You are on page 1of 3

HIV/AIDS – Aula I

• Agente etiológico
- Vírus HIV: trata-se de um vírus da família Lentiviridae, recebendo esse nome em razão do período
de incubação e latência que é muito grande.
Trata-se de um retrovírus, ou seja, um vírus RNA que para infectar o ser humano necessita
ter o seu material genético TRANSCRITO de forma reversa em DNA. Para isso, precisa de uma
enzima chamada transcriptase reversa.

*Professor falou que o vírus HTLV (causador de neoplasias sanguíneas, doenças gástricas e
neurológicas) também é vírus RNA, mas apresenta comportamento diferente do seu “primo” HIV
(inclusive, o HIV já foi denominado como HTLV-III no passado): enquanto o HTLV torna as células
que infecta “imortais”, o HIV realiza depleção celular.

• Tipos de HIV
a) HIV-1:
- Responsável pela pandemia; é o mais agressivo, com desenvolvimento de quadro clínico
mais precoce e com desfecho em AIDS em ~10 anos.
- Possui os grupos M (maior causador de casos de AIDS), N e O; e os subtipos A, B, C, D,
E, F, G, H, I, J;
- Os tipos MB e MF são os mais comuns no Brasil.

b) HIV-2:
- Quadro clínico mais “arrastado”;
- Possui os subtipos A-E;
- Mais restrito a regiões da África.

• Glicoproteínas
- O vírus apresenta em sua superfície uma membrana lipídica oriunda da membrana externa da
célula do hospedeiro e duas glicoproteínas: gp41 e gp120.
o gp41: realiza a fusão entre o envelope externo do vírus e a membrana da célula.
o gp120: expõe o sítio de ligação de um correceptor.
- Estas são responsáveis pelo tropismo do vírus, tendo como células-alvo toda e qualquer célula
apresente o marcador CD4 em sua superfície. Dentre elas, podemos citar: células dendríticas,
células da glia, astrócitos, histiócitos e outras células fagocitárias. Mas, a mais importante no
contexto da fisiopatogenia da AIDS é o Linfócito TCD4+.

• Transmissão
- Horizontal (contato sexual): a mais importante via de transmissão do HIV; qualquer forma de
intercurso sexual na qual ocorra troca de fluidos entre os parceiros apresenta risco de transmissão
do HIV; o sexo anal receptivo desprotegido é identificado como a prática que apresenta o maior
risco de infecção para ambos os sexos.

- Vertical (mãe-filho): representa a forma mais comum de aquisição do HIV pelas crianças. Pode
ocorrer intraútero, durante o trabalho de parto, ou por amamentação, e é afetada por diversos
fatores, como o estágio de infecção da mãe, idade materna, duração e tipo de parto.

- Parenteral: esta é, dentre as vias de transmissão do vírus, a mais eficiente. Inclui as modalidades
de transfusão de hemoderivados contaminados, usuários de drogas injetáveis (UDI) que
compartilham objetos perfurocortantes contaminados e também acidentes ocupacionais.
Giovanna A. – 6º P (2018.2)
*Professor falou que em caso de acidente ocupacional, o indivíduo deve buscar auxílio médico o
mais rápido possível (é considerada uma emergência). No máximo 3 dias, mas se possível em até
3h.

*Outra coisa importante: professor também citou que a molécula de CD4 não poderia ser o único
receptor do HIV, e nisso foram descobertos mais dois correceptores: o CCR5 e CXCR4. Inclusive,
a depleção de algum desses correceptores confere uma “imunidade natural” ao HIV.

• História Natural da Doença


- Importante saber que o desenvolvimento da doença (AIDS) vai depender basicamente da
quantidade de CD4+ X carga viral.

1) Fase Inicial: alta viremia; a infecção aguda é o intervalo de tempo entre o contágio e o
surgimento de anticorpos anti-HIV (soroconversão).

2) Soroconversão: acontece, em média, 4 semanas após o contágio inicial com o vírus.


- Em grande parte dos casos cursa com uma SÍNDROME (síndrome de soroconversão ou
síndrome retroviral aguda), caracterizada por sinais/sintomas inespecíficos (ou seja, que são
comuns a outras viroses sistêmicas), que incluem: febre, mialgia, cefaleia, faringite, dor ocular, rash
cutâneo e linfadenopatia. Costuma resolver-se entre 3-4 semanas.
- A TARV não é indicada nessa fase, mas é indicada a pesquisa de RNA viral no sangue.

3) Fase assintomática: se dá com a queda abrupta da viremia; é a fase de latência clínica,


durando em média cerca de 10 anos.
4) AIDS: é o desfecho da infecção pelo HIV; citologicamente falando, quando os níveis de CD4
giram em torno de 200 e se dão as chamadas manifestações do complexo AIDS
(pneumocistose, candidíase esofágica etc.)

*O que vai caracterizar a AIDS é justamente a carga viral elevada e baixa contagem de linfócitos T
CD4+ (depleção imunitária), o que propicia o surgimento de INFECÇÕES OPORTUNISTAS.

Giovanna A. – 6º P (2018.2)
• Diagnóstico:
1) Etapa 1 – testes de triagem: ELISA (praticamente o único usado no Amazonas).
Reativo | Não reativo | Indeterminado

As amostras com resultados reagentes ou inconclusivos nesta primeira etapa deverão ser
submetidas a uma etapa de confirmação sorológica, composta de um segundo imunoensaio
(diferente do primeiro na sua constituição antigênica ou princípio metodológico) e testes
confirmatórios.

2) Etapa 2 – teste de confirmação: Imunofluorescência indireta, Imunoblot ou Western blot.

O diagnóstico será confirmado por meio da realização de um teste de triagem para detecção de
anti-HIV-1 e anti-HIV-2 e pelo menos um teste confirmatório. Em caso de resultado positivo,
uma nova amostra deverá ser coletada para confirmar a positividade da primeira amostra.

- Para quem oferecer os testes? -> pacientes com DSTs, pacientes com TB ativa, gestantes,
parturientes, crianças expostas ao HIV, acidente ocupacional, doadores de órgãos e tecidos,
em caso de achados clínicos compatíveis com imunossupressão, situações de risco e a quem
desejar.

• Tratamento
- Para quem iniciar? -> qualquer pessoa com HIV, independente da carga viral e do CD4.
*No entanto, sempre levar em consideração se o paciente irá aderir corretamente ao tratamento,
pois este é difícil, com muitos efeitos colaterais. Daí, caso isso não ocorra, há risco de
desenvolvimento de seleção, resistência viral e, consequentemente, falha terapêutica.

- O tratamento só é indicado imediatamente no caso de: paciente sintomático (incluindo TB


ativa) independente da contagem de CD4; paciente com contagem de CD4 < 500; grávidas;
caso o paciente seja HIV +, mas não haja contagem de CD4 disponível.

- O esquema sempre é feito com 3 drogas!

- PEP (profilaxia pós-exposição): usada em caso de acidente ocupacional, falha de métodos


preservativos etc.
- PrEP (profilaxia pré-exposição): usada por casais sorodiscordantes (no qual um é soropositivo)
ou situações na qual há maior risco de contaminação (algumas profissões, por ex.).

- Agora, o grand finale: Síndrome Inflamatória da Reconstituição Imunológica


A síndrome inflamatória da reconstituição imunológica (SIRI) consiste na piora clínica paradoxal
de doença conhecida ou o aparecimento de nova afecção, depois do início da TARV em
pacientes HIV, mesmo com o controle da replicação viral e do aumento do número de células
TCD4+.
Na verdade, aí é que está o problema: com a restauração do sistema imune, o organismo passa
a lutar agressivamente contra as infecções co-existentes, podendo causar manifestações
atípicas por agentes oportunistas, provocando acentuada inflamação tecidual.
Ex.: paciente tem criptococose latente e inicia TARV. Com a SIRI, o paciente pode ter formação
de criptococomas, levando a aumento da pressão intracraniana e isso gera vários problemas,
inclusive piora do paciente e morte.
Nesses casos, eu preciso sempre tratar primeiramente a infecção oportunista e só depois iniciar
a TARV.

Giovanna A. – 6º P (2018.2)

You might also like