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Aula 3 – Hermenêutica
Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte
Aula 3
Direito Constitucional
Hermenêutica
Professor: Vítor Cruz e Rodrigo Duarte
Aula 3
Olá pessoal, tudo certo? A aula de hoje traz um assunto que poderá fazer
a diferença em sua prova, muita gente não gosta de aprender, mas você vai ver
o quanto o assunto é interessante.
Interpretação Constitucional:
Interpretação constitucional é o processo de se descobrir o verdadeiro teor da
norma constitucional. É um tema que sempre foi alvo de muitas discussões e
posicionamentos.
A teoria que iremos expor pode parecer um pouco complexa, mas eu afirmo: É
MUITO SIMPLES DE ENTENDER E FIXAR! Basta ler atentamente cada um dos
conceitos que iremos expor e resolver as dezenas de questões comentadas que
colocaremos em seguida. Tenho certeza que nunca mais esquecerão essa
matéria!
Vamos lá então. Antes de qualquer coisa, temos que saber que, em regra, é o
Poder Judiciário que interpreta a Constituição. Não apenas o STF, mas qualquer
juiz pode interpretar a Constituição. Não se pode falar, porém, que essa atividade
é exclusiva do Judiciário, já que existem exceções como, por exemplo, a chamada
interpretação autêntica (que veremos à frente) que é proferida pelo Poder
Legislativo, editando as chamadas "leis interpretativas".
Para se interpretar a Constituição, fazemos uso de 2 instrumentos, os princípios
de interpretação e os métodos de interpretação.
Os princípios são aqueles direcionamentos iniciais, pontos de partida. São
pressupostos, que devem ser observados para posteriormente usar os métodos.
Os princípios devem ser observados em conjunto. Os métodos, por sua vez, são
a forma como se irá promover a interpretação. Os métodos também podem ser
empregados conjuntamente.
As questões de prova cobram basicamente a literalidade dos conceitos, que são
com muita propriedade expostos pelo professor Canotilho. Baseados neste autor,
e em outras doutrinas, podemos coligir os princípios e os métodos da forma que
faremos a seguir.
1
GUERRA FILHO, Willis Santiago. O Princípio da proporcionalidade em direito constitucional
e em direito privado no Brasil. Mundo Jurídico, mai. 2003. Disponível em:
<http://www.mundojuridico.adv.br/cgi-bin/upload/texto347.rtf>. Acesso em: 02 Março de
2010.
b) Não-interpretativismo:
Diferentemente dos interpretativistas, os não-interpretativistas defendem uma
maior autonomia do juiz ao se interpretar a norma, prevendo uma possibilidade
e até mesmo a necessidade de que os juízes apliquem “valores e princípios
substantivos”. Assim, importa mais os valores, como a igualdade, a justiça e a
liberdade demandados pela sociedade, do que a estrita vontade do legislador.
Questões da FCC:
1. (FCC/Procurador do MP junto ao TCE-MG /2007) No entendimento de
doutrinadores, NÃO é considerado, dentre outros, como princípio e regra
interpretativa das normas constitucionais,
a) a unidade da constituição -interpretação de maneira a evitar contradições
entre as normas constitucionais.
b) o efeito integrador -primazia aos critérios favorecedores da integração política
e social.
c) a concordância prática ou a harmonização -coordenação e combinação dos
bens jurídicos em conflito.
d) a força normativa da constituição -adoção de interpretação que garanta maior
eficácia e permanência das normas constitucionais.
e) a adoção da contradição dos princípios -os preceitos exigem uma interpretação
explícita, excluindo-se a implícita.
Comentários:
Letra A - Correto. Vimos que por este princípio a constituição se manifesta em
um corpo único. Sendo um corpo único, não existe possibilidade de contradição
de normas. Assim, segundo este princípio, a Constituição deve ser interpretada
buscando a dissipação das aparentes antinomias e contradições. Importante é
dizer que pelo princípio da unidade da Constituição, não há qualquer hierarquia
entre normas presentes no corpo da Lei Maior, já que ela se manifesta como
única.
Letra B - Correto. Segundo a doutrina, o efeito integrador pressupõe a busca pelo
sentido que fortaleça a unidade política e a integração social do país.
Letra C - Correto. Por este princípio, mesmo que, num caso concreto, se verifique
a colisão entre princípios constitucionais, um princípio não invalida o outro, já
que podem e devem ser aplicados na medida do possível e com diferentes graus
Comentários:
Ponderação de interesses, ponderação de valores, concordância prática,
harmonização... Tudo isso é sinônimo para uma mesma coisa: colocar em uma
balança dois princípios colidentes no caso concreto e decidir qual irá prevalecer!
Gabarito: Letra A.
Questões do CESPE:
Gabarito: Correto.
âmbito do estado, o que significa dizer que não se deve fazer uma interpretação
da CF conforme a lei.
b) Havendo colisão de direitos fundamentais, deve o intérprete aplicar o princípio
da concordância fática, segundo o qual normas constitucionais que tutelam os
direitos à vida e à liberdade têm precedência sobre as demais.
c) Ao dar a determinado dispositivo legal uma interpretação conforme a CF, o
intérprete está reconhecendo que, segundo uma interpretação textual do
dispositivo, ele é parcialmente inconstitucional ou que determinada interpretação
do dispositivo legal revela-se incompatível com a CF.
d) O intérprete deve ter ciência de que os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade não estão explícitos na CF, sendo extraídos do dispositivo que
garante o devido processo legal, entendido na sua dimensão substantiva.
Comentários:
Letra A – Correto. Interpreta-se leis conforme a CF. Nunca a CF conforme a lei.
Letra B - Errado. O certo seria “concordância prática ou harmonização”, assim,
deve-se analisar o caso concreto para decidir qual irá prevalecer, não podemos
falar em precedência pré-definida.
Letra C – Correto. O objetivo da interpretação conforme a Constituição é expurgar
do mundo jurídico uma eventual forma de interpretar uma lei que seja
incompatível com a Constituição.
Letra D – Correto. Tais princípios não foram positivados expressamente na
Constituição. Costuma-se elencá-los como implícitos no art. 5º LIV que dispõe
sobre o “devido processo legal”.
Gabarito: Letra B.
Questões da ESAF:
Gabarito: Errado.
Questões da FGV:
Questões da CESGRANRIO:
Questões da Consulplan:
Questões da FJG:
48. (FJG/Estágio Forense - PM - RJ/2009) NÃO constitui princípio próprio
à interpretação constitucional o da:
A) interpretação conforme a Constituição
B) interpretação pela inconstitucionalidade sem redução do texto
C) hierarquia máxima do direito constitucional
D) máxima efetividade dos direitos fundamentados
Comentários:
Questão simples e direta. Vimos acima os princípios de interpretação. Daquela
extensa lista que vimos, não há a interpretação pela inconstitucionalidade sem
redução do texto.
Gabarito: Letra B.
Princípios de interpretação:
a) Princípio da unidade da Constituição:
Métodos de interpretação:
a) Método Jurídico (ou método hermenêutico clássico): Interpreta-se a
Constituição como se fosse uma lei.
b) Método tópico-problemático: parte-se do problema para a norma,
“primazia do problema sobre a norma”.
c) Método hermenêutico-concretizador: parte-se da pré-compreensão da
norma abstrata para chegar ao problema, “primazia da norma sobre o problema”.
d) Método científico-espiritual: análise de valores sociais para integrar a
constituição com a realidade social.
c) histórico.
d) sistemático.
e) teleológico.
8. (FCC/PGE-PE/2004) Em ocorrendo colisão de direitos fundamentais
consagrados por normas constitucionais de eficácia plena, não sujeitos, portanto,
a restrições legais, o intérprete constitucional poderá adotar, para solução de
caso concreto, o princípio da
a) ponderação de interesses.
b) interpretação adequadora.
c) congruência.
d) relativização dos direitos fundamentais.
e) interpretação conforme a Constituição.
9. (CESPE/Assessor-TCE-RN/2009) O princípio da razoabilidade-
proporcionalidade permite ao Poder Judiciário invalidar atos legislativos ou
administrativos quando, entre outras situações, a medida adotada não for
exigível ou necessária, havendo meio alternativo menos gravoso para se chegar
ao mesmo resultado, o que se convencionou denominar necessidade ou vedação
do excesso.
10. (CESPE/Anatel/2009) O princípio da proporcionalidade acha-se
vocacionado a inibir e a neutralizar os abusos do poder público no exercício de
suas funções, qualificando-se como parâmetro de aferição da própria
constitucionalidade material dos atos estatais.
11. (CESPE/ANATEL/2009) O princípio da unidade da Constituição considera
essa Carta em sua totalidade, buscando harmonizá-la para uma visão de normas
não isoladas, mas como preceitos integrados em um sistema unitário de regras
e princípios.
12. (CESPE/TRT-17ª/2009) Segundo o princípio da unidade da constituição,
cada país só pode ter uma constituição em vigor, de modo que a aprovação de
nova constituição implica a automática revogação da anterior.
13. (CESPE/ANATEL/2009) O princípio da máxima efetividade visa
interpretar a CF no sentido de atribuir à norma constitucional a maior efetividade
possível, ou seja, deve-se atribuir a uma norma constitucional o sentido que lhe
dê maior eficácia.
14. (CESPE/TRE-MA/2009) De acordo com o princípio interpretativo da
máxima efetividade ou da eficiência das normas constitucionais, devem ter
prioridade, quando da resolução de problemas jurídico-constitucionais, critérios
que favoreçam a integração política e social.
15. (CESPE/TRT-17ª/2009) O princípio do efeito integrador estabelece que,
havendo lacuna na CF, o juiz deve recorrer a outras normas do ordenamento
jurídico para integrar o vácuo normativo.
GABARITO: