preferir empresas que
agridam menos o meio ambiente durante os seus processos produtivos; e por último,
os fornecedores das empresas.
26
PROBLEMÁTICA AMBIENTAL │ UNIDADE II

Existem vários benefícios financeiros que podem ser obtidos pelas empresas ao
diminuir a quantidade de resíduos lançados no meio ambiente. Entre eles estão:

»» menores gastos com matéria-prima, energia e disposição dos resíduos,


com menor dependências de instalações para o tratamento e destinação
final de resíduos;

»» redução dos custos futuros decorrentes de processos de despoluição de


resíduos ou contaminação; economia em multas ambientais; menores
custos operacionais e de manutenção e, por fim, menores riscos às pessoas
e, consquentemente, menos despesas. Em muitos casos, a redução da
contaminação ocorre sem a necessidade de grandes investimentos por
parte das empresas, apenas com a melhoria da gestão e das práticas
adotadas ao longo do processo de fabricação.

A Gestão Ambiental tem por objetivo conseguir que os efeitos ambientais não
ultrapassem a capacidade de carga do meio onde se encontra a empresa, buscando
dessa forma a sustentabilidade. O processo de gestão ambiental nas empresas está
profundamente vinculado a normas elaboradas pelas instituições públicas sobre o
meio ambiente. Estas normas fixam os limites aceitáveis de emissão de substâncias
poluentes, definem a maneira de lidar com os resíduos, proíbem a utilização de
substâncias tóxicas, definem a quantidade de água a ser utilizada, volume de esgoto
a ser lançado, etc.

Há diversas razões para uma empresa adotar métodos de gestão ambiental.


Internamente, na empresa, existe a necessidade de redução de custos, aumento da
qualidade do produto, melhoria da imagem da empresa, necessidade de inovação
(diferenciação de seus concorrentes), sensibilização dos funcionários e, por fim,
aumento da responsabilidade social. Externamente à empresa, existe a demanda
do mercado com exigências ambientais, a concorrência, a legislação ambiental e a
imagem da empresa perante a sociedade.

Em muitos casos, as certificações ambientais têm se tornado um estímulo de peso para


as empresas. Clientes de países desenvolvidos muitas vezes exigem uma certificação
internacionalmente reconhecida, como é o caso da norma ISO 14000, para alguns
produtos. Os sistemas de gestão ambiental, como mencionado, constituem processos
em que se controlam e minimizam os impactos ambientais negativos de uma empresa.
Para se obter a cerificação de um modelo de gestão ambiental da série ISO 14000, a
empresa deve implementar ferramentas para monitorar as atividades, produtos ou
serviços que podem interagir com o meio ambiente, e desenvolver programas ambientais
que promovam a redução ou eliminação do impacto eventualmente produzido.

27
UNIDADE II │ PROBLEMÁTICA AMBIENTAL

Pesquise e exemplifique práticas ecologicamente corretas por empresas,


apontando os benefícios revertidos a essas empresas e ao meio ambiente.

28
CAPÍTULO 3
Mudanças climáticas e o Protocolo
de Kyoto

No final dos anos 1980 foi dado um alerta ao mundo sobre o aquecimento global devido
ao efeito estufa e seus perigos para o planeta. Desde então, o problema tem se agravado
tanto pelo aumento das temperaturas médias quanto pelo avanço da tecnologia, que
consegue demonstrar com maior precisão o que realmente está acontecendo com o
clima global devido à atividade humana.

O efeito estufa é um fenômeno natural que ocorre a partir da concentração de gases


na atmosfera, tais como o dióxido de carbono (CO2), o ozônio (O3), o óxido nitroso
(N2O) e o metano (CH4), entre outros, que absorvem uma quantidade maior de radiação
infravermelha, provocando o aumento da temperatura da Terra. A vida no planeta
depende disso. O problema é que a queima de carvão natural, petróleo e derivados
lançam quantidades excessivas desses gases na atmosfera, provocando um aquecimento
anormal do planeta. Está ocorrendo um aumento da concentração, principalmente de
CO2 (produzido pela queima de combustíveis fósseis), que não está sendo absorvido em
quantidade suficiente pela vegetação existente.

A Convenção da Mudança Climática e o Protocolo de Kyoto são esforços para desenvolver


formas globais de controle das emissões e regular a utilização da atmosfera como um
bem público global.

Em 1998, estabeleceu-se o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPPC)


pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa de Meio Ambiente
das Nações Unidas (PNUMA), com o objetivo de reunir todas as evidências das alterações
climáticas devido as ações do homem. O IPPC reúne mais de 2 mil especialistas
climáticos de 70 países. Em 2000 o IPPC publicou o seu primeiro relatório afirmando
que a mudança climática representava de fato uma ameaça à humanidade.

Veja o documentário Uma verdade inconveniente (2006), do diretor Davis


Guggenheim, apresentado pelo ex-presidente americano Al Gore.

O Protocolo de Kyoto foi resultado da terceira Conferência da Partes, órgão


encarregado de revisar a implementação da Convenção das Nações Unidas sobre
a Mudança Climática, assinada por 155 países, durante a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambeinte e Desenvolvimento (CNUMAD), em junho de 1992.

29
UNIDADE II │ PROBLEMÁTICA AMBIENTAL

Segundo o protocolo, os países industrializados deveriam cortar suas emissões para


abaixo dos níveis de 1990.

Leia mais sobre o Protocolo de Kyoto em:

<http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/4006.html>

O Protocolo de Kyoto oferece a muitas empresas e aos países em desenvolvimento


uma oportunidade de novos negócios que podem ser realizados tendo como base o
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Este mecanismo representa uma forma
de cooperação, por meio do comércio de emissões, permitindo que países desenvolvidos
cumpram as suas metas de redução na emissão de gases, por meio de financiamento de
projetos em países em desenvolvimento. Estes projetos incluem conservação de áreas
naturais protegidas, reflorestamento, eficiência energética etc.

O Brasil apresenta grande potencial para participar deste mercado mundial de


carbono, pois possui grandes extensões territoriais propícias ao aumento da taxa de
crescimento vegetal, mediante o reflorestamento ou a conservação de áreas naturais,
o que propicia níveis elevados de captação de carbono. Nesse contexto, o mecanismo
para o desenvolvimento limpo pode oferecer financiamento, tecnologia, cooperação e
capacitação para projetos ambientais.

Pesquise como funciona o mercado de carbono. Explique esse mercado


e exemplifique.

30
CAPÍTULO 4
Responsabilidade social

Um aspecto extremamente importante do movimento gerado em torno da questão


ambiental nos últimos anos é a responsabilidade social tanto de indivíduos quanto
de organizações. A responsabilidade social em questões ambientais se traduz na
adoção de práticas que extrapolam os deveres básicos tanto do cidadão quanto das
organizações. Constituem-se, em sua maioria, em ações voluntárias que implicam em
um comprometimento maior que a simples adesão formal de normas em virtude de
obrigações legais.

A responsabilidade social empresarial promove uma conduta por parte da empresa


que integra elementos sociais e ambientais que não estão necessariamente contidos
na legislação, mas que atendem às expectativas da sociedade em relação à empresa.
Na cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como Rio+10
definiu-se a responsabilidade social empresarial como: “O compromisso da empresa de
contribuir ao desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando com os empregados,
suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para melhorar a qualidade
de vida”. A empresa, deste modo, possui um novo papel na sociedade, extrapolando o
âmbito do mercado, criando normas que fogem do âmbito exclusivamente econômico.
Além disso, é vista também como um sistema social, formado por um conjunto de
pessoas que estabelecem objetivos éticos para orientar suas atividades.

Desta forma, os empresários estão se conscientizando de que a empresa não é apenas


uma unidade de produção de bens e serviços, mas deve atuar de acordo com uma
responsabilidade social que se baseia no respeito aos direitos humanos, na melhoria da
qualidade de vida e na preservação do meio ambiente.

As discussões sobre a responsabilidade social tomaram um novo rumo com o lançamento


do Pacto Global pelas Nações Unidas em 1999, quando o então secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, apelou para que as empresas do mundo todo assumissem uma globalização
mais humanitária. O pacto tem dez princípios universais, envolvendo os direitos humanos,
direitos do trabalho, proteção ambiental e princípios contra a corrupção.

Educação Ambiental – princípios


Genebaldo Dias, após analisar a evolução do conceito de Educação Ambiental, diz:
“Acredito que a Educação Ambiental seja um processo por meio do qual as pessoas

31
UNIDADE II │ PROBLEMÁTICA AMBIENTAL

aprendam como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e como
promovemos a sua sustentabilidade”.

A maioria dos ambientalistas acredita que aprender a viver de maneira sustentável


requer educação ambiental. Veja alguns objetivos da educação ambiental descritos por
Miller (2007).

»» Desenvolver o respeito a todas as formas de vida.

»» Entender o máximo possível como a Terra funciona e se sustenta e usar


esse conhecimento para guiar nossas vidas, comunidades e sociedades.

»» Buscar conexões dentro da biosfera e entre ela e nossas ações.

»» Usar o raciocínio crítico.

»» Avaliar a nossa visão de mundo ambiental e entendê-la como um processo


de longa duração.

»» Aprender a avaliar as consequências boas e ruins para o planeta, de


nossas escolhas de estilo de vida, hoje e no futuro.

»» Fomentar o desejo de fazer do mundo um lugar melhor e agir para tanto.

A Educação Ambiental hoje tem um papel fundamental na conscientização de que o ser


humano é parte do meio ambiente, tentando superar a visão antropocêntrica, que fez
com que o homem se sentisse sempre o centro de tudo esquecendo a importância da
natureza. Essa área de formação surgiu a partir do crescente interesse do homem sobre
questões ambientais devido às grandes catástrofes naturais que têm assolado o mundo
nas últimas décadas.

No Brasil, em 27 de abril de 1999, a educação ambiental foi inserida na legislação


por meio da Lei no 9.795 – Lei da Educação Ambiental, que em seu art. 2o afirma:
“A Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter formal e não formal”. Neste sentido, o intuito é formar
educandos com uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, para que as
gerações que estão nas escolas já aprendam valores e atitudes que permitam a utilização
do ambiente de forma sustentável.

32
CAPÍTULO 5
Considerações éticas

Que fatores levam os humanos a agir de


maneira destrutiva?
A degradação do ambiente ocorre basicamente por razões econômicas. A nossa floresta
é desmatada para que seja explorada e comercializada a madeira e também para que a
área sirva para o plantio de soja, por exemplo. Espécies são introduzidas em novas áreas,
de maneira acidental ou propositadamente, sem qualquer consideração com o resultado.

A economia moderna prevê que uma transação ocorre quando é benéfica para ambas as
partes envolvidas. Um dos principais desafios dos biólogos conservacionistas é assegurar
que todos os custos e benefícios da transação sejam levados em conta. As empresas ou
pessoas envolvidas em atividades que resultam em danos ecológicos, geralmente, não
arcam com todos os custos de suas atividades. Quando existe algum acidente ecológico
como o vazamento de óleo ou de algum produto químico para o ambiente por exemplo,
o custo é pago por toda a população, não somente por quem está envolvido na transação
de compra e venda do óleo ou do produto químico.

A ampla distribuição do custo econômico de uma atividade somado ao fato do benefício


estar concentrado em pequenos grupos cria um conflito econômico/ecológico. Por esta
razão, nem todos os homens devem arcar com os resultados da degradação. Neste contexto,
surge a economia ambiental, disciplina que integra economia, ciência ambiental e política
pública. Uma justificativa econômica para a preservação da diversidade biológica pode ser
um argumento extremamente forte para que os governos e iniciativas privadas diminuam
os impactos causados pela nossa sociedade, ao meio ambiente natural.

Mas será que o surgimento da economia ambiental não mostra uma submissão ao atual
sistema econômico mundial? Sistema esse na qual morrem milhões de pessoas anualmente
vítimas da desnutrição? Certamente, muitas mudanças têm que ser feitas nesse sistema.

Muitos argumentos e questionamentos éticos, além dos econômicos, podem ser feitos
para justificar a proteção do meio ambiente. Primeiramente, todas as espécies têm o
direito de existir. Este argumento apresenta o homem como parte de uma comunidade
biótica maior (como de fato o é), na qual respeitamos todas as espécies.

Um outro argumento é que todas as espécies são interdependentes. E por esta razão a
perda de uma espécie pode ter consequências para outras espécies da comunidade. Os
33
UNIDADE II │ PROBLEMÁTICA AMBIENTAL

humanos devem viver dentro das mesmas limitações em que vivem as outras espécies.
Afinal, todas as outras espécies vivem dentro da capacidade de suporte biológico de
seu ambiente.

A sociedade tem a responsabilidade de proteger o planeta. Se degradarmos os recursos


naturais do ambiente, proporcionando a extinção de muitas espécies, as gerações
futuras pagarão o preço pois terão uma qualidade de vida inferior.

O respeito pela vida humana deve ser o mesmo em relação à diversidade biológica.
Esforços para diminuir a pobreza, a criminalidade e promover a paz entre as nações,
por exemplo, beneficiarão as pessoas e a diversidade biológica. Esses problemas sociais
têm efeitos deletérios sobre a biodiversidade.

A natureza tem valor estético e espiritual. Em geral o homem aprecia a vida selvagem
e a natureza, e muitas pessoas consideram a Terra como criação divina, que deve
ser respeitada.

Pense nos seus argumentos éticos para a preservação do meio ambiente. Certamente,
todos eles são importantes.

Você acha que temos jeito?

34
Referências

BENSUSAN, N. (Org.). Seria melhor mandar ladrilhar? Biodiversidade como,


para quê, por quê. Brasília: Editora UnB, 2002, 251p.

CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Melhoramentos, 1968.

DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004,
549p.

DIAS, R. Gestão ambiental, responsabilidade social e sustentabilidade. São


Paulo: Atlas, 2007, 196p.

MILLER JR., G. T. Ciência ambiental. 11. ed. São Paulo: Thomson, 2007, 501p.

PHILIPPI JR., A.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G. C. Curso de gestão ambiental.


Barueri, SP: Manole, 2004.

PRIMACK, R. B.; RODRIGUES E. Biologia da conservação. Londrina, PR: Gráfica


e Editora Midiograf, 2001, 327p.

RICKLEFS, R. E. Economia da natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A.,


2003, 503p.

WILSON, E. O. Diversidade da vida. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

_____. (Org.). Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, 657p.

35

You might also like