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A linguística estuda cientificamente a língua como ela é. Por registrar a língua em diferentes
situações e em uso por diversas comunidades de falantes, a linguística permite conhecer os
mecanismos de uma comunicação eficaz. Longe de se basear em prescrições, este “bem falar” não é
a aderência ou conformidade a um modelo restrito de comunicação fundamentado em textos
literários clássicos. Como ciência, a linguística deve ater-se a princípios de verificação empírica e
falseabilidade. Qualquer teoria ou hipótese deve ser testável para ser válida e um pesquisador
qualificado consegue replicar os resultados com novas pesquisas empíricas.
Sabendo como a linguagem é adquirida e articulada, dá-se para ensinar línguas estrangeiras e
desenvolver vários registros e formas de comunicação na língua materna. As ciências sociais
beneficiam-se da linguística por entender como diferentes comunidades de falantes criam fronteiras
e identidades através da língua. Também as ciências sociais, especialmente a antropologia
linguística, retribuem com conhecimentos à linguística quando descrevem e registram línguas de
comunidades ágrafas. O jornalismo e o marketing precisam transmitir ideias o menos ambíguo
possível. Aí entra a linguística computacional buscando palavras e locuções de efeitos e que sejam
compreensíveis ao público-alvo, os chamados SEOs. A linguística serve para investigações forenses
quando se é possível determinar autoria de textos através de análise de discurso e análise conteúdo.
O professor de línguas ao empregar esses instrumentos linguísticos consegue que o aluno desperte
para os diferentes registros da língua e use-os apropriadamente. Um exemplo seria aproveitar os
dialetos vernaculares para ensinar contrastivamente a norma culta. Assim se empregam com grande
proveito nas escolas bilíngues crioulo-português no Cabo Verde. Seria interessante ensinar a
gramática de dialetos como o caipira ou o gaúcho junto da norma culta do português brasileiro.
Ainda que os critérios de diferenciar entre língua e dialeto sejam arbitrários, segundo o Ethnologue,
a base de dados do SIL — Summer Language Institute –, há 7.097 línguas faladas hoje, distribuídas
em 135 famílias linguísticas sem relações entre si (sem contar línguas isoladas ou não classificadas,
línguas de sinais, crioulos e línguas mistas). Desde a primeira edição em 1951 dessa lista, 360 línguas
morreram e documentá-las é uma das tarefas do linguista.