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GIOVANI MATEUS JANEZ

FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA:


INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO
ENERGÉTICA

Pirassununga
2017
GIOVANI MATEUS JANEZ

FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA:


INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA
PRODUÇÃO ENERGÉTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Centro Universitário Anhanguera, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia Mecânica.

Orientador: Eduardo Moreira

GIOVANI MATEUS JANEZ

Pirassununga
2017
FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA

INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO ENERGÉTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Centro Universitário Anhanguera, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia Mecânica.

BANCA EXAMINADORA

Prof. William Fernando Ormieres

Prof. Marco Antônio Fávaro

Prof. Marcos G. Soares P. de Godoy

Pirassununga, 06 de Dezembro de 2017.


Dedico este trabalho aos meus pais, que
nunca mediram esforços para que eu
tivesse uma boa educação.
AGRADECIMENTOS

Antes de tudo gostaria de agradecer a Deus por sempre ter me ajudado com
saúde, perseverança e dedicação nesta longa jornada. Meu querido pai, que nunca
mediu esforços para ajudar seus filhos e, por mais difícil que fosse a situação que
vivíamos, sempre estava pronto para nos aconselhar em nossas decisões e ajudar
nos momentos de crise. Minha amada mãe, que nas horas mais difíceis, em que por
vezes pensei em desistir, estava ali para me amparar, me incentivar a continuar, pois
no fim todos os esforços seriam recompensados. Aos meus irmãos, pois foram o
fator fundamental pra minha vitória, meu auxilio em diversas dificuldades e motivo
pelo qual eu nunca desisti de lutar. A minha noiva que sempre esteve comigo, me
ajudando e me auxiliando em todos os momentos, me fortalecendo e me apoiando
nas dificuldades. Por fim, aos professores e aos amigos que estiveram comigo nessa
jornada, me ensinando e me ajudando no decorrer destes cinco anos.
JANEZ, Giovani Mateus. Fontes alternativas de energia: inovação e
sustentabilidade na produção energética. 2017. 34 páginas. Trabalho de Conclusão
de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) – Universidade Centro Anhanguera,
Pirassununga, 2017.

RESUMO

Com o crescimento da população mundial e o constante avanço tecnológico, a


demanda de energia elétrica vem aumentando cada vez mais. As fontes não
renováveis de energia são poluentes e finitas, o que torna necessária a busca por
fontes alternativas, as quais podem atender a demanda de energia de uma maneira
sustentável e limpa, sem causar grandes impactos ambientais. Nesta perspectiva, o
presente trabalho fundamenta-se no estudo destas fontes, com objetivo de
compreender os processos, suas principais vantagens e desvantagens, bem como
os meios alternativos de se produzir energia. Envolve uma pesquisa bibliográfica,
realizada com auxílio de artigos científicos, livros e publicações de autores
renomados na área, todos relacionados ao estudo de fontes alternativas de energia
e suas características.

Palavras-chave: Energia; Fontes Alternativas; Energia Solar; Sustentabilidade.


JANEZ, Giovani Mateus. Alternative energy sources: innovation and sustainability
in energy production. 2017. 34 pages. Completion of Curse Work (Graduation in
Mechanical Engineering) – University Centro Anhanguera, Pirassununga, 2017.

ABSTRACT

With the growth of the world population and the constant technological advance, the
demand of electrical energy is increasing more and more. Non-renewable sources of
energy are polluting and finite, which makes it necessary to search for alternative
sources, which can attend energy demand in a sustainable and clean way without
causing major environmental impacts. In this perspective, the present work is based
on the study of these sources, with the objective to understand the processes, their
main advantages and disadvantages, as well as the alternative means of producing
energy. It involves a bibliographical research, carried out with the aid of scientific
articles, books and publications of renowned authors in the area, all related to the
study of alternative energy sources and their characteristics.

Key-words: Energy; Alternative Sources; Solar energy; Sustainability


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Energia primária no Brasil e no mundo em 2003, conforme dados da


International Energy Agency (IEA).............................................................................14
Tabela 2– Programas e incentivos............................................................................28
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

H2S Sulfeto de Hidrogênio

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IEA International Energy Agency

PRODEEM Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios

SAS Sistema de Aquecimento Solar

SFCR Sistema Fotovoltaico Conectados à Rede


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

1 ENERGIA: UMA ANÁLISE DO CONCEITO .......................................................... 11

2 O CONTEXTO DAS FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA NO BRASIL ....... 16

2.1 ENERGIA SOLAR 17


2.2 ENERGIA EÓLICA 18
2.3 ENERGIA HÍDRICA 19
2.4 BIOMASSA 19
2.5 ENERGIA GEOTÉRMICA 20

3 ENERGIA SOLAR: UMA FONTE LIMPA E SUSTENTÁVEL ............................... 24

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 31

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33
9

INTRODUÇÃO

A energia é considerada um fator importante no desenvolvimento


socioeconômico, tendo em vista que fornece apoio térmico, mecânico e elétrico às
atividades humanas. Devido a esta importância, sua demanda vem crescendo cada
vez mais e, consequentemente, a preocupação com o fim das reservas de fontes
não renováveis e com a poluição causada pelas mesmas também se intensificou.
Trazendo isto à realidade, para que esta demanda seja suprida em sua
totalidade, torna-se notável a importância de fontes alternativas e renováveis de
energia, as quais se destacam por serem sustentáveis e não causarem grandes
impactos ao meio ambiente. Nesse sentido, o presente trabalho justifica-se como um
estudo que tratará destas novas fontes, a fim de denotar sua importância na geração
de energia e na redução da poluição.
Tendo em vista o crescimento da população mundial e o constante avanço
tecnológico, a demanda de energia elétrica vem aumentando cada vez mais. As
fontes não renováveis de energia são poluentes e finitas, o que torna necessária a
busca por fontes alternativas. Neste viés, o problema deste trabalho versa acerca do
seguinte questionamento: como é possível atender a demanda de energia de uma
maneira sustentável e limpa, sem causar grandes impactos ambientais?
Sob a perspectiva supracitada, o trabalho objetiva, de um modo geral,
compreender os processos, bem como os meios alternativos de se produzir energia,
haja vista ser um ramo que cresce a cada dia e que se mostra cada vez mais
necessário para suprir a intensa demanda.
Para tanto, apresenta-se como objetivos específicos compreender o conceito
de energia, descrever fontes alternativas e renováveis de energia utilizadas na
produção de eletricidade, bem como discutir sobre a energia solar e sua importância
para o cenário mundial.
Em consonância com os objetivos acima mencionados, o presente trabalho foi
elaborado a partir de uma pesquisa bibliográfica, realizada com auxílio de artigos
científicos, livros e publicações de autores renomados na área, todos relacionados
ao estudo de fontes alternativas de energia e suas características.
Cabe, por fim, ressaltar que os exemplos de energia citados, bem como os
métodos utilizados para a geração de cada uma das fontes alternativas, encontram-
10

se elencadas nestas publicações e foram escolhidas de acordo com os meios de


produção considerados mais utilizados e promissores.
11

1 ENERGIA: UMA ANÁLISE DO CONCEITO

A energia é um dos principais componentes da sociedade moderna. Ao longo


dos anos, mostrou-se capaz de oportunizar pleno desenvolvimento a inúmeros
países, através de suas diferentes aplicações, tais como a energia elétrica,
amplamente utilizada nas indústrias, residências e nos meios de transporte, e as
energias térmicas, mecânicas, dentre outras, que denotam extrema importância para
o desenvolvimento e sustentabilidade de um país.
Presente em diversos setores da sociedade, assim como em aspectos
relacionados à vida cotidiana, a energia pode ser definida como a “capacidade de
um corpo, um sistema de corpos ou uma substância têm de realizar trabalho,
entendendo-se por trabalho a deslocação do ponto de aplicação de uma força”.
(MICHAELIS, 2017).
É um conceito presente nas disciplinas das Ciências e das Engenharias, e
que, de acordo com Hinrichs, Kleinbach e Reis (2014, p. 3) a energia é mais descrita
pelas suas finalidades. Apesar de não se ver a mesma, pode-se os seus efeitos, não
é possível fazê-la, somente usá-la; e não se pode destruí-la, mas sim desperdiça-la.
Devido a esses aspectos, ela não é valorizada por si própria, e sim pelo o que pode
ser feito com ela.
Entender a energia é também compreender os recursos energéticos e suas
limitações. Seus suprimentos são fatores primordiais no desenvolvimento econômico
e sua falta, em razão de um consumo incontrolável ou irracional, afeta
negativamente a economia de cada país, causando impactos significativos em todos
os setores da sociedade.
Segundo Barros (2007, p. 48), a energia para o desenvolvimento é essencial.
O mundo atual depende das fontes de energia e de seu abastecimento energético
como o carvão, o gás natural, o petróleo, a energia nuclear e a hidroeletricidade.
Esses quatro primeiros citados são as principais fontes de energia primárias,
entretanto não são renováveis e suas reservas são finitas. Já a hidroeletricidade
apesar de renovável se apresenta em quantidade limitada e se concentra em alguns
países.
Nesse sentido, o crescente consumo de energia nos países em
desenvolvimento e nos já desenvolvidos traz uma preocupação importante aos dias
12

atuais, tendo em vista a projeção de um aumento do consumo de energia nas


próximas décadas de, em média, 1% e 3% ao ano, respectivamente. Se as
projeções se confirmarem, os países em desenvolvimento estarão consumindo mais
energia do que os já desenvolvidos no ano de 2025.
Acerca deste viés, torna-se relevante a elaboração de estudos que abarquem
meios de se obter energia de maneira limpa, haja vista que, mediante o crescimento
das nações, observou-se um declínio na qualidade do ar urbano, além da
degradação do meio ambiente e da redução na quantidade dos combustíveis fósseis
encontrados no planeta, os quais se configuram como recursos finitos e limitados,
que, através de um consumo desenfreado e sem planejamento, pode ocasionar uma
ruptura ao setor energético, devido à falta destas fontes e da ausência de outras que
possam substituí-las.
Em uma perspectiva histórica, torna-se possível evidenciar que o custo da
energia nas sociedades primitivas era praticamente zero. Usava-se madeira para
aquecimento das casas e para o preparo dos alimentos, e os animais eram usados
para transporte. Com o tempo, começou-se a usar a energia dos ventos e da água,
através de moinhos e rodas d’ água, os quais, torna-se relevante destacar, não eram
suficientes para suprir a demanda crescente (PALZ, 2002, p. 25).
Segundo Palz (2002, p. 25), a partir do século XVI, na Inglaterra, surgiram os
primeiros passos para a industrialização, processo que tornou necessário e comum
o consumo do carvão até o século XIX. Neste período, os recursos fósseis, tais
como o petróleo, passaram a ser mais utilizados, sendo o seu uso potencializado
com o passar dos anos.
Essa mudança foi necessária devido ao problema apresentado na introdução
do presente trabalho, a saber, a crescente demanda gerada pelo desenvolvimento
dos países e pelo aumento da população.
Com o crescimento da utilização de fontes não renováveis, a emissão de
gases poluentes também se intensificou, colocando em risco o futuro do planeta.
Cabe ressaltar que nenhum país pode apoiar-se somente nestas fontes de
disponibilidade limitada, o que torna necessária a busca e o desenvolvimento de
tecnologias que permitam o uso de novas fontes de energia de maneira sustentável,
rentável e que não cause estragos ao solo, a água e ao ar, como vem acontecendo
13

com a utilização do petróleo, do carvão, do gás natural e de outros meios que,


através da queima, produzem fumaça, sujeira e poluição.
São diversos os fatores que influenciam neste problema. Além dos já citados,
apresentam-se também os casos de consumos com rendimento muito baixo, o que
denota em um desperdício significativo de energia. É possível citar como exemplo os
motores dos veículos, os quais não apresentam rendimento igual ou próximo a
100%, desperdiçando grande parte da energia gerada para este consumo
específico.
Mas como sanar um problema sem originar outro? Muitos dos meios de se
obter energia de fonte não renovável geram poluição ou algum impacto ao meio
ambiente e até mesmo na sociedade. É possível citar de exemplo a energia gerada
através do etanol, como substituto da gasolina, uma vez que o mesmo, em alguns
casos, é proveniente do milho. Nesse sentido, evidencia-se o uso de alimentos em
sua produção, enquanto tantas pessoas vivem em condições precárias, sem
recursos para saciar sua fome (HINRICHS; KLEINBACH; REIS, 2014, p. 7).
Seria este o caminho correto? Como utilizar alimentos, como fonte de energia
ou combustível, sem deixar de fornecê-los às pessoas que realmente necessitam? A
Biomassa, neste ensejo, pode ser uma alternativa, ao ser apresentada como uma
energia gerada a partir da reutilização de bagaços de frutas, sobras de alimentos ou
restos de cana-de-açúcar.
Acerca deste viés, torna-se primordial a mudança destes padrões,
estimulando a produção de energia procedente de fontes renováveis, as quais são
passíveis de atender o crescente consumo gerado pelo aumento da população
mundial e que, mesmo causando algumas alterações ao meio ambiente, não
causam poluições e utilizam recursos da própria natureza, tais como a construção de
hidrelétricas, que modifica a paisagem, inundando áreas verdes, e a instalação de
parques eólicos, que causa impactos visuais e sonoros.
Neste cenário, nota-se que, embora não haja investimento necessário na
implantação e no desenvolvimento destas fontes no Brasil, o país denota uma
condição favorável em relação ao resto do mundo, visto sua forte base hidráulica
(GOLDEMBERG; LUCON, 2007, p.7-8). Este aspecto pode ser observado na tabela
abaixo, a qual apresenta, de maneira objetiva, a contribuição percentual de várias
fontes de energia consumidas no Brasil e no mundo, no ano de 2003.
14

Tabela 1: Energia primária no Brasil e no mundo em 2003, conforme dados


da International Energy Agency (IEA).

Fonte: Goldemberg e Lucon (2007, p.8).

Conforme pode ser observado nos dados apresentados acima, as energias


renováveis no Brasil já representavam, no ano de 2003, 41, 3% de toda a geração
no país, enquanto que, nos demais países do mundo, tais energias correspondiam a
14,4% (GOLDEMBERG; LUCON, 2007, p. 7). Apesar de caracterizar um percentual
maior, o uso destas fontes representa uma parcela muito baixa na geração total de
energia, quando comparada aos outros países.
Analisando os mesmos dados em 2006, segundo o Ministério de Minas e
Energias, as energias renováveis, no Brasil, representavam 45% da matriz
energética. Sabe-se que o país possui grande potencial para elevar esse percentual,
investindo nestas alternativas energéticas, haja vista que suas principais vantagens
são a extensão territorial, o desenvolvimento tecnológico e a mão-de-obra, que pode
tanto complementar o abastecimento das redes elétricas já utilizadas, como produzir
combustíveis (PACHECO, 2006, p. 5).
15

Entender o que é energia e qual sua relevância para a economia e o


desenvolvimento de um país, é primordial para evidenciar sua devida importância e
revelar o problema que sua falta traz. A necessidade de pesquisar novos meios de
se obter energia, de forma renovável e sustentável, é essencial para garantir que, no
futuro, a demanda continue sendo atendida, sem que ocorra, de maneira paralela, a
destruição do meio ambiente.
O presente trabalho dissertará, no capítulo a seguir, acerca dessas fontes
alternativas, trazendo dados e informações que permitam o entendimento de como
elas são obtidas e qual a necessidade de cada uma, a fim de serem utilizadas da
melhor maneira possível.
16

2 O CONTEXTO DAS FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA NO BRASIL

Fontes alternativas de energia são processos que visam gerar a energia de


maneiras diferentes das convencionais, a saber, a partir do uso de combustíveis
fósseis. São formas de geração que buscam atender a demanda, utilizando recursos
renováveis, sem causar grandes impactos ao meio ambiente e à sociedade.
A preocupação com o meio ambiente e com os efeitos que os avanços
tecnológicos trazem, dos quais pode-se citar a poluição, a emissão de gases, a
destruição das florestas, a exploração crescente de recursos naturais de fontes
finitas e o efeito estufa, aflora a necessidade de encontrar meios para a produção de
energia de forma sustentável, limpa e renovável.
Ao se falar de recursos finitos, o petróleo devido ao seu alto consumo é um
dos principais motivos que impulsionam as pesquisas por novas fontes de energia,
além das mudanças climáticas que estão ocorrendo, a saber, o derretimento das
geleiras, o efeito estufa, dentre outros. O surgimento dessas pesquisas e estudos
técnicos, socioeconômicos e ambientais evidenciam dados sobre energias
alternativas e/ou renováveis, tais como a biomassa, derivada de matéria viva; a
energia eólica, que utiliza a força dos ventos; a energia solar, que faz a captação da
luz do sol; dentre outras fontes que serão descritas no presente trabalho.
Estas fontes alternativas tornam-se a opção mais indicada para a substituição
dos métodos convencionais, devido ao fato de que, ao serem comparadas a outras
fontes, provocam um menor impacto ambiental.
Sob este viés, devem ser utilizadas de forma sustentável para que possam
garantir sua utilização de forma contínua e segura. Gradualmente, os avanços
tecnológicos tem permitido aproveitá-las como combustível alternativo (etanol), na
geração de eletricidade, bem como na produção de calor utilizando o aquecimento
solar e outros meios.
Segundo Hinrichs, Kleinbach e Reis (2014, p. 195), as fontes renováveis
fornecem aproximadamente 8% da energia mundial. Em diversos locais do mundo,
essa porcentagem vem se expandindo, impulsionada, principalmente, pela energia
eólica. De 2000 a 2008, ela teve um crescimento de 55% ao ano na Europa e, nos
Estados Unidos, calcula-se 37%. Em seguida, destaca-se a energia fotovoltaica,
oriunda de fonte solar e que apresenta 35% de crescimento ao ano, em todo o
17

mundo. Já as hidrelétricas, por conseguinte, fornecem 16% de toda a energia


consumida no planeta.
Cabe destacar que as fontes alternativas supracitadas possuem
características distintas e aplicações variadas, as quais serão descritas,
minuciosamente, a seguir.

2.1 ENERGIA SOLAR

A energia proveniente do Sol, mais conhecida como energia solar, pode ser
utilizada diretamente para o aquecimento do ambiente, no aquecimento doméstico
de água ou de piscinas, assim como na produção de eletricidade. Mediante o seu
uso, evidencia-se a possibilidade de diminuir o consumo da energia convencional
em até 70%.
Para transformar essa energia em eletricidade, destacam-se dois processos
principais. O primeiro se dá diretamente pelas placas fotovoltaicas, conversão de luz
solar em eletricidade, que se configurará como o assunto do terceiro capítulo deste
trabalho, e o segundo indiretamente com o processo termoelétrico, no qual a energia
solar produz energia térmica, que pode ser empregada na geração de eletricidade,
por meio de sistemas como coletores parabólicos, torre de potência, calhas solares e
chaminés solares.
Ligada de maneira indireta a outros meios de energia, tais como a biomassa,
a energia dos oceanos, a energia hidráulica, a energia eólica e os combustíveis
fósseis, a energia solar pode ser aproveitada de diversas maneiras, como, por
exemplo, no uso de uma iluminação natural, com a finalidade de clarear diferentes
ambientes, economizando, desta forma, eletricidade, e no aquecimento solar
passivo, definido como um aquecimento decorrente da absorção da radiação nas
edificações.
Como vantagem, pode-se citar que a referida fonte de energia não causa
impactos ao meio ambiente. Seus recursos são provenientes de uma fonte
renovável, a saber, de raios solares que atingem diariamente a Terra, e seu devido
armazenamento também pode ser utilizado em períodos noturnos, não sendo
obrigatória a presença do Sol para que a mesma funcione. Suas desvantagens são
18

os custos elevados, o que dificulta o acesso a esse meio de energia, bem como o
seu baixo rendimento.

2.2 ENERGIA EÓLICA

A fonte de energia eólica é obtida através da movimentação do ar, ou seja, o


vento. Ela pode ser aproveitada de várias maneiras, como na moagem de grão
(processo que, no passado, era realizado com os moinhos), no bombeamento de
água, na geração de energia elétrica, dentre outras aplicações nem tão conhecidas.
É uma fonte abundante de energia renovável, pois está disponível em todos
os lugares. Seu crescimento atual, segundo Hinrichs, Kleinbach e Reis (2014, p.
493), é de 30% a 40% ao ano, em muitas áreas do mundo.
Para conseguir transformar a energia dos ventos em energia elétrica são
utilizados equipamentos eletromecânicos, cujo principal componente é o aero
gerador. A composição deste equipamento é uma torre de sustentação, um gerador
elétrico e um conjunto de pás, que captam o vento e acionam o gerador elétrico,
mediante o seu movimento. Além dos componentes supracitados, outros também
compõem o conjunto de componentes supracitados, dependendo do tipo do aero
gerador a ser utilizado no sistema.
Seu funcionamento inicia com a pressão dos ventos que faz girar um rotor
composto por lâminas ou pás, conectado a um eixo fixado a um gerador elétrico por
meio de diversas engrenagens. (HINRICHS; KLEINBACH; REIS, 2014, p. 499).
Essa é uma alternativa que vem se firmando na composição da matriz
energética de vários países. No Brasil, tem se mostrado uma ótima solução na
busca de formas de energia na região Nordeste.
A energia eólica apresenta como vantagem os curtos períodos de construção,
o tamanho das suas unidades em relação aos outros tipos de geração de energia e
sua capacidade de adaptação a usos e localizações específicas. Esta energia, ao
ser utilizada especialmente em residências, é um complemento para a energia solar,
principalmente nos períodos de chuva.
Seus impactos ambientais são praticamente insignificantes, sendo a poluição
visual o principal problema encontrado.
19

2.3 ENERGIA HÍDRICA

A energia hídrica é uma energia gerada da massa de água dos rios, que
fluem de altitudes elevadas até chegar ao mar, convertendo energia potencial em
energia cinética.
De acordo com o livro “Energia e meio ambiente”, escrito pelos autores
Hinrichs, Kleinbach e Reis (2014, p. 507), a energia hídrica foi utilizada,
historicamente, com o objetivo de com que a água gerasse um trabalho útil, como
serrar madeira, moer grãos ou fornecer energia para demais tarefas. As rodas-d’
água começaram a ser utilizadas pelos gregos em meados de 15 a.C. e a força das
águas, além dos ventos, era a única fonte de energia mecânica disponível até o
século XIX, com a invenção do motor a vapor.
Torna-se relevante destacar que existem diversas maneiras de se obter
energia por esse meio, mas, se tratando de energia renovável, a instalação de
pequenas centrais hidroelétricas é a maneira ideal, por causar menos impactos ao
meio ambiente e por ser mais facilmente introduzida nas infraestruturas urbanas já
existentes. (PALZ, 2002, p. 80)
Outro modo de obtenção de energia está relacionado às chamadas usinas
hidrelétricas, as quais embora não sejam poluentes, pressupõem a inundação de
grandes áreas para a sua construção, eliminando, deste modo, o hábitat de algumas
espécies animais e vegetais.
A geração de energia através desse meio funciona da seguinte maneira: a
água flui do reservatório para a usina através de um tubo grande, denominado
tubulação de adução, e, na casa de máquinas, movimenta uma turbina de reação ou
impulso. (HINRICHS; KLEINBACH; REIS, 2014, p. 577).
O Brasil, por suas dimensões e por seu grande potencial hídrico, tem a maior
parte da sua energia elétrica gerada através deste processo. Em números, elucida-
se que a potência elétrica instalada no país gire em torno de 70%.

2.4 BIOMASSA

Biomassa é a energia derivada de matéria viva, tais como grãos (de milho, de
soja), árvores e plantas aquáticas, podendo também ser encontrada em resíduos
20

agrícolas e florestais, incluindo os estrumes dos animais e os restos de colheita. É


descrita, além disso, como “energia solar armazenada”.
Segundo Hinrichs, Kleinbach e Reis (2014, p. 668), é um tipo de energia que
pode ser utilizado de três formas: combustíveis sólidos, como lascas de madeira;
combustíveis líquidos e combustíveis gasosos, produzidos por processamento com
elevadas temperaturas e pressões.
Como forma de energia solar armazenada, a Biomassa possui uma grande
vantagem no que se refere aos baixos custos com os coletores e o armazenamento
de energia já estar incluso em seu processo.
As diferentes formas de Biomassa como fonte de energia podem ser
recenseadas como madeira, palha, excremento, algas, gaseificação, etanol, pirólise,
hidrólise, digestão aeróbica, digestão anaeróbica, metanol, dejetos líquidos. (PALZ,
2002, p. 99)
Os processos para a conversão de Biomassa em outras formas de energia
são numerosos, mas podem ser classificados em apenas três tipos, a saber, os
processos bioquímicos, compostos pela decomposição de resíduos orgânicos em
uma atmosfera deficiente de oxigênio; a combustão direta, caracterizada como a
queima da biomassa, a fim de produzir calor para o aquecimento de ambientes ou
produção de eletricidade através de uma turbina de vapor; e, por fim, a pirólise, a
qual pode ser descrita como a decomposição térmica de resíduos em um gás ou
líquido sob altas temperaturas, em uma atmosfera escassa em oxigênio.
(HINRICHS; KLEINBACH; REIS, 2014, p. 670).

2.5 ENERGIA GEOTÉRMICA

A energia geotérmica é derivada do calor interno da Terra, especificamente


no núcleo derretido, onde as temperaturas atingem 4.000º C. Apesar das várias
demonstrações do calor interno da Terra serem vistas, tal como nos vulcões, nas
fontes de água e lamas quentes, essa energia é limitada a determinados lugares.
(HINRICHS; KLEINBACH; REIS, 2014, p. 717).
Seu funcionamento consiste na drenagem de vapor ou água em alta
temperatura dos poços de reservatórios geotérmicos e, nesse sentido, destaca-se
21

que se sua exploração for intensiva, por ser um recurso finito, pode ser,
consequentemente, esgotado.
Existem vários tipos de energia geotérmica, contudo, para que sejam
efetivamente explorados apresenta-se a necessidade de um maior desenvolvimento
por parte das tecnologias de extração.
O sistema hidrotermal configura-se como um tipo de energia geotérmica.
Nele, a energia termal do magma é armazenada em água ou vapor, os quais
preenchem os poros e fraturas da rocha. Seus reservatórios podem ser classificados
em vapor úmido e o vapor seco, sendo o primeiro de dez a vinte vezes mais
abundantes do que o segundo. (HINRICHS; KLEINBACH; REIS, 2014, p. 718).
No entanto, calcula-se que embora o vapor úmido seja mais abundante, o
vapor seco é mais utilizado para a produção de energia, devido a sua conveniência.
No sistema de vapor úmido, a água, aprisionada em um reservatório subterrâneo, é
aquecida pelas rochas ao redor, submetendo a água a altas pressões, podendo
atingir temperaturas tão altas quanto 370º C, sem entrar em ebulição. Entretanto, se
esta água fosse liberada para a superfície, ela iria vaporizar a medida que a pressão
externa fosse diminuindo. (HINRICHS; KLEINBACH; REIS, 2014, p. 720).
Por outro lado, o sistema de vapor seco ocorre quando a pressão não é muito
superior à pressão atmosférica e a temperatura é elevada. Neste processo, a água
entra em ebulição, atingindo temperaturas de 165º C e o vapor retirado destes poços
geotérmicos pode ser utilizado diretamente no funcionamento de uma turbina.
(HINRICHS; KLEINBACH; REIS, 2014, p. 721).
Outro meio de exploração geotérmica são os reservatórios geopressurizados,
que consistem em água salobra quente, localizada em grandes áreas com
profundidade de 3000m a 6000m. A energia nestes reservatórios não é apenas
termal, mas também mecânica em forma hidráulica e química, como resultado do
metano dissolvido. Tal energia tem um potencial recuperável imenso, mas ainda não
há tecnologia para explorá-la de um modo significativo. (PALZ, 2002, p. 5)
Rochas secas quentes é um processo de exploração geotérmica, obtido por
meio da circulação de água pelas fendas das rochas, extraindo a energia calorífica.
Por serem mais comuns e mais acessíveis que os reservatórios hidrotermais, essa
fonte de exploração possui um potencial elevado que, por falta de tecnologia e
22

devido aos altos custos, não é bem aproveitado. (HINRICHS; KLEINBACH; REIS,
2014, p. 724).
Como vantagem infere ser uma energia limpa, que não necessita de grandes
espaços de construção, ao mesmo tempo em que se configura como confiável,
econômica e que pode ser instalada em áreas remotas.
Apresenta-se como desvantagens o fato de que os reservatórios geotérmicos
são encontrados em áreas especificas e nem sempre podem ser explorados, que as
fontes de vapor podem chegar ao fim, caso sua retirada seja maior do que sua
recomposição, podendo levar séculos para voltar a ser reutilizado. Além disso, pode-
se citar como desvantagem a emissão de gases nocivos, como o sulfeto de
hidrogênio (H2S) ou o dióxido de carbono, e o vapor dos campos de vapor seco, que
contêm minerais, os quais, após sua condensação, pode contaminar o lençol
freático, envenenando peixes e outras formas de vida aquática. (HINRICHS;
KLEINBACH; REIS, 2014, p. 727).
Para que uma maior exploração desses recursos possa ocorrer, alguns
problemas precisam ser superados, como a falta de tecnologia, a falta de
conhecimento sobre os possíveis impactos ambientais que esta exploração geraria,
a falta de investimentos e a falta de informação sobre a localização dessas fontes,
quanto tempo elas durariam e a quantidade de energia que poderia ser extraída
destes locais.

Além das fontes alternativas de energia supracitadas, outras tem se


destacado mediante seu estudo e exploração, como a energia maremotriz, que
utiliza o movimento das ondas para extrair energia.
Em todos os casos mencionados acima, a fim de que ocorra um maior e
efetivo aproveitamento, um grande investimento torna-se necessário, assim como a
busca de novas tecnologias, de aprimoramentos e dados sobre os potenciais a ser
explorados. Nem todos os tipos de energia podem ser utilizados em qualquer lugar,
como, por exemplo, a energia geotérmica. Neste mesmo viés, no entanto, outros
tipos podem como no caso a energia solar, a qual não funciona somente com o
calor, mas também com a captação da radiação solar na geração de energia,
tornando-se, assim, uma ótima opção de fonte de energia para áreas remotas.
23

No próximo capítulo, a fonte de energia acima mencionada será estudada


mais profundamente, trazendo dados e informações que mostram a necessidade de
se ter um investimento maior neste processo e a necessidade de realizar maiores
estudos sobre o tema, tendo em vista que o mesmo apresenta um grande potencial
energético para ser explorado em diversas áreas do planeta.
24

3 ENERGIA SOLAR: UMA FONTE LIMPA E SUSTENTÁVEL

Ao se falar em fontes alternativas de energia surgem dúvidas, curiosidades,


interesses e um enorme diálogo sobre o tema. Uma destas dúvidas versa acerca de
como gerar energia de fontes limpas, sem causar tantos impactos ao meio ambiente,
de modo que se possa ter um maior aproveitamento dos recursos disponíveis em
cada região do planeta.
São esses levantamentos que nos induzem a refletir se vale a pena investir
em tais fontes, se o emprego delas em determinada região irá trazer os resultados
esperados, se o custo de instalação das mesmas trará retorno ao investimento ou,
ainda, se elas serão suficientes para suprir a crescente demanda.
Existem várias formas de se obter energia de maneira alternativa, como as
citadas no capítulo anterior, mas qual é a melhor pra determinada região ou como
combinar essas fontes de maneira que uma complemente a outra?
A partir do conhecimento acerca dos processos de geração de energia,
torna-se possível a combinação de diferentes fontes de uma maneira eficiente.
Como exemplo, pode-se citar a combinação da energia solar, a qual irá gerar
energia para suprir a demanda de uma residência, mas que não funciona no período
noturno, devido à ausência do sol. Neste caso, se for instalada uma fonte eólica, ela
completará a fonte de energia solar durante a noite, bem como nos dias de chuva ou
de tempo nublado.
Estas fontes, tal como citado anteriormente, possuem um enorme potencial
em um mundo carente de energia e podem ser usadas de diversas maneiras,
gerando problemas ambientais mínimos sendo controladas com tecnologia
apropriada. No entanto, ainda faltam investimentos nas pesquisas de novas
tecnologias, da mesma maneira que o custo das instalações de tais fontes, apesar
de ter sido diminuído no decorrer dos anos, ainda são muito altos.
Com vistas a esta perspectiva, no presente capítulo serão elencados
aspectos inerentes à energia solar, a qual não funciona somente com o calor gerado
pelo Sol, mas também com a radiação por ele emitida.
O Sol, fonte de uma energia limpa, traz diversas formas de uso. No caso do
uso diário, a mais ideal seria a energia fotovoltaica (ANGELIS-DIMAKIS, 2011).
25

A tecnologia fotovoltaica ocorre pela transformação direta da luz em energia


elétrica, ou seja, não necessita do calor para gerar energia, o que transforma esta
em um processo promissor, tendo em vista que pode ser utilizado em diversas áreas
do planeta.
O calor solar possui diversas aplicações. Nas residências domésticas e no
setor terciário, é aplicada para o aquecimento de água, de piscinas, de ambientes,
assim como para climatização e refrigeração. Sua aplicação na agricultura e na
indústria está nas estufas, nos secadores solares, entre outros artefatos que
necessitam apenas de calorias com baixas temperaturas, como, por exemplo, o
tratamento de cimento e a pasteurização da cerveja e outros alimentos. Por fim, são
possíveis, ainda, as aplicações em locais isolados e em certas regiões do terceiro
mundo, entre as quais se evidencia o uso do fogão solar e a dessalinização da água.
(PALZ, 2002, p. 127)
Existem duas técnicas básicas para converter a radiação solar em energia
elétrica útil: a conversão direta, quando a radiação solar é usada como fonte de
energia térmica, a fim de aquecer ambientes ou fluídos e na geração de potência
mecânica ou elétrica, e a conversão da radiação em calor, utilizando coletores para
o aquecimento de água ou concentradores solares. Nesta segunda técnica, a
radiação solar é captada por coletores, transformada em calor e utilizada para
aquecimento. São os chamados Sistemas de Aquecimento Solar (SAS).
A conversão fotovoltaica faz parte da primeira técnica, a conversão direta. É
realizada quando a radiação solar incide sobre materiais semicondutores (painéis
solares) e é transformada em corrente contínua. Para que ocorra uma alteração de
corrente, são utilizados inversores nas saídas dos sistemas, transformando a
energia contínua em alternada. (PALZ, 2002, p. 241)
Esse processo de conversão fotovoltaica não depende necessariamente do
calor. Para exemplificar, é possível mencionar as placas solares instaladas no Polo
Sul, que não só funcionam bem, mas também geram mais potência do que o
esperado para um clima temperado. Este acontecimento é explicado pelo fato dos
fótons de luz transferir sua energia diretamente aos elétrons das placas, sem uma
etapa térmica intermediária. (PALZ, 2002, p. 239)
Os painéis fotovoltaicos são formados por um conjunto de células
fotovoltaicas, estabilizador, baterias e inversor (HINRICHS; KLEINBACH; REIS,
26

2014, p. 488). Estas células podem ser interconectadas de forma a permitir a


montagem de arranjos modulares que, em conjunto, podem aumentar a capacidade
de geração de energia elétrica.
Módulo solar é o agrupamento de células solares, os quais em suas
montagens precisam possuir meios que lhes permitam resistir às condições
climáticas adversas em que serão submetidas (SANTOS, 2011, p. 19).
Os tipos de células variam de acordo com o material usado para sua
fabricação. Atualmente, o silício é o mais importante material semicondutor para
conversão fotovoltaica de energia solar, usado em aproximadamente 95% das
células existentes no planeta. Outros tipos são o sulfeto de cádmio e o arsenieto de
gálio (PALZ, 2002, p. 250).
Sob este viés, começam a surgir novos desafios. A energia solar é
amplamente disponível, seja como fonte direta de energia elétrica, fonte de energia
térmica ou, ainda, como fonte para combustível, sendo este o caso da Biomassa.
Seu principal desafio, portanto, é o seu custo de produção, o qual deve ser reduzido
para que haja uma competitividade em grande escala com os combustíveis fósseis.
A fim de que isto ocorra, novas técnicas que captem todo o espectro de luz da
irradiação solar, bem como novos materiais para a absorção eficiente da luz e novas
abordagens de nanoestruturas precisam acontecer. Isto é, torna-se imprescindível
revolucionar a tecnologia usada para produção de eletricidade solar, reduzindo
assim o custo, tornando possível a competitividade com outras formas de energia.
Algumas das possibilidades para a redução de custo fundamentam-se em
novas abordagens, a saber, nas células ultrafinas, nos semicondutores orgânicos e
na sensibilidade à cor, os quais oferecem oportunidades interessantes para a
fabricação de células mais baratas, mais eficientes e duráveis.
Já para os sistemas de energia térmica solar, o principal desafio é identificar
métodos de boa relação custo/benefício para a conversão de calor solar em energia
térmica despachável e estocável.
As indústrias de energia solar buscam continuamente novas tecnologias e
materiais, com o intuito de melhorar módulos solares, proporcionar mais eficiência e
a redução de custo (BAYOD-RÚJULA; LORENTE-LAFUENTE; CIREZ-OTO, 2011).
As fontes de energia renováveis continuarão disponíveis após os
combustíveis fósseis se esgotarem, são econômicas e politicamente menos
27

arriscadas do que muitas formas de suprimentos convencionais, especialmente o


petróleo.
Os sistemas solares fotovoltaicos apresentam flexibilidade e dimensões
pequenas, que permitem suprir a demanda mais rapidamente do que as
convencionais. Nesta perspectiva, o potencial da energia solar, com as tecnologias
certas e com a aplicação correta, torna-se bastante elevado.
A princípio, articular incentivos financeiros do governo para o estudo e
implantação de indústrias capazes de produzir células solares, módulos fotovoltaicos
e inversores proporcionaria um grande avanço ao uso das fontes supracitadas,
tendo em vista a possibilidade de desenvolver tecnologias capazes de reduzir os
custos dos sistemas de produção de energia solar e permitir uma competitividade
com as demais fontes.
Deste modo, a participação dos sistemas fotovoltaicos como fonte de energia
elétrica seria amplamente aumentada, diversificando o uso de fontes tradicionais
utilizadas atualmente. A regulamentação clara, sem burocracia e rápida, também
seria um incentivo.
A Espanha, o Japão, os Estados Unidos e a Alemanha apresentam a maior
potência instalada de sistemas fotovoltaicos no mundo, mas apresentaram
momentos diferentes de crescimento em seus mercados. (VARELLA; GOMES;
JANUZZI, 2009, p. 21).
Motivados por diferentes razões, cada país adotou diferentes formas de
incentivo. A experiência destes programas evidencia que as políticas públicas são as
responsáveis por introduzir esta tecnologia no mercado, trazendo diversos
benefícios, a saber, a criação de emprego, a redução de custos, o desenvolvimento
das indústrias locais de equipamentos e serviços, assim como a redução da emissão
de gases de efeito estufa e da dependência de combustíveis fósseis. (VARELLA;
GOMES; JANUZZI, 2009, p. 22).
Sob esta perspectiva, torna-se relevante analisar as legislações dos países
acima mencionados e construir uma legislação voltada à realidade brasileira. Para
isto, poderiam ser desenvolvidos dois métodos já existentes, isto é, a tarifa-prêmio
da Alemanha ou os incentivos na instalação da Espanha. (VARELLA; GOMES;
JANUZZI, 2009, p. 25).
28

Na tabela abaixo são apresentados os programas destes quatro países e os


incentivos que cada um proporcionou a fim de estimular o uso da energia
fotovoltaica.

Tabela 2: Programas e incentivos

Fonte: Varella; Gomes; Januzzi, 2009, p. 25.

Estes programas foram bem sucedidos, e em visão ao Brasil, a estratégia de


política a ser adotada seria a criação de programas de difusão da energia
proveniente dos sistemas fotovoltaicos no meio industrial, comercial, residencial e
em prédios públicos, associada a uma estratégia pra estimular o desenvolvimento
industrial. (VARELLA; GOMES; JANUZZI, 2009, p. 25).
No Brasil, existem processos que visam estimular o aproveitamento da
energia solar fotovoltaica por meio de programas de incentivo, sendo o Programa de
Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios (PRODEEM), o principal.
(VARELLA; GOMES; JANUZZI, 2009, p. 34).
Os processos realizados século XX e no começo do século XXI, não foram
suficientes para garantir o desenvolvimento do mercado energético brasileiro. Desta
maneira, embora exista uma porcentagem de equipamentos que são aplicados
nesses sistemas, a qual se declara isenta a impostos como o ICMS, ela não
estimulou o seu uso. (VARELLA; GOMES; JANUZZI, 2009, p. 26).
Ainda que o Brasil disponha de um grande potencial de energia solar, os
poucos programas criados com a finalidade de incentivar este uso não obtiveram
grandes resultados na criação e na consolidação do mercado, a ponto de usar esta
29

tecnologia em todo o país, bem como no desenvolvimento da indústria nacional de


equipamentos e serviços. Uma das barreiras encontradas é a ausência de
regulamentação.
Atualmente, uma aposta realizada em alguns países enfatiza o uso de
sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR). Apesar de ser um método caro,
comparado a outros, desponta como a tecnologia que apresenta a melhor taxa de
crescimento e diminuição de custos. Além dos ganhos de escala e aprendizagem, os
avanços tecnológicos e as recentes descobertas são promissores para baratear
ainda mais os seus custos. Há uma expectativa que a energia gerada por meio
desses sistemas se torne competitiva com as tarifas de energia elétrica paga pelos
consumidores europeus, entre o ano de 2010 e de 2020, e com os custos médios de
geração depois de 2030. (VARELLA; GOMES; JANUZZI, 2009, p. 1).
O custo dos SFCR no Brasil, gira de oitocentos a novecentos R$/MWh
(ZILLES, 2008). O custo marginal de expansão equivale a R$ 125,40/MWh, segundo
o Plano Nacional de Energia e a média das tarifas de seus consumidores
corresponde a R$ 259,24/MWh. Sob este viés, o custo dos SFCR no país gira, em
média, de seis a sete vezes mais que o custo marginal e de três a quatro vezes mais
que as tarifas praticadas em todo território nacional.
Cabe ainda ressaltar que, embora o Brasil tenha grande potencial para o uso
da energia solar fotovoltaica, a mesma não tem sido agraciada de forma eficaz por
políticas públicas específicas de longo prazo, pela legislação atual e por garantias de
sustentabilidade dos sistemas. São esses os meios principais para a alteração do
mercado energético, afinal são estabelecidas, aos consumidores e investidores, as
regras e condições de médio e longo prazo para o estabelecimento deste mercado,
o fortalecimento da pesquisa, além da inovação e do desenvolvimento da indústria
nacional de equipamentos e serviços.
Outra opção seria a nacionalização dos equipamentos que compõe o SFCR.
De acordo com Varella, Gomes e Januzzi (2009, p. 31), a determinação de um
índice de nacionalização para os sistemas fotovoltaicos é de fundamental relevância
em um programa brasileiro de incentivo ao uso da energia solar fotovoltaica, por
estimular diretamente a indústria nacional de equipamentos e resultar em benefícios
sociais, econômicos e ambientais importantes para a sociedade.
30

Mundialmente, a totalidade da potência dos sistemas fotovoltaicos, no ano de


2007, era de 8 GW, enquanto que, no Brasil, este número girava em torno de 20
MW. Esses dados equivalem apenas aos sistemas autônomos (bombeamento de
água e eletrificação rural), devido ao fato de não existir sistemas fotovoltaicos
conectados à rede elétrica em utilização comercial, somente em fase de teste. Ao
todo são vinte e nove SFCR experimentais em todo território brasileiro, totalizando,
aproximadamente, de 153 KW. (VARELLA; GOMES; JANUZZI, 2009, p. 1).
A potência instalada dos SFCR em torno do mundo cresce significativamente
ao decorrer dos anos. Em 2007, estes sistemas eram responsáveis por 94% da
potência dos sistemas fotovoltaicos, enquanto os outros 6% correspondiam aos
sistemas autônomos. (VARELLA; GOMES; JANUZZI, 2009, p. 2).
Analisando todos os dados apresentados no presente capítulo, nota-se a
necessidade de investimento em tecnologias e estudos, bem como a criação de
políticas públicas e programas de incentivos para que essas fontes possam ser
desenvolvidas em maior escala, tornando-se competitivas com as fontes
convencionais.
De 1975 a 2006, os custos dessa energia reduziram, caindo de US$30/Wp
(TOLMASQUIM, 2003) a US$ 3,75/Wp (IEA-PVPS, 2006). Estes dados, portanto,
evidenciam que energia solar possui amplo potencial e pode ser usada em diversas
localidades, incluindo áreas remotas, conforme as experiências realizadas, as quais
foram descritas anteriormente neste trabalho.
Acerca deste viés, salienta-se que o investimento em fontes de energia solar
é promissor e alavancará exponencialmente este setor, fazendo com que os custos
continuem caindo e que esse sistema seja cada vez mais presente no mundo,
aumentando cada vez mais a geração de energia de uma maneira limpa e
sustentável.
O investimento pareia rapidamente com os retornos provenientes da geração
de energia por este meio, desde que seja aplicado de maneira correta e com as
tecnologias adequadas. Contudo, para que isso venha acontecer, estudos precisam
ser desenvolvidos e aplicados, aumentando assim o rendimento de tais sistemas,
melhorando seu uso e custo.
31

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o crescimento da população mundial e o constante avanço tecnológico,


a demanda de energia elétrica vem aumentando significativamente ao longo dos
anos. As fontes não renováveis de energia são poluentes e finitas, o que torna
necessária a busca por fontes alternativas, as quais se destacam por serem
sustentáveis e não causarem grandes impactos ao meio ambiente.
Acerca desta perspectiva, o presente trabalho objetivou compreender os
processos e os meios alternativos de se produzir energia, apresentando as principais
fontes alternativas, bem como dissertando acerca da energia solar e sua importância
para o cenário mundial.
No decorrer deste estudo, constatou-se que a energia denota suma
importância para a sociedade e seu desenvolvimento. Suas fontes convencionais,
tais como o carvão, o gás natural e o petróleo, suprem a demanda atual, mas
possuem estoques finitos que podem se esgotar em um curto prazo, em razão de
um uso irracional.
Diante destes fatos, é possível inferir a necessidade de estudos e pesquisas
por novas fontes, capazes de proporcionar a continuidade do abastecimento de
energia para o seu devido uso.
Sob este viés, cabe destacar que diversas fontes alternativas já são
conhecidas e algumas delas, sendo consideradas mais promissoras, foram citadas
no decorrer deste trabalho, a saber, energia solar, eólica, hídrica, biomassa e
geotérmica.
Os custos de instalação são elevados e a falta de incentivos e de pesquisas
tornam, muitas vezes, estas fontes financeiramente inviáveis. Nesse sentido,
evidencia-se como extremamente relevante o compromisso e o apoio governamental
com a questão.
Os governantes dos diferentes países devem estar envolvidos neste assunto,
colocando em prática políticas que possibilitem o desenvolvimento de tecnologias, a
fim de melhorar os processos de geração de energia e torná-los cada vez mais
rentáveis e seguros, sob a justificativa de serem sustentáveis e possuírem, em
alguns casos, fontes infinitas de energia, tal como a denominada energia solar.
32

Como debatido no terceiro capitulo, esta energia tem um grande potencial,


não somente em áreas quentes, mas também nas demais, haja vista que dependem
tanto do calor quanto da irradiação do Sol para a geração de energia.
Com o estímulo do governo, novas pesquisas e investimentos, estas fontes
serão as bases para o futuro energético mundial, pois trazem grandes benefícios a
sociedade, a saber, a diminuição da poluição, levando em consideração que não
necessitam da queima de resíduos ou de gases, e a redução da degradação do
meio ambiente, tendo em vista que não causam grandes impactos ambientais, como
o desmatamento e a extinção da fauna e flora locais.
33

REFERÊNCIAS

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renewable energy sources. Renewable and Sustainable Energy Reviews, Golden,
v. 15, n. 2, p. 1182-1200, 2011.

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56, jun. 2007.

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34

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ZILLES, R. Aplicações e Regulamentação: Sistemas Fotovoltaicos domiciliares,


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