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Na Escola da Poesia.

Citação, na introdução, de Roland Barthes, o grau zero da escritura. (checar esse livro na minha
estante).

Citação Júlia Kristeva – la revolution du langage poétique. 1980.

Citação pág.12 sobre a leitura da poesia enquanto linguagem na escola. Trata-se de sentir e de
saber como se entra na poesia e por que razão essa espécie de imersão da criança e do
adolescente num banho de linguagem, cuja função não se reduz à comunicação, pode
contribuir para ajudar o psiquismo a equilibrar-se e o imaginário a construir e a estruturar os
seus domínios.

Propõe na primeira fase abordar o mais claramente possível a realidade abrangida pela palavra
e pelo conceito de poesia, mais particularmente no espaço cultural francófono, fazendo
sempre minha esta frase de Paul Valéry: algumas pessoas têm da poesia uma ideia tão vaga
que tomam esse vago pela própria ideia de poesia.

Segunda fase, olhar mais de perto as crianças e os adolescentes de hoje.

Terceira fase – em vez de soluções ou receitas tenta propor possíveis percursos verificados,
experimentados, aqui e ali, do “jardim infantil à universidade”.

Primeira parte – Foi vc que disse a poesia?

p.16 – inquéritos não contemplam a poesia, ou os percentuais de leitores são irrisórios.

Poesia como sinônimo de sensibilidade – não vai tratar disso. Citação de Bachelard. Adiante vai
voltar à questão.

O ato poético é um ato criador,p.16

Investiga o que a poesia pode proporcionar a crianças e adolescentes de hoje.(p.17)

Toda a intenção é analisar as virtudes, na acepção extrema da palavra , desta leitura criativa
para as crianças e os adolescentes do ano 2000.(p.18)

POESIA É MIMESE E RITMO

Mimese e ritmo são duas noções basilares.p.18

O que as crianças procuram e encontram em primeiro lugar na poesia é um ritmo, um ritmo de


linguagem que desencadeia geralmente, como no caso da cantilena, uma ritmicidade ligada ao
corpo. P.19

A primeira cultura da criança passa pela escrita. 20


As metáforas, elementos característicos da linguagem poética

Todavia, para além destas diferenças de natureza linguística a poesia nas suas origens arcaicas
ou, como diria MicheL Foucault, na sua arqueologia, apresenta características universais nas
quais me parece útil insistir.p.30

A linguagem do corpo

O corpo que fala relaciona-se com a nossa infância.

Teremos de insistir novamente, a partir de alguns aspectos da psicologia infantil, naquilo a que
um psicanalista chamava o primeiro assassínio do corpo da criança. Com efeito, a
aprendizagem da fala é muitas vezes a aprendizagem do sistema abstrato da língua, em que a
criança perde a presença do seu corpo na sua língua. Uma das funções da poesia é justamente
devolver-lho.

A poesia tornou-se pouco a pouco a parte mais literária da literatura, p.35

Antes de abandonar provisoriamente esta perspectiva da poesia enquanto memória, acho


importante sublinhar que esta poesia enizada nas culturas humanas sobrevive de modo
particularmente vivo nos jogos de infância, sob as formas mais infinitamente variadas da
cantilena.p.37

A poesia, imperativo do essencial. P.37

A poesia é uma maneira de ser das línguas, p38

São esses jogos da voz no corpo e através dele que constituem sempre a essência da poesia.
39

Numerosos trabalhos demonstraram que a viva voz proferida ou interiorizada, ecoa, no


sentido próprio do termo, não apenas no aparelho auditivo, mas em todo o corpo. 39

Poesia é respiração e a seguir sensualidade,40

O discurso arcaico da poesia transforma-se ao longo da historia numa linguagem escrita na


qual as marcas da oralização sobrevivem como uma espécie de vestígio capaz de ser
reactivado.

Veremos que é capital fazer com que a criança diga o poema, a cantilena, sem
constrangimento institucional, não para a transformar forçosamente num declamador mas
para que ela se aperceba do sentido da sintaxe e do ritmo do texto poético. 42
Valores sensíveis e valores sensuais

A poesia permitiria revelar e atingir o corpo sensual do indivíduo. P.45

O discurso poético desempenha um papel de sublimação

Por mais intensas que sejam as ressonâncias fisiológicas de um poema, elas não são, salvo
raras exceções, exteriorizadas. Na maioria dos casos, o discurso poético longe de favorecer
manifestações exteriorizadas, cumpre um papel de sublimação como dizem os psicanalistas. É
possível definir sumariamente a sublimação como um mecanismo de defesa do Eu, através do
qual a pulsão sexual é desviada para objetivos não sexuais socialmente valorizados.

A poesia interioriza o delírio não apenas para o controlar mas também, de certo modo, para o
juntar, para o concentrar numa linguagem adequada a sua fixação.

Dois exemplo do efeito sublimador da poesia, p50,51

Sobre a prudência pedagógica devida a quem pretende explicar o poema, a pretexto da


clareza, 53

A poesia contemporânea conservaria no discursos algo desta produção fónica pré-semiótica.


101. Esta primeira linguagem dirige-se muito mais ao corpo.

A poesia tem origem na sublimação das pulsões mais arcaicas ao nível das palavras e dos sons,
e permite que o homem reconquiste através da linguagem aquilo que perdeu no momento da
sua aquisição. P102.

O termo objeto transitório foi introduzido por Winnicott para designar um objeto material com
um valor electivo para o lactente e a criança de uma tenra idade, nomeadamente no momento
de adormecer(uma ponta da coberta, um guardanapo que eles chucham, um urso de pelúcia,
o polegar, etc.). Segundo o autor, o recurso a este tipo de objeto é um fenômeno normal que
permite à criança efectuar a transição entre a primeira relação oral com a mãe e a relação
objectal. Para Winnicott, por exemplo, as lalações são um fenômeno transitório, ou seja,
qualquer coisa que sou eu, que é minha mãe e que não sou eu!104

Objeto transitório e poesia infantil.(colocar na tese)

Escrever um texto e mesmo dizê-lo, produzi-lo – sobretudo um texto poético – é para a


criança uma maneira de se projectar como outro e de se conservar a si própria: imagem no
espelho, reflexo da pessoa, destinado aos seus semelhantes. Nesse sentido, a criação, ou, mais
precisamente a produção de uma linguagem, de um objeto de linguagem como um poema ,
pode ter uma função socializadora e de afirmação da pessoa enquanto tal.105

As aprendizagens sociais d língua como instrumento privilegiado da comunicação empobrecem


a função poética primeva.(EXPLICAR NA TESE ESSa FUNÇÃO POÉTICA PRIMEVA)

FUNÇÃO SIMBÓLICA E FUNÇÃO IMAGINÁRIA

A função simbólica da linguagem é a faculdade que a criança adquire, a partir de um


determinado momento que varia muito segundo os indivíduos e os ambientes socioculturais,
de poder representar para si, com as palavras, os objetos, seres, lugares, etc., que não
percepciona aqui e agora.106

Tendência dos educadores de considerarem a faculdade imaginativa menos importante do que


a inteligência conceptual.108

Função da família no estabelecimento da linguagem articulada na criança.

Trata-se de fazer com que as crianças desde muito cedo entendam que existem, de facto,
línguas e que a canção de embalar, a canção, a cantilena e o poema existem para manter viva
– para sempre - a primeira língua infantil.111

JOGAR COM PALAVRAS PERMITE CONSERVAR O PRAZER CONCRETO DO VERBO.111

Resumo sobre os jogos fonéticos da primeira infância, primeira tentativa de autonomização


da criança.

O PAPEL DA POESIA NA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESCRITA 132

O papel da poesia no ensino secundário. 150

Função da poesia, p. 152(citar tese)

Para o autor, As dificuldades começam no 3 ciclo do ensino básico. Nesse estágio, a poesia
passa a ser enxergado como um gênero literário entre os demais, passa a compor as matérias
do programa e transformam-se em objeto de exigências escolares. Essa vivência com essa
espécie de historiografia da literatura, incluindo aí a poesia, não será de todo inútil. Para Jean,
no entanto, é desejável desescolarizar a poesia, buscando unir as atividades escolares com
literatura a atividades livres da criação(158).
O livro Na escola poesia, de Georges Jean(1989) declara, ainda na introdução, o
objetivo perseguido na obra:

Trata-se de sentir e de saber como se entra na poesia e por


que razão essa espécie de imersão da criança e do
adolescente num banho de linguagem, cuja função não se
reduz à comunicação, pode contribuir para ajudar o
psiquismo a equilibrar-se e o imaginário a construir e a
estruturar os seus domínios.(JEAN, 1989, p.12).

Para o autor toda a intenção é analisar as virtudes desta leitura criativa para as
crianças e os adolescentes do ano 2000. Essa justificativa parece querer destacar o
caráter atual da obra, publicada em 1966, sob o título La Poésie, e posteriormente
atualizado a partir de novas reflexões que consideram pesquisas no campo da teoria da
poesia, da psicologia genética e da psicanálise infantil.
Tomando como mote a frase de Paul Valèry que afirma que “ Algumas pessoas
têm da poesia uma ideia tão vaga que tomam esse vago pela própria ideia de poesia1”,
Propõe, na primeira fase, abordar a realidade abrangida pela palavra e pelo conceito de
poesia. Na segunda fase, propõe a relação entre criança e adolescente, seu corpo e seu
psiquismo tem com a linguagem poética. Na terceira etapa faz sugestões para o trabalho
com o texto poético, através de atividades experimentadas n os mais diversos níveis
escolares.
No que se refere à relação entre criança e poesia, há uma longa argumentação
procurando demonstrar a estreito vínculo entre a linguagem corporal e a linguagem
poética na criança. A aprendizagem do sistema abstrato da língua marca um momento
de ruptura entre corpo/linguagem. Uma das funções da poesia seria reintegração dessa
unidade:
É como se a voz que perpassa no poema “oral” e o profere
nos remetesse para o nosso corpo de criança, para o
momento em que ainda não nos era necessário, em que o
não sabíamos controlar e organizar a “montagem
fonológica” daquilo que se tornaria, na terminologia de
Saussure, a nossa maneira de “falar a língua
materna”(JEAN, 1989, p.31).

1
Apud JEAN, 1989, p.13
Na fase pré-semiótica da criança, momento da produção das denominadas
lalações, em que se dá uma estreita relação entre produção fônica, mímica e gestual, já
revelaria, para o autor, em idade tenra esse duplo aspecto da linguagem, de utilidade e
de prazer:
Notamos, em primeiro lugar, que a actividade fônica da criança
em idade pré-semiótica(aproximadamente antes do nono mês) é
uma atividade criativa, que pode ser uma atividade de prazer,
distinta da necessidade de comunicar com o meio. É como se,
muito cedo na vida do indivíduo, a linguagem fônica se
revelasse sob o seu duplo aspecto de linguagem útil de
comunicação e de linguagem inútil de criação e prazer.(JEAN,
1989,p.100).

O panorama descrito da situação da poesia no ensino secundário, a exemplo do


cenário brasileiro, não é nada alentador. Fase em que adolescentes tornam-se jovens
adultos, a preparação para os exames secundários torna-se o foco principal, ou
eventualmente a poesia surge na eventualidade de exercícios pontuais e preparatórios:

Para a maioria dos estudantes do secundário, uma vez passadas


estas provas, a poesia desaparece da sua vida, por vezes para
sempre. Nunca mais ouvem falar dela até ao momento em que,
pais de família, lhes acontecerá terem de fazer com que a filha ou
filho recitem um texto(1989, p.150).

Para o autor, as dificuldades começam no 3 ciclo do ensino básico. Nesse


estágio, a poesia passa a ser enxergado como um gênero literário entre os demais,
compondo as matérias do programa e transformam-se em objeto de exigências
escolares. A partir de então, estuda-se a poesia no conjunto da literatura, situando-os
historicamente. Para Jean, no entanto, é desejável desescolarizar a poesia, buscando unir
as atividades escolares com literatura a atividades livres da criação(idem, 1989,p.158).
Seguem-se, a partir daí, sugestões de ordem prática em grande medida no
tocante à prática da oralidade da poesia em sala, pormenores de articulação, observações
quanto a dificuldades decorrentes de aspectos semânticos e sintáticos.
Teremos de insistir novamente, a partir de alguns aspectos da psicologia infantil, naquilo a que
um psicanalista chamava o primeiro assassínio do corpo da criança. Com efeito, a
aprendizagem da fala é muitas vezes a aprendizagem do sistema abstrato da língua, em que a
criança perde a presença do seu corpo na sua língua. Uma das funções da poesia é justamente
devolver-lho.

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